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Trabalho realizado por: Bruna Agostinho e Maria Estrada

Disciplina: Psicologia B

A Intimidade e o Amor
Para entendermos verdadeiramente o que significa ter intimidade com
alguém, e se de facto temos essa intimidade, precisamos de ir ao cerne da
questão e perceber qual a definição de intimidade.
Para desenvolver intimidade com alguém, precisamos de tempo para
conhecer a pessoa e ter confiança nessa mesma pessoa. Nesse sentido, as redes
sociais têm remodelado muito este conceito e o modo como se processa, uma
vez que a partir dos seguidores, publicações e stories, há pessoas que ficam com
a ideia de que conhecem alguém e têm intimidade com essa pessoa só porque
colocam um “like” numa publicação.
Existem ainda vários graus de intimidade, que determinam a existência de
vários grupos relacionais: conhecidos, colegas de trabalho, grupo de amigos,
amigos íntimos, parentes, marido ou esposa.
Para o desenvolvimento da intimidade, precisamos de partilhar o que
pensamos e sentimos, seja dor, preocupações, ansiedades, inseguranças, e
assim revelar-nos à outra pessoa sem medo de rejeição, e sermos validados e
compreendidos pelo outro. Acima de tudo, temos de poder e sentir-nos
confortáveis com expressar livremente carinho, amor, atenção, atração,
proximidade, esperança, alegria ou orgulho.
Para alcançar um nível de intimidade confortável com alguém, é
necessário que existam episódios íntimos, que apelam à sensibilidade face ao
comportamento alheio e fazem-nos ter empatia. Porém, quando estes episódios
íntimos passam a basear-se puramente em eventos carnais, a intimidade com a
outra pessoa pode ser inviabilizada.
Assim, é crucial que exista uma acumulação de eventos de todo o tipo
para que se crie intimidade, que, por norma, no início é unidirecional passando,
com o tempo, a ser bidirecional, quando há de facto esforços vindos das duas
pessoas.

Quando se inicia o processo de desenvolvimento da intimidade com outros?


Apesar de se relacionar intimidade com relações sexuais, e por isso ao
período da adolescência, em que a sexualidade se começa a demonstrar. No
entanto, a intimidade em si inicia logo na relação da mãe com o bebé recém-
nascido, que começa a organizar e a ditar a relação entre o bebé e o mundo ao
seu redor; começando por entender as suas necessidades e a responder-lhes
(por exemplo, no caso da amamentação, em que, através do choro, a mãe
entende que o bebé tem fome), desenvolvendo assim uma intimidade primária e
também uma sensação de confiança.
Mesmo depois, durante a infância, é importante para as crianças que
vejam os pais demonstrarem afeto um pelo outro, para começarem a criar os
seus próprios conceitos de intimidade. Apesar dos ciúmes que as crianças
possam sentir, potenciado pelo ideal de ídolo que muitas vezes criam do pai ou
da mãe, é essencial que as crianças recebam afeto e se sintam únicas e
exclusivas em alguns momentos, começando a ter a perceção que têm delas
mesmas, mas também dar espaço a que assistam a momentos em que são
outras as pessoas de destaque.
Durante a infância estabelecem-se contactos significativos e cria-se um
sistema de comunicação através da troca de afetos e da expressão verbal, que é
básico para o prazer de uma relação humana.
Assim, podem sentir-se confortáveis, mas também conseguem respeitar
bem o outro, o que é a chave para iniciar o desenvolvimento de uma intimidade
com alguém.

