Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Burnout Em Professores Universitários
Burnout Em Professores Universitários
RESUMO - Esta pesquisa objetivou analisar o poder mediacional do comprometimento organizacional afetivo na relação
entre as percepções de justiça distributiva, processual e interacional e o burnout. Participaram da pesquisa 233 professores
universitários. Foram aplicados os instrumentos avaliativos Maslach Burnout Inventory, Escala de Percepção de Justiça
Organizacional e Organizational Commitment Questionnaire. Analisou-se o poder mediacional do comprometimento na
relação entre a percepção de justiça e o burnout, a partir da regressão hierárquica. O poder mediacional do comprometimento
se confirmou na relação entre percepção de justiça distributiva e exaustão. Concluiu-se que a percepção de injustiça na forma
de distribuição de recursos pode levar o professor universitário à exaustão, o que pode ter probabilidade aumentada diante da
falta de comprometimento.
A síndrome de burnout se apresenta como um dos grandes as exigências em relação ao aprimoramento intelectual e à
problemas psicossociais que afetam a qualidade de vida das qualidade de trabalho desses profissionais.
pessoas e, por conseguinte, de profissionais das mais diversas Percebe-se, portanto, que essa profissão está ligada a fato-
áreas. O interesse e a preocupação pelo tema decorrem da res estressantes que abarcam aspectos objetivos, subjetivos e
severidade das consequências, tanto individuais, quanto or- sociais. Durante o exercício de sua função, o profissional do-
ganizacionais, acarretadas por esta síndrome, especialmente cente lida diretamente com outras pessoas e constantemente
quando interfere nas relações interpessoais do profissional e enfrenta problemas relativos a alunos, questões sociopolíticas
em suas atividades laborais. e assistencialistas, além de dificuldades econômicas (Codo &
Este estudo investigou essa problemática em professores Vasques-Menezes, 2000). O baixo investimento em educação
universitários por ser a docência uma atividade intelectual frequentemente coloca o professor em situação de conflito,
que exige inovações constantes. O mundo competitivo con- pois além de perceber baixo salário, necessita empregar parte
temporâneo impõe o comprometimento dos professores com substancial dele em materiais didáticos para o aprimoramento
a organização em que atuam, de tal sorte que sejam capazes de suas aulas.
de lidar com novas formas didáticas de ensino que acom- Para acompanhar as exigências do mercado altamente
panhem o dinâmico mercado de trabalho. Questões como competitivo, além de organizar as atividades relacionadas
as exigências de qualificação dos profissionais de ensino, à educação propriamente dita, as atividades extracurricu-
estabelecidas pelo Ministério da Educação, e o crescente lares e os materiais da escola, o professor também precisa
número de universidades nos grandes centros, como na atuar na parte administrativa de planejamento e reciclagem,
Região Centro-Oeste do Brasil, têm aumentado ainda mais em atividades investigativas e de orientação, entre outras
(Carlotto & Palazzo, 2006). Porém, no momento em que
1 Pesquisa financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior (CAPES/PROSUP) – 2006. poderia participar de decisões institucionais e reestruturação
2 Endereço para correspondência: SB 14, Qd. 19, Lt. 08, Portal do Sol I.
curricular, isto é, dos aspectos estruturais de seu trabalho, ele
Goiânia, GO. CEP 74884-600. Fone: (62) 3275-3230. Fax: (62) 3946- é apartado do processo, fato que tende a gerar conflitos que
1021. E-mail: helenides@uol.com.br e ivonefelixs@yahoo.com.br. podem levá-lo ao adoecimento. Assim sendo, diversos auto-
499
I. F. de Sousa & H. Mendonça
res têm se dedicado a entender as variáveis que contribuem Ao se constatar que o momento atual vem exigindo mu-
para o desenvolvimento do burnout. danças de paradigmas e métodos, percebe-se o burnout como
Carlotto e Câmara (2008) fizeram um levantamento das consequência da demanda dessa nova postura. Não se trata de
pesquisas brasileiras, em diversas áreas, com profissionais um fenômeno isolado ou que tampouco possa ser explicado
da saúde e educação, policiais, bombeiros e estudantes, e como tal, mas que o burnout deve ser concebido como um
constataram que a categoria de professor é a que apresenta desgaste psicológico advindo de processos que inserem as
o segundo maior desenvolvimento da síndrome de burnout. relações inter e intrapessoais em ambiente hostil de trabalho
Sabancı (2009) assevera que o burnout afeta a saúde da escola no qual o empregado está inserido (Maslach, 2006; Sousa &
de forma significativa e todos esses achados demonstram a Mendonça, 2006).
importância do desenvolvimento de estudos mais complexos
envolvendo a variável burnout.
Diante da complexidade que envolve o trabalho do A Síndrome de Burnout e suas Dimensões
professor universitário, faz-se necessário compreender os
fenômenos que permeiam a saúde dos docentes. Para tanto, De acordo com a literatura pesquisada, o burnout é apre-
a presente pesquisa dedicou-se a analisar o construto bur- sentado como uma variável que se configura em três dimen-
nout de maneira integrada, considerando a multiplicidade sões: exaustão emocional, despersonalização ou cinismo e
de fatores a ele relacionados, com a intenção de ampliar as diminuição da realização pessoal ou ineficácia (Codo, 1999;
perspectivas teóricas sobre as variáveis antecedentes e me- Codo & Vasques-Menezes, 2000; Maslach, 2006; Maslach &
diadoras que levam os professores a desenvolver a síndrome Jackson, 1981; Monteiro, 2000; Tamayo & Tróccoli, 2002a).
