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INSTRUMENTOS USADOS EM ANALISE GEMOLÓGICA –

CUIDADOS E MANUSEIO

A identificação de uma gema depende muito do conhecimento do analista com


relação às propriedades físicas diagnósticas que devem ser observadas nas gemas e
também na sua técnica do manuseio de instrumentos analíticos usados na gemologia.
Esses instrumentos vão desde os mais simples como as canetas de dureza até os
mais sofisticados como difratômetro de Raios X. Entre os mais frequentes na
rotina da identificação podemos destacar:
LUPA DE BOLSO É um aparelho que consta de uma ou duas lentes montadas em um
suporte cômodo para seu uso. A Lupa usada em joalheria tem que ser de dez
aumentos (10X) já que se admite que a gema pura é aquela que observada sob essas
condições não apresenta nenhuma imperfeição, especialmente para diamante. Uma
boa lupa não pode ter aberração cromática nem aberração esférica. Para observar
essas características deve-se usar um papel milimetrado que focalizado através da
lupa não mostra, na margem do campo de observação linhas coloridas ou curvaturas
nas linhas paralelas do papel.
Com a lupa pode-se observar um grande número de características de uma gema:
imperfeições de lapidação e polimento, brilho, zonas de cor, presença de fraturas e
inclusões, identificação de "doublets", etc.
Nas gemas de forte birrefringência, observa-se a duplicação das arestas do
pavilhão, quando olhadas através da mesa da pedra, assim se diferencia um
diamante de um Zircão (arestas duplicadas). As Turmalinas e Peridotos também
exibem essa duplicação.

LUPA BINOCULAR São lupas duplas que permitem a visão estereoscópica dos
objetos. Diferenciando-se dos microscópios, pois sua imagem não invertida e pela
sensação de relevo. As lupas binoculares têm maior distância focal que os
microscópios e assim deixam um maior espaço livre entre a platina, que sustenta os
objetos e a lente objetiva, facilitando o manejo dos materiais observados. Seu
maior inconveniente é o de não possuir os aumentos do microscópio, embora
aumentos de 60X a 100X sejam suficientes para os ensaios que se fazem com a lupa
binocular. Por outro lado, o menor custo das lupas binoculares fez com que seu uso
se multiplicasse entre os gemologistas. Existem no mercado algumas lupas
binoculares chamadas de "nemolite", especialmente adaptadas para a observação
gemológica. Elas têm luz do dia, campo escuro, aumentos variáveis em zoom, que as
transformam em um aparelho completo, mas de alto custo.

MICROSCÓPIO É um instrumento se grande utilidade para o gemólogo já que com


ele podemos diferenciar as gemas sintéticas cujas propriedades físicas são iguais
às gemas naturais. Essa diferenciação está fundamentada no estudo das inclusões.
O microscópio tem os seguintes sistemas: mecânico, ótico e de iluminação.
A parte mecânica consta de um tubo metálico onde se acoplam as lentes; de uma
plataforma (platina) aonde se colocam as gemas para serem observadas e de uma
cremalheira de focalização rápida e lenta.
A parte ótica é formada pela ocular ou conjunto de lentes situado perto dos olhos,
pela objetiva ou conjunto de lentes próximas do objeto estudado., pelo condensador
ou lente convergente colocada em baixo da platina. Junto ao condensador fica o
diafragma ou íris que serve para graduar a quantidade de luz que entra no sistema
óptico do microscópio.
A parte de iluminação no caso mais simples é um espelho plano-côncavo, nos modelos
mais sofisticados há uma lâmpada incorporada ao microscópio.
Os microscópios gemológicos, como os petrográficos, possuem polaróides para
poder trabalhar com luz polarizada. Em alguns casos a ocular é duplicada, o que
facilita o trabalho, já que permite o descanso da vista ao se olhar com os dois olhos
de uma só vez. No microscópio, a lente objetiva produz uma imagem ampliada do
objeto, a qual é novamente ampliada pela ocular. O aumento final se obtém
multiplicando a ampliação da objetiva pela ampliação da ocular. Convém lembrar que
toda a observação microscópica de uma gema deve ser feita com o material
submerso em um líquido de índice de refração o mais próximo possível da pedra.
Tanto a lupa binocular como o microscópio são instrumentos gemológicos muito
caros, ao redor de US$1000 a US$1800 respectivamente e, portanto requerem
cuidados especiais de manuseio. Alguns desses cuidados são os de evitar riscos nas
lentes ocular e, principalmente, na objetiva; evitar movimentos bruscos para
focalização; evitar guardar o microscópio em lugares quentes e úmidos, que são
propícios a criação de fungos nas lentes.

