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Dados Internacionais de Catalogação na

Publicação

Homem & Valor


Os Passos Fundamentais do Relacionamento [Li­vro
Digital]. José Oliveira. — 1. ed. — Pouso Alegre, MG:
Homem & Valor, 2022. Veiculação Digital.

PDF

ISBN: 978-65-84524-13-2

1. Auto-ajuda / Aperfeiçoamento pessoal. 2.


Relacionamento. 3. Amadurecimento. 4. Desenvolvimento
Pessoal.
I. Título
CDD-158.1

Índices para catálogo sistemático:


1. Auto-ajuda: Aperfeiçoamento pessoal 158.1

H &V
Q uando tratamos de relacionamento, existem alguns pontos
que são como que fundamento para que se construa-o de forma
sólida, concreta e estável, evitando os problemas e os erros de
planejamento ao construí-lo ao longo do tempo.

A maioria do nossos problemas não tem nada a ver com as


outras pessoas, com a política ou qualquer coisa a mais. Na
realidade, eles são causados pela nossa preguiça, o nosso
egoísmo, a nossa inveja e a nossa podridão.

Se cada um de nós se comprometesse a ser melhor a cada dia,


superar seu “eu” do dia anterior, se comprometesse a entregar
mais, a servir melhor, a trabalhar melhor, a amar sinceramente,
sem reclamar ou ficar se vitimizando diante do peso da vida, e
muito pelo contrário, o colocasse nos ombros, a maioria dos
nossos problemas, dos problemas sociais, sumiriam da face da
Terra.

A maior parte de nós não quer assumir isso e ainda não quer
permitir que outras pessoas o façam, porque, na verdade, é
bem mais cômodo e mais fácil continuar do jeito que se está,
fazendo o que se tem vontade, sem se esforçar, sem assumir
responsabilidades, sem encarar as consequências naturais da
vida e sem ter de encarar de frente o peso da vida madura. E
ver outras pessoas saindo dessa lama e alcançando coisas
melhores é “opressivo” demais, porque deixa estampado sua
covardia em face da vida e sua preguiça interior. Diante disso,
escolhem o caminho mais fácil, ou seja, preferem jogar fora
essa parte da vida e com ela a oportunidade de se tornar
alguém melhor. Isso é bem claro.

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Ao longo de todo o tempo que tenho trabalhado na página, me
dediquei a ouvir atentamente cada um de vocês que me
procuraram com seus testemunhos, contando suas histórias e
fazendo perguntas nas caixas diárias. Vi que a maior das dores
entre vocês, ou ao menos a que mais se manifestava, era uma
dor relacionada ao relacionamento afetivo. Assim, me dediquei
atentamente a fazer uma espécie de diagnostico geral dos
casos e busquei preparar algo que pudesse servir como um
amparo, um suporte e talvez um recomeço para essa situação
na vida de vocês. E esse livro foi criado.

Se você está aqui lendo-o, penso que está em busca de se


tornar alguém melhor de alguma forma, não é? Bom, meu intuito
aqui é lançar alguma luz sobre algo que talvez você tenha
percebido mas preferiu ignorar, assim como aqueles que
lançam fora as oportunidades junto com a responsabilidade e o
compromisso.

Iremos conversar sobre relacionamentos. Não somente sobre o


relacionamento de marido e mulher, de namorado e namorada,
mas sobre todo tipo de relação que podemos ter com as outras
pessoas em nossa vida. Trarei aqui, num primeiro momento,
uma base de 4 pontos que direcionam, acredito eu, a nossa
forma de se relacionar para que tenhamos êxito nas relações e
depois outras ferramentas que podem cooperar para que sejam
frutuosos os nossos relacionamentos em nossa vida.

Boa Leitura!

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E m tempos de dificuldade é que nós vemos a qualidade das
personalidades. Vemos que existem pessoas que crescem com
a dificuldade, que são aquelas com as quais podemos contar e
que se tornam um balsamo. Enquanto outras que pareciam ser
um líder ou alguém que cuidaria dos outros, simplesmente se
desfazem, desmoronam diante da adversidade da realidade.

O medo, o conflito e a dificuldade, expõem a hierarquia dos


seus valores, aquilo a que de fato você se apega, que de fato
norteia a sua vida, aquilo a que você realmente ama. E a melhor
forma de se medir a qualidade de uma alma é pela capacidade
que ela tem de amar.

O amor não é uma realidade espontânea e algumas pessoas


não tem um talento natural para amar. Não é que se possa
chamar de amor qualquer coisa que seja, é que o amor pede
um cultivo, pede um esforço, pede que se mova constantemente
e dedicadamente por ele. Pede que encare esse medo, os
conflitos e as dificuldades. E não são todas as pessoas que
estarão dispostas a realizar esse movimento.

Nossos egoísmos não irão se transformar numa capacidade de


amar sem que haja um esforço nosso para isso. O amor
necessita do esforço. É preciso então abandonar essa ideia de
que o amor é um sentimento democrático, que todos podem tem
acesso garantido, que todos o possuem e que todos sabem o
que é.

Então o que pode ser o amor? Ele é justamente essa


característica que testa a qualidade de uma alma. Como ele é

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uma realidade que demanda esforço, pede movimento, pede
que saiamos de nós mesmos – abandonemos nosso egoísmo,
nossa necessidade de sermos amados, nossa vontade de que
sejamos prioridade em todos os nossos círculos afetivos e
relacionamentos –, pede de nós esse cultivo atento, dedicado e
devotado, se a nossa alma não estiver disposta a agir assim,
mesmo sem receber nada em retorno, já saberemos que
buscamos mais a nossa miséria do que aquilo que de fato dá
sentido à nossa vida. Se assim agimos, saberemos que a
qualidade do nosso amor é muito baixa, e talvez nem mesmo
seja amor.

Podemos chamar esse movimento todo que descrevi de “olhar


amoroso”. Se eu não sei olhar com esse tipo especifico de olhar
para a realidade que me cerca, eu não serei capaz de amar
sinceramente as pessoas a quem devo amor. E isso acontece
quando eu cultivo mais o “olhar autorreferente”, o olhar que me
fecha em mim mesmo, naquilo que eu desejo, naquilo que me
agrada, naquilo que eu quero e naquilo que eu sinto. Esse olhar
ofusca – ao passo que é cultivado – o olhar amoroso. E mesmo
que estejamos num relacionamento com alguém, tudo o que eu
irei tirar disso são coisas que são do meu interesse, coisas que
eu quero em primeiro lugar. Isso é o que causa 90% dos
problemas de relacionamento hoje em dia.

E como o amor é esse movimento que exige e que portanto não


são todos que estão dispostos a exercê-lo, o que acontece em
nosso tempo é que os homens modernos buscam rebaixar e
banalizar esse conceito do Amor Verdadeiro de forma a que
todos possam ter acesso, sem se esforçar. E aí criam-se

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inúmeras ilusões, as pessoas embarcam nessas bandeiras e no
fim se veem frustradas e perdidas, pois uma ilusão não se
sustenta. Pode perceber isso ao seu redor, qualquer movimento
baixo do corpo já é considerado amor, qualquer expressão já é
considerada amor, não há mais um ideal árduo, é apenas algo
que se pode fazer com qualquer um e de qualquer forma,
buscando apenas satisfação própria – e ainda chamam isso de
felicidade! Lamentável. Sei que se você olhar para a coisa de
forma sincera, notará isso.

Então, ao sofrerem uma desilusão amorosa, as pessoas


começam a culpar o Amor, colocando-o como algo ruim,
culpando até mesmo a instituição do casamento, da família
como algo que oprime, como algo que aprisiona. E na verdade
elas agem assim não por verdadeiro ódio ao amor, mas por ódio
a aquilo que elas acreditam ser o amor. Ou seja, atacam sem
nunca terem experimentado o amor em sua completude, em sua
plenitude e em seu mais alto nível.

Assim como se ama, se é. Dito de outro modo, a forma com que


eu estou disposto a amar, será também a forma com que eu
viverei a minha vida. E isso é muito profundo, sério e também
maravilhoso! “Transforma-se o amador na coisa amada”, é
como dizia o famoso Camões. Perceba então que o amor está
intimamente ligado ao que escolhemos ter conosco em nossa
vida, ao que escolhemos por cultivar, aos valores inegociáveis
que norteiam nossos passos, às coisas que nos esforçamos
para possuir. Aquilo que amamos é o que nos moldará a cada
dia da nossa vida. E quanto mais nobre e esforçado o nosso
amor, mais assim seremos.

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Em posse de tudo isso você precisa fazer o seguinte voto diante
da pessoa amada: “Eu prometo dar o primeiro passo”. Isso
precisa ser dito do fundo do seu coração. Se há alguém que
precisa ser melhor, esse alguém serei eu em primeiro lugar. Se
há alguém que precisa estar mais atento, esse alguém serei eu.
Se há alguém que precisa se sacrificar, esse alguém serei eu. É
assim que você passará a exercer de fato a sua capacidade de
amar. Não mais apontará dedos, mas buscará se dedicar
sinceramente, justamente por querer que a pessoa seja feliz em
primeiro lugar. Imagina se o casal se decide por isso? Toda a
história mudaria. Façam esse exercício e experimentem! Vão
por mim.

O que seria mais importante do que isso num relacionamento


onde se busca cuidar-se mutuamente um do outro? Se você
não dá esse primeiro passo, o que você faz então? Fica
esperando que o outro aja sozinho ou fica aguardando a sua
vez de agir porque a última vez quem deu o passo foi você? As
duas coisas estão completamente erradas e isso, eu afirmo com
certeza absoluta, irá minar o relacionamento de vocês até não
restar mais nada dele.