de burnout. Tamayo e Tróccoli (2002a) relatam que as perspectivas que
Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar antecedem o burnout surgem de maneira sequencial, estão
o poder mediacional do comprometimento organizacional distribuídas nessas três dimensões e, além disso, estão ligadas
afetivo na relação entre percepção de justiça e burnout. Nessa às condições de trabalho, às realizações pessoais, à injustiça
perspectiva, este trabalho apresenta a compreensão do mo- organizacional e à autoavaliação.
delo teórico adotado tanto para verificar se há relação entre Na concepção de Maslach (2006), a exaustão emocional
a variável antecedente ‘percepção da justiça organizacional’ está relacionada a aspectos individuais e, assim, o estresse
e burnout quanto para investigar se a variável ‘comprometi- individual configura-se como componente básico para a com-
mento afetivo’ medeia esta relação. preensão do burnout. Essa dimensão refere-se à sensação de
O burnout resulta de prolongado processo de tentativas que os problemas que causam o estresse extrapolam a capaci-
de lidar com determinadas condições de estresse sem lograr dade do indivíduo e estão exaurindo seus recursos emocionais
sucesso. A síndrome de burnout, diferentemente das reações e físicos. Os principais antecedentes dessa dimensão são a
agudas do estresse que se desenvolvem em resposta a inci- sobrecarga de trabalho e o conflito intrapessoal.
dentes críticos específicos, é uma reação a fontes de estresse A dimensão da despersonalização ou cinismo representa
ocupacional contínuas que se acumulam (Sousa & Mendonça, um componente que se refere ao contexto interpessoal do
2006). Quando se fala em burnout, a ênfase recai não apenas burnout e à reação negativa, indiferente ou excessivamente
nas reações físicas, mas também no processo de desgaste distanciada que o trabalhador estabelece com os diversos as-
psicológico e nas consequências psicológicas e sociais da pectos do trabalho. Essa dimensão geralmente desenvolve-se
exposição crônica (Maslach, 2006). como proteção à exaustão emocional, à guisa de amortecedor
A síndrome de burnout, que deixa o profissional sem emocional de preocupação desligada. O desligamento, por sua
ânimo e apático, não pode ser associada a qualquer realida- vez, pode desencadear a perda do idealismo e a desumaniza-
de social, cultura ou país. Atualmente, apresenta-se como ção dos outros. A evolução desse processo leva o trabalhador,
uma epidemia organizacional que predomina na educação ao longo do tempo, a diminuir a quantidade de trabalho que
e no sistema de saúde, atingindo não apenas professores e executa, bem como a desenvolver reações negativas às pessoas
médicos, mas o conjunto de profissionais envolvidos com as e ao trabalho (Maslach, 2006). Em síntese, essa dimensão do
instituições de ensino e de saúde (Codo, 1999). O trabalho burnout abrange situações em que as pessoas deixam de dar o
deixa de ser empolgante e perde o sentido e o laborador que melhor de si e passam a fazer apenas o estritamente necessário
se envolve de forma afetiva com seus clientes ou alunos se para a sua sobrevivência no trabalho.
desgasta, chegando ao extremo de desistir de suas atribuições O componente de autoavaliação do burnout é represen-
(Maslach & Jackson, 1981). tado pela dimensão da diminuição da realização pessoal ou
Entretanto, neste artigo, o burnout não é concebido ineficácia, que se refere à sensação de incompetência e à falta
tão somente como um problema pessoal, mas do ambiente de realização e produtividade no trabalho. Essa sensação é
social em que o trabalhador está inserido (Maslach, 2006). diminuída pela autoeficácia e exacerbada pela falta de recur-
A estrutura e o funcionamento do local de trabalho ditam sos no trabalho, de apoio social e de oportunidades para o
as formas pelas quais as pessoas interagem e como elas desenvolvimento profissional (Maslach, 2006).
realizam suas tarefas. Quando os empreendedores não O termo engajamento é empregado por Maslach e Leiter
são capazes de reconhecer o lado humano do trabalho (1997/1999) em contraposição a burnout e considerado
e quando existem grandes incompatibilidades entre as por Sousa e Mendonça (2006) como a definição positiva
tarefas exigidas pela organização e a habilidade e/ou utilizada para forte envolvimento e senso de eficácia, em
potencialidade do trabalhador para fazê-las, aumenta o oposição a exaustão emocional, cinismo e reduzido senso
risco de ocorrência de burnout. de realização pessoal.
500 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508
Burnout, Justiça e Comprometimento
Burnout é a extremidade de um continuum na relação sonalização. Já Kim, Shin e Swanger (2009) encontraram
que as pessoas estabelecem com seu trabalho, aparecendo resultados significativos apenas para a relação entre o
na outra extremidade o lado positivo do envolvimento do burnout e a dimensão neurose dos traços de personalidade.
trabalhador com seu trabalho. De acordo com Maslach Conforme Sabancı (2009), o adoecimento do professor pode
(2006), as dimensões que representam o envolvimento com acarretar o adoecimento da escola. Esses dados demonstram
o trabalho são: energia, envolvimento e eficácia. Faz-se a necessidade de conduzir estudos que busquem compre-
importante salientar que as estratégias para promover o en- ender modelos mais complexos envolvendo a síndrome de
volvimento no trabalho podem se apresentar de forma crítica burnout e as variáveis que podem estar relacionadas com o
para a prevenção do burnout, assim como para a utilização de seu desenvolvimento.
