Corações Que Sentem Demais Transbordam Fácil - Nicole Ivy

CORAÇÕES
QUE SENTEM
DEMAIS
TRANSBORDAM
FÁCIL
✶ corações que sentem demais transbordam fácil ✶
entre textos e poemas

gramaticalmente incorretos.
essa é uma carta aberta pra você que

sente demais,
que tem um coração bom e vê
bondade ao seu redor.
vy
@niick.i
queria escrever uma poesia para você

daquelas que surpreende e tira o ar ao recitá-la
daquelas que ao ouvir você genuinamente pense o quão genial aquela pessoa é para
elaborar algo tão complexo e tão simples ao mesmo tempo
queria ter a habilidade de, em frente às 26 letras do alfabeto…

(são 26? estou na euforia e não consigo contá-las agora)
…e em frente a não sei quantas mil palavras do dicionário poder elaborar algo que
descreva exatamente o que passa verdadeiramente em mim
aqueles pensamentos abstratos demais e simultaneamente puros que não há intenção
de te mostrar
já que é algo tão momentâneo e verdadeiro que se passa em um piscar
queria, em frente as 26 (são realmente 26?) letras do alfabeto e não sei quantas mil
palavras do dicionário desfazer o nó de pensamentos que há em minha cabeça e
colocá-lo em uma linha, reta e contínua

daquelas que surpreende e tira o ar ao recita-la
mas não tenho essa habilidade
eu me sinto uma tola tentando verbalizar algo que me parece impossível
e se eu te descrevesse em palavras impossíveis?
ou coisas abstratas demais, talvez dessa forma seja condizente aos pensamentos
abstratos demais que tenho
que aparecem em minha cabeça em forma de euforia e adrenalina
“um conjunto de coisas infinitas que acabam.”
seria essa uma boa definição?
qual seria uma boa definição para meu amor?
seria esse o amor?
algo tão indescritível que parece até idiota?
me sinto idiota escrevendo cartas de amor

me sinto idiota querendo escrever uma poesia para você
daquelas que surpreendem e tira o ar ao recita-la
mas talvez idiota seria aquele que entende o amor
ou que acha que entende.
talvez idiota seria eu se não tentasse verbalizar algo que me parece impossível
talvez idiota seria eu se tentasse não parecer uma idiota…
não sei
no fim de meados de tantos pensamentos

provo pra mim mesma que
em frente as 26 letras do alfabeto que talvez não sejam 26
e em frente a não sei quantas mil palavras do dicionário
eu de fato não consiga descrever o que sinto por você
mas é bom.
no fim, o que se prova mesmo suficiente pra descrever o que sinto por você seja “eu
te amo”
mesmo tão banal, mesmo que eu diga isso incansáveis vezes no dia a dia
eu me encontro em meio a um nó de pensamentos que não consigo colocá-lo em
uma linha, reta e contínua
então me encontro novamente na estaca
em que me sinto genuinamente suprida em descrever “um conjunto de coisas
infinitas que acabam” em:
“eu te amo”.
[3 de janeiro de 2022 03:05]

você em três dias
mais três dias eu passei do seu lado

três dias se passaram em questão de segundos
segundos que foram horas
que foram dias
(e mais especificamente três)
você em três dias me ensina muita coisa:

me faz ter vontade de congelar o tempo naquela risada olhando pro teto e nas
estrelas em que nele estão grudadas
essas estrelas em meu teto podem não ser bolas de fogo que estão bilhões de anos de
nós
mas refletem uma imensidão
imensidão essa que carrego em mim
e que você abraçou
imensidão essa que você carrega em si
e oferece a mim um pouquinho a cada dia
você em três dias me faz perceber que tudo é passageiro

o que as vezes me dá medo
mudanças me dão medo
porque da mesma forma que somos temporários individualmente
o “nós” também pode ser temporário
meu coração é inquieto e minha mente é um depósito de memórias em caixas
daquelas de papelão que se escreve com caneta “cuidado, frágil!” em sua lateral
caixas essas que ocupam espaço
muito espaço
mais espaço que deveriam
mas caso esses três dias não durem para sempre
tá tudo bem
tá tudo bem que esses três dias que passaram em questão de segundos
que foram dias

possam ter sido temporários
afinal, todos nós somos
você em três dias me faz questionar sobre despedidas

o que as vezes me dá medo
e maior que o medo da mudança, o da despedida
e se um dia o “se cuida, um dia a gente se tromba” for definitivo?
mas, sabe…
naquela risada olhando pro teto e nas estrelas que nele estão grudadas
(estrelas essas que podem não ser bolas de fogo que estão bilhões de anos de nós,
mas refletem uma imensidão)
me faz querer viver o presente
me faz querer congelar o tempo, mesmo que impossível, em nossa imensidão
temporária
mas sem reflexões sobre mudanças ou questionamentos sobre despedidas dessa vez
esses três dias que passaram em questão de segundos

