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E-BOOK

HÁ BI T O S B ÁS I C OS D O
CA S AM E N T O FEL I Z
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 01

SORRISO HABITUAL 08

OLHAR NOS OLHOS 10

CONVERSA COTIDIANA 12

ABRAÇO DE VINTE SEGUNDOS 15

BEIJO NA BOCA 18
Comunidade Entre Esposas

I N T R O DUÇ Ã O

N ós vamos falar agora sobre cinco hábitos básicos do casamento. Se eu falei


de “hábitos”, vocês já entenderam que trataremos de coisas práticas, atitudes
que a gente pode tomar no nosso cotidiano. Mas, antes de dizer quais são essas
atitudes e explicar como a gente as aperfeiçoa, eu vou falar por que elas são
verdadeiras. A gente tem que entender qual é, por assim dizer, a raiz, o funda-
mento, daquilo que nós vamos fazer. O motivo disso é que, quando nos sentir-
mos indispostas, cansadas ou num turbilhão de emoções, continuaremos sa-
bendo que esses hábitos são bons e corretos.

Eu vou começar me apresentando. Para quem não me conhece ainda, meu


nome é Laise, eu sou casada há dez anos com o professor de Filosofia que também
desenvolve um trabalho aqui no Instagram: o professor Victor Sales Pinheiro. Nós
temos quatro filhotes aqui na terra conosco e temos três bebezinhos que foram
para o céu. A nossa família é muito alegre, muito feliz; nós somos muito realizados
no nosso casamento e, no ano passado, em junho de 2022, eu tive uma espécie de
inspiração divina – também auxiliada por um conselho de uma amiga – de criar um
perfil no Instagram voltado para o casamento, que é o perfil Entre Esposas. Foi
nesse perfil onde eu coloquei várias dicas, orientações, sugestões para o cresci-
mento e o aprofundamento do casal na sua intimidade conjugal, falando da vida
íntima, da sexualidade, e aos poucos o perfil foi crescendo na sua abordagem.

Hoje eu falo sobre várias formas de vocês crescerem – e eu também – no amor


matrimonial. Também ajudo aquelas que ainda não estão casadas – ou noivas, ou
namorando ou sonhando um dia com o matrimônio – a se prepararem para esse
momento por compreender que a gente também aprende a amar, a gente
também pode crescer nesse conhecimento e na prática de atos concretos de en-
trega, de doação. O perfil, que começou com esse foco da intimidade conjugal,
hoje fala sobre o cuidado do lar, sobre a beleza, sobre o crescimento intelectual,
que vai fazer com que a gente tenha mais razões para aprender a amar, porque o
amor é isso: uma força vital que toca todos os âmbitos da nossa vida. E o matrimô-
nio é onde nós podemos experimentar a grande amplitude que tem essa força
vital. Então a gente pode colocar amor desde a maneira de servir um cafezinho
para o marido, como a gente se arruma para ele durante o dia e também à noite,
quando a gente se entrega plenamente para o nosso marido, e procura ter uma
vida feliz no cotidiano.

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Comunidade Entre Esposas

P ara falar sobre os hábitos básicos no casamento, eu queria antes que vocês en-
tendessem que o amor não é simplesmente um sentimento, um afeto; e isso é
algo muito importante nós termos em mente, porque muitas disfunções no casa-
mento, muitos problemas matrimoniais, decorrem da falsa compreensão do que é
o amor. De fato, o amor reside antes na vontade do que nos afetos. Para que nós
possamos entender essa distinção eu vou falar rapidinho, fazer um apanhado
geral, de antropologia, sobre como é composta a alma humana.

Nós somos compostos de corpo e alma em uma unidade indissociável, ou seja,


nós somos corpo e alma sempre; nós não somos um corpo habitado por uma alma
e nem uma alma que habita um corpo; somos essa união perfeita de corpo e alma
e a nossa alma é essa dimensão incorpórea, imaterial que dá movimento, que
anima o corpo. A nossa alma é composta pela dimensão intelectual, pela nossa ca-
pacidade de contemplar a Verdade, o sentido da realidade, que é a razão; pela von-
tade, que é a nossa capacidade de exercer a liberdade de escolher, de decidir se-
gundo a razão; e pelos afetos, que são uma interface entre o espírito – que é a di-
mensão imaterial – e o corpo, pois estão diretamente relacionados com as nossas
impressões sensíveis.

É de acordo com o que nós captamos da realidade que somos afetados. Então
as nossas emoções, os nossos sentimentos, estão muito relacionados com aquilo
que os órgãos dos sentidos trazem para a nossa alma. O afeto é aquela dimensão
que está entre o espírito e o corpo, e que unifica essas duas dimensões ao nos
demonstrar que somos uma unidade substancial de corpo e alma.

O amor, portanto, não é apenas uma emoção, muito embora afete as nossas
emoções e seja confirmado ou diminuído por conta dos nossos afetos. O fato de
não nos sentirmos o tempo inteiro apaixonadas, emotivas, ou pendentes emocio-
nalmente dos nossos maridos, dos nossos filhos, dos nossos trabalhos, não quer
dizer que nós não amemos essas realidades. O nosso amor é algo muito mais pro-
fundo e está localizado na nossa vontade, que é a capacidade de querer algo que
a razão nos indica como bom. As nossas relações com o marido, com os filhos e
com Deus são relações superiores; nós sabemos que são os nossos bens verda-
deiros e a nossa vontade é querer estar com essas pessoas, querer que elas
cresçam, não se separar delas. O amor consiste nesse movimento da vontade, que
é algo muito mais profundo que os afetos de querer o bem da pessoa amada e
querer estar com ela.