Experimente! Dar esse primeiro passo é como que um


derramar-se sobre a vida do outro, é entregar-se sem reservas,
ofertando seu melhor. Isso trará paz ao seu interior de um modo
que você nunca experimentou antes, isso te preencherá de uma
felicidade tão concreta que você não saberá de onde vem. E
você se lembrará do que digo: encontrará sua felicidade ao
trazer felicidade à vida do outro. Essa paz e essa felicidade
durarão ainda que passem pelas maiores tribulações, mesmo

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que as dificuldades e problemas cheguem, ainda que o mundo
esteja imerso em uma perdição total e em desesperança. O
verdadeiro amor lançará fora todo medo, toda insegurança, tudo
o que é secundário e os voltará ao que é Eterno. Só assim
poderão ser de fato, concretamente, um só com quem amam,
uma só carne, um só coração, um só caminho e uma só
direção.

Olhe agora para o mundo hoje. Como é fácil amedrontar a


sociedade, como é fácil gerar um caos absoluto no coração das
pessoas, como é fácil controlá-las! Isso nos dá um diagnóstico
de quão baixo e raso tem sido o amor dessas pessoas. Não há
essa paz e essa felicidade – que só o Verdadeiro Amor traz – no
íntimo das pessoas.

Já observou o número de divórcios que ocorreram desde o


início da pandemia do Covid? É absurdo como cresceram
exponencialmente. Isso claramente nos mostra que nós
desaprendemos a amar, que não estamos mais dispostos, que
nossos corações estão cada vez mais apegados e voltados para
coisas que não possuem sentido verdadeiro, que não são bens
árduos pelos quais se vale realmente a pena lutar, pelos quais
se vale sofrer e se alegrar, porque eles trazem sentido à vida e
não essa desordem generalizada. Para onde está voltado o seu
coração hoje? Espero que até aqui você já tenha compreendido
alguma coisa do que eu tenho dito a respeito disso.

As pessoas têm medo porque não estão amando, estão


querendo ser amadas. E a maior graça do ser humano não é
ser amado, é amar. Guarde isso no seu peito e descole todo

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esse apego egoísta a si mesmo que você carrega consigo.
Preencha seu coração de desejo genuíno de que a pessoa seja
feliz, de que a pessoa dure pela Eternidade, de que ela viva em
plenitude.

Perceba que há uma contradição clara nas atitudes e posturas


do homem hoje: ele acha que é um deus, acha que pode
controlar cada área da sua vida, quer todos os privilégios mas
não quer a responsabilidade que as consequências desse
privilégio exigem. Ele quer a relação sexual mas não quer a
consequência natural do ato sexual. Acha que pode controlar
tudo, mas quando cada uma das consequências chega, ele
paralisa, se fecha, fica rendido ao medo e procura o caminho
mais fácil sempre: a fuga. E toda vez que você se fecha para a
responsabilidade, você perde mais do sentido e do significado
da sua vida.

Você sempre pagará um preço por aquilo que você faz ou deixa
de fazer, é assim que funciona a realidade da nossa vida.
Quando permanecemos e lutamos de forma dedicada e
decidida, haverá consequências. Quando fugimos, nos
escondemos e evitamos nos esforçar de modo que a nossa vida
possa continuar acomodada e nosso ego inflado, também
haverá consequências. Não há como escapar disso.

Essa postura de não firmar compromissos sinceros, de buscar


apenas os benefícios sem nenhuma responsabilidade sempre
tornará o homem mais miserável e fraco, frouxo e mole mesmo
diante das circunstâncias da vida. Sempre o tornará pior,
sempre. Você mede um homem através da qualidade dos

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vínculos e compromissos que ele é capaz de estabelecer em
todas as áreas da sua vida.

É preciso mesmo ser radical nisso se você de fato deseja ser


alguém melhor para as pessoas que ama, se você deseja ser
alguém com quem os outros possam contar, que esteja disposto
fiel e firmemente a agir para o bem dos outros. E o maior
compromisso que há hoje é: formar uma família.

Há maior responsabilidade do que gerar uma vida no seio do


seu lar e assumir a missão de zelar por ela de todas as formas?
Não há, não há maior compromisso ou vínculo mais nobre do
que esse!

Hoje vemos o homem e a mulher modernos fugindo disso como


se fosse a maior das maldições, o maior dos problemas, e a
consequência disso é essa geração amedrontada, incapaz de
sair de si para amar, incapaz de lutar por algo que não seja de
seu interesse, que não seja do seu agrado, incapaz de se
esforçar para manter relacionamentos duradouros e saudáveis,
incapaz de permanecer. Uma geração insegura, ansiosa,
depressiva e solitária. Tudo dói demais, tudo é insuportável,
tudo os faz sofrer e no fim é o mundo que é injusto. São, ao
final, vidas sem sentido, sem consistência e sem propósito.

Passaremos agora aos 4 passos fundamentais para um


relacionamento saudável, concreto, permeado de sentido e
voltado para aquilo que realmente importa. Recomendo que se
atente, leia de forma dedicada, evite se distrair e não busque
reagir afetivamente ao que será exposto. Se devote mesmo a

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ler e refletir, como uma pessoa madura faz. Preciso de vocês
atentos a cada linha desse livro!

Vamos começar!

Primeiro Passo: Importar-se Genuinamente com o Outro.


“Muda radicalmente o teu plano, ainda que te exija mais
esforço, menos diversões ao alcance da mão. Já é tempo de que
te comportes como uma pessoa responsável.”
Sulco, 138

Quando temos na nossa frente um outro alguém, uma outra


pessoa, para que possamos nos relacionar com clareza, esse
contato deve partir de um centro e ir de encontro a outro centro.

E esse centro é o se importar realmente com os desafios que a


outra pessoa tem em sua vida. É estar atento aquilo que ela traz
dentro de si, aquilo que compõe a vida daquela pessoa, é lançar
esse olhar generoso para encontrar ali o que há de sincero e
real na existência dela: as lutas que ela trava, os valores e
princípios que ela defende, o que ela tem para si como algo
valioso e sagrado.

Saber perceber isso na pessoa com quem nos relacionamos é


fundamental porque nos dá como que uma direção para

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olharmos, para irmos além daquilo que é mais superficial e nos
aprofundarmos um pouco mais naquilo que a pessoa realmente
é. Passamos a conhecer ao que de fato aquela pessoa se
dedica, no que ela trabalha para ser melhor, o que ela busca
entregar, a inclinação dela para as coisas na vida.

Não saber dizer essas coisas sobre a outra pessoa, olhar para a
relação com ela e não ser capaz de dizer isso a respeito dela,
não ter essa postura de se importar realmente com o que
acontece com ela, é sinal de que seu relacionamento está a um
passo de terminar. Está à beira do abismo.

Sem se importar de fato com a outra pessoa, não se pode haver


um relacionamento real. Seu centro jamais irá de encontro ao
centro do outro, você não será capaz de caminhar ao lado dele
para tornar a vida dele mais leve, mais feliz, mais segura, pois
na verdade você nem saberá o que é a vida dele! Você não
saberá por aquilo que ele está passando, e, ainda que saiba,
não será capaz de perceber o modo como isso o afeta.

Você estará ocupado demais com outra coisa, olhando para


coisas periféricas e não para o centro.

Volto a dizer: sem se importar de fato com a outra pessoa, não


se pode haver um relacionamento real. Você pode se relacionar
com ela por interesse, apenas. Poderá se relacionar se
importando com o corpo dela, com o dinheiro dela, com o
status... mas jamais se relacionará por de fato se importar e
querer que aquela pessoa seja plenamente feliz, se sinta
realizada e seja melhor a cada dia. Dito de outro modo, seu

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relacionamento será apenas sobre você e sua busca egoísta
por satisfazer seu próprio umbigo.

Esse “movimento do importar-se” é como que se fosse a âncora


do relacionamento. Como se isso fosse o que te prende de fato
a outra pessoa. É isso que permite você deixar de lado tudo o
que é periferia e tocar nesse ponto central, nesse eixo que dá
forma ao outro, que é o que gera todo o movimento da vida
dela.

Lembra-se de quando eu falava lá atrás sobre a


responsabilidade, o compromisso, e o peso natural da vida?
Pois bem, eles são precisamente esses desafios que levamos
conosco e pelos quais nós devemos nos importar para estarmos
ancorados na vida da pessoa com quem nos relacionamos.

Se nós não sabemos valorizar isso em nossa vida, impedimos


qualquer pessoa de se relacionar conosco, pois retiramos dela
essa possibilidade de se ancorar na nossa vida. Nossa vida
perde esse ancoradouro quando nós abrimos mão dos
compromissos, da responsabilidade e decidimos deixar de
sustentar o peso da vida madura por ser mais fácil estar do jeito
que estamos.

Escolher o caminho mais fácil hoje sempre cobrará caro lá na


frente. E é isso que nos tornará vulneráveis, fracos, nos
afastando de todas as pessoas e cada vez mais nos impedindo
de nos relacionarmos de forma saudável. Olhe só para a vida
das pessoas hoje, para a realidade dos relacionamentos e você
vai perceber. Talvez até mesmo na sua própria vida você

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poderá ver isso.

Cultivar então esses desafios – que são a responsabilidade, o


compromisso e a busca por sustentar o peso natural da vida
madura – é a chave para termos essa estrutura de ancoradouro
para que a outra pessoa possa vir e se ancorar em nossa vida.
E também nos ancoramos na vida das outras pessoas quando
nos importamos com esses desafios na vida delas, quando de
fato passamos a olhar para isso e buscamos fazer algo para
complementar, para estabilizar as dores, para tornar mais
seguro o caminho, para tornar a vida delas mais feliz e
buscando fazer com que se sintam queridas e amadas. Ainda
que isso nos custe muito esforço, tempo e dedicação.