que foram dias
me fazem querer viver infinitamente o presente
presente esse que vivi em seu lado
em três dias
eu sou apaixonada na visão do amor
eu sou apaixonada na visão do amor,

eu tenho 16 anos e mal conheço esse mundo vasto ao meu redor banhado de
sentimento e pessoas afirmando saberem o que é amar.
será que tem idade certa pra isso?
ou idade certa pra finalmente dizer “eu sei o que é amor”?
não sei.
e não saber se torna a coisa mais linda
pois posso imaginar e explorar diversos conceitos
e sou plenamente apaixonada nisso.
é tão lindo o se permitir ser vulnerável.

você se torna vulnerável ao ponto de deixar uma pessoa invadir seu infinito,
seus medos e músicas favoritas,
suas paixões por filmes ou por café,
suas carências da madrugada,
suas vontades genuínas de compartilhar pequenos afazeres do dia a dia através de
um áudio ou uma ligação
ou de até mesmo compartilhar as ideias e monstros que você guarda lá no fundinho
do seu ser.
isso não poderia ser mais lindo,
mais sensível
e mais precioso…
o amor é a forma concreta da efemeridade.

tudo se torna efêmero uma vez que se ama.
a exclusividade daquele alguém não se torna a prioridade no amar, o seu tempo que
se torna.
compartilhar sua efemeridade com um outro infinito,
tornando juntos um misto de estrelas e universos
e tudo isso fazer sentido,
nem que para aquele momento,
naquele momento o misto de estrelas e universos faz sentido.
esse é o efêmero.
esse é o amor.
essa é a coisa linda em se amar.
(de novo, eu tenho idade suficiente para opinar sobre?)
eu acredito que uma vez que se ama, aquilo se torna história

uma história linda e nem um pouco linear ou singular em questão de perspectiva
é confusa, é complicada, é emaranhada…
mas é uma história,
um registro que pode ser da memória
(memória essa que pode se apagar com o tempo, efêmera)
e mesmo que aquela história de amor não termine com “e todos viveram felizes para
sempre”
ela se tornou um registro,
um pedacinho de obra de arte.
algo maior.
algo que valeu a pena naquele instante onde o misto de estrelas e infinitos se
colidiram.
e amar vai muito além da paixão,

vai na conexão momentânea entre dois seres.
pode ser na amizade,
da irmandade,
na admiração.
amar, na minha singular percepção de amor, é sobre não saber ao certo o motivo do
porque amar aquela outra pessoa
ela é um conjunto de características e sentimentos bons
que ali, fazem sentido
ali, te enchem os olhos
nem que seja como a pessoa fala com gostar de como ama um certo jogo de
videogame que você nunca ouviu falar,
ou o quanto ela ama café e não sabe viver sem,
ou o quanto ama musicais,
ama dançar,
ama assistir série no celular,
ama coisas coloridas

ou uma banda específica…
amar, na minha singular percepção de amor, é sobre conversar. pessoas falando
coisas que só elas podem falar. e como é bom a gente se sentir confortável com
alguém.
amar também é egoísmo,

é sobre se sentir bem com alguém,
o oferecimento de confronto que cada indivíduo pode oferecer de formas diferentes.
assim como o amor vai embora, ele volta.

de forma diferente, repaginada;
de uma nova maturidade e demonstração.
nada é eterno,
muito menos o amor.
e essa coisa abstrata e singular momentânea se torna a coisa mais linda,
isso nos permite imaginar e explorar diversos conceitos
e sou plenamente apaixonada nisso.
no fim, só queria que você soubesse que

eu te amo,
e me sinto bem com você.
ser casa
eu gostaria de deixar a felicidade entrar, sabe?

sem criar obstáculos na entrada
ou desculpas sobre a “casa estar bagunçada demais”
“a louça tá suja, o chão empoeirado, as roupas não lavadas e o tapete fora do

lugar…”
tá tudo um caos
um caos interno imensurável
aqui, dentro de casa, ainda persisto em colocar plantinhas e decorações alheias nas
prateleiras.
mas não há espaço pra você, felicidade.
talvez quando a louça tiver lavada, o chão sem um resquício de pó, as roupas no
varal e o tapete na porta seja um bom momento para sua triunfal entrada.
a louça até diminui,

mas cotidianamente após uma refeição ela se repõe;
algumas das roupas já estão no varal,
mas outras ainda estão na pilha de vestimentas que joguei em cima da cadeira e que
constantemente intercalo entre ela e a cama;
o chão foi aspirado ontem, mas ainda tem aqueles pós que não são perceptíveis aos
olhos distraídos;
já o tapete está em outro cômodo.
eu tento arrumar a casa, mas ela permanece desarrumada demais para a sua entrada,
felicidade.
desculpa, a casa está bagunçada demais.
no fim, acabo ainda persistindo em regar as plantinhas e repor constantemente as

