Você está na página 1de 21

3º Trim.

de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

PORTAL ESCOLA DOMINICAL


3º Trimestre de 2019 - CPAD
TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus
nos tem dado
Comentários da revista da CPAD: Elinaldo Renovato de Lima
Comentário: Ev. Caramuru Afonso Francisco

LIÇÃO Nº 3 - A MORDOMIA DA ALMA E DO ESPÍRITO

Alma e espírito formam o “homem interior”, mas, embora inseparáveis, são


distintos.

INTRODUÇÃO

- Já vimos na lição passada que o homem é uma triunidade, residindo aí um dos aspectos da sua posição de
imagem e semelhança de Deus, a saber, corpo, alma e espírito. Esta é a chamada doutrina tricotômica, que é
a que tem respaldo bíblico, já que a visão dicotômica, como visto na mencionada lição, resulta da influência
de conceitos filosófico-religiosos alheios às Escrituras e que, por isso mesmo, foi adotada pela Declaração
de Fé das Assembleias de Deus.

- A alma e o espírito formam o "homem interior" (Rm.7:22; Ef.3:16), a chamada " parte imaterial" do
homem, pois esta parte do homem não é constituída de matéria, como o corpo. Foi esta parte que trouxe vida
ao homem, como se vê em Gn.2:7.

- Alma e espírito são inseparáveis, embora sejam coisas distintas, conforme se observa, claramente, em
passagens bíblicas como Hb.4:13 e I Ts.5:23. Assim, quando ocorre a morte física (ou seja, a separação do
corpo), enquanto o corpo volta à terra, alma e espírito são levados à presença do Senhor (Ec.12:7), para se
submeterem a um juízo provisório (Hb.9:27), até o momento do julgamento definitivo, seja no tribunal de
Cristo, se for integrante da igreja; seja no juízo do trono branco, se não o for.

I - OS SIGNIFICADOS DA ALMA HUMANA

- A palavra " alma", como a maioria das palavras, é " plurívoca", ou seja, tem muitos significados. Assim,
não podemos deixar de observar que nem sempre a palavra "alma", quando se encontra na Bíblia Sagrada,
quer dizer a mesma coisa, variando de passagem para passagem, até porque sabemos que o texto bíblico foi
escrito, primeiramente, em três línguas (hebraico e alguns trechos em aramaico - Antigo Testamento e grego
- Novo Testamento), por pessoas de diferentes classes sociais e em diversas circunstâncias e épocas, o que
faz com que o significado de alguns termos tenham se alterado ao longo dos anos e tempos. Isto ainda
acontece nos nossos dias, tanto que, naturalmente, quando falamos "A propaganda é a alma do negócio", "
não acredito em almas penadas" ou " a minha alma tem sede de Deus", evidentemente não estamos dando à
palavra "alma" o mesmo significado.

- Um primeiro significado da palavra "alma" é o de " essência da vida", " base da vida". Neste
significado, a palavra "alma" sempre se refere à essência, à própria vida. A alma, então, seria o próprio
núcleo do ser humano, a sua individualidade, a sua própria existência enquanto ser vivente. Este é o
significado que adotaremos de alma em nosso estudo. A alma é a parte do homem que o torna diferente de
todos os demais, que o torna distinto dos demais seres, humanos ou não. Na alma, estão a nossa
personalidade, os nossos sentimentos, a nossa vontade e o nosso entendimento. Uma pessoa é diferente da
outra por causa da sua alma, da sua "essência", da sua "base" . É neste significado que podemos dizer, como
o salmista, "A minha alma tem sede de Deus" .

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Eis o que diz a nossa Declaração de Fé a respeito: “…A palavra ‘alma’ tem vários significados na
Bíblia, a saber, o próprio indivíduo: ‘a alma que pecar, essa morrerá’ (Ez.18:4), a pessoa [Ex.1:5; Rm.13:1]
e a vida [Jó 12:10; Mt.10:39]. A alma é a sede do apetite físico [Nm.21:5; Dt.12:20], das emoções [Sl.86:4],
dos desejos tanto bons como ruins [Ec.6:2; Pv.21:10], das paixões [Jó 30:25] e do intelecto [Sl.139:14]. É o
centro afetivo [Ct.1:7], volitivo [Jó 7:15] e moral [Gn.49:6] da vida humana. A alma comunica-se com o
mundo exterior por meio do corpo. É a partir dela que o homem sente, alegra-se e sofre através dos órgãos
sensoriais. Como um dos elementos da natureza essencial do ser humano, a alma é uma substância
incorpórea e invisível, inseparável do espírito, embora distinta dele, formada por Deus dentro do homem,
sendo também consciente mesmo depois da morte física: ‘…vi debaixo do altar as almas dos que foram
mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram.E clamavam com grande voz,
dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra?’ (Ap.6:9,10)…” (Cap.VII, n.5, p.80).

- Um segundo significado da palavra "alma" é o de "vida", de " existência", " sobrevivência",


significado que surgiu em virtude do significado anterior. Como a alma é a sede da individualidade de
alguém, deu-se à palavra "alma" a própria ideia de vida, de existência, de movimento. É por isso que os
seres que se movimentam de um lado para outro, que se locomovem foram chamados pelos antigos de "
animais", ou seja, " seres dotados de vida", " seres dotados de alma" ( pois se pensava que as plantas, por
serem estáticas, ou seja, não se locomoverem, não teriam " vida" neste sentido). É neste significado que
devemos compreender a expressão " A propaganda é a alma do negócio" , ou seja, a vida de um negócio, a
sua existência e sobrevivência depende da propaganda.

- Também é neste significado que devemos compreender a tão polêmica expressão bíblica que se encontra
em Gn.9:4, a saber, " a carne, porém, com sua alma (a Versão Almeida Revista e Corrigida contém uma
variante aqui, substituindo "alma" por "vida"), isto é, com seu sangue, não comereis". Esta expressão não
quer significar, em absoluto, que a alma se confunda com o sangue, como defendem as Testemunhas de
Jeová, mas apenas está afirmando que o sangue é necessário para a sobrevivência, para a existência física,
pois é este o significado de " alma" na passagem bíblica mencionada.

- A palavra " alma" também significa " respiração da vida", pois, como a vida física é indicada pela
respiração, logo se criou a ideia de que a alma está relacionada com o ato de respirar. Por isso, inclusive, a
expressão "último suspiro" para indicar a morte. A alma, que é a vida, foi associada ao ato de respirar, e a
morte, à saída da alma. É o que vemos em passagens bíblicas como Gn.35:18 e I Rs.17:21,22.

- A palavra " alma", muitas vezes, significa " pessoas", " indivíduos" no sentido de que a parte que
distingue cada pessoa de outra é a alma. É assim que vemos a aplicação da palavra em Rm.13:1.

- A alma é a parte do homem interior que nos distingue dos demais seres, onde ficam nossos sentimentos,
nossa vontade, nosso entendimento e nossa personalidade. É a alma que nos faz diferentes dos demais
homens e onde é feita a escolha para servirmos a Deus ou não. Vemos, assim, que é na alma que se encontra
uma parte relevante para cumprirmos a doutrina da mordomia cristã.

II - A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO VIDA FÍSICA

- A alma, sendo a sede de nossa vida, a essência mesma do viver, é a responsável direta pela
conservação da nossa vida. A vida não nos pertence, mas, sim, pertence a Deus, pois foi Ele quem nos deu
o "fôlego de vida" e nos fez " alma vivente' (Gn.2:7).

- O homem, enquanto mordomo do Senhor, deve, sempre, lutar pela preservação da vida humana,

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

seja a sua, seja a de outro semelhante. A luta pela vida e em sua defesa constitui-se um dos principais
deveres que tem o homem enquanto administrador supremo da criação na Terra.

- Deus concedeu-nos a vida e só Ele a pode tirar (I Sm.2:6). Ao homem cabe, simplesmente, preservá-la ao
máximo, de forma a que possa ser vivida, e de forma digna, até o dia em que o Senhor assim o quiser. Dizer
que "a vida é minha", que "eu sou dono da minha vida" são expressões corriqueiras e que ouvimos todos os
dias, mas que representa um ato de rebeldia e de inobservância completa da doutrina da mordomia tal qual
nos ensinam as Escrituras.

- O trabalho divino sempre foi o de preservação da vida, entendendo-se a vida não só como a existência
física, mas como a manutenção de um verdadeiro relacionamento entre Deus e o homem, de uma comunhão
entre Deus e o homem. Foi esta, precisamente, a missão de Jesus, como Ele próprio nos indica ao dizer que
tinha vindo para trazer vida e vida com abundância (Jo.10:10), para fazer o homem passar da morte para a
vida (Jo.5:24). Somente em Deus podemos ter vida, pois Deus tem a vida em Si mesmo (Jo.5:26). O próprio
Jesus identificou-Se como sendo a própria vida (Jo.11:25), tendo o apóstolo dito que n’Ele estava a vida
(Jo.1:4), vida que é a luz dos homens (Jo.1:4).

- Não admira, portanto, que, no mundo onde vivemos, dominado pelo maligno, exista uma verdadeira
"cultura da morte", ou seja, todo um sistema que busca desprestigiar a vida humana, pois o organizador
deste sistema tem em vista matar, roubar e destruir o homem (Jo.10:10), já que é homicida desde o princípio
(Jo.8:44). Assim, devemos ter muito cuidado com os conceitos e valores defendidos pelo mundo, que
buscam, sempre, desvalorizar a vida humana, colocá-la em último plano, abaixo de coisas muito menos
valiosas, como as riquezas, o prazer ou a fama. Nada pode se comparar a este dom divino, que é a vida, algo
que nos foi dado diretamente pelo Senhor, pelo Seu soprar.

- Comportamentos como a defesa do aborto, da eutanásia, do suicídio, do uso terapêutico de embriões


humanos, o uso de drogas, da prostituição, da prevalência das coisas materiais em detrimento do ser humano
são sintomas e demonstrações de que vivemos num mundo que não admite ser subserviente à Palavra de
Deus e aos mandamentos que impõem o respeito máximo à vida humana. Em nosso sistema jurídico, por
exemplo, o crime mais grave, que deveria ser o crime contra a vida, não o é, mas, sim, o latrocínio (roubo
seguido de morte), que é uma ofensa à vida e ao patrimônio de alguém. Aliás, só algumas espécies de
homicídio (que é o crime contra a vida) são consideradas crimes hediondos em nossa legislação e isto por
causa de um amplo movimento desencadeado por uma telenovelista há duas décadas, a demonstrar como,
entre as leis humanas, a defesa da vida ainda deixa muito a desejar.

- Todos os cuidados que devemos ter com o corpo, como vimos na lição anterior, somente serão possíveis se
nos dispusermos, através de nossa vontade, a cumprir o propósito divino. O corpo é um mero instrumento do
homem interior e sem uma disposição de nossa alma em cuidarmos do nosso corpo, que é o tabernáculo da
alma, de nada adiantará todos os conselhos e determinações constantes na Palavra de Deus para a mordomia
do corpo.

- Somente defenderemos a vida, tanto a nossa quanto a de nossos semelhantes, se, efetivamente,
escolhermos servir a Deus, se O amarmos. Jesus disse que somente provaremos que O amamos quando
cumprirmos os Seus mandamentos (Jo.15:14). De nada adianta falarmos no amor de Deus, irmos a todas as
reuniões religiosas de que tivermos notícia, sermos assíduos frequentadores de uma igreja, se não estivermos
dispostos a fazer a vontade de Deus, se não nos submetermos (e quem o faz é a alma) à Sua vontade. Para
defendermos a vida, precisamos amar e só amaremos se nos dispusermos a obedecer a Deus e à Sua Palavra.