REFRATÔMETRO A medida dos índices de refração de uma gema constitui um dos


métodos mais simples e úteis para a sua identificação. Os refratômetros são os
instrumentos gemológicos destinados a medir os índices de refração. Constituem-se
de uma ocular e uma escala numérica. Uma semi-esfera de vidro de chumbo com
índice ao redor de 1,90 serve de base para se colocar a gema estudada. O contato
mais íntimo entre o vidro e a gema é conseguido com auxílio de um líquido 1,81
(iodeto de metileno saturado de enxofre), A quantidade de líquido deve ser a menor
possível, o suficiente para formar uma fina película de contato. O iodeto de
metileno é tóxico e seu manuseio deve ser feito sempre com muito cuidado.
A iluminação do refratômetro deve ser feita com uma luz monocromática.
Recomenda-se, para esse fim, o uso da própria luz do polariscópio. O princípio físico
de funcionamento do refratômetro está baseado na reflexão total da luz. Os raios
de luz que batem na gema com um ângulo superior ao ângulo limite refletem
totalmente e vão iluminar parte da escala numérica do instrumento. A linha que
separa o campo claro da escala do campo escuro indica o valor numérico
correspondente ao índice de refração da gema.
Acompanhando o aparelho existem dois filtros que podem ser colocados na ocular:
um deles é amarelo e serve para eliminar, na escala, o espectro da luz branca. O
outro é um polaróide que se pode usar nas determinações dos materiais
anisotrópicos, que mostram duas sombras na escala. Colocando-se o polaróide nota-
se que uma só das linhas é observada enquanto que a outra desaparece: girando o
polaróide em 90°, as linhas mudam de situação, a que era observada desaparece e a
outra passa a ser vista nitidamente. Assim, os dois índices podem ser lidos
facilmente.
Os principais cuidados que devem ser tomados no uso do refratômetro dizem
respeito ao uso do líquido, que é tóxico, e que pode danificar o aparelho se ficar
muito tempo em contato com o vidro do instrumento. Assim, terminado o uso do
refratômetro, é necessário limpar cuidadosamente, com lençol de papel, o excesso
de líquido ali depositado. Outro cuidado é com o próprio vidro do refratômetro que,
sendo mole, pode ser riscado ao colocarem-se as gemas sobre o mesmo. Riscar esse
vidro significa dificultar a leitura dos próximos índices a ponto de, com o tempo,
impossibilitar o uso do aparelho.

FILTROS DE COR - ESPECTROSCÓPIO DICROSCÓPIO


A cor de uma gema é o resultado da absorção seletiva que este material faz no
feixe de luz incidente. A luz refletida a partir do ponto de incidência é composta
por uma série de comprimentos, menos aqueles que foram absorvidos pela gema.
Cada espécie gemológica absorve diferentes comprimentos de onda em diferentes
intensidades, de acordo com o teor (ppm) do elemento químico cromatífero
presente na amostra. Assim, a cor da gema que chega ao olho do observador, é a
somatória dos comprimentos de onda que sobraram da absorção seletiva.
Algumas vezes essas cores são bem diferentes umas das outras e outras vezes a
diferença que existe entre elas é tão sutil que o olho humano não consegue
perceber. Nesses casos recomenda-se o uso dos filtros de cor e do espectroscópio
para revelar os diferentes constituintes que podem produzir cores semelhantes.