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Comunidade Entre Esposas

Qual a importância dos afetos?

O afeto deve ajudar que a nossa vontade se fixe no bem. Então nós podemos
mobilizar, trabalhar e educar os nossos sentimentos, as nossas emoções, para que
elas nos ajudem a ser fiéis às decisões livres que nós tomamos – à nossa vontade.
O amor pode se manifestar na nossa vida como essa força vital que abrange todos
os âmbitos. Pensando mais uma vez na unidade da pessoa humana, nós temos a
razão, que já nos identificou aquilo como um bem: nós sabemos que o casamento
é um bem, é uma via de santificação, de felicidade, e que os vínculos não podem
ser simplesmente rompidos de acordo com o nosso bel prazer, que a maturidade
implica em superar, ultrapassar os desafios, suportar contrariedades em vista a
um bem maior, que é um casamento estável, uma família que seja um porto
seguro para os nossos filhos e também para os nossos sentimentos. Nossos afetos,
nossa estabilidade emocional, dependem muito de como nós consideramos e
cuidamos da nossa família.

Nós sabemos que a família é um bem, por isso já temos a visão racional de que
a família é um bem, e a nossa vontade segue a razão, porque a vontade é o querer
da razão, é o apetite intelectivo do bem, ou seja, é aquilo que movimenta a nossa
liberdade em direção a um bem que foi reconhecido como bem pela razão. A von-
tade e a razão estão muito mais unidas do que a razão e a paixão, e a razão e o
afeto. O afeto, como está ligado ao corpo, é muito mais volúvel, não tem uma racio-
nalidade, não tem lógica; tem muito mais facilidade de te surpreender, você não
tem tanto controle. É diferente da razão, que segue uma lógica, é algo que você
tem mais controle, porque você reflete, medita e aí favorece a vontade a agir de
acordo com aquilo que você identificou racionalmente como um bem. Mas o afeto
está ali como algo que pode surpreender, ou que pode mudar; e você não pode se
deixar mudar, se deixar levar simplesmente por uma mudança de ânimo, por uma
paixão repentina, por um impacto emocional de uma circunstância que não seja
refletida pela razão como algo que favorece aquelas decisões mais profundas que
você já tomou na sua vida.

E como é que a gente pode usar o afeto a


nosso favor, já que ele é sim uma parte
muito importante?

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Comunidade Entre Esposas

S e, por um lado, o afeto não tem essa dimensão racional, ele não é capaz de nos levar
para o bem que queremos, nós sabemos que às vezes a gente fica chateada com o
marido, com vontade de jogar tudo para o alto; às vezes a gente não sente vontade de
sentar e brincar com os nossos filhos, de educá-los, mas a gente sabe que a gente pre-
cisa fazer. A gente não pode ficar à mercê dos afetos, mas os afetos são uma parte im-
portante de quem nós somos: uma vida sem sensibilidade, sem paixão, sem ânimo,
seria uma vida fria, sem graça, cujo sentido seria muito mais difícil da gente perceber;
uma vida menos gostosa.

A busca pela felicidade passa pela educação da nossa afetividade, pelo alinhamento
dos nossos afetos àquilo que nós já consideramos ser bom pela razão e nós decidimos
querer pela vontade. Por isso todo o trabalho de alinhar e de trazer nossos afetos para
que eles nos facilitem a buscar o bem. Nós devemos fazer com que a nossa sensibili-
dade olhe muito mais para a vontade, para a razão, do que para um estado de ânimo
que é circunstancial, que depende de como eu amanheci, de hormônios, de circun-
stâncias ambientais que não vão e não podem definir o rumo da minha vida porque eu
sou um ser humano livre e racional; eu não sou um animal movido pelos instintos. Por
isso este tema dos hábitos do casamento é tão importante, porque a prática de bons
hábitos é aquilo que vai fazer com que os nossos afetos comecem a responder de ma-
neira positiva a nossa luta pela felicidade. A busca para concretizar as decisões que
tomamos tendo em vista um bem, serão atualizadas, concretizadas na nossa vida por
meio de atos repetidos, reiterados. Então como é que eu vou afirmar o meu amor pela
minha família, pelo meu marido? Na prática de atos que convertam essa minha decisão
profunda, esse meu desejo profundo e sincero de viver um casamento feliz e de ser
uma boa mãe, uma boa esposa, em atos concretos.

São Josemaria Escrivá tinha uma frase que pode nos ajudar muito a pensar sobre
isso, que é: “Obras é que são amores, não as boas razões” 1. Então não adianta a gente
ficar se justificando, dizendo: “Ah eu amo muito isso. Eu quero muito aquilo”, se a gente
não concretiza, se a gente não vive no cotidiano como alguém que realmente quer
aquilo. Se nós queremos ter um casamento feliz, precisamos agir como mulheres que
estão decididas, que têm uma vontade livre e querem aquilo de fato. Concretizar por
meio desses atos reiterados, habituais, atos pelos que a gente vai uma vez e outra con-
firmando e reforçando aquela vontade livremente escolhida de viver o matrimônio.
Ninguém casou forçado; inclusive isso é uma das cláusulas de validade do casamento:
a liberdade. Se nós fomos livres para escolher casar, o nosso casamento deve ser a atu-
alização desse ato, dessa vontade livre todos os dias da nossa vida.

1São Josemaría Escrivá. Amigos de Deus. Ponto 72.