III - A ADMINISTRAÇÃO DA ALMA COMO PERSONALIDADE

- A questão da origem da alma tem gerado muitas discussões através dos séculos entre os teólogos, filósofos
e religiosos. A narrativa bíblica que dá ensejo à criação, por Deus, da parte imaterial do homem, em Gn.2:7

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

tem trazido muitas discussões, até porque, na época em que houve a redação do texto por Moisés, não
tinham, ainda, os hebreus uma noção clara a respeito do que era a parte imaterial do homem, algo que foi
sendo gradativamente revelado durante a história de Israel.

- Grande parte dos estudiosos entende que não se pode pensar que a criação do homem interior tenha sido
feita da mesma forma que a criação do corpo. O corpo teria sido formado do pó da terra, mas o texto bíblico
diz que Deus soprou nas narinas do homem, ou seja, transmitiu de Sua própria essência o " fôlego de vida",
tornando o homem "alma vivente". Teria havido, assim, uma transmissão direta de algo próprio de Deus
para o homem, este algo próprio de Deus é que teria constituído a parte imaterial do homem.

- Como este dom divino ao homem passou para os demais seres humanos é outra questão polêmica entre os
estudiosos. Há os que defendem que Deus cria um homem interior a cada instante em que há uma concepção
(a chamada teoria do criacionismo); outros entendem que, no instante da concepção, da mesma maneira que
os pais geram um novo corpo, gera-se, também, um novo homem interior, pois haveria não só uma herança
corpórea mas, também, incorpórea (a chamada teoria do traducionismo) e há, mesmo, aqueles que defendem
que o ser imaterial já exista eternamente e que vem a ocupar os corpos que são concebidos (a chamada teoria
da pré-existência).

- Sem adentrarmos no mérito destas teorias, é importante, apenas, considerar que a teoria da pré-existência
está extremamente influenciada pelo hinduísmo e pela filosofia platônica, não podendo ser aceita, como nos
explica Lewis Sperry Chafer: "…Os advogados desta hipótese reivindicam em bases racionais e totalmente à
parte da autoridade bíblica que, qualquer que possa ter sido a derivação original da parte imaterial do
homem - seja criada ou eternamente existente - é sujeita à reencarnação ou transmigração de um corpo para
outro.(…). Esta teoria, conquanto aceita com várias modificações pelos homens que poderiam se valer da
verdade bíblica, deve sua origem totalmente à filosofia pagã.…" (Teologia sistemática, t.1, v.2, p.580).
Apesar de seu caráter antibíblico, não são poucos os que, dizendo-se evangélicos, têm defendido esta teoria
nos nossos dias.

- De qualquer modo, o texto bíblico de Gn.2:7 ressalta a diferença de natureza entre o homem interior e o
corpo e entendemos que seja este o principal propósito das Escrituras ao nos dar a conhecer esta
peculiaridade da criação do homem. Ao contrário dos demais seres na Terra, o homem é dotado de uma
porção imaterial, que é composta de duas partes: a alma, que o faz um ser diferente dos demais e o espírito,
que o faz um ser que pode relacionar-se com o seu Criador.

- A alma, portanto, é aquela porção do homem que nos permite perceber que somos diferentes dos
demais seres, que nos permite conhecer a nós mesmos, que faz com que sejamos portadores de um
entendimento, de um sentimento, de uma vontade. Esta junção de entendimento, sentimento e vontade é o
que se denomina de "PERSONALIDADE".

- A palavra " personalidade" vem de " pessoa" que, por sua vez, vem de " persona", palavra latina que
significa " pelo som". "Persona" é o nome que recebiam as máscaras dos atores no teatro antigo. Ao
contrário do que ocorre hoje, nos teatros da Grécia ou de Roma, na Antiguidade, os atores não mostravam
seus rostos, mas faziam suas apresentações segurando máscaras que escondiam as suas faces, exatamente
para que o público soubesse que não eram as pessoas que estavam encenando que viviam aquelas situações
mas as "personagens" da peça teatral. A "pessoa" , portanto, era a personagem, um ser diferente daquele
ator que a estava representando no palco.

- A nossa alma, portanto, é a nossa "pessoa", é aquilo que nos faz diferentes dos demais, é a nossa parte
que nos identifica diante de Deus e dos homens. É a nossa alma que contém a nossa "personalidade", aquilo
que nós somos e que, através do corpo, tornamos conhecidos aos homens e a Deus (se bem que Deus não
necessita da exteriorização do nosso corpo para nos conhecer, pois Ele bem sabe o que há no nosso íntimo,
antes que isto venha à tona no mundo exterior - I Sm.16:7; Jo.2:25).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Esta personalidade do homem precisa estar sob o governo de Deus. É algo que também nos foi dado
por Deus (seja desde a transmissão originária, como defendem os traducionistas, seja por uma criação a cada
surgimento de um novo homem, como defendem os criacionistas) e do qual também deveremos prestar
contas diante do Senhor de todas as coisas. Que esta personalidade, que esta individualidade é de Deus não
há qualquer dúvida pelo que está nas Escrituras, como, por exemplo, no Sl.24:1, onde, textualmente, diz-se
que é do Senhor " aqueles que nele (i.e., no mundo) habitam", ou seja, cada indivíduo, cada alma. Em
Ez.18:4, o texto é ainda mais enfático, ao afirmar que " Eis que todas as almas são Minhas (é o Senhor quem
está falando, observação nossa).

- Quantas vezes ouvimos alguém dizer que não pode mudar, que esta é a sua personalidade, é o seu modo de
ser, é o seu temperamento, é o seu caráter, que Deus o fez assim e assim ele será para sempre, tendo os
outros de aceitá-lo "por amor ao próximo". Entretanto, tais pensamentos são totalmente contrários ao que
nos ensina a Palavra de Deus. Esta personalidade, esta "nossa" individualidade, este "nosso" jeito de ser não
é " nosso", mas de Deus. Foi Deus quem nos criou, inclusive a "nossa" alma e ela tem de estar sob o Seu
senhorio. Eis um dos grandes, senão o maior desafio do homem na sua busca de Deus: renunciar-se a si
mesmo, renunciar ao seu "eu", à "sua" personalidade e colocá-la à inteira disposição do Senhor.

- Não há outro caminho para o fiel mordomo do Senhor, não há outro modo para que possamos agradar a
Deus e servi-l’O verdadeiramente. É este o sentido da palavra que Jesus proferiu ao dizer que "quem achar a
sua vida (ou alma) perdê-la-á e quem perder a sua vida por amor de Mim achá-la-á" (Mt.10:39). Se negamos
a nossa própria personalidade, se deixamos de viver para que Cristo viva em nós(Gl.2:20), ou seja, tenha
pleno controle de nossa alma, teremos encontrado a verdadeira vida, que é a comunhão perfeita com o
Senhor, pois a alma é do Senhor e não podemos querer nos afastar d’Ele, o que será morte e a pior de todas
as mortes, a morte eterna, a morte espiritual, a chamada segunda morte (Ap.20:14,15).

IV - A ADMINISTRAÇÃO DAS FACULDADES DA ALMA

- Sendo a sede de nossa personalidade, a alma possui algumas atividades, algumas faculdades que a
compõem e que são, como vimos, o entendimento, o sentimento e a vontade. A reunião destas atividades
compõe a alma, pois é a alma que pensa, que sente e que quer, usando, para isto, do corpo como mero
instrumento. Assim, ao contrário do que dizem os materialistas, não é o cérebro que pensa, nem reações
químicas que geram, em nosso organismo, os sentimentos ou a vontade, mas tais reações químicas ou órgãos
apenas são resultados, efeitos de atos que transcendem a matéria e que são praticados, pensados, sentidos e
queridos pela nossa alma.

- Por mais que a ciência tenha tentado reduzir as sensações, as realizações e os desejos dos homens a simples
dados materiais, sempre têm surgido fenômenos que desmentem estas teses materialistas, um elemento
indicador de que Deus não Se deixa escarnecer e que, frente a cada vez mais intensa rebeldia humana,
mantém-Se no absoluto controle de todas as coisas, impedindo que o vaso de barro possa querer achar-se
mais importante ou entendido que o oleiro.

- A primeira faculdade da alma, ou seja, a primeira atividade que é realizada pela alma é o entendimento ou
intelecto. Os dicionários chegam, mesmo, a dizer que a personalidade é a "individualidade consciente" e que
pessoa "é a substância individual de caráter racional". A capacidade de o homem entender o mundo que está
em volta de si, de ter consciência de si mesmo e do que não é ele próprio está num dos pontos principais da
diferenciação entre o homem e os demais seres criados na Terra. O filósofo grego Aristóteles, aliás, diante
desta distinção, acabou definindo o homem exatamente por esta característica, definição que é a mais aceita
definição de homem de todos os tempos: "o homem é o animal racional".

- O entendimento é mostrado na Bíblia, logo em seu início, como uma das mais caras faculdades peculiares
do ser humano. Dizem as Escrituras que, criado o homem e colocado no jardim do Éden, o Senhor fez com
que Adão desse nome a todas as demais criaturas, o que só foi possível fazer porque o homem era dotado de
entendimento, de intelecto. Adão não só cumpriu com êxito esta tarefa como também percebeu que não

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

tinha uma companheira, ou seja, através desta narrativa, Deus mostra-nos que é através do intelecto, do
entendimento, que percebemos as coisas que estão à nossa volta. Adão, então, notou algo que Deus já havia
notado antes e, em razão desta consciência, Deus acabou por criar a mulher.

- Deus deu ao homem entendimento exatamente para que ele tivesse consciência de seu papel na ordem
cósmica (isto é, na ordem do universo, de todas as coisas criadas) e pudesse entender que é o administrador
supremo das coisas criadas na Terra e que, como tal, domina sobre os demais seres da Terra e está submisso
à autoridade divina. Sem o entendimento, Deus não poderia exigir do homem qualquer prestação de contas a
respeito da mordomia, pois, se o homem não tivesse entendimento, não poderia saber que é um mordomo.

- Quando o homem não tem o entendimento, não é capaz de saber o que é e o que está em sua volta, é um
ser sem razão, é um louco, um insensato, um desvairado, alguém sem juízo. O homem que não compreende
que Deus é seu Senhor e que ele é um simples mordomo é alguém que não usa do entendimento que Deus
lhe deu e, assim, equipara-se ao louco, ao "doido varrido" do nosso linguajar popular (Rm.1:22). É por isso
que, na parábola do rico insensato, Deus chama de louco ao rico (Lc.12:20), porque, apesar de toda a sua
opulência material, não pôde ele entender que nada daquilo era seu e que não tinha domínio algum sobre a
sua vida. Do mesmo modo, no sermão do monte, Jesus recriminou a conduta daqueles que consideram o seu
próximo louco e assim o tratam (Mt.5:22), pois tal julgamento representa um posicionamento de
superioridade em relação ao outro, a assunção de um lugar de juiz do próximo, algo que não nos cabe mas
unicamente a Deus, de quem é o entendimento (Tg.4:11,12).

- O entendimento, conforme têm dito, ao longo dos séculos, os filósofos e teólogos, é uma atividade
humana que envolve três ações, três áreas, a saber: a imaginação, a razão e a memória. Todas estas
áreas não são nossas, embora sejam formadoras de nosso "eu". São do Senhor e devem ser exercidas
segundo a vontade e o propósito de Deus.

- "Imaginar algo é fazer a representação ou imitação mental de alguma coisa. Trata-se do poder de
conceber figuras que a nossa mente tem, conjurando imagens e analogias. As imagens assim produzidas
podem ser de coisas físicas, ou de ideias, conceitos, ideais e aspirações. Uma imaginação pode ser uma
fantasia, uma noção ou uma crença; e, por muitas vezes, é alguma representação falsa, distorcida. Também
pode envolver uma crença falsa, irracional. Também pode envolver um planejamento, de natureza positiva
ou negativa.…" (CHAMPLIN, Russell Norman. Imaginação. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, v.3, p.249). Deus fez o homem com a capacidade de imaginar, de imitar, na mente, o que existe,
de poder conceber coisas novas, ainda não existentes, através da combinação do que Deus criara, como
Adão fez ao dar nome aos demais seres do jardim do Éden.