Segundo Passo: Encantar-se com o outro


“A maior parte dos que tem problemas pessoais, ‘tem-nos’ pelo
egoísmo de pensar em si próprios.”
Forja, 310

Nunca se enganar a respeito do que de fato é o ser humano.


Nós não somos perfeitos, prontos, totalmente acabados e
desenvolvidos como uma caneca, por exemplo.

Quando você olha para uma caneca, rapidamente você entende


do que se trata, entende qual é a função dela, sabe qual é a

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finalidade e pode até saber do que ela é feita. Você sabe que a
caneca não fará nada, sabe que ela não pode sonhar, projetar,
agir, amar... num olhar apenas você é capaz de apreender tudo
sobre a caneca, descobre todo o universo interior da caneca.
Não é? É assim também com um lápis, com uma cadeira, com
um tapete e etc. isso acontece com as coisas no geral. Você
olha e é capaz de entender a coisa por inteiro.

Com um ser humano isso não acontece.

Ao olhar para qualquer rosto humano, essa percepção não


aparece da mesma forma. Há ali naquela pessoa algo a mais,
como se nos comunicasse uma realidade que é algo que vai
além, como se nos apontasse para o futuro. Você olha e não
sabe o que irá acontecer, não sabe o que virá a seguir, não há
como prever ou antecipar. Não somos capazes de apreender
uma pessoa como fazemos com a caneca.

Há ali algo de pessoal, algo de único, algo que se projeta para


fora. Há na pessoa algo que ainda falta e que nos escapa aos
olhos. Não é assim? Olhe para uma caneca e depois olhe para
o rosto de uma pessoa, perceberá esse movimento.

Isso é maravilhoso! Se todos nós fossemos caneca, não haveria


necessidade de nos tornarmos melhores porque já seriamos a
nossa versão final, acabada, perfeita, nada nos faltaria. Se
fossemos uma cadeira, não haveria necessidade de
assumirmos responsabilidades e lutarmos para ser um amparo
para as pessoas que amamos porque nossa finalidade já estaria
alcançada.

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Perceba, essa realidade humana é o que nos dá a oportunidade
de cultivar os desafios mencionados no primeiro ponto. Essa
pessoalidade nos dá a oportunidade de sermos melhores a
cada dia. É justamente por sermos imperfeitos e falhos que
podemos – e devemos – lutar para nos tornarmos cada vez
mais perfeitos e mais nobres do que no dia anterior.

Ter tudo isso em mente é a única forma de se olhar para uma


pessoa e vê-la como pessoa. Somente se importando com os
desafios do outro é que seremos capazes de nos encantarmos
com ele.

Sem essa visão da realidade humana incompleta e que busca a


sua completude ao passo que cultiva os desafios em sua vida,
não podemos também nos relacionarmos bem com o outro.
Sem essa visão, o outro se torna apenas uma coisa em nossa
vida, se torna um objeto que faz parte do que usamos para nos
sentirmos bem em nosso mundinho egoísta e autorreferente.
Sem essa visão o outro se torna apenas um corpo que nos dá
prazer, uma carteira que nos dá dinheiro, um ser que faz tudo o
que mandamos. Será facilmente substituível, facilmente deixado
de lado, facilmente jogado no lixo.

Para que nos relacionemos bem, é preciso que o meio seja bom
e o fim também o seja. Dito de outro modo, o motivo e a forma
com que eu me relaciono precisam ser bons. Não há como eu
me relacionar bem com quem eu transformo em coisa
descartável e substituível. Eu estaria me colocando acima do
outro, estaria me colocando como mais importante, como quem
diz: “me sirvam, plebeus, vocês não são dignos de estarem em

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minha presença! Olhem para mim e façam tudo o que eu
desejar”. E dessa maneira eu perco a capacidade de me
importar e de me encantar com o outro.

Não entenderei mais aquela pessoa como um alguém, mas


como um algo. Toda aquela realidade que aponta para fora,
para o futuro, para o vir a ser, se perde por entre meus dedos e
a pessoa se transforma para mim numa caneca, em algo que
terá utilidade até que eu não precise mais dela. E essa é a
maior tragédia dos relacionamentos atuais.

Toda vez que olhamos para pessoa que está a nossa frente, e
nela colocamos um tipo de rótulo, diminuímos essa capacidade
de nos encantarmos por ela. Olharemos apenas por um ângulo,
e na maioria das vezes será apenas pelo ângulo que nos
interessa no momento, que, na maioria das vezes, será um
ângulo corrompido pelos nossos afetos e julgamentos egoístas.
E assim coisificamos as pessoas e colocamos elas em nossas
vidas como quem dispõe peças de xadrez num tabuleiro,
pensando: “farão o que eu quiser e quando eu mandar”.

Tirar as pessoas desse tabuleiro imaginário que criamos como


ditadores autoritários é fundamental para nos relacionarmos
bem em cada uma das formas de relacionamento. É
fundamental para irmos de encontro ao outro, para cumprirmos
nosso papel como homem e mulher, para podermos trilhar essa
busca pela perfeição com mais clareza e sermos um auxílio, um
amparo e um refúgio para aqueles a quem amamos.

Precisamos aprender a olhar para o rosto das pessoas ao nosso

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redor e perceber que ali há algo que não conseguimos
compreender, que não conseguimos dizer o que é, que não
podemos controlar, mas que nos é possível acolher e amar, que
nos é possível envolver com carinho, com atenção, com cuidado
sincero e vontade real de fazê-las felizes, de fazer bem a elas.

Ali dentro delas há um mundo interior que vai além do que


podemos conceber, mas podemos contemplar, admirar, nos
apaixonarmos profundamente... mas jamais poderemos
transformar em uma coisa. Isso tudo faz parte desse “encantar-
se com o outro”.

É necessário, portanto, estar atento a essa forma com que


abordamos a pessoa com quem nos relacionamos para que não
se corra o risco de diminuí-la e colocá-la debaixo dos pés do
nosso ego inflado. Fazendo esse exercício, nutriremos a nossa
capacidade de se encantar por aquilo que o outro de fato é e
abriremos nossos olhos para que a relação floresça e nós
saibamos nos apegar a cada detalhe dela.

Aprenda a nutrir esse encanto, queira se encantar e se deixe


encantar pela pessoa.

Saia da sua defensiva e da necessidade de controlar tudo, se


abra ao outro, permita que ele te alcance com aquilo que ele é.

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Terceiro Passo: Dominar a si mesmo
“O que verdadeiramente torna infeliz uma pessoa – e até uma
sociedade inteira – é essa procura, ansiosa e egoísta, de bem
estar: essa tentativa de eliminar tudo o que contraria.”
Forja, 767

Evitar de ser contaminado por afetos ou guiado por impulsos


baixos do ser humano, aprendendo a cultivar esse mundo
interior também é um fator fundamental para nos relacionarmos
bem com as pessoas e ser para elas uma boa influência.

Sem essa clareza, sem saber disso, não poderemos entrar nos
ambientes que frequentamos e provocar ali uma mudança para
o bem.

Imagine se você chega em casa e seu cônjuge teve um


problema no trabalho que o deixou irritado. Se você não tem o
controle afetivo e o controle dos próprios impulsos, poderá
provocar alguma briga com qualquer coisinha que acontecer. O
outro está irritado e você em resposta ficará também irritado,
porque é assim que bicho funciona. Um bicho não domina seus
afetos e seus impulsos, ele apenas age conforme manda o
instinto de sua espécie.

Hoje, por falta desse cultivo do seu mundo interior, vemos cada
vez mais homens e mulheres se portarem como verdadeiros

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animais, guiados apenas pelos seus afetos e impulsos. Rejeitam
tudo aquilo que remete a esforço e dedicação e buscam tudo o
que é fácil e gostosinho. Não é assim? Eu tenho certeza de que
é assim, basta olhar para a nossa sociedade.

Isso não cabe dentro de um relacionamento. Porque por muitas


vezes nós teremos que nos esforçar para mantê-lo de pé.
Muitas vezes dependerá do suor dos nossos rostos para que
nosso lar não desmorone, dependerá do nosso esforço para
que a pessoa que amamos esteja bem, esteja segura, esteja a
salvo. Como seremos capazes de ir até as últimas
consequências por alguém que amamos se nós não estamos
dispostos ao sacrifício de si e fazemos somente o que nos
agrada?

Ter o controle dos afetos e dos impulsos nos dará a


oportunidade de olhar para a realidade e para a situação em
que estamos de forma clara, sem ocultar partes dela por conta
do nosso estado e ânimo, por estarmos chateados ou irritados
com alguma coisa. E nos permitirá delegar as nossas próprias
atitudes, o que é mais importante ainda.

Esse controle nos permitirá escolher a forma com que agiremos


para com a outra pessoa, nos dará a oportunidade de discernir
o que é bom e o que é mau, o que fará bem ao outro e o que
fará mal ao outro. Isso nos ajudará a não enfrentar as coisas
como um bicho faz, nos permite fazer bem a quem nos fez mal,
nos permite perdoar, nos permite deixar o egoísmo de lado para
ofertar um pouco mais de amor e carinho ao outro, nos permite
ajudar o outro a ter esperança, a olhar para a realidade que ele

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não está percebendo... a lista é infinita.