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Comunidade Entre Esposas

E como é que a gente vai conseguir ter prazer, alegria, mesmo enfrentando difi-
culdades, contrariedades, ultrapassando barreiras, lidando com o gênio difícil do
marido, tendo que superar as nossas próprias canseiras, nossas variações de
humor decorrentes de hormônios, de gravidez, de puerpério...? A gente tem que
conseguir ultrapassar todas as dificuldades e circunstâncias em nome desse bem
maior. E isso vai se dar por hábitos concretos e por práticas de atitudes que con-
firmem e reiterem a nossa escolha pela felicidade no casamento.

Os hábitos são atos concretos reiterados que, quando são bons, nós adquirimos
como se fosse uma segunda natureza; é a capacidade de superar as circunstân-
cias ambientais, as contingências do dia a dia, com uma personalidade firme,
madura, que conquista virtudes.

O que são as virtudes?

S ão os bons hábitos. Retomando a ideia: à medida que nós praticamos cotidi-


anamente ações que busquem o bem, que se vençam, que ultrapassem os desafi-
os para um bem maior, essa busca por meio de hábitos reiterados é a prática de
virtudes. É essa prática de virtudes que vai fazer com que os nossos afetos, a nossa
sensibilidade, comece a responder positivamente à busca pelo bem.

A verdadeira virtude é aquela que nos faz nos comprazer com o bem. É quando
nós conseguimos ultrapassar um desafio, uma contrariedade, não por uma re-
sistência da nossa inclinação, não por ter que superar – ter que aguentar um
marido chato, ter que acordar de madrugada para amamentar meu filho, ter que
limpar a casa (“Nossa! Que coisa chata!”). Enquanto ainda estivermos fazendo as
coisas porque nós precisamos nos vencer o tempo inteiro, e é tudo muito penoso,
difícil e árduo, nós ainda não estamos no âmbito propriamente da virtude. A vir-
tude é quando a gente consegue ter aquela felicidade, aquele bem-estar de
fundo, por praticar o bem, por conquistar um bem. Os hábitos do casamento são
hábitos que, em um primeiro momento, vão ter um caráter mais operativo, ou seja,
vão ser mais práticas que a gente pode ter dificuldade de fazer, e a gente vai fazer
porque já entendeu a sua importância, que são necessários; mas os nossos afetos
ainda não estão alinhados.

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Comunidade Entre Esposas

N um segundo momento, a gente vai percebendo que os nossos afetos e senti-


mentos vão reforçar esses hábitos virtuosos, essas práticas positivas, nos trazendo
um contentamento interior, que é o que vai fazer com que a nossa vida seja efetiva-
mente feliz. A felicidade não está localizada nesses pequenos prazeres que a gente
vai encontrando cada vez que cede a uma inclinação: “ah, eu tenho vontade de
fazer aquilo.” “Eu tô a fim de ficar deitada vendo Netflix”. Eu vou ter um prazer pro-
visório, mas aquele prazer não vai formar a minha personalidade de uma maneira
que me leve a conquistar a felicidade. Eu vou viver aquele prazer, vou usufruir
daquele bem-estar momentâneo, e depois eu vou ter um buraco no meu coração,
e esse buraco vem do fato de que eu não agi bem, eu não fiz uma boa escolha; eu
me deixei levar pelo meu afeto, pela minha vontade naquele momento; mas eu
deixei de lado um bem maior, que era o bem da laboriosidade, o bem de aproveitar
bem o meu tempo. A gente vai vivendo e tendo que fazer essas escolhas cotidiana-
mente: um sorriso que a gente dá para o marido, a última palavra que a gente deixa
de proferir numa briga, o saber relevar, não cultivar ciúmes indevidos, cuidar de
estar bem disposta, de estar arrumada, de ser carinhosa com ele.

Isso às vezes vai custar no começo, porque o nosso apetite, a nossa paixão, a nossa
emoção naquele momento, vão querer fazer outra coisa: “Ah, não tô com vontade.”
Tô com preguiça.” “Nossa! Tô com muita preguiça de me arrumar aqui para ele”.
Mas eu sei que isso é um bem. Se eu cedo à preguiça e à vontade de ficar desleixa-
da, além de ter um impacto prático, cotidiano – o fato de que meu marido vai con-
viver com uma pessoa que está desleixada em casa, e por quem ele vai se desinter-
essando progressivamente, por quem ele vai perdendo o encantamento –, eu
também vou deixando de conquistar a virtude da autossuperação, do autodomínio,
da fortaleza, de fazer aquilo que eu sei que eu preciso fazer, enfrentando aquelas di-
ficuldades interiores.

E, pelo contrário, quando eu faço aquilo que eu devo fazer, eu vou adquirindo um
senhorio, um autocontrole, que vai me trazer uma resposta afetiva: que é onde eu
vou repousar na felicidade. A verdadeira felicidade é o fruto desse fazer o que eu
devo fazer e me contentar ao estar fazendo aquilo. É quando a gente tem uma rec-
ompensa interior que não tem nada no mundo que substitua esse sentimento, essa
sensação de estar se vencendo, de estar conseguindo, de estar conquistando. Esse
é o verdadeiro senhorio, o verdadeiro fruto da virtude; essa felicidade, esse bem-es-
tar que é uma demonstração de que a nossa afetividade e sensibilidade estão se
alinhando com as nossas faculdades superiores da razão e da vontade.