estratégias que visam a redução do risco que esta síndrome
oferece (Maslach, 2006). No modelo de continuum burnout-
envolvimento de Maslach, que se concentra no ajuste ou na A Percepção da (In)Justiça Organizacional
compatibilidade existente entre o trabalhador e seu local de e seus Reflexos na Saúde do Trabalhador
trabalho, quanto maior a compatibilidade, menor a probabi-
lidade do trabalhador desenvolver burnout. Compreende-se por justiça organizacional aquela aplicada
De acordo com a proposta de Maslach (2006), a compati- a ambientes organizacionais em que se focam as percepções
bilidade ou a incompatibilidade entre trabalho e trabalhador de justiça que permeiam as relações trabalho–organização
mede o ajuste deste indivíduo em seu contexto de trabalho, (Assmar, Ferreira & Souto, 2005). Considera-se que para
que é apresentado em seis áreas: carga de trabalho, controle, determinar se há justiça, os indivíduos necessitam de um
recompensa, comunidade, justiça organizacional e valores. padrão de comparação que pode ser sua própria expectativa,
Em sua pesquisa sobre as relações entre os valores or- uma pessoa ou um grupo de referência (Kulik & Ambrose,
ganizacionais e o burnout, Borges, Argolo e Baker (2006) 1992).
encontraram associação entre o aumento da incidência da O presente estudo aborda a justiça a partir de uma pers-
síndrome de burnout e o valor apresentado em nível ideal pectiva tridimensional, enfocando as percepções de justiça
e real. Observou-se, nesse estudo, que quando as mudanças distributiva, processual e interacional.
ocorridas nos valores organizacionais se contrapõem ao au- A justiça distributiva refere-se à alocação de recursos e
mento da carga de trabalho e salário, há o desenvolvimento da recompensas. No processo de distribuição de recursos, os
síndrome de burnout. Poderia se dizer que a percepção de in- critérios ou princípios devem ser claros. Deve haver também
justiça distributiva, nesse contexto, estaria contribuindo para uma grande diversidade de posições acerca dos critérios de
o desenvolvimento do burnout. Conforme Tamayo e Tróccoli distribuição de recursos para que o trabalhador perceba a
(2002a), a percepção de justiça é preditora da síndrome de justiça distributiva (Mendonça, 2003).
burnout e, nesse caso, como se trata do aumento da carga de Deutsch (1985) postula a definição de justiça baseada
trabalho, trata-se da dimensão distributiva da justiça. em três princípios de alocação de recompensas: o da propor-
Tamayo e Tróccoli (2002b) investigaram dois aspectos cionalidade, o da igualdade e o da necessidade. Conforme o
relacionados à exaustão emocional: a percepção de suporte primeiro princípio, as recompensas devem ser distribuídas
organizacional (PSO) e o fator de escape (coping) no traba- de acordo com empenho, esforço, ou efetiva participação
lho. Em seu estudo com 369 trabalhadores, esses pesquisa- de cada um em seu trabalho. De acordo com o princípio
dores observaram que tanto os fatores gestão de desempenho, da igualdade, os ganhos e os prejuízos devem ser distribu-
sobrecarga, suporte social e ascensão e salários (PSO) como ídos igualmente. Segundo o princípio das necessidades, os
o fator escape revelaram-se preditores significativos para a indivíduos devem perceber as recompensas na medida das
ocorrência da dimensão exaustão psicológica. Já para a di- necessidades pessoais de cada um.
mensão percepção de desgaste, só foram significativamente A esses princípios de alocação de recompensas propostos
preditivos os fatores suporte social e sobrecarga (PSO). A por Deutsch (1985), Paz (1992) acrescentou três outros: o
variável salário também relacionou-se com a exaustão psi- da reciprocidade, o da responsabilidade e o do comprometi-
cológica, o que reforça a importância de entender melhor a mento. O princípio da reciprocidade refere-se à possibilidade
percepção de justiça como antecedente ao desenvolvimento de negociação, barganha ou troca de recompensas; o da
do burnout. responsabilidade diz respeito à responsabilidade social do
Grayson e Alvarez (2008) conduziram pesquisa com o alocador de recompensas em considerar as necessidades e o
intuito de verificar se o clima (conjunto de valores, atitudes bem-estar dos recebedores; e o do comprometimento refere-
e padrões de comportamento, formais e informais, existentes se às recompensas distribuídas de acordo com a forma de
em uma organização) de 17 escolas rurais localizadas no comprometimento dos trabalhadores com o trabalho.
estado de Ohio, Estados Unidos, e se fatores como traços de Com o desenvolvimento dos estudos sobre justiça,
personalidade influenciariam o desenvolvimento de burnout constatou-se que a dimensão processual sobre as percepções
entre os professores. Os autores constataram que professores de justiça ou injustiça também é fundamental na dinâmica
neuróticos e introvertidos estariam mais propícios a desen- laboral e refere-se aos procedimentos que levam a uma deter-
volver essa síndrome, bem como aqueles que têm pouco minada distribuição de recursos. Os itens desse fator foram
prestígio e atribuem pouco valor a seus alunos. Desse modo, definidos com base no pressuposto de que os trabalhadores
observaram que o relacionamento inverso entre o clima da consideram importante poder opinar e influenciar as decisões
escola e o burnout foi mediado por níveis de satisfação do organizacionais (Mendonça, Pereira, Tamayo & Paz, 2003).
professor para as dimensões exaustão emocional e desper- Também devem ser consideradas as regras enumeradas por
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508 501
I. F. de Sousa & H. Mendonça
Leventhal (1980), as quais enfocam a consistência de regras e Isto posto, torna-se fundamental que os trabalhadores,
normas, a ausência de vieses, a veracidade, a coerência, a re- inclusive os professores, sintam-se recompensados de acor-
presentatividade, a ética e o recebimento de feedback útil. do com o que julgam merecer. Assim, cada uma das três
Essa dimensão (justiça processual), portanto, engloba os dimensões da percepção de justiça (exaustão emocional,
seguintes componentes: (a) controle de voz – refere-se ao di- despersonalização ou cinismo e diminuição da realização
reito da pessoa de emitir sua opinião e de ser ouvida em seus pessoal ou ineficácia) foi estudada nesta pesquisa como
diálogos e em suas discussões com os outros; (b) representati- variável antecedente à síndrome de burnout, incluindo-se no
vidade – refere-se à oportunidade que os trabalhadores têm de modelo empírico a mediação do comprometimento afetivo
possuir representantes nas instâncias superiores da instituição do trabalhador.
