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A sexualidade é uma combinação do sexo e da orientação sexual das pessoas, dos seus
sentimentos sexuais pelos outros e dos sentimentos sobre si próprias enquanto seres
sexuais. A sexualidade não tem a ver apenas com sexo, mas também com todos os
sentimentos e afetos que a envolvem. Explorar e descobrir a nossa sexualidade pode ser
confuso, excitante, difícil e maravilhoso, tudo ao mesmo tempo.
Estas mudanças sexuais são difíceis, mas acontecem a toda a gente. Podem ser um
choque para nós ou podem acontecer de forma muito gradual. Falar com alguém em quem
confiemos (um dos nossos pais, um irmão, um amigo, um professor ou um Psicólogo, por
exemplo) sobre o que se está a passar connosco e o que estamos a sentir pode ser muito
útil e ajudar neste processo.
O Amor
Quando temos oito anos e descobrimos que alguém gosta de nós, podemos ficar um
pouco envergonhados ou não ligar nenhuma. Nessa idade o amor não ocupa a nossa
cabeça. Mas na adolescência, quando o nosso corpo começa a mudar e os nossos
pensamentos mudam também, a ideia de ter um namorado ou namorada pode ser tão
excitante que nem conseguimos pensar noutra coisa.
Muitos adolescentes acham que ter um namorado/a é grande parte de ser adolescente. E
embora seja verdade que as emoções intensas que vivemos durante a adolescência nos
possam levar a sentirmo-nos atraídos por outras pessoas e nos levem a iniciar relações
românticas, isso nem sempre acontece. Se formos um dos milhões de adolescentes que
nunca se apaixonaram ou tiveram um namorado/a não há nada de errado connosco.
Devemos ficar preocupados e arranjar rapidamente um/a namorado/a? Claro que não!
Tudo tem o seu tempo e o mais provável é que, mais tarde ou mais cedo, seja a nossa vez
de encontrar o amor.
O amor é uma emoção humana muito poderosa e têm sido muitos os especialistas que a
tentam estudar. Mas, na verdade, ninguém compreende inteiramente o que é o amor, até
porque o amor é diferente para cada um de nós. O amor tem sido associado a três
qualidades principais:
Atração. Tem a ver com o interesse físico e sexual que duas pessoas sentem uma
pela outra. A atracão é responsável pelo desejo que sentimos de beijar a outra
pessoa, por exemplo, ou pelas “borboletas no estômago” que sentimos quando ela
está perto. Mas não amamos todas as pessoas por quem nos sentimos atraídos!
Estas três qualidades podem ser combinadas de forma diferente e resultam em diferentes
tipos de relações. Por exemplo, a atracão sem a proximidade é mais uma paixão –
sentimo-nos fisicamente atraídos por alguém mas não conhecemos suficientemente bem a
pessoa para sentirmos a proximidade que advém da partilha de sentimentos e
experiências pessoais.
No final da adolescência, as relações já não têm tanto a ver com nos integrarmos no
grupo. A proximidade, a partilha, a confiança em alguém tornam-se mais importantes quer
para os rapazes quer para as raparigas. Quando chegam aos 20s a maior parte dos
rapazes e raparigas valorizam a proximidade, o apoio, a comunicação e a paixão numa
relação. Começam a pensar em encontrar alguém com quem se possam comprometer a
longo prazo.
As Relações Saudáveis
Quando nos sentimos prontos para nos aventurarmos numa relação romântica uma das
principais preocupações é como é que vamos fazer a relação funcionar. E para isso é
fundamental manter uma relação saudável com o/a nosso/a namorado/a.
Nas relações saudáveis há respeito mútuo. O respeito mútuo significa que cada
um valoriza o outro e o compreende, respeitando os limites de cada um. Por
exemplo, o nosso/a parceiro/a ouve-nos quando dizemos que não nos sentimos
confortáveis com determinada coisa e respeita isso.
Nas relações saudáveis há apoio mútuo. E o apoio mútuo não acontece apenas
nos períodos maus, quando tudo corre mal, mas também nos períodos bons,
quando tudo corre bem. Numa relação saudável temos alguém com quem
podemos chorar e alguém com quem podemos celebrar (e somos esse alguém
também!).