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Comunidade Entre Esposas

E u fiz toda essa introdução para que vocês tenham muito claro que a prática
desses hábitos de que vou falar agora para vocês, desses cinco hábitos básicos do
casamento, têm por objetivo a nossa felicidade, ou seja, valem a pena. Assim como
a gente tem que colocar a rotina dos nossos filhos, infundir neles aqueles hábitos
que lhes darão segurança, estabilidade, previsibilidade, para que as crianças se
tornem mais felizes. A gente percebe que uma criança que tá ordenada, que come
no horário, que dorme no horário, que tem seu espaço, que está limpa, ela é uma
criança mais feliz; porque ela é uma criança mais segura, mais bem cuidada. Da
mesma forma, cuidar do nosso casamento vai nos fazer mais felizes, mesmo que
isso custe a princípio, porque a gente ainda não está habituada. E adquirir um
novo hábito, mudar a rotina, causa um sofrimento – o sofrimento da operação ini-
cial, de sair daquela inércia –, mas num segundo momento o que vamos ter é uma
felicidade profunda de estarmos cultivando nosso casamento, investindo na nossa
felicidade verdadeira; porque é uma felicidade que não cede àquele nosso prazer
passageiro, mas que reforça e ampara a nossa fidelidade em uma decisão que é
fundamental e central da nossa vida: a escolha do nosso marido, a escolha matri-
monial.

Então vamos falar dos cinco hábitos básicos que vocês devem cultivar para
manter e conservar esse enamoramento em casa, manter os maridos encantados,
apaixonados, e nós mesmas envolvidas afetivamente com eles, com formas con-
cretas de ordenar os nossos afetos para que nós permaneçamos unidas, vincula-
das, ligadas afetivamente aos nossos maridos.

Vou falar primeiro dos cinco hábitos para que vocês tenham uma visão geral, e
depois eu vou falar de cada um: o sorriso habitual, olhar nos olhos do marido,
conversar cotidianamente com ele; e duas práticas/hábitos de toque físico: o
abraço, um abraço demorado, aconchegado, de pelo menos vinte segundos (e
eu vou explicar o porquê); e um beijo na boca. Todos os dias tem que dar um
beijo na boca do marido. Vamos ver cada um para que vocês entendam a im-
portância e também as formas de colocar em prática.

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5 hábitos básicos Sorriso habitual

S O R R I S O H A B I T UAL

O primeiro dos hábitos é o sorriso habitual: o sorriso é a demonstração para o


outro de que nós estamos abertos a ele, que mostra o nosso contentamento, a
nossa alegria, a nossa felicidade interior, e algo que indica para o outro que ele nos
faz bem, que nos é agradável, que não estamos contrariadas, que a simples pre-
sença dele nos faz bem. Receber o marido com um brilho no olhar, um sorriso no
olhar. Não quer dizer que a gente tem que ficar com careta, porque seria falso, mas
que a gente tenha essa alegria interior, que a gente pode mobilizar e que transpa-
rece no sorriso e no olhar aberto. Que você olhe seu marido com um sorriso no
olhar, pois este é um movimento facial que favorece a nossa beleza e impacta o
nosso interior, além de impactar o outro porque é muito agradável conviver com
uma pessoa que está sorrindo habitualmente, que está aberta para você, que
demonstra contentamento com a sua presença; isso mostra o seu compromisso de
amor com ele.

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5 hábitos básicos Sorriso habitual

Q uando você coloca um sorriso, que pode não ser um sorriso cem por cento es-
pontâneo, – no sentido de “Ai, eu tô cansada. Não queria tá sorrindo” –, mas é um
sorriso que manifesta uma vontade última, profunda e interior de ser agradável;
uma vontade que é de crescer no amor. E essa vontade é o que a gente tem de
mais autêntico.

O que nós temos de mais autêntico não é a nossa sensibilidade, o que a gente está
a fim de fazer, mas o que a gente sabe que é bom e o que a gente quer. Esse sorri-
so que brota de dentro da alma é o sorriso mais verdadeiro, e é o sorriso que vai in-
clusive ajudar para que a gente seja mais feliz, para que a gente fique mais alegre.
Um sorriso colocado no rosto pode ter o valor de uma pequena oração, de uma ja-
culatória. Vocês sabem o que são jaculatórias? São pequenas orações que a gente
pode rezar ao longo do dia para manter a presença de Deus e se saber amada por
Ele, se saber filha de Deus, saber que a nossa vida tem uma dignidade imensa e
que nós valemos todo o amor de Deus, todo o sangue de Cristo. Nessas jacu-
latórias – às vezes a gente não precisa pensar em uma frase –, basta um sorriso que
demonstre alegria, uma alegria profunda que decorre do fato de estarmos vivos,
de termos uma família, de termos um marido.

Isso vai transparecer para ele: um espírito afável, feliz.

O sorriso é a primeira etapa: aprender a sorrir com profundidade. O sorriso pode


não estar na cara, mas que ele esteja no olhar. Então façam esse treino: vocês já
notaram que, quando a gente sorri, os olhos se comprimem levemente? Isso acon-
tece mesmo quando o sorriso é um pouco tímido porque, de certa forma, a gente
sorri com todo o rosto. O sorriso no olhar é verdadeiro – e depois pode chegar a ser
espontâneo – porque os olhos repousam naquela pessoa que a gente ama; basta
olhar para ela de verdade, com atenção. Percebem o que é colocar um sorriso no
olhar? Você não precisa escancarar os dentes, mas que você manifeste para o seu
corpo que tem uma alegria no fundo da alma; e o seu marido vai ser impactado
por esse sorriso, por esse ambiente mais alegre, mais leve. O sorriso é uma mani-
festação de suavidade do corpo, de aconchego, de acolhimento.