- A "nossa" imaginação, entretanto, como nos dá conta o próprio exemplo de Adão no jardim do Éden,
deve seguir a orientação de Deus, deve seguir o Seu propósito. Adão deu nome aos demais seres, porque
assim Deus o quis. Entretanto, logo depois, vemos que o primeiro casal, já caído, buscou usar da sua
imaginação para fazer vestes para si (Gn.3:7), expediente que se mostrou ser o menos adequado para a
solução do problema surgido. O pecado faz com que a imaginação do homem seja perversa e grotesca e que
busca tão somente o mal, pois, no pecado, "toda a imaginação dos pensamentos do coração do homem é só
má continuamente" (Gn.6:5), pois, no mundo, como afirma o salmista, "os povos imaginam coisas vãs"
(Sl.2:1), ou seja, coisas despidas de sentido, de senso, de razão.

- Quando observamos a história da humanidade e cada vez com maior intensidade, percebemos como todo o
esforço criativo e imaginativo do homem tem servido única e exclusivamente para a sua própria destruição.
As grandes inovações tecnológicas dos últimos dois séculos quase que instantaneamente ao seu surgimento
foram convertidas como instrumentos de morte e de destruição do próximo, como, por exemplo, a
tecnologia nuclear ou bioquímica ou os meios de transporte e de comunicação. Vivemos um mundo onde as
pessoas defendem a plena e ilimitada liberdade de expressão e de opinião, mas onde, a cada dia, os homens
estão sendo reféns de manipulações e de distorções de um grupo seleto de pessoas que comandam o fluxo de
informações no planeta, fluxo este direcionado para o desenvolvimento de tudo o que não agrada a Deus.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Devemos manter o controle de nossa mente nas mãos do Senhor. Devemos apenas imaginar o que é
bom, o que é proveitoso. Ante o volume incrível de informações que nos são trazidas pelos sentidos a cada
momento, devemos apenas reter aquilo que é bom (I Ts.5:21), esforçando-nos para adestrar a nossa mente à
Palavra do Senhor. É por isso que a felicidade do homem se encontra em meditar na lei do Senhor durante
todo o tempo (Sl.1:2), pois é através do contacto contínuo com as Escrituras que poderemos exercitar a
nossa mente de modo a poder discernir o que é bom do que não é. Se não podemos impedir que os maus
pensamentos e as más mensagens venham a nosso encontro, poderemos, sim, como fiéis e verdadeiros
mordomos, impedir que eles venham a se aninhar em nossas mentes. Como já foi dito por alguém, nós não
podemos impedir que a excreção de uma ave que estiver voando caia em nossas cabeças, mas podemos
impedir que esta ave faça ninho nelas.

- A imaginação abrange a nossa capacidade de planejar, de fazer planos, de projetar situações e


circunstâncias. Neste ponto, também, devemos ter plena consciência de qual é o propósito de Deus para
nossas vidas. Não podemos fazer planos e projetos e submetê-los a Deus, como se nós tivéssemos
qualquer direito de determinar o que Deus deve fazer por nós. Um dos grandes erros dos nossos dias é a
presença deste comportamento por parte de alguns crentes que se comporta como verdadeiro "crente medida
provisória", ou seja, um cristão que, a exemplo do que pode fazer o Presidente da República no Brasil, edita
uma medida provisória, que passa a valer como lei desde o momento da sua publicação, e depois busca que
esta medida seja discutida e aprovada no Congresso Nacional. Muitos crentes tomam a sua decisão, fazem
seus projetos e o colocam em prática e só depois buscam a aprovação divina, achando até que Deus é
obrigado a lhes dar êxito e sucesso.

- Não é, entretanto, este o princípio bíblico que advém da doutrina da mordomia. Bem ao contrário, ensina-
nos Jó que Deus tudo pode e que nenhum dos Seus planos pode ser impedido (Jó 42:1, Versão Almeida
Atualizada). Esta afirmação do patriarca, fruto do aprendizado que teve na sua grande prova, é um exemplo
e uma experiência que deve estar vívida na mente de todos os fiéis mordomos do Senhor. O plano é de Deus,
o projeto é de Deus e devemos apenas executá-los. Recentemente, ouvimos em uma aula do querido e
amado pastor Antonio Sebastião, diretor da FATESA (Faculdade Teológica de Santo André), que, numa
obra, o elemento mais importante é o dono da obra, pois até os projetos do arquiteto somente terão vida e
existência se estiverem de acordo com o querer do dono. O dono da obra da criação é Deus e, ainda que
sejamos criativos e talentosos nos projetos (como o arquiteto), jamais nos esqueçamos de que o projeto
somente se tornará em realidade se for do agrado, da vontade do dono da obra. Jesus, em toda a Sua
Divindade, não ousou criar qualquer projeto ou plano que não fosse da vontade do Pai e, por isso, pôde
dizer, em alto e bom som, " eu Te glorifiquei na Terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer"
(Jo.17:4)

- A segunda área do entendimento é a razão, entendida esta como sendo a capacidade do homem de
estimar, de avaliar, de calcular. Como afirma R.N. Champlin, "…com essa capacidade, através de seus
poderes intelectuais, ele(o homem, observação nossa) é capaz de extrair conclusões lógicas de uma série de
pensamentos organizados…" (Razão. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.5, p.557). A razão é
a atividade do entendimento que permite ao homem tirar conclusões, ter consciência de si mesmo e daquilo
que o cerca. É o que vemos, em algumas passagens bíblicas, conhecido como "exame". Paulo afirma que
devemos, antes de participar da ceia do Senhor, " examinarmo-nos a nós mesmos" ( I Co.11:28) e Jesus nos
ensina que devemos proceder como o construtor que, antes de iniciar uma obra, avalia se tem condições de
terminá-la bem como o rei, que inicia uma guerra, verifica se tem condições de vencê-la (Lc.14:28-32).

- O homem foi feito por Deus um ser racional e deve, portanto, sempre avaliar quais as consequências
de seus atos e como deve proceder para ter este ou aquele resultado. Deus mostra-nos que ao homem
foram dadas condições para que possa compreender, avaliar o Seu senhorio e de nos submetermos, pois
nenhum homem poderá alegar que não teve condições de fazê-lo (Rm.1:18-21).

- O aspecto racional do homem é mais um ponto que o aproxima do seu Criador e que o permite ser

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

chamado de imagem e semelhança de Deus. Com efeito, ao observarmos Deus no ato da criação de todas as
coisas, vemo-l’O avaliando cada ponto da criação. Diz a Bíblia que, após a criação, Deus fazia uma
apreciação do que tinha feito e achava que tinha sido bom, prova de que é um Deus que avalia, um Deus que
julga, um Deus que estima. Verdade é que o homem é apenas uma pálida expressão desta razão divina, razão
esta que está tão longe dos pensamentos humanos como o céu da terra (Is.55:8,9), pois há uma semelhança
com Deus e não uma igualdade. Por isso, devemos sempre colocar, no mínimo, sob suspeita toda e qualquer
doutrina, todo e qualquer pensamento humano que se arrogue como discernidor de toda a lógica divina,
como, por exemplo, a doutrina kardecista.

- Nossa razão deve estar completamente submetida ao senhorio de Deus. Por isso nosso culto é chamado
pelo apóstolo Paulo de culto racional (Rm.12:1). Devemos nos apresentar a Deus como verdadeiros
adoradores, em espírito e em verdade (Jo.4:24). A adoração a Deus envolve, assim, dois elementos: o
espírito e a verdade, verdade esta que resulta de uma avaliação mental, pois é sabido que é a razão aquela
que nos permite identificar entre o verdadeiro e o falso. (Aliás, graças a esta capacidade que Deus nos deu
de distinguir pela razão a verdade da falsidade que foi criada a lógica, parte da filosofia que nos permite
distinguir entre os raciocínios verdadeiros e os falsos, que foi inicialmente desenvolvida, de forma
sistematizada, por Aristóteles).

- É interessante observar que a razão nada tem contra a fé ou contra a espiritualidade do homem. Vez por
outra somos confrontados com a ideia de que a razão está relacionada à ciência, ao materialismo e que tudo
o que é racional é, necessariamente, despido de qualquer contacto com o divino, com o sobrenatural, com o
espiritual. Esta é uma das muitas ideias mentirosas que vêm sendo disseminadas pelo adversário de nossas
almas e que, inadvertidamente, encontra guarida em muitas mentes de cristãos. A ciência verdadeira nada
mais é que a comprovação, por métodos lógicos e humanos, daquilo que Deus já tem revelado através de
Sua Palavra. Quem fez o universo foi Deus e, portanto, tudo o que o homem vier a descobrir estará,
necessariamente, de acordo com o que foi revelado pelo Senhor através das Escrituras. É por isso que Paulo
adverte a Timóteo que combata não a ciência, mas a " falsamente chamada ciência" (I Tm.6:20).

- Quando fazemos uso da razão, já o dissemos, procedemos a avaliações, a julgamentos, a apreciações da


realidade que nos cerca. Deus fez o homem um ser racional. Desta forma, é natural que o homem faça
julgamentos, cálculos e apreciações da realidade. Muitos crentes embaraçam-se com esta afirmação, pois
costumam dizer que Jesus disse que não devíamos julgar o próximo (Mt.7:1), algo que foi, posteriormente,
repetido por Tiago, em texto já referido, inclusive, neste estudo (Tg.4:11,12). Entretanto, devemos entender
bem o que estamos a dizer e o que o textos bíblicos ensinam. O que a Bíblia condena não é o julgamento
feito pelo homem, pois o homem, por ser um ser racional, faz julgamentos e apreciações da realidade por
força da sua própria natureza. Assim, Adão chegou à conclusão de que era um ser solitário, ainda que Deus
não o tivesse falado e tal julgamento não foi, em absoluto, pecado.

- Quando a Bíblia condena o julgamento, temos, aqui, a condenação de algo que não está cometido ao
homem na ordem estabelecida por Deus. As Escrituras proíbem o homem de julgar o seu semelhante, ou
seja, dar um veredicto a respeito da dignidade ou não de outro ser humano, do merecimento ou não deste ser
humano em receber o favor, ou não, de Deus. Observe que Jesus diz que quem fizer julgamento desta
natureza, estará, também, permitindo, pela lei da semeadura, que seja, posteriormente, julgado da mesma
maneira, enquanto que Tiago condena, veementemente, que exteriorizemos juízo a respeito da condição
espiritual de algum irmão. Quem julgará o comportamento espiritual do homem é o Senhor, a quem o
homem deve prestar contas. Não temos o direito de querer que os homens prestem contas a nós pela sua vida
espiritual, pois isto está além do que Deus nos deu na condição de Seus mordomos. Um mordomo não presta
contas a outro mordomo, mas tão somente ao seu Senhor.

- A Bíblia ensina-nos que devemos avaliar a nossa própria condição espiritual, na passagem já mencionada
da ceia do Senhor, de forma que a nós compete tão somente, em assuntos espirituais, cuidar de nossas
próprias vidas, não nos sendo autorizado que julguemos os semelhantes, mas que nos disponhamos tão
somente a sermos instrumentos de Deus para a salvação e aperfeiçoamento dos demais.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Isto, entretanto, nada tem a ver com a capacidade que Deus deu ao homem de tirar conclusões a respeito
dos fatos, inclusive de ordem espiritual. Com efeito, Jesus diz-nos que, pelos frutos das pessoas,
conheceremos se elas são árvores boas ou árvores más (Mt.8:15-20), bem como que seremos capazes de
colocar à prova e identificar os falsos mestres (Ap.2:2). Contudo, isto é resultado de uma razão que está
submissa a Deus, que somente pensa e calcula de acordo com a vontade de Deus e que, por isso mesmo,
embora chegue às suas conclusões, guarda-as para si, sem qualquer intento de julgamento de outrem.