decorações alheias nas prateleiras.
nelas coloquei aquele quadro que nunca terminei de pintar mas insisto em dizer que
um dia vou terminar,
coloquei também minha coleção de embalagens recicláveis que uso para presentear
aqueles que tenho carinho,
e ao lado tem aquela foto que tirei sua naquela quarta-feira, lembra dela? eu amo
aquela foto!
nessas felicidades genuínas resumidas em recordações percebo que tem um
pouquinho de pó sobre elas,
mas que claramente nunca serão desfocadas atrás desse pó que não são perceptíveis
aos olhos distraídos.
talvez eu devesse de fato continuar regando as plantinhas e repor constantemente as

decorações alheias das prateleiras;
talvez a louça nunca estará limpa em constante vivência;
talvez não tenha problema em intercalar a pilha de roupas sujas, que agora está
reduzida, entre a cama e a cadeira;
é nítido que o pó imperceptível aos olhos distraídos não irão desfocar os quadrinhos
na prateleira
e que talvez esteja tudo bem sim em mudar o tapete de lugar…
eu gostaria de te deixar entrar, felicidade
mas a casa está bagunçada,
e sempre estará.
então assim quando você quiser entrar,

sinta-se a vontade!
faz um tempo que gostaria de convidá-la
eu gostaria de te ver ficar, sabe?
a louça não está lavada, o chão tem seus resquício de pó, as roupas se encontram
jogadas na cadeira e o tapete nem sei mais…
ainda rego minhas plantinhas,
ainda reponho as decorações alheias nas prateleiras…
tá tudo um caos
um constante caos
mas em meio a tanto caos, talvez seja um bom momento para sua triunfal entrada,
felicidade.
então fique! só não repara na bagunça :)
receios e anseios
sentir demais.
apago e reescrevo os inícios
me indago de deveria estar começando a escrever as 1:39 da manhã
tenho 17 anos e afirmo sentir demais.
talvez seja só a adolescência e essa fase “confusa demais” que tanto falam,
ou só a ansiedade falando alto
ou sei lá, até a mesmo a necessidade em externalizar o sentir tão abstrato que há lá
no fundo.
é complexo.
mas talvez não tanto.
seríamos todos nós tão jovens?

jovens demais pra saber o que é amor.
tanto próprio quanto aquele que permeia em nossos arredores…
sim, talvez sejamos jovens demais pra entender esse mundo vasto ao nosso redor
composto de rótulos sobre amar
mas talvez não tão jovens pra o criar e viver.
não devemos tentar seguir as entrelinhas pontilhadas

ou apenas internalizar que temos todo o tempo do mundo
temos, mas as vezes a efemeridade nos pega de jeito
deveríamos, então, apenas nos permitir viver
sentir
se entregar
chorar e se deixar sorrir.
um mix de turbilhão de sentimentos
o se permitir as vezes soa surreal
pois a intensidade interna não soa condizente com a possibilidade externa.
sou um alguém que sente demais

pensa demais
meu coração é inquieto e minha mente armazenas caixas em seu interior;
caixas essas que carregam memórias de vivências

pensamentos
receios e anseios, medos
resquícios daqueles que passaram por mim e deixaram um pouquinho de si.
euforia
genuinidade
efemeridade
caixas essas que guardam um oceano, caixas essas que ocupam espaço
muito espaço
talvez mais espaço que deveriam
mas desse espaço, eu o ocupo também
sabe, é bom se deixar preencher

mas saber se deixar preencher com aquilo que nos cabe
transbordar é bom
não deveríamos ter medo
mas então, que sejam de coisas boas
não dizendo que coisas ruins não vão aparecer
ou que coisas ruins não vão ter seus respectivos espaços em nossas caixas,
mas dizendo que nós merecemos ser feliz.
eu e você que sente demais
merecemos todo o amor do mundo.
eu e você que sente demais merecemos o amor que oferecemos ao outro
não um amor externo,
mas um amor interno.
(r)existo:
existo nessa galáxia de imensidões carregando meu próprio infinito
e resisto as batalhas que posteriormente serão nomeadas como guerras civis por
serem compostas de: eu x eu
o oceano em minha porta lá no fundinho de mim
me faz encarar o questionamento de que se um dia, algum único dia, eu seria capaz
de fugir desse mundo
fugir apenas da vasta imensidão habitada em nós
das intenções boas e intenções ruins que permeiam aos nossos arredores…
mas bem, ninguém sabe, ninguém sabe
me leve para onde pertenço
deixe-me encontrar esse espaço em mim.
se permita:
externalizar
amar
demonstrar
sentir
mas se permita apenas o sentir com aquilo que te cabe.
te pertence.
o sobrecarrego e as cobranças alheias não são condizentes ao seu ser.
você sabe disso,
agora sinta isso.
afinal, o mundo te provou que você pode viver ele e ir se conhecendo ao mesmo
tempo.
“viver é brincar com a incerteza”

