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Exame 2017
Exame 2017
A memória molda o passado numa tapeçaria de tons suaves, muitas vezes tingindo as
experiências com cores mais vibrantes do que a realidade. Contudo, afirmar que a
memória constrói sempre uma imagem idealizada do passado é simplificar a sua
complexidade.
Por outro lado, a memória também é suscetível a distorções, criando ilusões que se
afastam da realidade. Um amor perdido, por exemplo, pode ser lembrado com uma
intensidade e perfeição que o tempo e a reflexão não justificam. Essa distorção pode
ser um mecanismo de defesa, transformando despedidas dolorosas em nostalgias
suportáveis.
Assim, enquanto a memória tende a embelezar o passado, não é uma regra absoluta.
Ela tece uma narrativa pessoal, moldada por experiências e emoções. A capacidade de
perceber o passado através da memória é um exercício subjetivo que, ao mesmo
tempo, encanta e engana, construindo uma galeria de lembranças onde a beleza é
muitas vezes resultado da habilidade intrínseca da mente em transformar a realidade
em algo mais poético.