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5 hábitos básicos Olhar nos olhos

O L H A R N O S O L HOS

O segundo ponto é o olhar nos olhos. Hoje em dia nós temos um grande desa-
fio, que é a presença do celular na nossa mão o tempo inteiro. Se antigamente o
problema das famílias era a televisão ligada – a televisão pelo menos ficava num
ponto da sala, e quando a gente saía daquele ambiente, a gente olhava as pessoas
–, agora com o celular sendo uma fonte de distração, informação e diversão o
tempo inteiro na nossa mão, é muito frequente que a gente esteja em outros ambi-
entes com as pessoas, mas esteja olhando pro celular. Nós devemos prestar muita
atenção no fato de que o nosso olhar, para onde nós olhamos, indica para onde o
nosso coração está voltado. Por isso que existe a expressão metafórica “nossa visão
de mundo”. O que é a nossa visão de mundo? É o que nós consideramos da reali-
dade, o que nós consideramos importante, a maneira como nós assumimos a reali-
dade como nossa.

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5 hábitos básicos Olhar nos olhos

Q uando a gente está o tempo inteiro olhando no celular, o nosso olhar está indi-
cando o que é importante, o que da realidade nós tomamos para nós mesmos. Se
a gente olha nos olhos do marido – se a gente permite que ele fale para nós, que
ele seja ele mesmo, que fale para nós a partir da sua essência, da sua intimidade –,
nós mostramos para ele o que é importante. Quando a gente está olhando para o
celular ou para as crianças, ou olhando para outras coisas enquanto está conver-
sando, o olhar do outro vai se dirigir para aquele ponto em que nós estamos olhan-
do. Nosso olhar indica o que deve ser olhado. É como se o nosso olhar fosse o vetor,
o direcionamento do nosso desejo, do nosso amor. Eu olho para aquilo porque a
minha atenção, o meu desejo e o meu amor estão voltados para lá. Se eu olho para
o meu marido, ele vai se sentir amado, valorizado; vai se sentir como foco da minha
atenção, do meu desejo e do meu amor.

A tendência de quando a gente olha nos olhos de alguém é que essa pessoa de-
volva esse olhar para nós e aí se cruzam duas intimidades. O olhar é a janela da
alma e nós devemos estar com as almas abertas para os nossos maridos. É com ele
que nós compartilhamos a nossa intimidade; é algo que vai ter um impacto em
todo o nosso relacionamento. Com esse cruzar de olhares vai ser inclusive muito
mais fácil você ter relações íntimas, ter relações mais satisfatórias e mais prazero-
sas, se você cultivar essa cumplicidade do olhar.

É muito frustrante estar conversando com alguém ou fazendo uma refeição com
alguém e enquanto essa pessoa está com o olhar perdido ou olhando para outra
coisa; porque mostra que ela está pensando em outra coisa, está com olhar de
quem “tá pensando na morte da bezerra”, pensando em outra coisa que não é a
conversa, ou seja, não está com o coração colocado ali. Então, olhar nos olhos, se
policiar para não ficar mexendo no celular quando o marido está falando com
você, parar de olhar as crianças e olhar para ele, dar atenção... Tudo isso permite
que ele acesse a alma pelo seu olhar e que ele se entregue e se doe a você por esse
olhar. Quando olhamos nos olhos, o outro fala para a gente a partir de quem ele é.
Isso foi algo que a Ana Lídia falou na nossa live e foi algo que me chamou muita
atenção: quando você olha, você permite que a pessoa se expresse com sinceri-
dade, com veracidade. Ela se sente segura para expor quem ela é para você, se en-
tregar verdadeiramente para você, se doar para você. O olhar e o sorriso abrem a
alma da pessoa, porque o corpo manifesta quem nós somos de fato. E são duas
formas – olhar e sorriso – porque o nosso rosto é onde está a expressão maior da
alma. Claro que os braços expressam – a expressão gestual também é impor-
tante–, mas o sorriso e o olhar são o acesso mais direto àquilo que nós temos
dentro de nós; e é o que devemos dar para o nosso marido.

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5 hábitos básicos Conversa cotidiana

C O NV E R S A C O T I D I ANA

A gora passo para outro ponto: é a conversa cotidiana. É muito importante


manter o diálogo na nossa intimidade com o marido. Diálogo mesmo: verbal, con-
versar, sentar e falar. E para isso nós devemos ter muito cuidado de não tornar os
momentos de encontro com o marido em ocasião de resolver pendências, de ficar
falando sobre o que tem de ser feito na casa, de ficar fazendo check list, de estar
sempre falando ou cobrando ou acusando ou pedindo ajuda, distribuindo encar-
go. Não é isso. Precisamos ser estratégicas e ter momentos específicos para falar
das pendências da casa. Eu e meu marido, por exemplo, nós temos um grupo no
WhatsApp, que se chama “cuidado do lar”, em que eu mando, e ele também,
todas as pendências. Claro que a gente se encontra e em cinco minutos resolve
aquilo que está ali e pronto. Para que quando a gente esteja efetivamente junto,
quando as crianças vão dormir, vamos jantar, sair pra conversar, estamos na cama,
só nós dois, sobre o que nós vamos falar?

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5 hábitos básicos Conversa cotidiana

V amos falar da nossa intimidade, do nosso mundo interior; vamos falar sobre
aquilo que nós estamos lendo, sobre um filme que nós vimos; sobre algo que nós
sonhamos, sobre uma realização profissional; ou sobre problemas, desafios, sobre
dificuldades interiores. Mas é importante a gente ter essa dimensão de comparti-
lhar aquilo que temos de mais próprio nosso, que não seja uma pendência que
qualquer pessoa possa resolver, mas aquilo que é meu, a minha própria maneira
de ver o mundo, a maneira como o mundo chega para mim e devolver isso para
ele. Porque aí que ele vai estar me acessando, vai estar acessando quem eu sou. O
marido é a pessoa com quem nós devemos compartilhar a nossa intimidade. Isso
é intimidade. A intimidade conjugal, a intimidade sexual, deve ser uma conse-
quência dessa entrega da nossa interioridade.