- Uma razão submissa a Deus é uma razão que não faz julgamentos e avaliações segundo a aparência
(I Sm.16:7; Jo.7:24), mas segundo a reta justiça. O critério de julgamento do mordomo deve ser a Palavra
de Deus, a luz que deve iluminar o nosso caminho (Sl.119:105). É este o farol que deve dirigir os nossos
pensamentos e as nossas avaliações. Jamais poderemos olhar para as coisas segundo a aparência (II
Co.10:7).

- A terceira atividade do entendimento é a memória, que deve ser entendida como sendo "…aquele
processo ou faculdade mental de representar na consciência um ato, uma experiência ou uma
impressão pertencente ao passado…" (CHAMPLIN, Russell Norman. Memória. In: Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia, v.4, p.213). O homem foi dotado por Deus de memória, exatamente para que
possa reter todas as informações e conhecimento que vá adquirindo ao longo do tempo. Embora a memória,
segundo as descobertas científicas dos últimos anos, tenha sua atividade corporal vinculada a um dos
hemisférios cerebrais, não é simplesmente uma atividade física, mas se trata de uma faculdade da alma, de
uma atividade que é exercida pela alma e que tem no cérebro a sua projeção corporal.

- Deus dotou o homem de memória exatamente porque o homem foi feito para viver eternamente. Sem
memória, o homem não teria condição alguma de poder reconhecer a grandiosidade do seu Deus nem
tampouco de avaliar o Seu amor e a Sua glória. Uma vez que o homem está sujeito ao tempo, fora da
dimensão da eternidade, é imperioso que o homem seja dotado de memória, para que possa reconhecer a sua
fragilidade e a grandeza do seu Senhor.

- A memória, portanto, deve estar relacionada com estes propósitos divinos, de modo que devemos
sempre nos lembrar do amor de Deus para conosco, da Sua grandiosidade, dos Seus grandes feitos. A
Bíblia sempre nos incentiva a lembrarmos das ações de Deus e o Seu grande amor para conosco. Por isso,
Deus determinou que Israel comemorasse a páscoa, para que sempre se lembrasse do cuidado do Senhor na
libertação de Seu povo (Ex.13:1-16) bem como estabeleceu o altar de sacrifícios (Ex.20:24). Com o mesmo
propósito de não nos deixar esquecer o grande amor mostrado na cruz do Calvário, Jesus instituiu a ceia do
Senhor, que tem na vivificação da memória do cristão um de seus principais objetivos (Lc.22:19). Nossa
memória estará cumprindo a sua mordomia se estiver integralmente relacionada com os feitos e o nome do
Senhor (Is.26:8).

- A memória, entretanto, não deve ser usada quando o assunto não é a glorificação do Senhor, mas o
pecado meu ou do meu semelhante. Quando o assunto é pecado, devemos agir não com memória, mas,
bem ao contrário, devemos esquecer tais coisas. Muitos crentes não têm sido fiéis mordomos do Senhor
porque se martirizam com os seus pecados passados, com os erros cometidos e que já foram perdoados e
purificados pelo Senhor. Deus afirma que de nossos pecados e iniquidades não se lembra mais (Mq.7:8;
Jr.31:34; Hb.8:12 e Hb.10:17), de modo que não poderemos, mesmo, ficar deles nos lembrando, pois fomos
purificados pelo sangue de Jesus de uma forma radical. Por isso, doutrinas como a maldição hereditária e
suas variações, inclusive a que fala em regressões ou confissões de pecados passados, devem estar
totalmente distantes de nossa prática espiritual, pois Jesus já nos perdoou e se O aceitamos, fomos
purificados de todo o pecado e devemos nos conduzir como o apóstolo Paulo que, apesar de ter sido um dos
maiores perseguidores da Igreja antes de sua conversão, dizia em alto e bom som que " uma coisa faço, e é
que, esquecendo-se as coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o
alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus." (Fp.3:13b,14).

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Além de não poder funcionar a memória de um mordomo com os próprios pecados passados, devemos,
também, esquecer as ofensas das quais fomos vítimas por parte de outras pessoas. O perdão é o
esquecimento de que ora estamos tratando e a Bíblia determina que o fiel mordomo de Deus seja um
perdoador. "Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as
vossas ofensas", disse Jesus (Mt.6:15), que, inclusive, não apenas ensinou, mas também fez, como vemos no
instante em que era pregado na cruz, ou no Seu relacionamento posterior com Pedro, que O negou, ou com o
próprio Paulo, que tanto O perseguiu. Quem perdoa, esquece e, portanto, não tem uma memória cheia de
rancor ou de raízes de amargura e ressentimentos, verdadeiras ervas daninhas que põem em risco a própria
salvação e a dos que com ele convivem (Hb.12:15).

- Observemos que, quando aqui falamos em esquecimento, não estamos nos referindo a uma amnésia, a uma
impossibilidade de que um pecado ou uma ofensa de outrem contra nós nos venha à mente ocasionalmente.
Como dissemos supra, não podemos impedir que tais pensamentos se manifestem em nossas mentes, mas, se
Deus nos controla, se somos fiéis mordomos, não permitiremos jamais que estes pensamentos vindos do
passado possam se aninhar em nossas cabeças e gerem comportamentos e condutas nossas que, certamente,
serão atitudes de rebeldia e de inobservância da Palavra de Deus.

- A segunda faculdade da alma é o sentimento. O homem foi feito um ser dotado de sentimento, um ser
sensível, um ser que sente emoções, paixões e dores. A sensibilidade é uma das faculdades da alma e é
através dela que podemos amar, gostar, odiar, aborrecer, chorar, sorrir, enfim, sentir. Deus é um ser sensível
e esta sensibilidade do homem é mais um aspecto que nos mostra que o homem é, sem dúvida, a imagem e
semelhança de Deus. Com efeito, a Bíblia nos diz que Deus é amor (I Jo.4:8b), que é o mais sublime de
todos os sentimentos, que Deus Se aborrece (Pv.6:16), Se alegra (Sl.104:31), Se entristece (Ef.4:30).

- O homem é dotado de sentimento. Após ter percebido estar só, o homem sentiu solidão, o que não foi
agradável a Deus, que, então, criou a mulher. Em seguida à queda, o homem sentiu medo (Gn.3:10) e, como
consequência do pecado, passaria a mulher a sentir muitas dores na conceição (Gn.3:16) e o homem, dores
na luta pela sobrevivência (Gn.3:17). Algum tempo depois, Caim sentiu ira e ódio de seu irmão, a ponto de
matá-lo (Gn.4:5,8).

- Como podemos perceber, portanto, o homem é um ser que sente, mas este sentimento deve ser
disciplinado e conduzido pelo Senhor, se quisermos ser fiéis mordomos. Devemos ter o mesmo
sentimento que houve em Jesus (Fp.2:5). O primeiro sentimento que devemos ter é o de submissão a Deus,
é o de que somos servos e Ele, o Senhor. Foi este o sentimento que norteou a vida de Jesus em Seu
ministério terreno e é o exemplo que devemos seguir. Quando reconhecemos o senhorio de Deus em nossas
vidas, nossas paixões, nossos sentimentos passam a ser controlados pelo Senhor e, assim, não seremos por
eles escravizados. Paulo bem demonstrou isto ao afirmar que, por se rebelarem contra Deus, os homens
foram abandonados à própria sorte, sendo, então, facilmente aprisionados pelos mais perversos sentimentos
(Rm.1:24,26,27).

- É extremamente perigoso quando nos deixamos levar pelas nossas emoções e sentimentos, sem que
eles possam estar sob o controle do Senhor. Observemos, bem, que não estamos, aqui, dizendo que os
servos do Senhor devem ser insensíveis, pessoas que não demonstrem afeto, carinho, amor. Não,
absolutamente não! Quando abrimos as páginas dos Evangelhos, nós observamos um Jesus amoroso, bom,
sensível, extremamente sensível, que Se emocionou (por duas vezes é dito que Jesus chorou). Por diversas
vezes, vemos que Jesus se compadeceu daqueles que o cercavam e compadecer-se é ter o sentimento do
outro, é sentir exatamente aquilo que o outro está sentindo.

- Quando observamos o ministério de Jesus, porém, vemos que os Seus sentimentos eram voltados
para o próximo, para o outro. Jesus jamais Se conduziu de forma a satisfazer as Suas necessidades, jamais
olhou o mundo como um local destinado à plena satisfação de Suas sensações ou de Suas emoções. Muito
pelo contrário, Jesus é fruto do amor altruísta, do amor em relação ao outro e, por isso, deixou a Sua glória

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

para provar o Seu amor para conosco, morrendo por nós quando nós ainda éramos pecadores (Rm.5:8). Os
sentimentos e as emoções levavam em conta o próximo e a glória de Deus.

- Vivemos um tempo em que a frieza é uma constante nas relações entre os homens. O desenvolvimento
tecnológico, a vida agitada das grandes metrópoles, a luta pela sobrevivência e a acirrada competição dos
nossos dias têm tornado os homens insensíveis e sem afeto natural (I Tm.3:3). Mesmo nas igrejas locais, a
proximidade entre os irmãos tem rareado cada vez mais e não é difícil que nos sintamos estranhos ao
término de nossas reuniões, perdidos em uma multidão, algo que é absolutamente contrário ao modelo
bíblico estabelecido para a igreja (At.2:44,46) e que alguns têm aproveitado para disseminar heresias e
falsos ensinamentos, como a substituição da igreja por " células".

- Em virtude disto, não têm sido poucos os artifícios que o homem tem criado para preencher este vazio que
tem causado distúrbios inumeráveis à humanidade, pois, afinal de contas, o homem precisa sentir, amar,
sorrir. Desta necessidade, nascem os expedientes que já conhecemos: as tentativas de substituição do amor
pelo sexo, do companheirismo e da amizade pela companhia esporádica e pela diversão, dos sonhos e
propósitos pelas "viagens" das drogas e demais fantasias enganadoras e até mesmo a experiência genuína
com Deus através de um culto pelo sensacionalismo e pelo emocionalismo de movimentos barulhentos mas
totalmente despidos da presença do Espírito de Deus.

- A mordomia do sentimento leva-nos, obrigatoriamente, à busca do amor divino, o caminho mais


excelente que pode ser trilhado por um verdadeiro mordomo de Deus (I Co.12:31). É preciso que tenhamos
amor a Deus. Ora, amor é apego, é o desejo de se estar junto a alguém. Assim, temos de querer estar junto a
Deus, de nos apegarmos a Ele e só o faremos se observarmos a Sua Palavra, pois só ama a Deus quem
guarda os Seus mandamentos (Jo.15:14). Se amamos a Deus, amaremos o nosso próximo (I Jo.4:20). Assim
fazendo, teremos os melhores sentimentos com o foco no outro e não em nós mesmos e, assim nos
conduzindo, estaremos tendo o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus e, deste modo, nossos
sentimentos gerarão atitudes que correspondem às qualidades do fruto do Espírito (Gl.5:22).

- A terceira faculdade da alma é a vontade. O homem é dotado de livre-arbítrio, ou seja, pode escolher
entre fazer o que Deus quer ou não. Isto percebemos logo na primeira fala de Deus a um homem
especificamente, ou seja, em Gn.2:17, é dito que Deus permitiu que o homem tivesse o poder de escolher
entre obedecer-Lhe, ou não. O próprio Jesus demonstra que o homem foi dotado de livre-arbítrio, ao afirmar
que havia a Sua vontade e a vontade do Pai na oração que proferiu no Getsêmane (Lc.22:42).

- Como bem afirma nossa Declaração de Fé: “…CREMOS, professamos e ensinamos que o homem é uma
criação de Deus (…) Trata-se de um ser inteligente e que foi capaz de dar nome aos animais [Gn.2:19,20],
feito à semelhança de Deus (…); um pouco menor que do que os anjos; coroado de honra e de glória
[Sl.8:4,5] e dotado de livre-arbítrio, ou seja, com liberdade de escolher entre o bem e o mal [Gn.2:16,17].
Mediante a graça, essa escolha continua mesmo depois da queda no Éden: ‘Se alguém quiser fazer a vontade
dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo’ (Jo.7:17)…” (cap.VII,
p.77).