em situações que implicam tomada de decisão envolvendo
os interesses de todos os trabalhadores; (c) estabelecimento
de critérios – refere-se às decisões tomadas pelas chefias a Comprometimento Organizacional Afetivo
partir de critérios previamente estabelecidos e acordados
entre os trabalhadores; (d) feedback – relativo à preocupação O comprometimento organizacional pode ser conceituado
da administração em dar retorno aos funcionários acerca de como o estado psicológico que caracteriza o vínculo que o tra-
seu desempenho, seja ele positivo ou negativo, mas sempre balhador estabelece com a organização em que atua (Bastos,
útil para a eficácia organizacional; (e) coleta de informações – 1993). A partir dessa definição, presume-se que trabalhadores
refere-se à preocupação da empresa em conhecer os problemas mais comprometidos teriam menor probabilidade de perceber
vivenciados na instituição, sempre coletando informações que estariam sendo injustiçados pela organização, o que os
fidedignas sobre os processos organizacionais. tornaria menos propensos a adoecer, uma vez que quando
Por sua vez, a justiça interacional é uma dimensão que não existem conflitos internos não há gasto de energia na
diz respeito ao comportamento interpessoal do chefe para busca pelo restabelecimento emocional.
com os subordinados, ao modo como os procedimentos são Para Mowday, Porter e Steers (1982), apesar de o constru-
postos em prática (Assmar, Ferreira & Souto, 2005). De to revelar algumas divergências relativas à sua conceituação,
acordo com Bies (1987), as decisões tomadas pelos gerentes, o comprometimento afetivo pode ser definido como “força
suas ações, a maneira como eles conduzem os procedimen- relativa da identificação e envolvimento de um indivíduo
tos e explicam suas decisões são decisivos na percepção da com uma organização particular” (p. 27). Oliveira, Lima e
existência de justiça. Borges-Andrade (1999) corroboram essa definição quando
A percepção de injustiça gera impacto direto no traba- postulam que o enfoque afetivo ou atitudinal está relacionado
lhador, podendo refletir em aspectos físicos, psicológicos e ao processo de identificação que o trabalhador estabelece
comportamentais. Poucas pesquisas exploraram as implica- com os objetivos e os valores da organização em que está
ções da justiça organizacional sobre a saúde dos trabalhadores inserido.
e os poucos trabalhos que encontraram relação entre justiça O comprometimento afetivo apresenta três aspectos que
e manifestações de desconforto não investigaram os efeitos definem esse construto: os sentimentos de lealdade que en-
da injustiça organizacional sobre os índices de tensão psico- volvem o trabalhador com a organização, ou seja, uma forte
lógica (Tepper, 2001). crença e aceitação dos objetivos e valores organizacionais; o
Fox e Spector (1999), ao mensurarem as reações afetivas desejo de permanecer como membro da organização; e uma
à frustração, encontraram relação positiva entre a percepção disposição de esforçar-se em prol da organização (Bastos,
de existência de restrições situacionais e comportamentos 1993; Oliveira & cols. 1999).
contraproducentes em resposta a frustrações. Cropanzano e Assim, o comprometimento retrata um comportamento
Baron (1991) e Bies (2001) sustentam que a injustiça pode que extrapola a mera lealdade passiva, sendo a representação
promover emoções que contribuem para a ocorrência de de uma relação ativa entre a organização e o trabalhador, em
respostas que geram conflito no ambiente organizacional. que este último está disposto a dar o melhor de si com o in-
Para Elovainio, Kivimäki, Eccles e Sinervo (2002), a per- tuito de contribuir para o bem-estar organizacional (Oliveira
cepção de injustiça pode intensificar o estresse ocupacional & cols., 1999). Em outras palavras, o trabalhador realiza-se
e comprometer a saúde do trabalhador por três razões: afeta na identificação com a organização, mantém-se como seu
o estresse mediante as relações com os principais preditores membro e facilita a consecução dos objetivos dela (Bastos,
psicossociais de sua saúde; desencadeia variações em sua 1993). Percebe-se que o comprometimento afetivo voltado
confiança em relação a todos aqueles que tomam decisões im- para a organização propicia respostas positivas de satisfação
portantes para sua vida, além de interferir em sua percepção com o trabalho e de autorrealização do trabalhador.
acerca da qualidade do funcionamento social no contexto do As características do trabalho podem influenciar o com-
trabalho; e mostra as avaliações dos procedimentos formais e prometimento afetivo do trabalhador para com ele. Destarte,
da justiça relacional positivamente (associadas ao ambiente se a organização deixar claro os desafios que o trabalhador
organizacional, aos sentimentos de orgulho e autoestima) e deve enfrentar, isto é, se não exigir gastos excessivos de ener-
negativamente (relacionadas à raiva, à agressão e ao com- gia com resolução de conflitos que podem levar ao estresse,
portamento social negativo). ele tenderá a comprometer-se mais com a empresa do que
Maslach e Leiter (1997/1999) apontam como fator de ocorreria caso se sentisse inseguro em relação aos desafios
grande importância para o equilíbrio intrapsíquico do traba- que deve enfrentar (Bastos, 2000; Mowday & cols., 1982).