Cultivar esse mundo interior, esse domínio de si, das suas


paixões, dos seus afetos irá realmente te tornar uma pessoa
livre. Ao contrário daquilo que pensam as pessoas hoje, fazer
somente o que se tem desejo é uma prisão, é escolher se portar
como um bicho que só age em resposta a estímulos, não pensa,
não pondera, não calcula, apenas faz por fazer. Uma vida
voltada somente para si é uma vida miserável. Te torna incapaz
de ser um ancoradouro estável para a outra pessoa se ancorar.

Não ser uma pessoa afetada demais te permitirá levar


estabilidade e segurança à vida das pessoas com quem se
importa. Saberá tomar decisões, será justo e bom para com
eles. Poderá se doar sem agir por interesses, saberá ofertar o
melhor de si sem esperar recompensas. Nas contrariedades
permanecerá forte, firme.

Saberá se alegrar e sofrer por aquilo que vale a pena. Será


capaz de ter a coragem de permanecer fiel, comprometido,
dedicado e devotado a aquilo em que acredita e a aquele a
quem ama. Não fugirá das responsabilidades, não fugirá dos
seus deveres, enfrentará tudo com uma vontade de ferro e um
desejo sincero de ser bom, justo e melhor. Não fará isso por si e
nem para se mostrar ao mundo, mas fará por amor aos que
confiam em você para amá-los e zelar por eles.

Por isso esse ponto é tão fundamental em um relacionamento


humano. Ele nos ajudará a vencer nosso egoísmo, a superar as
barreiras do próprio umbigo e poder alcançar o coração do

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outro, poder alcançá-lo e ancorar-se à vida dele, sendo também
estáveis e íntegros para que ele possa se ancorar à nossa vida.

Retornando ao exemplo do cônjuge irritado por causa do


problema do trabalho: se tivermos em nós esse domínio de si,
ao chegar em casa, saberia lidar com a situação de tal maneira
e a envolveria de tal modo que o cônjuge fosse afetado de
forma positiva, fazendo bem a ele – ao contrário de gerar uma
confusão por qualquer coisinha besta. E assim, dominaríamos
qualquer situação externa com essa ordem interna dos afetos,
das paixões e dos impulsos, levando o outro a sair desse mar
de emoções e ajudando-o a pensar com mais clareza, a
raciocinar como um ser humano deve fazer, e por vezes
poderemos até mesmo mostrar o caminho para que ele
melhore. Tudo isso com tão pouco, não acha?

Os cristãos tem uma tecnologia para proporcionar esse controle


que se chama penitência, por exemplo. É um exercício onde
você colocará sua parte animal, esses desejos baixos, sob
controle da sua parte intelectual, da sua vontade. Você começa
a se tornar capaz de dizer “não” ao que seu corpo te impulsiona
a fazer e consegue orientar esse desejo para que ele seja
usado para algo que seja bom. Mas isso é uma conversa para
uma outra hora.

O que nos cabe aqui é frisar que dominar-se a si mesmo é um


ponto fundamental para se viver bem um relacionamento com
outro ser humano. Fundamental para saber se colocar em
segundo plano para que se faça bem ao outro, fundamental
para abrir as portas para um amor verdadeiro, inclusive.

26
Quarto Passo: Agir a Partir do Coração
“A tua existência não é uma repetição de atos iguais, porque o
seguinte deve ser mais reto, mais eficaz, mais cheio de amor
que o anterior.”
Forja, 736

O ser humano foi feito para amar, para se entregar, para viver
de modo a querer que o outro dure e viva pela eternidade, isso
faz parte da natureza humana.

Nós estamos sempre nos projetando, sempre em movimento do


presente para o futuro, entre o agora e a hora da nossa morte.
Não somos caneca, entende? Caminhamos rumo a esse “vir a
ser” que não sabemos quando ou como se dará. Há em nós a
expectativa dessa transformação, desse desenvolvimento,
desse amadurecimento.

Não é uma expectativa maluca de ser tudo aquilo que


quisermos ser, como pregam os charlatões modernos. É preciso
saber que algumas coisas nos são possíveis e outras não são,
naturalmente. Eu não posso ser um campeão olímpico de
natação porque mal posso mergulhar, por exemplo. Essa ideia
de ser o que quiser deve ser deixada de lado, pra ontem.

Mas o que nos interessa aqui é: como estamos sempre nesse

27
caminho de amadurecimento, de forja, precisamos desejar isso
para a outra pessoa também, e desejar que aconteça da melhor
forma possível. Ou seja, precisamos aprender a desejar coisas
boas para as pessoas com quem nos relacionamos.

Se eu não desejar o bem da outra pessoa, serei incapaz de me


importar com ela, de me encantar com ela, de me colocar em
segundo lugar para que o bem dela prevaleça e ela possa ser
plenamente feliz. Não adianta! Sem essa postura, esse caminho
não pode ser trilhado por mim.

O que são então essas coisas boas, esse bem, que devemos
desejar para a pessoa?

É tudo aquilo que a pessoa de fato pode conquistar e ser. E já


te adianto aqui que não são bens materiais, não são cargos,
não são riquezas desse mundo. Isso não dá para desejarmos
sinceramente para a pessoa porque não sabemos se ela será
capaz de alcançar de fato isso. Hoje temos várias e várias
visões de mundo que giram em torno dessa prosperidade e etc.,
isso não é algo que podemos desejar para a pessoa. É muito
pouco – além de que isso facilmente a transformaria em um
objeto.

Mas por qual motivo? Pelo simples fato de que se ela perder
isso, o que vai lhe restar? Se ela morrer, como nos
lembraremos dela? Ou seja, as coisas materiais irão passar
assim como nós passamos, mas o bem que aquela pessoa vez,
a presença dela, aquilo que ela era, o que ela trazia consigo e o
amor que nos ofertava, isso sim continuará ecoando pela

28
eternidade. Entende a questão?

Então o que desejar? Podemos desejar que a pessoa seja mais


justa, seja honesta, seja generosa, seja mais atenta, seja mais
forte, mais saudável, mais aplicada ao que faz, mais
comprometida... todas essas coisas são um bem desejável e
que fará com que essa pessoa caminhe ainda melhor pela vida,
fará com que ela tenha mais sentido, encontre um propósito e
se anime na busca por um ideal mais nobre de vida. Isso é
fundamental: querer que a pessoa vá além, seja melhor, seja
mais digna, mais perfeita e mais santa, portanto. É aprender
desejar pra ela o melhor que o ser humano possa ser, para que
assim ela dure pela Eternidade.

Esse desejar coisas boas então será isso: estar atento aquilo
que a pessoa é e conseguir perceber o que ela pode alcançar e
agir de modo a cooperar para que ela alcance esse ideal. Essa
na verdade é uma das metas do relacionamento humano. Nós
só nos relacionaremos de forma íntegra se houver em nós esse
desejo de agir de modo que o bem do outro seja garantido, agir
de modo a desejar o bem maior do outro, em tudo.

A isso nós chamamos de agir a partir do coração. É quando nós


silenciamos nossa razão, nossos desejos, nossos afetos – e só
fazemos isso se os dominarmos, lembra? – e procuramos aquilo
que é melhor para o outro. Quando nos dedicamos a isso, toda
a nevoa da confusão e dos problemas pessoais nas relações se
dissipa.

Todos os seres humanos têm acesso a essa nobreza de vida,

29
todos eles têm acesso a esse ideal da perfeição, da santidade.
Todos eles têm em si a capacidade de serem verdadeiros, de
serem generosos, de serem honestos, de serem justos, de
entregar-se mais, doar-se mais e melhor... todos nós podemos
ser assim e desejar isso ao outro é também um ato de bondade
e de amor.

Isso eu diria que está no centro de todo relacionamento pessoal


nosso, ainda mais nos relacionamentos amorosos. Querer isso
para o outro e se dispor a ajudá-lo a alcançar isso é em si o
movimento próprio do amor. É necessário se agir a partir do
coração se quiser se relacionar bem com quem se ama.
Quantas brigas e discussões não seriam resolvidas se ao invés
de provar seu ponto, o casal estivesse buscando o bem um do
outro? Se ao invés de querer ter razão, buscassem colocar o
outro em primeiro lugar?

Guarde uma coisa: o relacionamento não existe para que o


outro nos faça feliz, existe para que nós abracemos a
oportunidade diária de fazê-lo feliz, de fazê-lo se sentir-se
mais amado, querido e seguro. É sempre uma oferta
desinteressada e generosa de si, sem esperar retorno ou
recompensa, apenas por amor sincero à pessoa amada.

Quando você se relaciona desejando essas coisas boas à


pessoa, você toca nesse centro que usamos para nos
relacionarmos. Você já não a verá como coisa, como objeto,
não a frustrará com seus conselhos e desejos materiais, você
poderá, enfim, se relacionar bem com ela e ser como que um
espelho que reflete o bem, a verdade e aquilo que é bom.

30
V ocê acredita que é possível agir de tal modo, se propondo
uma mudança sincera de postura diante da vida, buscando dar
passos em maturidade, de maneira a provocar uma mudança
verdadeira no outro e em suas relações?

Um dos pontos fundamentais do amadurecimento é que


dificilmente nós seremos iguais ao outro que está ao nosso
lado, estaremos muitas vezes – ou na maioria das vezes – em
estágios diferentes da vida e isso é algo que atualmente pode
ser fonte de frustrações em nossos relacionamentos, pois nos
leva a notar que o outro não está de acordo com o que nós
gostaríamos que ele fosse. Mas esse é precisamente o ponto
que pode nos levar a um outro nível de postura, a um bem mais
elevado tipo de amor.