- Somos dotados de vontade, pois podemos querer e desejar algo de nós mesmos. Embora Deus tenha a Sua
vontade (como estudamos na lição nº 1), Ele criou o homem com liberdade e deixa um espaço para a o
homem possa fazer a sua vontade ou a vontade de Deus, o que já vimos ser a " vontade permissiva de Deus".
O homem não é um robô, um autômato, que é programado para executar as tarefas que lhe foram confiadas.
Muito pelo contrário, Deus fez o homem com o poder de escolher, ou não, cumprir o propósito que Deus
tem estabelecido para cada indivíduo.

- O homem, por ser dotado de vontade, é responsável pelos seus atos. Somente a liberdade poderia gerar
responsabilidade pelos atos praticados. Quando vemos que o homem prestará contas pelos atos que tiver
cometido, consequência da sua condição de mordomo, isto somente faz sentido na medida em que o homem
é dotado de livre-arbítrio, da capacidade de escolher fazer, ou não, aquilo que foi determinado por Deus.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

Caso o homem não pudesse escolher, jamais poderia ser obrigado a prestar contas, pois não poderia
responder pelos atos cometidos, já que não teriam tido origem nele mesmo mas em Deus.

- Devemos sacrificar a nossa vontade e fazer a vontade de Deus. Esta realidade é o que Jesus
denomina de "reino de Deus". Na oração-modelo, Jesus diz-nos que devemos pedir a Deus que o Seu
reino venha e que a Sua vontade se faça assim na terra como no céu (Mt.6:10). Ora, ao assim afirmar, Jesus
deixa-nos bem claro que o reino de Deus, ou seja, o governo de Deus, o senhorio de Deus somente é
possível na medida em que a Sua vontade se realiza na terra e no céu. É interessante verificar que Jesus
coloca a terra em primeiro lugar, numa ordem contrária a da criação (cfr. Gn.1:1), exatamente porque está se
referindo a uma comunicação entre Deus e o homem, que é o mordomo na terra (cfr. Gn.1:26). Para que o
senhorio de Deus se estabeleça, é fundamental que a vontade divina se realize na terra e isto somente será
possível na medida em que o homem, que é o supremo administrador da criação na Terra, coloca-se em
atitude de submissão a Deus e sacrifique a sua vontade em favor da vontade de Deus.

- Daí a importância singular que tem o Getsêmane no plano da salvação do homem. Embora tenha sido no
Calvário que Jesus tenha vencido a morte e o pecado, embora a cruz represente o poder de Deus (I Co.1:17)
e seja nela que esteja o motivo de nosso gloriar (Gl.6:14), a cruz não seria possível se, antes, Jesus não
tivesse sacrificado a Sua vontade, decorrente do próprio instinto humano de sobrevivência, em prol da
vontade de Deus. No Getsêmane, temos o primeiro passo para que Cristo fosse vencedor, pois ali o homem
Jesus completou o sacrifício da Sua vontade, aceitando morrer por nós (Jo.6:38). Devemos seguir-Lhe o
exemplo, sacrificando, também, a nossa vontade para que a vontade de Deus se faça plenamente em nós.
Davi foi chamado homem segundo o coração de Deus, exatamente porque se propôs a executar toda a
vontade do Senhor (At.13:22) e Paulo demonstrou, claramente, que o importante é vivermos para cumprir a
vontade de Deus (At.21:13,14). Só quem faz a vontade de Deus permanece para sempre (I Jo.2:17).

- Temos sacrificado a nossa vontade em prol da vontade de Deus ou temos querido servir a Deus do nosso
modo, da nossa maneira, como se pudéssemos agir assim? O verdadeiro mordomo não faz o que quer, mas o
que é da vontade do seu Senhor.

- Este aspecto da mordomia da alma é de suma importância, pois demonstra quão equivocado é o
pensamento dos pregadores da confissão positiva, que defendem que Deus é obrigado a cumprir os nossos
desejos, os nossos caprichos, por causa dos compromissos que tenha assumido em Sua Palavra. Deus é
soberano e faz aquilo que Lhe apraz. Verdade é que cumpre as Suas promessas e que vela pela Sua Palavra
para a cumprir (Jr.1:12). Entretanto, Sua Palavra diz que devemos sacrificar nossa vontade para que a
vontade de Deus se faça em nós.

- Uma passagem muito citada pelos defensores da confissão positiva é a que consta em Jo.15:7, segundo a
qual (para citarmos apenas a parte interessante a estes falsos mestres), "pedireis tudo o que quiserdes e vos
será feito". Entretanto, este versículo, longe de dizer que Deus é obrigado a satisfazer as nossas vontades, é a
conclusão de todo um contexto, que se inicia com as seguintes palavras de Jesus, a saber: "Eu sou a videira
verdadeira e meu Pai é o lavrador" (Jo.15:1). Ou seja, Jesus coloca-Se como sendo o principal servo do Pai,
a videira verdadeira, a principal planta da vinha (e sabemos que a vinha é sempre um símbolo do povo de
Deus na Bíblia), enquanto que Deus é o dono da vinha, o soberano. Diz que nós somos varas, ramos desta
videira e, portanto, dependemos inteiramente de Cristo para que possamos dar fruto. Somente estando em
Cristo é que poderemos dar fruto.

- Ora, se assim é, como afirma a primeira parte de Jo.15:7 (sempre omitida pelos propagandistas da
confissão positiva), é indispensável que estejamos em Cristo e que as Suas palavras estejam em nós, para
que, aí, sim, nós possamos pedir tudo o que desejemos. Ocorre que este desejo não será a nossa vontade, o
nosso capricho, como ensinam estes enganadores, mas, sim, a vontade de Deus, pois, se estivermos em
Cristo, seremos como um ramo enxertado (Rm.11:17,29,24), que passará a ter correndo em si a seiva da
planta, que aqui representa a vontade de Deus. Quereremos apenas o que Deus quer e é por isso que tudo o
que desejarmos será realizado. Algo muito diferente do que andam dizendo por aí.

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

V – SIGNIFICADOS DE “ESPÍRITO”

- A palavra "espírito", na Bíblia, tem vários significados, assim como "alma". A palavra hebraica para
espírito ("ruach"- ‫ )רוח‬pode ser traduzido como "soprar, sopro", como no Sl.18:15, parte final( "…pela Tua
repreensão, Senhor, ao soprar das Tuas narinas") ou "vento", como em Gn.8:1( "…e Deus fez passar um
vento sobre a terra…"). É, também, com estes significados que encontramos, às vezes, a palavra grega
"pneuma" (πνευμα), como em II Ts. 2:8, ("…a quem o Senhor desfará pelo assopro da Sua boca…") e em
Jo.3:8 (" O vento assopra onde quer…").

- A palavra " espírito", a exemplo do que ocorre, também, com a palavra " alma", pode significar, em
algumas passagens bíblicas, "vida" ou " respiração", como, por exemplo, em Gn.6:17 ("…para desfazer
toda carne em que há espírito de vida debaixo dos céus…"), no Sl.146:4 (" Sai-lhes o espírito, e eles tornam-
se em sua terra…").

- Algumas vezes, a palavra " espírito" é utilizada com o significado de "homem interior", ou seja,
refere-se à parte imaterial do homem, o que inclui tanto a alma quanto o espírito. É o que vemos em
Nm.16:22 ("…Ó Deus, Deus dos espíritos de toda a carne…"), em Jó 14:10 ("…rendendo o homem o
espírito, então onde está ?"), em Ec.12:7 ("…e o espírito volte a Deus, que o deu…") e em Hb.12:23 ("…e
aos espíritos dos justos aperfeiçoados…").

- A palavra "espírito" também designa, em algumas passagens bíblicas, os outros "seres espirituais",
ou seja, os seres que não têm corpos físicos, os seres primitivamente celestiais, cuja semelhança com o
homem está, exatamente, em que, a exemplo do homem, também são dotados de espíritos, embora, ao
contrário dos homens, não tenham corpos físicos. É neste sentido que é dito que Deus é Espírito (Jo.4:24),
que os anjos são espíritos ministradores (Hb.1:14) , bem como que o nosso adversário e seus anjos são
espíritos (Jó 4:15, Lc.4:36).

VI - DISTINÇÃO ENTRE ALMA E ESPÍRITO

- Alma e espírito formam o "homem interior". Ambos não são compostos de matéria, diferenciando-se do
corpo neste ponto. Com efeito, a Bíblia registra que Deus formou o corpo do homem da matéria, mas, para
criar a parte imaterial do homem, " soprou em suas narinas" (Gn.2:17), expressão bíblica que indica que o
homem interior não tem qualquer relação com a matéria existente na Terra, mas decorre de uma criação que
advém diretamente da personalidade divina, do ser divino.

- Eis o que diz nossa Declaração de Fé sobre o “homem interior”: “…Praticamente tudo o que a Bíblia diz a
respeito da alma fala também do espírito, pois ambos deixam o corpo por ocasião da morte e sobrevivem a
ela [Ec.12:7; Ap.6:9]. Às vezes, o ser humano é tido como ‘corpo e alma’ [Mt.10:28] e, outras vezes, ‘corpo
e espírito’ [Tg.2:26]. Deus é revelado como espírito [Jo.4:24] ew alma [Is.42:1]. Essa interligação, às vezes,
confunde os termos alma e espírito [Lc.1:46,47]. Entretanto, eles são distintos entre si. O Espírito Santo
opera por meio do espírito humano: ’O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus’ (Rm.8:16); mas isso nunca se diz com respeito à alma humana. A Bíblia fala sobre o homem perder a
sua alma: ‘Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o
homem em recompensa da sua alma?’ (Mt.16:26); essa linguagem, todavia, nunca é usada a respeito do
espírito, A alma e o espírito são substâncias espirituais incorpóreas e invisíveis. Apesar dessas características
comuns, são entidades distintas, porém inseparáveis; são os dois lados da substância não física do ser
humano, o ‘homem interior’ (Ef.3:16). A Bíblia apresenta vários termos para indicar a parte espiritual do ser
humano, além de alma e espírito, tais como mente, vontade [Mc.12:30] e o suo metafórico de coração e rins
[Ap.2:23]…” (cap.VII, n.3, p.79).

- Ao criar o homem interior, diz-nos o texto sagrado que houve o "fôlego de vida" e o homem foi feito
"alma vivente". Ora, isto já é o primeiro texto bíblico que nos mostra haver distinção entre a alma e o

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

espírito. Enquanto "alma vivente", o homem se distingue e se diferencia dos demais seres criados na Terra,
tendo noção da sua individualidade e da sua existência, sentindo, querendo e pensando. Era necessário que o
homem fosse uma "alma vivente" precisamente para que pudesse desempenhar a sua função de dominador
sobre as demais criaturas terrenas, pois só poderia dominá-las se, em primeiro lugar, tivesse capacidade para
tanto, o que lhe adveio pelo entendimento, pela sensibilidade e pela vontade e, em segundo lugar, se fosse
consciente de que era diferente dos demais, se tivesse um sentido da sua própria existência. É, por isso, que
vemos, na Bíblia Sagrada, que o salmista tinha abatimento na alma (Sl.42:5) e Jesus, ao sentir a
aproximação da Sua morte, disse estar com Sua alma triste (Mt.26:38)

- Entretanto, não bastava ao homem, para ser um mordomo, um administrador supremo da criação terrena,
que tivesse entendimento, sensibilidade e vontade. Estas faculdades apenas o permitiam se relacionar com os
demais seres criados, inclusive com os demais seres humanos, mas não lhe trariam noção alguma da sua
condição de administrador, de servo, pois a alma, por si só, era insuficiente para lhe mostrar a realidade de
um Criador, de um Deus que é o Senhor de todas as coisas.