FILTROS DE COR (CHELSEA)


Entre os vários tipos de filtros existentes o mais comum é o filtro de Chelsea. O
uso desse filtro restringe-se à detecção de crômio e cobalto como pigmento das
gemas.
Toda a gema que os apresentar aparecerá vermelha quando observada através do
filtro Chelsea. Para observação é necessário que a pedra esteja o mais iluminada
possível e o filtro, colocado a 25 cm da pedra, deve estar bem próximo à vista do
observador. As pedras de cores são as que mais dados fornecem ao serem
observadas com o Chelsea. No caso da esmeralda, que absorve os comprimentos de
onda do amarelo ao verde e transmite comprimentos ao redor do vermelho, e assim,
quando essa gema é olhada através do Chelsea sua cor fica vermelha. O mesmo não
acontecerá com as imitações da esmeralda como turmalinas e vidros verdes, as
quais continuarão verdes. Nas pedras azuis o Chelsea separa os espinélios sintéticos
e os vidros azuis, tingidos com cobalto, das safiras, águas-marinhas, zircão, que
ficam com tonalidades esverdeadas.
1.- Para ajuda na distinção de esmeraldas
O filtro de cores Chelsea, também conhecido como Filtro de Esmeraldas, foi
originalmente desenhado para distinção de esmeraldas puras das imitações ou
simulações.
As esmeraldas transmitem uma profunda luz vermelha e absorvem luz na área
amarelo-esverdeada.
O filtro Chelsea é a equivalência das duas cores filtradas que tem sido
cuidadosamente selecionada para transmitir apenas a luz vermelha intensa e a luz
amarelo-esverdeada.
Quando as pedras verdes são fortemente iluminadas e olhadas através do filtro, a
maioria das esmeraldas aparecem distintamente rosa amareladas para vermelho.
(dependendo da profundidade da cor da pedra).
Entretanto, imitações de esmeraldas, tais como:
vidro verde, esmeraldas soudé, green garnettopped doublets e a maioria das
turmalinas verdes, aparecem como verde escuro quando iluminadas.
A aparência de uma esmeralda rosa/ vermelha quando vista através do filtro é
devido ao seu elemento colorido - o cromo, que está ausente de todas as pedras
parecidas com esmeraldas. As principais exceções sendo demantoide gamet e
algumas turmalinas verdes cromadas, que podem aparecer rosas através do filtro.
E também a ser observado que algumas esmeraldas puras, particularmente as
originárias da África do Sul, podem falhar a exibir rosa através do filtro por que
sua característica de cor cromada é inibida pela presença de óxidos de ferro.
Quando as esmeraldas sintéticas apareceram no mercado, o filtro Chelsea ficou
menos eficaz como teste das esmeraldas naturais por que as pedras sintéticas
também continham cromo e apareciam vermelhas através do filtro.
Entretanto um olho treinado observará que estas pedras sintéticas apresentarão
um vermelho muito mais forte através do filtro que as pedras naturais pelo seu
excesso de cromo.
Somando-se às esmeraldas há outras gemas, como rubi e espinélio vermelho, que
devem sua cor ao cromo e também aparecem vermelhos através do filtro (as
sintéticas dessas gemas comumente apresentam um vermelho mais brilhante que as
gemas naturais ).
II.- Para detectar gemas sintéticas coloridas por cobalto.
O filtro Chelsea também pode ser usado para detectar gemas sintéticas coloridas
por cobalto porque estas também aparecem rosa através do filtro.
(Fora um raro espinélio natural azul e um muito raro cobalto-caleita, nenhuma pedra
natural contém cobalto).
Como detector de cobalto nas pedras sintéticas, o filtro Chelsea pode distinguir
água-marinha, safira e zircônia azul do espinélio azul sintético vidro de cobalto azul
e quartzo sintético de cobalto azul. ( que aparecem rosa ).
Os espinélios sintéticos verdes escuros (também coloridos por cobalto) aparecem
rosa através do filtro, o que os diferenciam da maioria das turmalinas verdes.
USANDO O FILTRO CHELSEA
l.- Selecione uma forte luz branca ( preferencialmente uma lâmpada de filamentos).
2.- Posicione a pedra abaixo da luz.
Atenção: As pedras nunca devem ficar mais que um minuto, já que algumas podem
danificar pelo calor do foco proveniente da lançada de alta intensidade.
3.- Segure o filtro perto do olho e inspecione a gema pelos sinais de cor rosa ou
vermelha, enquanto observa a intensidade da cor

Em origem este filtro servia como auxiliar na distinção entre esmeraldas naturais e
suas imitações. Posteriormente encontram-se outras aplicações para ele. O filtro é
projetado com a finalidade de transmitir somente a cor vermelha viva e a cor
amarelo-verde da luz. Os melhores resultados são obtidos sob forte luz.