Quando diante dessa questão nós percebemos que é possível


agir de certo modo, buscando uma mudança autêntica, um amor
realmente sincero e devotado, abnegado de si e voltado
totalmente ao propósito de buscar o melhor de si para ofertar
isso ao outro, buscando servir e se entregar de fato ao
relacionamento, uma nova chave é virada em nossa cabeça.
Nós de fato conseguimos mudar o outro, conseguimos torná-lo
melhor.

Vivemos hoje numa era de julgamentos. Em cada situação nós


podemos perceber que sempre se procura julgar em primeiro
lugar o outro, acusá-lo de ser a causa principal de todos os
problemas, de ser ele a primeira pessoa a falhar e a errar, e
deixamos de olhar para aquilo que de fato podemos mudar: nós
mesmos. Pode perceber isso em você em algum lugar ai dentro.

32
Isso é o que mais faz os relacionamentos se destruírem, isso é
o que vai minando cada vez mais a sua capacidade de olhar
para o outro com amor, de se posicionar de forma amorosa
diante dele e abraçá-lo, envolvê-lo com seu coração e ofertar a
ele alguém com quem ele possa contar, alguém com quem ele
possa caminhar junto rumo a uma vida com mais sentido e mais
sabor. Você deixa de ser um apoio e passa a ser um fardo,
como que um peso que o puxa para baixo e o impede de
caminhar. Logo ele buscará se livrar desse peso, dessa
angústia de não conseguir se mover.

E a isso damos o nome de egoísmo. Digo sempre que o amor


pode conviver com várias das misérias humanas, mas não com
o egoísmo. O egoísmo mata o amor, e é também o seu oposto.
Ele realmente te cega, e quanto mais você o alimenta, mais
você olha para seu umbigo e para seus desejos e afetos, e
menos você consegue olhar para o outro com desejo de fazer-
lhe bem, com desejo sincero de se inclinar na direção dele, de
ofertar um amor desinteressado e real, um amor verdadeiro,
portanto.

Todo um movimento apareceu nas últimas décadas querendo


moldar nosso pensamento, voltando-o para esse sentido.
Quantas vezes você já não ouviu frases como “você deve se
amar em primeiro lugar”, “é preciso ter amor próprio”, “apaixone-
se por si mesmo”, “se valorize mais” e por ai vai? Tenho certeza
de que você já ouviu ao menos uma dessas frases.

E talvez seja nisso que você cresceu acreditando, e acredita até


agora. Isso, meu caro e minha cara, é a semente do egoísmo.

33
“Mas então você está dizendo que eu não devo pensar em
mim?” Claro que deve. Mas não dessa forma. Lembra do que eu
disse quando falávamos dos passos fundamentais do
relacionamento? Devemos cuidar de nós mesmos, devemos sim
desenvolver habilidades, crescer, ter melhores condições, mas
isso tudo só fará sentido se for direcionado para fora de nós,
isso tudo só será bom se for ofertado ao outro. De outro modo a
nossa vida será infértil e no fim seremos inúteis.

De que serve um arquiteto se ele não projeta? De que serve um


cozinheiro se ele não cozinha? De que serve um cantor se ele
não canta? De que serve uma pessoa boa se ela não leva essa
bondade aos outros? Devemos ser melhores sim, com toda
certeza, mas melhores para ofertar o melhor de nós aos que
amamos e queremos bem. Você gostaria de receber um produto
pela metade, feito de qualquer jeito, sem qualidade ou
acabamento? Pois é, nem precisa me responder. O mesmo se
passa em um relacionamento. Você vai querer receber o
melhor. E qual seu motivo para não ofertar também o melhor?
Esse é o ponto aqui.

Quando você vive olhando só para aquilo que você quer, aquilo
que te interessa, aquilo que é da sua vontade, aquilo que te dá
prazer e você está num relacionamento, uma hora ele irá acabar
e pode ser de uma forma bem trágica. Essa visão te levará
sempre a julgar o outro, sempre a medir o outro com uma régua
falsa que foi criada por você a partir de você. Ou seja, você
criará uma ideologia do mundo cujo o parâmetro é tudo aquilo
que você tem no seu umbigo. É ou não é assim? Pode ser
honesto(a) comigo.

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Isso te leva a “se amar” demais e te impede de receber o outro
em sua vida, te impede de se abrir para o movimento dos
passos fundamentais do relacionamento: importar-se
genuinamente, encantar-se com o outro, dominar a si
mesmo e agir a partir do coração. E isso é uma tragédia, pois
nossa vida é feita para se relacionar, ser pessoa pressupõe o
relacionamento. Pode notar que isso tem levado muitos lares à
ruina, muitos casamentos ao divórcio e muitas mentes à
doenças como ansiedade e depressão.

Uma das frases que mais se ouve em matéria de


relacionamento é a seguinte: “o outro não está me fazendo
feliz”. E ainda que a pessoa não diga isso exatamente com
essas palavras, é isso que ela diz com seus relatos, com sua
forma de contar as situações. Ela enxerga tudo apenas do seu
ângulo, a partir de si mesma. Esse é um fruto do egoísmo, como
você já deve estar percebendo a essa altura do campeonato.
Essa postura sempre levará a uma visão amputada da
realidade, sempre levará a atitudes inférteis que somente
atrairão ainda mais frustrações, inseguranças e medos. É uma
postura instável e autodestrutiva, não se sustenta de forma
alguma.

Não é pra isso que serve um relacionamento! Jamais foi e


jamais será para isso. Retire esse pensamento da sua cabeça
agora, nesse instante! Vou repetir: não é para isso que serve
um relacionamento. Nunca foi sobre ser feito feliz. Não há esse
negócio de “o outro não está me fazendo feliz”, o que há na
verdade é a sua missão de fazê-lo feliz. Esse é o seu dever, seu
compromisso diário e é a finalidade de cada uma das suas

35
ações, cada uma delas! É aí que a realidade do amor acontece
e foi exatamente assim que Cristo deu-nos o exemplo. Ele não
entregou a sua vida de forma gratuita, sem reservas, por cada
um de nós? Ainda que você não tenha religião, foi exatamente
isso que aquele Homem fez. E assim foi escrito pelo Apóstolo:
“Maridos, amai vossas esposas como Cristo amou a Igreja,
entregando-se por ela”. Não pense que isso foi citado sem um
propósito – hoje há um esforço claro em fazer-nos esquecer
disso.

O amar é feito para fazer o outro feliz. É para preencher a vida


do outro de sentido, para fazer com que ele se sinta – e saiba-
se – querido, amado, confortado, cuidado, por alguém que
realmente lhe deseja o bem, lhe deseja a plenitude de vida, e
que se esforça, dia após dia, para que ele viva pela Eternidade.
Quando se ama alguém você está disposto a sangrar por ele,
você passa a desejar que ele seja perfeitamente realizado,
deseja que a vida dele jamais tenha fim, ele será seu motivo
para levantar todos os dias, para lutar até a última gota de suor,
e será sua razão de ser quem você é.

Percebe que isso é totalmente contra aquilo que nos pregam


essas linhas de pensamento egoístas e autorreferentes?
Percebe que isso é contra toda essa ideia moderna de
relacionamento? Aparece no nosso peito um sentido sublime,
como que um sentido sagrado de amar e ser amado
verdadeiramente. O que também foge de toda a noção moderna
do que de fato é o amor.

Isso é força. Isso nos faz realmente livres para agir, para se

36
mover no mundo, para nos destacarmos em nossas profissões,
para cumprirmos melhor nosso papel na sociedade, em nosso
lar, como pais e mães, como esposos e esposas, como filhos e
filhas. Bem aqui está a chave de uma vida madura e cheia de
sentido. Mas não é algo tão simples de se fazer entender hoje,
eu reconheço. Essa ideia egoísta está como que entranhada em
nossos costumes e em nosso comportamento. É necessário
combatê-la com coragem e radicalismo, afastando de si toda e
qualquer forma com que ela se apresentar. É preciso estar
atento, perceber em si esses gatilhos e direcioná-los para o
lugar deles.

Qual é então o grande problema das relações? Entrar nelas


esperando que o outro olhe para suas carências e seja capaz
de suprir todas elas, que ele comporte todos os seus
sentimentos, todas as suas misérias, todos os seus desejos
tortos e seja capaz de sustentá-los, sem exigir nada de você,
sem olhar para aquilo que ele é e necessita, sem questionar
você, sem reclamar, sem nada pedir ou querer. Achar que ele
só tem que estar disponível para você quando você quiser e
quando você precisar dele, se você tiver vontade de estar com
ele também. Passou por cima de qualquer um desses pontos,
acabou.

Daí o relacionamento entra em crise porque o outro não


corresponde às suas demandas, às suas expectativas e aos
seus quereres absurdamente autorreferentes e egoístas.

Ao longo desse tempo que venho trabalhando na página eu


tenho me atentado a ouvir cada um de vocês e perceber o que

37
lhes causa sofrimento, o que lhes tira a paz e o que lhes
incomoda a ponto de querer abrir mão dos relacionamentos. E
essa é de longe a principal razão: querer que o outro seja
exatamente do jeitinho que vocês esperam que seja. Como se a
única razão de ser do outro fosse para servir a vocês.

Com isso eu não os estou atacando, só estou chamando a


atenção de vocês para esse ponto que é extremamente difícil de
enxergar. Eu sei porque também sou humano.