A correlação entre a Intimidade e o Amor


O amor é a forma mais intensa de atração e define-se como uma relação
de proximidade e envolvimento emocional entre duas pessoas, em que a
existência de intimidade é obrigatória para que a relação funcione.
Num relacionamento amoroso, existe um grande desejo de comunicação
e partilha de vivências íntimas, por mais supérfluas que sejam, com alguém de
quem gostamos.
Também em outro tipo de relacionamentos, como a amizade, há a
presença deste amor, embora de forma diferente. Muitas vezes utiliza-se o termo
“amigos íntimos”, a que as pessoas frequentemente associam parceiros sexuais
ou amorosos, quando na verdade pode ser somente uma relação próxima entre
dois amigos em que existe confiança, preocupação e comunicação com as
coisas da nossa vida privada.
Existem, portanto, três formas de amor, no que diz respeito ao amor
sentido por alguém de quem gostamos e com quem podemos ter um
relacionamento amoroso.
São eles:
➔ Amor romântico ou apaixonado
Neste tipo de amor predomina a componente sexual e normalmente dura
durante a primeira fase de uma relação amorosa.
Passa de forma relativamente rápida, pois as primeiras relações que
temos preparam-nos para nos apaixonarmos e desenvolvermos ligações fortes
com alguém e também porque, segundo a Teoria Evolucionista, este desejo
sexual depende da vontade dos homens e das mulheres de realmente terem
alguma relação, e se querem de facto dedicar o seu tempo e esforço a esta fase.
➔ Amor companheiro ou afetuoso
Este é um tipo de amor que aparece quando duas pessoas desejam estar
juntas e desenvolvem um carinho e afeto profundos um pelo outro. Nesta fase, a
paixão dá lugar ao afeto, que vai crescendo através da vivência de experiências,
conjuntas ou não, importantes.
Normalmente, a paixão não desaparece, mas fica na sombra da intimidade
e do compromisso.
O amor apaixonado é uma combinação de paixão e compromisso, porém
com pouca intimidade; enquanto que o amor companheiro é uma combinação
de intimidade e compromisso, com pouca paixão. Assim, para uma relação
saudável e duradoura, é necessário que haja um equilíbrio entre ambas.

➔ Amor consumado
Este é o modo mais complexo de amor, em que estão presentes as três
componentes: paixão, intimidade emocional e compromisso. É como se aqui
tivéssemos um “amor ideal”.
A intimidade traz, nesta fase, sensações de proximidade e, quando não
existe paixão, fica-se apenas pela amizade.
O compromisso associado a este amor funciona como uma vontade de
manter a relação, enfrentando os problemas que possam vir a aparecer.
Segundo Sternberg, este é o tipo de amor que os casais mais dificuldade
têm em encontrar e alcançar, devido aos vários percalços e sentimentos
inerentes ao mesmo.

A Teoria Triangular do Amor: Paixão, Compromisso e Intimidade


A Teoria Triangular do Amor, proposta por Robert Sternberg, fala do amor
como uma combinação das três componentes: paixão, compromisso e
intimidade.
Estas são bases do amor e podem variar de relacionamento para
relacionamento.
A forma ideal de amor combina a proximidade física, a paixão, a intimidade
e o compromisso, sendo esta considerada saudável, feliz e duradoura.
Este triângulo pode não ter os lados todos iguais, já que os seus
constituintes podem estar em diferentes proporções; porém, é crucial que
existam todos os componentes, mesmo que mais reduzidos.
Os relacionamentos vazios surgem quando não existe paixão e intimidade,
mas existe compromisso; por exemplo, nos casamentos arranjados. Contudo,
Sternberg menciona que o amor também pode iniciar nesta fase.

Confiança, cumplicidade e comunicação: 3 C’s da Intimidade


Quando se chega a um nível de intimidade elevado, começam a mostrar-
se as vulnerabilidades pessoais e o que cada um sente, demonstrando a
confiança e o sentimento que se tem pelo outro.
E então, já falamos várias vezes acerca de se “ser íntimo”; mas o que é isso
na verdade? É conhecer o outro, as suas necessidades e sentimentos, ter
abertura com o outro confortavelmente e estar conectado de forma especial.
Temos de nos dar a conhecer mútua e profundamente, aceitando o outro
e a nós mesmos, conscientes de que também temos imperfeições e que não
precisamos de agradar para sermos amados. Por fim, devemos adaptar o nosso
comportamento para, de certo modo, criar um ponto de equilíbrio na relação.
Aqui, neste ponto de equilíbrio será benéfico assegurar que ambos são
permitidos a exprimir os seus sentimentos e potenciar uma vida sexual e
romântica prazerosa e satisfatória; pois de outro modo, a balança pode descair, o
que não será o ideal.
Tudo isto combinado acaba por culminar nos 3 C’s:
⮚ Confiança: entregar os teus pensamentos e sentimentos ao outro;

⮚ Cumplicidade: saber o que o outro pensa e sente e vice-versa, sem


necessidade de explicar;
⮚ Comunicação: falar sobre os problemas e sobre o quotidiano.