e estamos muito vivos
tente apenas manter o equilíbrio.
desequilibre as vezes, transborde vazio
e prometa a se permitir às metamorfoses, combinado?
você merece toda a felicidade do mundo

assim como você deseja isso pras pessoas incríveis que habitam nele
parece complexo,
é complexo.
mas talvez não tanto.
afinal, a vida é baseada em hipóteses
essa é uma carta aberta pra você que sente demais,

que tem um coração bom e vê bondade ao seu redor.
♫ : frágil coração- Rodrigo Alarcon

♫ : runnaway - Aurora
✶ : entrelinhas pontilhadas
(série/animação)
exagero (rascunho 1)
iniciar esse poema com versos da música exagerado…

seria uma boa demanda, não seria?
cantar aos ventos como é bom o excesso
e como o exagero nos faz sentir vivos
aquela vontade um tanto quanto momentânea, mas que vem intrinsicamente do
nosso ser
sim, uma ótima demanda seria
mas carrego oceanos em meus olhos
e o infinito nos águas mais profundas.
o exagero pode ser um tanto quanto apavorante.
♫ : exagerado - Cazuza
“faz tanto tempo que não venho aqui,

mas eu juro que tentei com todas as
minhas forças;
toda minha vida: um oceano”
Traileirs - Terno Rei

uma carta para você que habita em mim
por que me faz sentir assim?

sem saída em um labirinto de pensamentos
e cobranças sem fim.
você não gosta de mim?
com o exagero internalizado,

os extremos em seus respectivos opostos,
a intensidade depositada em sentimentos…
é nítido que tenho muito a viver
mundo vasto de coisas pra sentir e pra ver
me encher e preencher
por que você só não me permite isso?
seria de você um compromisso?
tanto desejo
tanto quero
um pouco de tudo a todo instante
um pouco de tudo, mas a cobrança é constante
por que me faz sentir assim?

você não gosta de mim?
eu sei onde você habita

não o local exato
ou endereço, como se na cabeça tivesse uma característica marcante de sua morada,
mas sei que você está lá presente
mesmo num riso inconsciente

sua presença soa inconveniente
unicamente em meu subconsciente…
por que você só não me deixa viver plenamente?
tanto desejo
tanto quero
um pouco de tudo a todo instante
um pouco de tudo, mas sua cobrança é constante…
ou seria a minha?
digo e repito os versos

olhando no fundo de seus olhos
olhando fundo dos meus olhos
meu reflexo me faz te enxergar
sei onde você deve habitar,
mas em mim não há lugar
culpa: essa é uma carta aberta pra você.

que me faz sentir assim
mas diferente de você,

eu gosto de mim.
deixe-me viver plenamente,

por favor
tire minha cabeça de três planos diferentes e a coloque no presente.
sem passado,
sem futuro,
sem cobrança inconsciente.
deixe-me entender que as coisas estão fora do meu controle,

e que não seria um piso em falso meu que definiria o fim.
por favor, uma única vez,
acredite em mim.
a fresta que há em meu armário
porque
as vezes corações sangram, pessoas se ferem
e o pior de tudo:
as vezes não há muito o que esteja em nosso alcance a respeito.
apenas esperar;
esperar as cicatrizes cicatrizarem,
os corações não mais sangrarem,
e um dia as feridas fecharem.
tenho duas mãos;

e todo o sentimento do mundo.
cada poesia;
um universo.
competição de insuficiências
barreiras e mais barreiras

tempo esse que só as fortalece
com nossa competição de insuficiências nos questionamos se somos o suficiente.
individualmente:
eu e você, com cada recipiente
nossas barreiras se fortalecem no inconsciente.
apesar da dor parecida que carregamos em nossa vida
somos indivíduos
cada um com seu viver
seu mar e seu perceber
navego em você
seu infinito finito
suas inseguranças e incertezas
que as compartilho também
nossa competição de insuficiências nos faz inventores

como se fosse Joseph Gillotin,
o homem inventor da guilhotina
que morreu nas lâminas da própria invenção.
e nós, nos tornamos criadores de nossa própria lâmina,
individualmente morremos por nós mesmos.
navego em você
seu infinito finito
suas inseguranças e incertezas
que as compartilho também
nas minhas incertezas, passei te construir para um alguém posteriormente melhor

que eu..
na minha vida foi assim
uma balança de competições
que resultou em uma competição de insuficiências
mas sabe, para esse alguém futuro que passei a te preparar
em um momento parei pra pensar