Lembra-se daquela frase que Cristo disse sobre os


mandamentos? “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a ti mesmo”. Acontece que se formos pegar o
texto original em grego, o verbo “amar” não poderia ter sido
escrito com esse sentido de amar-se a si mesmo, porque na
verdade esse sentido nem existia para os gregos. Então, na
verdade, na língua em que foi escrita essa passagem, foi dito: e
ao próximo como a ti já foi dado o amor. Então essa mensagem
não quer nos dizer para olharmos em primeiro lugar para nós
em relação ao nosso próximo, mas sim ofertar o amor que já
recebemos da parte de Deus que se entregou na Cruz por nós.
Percebe como isso vai além de nós mesmos?

Isso jamais foi sobre nós, foi sempre para e pelo o outro.

As pessoas vivem por procurar seu propósito de vida,


procurando algo que chamam de vocação. E, na realidade, a
vocação está ali na frente deles esse tempo todo e não
enxergam isso com clareza por estarem com essa lama nos
olhos. Não é sobre si mesmo.

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A partir do momento que você se abre e entende que na
verdade o entregar-se é esse desejo genuíno de que o outro
tenha vida em plenitude, que o outro seja feliz e que a vida dele
seja mais leve, você passa a perceber que é isso que te fará
realmente feliz. Como eu digo sempre na página: “Você
encontra a sua felicidade na felicidade da pessoa amada”. E
não é uma felicidade frágil, fraca e passageira, é de fato uma
felicidade que é abundante, concreta e diferente de tudo o que
você já experimentou quando buscava apenas se satisfazer
com o outro.

Você compreende nesse instante que é essa a sua vocação,


que é para isso que você existe no mundo hoje. E então tudo o
que você fizer pelo outro não será mais um fardo, não será mais
algo que te custe – ainda que muitas vezes você precise mesmo
abrir mão do seu conforto, dos seus gostos, do seu descanso –,
mas terá um novo significado, uma nova motivação, um novo
propósito. Isso tudo só aparecerá se você de fato se
comprometer em ser fiel a esse amor, sem olhar para trás, sem
olhar para os lados ou vacilar, sem dar brechas para
pensamentos de desistência e medo, apenas se doando fiel e
devotadamente ao outro. Isso é capaz de constranger e
“obrigar” a outra pessoa ao amor também.

Talvez você possa não acreditar nisso que tenho falado aqui,
mas eu não culpo você por isso. Hoje nós realmente não temos
muitos exemplos e testemunhos de relacionamentos pautados
em tudo isso que tenho apresentado. Temos aqueles que nos
cercam, os dos familiares, os dos amigos, os de alguns
conhecidos e os das celebridades, todos eles sempre mais ou

39
menos, numa relação meio árida de cobranças e trocas de
favores, sempre tentando esconder essas partes ruins numa
aparência frágil de contentamento. E talvez por isso seja melhor
não acreditar numa promessa de um amor realmente
estruturado e forte, saudável e seguro, capaz de investir contra
todas as adversidades e sair ainda mais forte do que antes. Mas
graças a Deus nós temos a internet e temos acesso a histórias
que nos contam exatamente que isso é possível. Várias vezes
já os recomendei na página do instagram, estão todos lá para
você ver que são pessoas de verdade, como eu e você, que
buscam esse ideal de amor e de vida, portanto.

Eu posso comprovar isso também por experiência própria, com


o que eu vivo em meu relacionamento hoje: é possível. Sei que
é realmente possível, nós é que estamos pouco dispostos,
queremos muito pouco e não abrimos mão daquilo que nos é
mais confortável. Não acreditamos porque não estamos
realmente dispostos a nos comprometermos, a lutar para
vencer, a jogar para ganhar, para ser o melhor.

Essa não é uma luta que promete grandes recompensas


visíveis e palpáveis, não. Essa é uma luta que promete paz. A
paz é consequência de se ter vencido a guerra, e a nossa vida
diária é guerra, é luta corpo a corpo, é enfrentar esse egoísmo,
nossa vaidade, nossas misérias e vícios para ofertar o melhor à
pessoa que amamos. E isso não funciona se fizermos isso
buscando recompensas e reconhecimentos, porque, se fazemos
por nós, uma hora nós iremos desanimar, uma hora daremos
um passo para trás, cairemos de face no chão e não teremos
forças para nos levantarmos. Essa é a grande questão, o

40
grande centro de toda a história. Por nós mesmos nós não
temos forças suficientes, fazendo tudo olhando para nós
mesmos não chegaremos a lugar algum. O grande sentido está
em olhar para fora, saber que há alguém que precisa do meu
compromisso, precisa do meu esforço, que conta comigo para
ser um auxílio, um amparo, um conforto, um ombro amigo.

Te pergunto sinceramente: você está disposto(a) a abraçar tudo


isso em sua vida? Você realmente quer ir além pela pessoa que
está ao seu lado? Parecem ferramentas óbvias, parecem coisas
simples demais para se fazer. Mas a realidade é que nós não
sabemos mais nem fazer o mínimo em nossos relacionamentos,
ainda mais nos relacionamentos amorosos. Não sabemos!

Tudo nos dói demais, tudo nos custa demais, qualquer coisa já
se torna motivo de reclamação, de intriga, de um apontar de
dedos constante, sempre querendo nos poupar de qualquer
sofrimento e dor, para não ter que mudar e ser melhor.

Por qual motivo? Porque isso custa, isso demanda trabalho,


isso demanda dedicação. E sabe? Esse é o único caminho para
a realização, para o cumprimento da vocação, para o êxito em
qualquer empreitada em sua vida: ter a coragem de
permanecer. Ser realmente fiel, parar de ficar querendo perder
tempo com besteiras, com coisas que não contribuem com seu
crescimento. É preciso entrar para o jogo com vontade, abrir
mão dessa frouxidão de postura e se decidir por lutar, por forjar-
se, por se dispor a passar por cima do próprio ego somente
para fazer o bem ao outro, para fazê-lo sorrir e tornar a vida
dele mais estável e leve.

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Amigos, diante das situações e das circunstâncias é nosso
dever fazer uma escolha. Se nós não estamos dispostos a
contrariedades, a dificuldades, a enfrentar problemas, sempre
escolheremos a via mais fácil, mais agradável e mais larga. O
que acontece é que nada de bom nos acontece sem que nos
esforcemos por isso. Se queremos mesmo construir um
relacionamento maduro, observando todos aqueles pontos que
nós trabalhamos acima, nós precisaremos nos esforçar e muito.
Com o tempo tudo irá se tornando mais fácil, problemas deixam
de ser problemas, nós aprendemos a enxergar a realidade da
vida como de fato ela é e isso deixa de nos incomodar. É
carregando esse peso que nos tornamos mais fortes para viver
a nossa vida, não é a vida que precisa ser mais fácil para nos
deixar como estamos. Você consegue me compreender, tenho
certeza.

Mas só é possível começar esse movimento se você tirar de si a


finalidade de sua vida e de sua existência, arrancar isso do seu
umbigo. Realmente o mundo não nos deve nada, realmente nós
não somos tão importantes assim para o universo ficar
“conspirando” a nosso favor. Não! Somos seres humanos,
fracos, miseráveis, podres e falhos.

Mas ai é que está, nossa vida ainda não acabou, então nós
podemos agir de modo a não deixar mais que nossos erros
ditem nosso caminho, nós podemos agir de modo a nos
importarmos mais com os outros, servindo mais, trabalhando
melhor, estando mais atentos às necessidades deles, buscando
tirar o fardo e a amargura que eles carregam nos ombros e
tornar a existência deles mais leve.

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A partir do momento em que escolhemos nosso caminho,
escolhemos construir um relacionamento, é preciso que
coloquemos toda nossa disposição em fazer aquilo realmente
acontecer. Quando nos comprometemos – ainda que o outro
não o faça – nós precisamos saber honrar a nossa promessa, o
nosso dever e a nossa palavra dada. “Ah, mas eu serei feito de
trouxa”, na verdade você só será feito de trouxa se fizer tudo
esperando uma recompensa, se fizer tudo querendo ser
reconhecido. Porque quando se faz puramente por amor, por se
importar genuinamente com o outro, nada mais valerá tanto
quanto isso. Ainda que o mundo todo seja contra e pregue o
contrário, você jamais perderá algo por ser honesto, fiel,
devotado e comprometido ao seu relacionamento – ainda mais
diante de Deus.

Estamos na vida do outro para amarmo-nos uns aos outros, não


é isso que nos foi ensinado pelo Cristo? E, concretamente, esse
amor não aparecerá com essas abstrações, com ideias e
pensamentos que querem enfiar na nossa cabeça à força hoje
em dia, não! O amor aparece na prática! Aparece com uma
entrega diária do próprio coração, com uma entrega diária da
própria vida para suportar o outro no sentido de ser um sustento
e um amparo seguro para que ele viva bem, para que cresça,
para que seja melhor. O amor verdadeiro aparece quando
entregamos nossa vida para completar a deficiência que há no
outro, a necessidade que há no outro, apenas por amá-lo e
querê-lo bem. Isso é o amor concreto!

Não existe isso de querer pessoas completas, perfeitas, que


atendem a todos os nossos requisitos e que devem ser capazes

43
de nos satisfazer a todo momento e nos servir no instante que
quisermos sem nos questionar ou ter direito a alguma atenção
da nossa parte. Querer isso pra nossa vida nos transforma em
tiranos, em pessoas controladoras, estúpidas mesmo em todos
os sentidos.

Se agirmos sempre assim em qualquer oportunidade de


relacionamento, não nos relacionaremos bem nunca na vida.
Nunca! Ninguém suporta esse peso, ninguém será capaz de se
aproximar de você, ninguém conseguirá se ancorar na sua vida
e se instalar ali para te conhecer. Seu porto terá sempre águas
revoltas, agitadas, não haverá espaço para se aproximar de
você sem sofrer danos.