lhador a existência da equidade, que gera no trabalhador a Vários são os fatores que levam o trabalhador a com-
percepção de ser reconhecido e valorizado no trabalho. prometer-se afetivamente de forma mais intensa com a
502 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508
Burnout, Justiça e Comprometimento
organização, entre os quais se destacam: a percepção de sua esteja me endurecendo emocionalmente” – item 11; “Con-
importância para a organização; a constatação de que há sigo finalmente entender como meus alunos se sentem sobre
equidade no pagamento; a percepção da organização de forma as coisas” – item 4. A análise fatorial do MBI confirmou
positiva por seus colegas; o cumprimento das normas pelo seus 22 itens distribuídos nas três dimensões – exaustão
grupo para o desenvolvimento de trabalhos complicados; o emocional, α = 0,90; cinismo, α = 0,79; e ineficácia, α =
fortalecimento dos laços sociais pela organização (Bastos, 0,71 – e apresentou índice de consistência interna entre as
2000; Borges-Andrade, Afanasieff & Silva, 1989; Borges- dimensões igual a 0,80, um valor que está dentro de níveis
Andrade, Cameschi & Silva, 1990; Mowday, Steers & Porter, estatisticamente aceitáveis.
1979; Tamayo, 1998; Tamayo & cols., 2001). Mowday e A EPJO, instrumento construído, aferido em sua precisão
cols. (1982) relatam que trabalhadores que lidam com maior e validado por Mendonça e cols. (2003), mede a percepção
formalização, descentralização, dependência funcional e de justiça organizacional em escala que varia de 1 (discordo
formalidade com as regras tornam-se mais comprometidos totalmente) a 5 (concordo totalmente). Também engloba
afetivamente com seu trabalho. três dimensões – percepção de justiça distributiva, α = 0,91;
Rego (2000), Filenga (2003) e Siqueira e Gomide Jú- percepção de justiça processual, α = 0,90; e percepção de
nior (2004) conduziram estudos que comprovaram que a justiça interacional, α = 0,84 – e apresenta coeficientes de
percepção de justiça dos procedimentos antecede o compro- fidedignidade aceitos estatisticamente e alto poder taxonômi-
metimento afetivo e que a percepção de justiça distributiva co para mensurar os construtos propostos, dados que foram
antecede o comprometimento normativo e calculativo. confirmados neste estudo.
Diante do exposto, percebe-se a necessidade de atribuir Utilizou-se o OCQ validado no Brasil por Borges-
grau e qualidade à ligação existente entre a organização e o Andrade e cols. (1989), em sua versão reduzida, com escala
trabalhador, quer seja ela positiva ou negativa. Além disso, que varia de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo total-
devem ser considerados os reflexos dessa ligação para o mente), para analisar o comprometimento organizacional
trabalhador, para a organização e para a sociedade. Portanto, afetivo. Trata-se de uma escala unifatorial que neste estudo
reforça-se a importância do desenvolvimento desta pesquisa apresentou α = 0,79.
ao propor a análise de um modelo mediacional em que o
comprometimento afetivo aparece como mediador entre a
percepção de justiça e o burnout. Procedimento
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508 503
I. F. de Sousa & H. Mendonça
(VD) deve ser significativa (passo 1); a variável preditora (VI) No entanto, ao introduzir a variável mediadora (comprome-
deve estar relacionada à variável mediadora (VMe) (passo 2); timento), a influência da percepção de justiça interacional
o mediador deve relacionar-se com a variável critério (VD) deixou de ser significativa (β = -0,04; t = -0,45; p = n.s.) e a
após o efeito da variável preditora (VI) ter sido controlado de justiça distributiva teve seu poder de influência diminuído
(passo 3); a força da associação entre as variáveis preditora (β = - 0,33; t = 4,36; p < 0,001). Apesar de as relações diretas
(VI) e critério (VD) deve ser reduzida quando o mediador terem diminuído o seu poder de influência ao inserir a vari-
for considerado no modelo (passo 4). ável mediadora, o poder explicativo do modelo de predição
Seguindo essas condições, em um primeiro momento da variável exaustão emocional aumentou [R = 0,56; F(3,182) =
analisou-se a influência da VI (percepção de justiça distribu- 27,528; p < 0,001], como pode ser verificado na Tabela 1.
tiva, processual e interacional) sobre a VD (burnout em cada Esses resultados demonstram que quando o professor é
dimensão separadamente – exaustão emocional, cinismo e muito comprometido afetivamente com a universidade e se
ineficácia). Em seguida, foi feita a regressão incluindo a VI percebe injustiçado pela maneira como os recursos são distri-
(percepção de justiça distributiva, processual e interacional) buídos por ela, aumenta-se a probabilidade de que ele desen-
sobre a variável mediadora (comprometimento organizacio- volva exaustão emocional. Esse achado é corroborado pelo
nal afetivo). Depois, procedeu-se à análise incluindo todas encontrado por Elovainio e cols. (2001), autores que apontam
as variáveis, como a VI (percepção de justiça distributiva, que a percepção de injustiça pode intensificar o estresse ocu-
processual e interacional) e a VD (burnout em cada dimensão pacional e comprometer a saúde do colaborador. Também há
separadamente – exaustão, cinismo e ineficácia). Finalmente, concordância com a pesquisa de Tamayo e Tróccoli (2002a),
fez-se um estudo confirmatório do modelo mediacional, pelo cujos resultados indicam a justiça organizacional como um
teste Sobel, proposto por Baron e Kenny (1986). dos antecedentes do burnout, e o estudo de Maslach (2006),
em que este descreve a recompensa insuficiente e a ausência
de justiça como causas do desenvolvimento de burnout.