e se esse alguém futuro fosse… eu?
eu posso estar aqui presente.
partida: aprendi que não preciso procurar um motivo para te atuar
inconscientemente.
somos o que vivemos no presente
o agora é o que nos define…
ah, o destino é realmente uma divina comédia
genuinamente acho engraçado como as pessoas descrevem seus infinitos particulares

compartilhados com outro alguém,
afinal, o cotidiano nos mostra muitas divergências
diferenças
contratempos
risos e sorrisos
mas eu, como indivíduo, também sou um dos apaixonados que declara sobre o
infinito
e o nosso infinito particular é lindo
mesmo que corriqueiro
mesmo com suas divergências e diferenças
contratempos
risos e sorrisos…
o infinito se baseia no momentâneo
momento esse: finito.
é sobre fazer sentido
e se um dia sentido não fizer mais, prometo te avisar com jeitinho.
aviso, mas acho que vai demorar
espero que nosso finito seja infinito.
somos um milhão de finais felizes.
✶ : a divina comédia - Dante Alighieri (livro)

✶ : um milhão de finais felizes - Vitor Martins (livro)
multidão
se agora eu me for
alguém sentiria a falta que preencho?
eu preencho algum espaço?
espaço esse de estrelas, imensidão
ou minha partida seria apenas uma momentânea falta em sua percepção?
eu receberia o seu perdão?
…
eu sequer me perdoaria por tal despedida?
é sobre se sentir invisível

aquele vazio existencial que habita em cada um de nós
apenas o breve questionamento se fazemos parte de algo
se deveríamos fazer
se tudo é intencional
se somos o centro do mundo
e se o peso dos apesares e dos problemas imensamente grandes apenas na nossa
percepção são de fato derivados de culpas nossas…
…se preenchemos algum lugar

mas talvez: na mais vasta distância do egocentrismo social
as coisas possam apenas se reverberar em nós mesmos por construções do nosso
passado.
talvez, no fim, tudo seja coincidência

(não me odeie universo, ainda acredito em ti),
mas em nossa construção de indivíduo
nossos momentos vividos se reverberam e ecoam,
nos distanciando da multidão
e nos fazendo acreditar que: os problemas imensamente grandes na nossa percepção
são de fato derivados de culpas nossas.
e talvez, sejamos só mais um na aglomeração

então sim: fazemos parte de algo
nem que medíocres, nem que imperceptíveis a longo prazo…
grito,
misturando-me na multidão.
assim como tudo grita em mim,

fazendo me distanciar desse mutirão de pessoas.
a solidão também habita o mar de gente.

rimas óbvias
pra ti escrevo e
recito o infinito em rimas óbvias
mas não me contento com tamanhas previsões.

quero constituir o imprevisto
mantendo o equilíbrio
e transbordando vazio
novamente te quero em rimas óbvias

é cansativo viver assim
reverberam e ecoam.
assim que sinto minhas reações e emoções
transacionando dentro de mim.
é difícil viver com com medo.
é cansativo viver assim.
em rimas óbvias declaro meu temor.

o medo se esconde na fresta escura que habita em meu peito
fresta essa que pode ser iluminada pelas estrelas ao mesmo tempo.
perdidas, transitam pela escuridão
e, apesar de belo que é apreciar as estrelas,
é desgastante viver com medo da imensidão.
“eu queria poder gritar

eu queria que esse grito fizesse sentido pra alguém”
não gostaria que meu grito se mutasse no infinito
sinto que minhas palavras se perdem dentro de mim de repente

e as letras soltas do reduzido alfabeto se esvaziam de seu sentido eventualmente
a luz das estrelas não aparentam ser suficiente
na escuridão o medo toma tamanho sem nem proporção

sem sequer propósito, sem sequer razão
torço para que um dia não seja preciso temer de uma reação
e se reverbera, ecoa dentro de mim

é difícil viver com com medo.
é cansativo viver assim.
o sentir demais não me soa justo

pois nada soa;
o grito foi mutado,
o socorro interno não escutado
e o infinito prometido se tornou algo reduzido
infinito (-1)
♫ : infinito(-1) - O Grilo
dadaísmo
eu queria ser fácil.

de fácil manuseio,
fácil convivência e sobrevivência
fácil reparo
fácil.
breve.
reduzido, talvez…
sem o questionamento de: será que alguém sente o mesmo que eu?
na mesma intensidade que eu?
na procura de significado em arte dadaísta

que difícil esse dever
injusto, até eu diria
não sei se é algo pessoal e maluco

do tipo: consequências de um mundo capitalista que vive ativamente em um sistema
continuo e interminável
ou se é algo estilo poetas que não aprenderam a amar
é complicado ver arte em tudo

e prefiro pensar assim, soa menos doloroso
realmente não sei se é a idade

se é uma fase
e torço pra ser
se é algo besta ou amador
daquele tipo de poetas que juram saber o que é amor
(me sinto besta descrevendo tudo isso)
até que reduzida