Querer que todos sejam perfeitos, que todos sejam capazes de


te atender a todo instante, que todos te ouçam e te
compreendam, que te consolem e te acolham é coisa de
adolescente e de criança, meus caros. E, infelizmente, a maioria
dos adultos ainda está nessa fase da vida! E hoje ainda se
unem sob bandeiras políticas para proclamarem essa
infantilidade em grupo. Sei que você consegue perceber isso.
Tudo isso aponta para imaturidade, aponta para alguém que
ainda não entrou para o jogo da vida, para alguém que não está
disposto a servir e a se esforçar por amor, por desejar o
verdadeiro bem ao outro, por ser mais forte para garantir a
proteção daqueles a quem ama. Vivem clamando direitos,
querendo que todos lhes compreendam mas não querem tomar
os deveres pelo cabelo e mostrar quem é que manda.

Veja, não é sobre ser compreendido ou compreender os outros.

44
É sobre amar e ser amado. Toda vez que ficamos buscando
entender o outro, compreender seus motivos, começamos a
rotular a pessoa com conceitos tortos que temos em nossa
cabeça, ou seja, julgamos de forma injusta porque jamais
conseguiremos entender o outro em toda sua complexidade,
isso nos impede de amar aquilo que ele é.

Não é para entender a sua mulher, é para amá-la e querer fazê-


la plenamente feliz! Pare de querer ficar complicando as coisas
tentando justificar as coisas que ela faz e quem ela é, está
perdendo tempo de amar verdadeiramente aquela criatura! Agir
dessa forma é um delírio maluco que só vai te levar à neurose,
tirará sua paz e afastará todos de você. Pare de querer
controlar, de querer entender e prever o outro. Apenas oferte o
seu melhor, trabalhe por querer o bem, sirva para tirar os fardos
dos ombros da pessoa, é só isso que nos pede o amor.

A pessoa com quem se relaciona jamais será perfeita, isso você


já entendeu. E agora quero chamar sua atenção para uma coisa
interessante: essa imperfeição é justamente aquilo que te dará a
oportunidade de ser um instrumento de amor. É precisamente
por esse motivo que você pode se inclinar a amá-la e completar
ali o que falta. Ela terá dificuldades, ela terá obstáculos, terá
quedas, sofrerá danos, e é ai que você poderá completar aquilo
que falta na vida dela, aquilo que falta naquele momento, com a
sua carne, com a sua vida, com a esperança que você traz no
seu peito. Entendeu agora? É bom que as pessoas sejam
incompletas e imperfeitas, porque isso nos abre as portas para
o amar. Isso é maravilhoso! Só assim podemos olhar para a
pessoa que temos ao nosso lado e perceber esse desejo

45
verdadeiro e genuíno de amá-lo pulsar em nosso peito. A
incompletude humana nos abre para a capacidade de amar.

Quando, então, aparece uma falha, uma queda, uma dificuldade


no outro que você ama, você não irá ficar tentando entender a
pessoa, usando todas suas faculdades mentais para
compreender toda a situação, não! Só há uma forma de se agir
diante disso: você vai entregar. Você vai entregar o seu
coração, irá olhar com amor para a pessoa, olhar com afeto,
olhar com carinho e não vai perder seu tempo julgando porque
você já sabe que a pessoa é falha, você já conhece aquilo que a
faz sofrer e a única forma de ajudá-la é completando-a com o
seu amor, com o seu coração.

Apesar de todas as nossas misérias, de toda porcaria que


temos dentro de nós, somos seres feitos para o amor, somos
feitos para a entrega generosa, somos feitos para olharmos nos
olhos uns dos outros, olharmos nos olhos daqueles que
amamos e completar aquilo que falta neles. É para isso que
servimos, é para isso que nos relacionamos. Há no outro
alguém que eu preciso amar, há no outro algo que precisa de
mim para se completar, para se manter de pé, para se tornar
melhor. Se eu não compreendo isso, serei incapaz de agir para
o bem. Se eu só olho para mim mesmo, não serei capaz de
enxergar isso no outro e agir por amor. Esse é o centro de um
relacionamento maduro.

Então estamos todos aqui, diante dessa realidade que foi


apresentada a respeito do amor, do relacionamento maduro, de
uma vida com sentido. Essa realidade nos convoca a agir –

46
permanecer ou fugir –, temos uma resposta a dar à ela, e a
qualidade dessa resposta dependerá, sempre, da nossa
capacidade de amar.

As grandes construções não se constroem da noite para o dia,


da mesma forma são as atitudes e ações humanas. As grandes
construções são erguidas à base de pequenos tijolos, feitas por
um trabalho diário, dedicado, sincero e real dos construtores.
Necessitam de atenção, planejamento, cuidado, mas
principalmente do comprometido empenho dos envolvidos. Não
é? O mesmo se aplica a nós e nossos atos: enquanto nós não
nos dedicarmos ao que nos comprometemos – com um trabalho
diário, constante, decidido a entregar cada vez mais resultado,
fazendo cada vez melhor –, começaremos a sabotar a própria
estrutura da nossa vida.

Alguma dessas construções magníficas da história da


humanidade duraria até hoje se não houvesse a mesma
dedicação por parte daqueles que as construíram? Se
quisermos que nossa vida dure, que ela seja repleta de sentido,
que ela seja útil aos que amamos, que ela possa ser um
testemunho que ajude outras pessoas, precisamos desse
empenho, desse compromisso diário. Nossas famílias precisam
dessa postura da nossa parte. As pessoas que amamos
precisam encontrar em nós essa força sólida que pode perdurar
independente do tempo, das circunstâncias, permanecendo
intacta.

Se dedicar ao máximo nas pequenas coisas nos dará a chance


de se dedicar ao máximo nas grandes coisas. Amar nas

47
pequenas coisas nos ensinará a amar nas grandes coisas.
Permanecer fiel nas pequenas coisas nos tornará capazes de
permanecer fiéis nas grandes coisas. Esteja atento. Quais são
suas pequenas covardias diárias? Quais são as pequenas
situações diante das quais você cede? Quais são as pequenas
coisas que te derrotam? Comece por elas, verá o quanto você
pode realizar. "As tuas grandes covardias de agora são
paralelas às tuas pequenas covardias diárias. Não pudeste
vencer nas coisas grandes, porque não quiseste vencer nas
coisas pequenas" é o que nos ensina São Josemaria Escrivá, e
ele tem toda razão.

Se há alguma coisa que posso dizer além de tudo isso é que


realmente vale a pena. Foi só quando essa realidade se
manifestou em minha vida através da presença da minha
amada senhora, é que tudo fez sentido. Tudo o que eu havia
lido, tudo o que eu havia estudado a respeito dos
relacionamentos, do amor, da entrega de si, não seria capaz de
verdadeiramente abarcar a totalidade do que é viver um amor
sincero, real, concreto e maduro assim. Como isso nos move,
como isso nos fortalece, como isso nos dá um norte mesmo a
ser seguido. Todo meu esforço e meu cansaço, todo meu
trabalho, todo o meu estudo, tudo isso só teve realmente
sentido quando comecei a fazer não por mim, mas por ela.
Quando comecei a me dedicar a ser melhor, estar mais
presente, mais atento, ofertar mais – mas tudo isso por ela e
para ela –, tudo realmente tomou uma nova forma.

Esse amor gerou e gera frutos em minha vida até hoje, a cada
dia mais. Me levou também até a página, me trouxe até esse

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livro, e me instigou a compartilhar com vocês aquilo que eu
tenho aprendido ao longo de todo esse tempo que tenho
escutado atento as pessoas que realmente querem nos
conduzir ao bem e à Verdade e também ao longo de todo o
tempo que tenho trabalhado com a página, ouvindo vocês e
aprendendo também com o testemunho de cada um.

A face real do amor sincero é exatamente essa. Ela faz frutificar,


faz crescer, te torna melhor, mais forte, te salva da miséria que
seria uma vida dedicada apenas a si mesmo e aos seus
prazeres. Te leva a perceber que ainda há muito a ser feito e te
faz ir de encontro a isso. Aponta sempre para fora de si, ao
contrário do que dizem hoje ser a forma de amar, onde você
precisa pensar primeiro em si, primeiro na sua suposta
felicidade e primeiro na satisfação dos seus desejos e vontades.
Não, o amor sincero mostra a sua face na livre entrega de si, na
vontade de fazer bem ao outro, de agir desejando que a pessoa
jamais acabe, agir para ver surgir sempre no rosto dela o sorriso
sincero de alguém que é plenamente feliz – não há nada mais
belo que isso!

Mas só poderá ser assim se nós nos esforçarmos para


alimentá-lo, se nós realmente nos colocarmos à disposição do
amor, se nesse trabalho diário, fiel e constante, construirmos
esse grande edifício do amar e ser amado. Ele precisa de
cuidado, de cultivo e de atenção, ou ruirá diante de qualquer
adversidade. É possível, mas é importante ter a coragem de
permanecer nele. Se esforçar é o único caminho possível ao
amor. Está disposto? Está disposta? Conto com você nessa
jornada, estamos apenas começando.

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N este capítulo eu farei algo diferente do que vinhamos fa-
zendo ao longo dos outros até aqui. Trarei frases de um grande
e verdadeiro amigo que me auxiliou muito em minha caminhada,
direcionando de certa forma meus pensamentos e me
permitindo olhar mais além, encontrar novos ideais, decidir um
rumo que fosse digno para a minha vida. Foi a partir desse
momento que minha vida realmente começou a caminhar, foi
assim que eu comecei a tomar posse mesmo de quem eu era
para poder me dedicar e servir aos outros. Seu nome é
Josemaria Escrivá, um grande santo.

