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Algumas pessoas sofrem por não conseguirem lidar com suas falhas, se cobram em busca da

perfeição chegando a ser desumano.


A cobrança pelo perfeito, ou a culpa pela falha pode vir da própria trajetória de vida do ser.
Aceitar que podemos falhar, que podemos não ser perfeitos, e que mesmo assim podemos ser
amados, depende da nossa história de vida e da relação que estabelecemos com aqueles que foram
responsáveis por cuidar de nós enquanto crianças, pois é geralmente nessa fase, onde somos
totalmente dependentes de nossos pais ou daqueles que exercem esse papel em nossas vidas, que
vivemos a experiência do amor incondicional, aquele em que somos amados simplesmente por
sermos quem somos.

Experimentar esse amor é fundamental para o desenvolvimento emocional do indivíduo, e até


mesmo para o desenvolvimento da sua autoestima. Mas, é claro que nem sempre é assim que
ocorre, e são muitas as variáveis possíveis aqui. Quando não experimentamos esse lugar de
importância na vida de nossos cuidadores, são muitas as saídas possíveis, são muitos os sintomas
que podem emergir daí, como por exemplo problemas com autoestima, escolhas equivocadas de
parceiros amorosos,  depressão, distúrbios alimentares, entre outros.

Quando tudo ocorre bem, e vivenciamos este amor, passamos por uma experiência muito forte: a de
ter sido, um dia, aquilo que faltava na vida de alguém; no caso, de nossa mãe ou daquele que
represente a figura materna. Porém, conforme vamos crescendo, começamos a perceber que não é
bem assim. Há outras coisas que disputam conosco esse lugar de  importância: o trabalho, os
amigos, os irmãos, os parceiros amorosos, entre outros. E tudo bem, é importante que seja assim,
pois é nesse momento que nos damos conta de que não somos únicos, não bastamos ao outro,
porém, apesar disso, temos um lugar de  grande importância na vida desse outro e aqui começamos
a entender que não precisamos ser perfeitos.

Porém, nem sempre esse é um processo simples.

Sentir-se amado e idealizado, sentir que é o objeto que completa o outro, é algo muito prazeroso e
difícil de abrir mão. Difícil, porém necessário para nosso desenvolvimento emocional. E, a
depender de como essas questões foram tratadas em nossas vidas, tendemos, de forma inconsciente,
a continuar buscando essa sensação em todos os nossos relacionamentos futuros.
Muitas pessoas passam a vida se cobrando para acertar o tempo todo, não admitem falhas, e
precisam ter o controle de tudo, para que possam se sentir seguros, sempre buscando a certeza de
que serão sempre dignos de amor, e de que o seu lugar na vida do outro está resguardado.
E isso é de um sofrimento imenso, pois é impossível termos  o controle de tudo. Os controles, assim
como nós, são imperfeitos. Portanto, nunca conseguiremos corresponder a todas as expectativas
externas.
Quando me refiro às expectativas externas, me refiro às expectativas de nosso parceiro(a)
amoroso(a), de nosso chefe no trabalho, de nossos amigos e de todas as outras pessoas com as quais
nos relacionamos.
Enfim, essa busca pela perfeição pode permear toda a vida do indivíduo e trazer um sofrimento
muito grande, pois não temos o controle do desejo do outro.

Buscar o autoconhecimento é um processo muito importante, pois é através dele que conseguimos
entender a nossa história e dar novos significados a ela. É através dessa busca que podemos
compreender que sim, podemos dar o nosso melhor, e mesmo assim não atingir a expectativa do
outro, pois não temos o controle sobre o desejo da outra pessoa.
O que o outro sente diz respeito a história dele, e não me desqualifica.

Separar o que é meu do que é do outro é o primeiro passo para que possamos ser menos cruéis
conosco e assim vivermos uma vida com mais harmonia.

Não preciso caber no desejo do outro para ser feliz!


E você, como anda a sua autocobrança?

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