Resultados e Discussão Seguindo os passos para a análise da mediação proposta
neste estudo, realizou-se regressão hierárquica para confir-
Para atender ao objetivo de analisar o poder mediacional mar se as variáveis independentes se configurariam como
do comprometimento afetivo na relação entre a percepção de preditoras da variável mediadora. Os resultados [R = 0,593;
justiça e o burnout, seguiram-se os procedimentos de análise F(2,198) = 53,713; p < 0,001] revelaram que tanto a percepção
de dados descritos. de justiça distributiva (β = 0,255; t = 3,817; p < 0,001) quanto
Como primeiro passo, realizou-se análise de regressão a de justiça interacional (β = 0,420; t = 6,289; p< 0,001) foram
hierárquica para a dimensão exaustão emocional, a qual re- preditoras do comprometimento organizacional afetivo do
velou [R = 0,51; F(2,183) = 32,025; p < 0,001] que a percepção professor universitário (Tabela 2).
de justiça distributiva (β = -0,41; t = -5,44; p < 0,001) e a Esses dados revelam que quanto mais o professor é
percepção de justiça interacional (β = -0,15; t = -2,05; p < comprometido afetivamente com a organização, menor é sua
0,05) apresentaram-se como suas preditoras (ver Tabela 1). probabilidade de desenvolver burnout. Se o professor aceita
Tabela 1. Resultados da regressão hierárquica aplicada à análise do fator mediador ‘comprometimento afetivo’ entre a percepção
de justiça e a exaustão.
Exaustão
Passo 1 Passo 3
Variável independente
Beta t p< Beta t p<
Percepção de justiça
Distributiva -0,41 -5,44 0,001 0,33 4,36 0,001
Processual 0,066 0,68 n.s. 0,026c 0,22 n.s.
Interacional -0,15 -2,05 0,05 -0,04 -0,45 n.s.
Comprometimento afetivo -0,29 -3,74 0,001
Coeficiente de regressão múltipla R = 0,51; R² = 0,26 R = 0,56; R² = 0,31
Variância explicada R²ajustado = 0,25 R²ajustado = 0,30
Teste estatístico F(2,183) = 32,025; F(3,182) = 27,528;
504 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508
Burnout, Justiça e Comprometimento
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508 505
I. F. de Sousa & H. Mendonça
cols., 2003), sobre a síndrome de burnout (Maslach, 2006; do ser humano, que se pauta por motivos econômicos, au-
Tamayo & Tróccoli, 2002a) e sobre o comprometimento tointeresse e preocupação em maximizar suas recompensas
organizacional afetivo (Bastos, 2000). Estudar três grandes (Assmar & cols., 2005).
temas mostrou-se altamente relevante para compreender as Os resultados encontrados nesta pesquisa também de-
nuanças que permeiam a psicologia organizacional. Dessa monstraram que quanto mais o professor estiver comprometi-
forma, a presente pesquisa desvelou o comprometimento do afetivamente com a organização, menor será a probabilida-
organizacional afetivo, demonstrando quão significativo ele de de desenvolver exaustão. Portanto, seria interessante que
é para a minimização de problemas organizacionais ligados à os gestores da universidade estudada repensassem a forma
percepção de justiça e ao desenvolvimento do burnout. de distribuição de recursos e desenvolvessem estratégias
A averiguação do valor mediacional do comprometimento de atuação profissional mais bem aceitas por seu quadro
organizacional afetivo na relação entre a percepção de justiça docente. Sugere-se que essas estratégias tenham como meta
e o burnout permitiu constatar que o primeiro só se afirma alcançar padrão de comportamento organizacional voltado
como mediador na relação entre a percepção de justiça dis- para o duplo comprometimento: com a organização e com a
tributiva e a exaustão emocional. profissão (Bastos, 2000). O professor que não se compromete
Nossos resultados demonstraram que se o professor se com a organização, provavelmente desenvolverá a exaustão.
compromete afetivamente com a universidade, a percepção Por outro lado, o docente que não se compromete com a
de que está sendo injustiçado na forma de distribuição de profissão, dificilmente poderá aprimorar seus conhecimentos
recursos provoca o aumento da probabilidade de desen- ao longo do tempo.
volvimento da exaustão. Essa ocorre em razão do desgaste Destaca-se, no entanto, que este estudo apresenta cer-
energético do professor quando percebe que a organização tas limitações, como: ter sido conduzido em uma única
que ele acreditava lhe ser leal, pois os valores e crenças ali instituição, o que impossibilita a generalização para ou-
vigentes eram equivalentes aos seus, apresenta atitudes que tras, com características e contextos diferentes; ter sido
contradizem essa convicção. influenciado por outras variáveis na vivência de burnout
Ao encontrar-se nessa situação, o professor buscará que não foram contempladas, tais como traços de perso-
reequilibrar suas energias por meio de justificativas para o nalidade (Grayson & Alvares, 2007; Kim & cols., 2009);
comportamento da organização. No entanto, se ele decidir ter se limitado a analisar o fenômeno do burnout a partir
posicionar-se contra a organização, que idealizara perfeita, de indicadores da percepção do professor sobre a justiça
passará a despender mais energia, o que pode ir gradativa- e o comprometimento afetivo; ter encontrado na literatura
mente se acumulando até culminar no desenvolvimento da poucos estudos utilizando as variáveis pesquisadas, o que
exaustão. O professor pode, então, se sentir cansado em não permitiu maiores discussões acerca dos resultados en-
dar mais do que recebe, exaurindo suas energias por não contrados. Porém, nenhuma dessas restrições desmerece a
vislumbrar qualquer possibilidade de mudança. A energia é importância desta pesquisa, porquanto ela vem fortalecer
uma dimensão do envolvimento, uma característica que se a certeza da indispensabilidade de maiores averiguações
refere ao ajuste existente entre o trabalhador e seu local de abarcando esse tema.