Recomendo que medite sobre cada uma delas. Uma das


qualidades das obras de São Josemaria Escrivá é que são
feitas para que possamos lê-las de uma forma bem tranquila.
Ele escrevia por “pontos”, pequenas frases e trechos que nos
trazem ideias bem concretas e efetivas. São bons livros para
termos sempre conosco, para se ler diariamente.

Aqui trarei alguns desses pontos para que sirvam de


complemento àquilo que falamos neste livro. Espero que sejam
luz e direção para vocês, como são para mim.

“Propósito sincero: tornar amável e fácil o caminho aos


outros, que já bastantes amarguras traz a vida consigo.”
Aqui nosso amigo traz uma lição que vim falando ao longo de
todo o conteúdo e faz um apelo para que tomemos essa
conduta como um propósito de vida, como algo que regerá as
nossas ações e conjunto de atitudes em relação aos outros
naquilo que nos cabe. Podemos fazer com que cada atitude
seja voltada para essa finalidade, mesmo que para nós seja

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algo que o outro não mereça, mesmo que em nosso julgamento
desleal – que por vezes age de modo a condenar e punir os
outros por seus atos e guardar para nós e nossas misérias toda
misericórdia e piedade possíveis – decidamos que o outro não é
digno de um cuidado real nosso, de um ato de amor.
Tornar amável e fácil o caminho aos outros é estar presente na
vida deles para os suportar, para os apoiar em cada passo, para
que não vacilem, para que possam ser a melhor versão de si
mesmos, para que sejam felizes nessa vida que exige luta e
dedicação constantes.

“É inútil agradar a todos. Descontentes, gente que proteste,


haverá sempre. Olha como resume a sabedoria popular:
quando as coisas correm bem para os cordeiros, correm
mal para os lobos.”
Por vezes corremos risco de colocarmos um peso ainda maior
sobre os nossos ombros por querer a validação, a aceitação e
os afetos das outras pessoas. Acontece que isso é uma receita
para a frustração e para o desanimo, pois não podemos
controlar e prever todos os resultados e consequências das
nossas atitudes. Além disso, as pessoas não se satisfazem
quando alcançam aquilo que desejam, sempre irão querer mais,
receber mais, desejar mais, consumir mais... quando você se
coloca nessa posição, portanto, está escolhendo uma missão
impossível de se realizar, pois não será possível tapar esse
buraco no peito dos outros.
As pessoas estão mais preocupadas com seu próprio umbigo,
e, para pessoas assim, nada nunca estará bom. O que te cabe
então é fazer aquilo que deve ser feito, aquilo que está ao seu

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alcance e que você pode controlar. Fazer tudo da melhor
maneira te garantirá paz ao recostar a cabeça no travesseiro ao
fim do dia. Você saberá que o que poderia ser feito de fato foi
feito e isso é o que importa. Precisamos entender que o dever
conduz uma vida de sentido, fazer aquilo que é necessário e
que é o certo, ainda que pessoas fiquem incomodadas e se
afastem, o certo continua sendo o certo e a verdade continua
sendo a verdade.

“Não és feliz, porque ficas ruminando tudo como se sempre


fosses tu o centro: é que te dói o estomago, é que te can-
sas, é que te disseram isto ou aquilo... – experimentaste
pensar nEle e, por Ele, nos outros?”
Remoer as coisas dentro do seu peito, ficar reclamando,
indignado com a sua realidade apenas irá aumentar esse
buraco que agora está no seu peito, essa necessidade de ser
reconhecido, de ser recompensado por aquilo que faz. Essa
relação de troca de favores que você estabeleceu é um veneno
para a sua conduta e tornará todas as suas ações inférteis. É
como cavar incansavelmente no mesmo lugar, apenas
afundando mais e mais, sem nunca conseguir chegar a algum
lugar, cada vez mergulhando mais no escuro, cada vez
tornando mais difícil o caminho de volta.
Quanto mais você cava, menos você será capaz de voltar para
o único lugar onde realmente está livre para agir: a superfície, o
mundo real, a sua circunstância, a sua vida, portanto. Olhe para
fora de si, há pessoas que precisam de você agindo,
escolhendo ser fielmente, dia após dia, aquilo que se
comprometeu a ser.

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“Se arrancares pela raiz qualquer indicio de inveja, e te
alegrares sinceramente com os êxitos dos outros, não
perderás a alegria.”
Saber desejar o bem ao outro, saber querer que ele seja feliz e
buscar garantir isso com a vida, nossos gestos e palavras é
fundamental para nos relacionarmos bem. A inveja é sempre um
movimento de querer destruir no outro aquilo que ele é e eu não
sou por falta de vontade e disposição real. Sempre se deseja
todos os benefícios sem se estar disposto a arcar com as
consequências e responsabilidades que os acompanham.
Quem é egoísta não aceita que haja alegria no mundo pois tudo
deve ser voltado para si. Tudo só existe e é importante se for
para si mesmo.
Lembre-se: encontrará a sua felicidade ao trazer felicidade à
vida de quem ama. Viverá alegre pois seu coração e seu foco
estarão onde devem estar.

“Se não amas senão as boas qualidades que vês nos


outros – se não sabes compreender, desculpar, perdoar –,
és um egoísta.”
Amar somente aquilo que é fácil de se amar não faz do nosso
amor um amor verdadeiro. Se somos incapazes de ir além
disso, se não somos capazes de lançar um olhar benevolente
sobre as falhas e erros da pessoa amada, buscando cooperar
para que ela vença esses defeitos e seja uma pessoa melhor,
ainda não estamos de fato dispostos a viver a experiência do
amor.
Não é uma disputa, não é um concurso para se descobrir quem

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está mais certo, quem tem a razão, quem é o melhor... mas são
duas pessoas que buscam caminhar juntas rumo a um mesmo
ideal de vida, pessoas que estão lado a lado para ser apoio e
sustento para os passos um do outro. Nisso não cabe esse tipo
de comportamento! Sendo um egoísta, você será incapaz de
notar que você também tem falhas - talvez ainda piores que as
dos outros - e vive apontando os defeitos das pessoas como
forma de se esconder e fugir da missão de encarar suas
próprias falhas.
Se você só está disposto a se relacionar com pessoas perfeitas
que te agradem o tempo todo e correspondam a todas as suas
expectativas, saiba: você jamais se relacionará bem com
alguém. Só haverá desastre.

“A santidade consiste precisamente nisto: em lutarmos por


ser fiéis durante toda a vida; e em aceitarmos gozosamente
a Vontade de Deus, na hora da morte.”
O que importa é a coragem de permanecer, de se esforçar por
aquilo que realmente vale a pena, por aquilo que
verdadeiramente é bom e justo, por aquilo que é certo. Ser
radicalmente fiel é um ponto crucial para que de fato exerçamos
essa coragem, essa vontade real de estar ali e ser aquilo que
nos comprometemos a ser, cumprindo a palavra dada,
honrando nosso propósito, lutando pelo nosso ideal, sendo
autores e protagonistas da nossa vida.
E assim, no final, chegaremos sem arrependimentos, sabendo
que fomos aqueles que poderíamos ser, aceitando a morte
como uma velha amiga, de queixo erguido, firmeza no olhar e
paz no coração, que só poderá acontecer se for fruto de se

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“O amor saboroso, que torna feliz a alma, está baseado na
dor: não é possível amor sem renúncia. O caminho do amor
chama-se Sacrifício.”
Esse ponto fala por si só, e acredito que o e-book seja um
destrinchar bem detalhado dele. Saiba que quanto mais se
dispor a entregar a sua vida sem ficar guardando para si, mais
você encontrará o sentido no seu peito. Estamos nesse mundo
para que a nossa vida seja suporte para a vida daqueles que
amamos, ajudando-os a se realizarem e serem felizes e, na
felicidade deles, encontrar a nossa própria felicidade.

“A ordem dará harmonia à tua vida e te obterá a


perseverança. A ordem proporcionará paz ao teu coração e
gravidade à tua compostura.”
Outro ponto que digo é que: é preciso mudar a si mesmo antes
de querer olhar para o mundo e fazer algo para mudá-lo. Por
quantas vezes nos enchemos de preocupações com coisas
externas, com problemas que não estão em nosso alcance e
que não podemos fazer nada para mudar a situação enquanto
deixamos de lado as nossas próprias obrigações e deveres?
Nessa era digital é muito fácil perceber isso. Vemos tantas
pessoas que gastam dias discutindo teorias políticas no twitter,
por exemplo, enquanto a esposa está abandonada, o trabalho
empurrado com a barriga, os filhos entregues à própria sorte. E
você acha que farão algo de efetivo assim? Obviamente não. Se
eles não tem ordem em sua vida, não saberão reconhecer no
mundo os pontos necessários para conduzi-lo também à essa
ordem.

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Guardem a ordem, observem-na em suas vidas e ela os
guardará para que nunca vacilem no caminho. Terá uma vida
eficaz, será útil, e aí sim fará algo de efetivo para os outros e
para o mundo.

“Coloca-te sempre nas circunstâncias do próximo: assim


verás os problemas ou as questões serenamente, não te
aborrecerás, compreenderás, desculparás, corrigirás
quando e como for necessário, e encherás o mundo de
caridade.”

“Deus necessita de homens e mulheres seguros, firmes, em


que seja possível apoiar-se.”

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O Que Importa é a Coragem
de Permanecer.

H &V
@Homemevalor

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