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3ª SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Povos e culturas africanas: releituras da arte do


Reino do Benin
Nesta sequência didática, propomos o estudo da arte e da cultura dos povos africanos do
Reino do Benin a partir da observação e releitura de artefatos e obras de arte.

A BNCC na sala de aula


Objeto de conhecimento Saberes dos povos africanos e pré-colombianos expressos na cultura material
e imaterial.
Habilidade (EF07HI03) Identificar aspectos e processos específicos das sociedades
africanas e americanas antes da chegada dos europeus, com destaque para as
formas de organização social e o desenvolvimento de saberes e técnicas.

Objetivos de aprendizagem Conhecer aspectos da cultura dos povos iorubás.


Identificar e interpretar as formas de registro, em especial, os registros
pictóricos e as fontes da cultura material.
Compreender um objeto de arte dentro do contexto histórico e cultural em
que foi originalmente produzido e suas modificações ao longo do tempo.
Conteúdos Povos e culturas africanas: os iorubás.
O mundo contemporâneo e a conexão entre sociedades africanas, americanas
e europeias.
Cultura material dos povos iorubás.

Materiais e recursos
 Aulas expositivas
 Projetor de imagens.
 Computador com acesso à internet.
 Livros para pesquisa.
 Folhas de papel sulfite ou caderno de desenho.
 Lápis macio para desenho.
 Cartolina preta.
 Lápis de cor.
 Giz de cera.
 Pregadores de roupa.
 Barbante.

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(CC BY NC – 4.0 International). Permitida a criação de obra derivada com fins não comerciais,
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desde que seja atribuído crédito autoral e as criações sejam licenciadas sob os mesmos parâmetros.
História – 7º ano – 1º bimestre – Plano de desenvolvimento – 3ª Sequência didática

Desenvolvimento
 Quantidade de aulas: 3.

Aula 1
Ao iniciar esta sequência didática, sugere-se que sejam reforçadas duas informações aos
alunos: a primeira é destacar a diversidade cultural, étnica e linguística da África; a segunda é
chamar atenção para que o Reino do Benin (que se situava onde hoje é a Nigéria) não seja
confundido com o atual Estado do Benin. Há uma tendência no senso comum de generalizar as
culturas africanas e muitos alunos, equivocadamente, pensam que a África é um país e ignoram o
fato de que se trata, na verdade, de um imenso continente com muitos países, nos quais
encontramos culturas, etnias e línguas diversas. Por isso, sugere-se fazer uma sondagem de
conhecimentos prévios da turma e, se necessário, realizar revisões ou esclarecimentos.
Em seguida, apresentar os mapas político e físico da África. Caso não haja um projetor de
imagens na escola, pedir aos alunos que vejam os mapas disponíveis no capítulo 3. Com os mapas
em mãos, apresentar aos alunos as principais regiões da África: África Setentrional, África
Ocidental, África Central, África Oriental, África Meridional. No mapa físico é importante mostrar
onde se encontra a região do Saara. Lembrar aos alunos que a diversidade de culturas, etnias,
idiomas, religiões etc. é imensa e que o continente é gigantesco também do ponto de vista
territorial. É por isso que devemos sempre ter cuidado ao tratar da África para não apresentá-la
como uma região monolítica.
Feita a sondagem de conhecimentos prévios, apresentar aos alunos alguns slides com imagens
dos bronzes do Benin, se houver disponibilidade de projetor de imagens na escola. Ao preparar essa
apresentação, selecionar algumas imagens e certificar-se de ter obtido informações historicamente
corretas sobre as imagens escolhidas. Orientar os alunos para que eles anotem no caderno as
informações apresentadas durante a exibição (tanto as fornecidas pelas explicações a respeito das
imagens quanto as obtidas por legendas que acompanham as imagens) bem como as observações
deles. Se não houver projetor de imagens, solicitar aos alunos que permaneçam na biblioteca e
procurem informações sobre as estatuas de bronze do Reino do Benin, especialmente imagens.
Explicar que embora essas obras de arte sejam conhecidas pelo nome genérico de bronzes do
Benin, nem todas são feitas de bronze. Um dos materiais mais usados no Reino do Benin era o
latão, uma liga metálica de bronze e zinco. Outros materiais usados eram madeira e marfim. Entre
os métodos mais utilizados para produzir essas esculturas estava o de fundição por cera perdida, que
consiste em criar estruturas metálicas a partir de moldagem em cera. Ainda hoje essa forma é
utilizada com diferentes variações, o que permite um nível maior de detalhamento tanto para
esculpir trabalhos figurativos quanto na confecção de joias. Esta e outras técnicas atestam tanto o
refinamento artístico da cultura do Reino do Benin quanto o alto grau de desenvolvimento da
metalurgia. Se houver tempo, e julgar necessário, exibir um vídeo que mostre de maneira resumida
o processo de fundição por cera perdida.
É importante destacar que, durante muito tempo, uma grande quantidade de objetos de arte
africanos, que foram levados para a Europa, foi vista apenas como curiosidade ou artigos exóticos,
meros exemplos de culturas pagãs na visão etnocêntrica então dominante. Depois dos saques
realizados por europeus no século XIX, uma enorme quantidade de peças de arte africanas acabou
sendo adquirida por museus da Europa e dos Estados Unidos, bem como por colecionadores de arte
e donos de galerias.
O arqueólogo e etnólogo alemão Leo Frobenius (1873-1938) afirmou que essas peças tinham
sido feitas por artistas gregos que, ao naufragar nas costas da África, levaram sua arte para as selvas
da Nigéria. Essa afirmação desvela o modo preconceituoso como ele e outros estudiosos europeus
daquela época viam os africanos e a sua arte. Na visão dele, uma obra de arte com tal grau de
sofisticação não podia ser africana.