- Ter a noção de que existe e que domina sobre os outros seres é o que nos vem através da alma, mas ter a
noção de que existe um Deus, de que Ele é o Senhor de todas as coisas e que devemos prestar-Lhe contas é
algo bem diverso, algo que somente através de uma parte específica se poderia dar ao homem, pois o
tornaria totalmente distinto dos demais seres, com condições de ser um fiel e competente administrador da
criação na Terra. Esta parte é, precisamente, o espírito, aquele "fôlego de vida", aquele canal de
relacionamento entre Deus e o homem, a parte do homem que mantém nele a noção de Deus e estabelece a
relação indispensável que deve existir entre o mordomo e o seu Senhor. É, por isso, que, em Sua exclamação
final na cruz do Calvário, Jesus dirigiu-se a Deus e, após isto, é dito que rendeu o Seu espírito (Lc.23:46), a
indicar que o espírito está vinculado diretamente ao relacionamento entre Deus e o homem.

- Por ser o responsável pelo relacionamento com Deus, o espírito só cumpre a sua finalidade quando
houver esta relação entre Deus e o homem, quando Deus e o homem se comunicam, compartilham seus
sentimentos e desejos. Este contacto, esta comunicação (que a ação se tornar comum, que é a circunstância
de o que o homem pensa, quer e sente é exatamente o que Deus pensa, quer e sente) é o que denominamos
de "vida espiritual". O espírito humano tem como finalidade estabelecer este relacionamento entre Deus e o
homem e, quando está separado do seu Criador, por causa do pecado (Is.59:2), o espírito fica em profunda
aflição, a principal causa de todos os desvarios e loucuras (Ec.1:17).

- Vemos, pois, que alma e espírito são distintos, têm funções diversas, mas, assim como o corpo, integram-
se numa unidade que permite ao homem exercer a sua mordomia. A alma dá a noção da superioridade que
tem o homem em relação aos demais seres criados na Terra e a de igualdade em relação aos demais seres
humanos nesta sua tarefa de administração, enquanto que o espírito nos faz perceber a nossa condição de
servos diante do Senhor nesta mesma missão que nos foi outorgada.
OBS: "…O homem também é o templo de Deus, e da mesma maneira, constitui-se de três partes. O corpo é como o átrio exterior, com sua
vida visível a todos. Aqui o homem deve obedecer a cada mandamento de Deus; aqui o Filho de Deus serve como substituto e morre pela
humanidade. Por dentro, está a alma do homem, que constitui a sua vida interior e inclui sua emoção, vontade e mente. Tal é o Lugar Santo de
uma pessoa regenerada, pois seu amor (fileo), vontade e pensamento estão plenamente iluminados para que possa servir a Deus como o
sacerdote do passado o fazia. No interior, além do véu, encontra-se o Santo dos Santos, no qual nenhuma luz humana jamais entrou e olho
humano algum jamais penetrou. Ele é o 'esconderijo do Altíssimo", a habitação de Deus. O homem não pode ter acesso a ele, a menos que Deus
queira rasgar o véu, como fez por ocasião da morte de Cristo (Mt.27.51). Ele é o espírito do homem. Este espírito jaz além da consciência
própria do homem e acima da sua sensibilidade. Aqui o homem une-se a Deus e tem comunhão com Ele, mas sempre por meio do corpo. Este
argumento esboça o seguinte, na presente analogia do corpo como templo de Deus: nenhuma luz é fornecida para o Santo dos Santos porque
Deus habita ali.(…). No Santo dos Santos, portanto era desnecessária a luz, porque ' Deus é luz' (…). Seu espírito é como o Santo dos Santos
habitado por Deus, onde tudo é realizado pela fé, além da vista, sentidos ou entendimento. A alma simbolizava o Lugar Santo, pois ela é
amplamente iluminada com muitos pensamentos e preceitos racionais, conhecimento e entendimento concernente às coisas do mundo idealista e
terreno. O corpo é comparado ao átrio exterior, claramente visível a todos.…" (SILVA, Severino Pedro da. Epístola aos hebreus: as coisas
novas e grandes que Deus preparou para você, p.75-6).

VII - AS FACULDADES DO ESPÍRITO HUMANO

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

- Tendo visto que o espírito não se confunde com a alma, embora, muitas vezes, o texto bíblico a eles se
refira em conjunto, por serem ambas a parte imaterial do homem, é preciso observar quais são as faculdades
do espírito. Segundo os estudiosos, podemos distinguir no espírito humano duas faculdades: a fé e a
consciência.

- Com efeito, quando falamos do relacionamento entre Deus e o homem, ao analisarmos a Bíblia Sagrada,
vemos que este relacionamento foi estabelecido dentro de duas atividades fundamentais para o homem, sem
o que ele não poderia se relacionar com o seu Criador. A primeira dessas atividades é a fé, pois " sem fé é
impossível agradar-Lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe
e que é galardoador dos que O buscam" (Hb.11:6).

- Não podemos pensar num relacionamento entre Deus e o homem se o homem não crer que Deus existe e
que é o Senhor de todas as coisas. Dotado por Deus do livre-arbítrio, o homem tem, como já vimos supra, o
poder de escolher entre servir a Deus, ou não, entre fazer o que Deus manda, ou não. Ora, para que faça o
que Deus quer, para que escolha servir a Deus, precisa crer em Deus, ou seja, acreditar, confiar no Senhor,
dar crédito às Suas Palavras.

- Quando Deus disse ao homem que não deveria comer do fruto da árvore do bem e do mal, colocou em
ação, precisamente, esta faculdade do espírito humano e o pecado só entrou no mundo porque o primeiro
casal não creu em Deus, achando que, ao comer do fruto proibido, tornar-se-iam iguais a Deus, crendo,
assim, na mentira da serpente.

- Um relacionamento entre Deus e o homem só é possível porque o homem é capaz de perceber a


existência de Deus, porque o homem é capaz de vislumbrar, pelas obras da criação e, diante de sua
pequenez e limitações, de que há um ser supremo, que governa todas as coisas, ser este que outro não
é senão Deus. Esta crença em Deus é a fé natural, a fé que é uma faculdade do espírito humano e que está
presente em todos os homens pelo simples fato de serem humanos.

- Todos os homens, portanto, têm condições de crer na existência de Deus e Deus a eles Se revela, seja
através da natureza (Rm.1:20-22), seja através da consciência (Rm.2:12-15), seja através de Israel
(Ex.19:5,6), seja através de Jesus (Jo.1:14), seja através das Escrituras (Rm.15:4), seja através da Igreja
(Rm.10:8; II Co.3:2,3).

- Verdade é que, em virtude do pecado e dos seus efeitos, o espírito humano é tolhido e dominado pela
natureza pecaminosa, que a Bíblia denomina de "carne", estabelecendo um conflito interno no ser humano,
sobre o qual falaremos infra, impedindo, assim, que esta percepção da existência do Criador possa ditar
regras de vida para o homem que, perdido e dominado pelo pecado, chega até o extremo de negar a própria
existência divina, revelando toda a sua situação de desgraça e ignorância (Sl.14:1; 53:1).
OBS: "…O plano de Deus na criação foi o de dar ao homem a capacidade de conhecer o seu Criador, bem como o de ser capaz de conhecer as
realidades espirituais em geral. Deus criou [o homem, observação nossa] de tal modo(…) que(…) pode, por seus dotes naturais, entender tais
coisas.(…). A fé não pode ser destruída, tal como não poder destruída a alma. A fé, porém, pode ser ocultada pela mente consciente, devido à
perversão do indivíduo, ou podemos negligenciar-lhe o desenvolvimento nas coisas espirituais. Tão completo pode ser esse bloqueio da fé que
nenhum único raio de luz venha a iluminar a mente física, a consciência. Assim, um homem pode chegar a nem mesmo crer na existência de sua
própria alma, ou na existência do seu Criador. No entanto, [o homem, observação nossa] (…) sabe da verdade dessas coisas, a fé continua
existindo - mas não pode esse conhecimento ser transmitido ao indivíduo consciente.…" (CHAMPLIN, Russell Norman. Fé. In: Enciclopédia de
Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.694).

- É interessante notar que, na filosofia, na ciência e na teologia, os homens chegaram à constatação, ainda
que por outras vias que não a Bíblia Sagrada, da realidade da existência desta fé natural. Os filósofos e
cientistas, de forma consensual, têm reconhecido que todo conhecimento, ainda que procure ser criterioso e
fundado em provas e demonstrações, depende de alguns pontos de partida, de alguns princípios que devem
ser adotados sem comprovação, que devem ser aceitos. Insistem eles que esta aceitação é resultado de uma
"intuição", de uma " evidência", de uma " necessidade lógica", mas, no fundo, o que se está a dizer é que,
por mais que o homem exija provas e demonstrações para aceitar como verdadeiras algumas conclusões,

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

jamais poderá partir do nada, deve, pelo menos, aceitar como verdadeiros alguns postulados, alguns
princípios que não são capazes de qualquer demonstração, ou seja, deve crer em alguma coisa, sem o que
não é possível qualquer atividade racional. Esta crença, esta aceitação nada mais é do que o reconhecimento
de que o homem precisa crer para desenvolver todas as suas potencialidades, de que o homem é dotado de
uma fé que é indispensável para a sua própria existência. Esta crença, fundamental e indispensável para todo
o conhecimento, é o que caracteriza uma das faculdades do espírito humano.

- Esta fé, que denominamos de fé natural, porque decorre da própria natureza do homem, é fruto da sua
criação enquanto imagem e semelhança de Deus, não pode ser confundida com a fé salvadora, com a fé
que é fruto do Espírito e com o dom espiritual da fé, que são conceitos distintos e sobre os quais falaremos
aqui, apenas de passagem, para diferenciá-los da fé natural de que estamos a falar.

- A fé salvadora é um dom de Deus (Ef.2:8). É a capacidade que Deus dá ao homem para crer que Jesus
Cristo é o Senhor e Salvador e, portanto, que devemos nos arrepender de nossos pecados e passar a servir-
Lhe, passando a fazer a Sua vontade. Quando o homem pecou, perdeu a condição de poder retornar a uma
vida de comunhão com Deus. O pecado fez separação entre Deus e o homem e o homem não tinha como
salvar-se. Por isso, o próprio Deus deu-lhe a boa notícia (o evangelho), ainda no jardim do Éden, de que
alguém, da semente da mulher, iria esmagar a cabeça da serpente e triunfar sobre o mal, proporcionando um
meio de o homem recuperar a comunhão perdida com Deus. Para que o homem possa salvar-se, além de
Jesus ter vindo ao mundo e morrido em nosso lugar, é preciso que sejamos convencidos de que somos
pecadores e nos arrependamos e este convencimento exige a crença na obra salvadora de Jesus. Esta crença,
esta fé, que nos traz a salvação, vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Rm.10:17). Esta fé não é de
todos (II Ts.3:2), ao contrário da fé natural.

- A fé fruto do Espírito Santo (Gl.5:22) é o resultado da transformação operada pela salvação. Quando
cremos em Cristo, tornamo-nos uma nova criatura (II Co.5:17) e passamos a ter um novo caráter, uma nova
conduta, a apresentar novas qualidades, entre elas, a fé, que nada mais é do que um comportamento de quem
tem confiança em Deus, que tem consciência de que Deus está no controle de todas as coisas, tanto assim
que esta qualidade do fruto do Espírito está relacionada com a bem-aventurança dos que têm fome e sede de
justiça, pois a confiança em Deus nos permitirá receber a fartura do Senhor (Mt.5:6). Esta fé também não é
de todos, mas só daqueles que creram em Jesus e foram nascidos da água e do Espírito (Jo.3:8), daqueles
que foram gerados de novo para uma viva esperança, para uma herança incorruptível(I Pe.1:3,4) e que se
constitui num dos instrumentos para a nossa perseverança (I Pe.1:5). É a fidelidade a Deus.