Outro ponto importante para a gente pensar nessas conversas é que muitas
vezes temos um descompasso com o marido à medida que nós vamos lendo, estu-
dando sobre educação dos filhos, ou tendo vida de oração. Muitas pessoas me per-
guntam: “Como é que eu faço para o meu marido se converter? Para ele querer ir
à igreja? Para ele querer ir à missa ou para ele educar melhor nossos filhos? Para
ele se envolver nesse mundo, porque a gente está tendo um crescimento interior,
um florescimento que o marido não acompanha”. E é por meio das conversas que
o marido vai chegar nessa realidade. Ele vai acessar o nosso crescimento interior,
o nosso florescimento nas conversas.

A conversa é uma oportunidade que nós temos de falar para o marido algo que
nós lemos sobre educação dos filhos; compartilhar com ele uma percepção que
nós tivemos de uma dificuldade, algum vício que nosso filho está apresentando
ou um crescimento numa virtude; as percepções muito particulares ou dicas de
educação dos filhos que nós lemos no livro. Em vez de cobrarmos o marido, nós
temos que aproveitar essa oportunidade para levar a ele, para compartilhar, para
que ele acesse e que possamos crescer juntos.

Com relação à vida interior, a vida espiritual é o que a gente pode compartilhar
com o marido. A gente leu um livro, viu uma aula, assistiu a um filme e aquilo
tocou nosso coração. Podemos aproveitar a experiência e aprender a falar para o
marido: “Olha, eu sei que você não entende muito bem o valor e não está queren-
do ir para missa, mas eu descobri que na missa eu encontro com Deus”; “Eu li esse
livro de doutrina que me ajudou a pensar isso”; “Olha como isso é interessante,
para mim tem esse significado”.

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5 hábitos básicos Conversa cotidiana

Q uando ele for vendo o significado que tem na sua alma, ele também vai poder
se encontrar com essas realidades, se encontrar com Deus; se encontrar com a edu-
cação dos filhos por meio de um acesso à essa realidade que você vai dar, que você
já acessou e que mostra a ele pelo diálogo, pela conversa. Por isso é tão importante
manter essa conversa íntima muito viva para a gente não se dconectar. E isso torna
muito mais fácil de conversar sobre problemas o dia em que existirem, sobre difi-
culdades familiares ou financeiras. Mas nós precisamos manter um diálogo aberto,
frequente, lutar por isso. É importante os filhos dormirem cedo, a gente ter um mo-
mento para sair, estar só com o marido e se abrir mesmo, falar para ele dos nossos
sentimentos, retomar aquilo que muitos tivemos no namoro e que depois, com o
tempo, com o passar do dia, com o cotidiano, foi se perdendo. Enamorar-se por
quem nós somos e por quem ele é passa muito por essa abertura proporcionada
pelo diálogo.

Outro ponto é pensar que no diálogo nós acessamos também quem o outro é:
e a pessoa para quem eu vou me doar, para quem eu vou me entregar; para quem
eu vou viver todos os sacrifícios, todas as exigências do cotidiano. Porque é algo que
também a gente esquece. Com o passar do tempo a gente vai se distanciando. A
gente pode se distanciar do nosso marido e ele passar a ser um companheiro de
quarto, alguém que paga algumas contas e eu pago outras, ou alguém que susten-
ta financeiramente a casa, mas com quem não tenho mais um vínculo. Aí a doação
fica muito mais difícil; é muito mais difícil você se doar para um desconhecido.

Não posso perder o conhecimento do outro, não posso me desconectar a ponto


de eu não saber se vale a pena manter o casamento, se vale a pena passar por
tantos desafios e dificuldades por uma pessoa que não me diz mais nada. Que o
nosso marido não se torne um estranho para nós. Para que isso não aconteça, é fun-
damental manter o diálogo vivo. O diálogo às vezes vai ser proporcionado pelo sorri-
so e pelo olhar nos olhos. Se a gente não olha no olho do marido, se a gente não sorri
para ele, ele não tem vontade de sentar e ficar conversando com a gente. Nem a
gente tem vontade de conversar com ele. Como é que vamos nos abrir para alguém
que a gente não olha nos olhos? Por isso essas etapas são muito importantes. Fazer
todos esses hábitos no cotidiano, para que a entrega, o encontro, seja um encontro
verdadeiro de almas.

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5 hábitos básicos Abraço

AB R A ÇO DE V I N T E S E GUNDOS

E agora, os dois últimos hábitos básicos, que costumam ser o maior desafio
para as mulheres. Essa parte afetiva interior, do contato, da intimidade, é mais es-
piritual. Pode parecer um desafio, mas na medida que a gente for vivendo no
cotidiano, conseguimos aceitar essa meta com mais naturalidade. Existe um pro-
cesso interessante em que, no namoro, toda a nossa dificuldade é viver a casti-
dade, não passar dos limites; saber esperar o momento certo para não se colocar
em situação de pecar contra a castidade. Mas quando a gente casa, esquece de
tocar nossos maridos e às vezes passa a ser um verdadeiro fardo ter a relação
sexual ficar abraçada, ou ficar chamegando. É claro que isso varia de mulher para
mulher, mas eu fiz uma pesquisa logo que abri o perfil Entre Esposas com os
homens que me seguiam no perfil pessoal, para que eles me falassem qual era a
principal dificuldade, a principal queixa que tinham em relação às mulheres.

