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O REI MANDÃO.

Autor:Sebastião Camilo Borges


(Peça infantil para encenação em Escolas)

Narrador - Foi ao Rei soberano, a quem sucedeu esta história. Ele vivia junto
com a Rainha Verdadeira, no reino Soberaníssimo. Havia, junto com seu
exército, conquistado muitas terras e mantinha seus antigos donos como
empregados.
No castelo real haviam muitos empregados que trabalhavam para o Rei e
tinham que obedecer a todas suas ordens. Quem não obedecesse passava 10
dias na solitária do castelo. Ele era o dono da verdade, o dono de tudo, por isto
mesmo ninguém gostava dele.

(Enquanto há narração os atores vão representando os trabalhadores)

Narrador - Havia cozinheiras, arrumadeiras, jardineiros, o exército real, os


sábios conselheiros do rei, os lavradores, os palhaços da corte e vários
animais.
Rei – Trabalhem! Vocês estão muito preguiçosos. Trabalhem mais. Quero mais
terras, mais riquezas, entenderam?
Narrador – Se alguém desmaiasse de tanto cansaço o rei começava a gritar.
(Desmaiam três trabalhadores, de cansaço).
Rei – Soldado faça-os voltar ao trabalho, rápido!
Narrador – Vendo tudo isto a rainha ficou revoltada e disse ao rei:
Rainha – Você não tem vergonha do que está fazendo. Só sabe ficar
mandando a gente trabalhar. Não tem domingo, nem feriado, neste reino! Quer
saber de uma coisa? Não quero ser mais a RAINHA de um rei que nem sabe
que eu existo. Você é um egoísta!
(Pega a coroa joga-a ao chão e pisa nela)
Narrador – O Rei não teve nem tempo de piscar. O que a rainha havia feito
animou a todos. E eles resolveram dar um basta àquela situação de
exploração, e de cansaço, porque ninguém é de ferro...
Cozinheiras – Nós não vamos mais cozinhar para um rei malvado
Arrumadeiras – Não vamos mais limpar o castelo, vai ficar todo empoeirado.
Jardineiros – Um rei que não sabe ser alegre não merece um belo jardim.
Os Sábios – Nos não vamos mais escrever discursos para o Rei. E ponto final!
Soldados – Não queremos mais guerras. Já morreram muitos amigos nossos.
Nós queremos é paz.
Palhaços – Ser Palhaço para um rei que não ri, não tem graça. Vamos para
outra praça.
(Enquanto os personagens vão dando suas falas, ao mesmo tempo, vão
jogando aos pés do rei os objetos de trabalho, em gesto de repúdio).
Narrador – E assim todos partiram daquele reino que tinha um rei muito do
ridículo e que não tinha nada a ver. Foram para um reino onde havia um rei
justo e alegre.
E o rei soberano ficou só. Foi conversar com as flores e elas riram dele. Foi
conversar com os animas e eles caíram na gargalhada e correram atrás dele e
ele ficou com medo. O castelo ficou frio e triste. O rei então se sentiu inútil e
solitário.
Rei – (andando e pensando) Como é que eu vou fazer para meus empregados
e a rainha verdadeira voltarem? (alto) Sabe de uma coisa, eu vou aprender
tudo, eu também sou de carne e osso. Eu também posso trabalhar.
Narrador – Assim o rei foi trabalhar. Cozinhou, plantou, colheu e descansou.
Alguns dias depois, chegou ao castelo um viajante.
Viajante - Rei soberano, ô rei soberano do reino soberaníssimo.
Rei - Já estou indo...
Viajante – Eu venho de muito longe. Estou cansado e com fome. Eu poderia
dormir aqui esta noite?
Rei – Tudo bem. Você pode entrar e dormir em um quarto do castelo. E pode
também comer da minha comida.
Rei – (mostra seu reino) Aqui vivia muita gente e também uma rainha. Mas
todos me abandonaram.
Viajante – Porque todos o abandonaram?
Rei – Porque eu era injusto e só sabia dar ordens. Mas agora eu vi que estava
errado. Queria trazê-los de volta. Mas não sei como fazer.
Viajante – Eu vou tentar te ajudar. Agora estou com muito sono. Andei durante
todo o dia. Preciso descansar. (Dormem)
(Enquanto eles dormem surgem os duendes fazendo a maior algazarra,
cantando).
Duendes - Nós somos duendes
Mágicos da natureza!
Crianças alegres
A cantar/ a brincar/ a sorrir
Somos pequeninos (e sábios)
Como borboletas (sob o sol)
Entre as árvores
Nas nuvens!
(Os duendes enfeitam o castelo com flores, por todos os lados. E as flores e os
animais que haviam ido embora, voltam com elas. O Rei e o viajante acordam
com toda aquela algazarra. O Rei esquece-se de sua coroa).
Rei – (acordando) Guardas, guardas! Olhem esta bagunça!
Viajante – Não existem mais guardas no castelo, majestade.
Rei – Quem são vocês, de onde vieram?
Duendes – Fomos enviados pelas forças da natureza. Estamos aqui para
ajudá-lo a trazer de volta os habitantes do reino.
Rei – E o que vocês querem que eu faça?
Viajante – Você precisa deixar de ser ambicioso e mandão. E também tem que
devolver as terras conquistadas pelo seu exercito.
Rei – Como é que eu vou devolver as terras conquistadas. Elas são minhas!
Viajante – Você precisa escolher: O que é melhor? - Possuir as terras e viver
sozinho, ou ter de volta a rainha e os habitantes do seu reino?
Rei – (Pensativo) É verdade... De que adianta ser rei sem rainha. Um reino
sem povo não precisa de rei. Vou devolver as terras e fazer festa de novo. Um
rei para ser festejado não pode ser malvado.
Viajante – Onde está sua coroa amigo rei?
Rei – E agora, como é que vou ser rei sem coroa?
Viajante – Um rei verdadeiro não precisa de coroa. Governando com justiça e
liberdade ele será sempre respeitado!
Rei – É, pensando bem, aquela coroa era muito pesada. Não vou mais precisar
dela!
Narrador – A noticia de que o rei soberano havia se transformado se espalhou
por todo lado, e seus habitantes retornaram para o castelo.
Os sábios – Dizem que o rei está mudado, não é mais um rei coroado.
Soldados – Não pensa mais em guerras, e deixou de ser malvado.
Outros – Agora vamos todos trabalhar, teremos terra para plantar e colher e
para descansar muita festa vamos fazer!
Rainha – Não vou ser mais uma rainha folgada; que vive sem fazer nada.
Muito menos uma rainha mandada; e sim uma rainha muito amada.
Os palhaços – Hoje o palhaço / Está na praça / Com o circo e a companhia /
Não segure a risada não / agarre o equilibrista, pois ele pode cair, ele pode
cair...(Verso da peça “Zapt-Zupt, traques e truques pra manter o verde vivo).
O Rei então falou para todos: Estou muito contente com a volta de vocês. Eu
estava com muita saudade de todos. De hoje em diante todos serão donos do
reino e todos serão soberanos. Juntos nós cuidaremos do reino, para que
todos possam viver em paz! E para celebrar este momento de alegria e união,
vamos festejar com um grande baile. (Entra música de baile e todos dançam)

FIM

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