A- Gemas de cor verde - as esmeraldas aparecem vermelhas ou róseas de acordo


com a intensidade da cor da pedra (mais ou menos verde) a maior parte das
imitações continuam verdes mas, em raros casos, certas esmeraldas (notadamente
as da África do Sul) não dão reação rosa - as esmeraldas Sintéticas reagem como
as naturais, embora o vermelho seja mais brilhante - geralmente os Espinélios
sintéticos verdes ficam verdes, embora alguns, provavelmente devido a presença de
cromo, fiquem vermelhos - as turmalinas verdes e a Jadeíta continuam verdes - a
Granada Demantóide e o Zircão verde apresentam uma cor rosa

B- Gemas de cor azul - As Safiras, Águas-marinhas, e o Zircão azul apresentam uma


cor verde sujo. (A Safira do Sri Lanka, que contém cromo dá uma cor vermelha)
Espinélios azuis sintéticos (que imitam Água-marinha) aparecem cor de laranja
amarelada ou rosa, ao passo que as Águas-Marinhas seriam verdes ou cinza
esverdeada - as imitações de Safira, feitas com vidro ao cobalto, mostram-se
vermelho-vivas, embora algumas outras imitações, coloridas pelo ferro, não
apresentem reação vermelha alguma. Os vidros verdes reagem verde mesmo

C- Gemas de cor Vermelha - uma clara indicação dos Rubis, naturais e sintéticos, é
uma cor vermelha brilhante característica. Sendo os sintéticos, vista de regra, mais
brilhante.

ESPECTROSCÓPIO
Quando um feixe de luz branca passa através de um prisma de vidro, ele se
decompõe nas cores fundamentais, formando um espectro. Se a luz passou antes
através de uma gema colorida, se produzirá a absorção de certos comprimentos de
onda, e, por consequência aparecerão linhas escuras ou zonas de sombra nos
espectros luminosos. Baseando-se nessa propriedade física é que foram construídos
os espectroscópios de absorção, que permitem a identificação direta da gema, ou
então fornecem importantes dados, que somados aos de outros métodos,
reconhecem completamente a gema estudada.
Em alguns casos, o espectroscópio é indispensável, como por exemplo, na distinção
entre os diamantes amarelos e castanhos tratados com radiações atômicas e os
incolores naturais; nas safiras azuis naturais e sintéticas. O espectroscópio consta
de um tubo metálico com uma janela, com abertura regulável, na parte dianteira;
três prismas no seu interior; e no outro extremo uma lente ocular que gradua a
focalização do instrumento. Nos modelos de bolso o espectro das cores não está
graduado com os comprimentos de onda respectivos. A gema estudada deve ser
iluminada com luz branca de grande intensidade (250 w).
Não se recomenda usar a luz solar por causa das linhas de Fraunhofer que aparecem
no seu espectro. Antes do exame da pedra, é necessário focalizar o instrumento, o
que se consegue facilmente, orientando-se o espectroscópio para uma luz
fluorescente e movendo a ocular até que as raias do espectro apareçam nítidas.

Em seguida, estuda-se a pedra com a maior intensidade de luz possível, olhando-se


pela ocular até observar um espectro nítido com suas bandas de absorção verticais.
As posições dessas absorções devem ser cuidadosamente anotadas e esse resultado
deve ser comparado com os espectros de absorção existentes na literatura
gemológica.