Intimidade é estar o tempo todo com o outro?


Temos de perceber que, num relacionamento, é importante podermos
estar sozinhos, com a nossa própria companhia. Só assim conseguiremos
construir intimidade com alguém, posteriormente.
Dessa forma, aprendemos a conhecer-nos e ao ambiente que nos rodeia e
permitir-nos sentir verdadeiramente, na quietude da nossa companhia; uma vez
que isso contribui para a nossa experiência pessoal.
Através da introspecção pessoal, constrói-se um património pessoal rico
que não se perde, mesmo que os fatores externos a esse momento de reflexão e
conhecimento se vão perdendo.
Assim, através desses momentos, desenvolve-se um sentimento de
experiência (interior ou não) comunicável, que se torna suscetível de ser
partilhado numa relação de intimidade.
A intimidade nos vários tipos de relacionamento
Devido à dispersão e alguma confusão de conceitos, a palavra “intimidade”
pode gerar diferentes imagens mentais, a que as pessoas atribuem um leque
extenso de significados.
Para alguns, as relações íntimas contém única e exclusivamente a
componente sexual; enquanto que para outros contém a parte emocional. De
facto, a intimidade pode ser tudo isso, uma vez que uma falha na intimidade
emocional pode trazer problemas na intimidade sexual e vice-versa. Quando
existem ambas componentes, temos a intimidade conjugal, em que há partilha
física e emocional.
Escusado será dizer que a intimidade não é algo constante, seja qual for o
tipo de relacionamento: amistoso ou conjugal. É normal portanto que existam
períodos de maior proximidade e outros de maior afastamento e também
momentos de desconexão

Ouvir e ser-se ouvido: chave para um relacionamento estável


Que somos todos diferentes uns dos outros e que temos perceções
diferentes acerca das coisas não é novidade. É natural portanto que cada pessoa
reaja a uma certa situação ou sinta de forma diferente, já que temos complexos
diferentes de sentimentos, memórias e experiências.
Só temos proximidade entre duas pessoas através da experiência inteira
de cada uma, tendo a certeza do que se sente, acabando assim por se
desenvolver uma experiência de proximidade, de semelhança e de sintonia entre
os dois.
Temos assim de saber escutar os outros e dedicar tempo para isso, mas
ter igualmente ao nosso lado alguém com a capacidade de nos ouvir, mesmo
sobre coisas superficiais, para a comunicação ser eficaz.
Normalmente as mulheres precisam de mais atenção e tempo para
partilhar as suas preocupações, dando mais valor a pequenas coisas, não tanto
como os homens, que valorizam grandes eventos e mudanças.
Com o tempo, surge um “silêncio vivo”, que acontece quando, apenas com
um olhar, expressão ou simplesmente pelo silêncio entendemos o que o outro
sente, sendo um silêncio confortável.
Tipos de intimidade
Existem assim vários tipos de intimidade, como já conseguimos ver.

➔ Intimidade emocional e física: manifesta-se nos vários tipos de


relacionamentos; seja um relacionamento amoroso ou de amizade.
➔ Intimidade intelectual: manifesta-se quando existe familiaridade com a
cultura e os interesses alheios, é comum em amigos ou conhecidos
➔ Intimidade espiritual: manifesta-se entre membros de grupos religiosos
ou filosóficos
Existem também várias dimensões da intimidade:
➔ Dimensão pessoal: tudo o que gira acerca de vivências, história pessoal,
comunicação e estados humorísticos das pessoas. Tem a ver com o ser
individual.
➔ Dimensão relacional: tem a ver com envolvimentos interpessoais e o
contacto direto com outro objeto e pessoa
➔ Dimensão universal: não é fixa, varia consoante o contexto espacial,
temporal, histórico e social