trabalho, que se contrapõe à dimensão da exaustão, conforme A análise relacionada aos dados deste estudo comprova
assevera Maslach (2006). a necessidade de criação e desenvolvimento de políticas
A organização pesquisada vem passando por um processo de adequação de pessoal para a promoção da saúde dos
de reestruturação, de mudanças organizacionais, o que per- professores e a prevenção da síndrome de burnout, o que,
mite compreender, em parte, algumas razões que levaram os consequentemente, resultará na saúde da organização.
professores a perceber em maior grau a injustiça distributiva. É importante destacar e reforçar os benefícios de se
Assmar e cols. (2005) destacam que a percepção da injustiça trabalhar em caráter preventivo, o que traz resultados mais
distributiva ocorre, sobretudo, em períodos de reestruturação consistentes do que quando apenas se buscam formas de
organizacional, em que “suas consequências diretas acabam curar/sanar problemas já instalados por falta de priorização
sendo restrições de recursos organizacionais aos empregados, de aspectos aqui mencionados. Afinal, como comprovado por
sob a forma de redução de incentivos, suspensão de promo- esta pesquisa, as avaliações de injustiça podem intensificar o
ções, entre outros” (p. 446). estresse ocupacional e comprometer a saúde do trabalhador
Na universidade pesquisada, o regulamento de carreira (Elovainio & cols., 2002), o que poderá acarretar adoecimen-
docente não tem sido cumprido, havendo restrições no tocan- to organizacional (Sabancı, 2009).
te a promoções por titulação e por tempo de trabalho. Seria
interessante que os gestores atentassem para os problemas
decorrentes da percepção de injustiça que os professores Referências
têm tido acerca da distribuição de recursos e oportunidades.
A oferta de recursos e oportunidades acadêmicas, como a Assmar, E. M. L., Ferreira, M. C., & Souto, S. O. (2005).
obtenção de passagens para participar de congressos e a possi- Justiça organizacional: uma revisão crítica da literatura. Psicologia:
bilidade de licença remunerada para alcançar mais um título, Reflexão e Crítica, 18, 443-453.
traz resultados positivos, enquanto punições, retaliações e Baron, R. M., & Kenny, D. A. (1986). The moderator-mediator
falta de oportunidade, na forma de sanções disciplinares e variable distinction in social psychological research: Conceptual,
percepção de exclusão do processo, refletem negativamente strategic, and statistical considerations. Journal of Personality and
no desempenho do trabalhador. Não se pode esquecer que Social Psychology, 51, 1173-1182.
a justiça distributiva está ligada aos aspectos mais egoístas
506 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508
Burnout, Justiça e Comprometimento
Bastos, A. V. B. (1993). Comprometimento organizacional: Kulik, C. T., & Ambrose, M. L. (1992). Personal and situational
um balanço dos resultados e desafios que cercam essa tradição de determinants of referent choice. Academy of Management Review,
pesquisa. Revista de Administração de Empresas, 33, 52-64. 17, 212-237.
Bastos, A. V. B. (2000). Padrões de comprometimento com Leventhal, G. S. (1980). What should be done with equity
a profissão e a organização: o impacto de fatores pessoais e da theory? Em K. J. Gergen, M. S. Greenberg & R. H. Willis (Eds.),
natureza do trabalho. Revista de Administração, 35, 48-60. Social exchange: Advances in theory and research (pp. 27-55).
Bies, R. J. (1987). The predicament of injustice: The New York: Plenum.
management of moral outrage. Em L. L. Cummings & B. M. Staw Maslach, C. (2006). Promovendo o envolvimento e reduzindo
(Eds.), Research in organizational behavior, Vol. 9 (pp. 289-319). o burnout [Resumo]. Em International Stress Management
Greenwich: JAI. Association (Org.), Anais do VI Congresso de Stress da ISMA-BR,
Bies, R. J. (2001). International (in)justice: The sacred and VIII Fórum Internacional de Qualidade de Vida no Trabalho. Porto
the profane. Em J. Greenberg & R. Cropanzano (Orgs.), Advances Alegre: ISMA, CD-ROM.
in organizational justice (pp. 89-118). Stanford: Stanford Maslach, C., & Jackson, S. E. (1981). The measurement of
University. experienced burnout. Journal of Occupational Behaviour, 2, 99-113.
Borges-Andrade, J. E., Afanasieff, R. S., & Silva, M. S. (1989). Maslach, C. P., Jackson, S. E., & Leiter, M. P. (1996).
Mensuração de comprometimento organizacional em instituições Maslach Burnout Inventory Manual (3ª ed.). Palo Alto: Consulting
públicas [Resumo]. Em Sociedade Brasileira de Psicologia (Org.), Psychologist Press.
Resumos da XIX Reunião Anual de Psicologia (p. 236). Ribeirão Maslach, C., & Leiter, P. M. (1999). Trabalho: fonte de prazer
Preto: SBP. ou desgaste? Guia para vencer o estresse na empresa (M. S.
Borges-Andrade, J. E., Cameschi, C. E., & Silva, M. S. (1990). Martins, Trad.). Campinas: Papirus. (Trabalho original publicado
Comprometimento organizacional em instituição de pesquisa: em 1997)
diferenças entre meio e fim. Revista de Administração, 25, 29-43. Mendonça, H. (2003). Retaliação organizacional: o impacto
Borges, L. de O., Argolo, J. C. T., & Baker, M. C. S. (2006). Os dos valores e da justiça. Tese de Doutorado, Universidade de
valores organizacionais e a síndrome de burnout: dois momentos Brasília, Brasília.
em uma maternidade pública. Psicologia: Reflexão & Crítica, 19, Mendonça, H., Pereira, C., Tamayo, A., & Paz, M. G. T.