DICROSCÓPÍO
Outro aspecto que deve ser levado em consideração quando se estuda a cor das
gemas, é que muitas gemas são anisotrópicas. Isso significa dizer que sua cor não é
a mesma quando observada em diferentes direções. As vezes essa é vista
facilmente sem instrumentos especiais, caso da Turmalina. Entretanto, para a
maioria das gemas coloridas anisotrópicas, é necessário o uso do dicroscópio. O
dicroscópio é um pequeno tubo metálico com uma abertura quadrada em um extremo
e uma lente no outro. Em seu interior está um romboedro de espato de Islândia de
tamanho suficiente para separar completamente as duas imagens produzidas pela
birrefringência.

Quando uma gema com dicroísmo é observada através do dicroscópio uma das
imagens da janela fica com uma determinada cor e a outra imagem com cor
diferente. Algumas gemas dicróicas apresentam as seguintes cores:

Recomenda-se usar a luz do dia para iluminar a pedra que está sendo observada no
dicroscópio.
Recomenda-se, também, que a observação seja feita em várias posições diferentes
da gema, uma vez que na direção do eixo óptico não há dicroísmo.

Rubi Sintético Vermelho e vermelho alaranjado


Turmalina Verde Verde Oliva e Verde fraco
Safira Azul Azul e Azul fraco
Esmeralda Verde e Verde Amarelado
A MARCHA ANALÍTICA

A marcha analítica é o roteiro de operações que devem ser realizadas com o


objetivo de total identificação de uma pedra. Este caminho varia segundo a pedra
estudada e também pode variar de observador para observador, no sentido de se
adaptar o caminho geral para os interesses particulares de cada pessoa. Para todos
os casos parte-se do princípio de que não se pode realizar a identificação com
dados obtidos em um só aparelho, mas sim, reunir a maior série possível de
observações características e números que permitam ao finai um resultado
categórico. Em alguns casos simples, com o uso de dois ou três instrumentos, pode-
se ter a certeza de um diagnóstico; em outros mais complicados precisa-se
acumular os resultados de quase todos os instrumentos que, hoje em dia são
colocados à disposição dos gemólogos. As marchas analíticas das pedras não
transparentes e transparentes serão tratadas separadamente. As técnicas
recomendadas são usadas em pedras não cravadas.

GEMAS NÃO TRANSPARENTES


Para as pedras não transparentes a lupa 10X e a balança hidrostática são os
instrumentos de identificação mais importantes. Na observação com a lupa_
aprecia-se a cor, lapidação, resplendor (jogo de cores, asterismo, efeito aventurino,
etc), estado de conservação, textura e estrutura, brilho, etc.
O resultado destas informações já dará uma orientação clara sobre a identificação
do material. Em seguida, usa-se a balança hidrostática para a determinação da
densidade relativa., com o que na maioria dos casos, é suficiente para identificação.
Em alguns casos pode ocorrer a necessidade de outros instrumentos, como por
exemplo, a luz ultravioleta para diferenciar a fluorescência dos materiais; ou a lupa
binocular que deve ser usada com luz refletida.
Na binocular pode-se observar bolhas em imitações de vidro, inclusões fibrosas em
pedras com asterismo ou com fenômeno semelhante ao olho-de-gato, placas de mica
na aventurina verdadeira, tetraedros de cobre na aventurina sintética, manchas de
corantes acumuladas em pedras tingidas. Resumidamente, podemos mostrar o
seguinte fluxograma:

LUPA 10X BALANÇA HIDROSTÁTICA LUZ ULTRAVIOLETA

LUPA BINOCULAR

os métodos precedidos do sinal ">" são necessários, os métodos colocados na chave