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desde que seja atribu í do cr é dito autoral e as cria çõ es sejam licenciadas sob os mesmos par â metros.
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A teoria de Frobenius ficou conhecida como Atlântida africana, segundo a qual, a África teria
sido habitada, antes da chegada dos portugueses, por um povo branco, de origem grega, e que todos
os traços de civilização encontrados em povos africanos seriam frutos dos resquícios deixados por
esse povo. Vale lembrar que Frobenius era defensor do difusionismo, corrente que defendia que a
maioria das invenções da humanidade teriam surgido exclusivamente em determinadas partes do
mundo e se espalhado para as demais por meio de migrações ou contatos culturais realizados por
viajantes. Essa corrente rejeita a ideia de que as semelhanças entre determinadas culturas sejam
produto de paralelismos ou de que povos diferentes que não tinham qualquer contato um com o
outro tenham concebido invenções semelhantes (exemplo: a escrita ou, pelo menos, alguma forma
de escrita, foi inventada por diferentes civilizações, como a mesopotâmica e a chinesa, em
diferentes momentos).
A etapa da observação dos mapas e das imagens deve durar, no máximo, dois terços do tempo
da aula. No restante do tempo, dividir a turma em duplas ou em trios e orientá-los a trazerem para a
próxima aula algumas folhas de papel sulfite (pode ser também um bloco ou caderno de desenho),
lápis, giz de cera branco, cartolina preta e lápis de cor amarelo ou com tom dourado.