limitada talvez
só queria ser breve
(mas até que encontro beleza em não ser)
ser fácil
de fácil manuseio
e ainda no penar me soa muito procurar…
queria ser dadaísta
e sinto inveja de quem é.
pois injusto me soa
e o motivo ainda não tenho,
espero um dia ter
respostas.
queria não ser o tipo de pessoa que precisa organizar os pensamentos

e armazená-los em caixas escritas “frágil” ao lado
queria não ser o tipo de pessoa que carrega consigo tão fortemente seu passado
caminhando em uma corda bamba entre a nostalgia e ansiedade,
entre o vivido e o medo de viver.
“sou um passo bambo na corda de aço”

“por isso não me negue mais um dia sem correr perigo”
queria ter a certeza que, apesar da pressa, tenho tempo

imediatismos em incertezas
que tarefa cansativa que não tive oportunidade em escolher
e não sei ainda o porque.
queria ser uma pessoa dadaísta

em ser uma fase ainda estou na torcida
em corda de aço baseio respostas internas que vagam dentro de mim

e o passo bambo se baseia no limbo entre as mesmas respostas;
idiossincrática.
palavra difícil a se atrelar a uma obra dadaísta.

quebrar o passado,
ruptura com o clássico,
questionar a arte.
amo a arte pois ela se baseia nisso:

escolas que a mesmo rompem…
que belo isso!
e essa última afirmação automaticamente contradiz o próprio propósito dadaísta…
difícil né?
queria ser fácil
de fácil manuseio,
fácil convivência e sobrevivência
fácil reparo
fácil.
breve.
>O Dadaísmo foi um movimento artístico do século XX, cujo lema era: "a destruição
também é criação". Foi considerado o movimento propulsor das ideias surrealistas e
tinha um caráter ilógico, anti-racionalista e de protesto - TodaMatéria
>“idiossincrática" = expressão usada para referência a um termo já citado
♫ : sede ao pote - Selvagens A Procura da Lei
A Fonte, Marchel Duchamp. 1917

(arte dadaísta)
Sem Título
e eu digo isso não na intenção de ser de difícil compreensão

ou tão súbita na interpretação de cada um
ao ponto de se tornar egoísta
eu digo isso porque

as vezes
o que era pra ser fácil soou difícil demais
uma simples tarefa demandou muita energia
eu digo isso porque

uma simples caminhando demandou do fôlego que não mais tenho
e existe um medo de passar das 21h e eu ainda continuar pensando
era pra ser fácil

com palavras simples
e de simples compreensão e interpretação
mas decidi complicar

(mesmo não querendo)
madrugadas
eu gosto das madrugadas porque são silenciosas

não chegam notificações
e isso permite seu cérebro parar um pouco de funcionar constantemente em alerta
odeio madrugadas porque são silenciosas

até demais
não chegam notificações
e isso não permite que você se distraia do seu cérebro, que passou a funcionar mil
vezes mais rápido em constante alerta do passado
corações que sentem demais transbordam fácil
e no fim eu só sou
e a gente só é
carrego isso comigo

floresço por onde vou
talvez o transbordar
seja uma palavra já batida em usar
mas transbordo tudo que me pertence em existência:

transbordo de amores
de paixões
de vontade de registros
e de gotas de oceano que meus olhos sentem ao marejar
♫ :onde flor - O Grilo

despedidas e partida
eu tinha muito medo de te ver partir no meio do labirinto

você estava perdido,
mas eu também estava
e mesmo assim tentei te encontrar
eu queria que você tivesse ficado

disposto a ter mudado
ou me valorizado
queria que você me visse como te vi

queria que você tivesse torcido por mim como por você já torci
agora me dói saber que

mesmo pedidos
eu preferi largar sua mão
meu maior medo era não te ter mais

mas agora te deixar foi minha decisão
porque, apesar do medo das despedidas

te ter por perto
se tornou mais doloroso que sua partida
contradições
como se qualquer batidinha

aquelas que batem de quina
fosse me quebrar inteira
o vulnerável
o falar demais
o se expor
é tudo no soar assustador
e me sinto frágil
sou frágil da maneira mais forte que consigo

e ainda assim sinto que não é o certo
eu queria não me preocupar demais

eu queria não me sentir errada
culpada
hipócrita ou complexa
eu queria me permitir o cotidiano breve
eu queria o sentir breve em todos os sentidos
é estranho pensar que de longe posso ser grande

um exemplo e até inspiração
sendo que, de dentro,

tão pequena me sinto
como se mim mesma me sobrasse, faltasse
ou até transbordasse
não sei.
é como se tudo ecoasse demais