podem ou não serem usados, dependendo de cada caso.
GEMAS TRANSPARENTES Existem três instrumentos que devem ser usados
sempre: a lupa 10X, o polariscópio e o refratômetro. Na Lupa 10X deve-se observar:
cor, lapidação e polimento, estado de conservação, zoneamento, brilho, duplicação
das arestas das facetas do pavilhão, inclusões, fissuras, planos de clivagem, pedras
coladas ("doublets”), etc. No caso específico do diamante usa-se a lupa 10X para a
classificação do diamante. No Polariscópio observa-se a natureza óptica da pedra,
para tanto a pedra estudada deve ser girada ao redor de si mesma em 360 graus.
Neste giro podem ocorrer os seguintes casos: posições de iluminação e extinção de
90 em 90 graus (gema anisotropa); extinção ou iluminação em toda volta (gema
isótropa). Também se pode ver, em alguns casos, a existência de birrefringência
anômala, frequente em espinélios sintéticos e algumas granadas.
Nas pedras em que a mesa é talhada perpendicularmente ao eixo ótico, pode-se ver
cores de interferência. Neste mesmo instrumento podemos deixar a vibração do
analisados paralela ao do polarizador e, nestas condições, ao girar as pedras
coloridas, nota-se a existência ou não do pleocroísmo.
No Refratômetro mede-se o valor do índice de refração. Se for medido um só valor
em várias determinações, trata-se de uma pedra isótropa. Se foram medidos vários
valores, tomam-se os extremos e daí podemos saber se a gema é uniaxial (um dos
valores é constante) ou é biaxial (sem valor constante). Mede-se, também, a
birrefringência ou seja, a diferença entre os valores extremos.
A determinação da birrefringência pode ser muito útil na diferenciação entre
gemas como
Turmalina amarela: (1,638 1,620 = 0,018) e
Topázio amarelo (1,637 1,629 = 0,008).
Pode acontecer que os índices de refração sejam maiores que 1,81 e não são
determináveis nos refratômetros comuns, isso acontece com zircão, diamante,
rutilo sintético, YAG, titanita, algumas granadas, etc.
A impossibilidade de determinação do índice por si só já é uma indicação de tratar-
se de uma dessas gemas e que teremos de adicionar outra técnica (densidade
relativa, espectroscópio) para a completa identificação.
O uso da Balança Hidrostática para a identificação das gemas transparentes tem
dois aspectos muito importantes: o primeiro é que a determinação do valor da
densidade relativa é uma maneira de confirmar o diagnóstico já conseguido pelo
refratômetro (gemas com índice menor que 1,81); o segundo aspecto é o de obter
um valor numérico para as gemas com índices maiores que 1,81. A continuidade do
uso da balança hidrostática faz com que as determinações, que no início são
demoradas, se tornem extremamente rápidas e dignas de confiança.
Nesse momento, a balança passa a ser uma ferramenta de grande utilidade na
identificação de gemas. O Espectroscópio é um instrumento óptico que pode trazer
muita informação na hora da identificação e, assim, seu uso é aconselhável em toda
determinação. Existem casos em que sua participação é indispensável, como por
exemplo, na identificação de granadas do grupo da almandina, piropo e espessartita;
na distinção entre esmeraldas e berilos verdes; e para a identificação de diamantes
irradiados. A Luz Ultravioleta é usada para indicar, através da intensidade da
fluorescência, se os córindos e os espinélios são naturais (fluorescência fraca) ou
se são sintéticos (fluorescência forte).
O uso da Lupa Binocular é útil e, para o estudo de inclusões é imprescindível, sobre
tudo quando se trata de diferenciar materiais naturais de sintéticos. Para todos
aqueles casos que, depois de identificar a gema, percebemos que existe sintético, é
necessário usarmos a binocular para tratar, por meio de inclusões ou do
zoneamento, a perfeita caracterização de sua origem natural ou sintética.
A binocular serve também para observar com mais facilidade as arestas duplicadas
das gemas que têm birrefringência. Em alguns casos pode-se distinguir gemas que
sofreram tingimento ou tratamento térmico, já que elas mostram zonas de
coloração características, igualmente distinguem-se as modernas operações de se
destruir impurezas no diamante com o auxílio de raios laser. Nesse caso os canais
deixados pelo caminho do laser até a inclusão podem ser observados na binocular.

Existem também outros métodos que podem ser realizados durante uma marcha
analítica: alguns simples e fáceis de realizar, como a prova da atração magnética em
algumas imitações de hematita, o toque com uma ponta quente para determinar
colas e plásticos. Porém, outros são mais complicados e específicos como o
endoscópio, a transparência, a luminescência aos raios X, durarão de raios X, etc.
Da mesma forma que estabelecemos um fluxograma para gemas opacas, podemos
ter um esquema para as transparentes e o critério de prioridade nos métodos é o
mesmo das gemas opacas.