15
5 hábitos básicos Abraço

E não era que as mulheres ficam muito tempo no celular, que só querem
saber do filho; mas é sim que as mulheres não têm vida sexual, não têm desejo
sexual; que têm muita dificuldade de se entregar ou que fazem a relação sexual
como uma forma de cumprir tabela, sem uma entrega do corpo muito verdadeira,
muito autêntica ou prazerosa. Os homens percebem que a mulher vai perdendo a
entrega, vai se dessensibilizando da relação de intimidade corpórea. Para evitar a
dessensibilização, a gente precisa manter o contato físico com os maridos.

A relação sexual vai ser o cume, a entrega final de algo que foi sendo construí-
do no cotidiano. A excitabilidade da mulher é como o aquecimento de uma panela
de barro. Se o homem funciona como um micro-ondas, que a gente aperta no
botão e já funciona, a mulher ela vai aquecendo lentamente. Se a gente nunca
toca o marido, o momento da entrega total do corpo vai ser algo muito violento
para a gente. Por isso precisamos cultivar os hábitos de toque físico. E são hábitos
simples: um abraço e um beijo que vão fazer com que o nosso marido não seja
simplesmente uma parte, um coabitante da casa, mas que seja efetivamente
alguém com quem a gente tenha uma relação diferenciada. Ele não é um amigo,
não é um camarada, um companheiro que divide o quarto com a gente. É alguém
que foi o namorado e que agora é o marido com quem eu tenho tipos de carinho
que eu não tenho com mais ninguém.

E aí vem a importância de abraçar os maridos. A gente abraça outras pessoas,


mas a gente não permanece nesse abraço por muito tempo. Ninguém fica
abraçando aconchegadamente. Fora os filhos ou os pais, a gente não faz isso com
um amigo, com uma pessoa que a gente encontra, com um primo; a gente vai, dá
dois beijinhos, dá um abraço simples. Mas o abraço que aconchega, que envolve,
que se demora, é algo que temos com os nossos maridos. E não é algo que no dia
a dia demande tanto. A gente pode e deve criar o hábito de receber os nossos
maridos com um abraço apertado e se despedir do mesmo jeito. Logo de manhã,
antes de sair para trabalhar, é importante dar um abraço; quando ele chegar de
volta do trabalho, ou quando a gente chegar e encontrar com ele, dar um abraço
também. E é importante que esse abraço seja demorado.

Há uma história dos “vinte segundos”, que eu descobri num livro chamado
Educando Meninas. Nesse livro, o autor James Dobson fala que, quando as nossas
filhas forem entrando na puberdade, a gente deve ter muito cuidado para que elas
não abracem muito demoradamente qualquer rapaz, porque isso vai gerar um
vínculo. Por quê? A partir de vinte segundos o corpo entende que aquele enlace é
seguro, é um lugar onde você pode repousar e o corpo libera ocitocina.

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5 hábitos básicos Abraço

A ocitocina é o hormônio do pertencimento, é o hormônio que as mães li-


beram para amamentar seus filhos. As crianças também o liberam quando estão
num ambiente confortável, num ambiente estável de segurança, como o ambiente
doméstico.

Quando abraçamos o marido por mais de vinte segundos, a gente libera esse
hormônio que indica para o nosso corpo que o dele é um corpo seguro, com o qual
eu devo me vincular, ou seja, é uma atitude. Lembrem que eu estava falando da ed-
ucação dos afetos. É uma atitude concreta da razão e da vontade. Nós agora enten-
demos que ela é importante. Vamos deliberar pela vontade e praticar concreta-
mente esse ato; então a nossa sensibilidade, os nossos sentidos, vão responder com
a liberação da ocitocina, ou seja, um comportamento induz um afeto.

Depois de vinte segundos é muito mais fácil você permanecer vinculada a uma
pessoa. Ficar com o marido, se deixar abraçar e entender que, muitas vezes, quando
a gente abraça o marido, podemos pensar que estamos dando um carinho, mas
esse carinho também é um aconchego para a gente: pode ser aquele momento em
que a gente repousa, descansa, vive e experimenta um porto seguro com quem se
compartilham os desafios, com quem se compartilha essa grande aventura que é a
vida.

E se deixar abraçar também. Eu conheço muitas mulheres que, quando o marido


as vem abraçar, fazem um movimento de repulsa. O movimento de repulsa, de re-
jeição, pode ser algo que é inconsciente, que é do corpo: “Ah, não estou com vonta-
de. Não estou, não estou”, mas não somos movidos só pela nossa sensibilidade
corpórea. A gente tem uma vontade de fundo, e o reconhecimento de que o vínculo
corporal com nosso marido é importante. Se deixar abraçar quando ele vier, se per-
mitir aconchegar, se permitir ser acalentada, se permitir ser cuidada – porque um
abraço é um ato de cuidado – e também procurar voluntariamente abraçar, cuidar,
envolver, aconchegar. O abraço é um elemento muito importante na conservação
do romantismo, do afeto ordenado no nosso casamento.

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5 hábitos básicos Beijo na boca

B E I J O N A B O CA

E por último o beijo na boca. E é beijão mesmo. Quando eu falo de ter o hábito
de beijar na boca, é dar um beijo na boca de língua no marido todos os dias. Não
basta aquela bitoca. Por quê? Porque o beijo na boca é o que diferencia. Aí sim efe-
tivamente a gente não beija na boca de outra pessoa. Poderíamos pensar num
beijo na boca como sendo traição. Se a gente souber que o nosso marido abraçou
outra pessoa, podemos até ficar chateadas, mas não caracteriza uma traição; só
será traição se ele beijar na boca outra pessoa. Por quê? Porque o beijo na boca é
algo exclusivo dos cônjuges, do casal. O beijo na boca vai ser aquela preliminar
para que a mulher se mantenha conectada fisicamente, conectada libidinalmente
ao marido. O beijo na boca é capaz de mobilizar toda a nossa sexualidade e favore-
cer o corpo a uma relação sexual.