34-43. (2003). Validação fatorial de uma escala de percepção de justiça
Carlotto, M. S., & Câmara, S. G. (2008). Análise da produção organizacional. Estudos, Vida e Saúde, 30, 111-130.
científica sobre a Síndrome de Burnout no Brasil. Psico, 39, 152- Ministério da Saúde - Brasil (1996). Resolução nº 196/96 -
158 Conselho Nacional de Saúde (CNS). Brasília: Diário Oficial da
Carlotto, M. S., & Palazzo, L. S. (2006). Síndrome de burnout União.
e fatores associados: um estudo epidemiológico com professores. Monteiro, Z. H. M. (2000). Desempenho escolar, condições de
Cadernos de Saúde Pública, 22, 1017-1026. trabalho e as implicações para a saúde do professor. Dissertação
Codo, W. (1999). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: de Mestrado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de
Vozes. Janeiro.
Codo, W., & Vasques-Menezes, I. (2000). Burnout: sofrimento Mowday, R. T., Porter, L. W., & Steers, R. M. (1982). Employee-
psíquico dos trabalhadores em educação. Cadernos de Saúde do organization linkages: The psychology of commitment, absenteeism,
Trabalhador, 14, 29-48. and turnover. New York: Academic Press.
Cropanzano, R., & Baron, R. A. (1991). Injustice and Mowday, R. T., Steers, R. M., & Porter, L. W. (1979). The
organizational conflict: The moderating role of power restoration. measurement of organizational commitment. Journal of Vocational
International Journal of Conflict Management, 2, 5-26. Behavior, 14, 224-247.
Deutsch, M. (1985). Distributive justice: A social-psychological Oliveira, M. A. P. S., Lima, S. M. V., & Borges-Andrade, J. E.
perspective. New Haven: Yale University. (1999). Comprometimento no trabalho e produção científica entre
Elovainio, M., Kivimäki, M., Eccles, M., & Sinervo, T. (2002). pesquisadores brasileiros. Revista de Administração, 34, 12-20.
Team climate and procedural justice as predictors of occupational Paz, M. G. T. (1992). Justiça distributiva na avaliação de
strain. Journal of Applied Social Psychology, 32, 359-372. desempenho dos trabalhadores de uma empresa estatal. Tese de
Filenga, D. (2003). O impacto de percepções de justiça Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo.
em três bases de comprometimento organizacional [Resumo]. Rego, A. (2000). Comportamentos de cidadania organizacional
Em Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em – uma abordagem empírica a alguns dos seus antecedentes e
Administração (Org.), XXVII Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro: conseqüências. Tese de Doutorado, Instituto Superior de Ciências
ANPAD, CD-ROM. do Trabalho e da Empresa, Lisboa.
Fox, S., & Spector, P. E. (1999). A model of work frustration- Sabancı, A. (2009). The effect of primary school teachers’
aggression. Journal of Organizational Behavior, 20, 915-931. burnout on organizational health [Abstract]. Em Uzunboylu, H.
Grayson, J. L., & Alvarez, H. K. (2008). School climate factors (Org.), I World Conference on Educational Sciences (p. 195–205).
relating to teacher burnout: A mediator model. Teaching and Teacher Nicosia: Cyprus Education Sciences Association, World Education,
Education: An International Journal of Research and Studies, 24, Science, Research and Councilling Center.
1349-1363. Siqueira, M. M. M., & Gomide Júnior, S. (2004). Vínculos do
Kim, H. J., Shin, K. H., & Swanger, N. (2009). Burnout and indivíduo com o trabalho e com a organização. Em J. C. Zanelli,
engagement: A comparative analysis using the big five personality J. E. Borges-Andrade & A. V. B. Bastos. (Orgs.), Psicologias,
dimensions. International Journal of Hospitality Management, organização e trabalho no Brasil (pp. 300-328). Porto Alegre:
28, 96–104. Artmed.
Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508 507
I. F. de Sousa & H. Mendonça
Sousa, I. F., & Mendonça, H. (2006). Do stress ao burnout: a Tamayo, M. R., & Tróccoli, B. T. (2002b). Exaustão emocional:
mediação das estratégias de coping [Resumo]. Em International relações com a percepção de suporte organizacional e com as
Stress Management Association (Org.), Anais do VI Congresso de estratégias de coping no trabalho. Estudos de Psicologia, 7, 37-
Stress da ISMA-BR, VIII Fórum Internacional de Qualidade de 46.
Vida no Trabalho. Porto Alegre: ISMA. CD-ROM. Tepper, B. J. (2001). Health consequences of organizational
Tamayo, A. (1998). Valores organizacionais: sua relação com injustice and interactive effects: tests of main and interactive
satisfação no trabalho, cidadania organizacional e comprometimento effects. Organizational Behavior and Human Decision Processes,
afetivo. Revista de Administração, 33, 56-63. 2, 197-215.
Tamayo, A., Souza, M. G. S., Vilar, S. L., Ramos, J. L.,
Albernaz, J. V., & Ferreira, N. P. (2001). Prioridades axiológicas e
comprometimento organizacional. Psicologia: Teoria e Pesquisa,
17, 27-35.
Tamayo, M. R., & Tróccoli, B. T. (2002a). Burnout no trabalho. Recebido em 31.08.07
Em A. M. Mendes, L. O. Borges & M. C. Ferreira (Orgs.), Trabalho Primeira decisão editorial em 20.04.09
em transição, saúde em risco (pp. 43-58). Brasília: Universidade Versão final em 07.05.09
de Brasília. Aceito em 06.06.09 n
Local: Curitiba, PR
Data: 25 de Fevereiro de 2010
508 Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Out-Dez 2009, Vol. 25 n. 4, pp. 499-508