Nas relações saudáveis há igualdade. Dá-se e recebe-se. Umas vezes somos nós
a escolher o filme que vamos ver, noutras é o nosso/a namorado/a. Umas vezes
fazemos programas com os nossos amigos, noutras vezes com os amigos do/a
nosso/a namorado/a. Claro que não precisamos de andar a contar quantas vezes
fazemos estas coisas. A ideia é que deve ser equilibrado e justo. As relações
deixam de ser saudáveis rapidamente quando uma pessoa quer ser sempre ela a
mandar, a decidir, a controlar.
Para sabermos se a nossa relação é ou não saudável temos de saber reconhecer a forma
como o nosso/a namorado/a nos trata e como o/a tratamos a ele/a. Estas características
das relações saudáveis estão presentes? Como nos sentimos quando estamos com ele/a?
Já todos ouvimos dizer que para gostarmos de alguém precisamos de gostar de nós
próprios em primeiro lugar. De facto, é uma grande barreira quando numa relação uma das
pessoas tem problemas de autoestima. O/a nosso/a namorado/a não serve para nos
sentirmos bem connosco próprios se não o conseguimos fazer sozinhos.
Quando sentimos que o/a nosso/a namorado/a exige demasiado de nós, se a relação é
mais um fardo e uma fonte de problemas do que de alegria, então provavelmente não é o
par certo para nós.
Relações muito intensas podem ser difíceis para os adolescentes. Quando somos
adolescentes estamos focados em desenvolver os nossos sentimentos e
responsabilidades, por isso pode não nos restar energia para responder aos sentimentos e
necessidades de outra pessoa. Para além disso, ainda estamos a crescer e a mudar,
todos os dias. A pessoa que parecia perfeita para nós há uns meses atrás, pode já não o
ser. E é melhor ficarem amigos do que investirem numa relação que já não parece certa.
Quer estejamos sozinhos ou numa relação devemos ser “picuinhas” quando escolhemos
alguém para manter uma relação próxima. Se não nos sentirmos preparados para uma
relação não é um problema!
Os media, a música que ouvimos ou os filmes que vemos podem transmitir-nos algumas
ideias erradas sobre o que são as relações ou como nos devemos comportar numa
relação. É importante destruir alguns desses mitos:
Ter sexo com alguém não equivale a ter uma relação com alguém. Devemos, no
entanto, deixar sempre claro para o outro qual é a nossa intenção e perceber se o
outro tem as mesmas expectativas.
As relações não são uma competição.
O amor não é instantâneo.
É normal (e até desejável!) ter de trabalhar e termos de nos esforçar para construir
uma relação de amor e fazê-la funcionar.
Os homens não mandam numa relação. Ambos os parceiros mandam na relação e
são responsáveis por fazê-la funcionar.
Não são apenas as nossas características físicas que interessam nem são elas
que determinam se ou quem vamos namorar.
Terminar uma relação é uma experiência dolorosa. Sobretudo se é o nosso primeiro amor
ou se a relação terminou sem nós querermos que isso acontecesse. Podemos sentir-nos
completamente esmagados e devastados. Por algum motivo existe a expressão “coração
partido”…
Às vezes, alguns adultos esperam que, como somos adolescentes e a relação que
terminámos era uma relação entre adolescentes, ultrapassemos isso e pronto. Mas se
estamos a sofrer é importante sentirmos o apoio de alguém em quem confiemos (um dos
nossos pais, um irmão, um amigo, um Professor ou um Psicólogo).
Ao início é difícil imaginar que nos vamos sentir melhor. Mas devagarinho os nossos
sentimentos vão tornar-se menos intensos e, eventualmente, até iniciaremos uma nova
relação. As relações que vamos mantendo ao longo da vida são sempre oportunidades de
experimentar o amor e de aprender a amar e a sermos amados.
Se a tristeza e a dor de terminar uma relação está a controlar a nossa vida e isso é a única
coisa em que conseguimos pensar, devemos procurar ajuda, falar com um Professor ou
um Psicólogo pode ajudar.