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5 hábitos básicos Beijo na boca

A lguns terapeutas de casais, e algumas pessoas que falam sobre casamento


e sexualidade, dizem que o ideal seria ter uma relação sexual todos os dias. Eu, par-
ticularmente, discordo. Eu acho que isso pode se tornar um fardo, uma meta, e
entrar num checklist que não é interessante para o casal. Se o casal tiver vontade,
desejo todos os dias; ou a mulher ceder um dia e o marido ceder outro para que a
vida sexual seja bem ativa, isso é extremamente favorável. Mas uma meta de todos
os dias eu acho muito difícil; porque a relação sexual exige muito dos corpos. Ela
exige uma disposição, uma entrega. É claro que a gente não vai fazer amor com os
maridos só quando tiver nas condições ideais de temperatura e pressão. Não, não
é isso. Mas não vai ser todo dia que a gente terá disposição, que a gente vai conse-
guir estar no clima. Mesmo com esforço, nem o marido vai querer todo dia.

Mas o beijo na boca sim. O beijo na boca não exige tanto. Ao mesmo tempo
que é uma intimidade profunda e exclusiva para se ter no casamento, não é uma
intimidade que te exige tanto, até de disposição física, fisiológica. Às vezes a gente
está muito cansada com os filhos, está grávida, ou está no puerpério, um período
muito puxado no trabalho; uma série de circunstâncias que tornam o lado sexual
algo que não vai ser legal mesmo. E isso não é um crime, um pecado. É um pecado
se você se negar muito e muitas vezes sem um motivo grave, sem uma justificati-
va plausível, colocando em perigo até a fidelidade do marido, e a nossa, porque a
gente também tem desejo; e se o desejo não é canalizado onde ele deve ser vivido,
ele pode sim nos tornar suscetíveis a tentações inclusive de fidelidade. E a gente
tem que cuidar disso.

O beijo na boca serve para manter aquela união como se fosse um estado
mínimo de excitabilidade, para que no momento futuro a relação sexual ocorra
com mais naturalidade, não seja algo tão sacrificante. A mulher precisa se manter
constantemente inclinada para o marido com um afeto voltado para ele e com a
sensibilidade física também. Por isso que eu falava da panela de barro: dizem que
a mulher já se prepara para uma relação sexual quando acaba a anterior. Então ela
precisa estar sempre se preparando, precisa dar aquele cheirinho, aquele abraço,
colocar a lingerie, estar sempre seduzindo o marido. Esse processo é contínuo e
constante para a mulher. E o beijo na boca é a pedra de toque para que ela man-
tenha acesa essa chama. O beijo na boca é importante para o marido, para man-
tê-lo também alinhado, saciado no seu desejo; porque o beijo na boca bem dado
sacia um pouco o tesão, o desejo sexual; e ainda faz com que a mulher se sinta in-
clinada até a relação sexual, quando for o momento.

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5 hábitos básicos Beijo na boca

P or isso a gente não pode desprezar o beijo na boca. Inclusive na própria


relação sexual é muito favorável que o casal se beije continuamente, porque o
beijo incrementa de afeto o prazer físico. O beijo, ao mesmo tempo que tem a di-
mensão da libido, ele também tem uma dimensão afetiva muito grande. Justa-
mente porque conecta os corpos na parte mais espiritual, que é o rosto, a cabeça.
O beijo na boca conecta os corpos por meio de uma comunicação da intimidade
superior do homem, que não é a parte pubiana necessariamente, mas é a parte
afetiva: do rosto, da cabeça, do intelecto, da vontade. Tudo isso favorece a união
plena do casal.

O professor Sérgio Resende explicou numa live2 um pouco do aspecto es-


tético, da aparência dos lábios e como eles parecem chamar para uma comple-
mentação. Se o nosso corpo está coberto pela pele, os lábios estão expostos:
eles têm forma e cor diferentes das outras partes do corpo; os lábios são como
a nossa carne exposta. Mas não exposta de maneira vulgar, e sim aberta como
um convite, como um princípio de revelação da nossa intimidade. Os lábios
atraem porque são bonitos; e a beleza deles convida tanto ao desejo de beijar
quanto à vontade de ouvir a pessoa amada. Por isso a gente pode dizer que o
sorriso, a conversa e o beijo se completam; todas essas ações demonstram a
unidade, a comunhão mesmo, que a gente quer ter com os nossos maridos.

Vou recapitular os cinco hábitos porque eu quero que vocês terminem a leitu-
ra animadas e com muita vontade, aquela vontade profunda de colocar em práti-
ca os hábitos de sorrir habitualmente, olhar nos olhos do marido, manter vivo e
rico esse diálogo de intimidade com o marido e abraçá-lo e beijá-lo cotidiana-
mente. Lembrando também que lá no Instagram do Entre Esposas tem um
manual do beijo na boca para vocês olharem aquilo com calma, se inspirarem e
tascar um beijo na boca do marido.

Eu quero realmente promover e aumentar a felicidade no casamento de vocês.


Não existe nada nesta terra que não possa melhorar; então, se você já tem um
casamento bom e investir nele, você terá um acréscimo de felicidade. Porque a fe-
licidade se esconde ao infinito; é um dom de Deus. E os nossos casamentos são
sim uma via muito segura de realização pessoal.

2 Sérgio Resende. “O Adultério Espiritual”. Youtube. Disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=nSKJEhIRl9E.

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