- O dom espiritual da fé (I Co.12:9), por fim, é um dos chamados dons de poder que o Espírito Santo
deixa à disposição da Igreja. Trata-se de uma confiança extraordinária, especial que faz com que pessoas
tenham uma crença pontual além dos limites do imaginável e que, mediante esta confiança, realizem coisas
que estão além do alcance da imaginação humana. Temos sempre ouvido ações e gestos de servos do Senhor
que, tomados pelo Espírito com uma fé excepcional, agem de acordo com a vontade de Deus e servem para
a Sua glorificação. Assim, por exemplo, agiu Paulo no navio que o levava a Roma, ao usar de autoridade
para impedir que algum mal se fizessem aos presos e, assim, sendo um simples prisioneiro, dirigir e
comandar a própria salvação de todos os que ali estavam.(At.27:30-36). Esta fé é apenas daqueles salvos que
são aquinhoados pelo Espírito Santo com este dom e devem exercê-lo sempre em vista do consolo,
admoestação e conforto da Igreja.

- Para haver um relacionamento entre Deus e o homem, entretanto, embora seja necessário que o homem
creia, confie em Deus, isto não é suficiente para que se estabeleça um relacionamento. Deus é superior ao
homem, Seus pensamentos e caminhos são muito superiores aos do homem e, desta forma, não haveria
como o homem, por si só, chegar ao mesmo nível de Deus, a fim de se pudesse instituir uma relação entre
eles. Por causa disto, Deus dotou o homem de consciência, ou seja, da capacidade de saber o que é certo e o
que é errado, quase que como uma voz do próprio Deus no interior do homem, a permitir-lhe saber o que
deve e o que não deve ser feito. Deste modo, através da consciência, o homem poderia saber qual é a
vontade de Deus e, assim, poder estabelecer um relacionamento apesar da infinita distância entre o Senhor e

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

Seu mordomo.

- A consciência é, assim, a faculdade do espírito que nos permite saber o que é o certo e o que é errado,
um verdadeiro tribunal que existe em nosso interior a nos dizer quando estamos acertando e quando estamos
errando, algo que existe em todo ser humano, se bem que o pecado gere, como efeito, o embrutecimento do
homem, a ponto de ele chegar a ter a própria consciência cauterizada (I Tm.4:2), ou seja, completamente
sufocada e inoperante.

- A consciência, desde a Antiguidade, já era considerada como esta voz de advertência, esta instância
julgadora no interior do homem. O filósofo grego Sócrates a ela se refere e os filósofos estoicos
(mencionados em At.17:18) a consideravam uma " fagulha do ser divino no homem", figura que acabou
sendo trazida para os discursos filosóficos e teológicos cristãos mas que deve ser acolhida com cuidado,
pois, se é verdade que a consciência é algo que traz para o interior do homem a moralidade divina, é algo
que vem da parte de Deus, mas que com Deus não se confunde. Os estoicos eram panteístas e, portanto,
consideravam que Deus e a Sua criação se confundiam, o que sabemos não ser o ensinamento da Bíblia
Sagrada.

- A consciência é a capacidade que temos de distinguir o certo do errado, mas, nem por isso, o homem
está isento de errar. Através da consciência, Deus permitiu ao homem discernir entre o que é correto, o que
está de acordo com a vontade divina e o que não o é, mas, devemos lembrar, o homem é livre, ou seja, pode
escolher entre fazer o certo, ou não. Se fizer o errado, acabará dominado pelo pecado, sem condições de se
libertar, a não ser por intermédio de Cristo Jesus, como podemos observar nas Escrituras em diversas
passagens (v.g., Gn.2:16,17; 4:6,7; Jo.8:31-36).

- Somente quando o espírito está em comunhão com Deus, somente quando há um verdadeiro
relacionamento entre Deus e o homem, podemos ter uma consciência sensível e obediente à voz do Senhor.
Esta é a consciência sem ofensa (At.24:16) e a consciência pura (I Tm.3:9) de que fala o apóstolo Paulo.

- A consciência, embora seja a capacidade que Deus deu ao homem para que distinga o certo do errado, ou
seja, embora seja a capacidade que Deus deu ao homem para entender a lei de Deus, é uma faculdade do
espírito humano e, por isso, não é uma partícula de Deus no homem, mas uma forma de o homem poder
entender e discernir a vontade de Deus em sua existência, em seu ser. Daí porque haver diversas
qualificações da consciência na Bíblia Sagrada, algo que somente é possível porque a consciência é do
homem e não de Deus. Em sendo a consciência humana, é por isso que podemos falar em consciência fraca
(I Co.8:7,12), em consciência má ou contaminada (Hb.10:22; Tt.1:15). Como diz Russell Norman Champlin,
a consciência é qualificada "…dependendo de como o espírito humano reage ao Espírito de Deus…"
(Consciência. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.1, p.870).

VIII - PECADOS CONTRA O ESPÍRITO HUMANO

- Já que pudemos ver no que consiste o espírito humano e quais são as suas faculdades, vejamos, a partir de
agora, como deve ser o relacionamento entre Deus e o homem no que se refere às faculdades espirituais,
pois, assim como o corpo e a alma, o espírito do homem tem funções e tarefas precisas e determinadas pelo
Senhor e que compõem a sua mordomia.

- Tem-se como evidente, logo de início, que a mordomia espiritual é a mais delicada e a mais importante,
pois o espírito lida diretamente com o relacionamento entre Deus e o homem. é o espírito a parcela do ser
humano encarregada, justamente, de estabelecer a comunicação com Deus e, se tal comunicação não se der
de maneira correta, jamais o homem poderá ser um mordomo de acordo com os princípios estabelecidos
pelo Senhor.

- O espírito humano, enquanto a parte do homem responsável em estabelecer a relação entre Deus e o

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

homem, deve, como vimos, fazer com que a fé natural e a consciência transformem-se em obediência,
em submissão à vontade de Deus. Este é o sentido da chamada "lei do espírito de vida" mencionada por
Paulo em Rm.8:2. Andar em espírito é andar segundo os ditames da fé natural e da consciência que, libertas
do pecado por Jesus Cristo, passam a ser guiadas pelo Espírito Santo e a fazer o que é agradável a Deus, a
saber, a vivermos obedientemente segundo a Sua vontade.

- Cumprimos, portanto, a mordomia do espírito quando obedecemos a Deus e somente obedeceremos


a Deus se o nosso espírito estiver em comunhão com o Espírito de Deus, isto é, se aceitamos a Cristo
como nosso Senhor e Salvador e, a partir daí, fazemos o que Deus quer que façamos. É neste sentido que a
Bíblia diz que "fomos vivificados em Cristo" (I Co.15:22,45). Quando cremos em Jesus e nos arrependemos
de nossos pecados, o Seu sangue nos purifica de todo o pecado (I Jo.1:7) e nascemos de novo, ou seja, o
espírito nosso, que estava morto, separado de Deus por causa do pecado, é religado a Deus, entra em
comunhão com ele e, deste modo, passa a ter vida (Jo.5:24). Jesus é a vida (Jo.14:6), n’Ele está a vida
(Jo.1:4), precisamente porque, através d’Ele, obtemos o restabelecimento da comunicação entre Deus e o
homem, entre o espírito humano e o Espírito de Deus.

- Uma vez restabelecido o contacto, a comunhão, a vida em comum entre o espírito humano e o Espírito de
Deus, passamos a ter não somente uma fé natural, mas a fé salvadora e a fé fruto do Espírito Santo, mediante
as quais perseveraremos até o último dia de nossa existência física nesta Terra. O contacto, também,
permite-nos ter uma consciência sensível, viva e aguçada, a consciência sem ofensa e pura já mencionada
supra, passando, então, a ter um amplo discernimento espiritual, que o apóstolo Paulo denomina de "mente
de Cristo" (II Co.2:9-16).

- A mordomia do espírito, portanto, cumpre-se se e somente se alcançamos a salvação em Jesus Cristo


e nesta salvação perseveramos até o fim. É esta comunhão espiritual que nos torna filhos de Deus e nos
traz a certeza da salvação (Rm.8:16). A mordomia do espírito traduz-se em obediência e um espírito em paz
com Deus (Rm.5:1) e um espírito que, mesmo em meio às mais duras adversidades, pode falar do seu íntimo
que não é desobediente à visão celestial (At.26:19).

- A mordomia do espírito é fundamental para que o homem possa cumprir todas as demais áreas da
mordomia. Não é possível que um ser humano possa ser um fiel e sincero mordomo, cumpra com êxito a
missão, a tarefa que lhe foi outorgada por Deus se não estiver cumprindo a mordomia do espírito. É verdade
que um homem é um todo e que, por exemplo, se não cumprir a contento a mordomia do corpo ou da alma,
que vimos nas lições passadas, também não será um mordomo fiel e sincero, mas o espírito é a fonte de
todos os demais aspectos da mordomia. Se tivermos um espírito que não cumpre a sua mordomia,
automaticamente teremos o descumprimento da mordomia nas demais áreas, enquanto que, se alguém
estiver cumprindo a mordomia do espírito, a tendência inevitável será o do desenvolvimento e adequação
das demais áreas da mordomia.

- O espírito humano deve cumprir a sua mordomia de modo prioritário. Deve ser esta a primeira
preocupação do ser humano: estar em comunhão com o Senhor. Jesus mostra-nos esta realidade ao
determinar, no sermão do monte, que devemos buscar primeiro o reino de Deus e a sua justiça (Mt.6:33).
Sem que tenhamos o domínio de Deus sobre o nosso espírito, de nada valerá tudo o que fizermos, pois tudo
o mais será vão e sem qualquer sentido. Ou estabelecemos um relacionamento de comunhão com Deus em
nosso espírito, sendo-Lhe obedientes ou de nada adiantará todo o esforço que viermos a fazer para
atendermos aos parâmetros divinos no restante de nossa vida. De que adianta o homem ganhar o mundo
inteiro e perder a sua alma? (Mt.16:26). Por isso que o apóstolo, ao falar sobre a santificação, começa pelo
espírito e termina pelo corpo (I Ts.5:23). O espírito é o início de todo relacionamento com Deus e deve ser a
prioridade do nosso serviço, de nossa mordomia.

- Esta necessária prioridade do espírito, para que se possa cumprir a sua mordomia, revela-nos o conflito que
existe dentro de cada ser humano, que Paulo bem retratou na epístola aos Romanos. É o conflito entre a
carne e o espírito, que não deve ser confundido com um conflito entre corpo e homem interior, como fazem

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

os hinduístas ou como descreveram alguns filósofos, em especial, o filósofo grego Platão, que muito
influenciou o pensamento ocidental, inclusive alguns filósofos e teólogos cristãos.

- A Bíblia diz-nos que existem, em nós, duas forças de atração: a lei do espírito, que nos relaciona com
Deus, que nos faz sedentos de Deus e a carne, que é a natureza pervertida do homem, surgida com o pecado,
que busca, sempre, a gratificação, a alegria e a satisfação do "ego" humano a partir dos sentidos. O pecado
domina o homem através desta natureza pervertida, que tem como papel a sufocação do espírito humano. O
homem, uma vez adquirida a consciência, inevitavelmente, em virtude desta natureza que nos vem dos
nossos primeiros pais, peca e não tem condições de se libertar, por si só, do domínio do pecado,
consubstanciado nesta própria natureza, que a Bíblia denomina de carne, de onde vem a concupiscência que
nos faz pecar (Tg.1:14).

- Quem anda segundo a carne, não anda segundo o espírito, sendo impossível que alguém que viva segundo
a carne possa agradar a Deus (Rm.8:1-9). Quando cumprimos a mordomia do espírito, mantemos a natureza
carnal sob controle, crucificada (Gl.5:24) e mortificada, assim como quando Jesus viveu enquanto esteve na
terra (I Pe.3:18).