Aula 2
Reservar a sala de informática para os grupos pesquisarem imagens e informações referentes
aos bronzes do Benin. Sugerir a eles que usem termos de busca como bronzes do Benin, arte iorubá
ou arte africana. Caso seja possível, essa pesquisa na sala de informática pode ser substituída por
uma excursão a um museu que contenha em seu acervo exemplos de arte africana, de preferência da
arte iorubá. Nesse caso, basta que os alunos tragam desenho e lápis para rápidos esboços dos
objetos expostos. Caso nenhuma das possibilidades seja viável, levar os alunos para a biblioteca
para pesquisarem as imagens das esculturas do Benin.
Depois de observar as imagens, pedir aos alunos que desenhem esboços a lápis na tentativa de
copiar as imagens da arte do Reino do Benin. Se houver possibilidade, pedir também que anotem
informações como o propósito com que essas obras foram originalmente criadas, seu significado
para o povo que as criou, a técnica que foi utilizada para produzi-las etc. Delimitar metade do
tempo da aula para a pesquisa, as anotações e os esboços.
O restante do tempo da aula deve ser reservado para que os alunos passem a limpo com giz de
cera branco os esboços para a cartolina preta. Feito isso, os grupos deverão colorir os desenhos na
cartolina de amarelo ou dourado, para ficarem próximos do tom amarelado das esculturas em latão.
No caso de visita ao museu, essa etapa pode ser transferida para a terceira aula desta sequência
didática.
Por fim, orientar os alunos que também passem a limpo as anotações com informações sobre
a peça representada no desenho para que redijam legendas explicativas como aquelas encontradas
nas etiquetas que acompanham obras expostas em galerias de arte ou museus. Explicar aos alunos
que os trabalhos produzidos por eles serão apresentados na aula seguinte. Pedir que cada grupo
traga dois pregadores do tipo usado para pendurar roupas no varal.

Aula 3
Orientar cada grupo a fazer uma breve apresentação sobre o trabalho que realizaram e a peça
que escolheram para releitura. Cada apresentação deve durar, no máximo, cinco minutos a fim de
evitar dispersões e para que os alunos demonstrem de forma sucinta e objetiva aquilo que
compreenderam sobre o assunto estudado.
Depois, utilizar um fio de barbante como varal e pedir que cada grupo pendure seu trabalho
nesse fio. Após organizar a exposição dos trabalhos, convide os alunos de outras turmas para verem
os trabalhos expostos. Se possível, fazer um registro fotográfico desse momento.

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Por fim, reservar os últimos cinco ou dez minutos da aula para a organização da sala e
devolução dos trabalhos.

Avaliação
 Participação em sala de aula (assiduidade e interação).
 Participação durante a pesquisa na sala de informática ou na biblioteca.
 Participação durante a pesquisa e elaboração das releituras dos bronzes do Benin.
 Elaboração de desenho que retrate uma peça de arte iorubá.
 Apresentação dos trabalhos acompanhada de breve exposição oral.
 Organização da exposição.
Para auxiliar na avaliação, sugerem-se a ficha e as questões a seguir.
Ficha para o professor

Nome do(a) aluno(a):


______________________________________________________________________________________
1. Participou da aula expositiva? ( ) Sim. ( ) Não.

2. Participou da pesquisa? ( ) Sim. ( ) Não.

3. Elaborou a releitura da arte do Benin? ( ) Sim. ( ) Não.

4. Fez exposição oral? ( ) Sim. ( ) Não.

5. Participou da preparação da exposição dos trabalhos? ( ) Sim. ( ) Não.

1. Qual o grupo étnico dos habitantes do Reino do Benin?


Resposta: Iorubás.
2. Onde está localizado, na atualidade, o Reino do Benin?
Resposta: Onde hoje é a Nigéria.
3. O que ocorreu com parte das obras de arte do Reino do Benin depois do século XIX?
Resposta: Foi saqueada pelos europeus e vendida para museus e colecionadores da Europa e dos Estados
Unidos.

Ampliação
MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ETNOLOGIA (MAE). Disponível em:
<http://www.vmptbr.mae.usp.br/modules/extgallery/public-album.php?id=10>. Acesso em: 28 ago.
2018. Fotografias do acervo de etnologia africana e afro-brasileira do Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade de São Paulo.
PORTAL DA ARTE. Disponível em: <http://www.portaldarte.com.br/arteafricana.htm>.
Acesso em: 28 ago. 2018. Artigo com fotografias e informações sobre a História da Arte na África.
ALENCAR, Valéria Peixoto de. Influência afro: A Arte Africana e o Cubismo. UOL
Educação, 9 fev 2014. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/influencia-
afro-a-arte-africana-e-o-cubismo.htm>. Acesso em: 28 ago. 2018.

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