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Quando tudo ocorre bem, e vivenciamos este amor, passamos por uma experiência muito forte: a de
ter sido, um dia, aquilo que faltava na vida de alguém; no caso, de nossa mãe ou daquele que
represente a figura materna. Porém, conforme vamos crescendo, começamos a perceber que não é
bem assim. Há outras coisas que disputam conosco esse lugar de importância: o trabalho, os
amigos, os irmãos, os parceiros amorosos, entre outros. E tudo bem, é importante que seja assim,
pois é nesse momento que nos damos conta de que não somos únicos, não bastamos ao outro,
porém, apesar disso, temos um lugar de grande importância na vida desse outro e aqui começamos
a entender que não precisamos ser perfeitos.
Sentir-se amado e idealizado, sentir que é o objeto que completa o outro, é algo muito prazeroso e
difícil de abrir mão. Difícil, porém necessário para nosso desenvolvimento emocional. E, a
depender de como essas questões foram tratadas em nossas vidas, tendemos, de forma inconsciente,
a continuar buscando essa sensação em todos os nossos relacionamentos futuros.
Muitas pessoas passam a vida se cobrando para acertar o tempo todo, não admitem falhas, e
precisam ter o controle de tudo, para que possam se sentir seguros, sempre buscando a certeza de
que serão sempre dignos de amor, e de que o seu lugar na vida do outro está resguardado.
E isso é de um sofrimento imenso, pois é impossível termos o controle de tudo. Os controles, assim
como nós, são imperfeitos. Portanto, nunca conseguiremos corresponder a todas as expectativas
externas.
Quando me refiro às expectativas externas, me refiro às expectativas de nosso parceiro(a)
amoroso(a), de nosso chefe no trabalho, de nossos amigos e de todas as outras pessoas com as quais
nos relacionamos.
Enfim, essa busca pela perfeição pode permear toda a vida do indivíduo e trazer um sofrimento
muito grande, pois não temos o controle do desejo do outro.
Buscar o autoconhecimento é um processo muito importante, pois é através dele que conseguimos
entender a nossa história e dar novos significados a ela. É através dessa busca que podemos
compreender que sim, podemos dar o nosso melhor, e mesmo assim não atingir a expectativa do
outro, pois não temos o controle sobre o desejo da outra pessoa.
O que o outro sente diz respeito a história dele, e não me desqualifica.
Separar o que é meu do que é do outro é o primeiro passo para que possamos ser menos cruéis
conosco e assim vivermos uma vida com mais harmonia.