Como desenvolver intimidade emocional


A intimidade emocional é, na sua essência, o sentimento de aceitação,
respeito, admiração e reconhecimento que existe, associado a um lugar
psicológico ou físico a que se pode recorrer quando se está mal.
O primeiro passo é aprender a aceitar o outro tal como ele é e não no que
se pode tornar e assim desenvolvendo uma relação rica, sabendo que isso
requer esforço de ambas as partes.
Também é importante reconhecer e entender os próprios sentimentos,
pensamentos e valores, bem como reconhecer os padrões de comportamento e
emoções é essencial.
Intimidade emocional requer ser capaz de nos abrirmos sem medo de
críticas, mesmo que essas possam existir e aceitar que os sentimentos, desejos,
vontades e expectativas podem ser diferentes dos da outra pessoa.
É construída ao longo do tempo e requer autoconhecimento, bem como
tempo compartilhado e experiências em comum.
Outro desafio que pode surgir é conciliar os interesses comuns com as
tarefas diárias, que ao fim de um tempo é solucionado.

Intimidade versus Erotismo


A intimidade e o erotismo são importantes na vida de um casal, podendo
no entanto haver dificuldade em conciliá-los.
O erotismo mobiliza o desejo sexual, sendo essencial para manter a
sexualidade ativa em relações longas, que, quando perdido, é motivo de queixa,
uma vez que o desejo e a excitação sexual podem diminuir com o tempo ou
desaparecer durante períodos específicos.
O erotismo necessita de espaço e separação, enquanto que a intimidade
requer proximidade e conhecimento do outro, fazendo com que os dois entrem
em conflito.

Como se constrói erotismo numa relação?


A construção do erotismo numa relação é a base do desejo e da excitação
e por isso devemos investir algum tempo e energia. Podemos concretizá-lo
através da construção de uma relação conjugal com espaço e alguma distância,
já que o desejo tem de ter espaço para crescer.
Por vezes, um investimento na sexualidade do casal pode ser benéfico,
com a criação de vivências sexuais positivas e felizes, já que o desejo sexual é
um fenómeno mental que deve ser alimentado com regularidade, com estímulos
eróticos.

A importância da terapia nos relacionamentos


Tanto a terapia sexual e conjugal como consultas de sexologia clínica e
psicologia são importantes para dar uma nova dinâmica aos relacionamentos,
uma vez que permitem explorar e ultrapassar inibições sexuais, emocionais e
conflituais.
A terapia sexual pode desmistificar crenças disfuncionais ligadas à
sexualidade que a sociedade muitas vezes constrói, ajudando a criar novas
rotinas e estímulos e assim fortalecer a componente emocional também.

Porque é que a intimidade é importante?


Muitos gestos significam amor e muitos são os significados associados a
um sentimento de amar. Um deles é o amor romântico, o amor partilhado entre
um casal. O amor ainda pode ir mais longe, implicando partilha de desejos,
projetos e valores do dia-a-dia, o que nos leva ao amor consumado e ao desejo
de intimidade, porque, na verdade, tem de se saber viver e conviver com outras
pessoas antes de desenvolvermos algo com as mesmas.
Assim, a intimidade é importante para conseguirmos desenvolver as
nossas relações interpessoais e podermos crescer enquanto pessoas.

Fontes:
● https://conceitos.com/intimidade/
● https://dicionario.priberam.org/intimidade
● http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v7n1/v7n1a10.pdf#:~:text=Para%20Oliveira
%20%282002%29%2C%20intimidade%20se%20refere%20a
%20compartilhar,meio%20da%20abertura%2C%20do%20carinho%20e%20da
%20compreens%C3%A3o.
● https://www.clinico-psicologo.com/intimidade/
● http://www.apsicologa.com/2013/04/a-intimidade-numa-relacao.html
● https://www.oficinadepsicologia.com/confianca-cumplicidade-e-
comunicacao-3-cs-da-intimidade/
● https://clinicapsicologialisboa.blogs.sapo.pt/intimidade-emocional-como-
desenvolver-29595
● https://portfoliopsico-lilianab.webnode.pt/conceitos/as-rela
%c3%a7%c3%b5es-interpessoais/
● https://filomenaconceicao.com/2020/05/09/a-teoria-triangular-do-amor-
paixao-comprometimento-e-intimidade/
● https://www.saudebemestar.pt/pt/blog/psicologia/intimidade-e-erotismo/
● https://br.mundopsicologos.com/artigos/amor-e-intimidade-precisamos-
disso

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