Estereocópio
Lupa binocular
LUPA 10X POLARISCÓPIO REFRATÔMETRO BALANÇA
HIDROSTÁTICA Filtro Chelsea
LuzUltravioleta
Dcroscópio
ESCOLHA DO INSTRUMENTO GEMOLÓGICO ADEQUADO
COR DE PEDRA BRUTA LAPIDADA MONTADA
Pontas de dureza Pontas de dureza
OPACA Líquidos pesados e balança hidrostática
Lampada Ultravioleta
Líquidos pesados e balança hidrostática
Refratômetro
TRANSPARENTE Pontas de dureza Pontas de dureza
INCOLOR Polariscópio, Microscópio *, Ultravioleta *
Diamante Diamante-Caneta de tinta aderente
Ponta térmica Diamante-Ponta térmica

TRANSPARENTE Como indicado acima, nas transparentes incolores e mais:


COM COR Dicroscópio e Filtros *
* Mais utilizados para distinguir naturais de sintéticas
BIRREFRINGÊNCIA OU DUPLA REFRAÇÃO
Instrumento: POLARISCÓPIO
O Polariscópio separa as substâncias birrefringentes das monorrefringentes ou
isotrópicas. Aquelas mostram, entre os dois polarizadores do equipamento, um
efeito de abrir e fechar a luz a cada 90° de giro. Deve-se girar a pedra em várias
posições, pois em algumas direções do eixo este efeito não é percebido.
As principais substâncias não birrefringentes são: o vidro, os plásticos, as gemas
criptocristalinas como a Ágata, o Jade, as gemas amorfas tal como a Opala e o
Âmbar, a Obsídiana (rocha) e as Tectitas, a as isotrópicas do sistema cúbico tal
como o Diamante, o Espinélio, a Fluorita.
Refração dupla anômala: As Granadas, o Espinélio sintético, a Opala e às vezes o
vidro podem parecer birrefringentes. O teste para distingui-los ao poraliscópio é
deixar a pedra parada na posição na qual apresenta maior brilho a abrir o analisador
(polarizante superior) ao máximo.
Se, durante esta operação o brilho da pedra continuar igual ou diminuir trata-se de
birrefringência mesmo. Se aumentar, trata-se de refração dupla anômala. Cuidado
com as granadas. Confirmar sempre pelo dicroscópio.

FIGURAS DE INTERFERÊNCIA
Uma esfera (esfera de Moore, semiesfera ou cabochão) é uma lente natural.
Também com uma lente 10X utilizada como "projetor" é fácil ver as figuras de
interferência na direção do eixo ótico dos minerais naturais birrefringentes:
uniaxiais e biaxiais.
Minerais uniaxiais: Um só eixo, uma só figura: Quartzo, Berilo, Turmalina, Córindon,
Zircão, etc. Minerais biaxiais: Dois eixos, duas figuras: Topázio, Espodumênio,
Crisoberilo, etc.
CONSELHOS PARA IDENTIFICAR UMA GEMA LAPIDADA
Na identificação de gemas, alguns pequenos cuidados são fundamentais para a
obtenção de uma conclusão correta.:

1) Limpar a gema com cuidado, usando um paninho que não solte pelos ou fibras;
2) Usar uma pinça para segurar a gema;
3) Quando usar o Polariscópio, colocar a gema em diferentes posições para
determinar com precisão a Anisotropia ou Isotropia da mesma;
4) Quando do uso do Refratômetro, os cuidados devem ser ainda maiores:
a) Limpar novamente a gema;
b) Colocar uma gota bem pequena do líquido. O líquido é usado APENAS para
expulsar o ar que fica entre a gema e o instrumento;
c) Ao colocar a gema na janela do Refratômetro, MUITO CUIDADO para não riscar
o vidro (muito sensível) do instrumento. Para evitar problemas sérios, NUNCA
arrastar a gema sobre o vidro do Refratômetro.

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