e nenhuma dessa grandiosidade
em forma de exemplo e inspiração

me pertencesse
porque sinto que em mim mesma eu não encaixasse

eu me questiono
eu me arrependo
e contradigo
a força em se sentir frágil,

a imensidade em se sentir pequena,
a complexidade em querer algo fácil:
contradições em que vivemos no dia a dia
como saber se sou o problema?
eu não quero falar agora

eu só quero assistir TV
e talvez eu seja o problema.
não em sentido exterior:

que causa desordem às amizades a volta,
que falta empatia ou compreensão
mas como se tudo isso sobrasse em sentido exterior

e faltasse pra mim mesma.
como se adotasse todos as questões alheias e me culpasse por tudo
como se eu pudesse me doar pra todos
menos pra mim.
e talvez eu seja o problema…

a culpada que temo em ser
tornei-me culpada das próprias cartas não correspondidas,
amor não recíproco
e a falta de empatia e compreensão se limita unicamente a mim mesma
eu deveria falar em alto bom som que não quero conversar agora
quero apenas assistir TV
♫: TV - Billie Eilish
viagem de trem
nessa noite de março, enviei a uma amiga questionamentos

na espera que ela me respondesse como uma luz divina e esclarecedora
como aquele ditado batido do pescador que ensina a pescar ao invés de dar o peixe
e a mensagem foi a seguinte:

“estou há uns dias pensando que há um ano que tento viver um dia de cada vez
como pessoas fazem: acordam na segunda-feira e se lembram do que precisam fazer
no dia, almoçam e conversam com um amigo à tarde e vão dormir por volta das 22
horas
e por um bom tempo consegui
com altos e baixos, mas consegui.
e foi até que leve viver esse cotidiano
mas de repente eu saio dessa linha reta e contínua e entro em questões, sentimentos
profundos e intensos e pensamentos consumidores.
e entro em dilema: será que todo esse tempo que eu estava tentando me encaixar à
uma rotina corriqueira era verdadeiramente eu? mas se me fez bem por que eu me
sinto tão despertencente?”
escrevo esse texto ainda sem uma resposta dela,

sem uma luz divina e esclarecedora
e sem pretensão nenhuma do que ainda escreverei aqui nesse bloco de notas
tenho apenas o pensamento sobre a “viagem de trem”
vou explicar melhor!
em conflito entre corações que sentem demais e que transbordam fácil, uma pessoa
querida me inventou a alegoria do trem:
ao se relacionar com um outro alguém
os dois indivíduos constroem os trilhos juntos.
trilho esse que vai passar por morros
morrinhos,
montanhas,
as vezes em tamanhos estratosféricos que alcançam a lua,
e as vezes tão profundos que chegam ao núcleo da Terra
e, ao enfrentá-los, é importante encarar os mesmos um de cada vez

porque
mesmo sabendo que chegarão até o centro terrestre,
vocês ainda não sabem se o trilho até lá vai ter mudado
o ferro pode ter derretido, pode ter chovido no caminho… ou feito mais sol que o
esperado, talvez
o importante é: com vontade de permanecerem juntos,

os morros se tornam ultrapassáveis.
e os problemas encarados por vocês

deixam de ser baseados no conceito de justiça
e passam a ser construídos no conceito cooperação
talvez vocês não aprendam como superar todos os problemas

(ou todos os morros)
talvez vocês não passem pelo percurso total sem nenhum arranhão (ou batida de
trem)
mas garanto que aprenderão a como lidar com os arranhões repentinos que
acontecem sem querer
(e as batidas que de vez em quando aparecem no trem)
e juntos
bem, nesse texto me deparo que as alegorias foram passadas de “pescador” até
“núcleo da terra”…
ambas vindas de pessoas queridas
o que seria eu sem pessoas queridas?
o que seríamos sem elas?
que, mesmo entre trilhos ainda em construção,
a gente acredita que vale a pena a viagem de trem
a viagem vulnerável de cada um.
cara amiga,
ainda aguardo ansiosamente sua resposta.
seis da manhã
é aquele seu nome jogado nos visualizados do meu story, de maneira que nem
percebo mais, não dá mais barulho em mim e passou a passar despercebido
é aquela pessoa que grifa livros sem medo de “estraga-lo” e atribui um sentido (um
novo sentido, um próprio sentido) à aquelas palavras que fizeram um próprio
sentido pra quem as escreveu
é aquela pessoa no metrô que coloca fones ao máximo volume, porque prefere se
prender ao alto som às seis da manhã do que ao barulho próprios pensamentos
: coisas que pensei ao estar no metrô de fones ao máximo volume quando vi o seu
nome.
amor & paixão
estar apaixonado é mais poético que o amor?
“eu quero você, estou te dando essa certeza”

certeza foi a última coisa que tive minha vida inteira.
e essa foi a coisa mais linda que já ouvi e ele me falou como se fosse um “fica, por
favor”
não sei se estar apaixonado é mais poético que amar,