O sexo é um assunto complexo, quer para os adultos quer para os adolescentes. Isto
porque ser sexualmente ativo envolve emoções profundas e pode mudar as relações (nem
sempre para melhor).
A pressão para deixar de ser virgem é intensa quer para os rapazes quer para as
raparigas. Às vezes parece que toda a gente na escola não fala sobre outra coisa: quem é,
quem não, quem pode ser. E que ser virgem ou não é uma espécie de condição para
pertencermos ou não ao grupo, para sermos aceites.
Decidir ter relações sexuais com alguém é uma decisão muito importante. Da primeira vez
sobretudo, mas também das restantes. Cada um tem de confiar no seu julgamento e
decidir se é a altura certa e a pessoa certa.
O sexo não tem apenas consequências físicas (ex. engravidar, contrair uma doença
sexualmente transmissível), mas também emocionais. O sexo relaciona-se com prazer tal
como se relaciona com responsabilidade. Para além de termos consciência e
conhecermos os factos sobre menstruação, ovulação, recção, ejaculação, gravidez,
doenças sexualmente transmissíveis, precisamos igualmente de ter consciência do
impacto emocional das relações sexuais. Se nos tornamos sexualmente ativos sem
estarmos preparados podemos sentir-nos esmagados e confusos pelos sentimentos que
este tipo de intimidade gera. As relações sexuais deixam as pessoas mais
emocionalmente vulneráveis e próximas uma da outra. Quando não confiamos
inteiramente no nosso parceiro ou não nos sentimos totalmente respeitados/as, ter
relações sexuais pode fazer-nos sentir magoados, traídos, sozinhos. Por isso, é realmente
algo importante, embora alguns dos nossos amigos ou os filmes que vemos na televisão
possam encará-lo como algo muito simples e banal.
Uma vez que os nossos valores morais, as nossas crenças religiosas, a educação que
tivemos da nossa família e as nossas emoções são diferentes, não é uma boa ideia confiar
na opinião dos nossos amigos para decidir se é a altura certa para fazer sexo. A longo
prazo, ter relações sexuais para impressionar alguém, fazer o/a nosso/a namorado/a feliz
ou sentirmos que temos alguma coisa em comum com os nossos amigos não nos vai fazer
sentir muito bem connosco próprios. Para além disso, um verdadeiro amigo ou par
romântico não quer saber se somos ou não virgens e respeita as nossas decisões, sejam
elas quais forem.
Nas relações entre adolescentes é comum um querer manter relações sexuais e o outro
não. E isso pode causar algum stresse na relação. No entanto, tal como em qualquer outra
decisão importante da nossa vida devemos fazer aquilo que nós achamos certo para nós e
não aquilo que outra pessoa acha que devemos fazer. Não é boa ideia ter sexo só porque
o/a nosso/a namorado/a quer e está preparado para isso.
Se alguém nos tentar pressionar dizendo coisas como “se realmente gostasses de mim,
não dizias que não”, na verdade, não se preocupa nem gosta de nós. Está apenas a tentar
satisfazer os seus próprios sentimentos sexuais. Se sentirmos que temos que fazer sexo
porque temos medo de perder a outra pessoa, então talvez seja melhor ponderarmos
terminar a relação.
No que diz respeito a ter relações sexuais há duas coisas importantes das quais nos
devemos lembrar: 1) somos nós os responsáveis pela nossa felicidade e pelo nosso corpo;
2) podemos esperar todo o tempo que for preciso até nos sentirmos seguros da decisão de
ter ou não sexo.
Mesmo que já tenhamos tido relações sexuais anteriormente (com o nosso namorado/a
atual ou outra pessoa) a decisão de continuar a ter relações sexuais é sempre nossa.
Podemos não querer ter relações sexuais a qualquer momento, seja quem for a pessoa
com quem estamos numa relação.
Quando nos sentimos confusos acerca de decisões relacionadas com sexo podemos falar
com alguém em quem confiemos, de preferência um adulto (um dos nossos pais, um
professor, um Psicólogo). Embora outras pessoas possam ter conselhos úteis para nós, no
fim, a decisão será sempre nossa.