mas amo a paixão
e amo o amor também.
coincidência?
eu precisava e queria encontrar pessoas que sentissem como eu sinto.
até que esse tipo de pessoa chegou até mim
e não é que ela precisava de mim também?
(mesmo com nossos caos e desordem, existem pessoas que precisam de nós.
te prometo.)
”seus textos são vários pensamentos que, mesmos

soltos, se completam ou formam um caminho. é um caos
bem organizado e bem bonito.”
“oceanos se identificam, fazer o que?”
:frases de uma pessoa querida

em madrugadas perdidas escrevi esses textos recitados,

mas não escutados.
e neles questiono certezas que perpetuam entre nós,
juntamente com um mar de descobertas dentro de mim
qué, através de palavras, espero conseguir refletir em
outro mar de um outro indivíduo. indivíduos nós
construídos por memórias efêmeras e aprendizados
internos.
entre textos e poemas gramaticalmente incorretos,

transpasso um percurso de mais uma pessoa comum: eu
mesma; tentando sobreviver um dia de cada vez e
descobrindo que essa é a maneira mais artística e linda
de viver a vida.
ei, por mais complexos que nossos sentimentos possam

ser, nós não estamos só.
com carinho, nick

há alguns anos comecei a escrever, aos meus 16 anos comecei a escrever, mais
precisamente. e agora encontro tudo que senti e transformei em palavras em
um só lugar… que sensação incrível!
existiam coisas que pareciam não mais caber no meu corpo, na minha
cabeça… assim, em escritas rápidas e drásticas consegui atribuir sentido a nós
de pensamentos que passaram por mim, e que talvez tenha passado por você
também.
tudo que está por aqui eu fiz só, em meu quarto - desde as escritas até o mais
mínimo desenho - há muito carinho e vulnerabilidade nesse projeto.
eu gosto de arte, gosto de música brasileira, gosto de palavras específicas,
como: efêmero, genuíno e epifania :) acho que essa sou eu (o resto ainda vou
descobrindo).
e se você chegou até aqui eu só tenho a agradecer. você deve carregar um

coração bom contigo, um oceano dentro de ti, talvez. estou orgulhosa de nós!
@niick.ivy

Corações Que Sentem Demais Transbordam Fácil - Nicole Ivy

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CORAÇÕES

entre textos e poemas

essa é uma carta aberta pra você que

queria escrever uma poesia para você

queria escrever uma poesia para você

queria ter a habilidade de, em frente às 26 letras do alfabeto…

queria escrever uma poesia para você

me sinto idiota escrevendo cartas de amor

no fim de meados de tantos pensamentos

[3 de janeiro de 2022 03:05]

você em três dias

mais três dias eu passei do seu lado

você em três dias me ensina muita coisa:

você em três dias me faz perceber que tudo é passageiro

(e mais especificamente três)

você em três dias me faz questionar sobre despedidas

esses três dias que passaram em questão de segundos

eu sou apaixonada na visão do amor

eu sou apaixonada na visão do amor,

é tão lindo o se permitir ser vulnerável.

o amor é a forma concreta da efemeridade.

eu acredito que uma vez que se ama, aquilo se torna história

e amar vai muito além da paixão,

ama coisas coloridas

amar também é egoísmo,

assim como o amor vai embora, ele volta.

no fim, só queria que você soubesse que

eu gostaria de deixar a felicidade entrar, sabe?

“a louça tá suja, o chão empoeirado, as roupas não lavadas e o tapete fora do

a louça até diminui,

no fim, acabo ainda persistindo em regar as plantinhas e repor constantemente as

talvez eu devesse de fato continuar regando as plantinhas e repor constantemente as

então assim quando você quiser entrar,

seríamos todos nós tão jovens?

não devemos tentar seguir as entrelinhas pontilhadas

sou um alguém que sente demais

caixas essas que carregam memórias de vivências

sabe, é bom se deixar preencher

“viver é brincar com a incerteza”

você merece toda a felicidade do mundo

essa é uma carta aberta pra você que sente demais,

♫ : frágil coração- Rodrigo Alarcon

iniciar esse poema com versos da música exagerado…

“faz tanto tempo que não venho aqui,

Traileirs - Terno Rei

uma carta para você que habita em mim

por que me faz sentir assim?

você não gosta de mim?

com o exagero internalizado,

por que me faz sentir assim?

você não gosta de mim?

eu sei onde você habita

mesmo num riso inconsciente

digo e repito os versos

culpa: essa é uma carta aberta pra você.

mas diferente de você,

deixe-me viver plenamente,

deixe-me entender que as coisas estão fora do meu controle,

a fresta que há em meu armário

tenho duas mãos;

barreiras e mais barreiras

nossa competição de insuficiências nos faz inventores

nas minhas incertezas, passei te construir para um alguém posteriormente melhor