- Por isso, a Bíblia afirma-nos que temos condições de saber a situação espiritual de alguém, pois, no sermão
do monte, Cristo nos afirma que conheceremos as pessoas pelos seus frutos (Mt.7:15-20), tendo o apóstolo
Paulo mostrado bem quais são as obras daqueles que vivem segundo a carne (Gl.5:19-21). Lembremo-nos,
porém, que tal ciência não tem o propósito de nos fazer juízes dos semelhantes, mas é um conhecimento
para nos permitir desviar do mal e interceder para a salvação do próximo.

- Os pecados espirituais, ou seja, os pecados cometidos contra o espírito humano são aqueles que
nocauteiam, que destroem de pronto o relacionamento do homem com Deus e, portanto, são aqueles que,
embora não sejam mais graves (pois para Deus não há pecado mais grave ou menos grave, todos geram a
morte), são a fonte de todos os demais pecados e, deste modo, têm um maior poder destrutivo, já que abismo
chama outro abismo.

- O primeiro pecado que se comete contra o espírito humano é a incredulidade. A incredulidade é a


incapacidade de se crer, é a destruição da eficácia da fé natural que existe no homem. A incredulidade como
que cega o entendimento do homem e ele não consegue crer que Deus existe ou que é galardoador daqueles
que O buscam. Através da incredulidade, o espírito humano é sufocado e o homem descrê no que Deus diz e
no que Deus fala. Este descrédito em Deus faz com que o homem Lhe desobedeça, pois a obediência é
resultado direto da confiança e da fé. Assim, o primeiro casal não creu na palavra que Deus lhes havia dito a
respeito da morte se tomassem do fruto proibido e comeram do fruto. Por que comeram? Porque não
acreditaram, deixaram de crer que, se dele comessem, morreriam. Por causa da incredulidade, Caim matou
seu irmão Abel. Por que matou Abel? Porque não creu na palavra que Deus lhe dissera no sentido de que, se
bem fizesse, seria aceito do Senhor mas, se não o fizesse, o pecado lhe dominaria. Por que os israelitas que
saíram do Egito, de vinte anos para cima, não entraram em Canaã? (Nm.26:2,64,65) Por causa da sua
incredulidade (Hb.3:19). Por que os nazarenos, concidadãos de Jesus, não viram tantas maravilhas nem se
beneficiaram do poder do Senhor como os das demais cidades? Por causa da sua incredulidade (Mt.13:54-
58). E, amado(a) irmão(ã), como está a nossa fé em Deus ?

- Deixando de crer em Deus, o homem passa a cometer toda sorte de pecados contra o espírito, pois a falta
de crédito que se dá a Deus gera uma série de anomalias. A primeira é a convicção que se cria, falsamente,
no ser humano, de que ele pode se igualar a Deus. O diabo cometeu este pecado, pois quis ser igual a Deus
(Is.14:14), tendo induzido o primeiro casal a querer o mesmo (Gn.3:5,6). Este desejo de independência de
Deus, este ilusório sentimento de autossuficiência nada mais é que o pecado de orgulho, de soberba,
sendo uma das coisas que existe no mundo, este sistema cósmico dominado pelo mal (I Jo.2:16).

- Vivemos um tempo em que as pessoas se sentem independentes de Deus, " donas de seus narizes", que
não aceitam se submeter a quem quer que seja. " Ninguém manda em mim", "faço o que eu quero", "quem

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

cuida da minha vida, sou eu", são frases corriqueiras no nosso dia-a-dia, como dissemos na lição nº 1 deste
trimestre. Estas expressões revelam o pecado do orgulho, o sentimento de insubmissão a Deus. Esta soberba,
entretanto, tem um trágico final, pois Deus não permite que Sua glória seja dada a outrem e, mais cedo ou
mais tarde, a pessoa soberba será humilhada, como foi o rei Nabucodonosor (Dn.4:30-32).

- O mundo está impregnado da mentira satânica da autossuficiência e da independência de Deus. O orgulho


e a soberba dominam os corações e as mentes dos homens sem Deus e sem salvação. O movimento Nova
Era tem, em suas diversas ramificações e expressões, querido convencer os homens de que eles são
"deuses", "pequenos deuses", "partículas divinas" e que, por isso, podem fazer o que quiserem, não devem
satisfação a ninguém a não ser a eles mesmos. São mentiras que devem ser rechaçadas com veemência pelos
fiéis e sinceros mordomos do Senhor. Até mesmo no meio evangélico estão surgindo pensamentos desta
natureza, dizendo que Deus é obrigado a fazer isto ou aquilo e que os servos de Deus, por serem "filhos do
Rei", podem declarar, determinar ou mandar isto ou aquilo para que Deus faça. Rejeitemos estes falsos
ensinamentos e o afastemos de nossas mentes, pois somos servos, devemos tão somente obedecer e cumprir
a vontade do Senhor em nossas vidas. O nosso espírito testifica com o Espírito de Deus que somos filhos e,
portanto, é Ele o Pai, é Ele quem dá as ordens, é a Sua vontade que devemos fazer.

- Outro pecado decorrente da incredulidade é o egoísmo. Quando passamos a não dar crédito a Deus e a
acharmos que somos d’Ele independentes, imediatamente começamos a valorizar a nós mesmos. Passamos a
querer satisfazer os nossos desejos, os nossos sentimentos. Colocamo-nos como centro do universo e o
mundo passa a girar em volta de nós, ou antes, passamos a agir como se o mundo girasse em volta de nós. É
por isso que, numa visão egoísta, o próprio Deus se transforma em um ser que está à disposição dos
caprichos da pessoa, que se sente o centro do universo. Foi, exatamente, este sentimento que o diabo tentou
despertar em Jesus, na terceira tentação, mas o Senhor rejeitou esta oferta (Mt.4:8-10). O egoísmo é uma
forma de idolatria. Passamos a idolatrar a nós mesmos, ao nosso "eu" e esquecemos das pessoas que estão à
nossa volta e do próprio Deus, Que está acima de nós. O egoísmo é a semente que traz toda a gama de
pecados contra o corpo e contra a alma. No egoísmo, está a fonte de práticas como a prostituição, a inveja, o
amor do dinheiro, entre outros.

- Também é consequência da incredulidade a idolatria. O pecado de idolatria somente se explica diante


da rebeldia do homem, da falta de crédito que dá às palavras de Deus e da sua consideração como um ser
autossuficiente e independente de Deus. Assim agindo, o homem, logo, sente uma angústia, uma falta de
sentido para todas as coisas e, diante de sua pequenez, acaba criando a ideia de seres que lhe são superiores,
mas que não seriam o Deus que foi rejeitado e recusado.

- Surge, então, a presença dos ídolos, dos deuses e semideuses, que são o fruto da corrupção do
entendimento humano e do sufocar da fé natural do espírito. Ao contrário do que dizem a maior parte dos
antropólogos e dos sociólogos, que procuram ver no politeísmo o início da vida religiosa dos homens, é, na
verdade, a corrupção do entendimento e da crença primitiva em um único Deus que dá origem às religiões
pagãs e idolátricas que existem, como bem demonstrou Don Richardson em sua obra "O fator
Melquisedeque", cuja leitura recomendamos. As Escrituras são claras em afirmar que a criação e adoração
de ídolos, de outros deuses, é consequência direta da rebeldia humana, da insubmissão, como se vê em
Jr.10:1-16 e Rm.1:21-23.

- Não nos esqueçamos, ademais, que a idolatria não se caracteriza, apenas, pela adoração a imagens de
escultura, de madeira ou coisas similares, mas pela colocação de qualquer coisa em lugar de Deus como
prioridade nas nossas vidas. Há muitos idólatras que não adoram imagens, mas que têm o dinheiro como
razão de ser de suas existências, o que é servir às riquezas e quem serve às riquezas, não poder servir a Deus
(Mt.6:24). A avareza, aliás, é explicitamente chamada de idolatria (Cl.3:5). Devemos amar a Deus sobre
todas as coisas (Mt.22:37).

- Como temos notado, o pecado contra o espírito causa o embrutecimento do homem, a sua perda de
sensibilidade espiritual. Com efeito, quando advém o pecado, há a imediata separação entre o espírito

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4
3º Trim. de 2019: TEMPO, BENS E TALENTOS: sendo mordomo fiel e prudente com as coisas que Deus nos tem dado

humano e o Espírito de Deus. Esta separação é, precisamente, o que a Bíblia chama de "morte". Separado de
Deus, o espírito humano fica insensível, sem vida, daí porque dizer a Palavra de Deus nos dizer que o
homem, no pecado, está morto (Ef.2:1). Assim como o corpo morto é um cadáver inerte, do mesmo modo
um espírito morto é inoperante, e, nesta inoperância, não atua a consciência. Como resultado deste
embrutecimento, temos o pecado de "dureza de coração" ou "dureza de cerviz", que se caracteriza pela
insensibilidade total da pessoa frente às coisas de Deus. Um coração endurecido é um coração incapaz de se
arrepender, de se submeter a Deus e à Sua vontade.

- Um exemplo bíblico deste pecado vemos em Faraó que endureceu o seu coração (Ex.7:13,22; 8:15,19,32;
9:7,12,35; 10:20,27) e acabou se arruinando (Sl.136:15), após ter arruinado seu povo (Ex.10:7) e até mesmo
a sua família (Ex.12:29). Quando endurecemos o nosso coração, passamos a não ter qualquer sensibilidade
espiritual, rebelamo-nos contra Deus e não mais conseguimos ouvir a voz da consciência.

- Vivemos dias em que há muitas consciências cauterizadas, ou seja, consciências destruídas, queimadas (o
cautério é qualquer agente que é usado para a queima de tecidos com finalidades terapêuticas). Por isso,
quando falamos em blasfêmia contra o Espírito Santo ou pecado de apostasia, que é o único pecado
que não comporta perdão, falamos, precisamente, de morte da consciência, pois, diante desta deliberada
e voluntária rebeldia contra Deus, a pessoa nem mesmo tem a capacidade de arrependimento, porquanto a
sua consciência estará irremediável e eternamente morta, sem possibilidade de redenção. Que possamos ter
uma consciência sensível e que nunca percamos o "coração de carne" que foi implantado em nós quando
aceitamos o novo concerto (cfr. Ez.11:9; 36:26 e II Co.3:3).
OBS: " (4) Os passos que levam à apostasia são:(a) O crente, por sua falta de fé, deixa de levar plenamente a sério as verdades, exortações,
advertências, promessas e ensinos da Palavra de Deus (Mc 1.15; Lc 8.13; Jo 5.44,47; 8.46).(b) Quando as realidades do mundo chegam a ser
maiores do que as do reino celestial de Deus, o crente deixa paulatinamente de aproximar-se de Deus através de Cristo (4.16; 7.19,25; 11.6).(c)
Por causa da aparência enganosa do pecado, a pessoa se torna cada vez mais tolerante do pecado na sua própria vida (1Co 6.9,10; Ef 5.5; Hb
3.13). Já não ama a retidão nem odeia a iniqüidade (ver 1.9 nota).(d) Por causa da dureza do seu coração (3.8,13) e da sua rejeição dos caminhos
de Deus (v. 10), não faz caso da repetida voz e repreensão do Espírito Santo (Ef 4.30; 1Ts 5.19-22; Hb 3.7-11).(e) O Espírito Santo se entristece
(Ef 4.30; cf. Hb 3.7,8); seu fogo se extingue (1Ts 5.19) e seu templo é profanado ( 1Co 3.16). Finalmente, Ele afasta-se daquele que antes era
crente (Jz 16.20; Sl 51.11; Rm 8.13; 1Co 3.16,17; Hb 3.14)." (Apostasia Pessoal. Estudos doutrinários. Bíblia de Estudo Pentecostal 1 CD-
ROM).

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


Ajude a manter este trabalho – Deposite qualquer valor em nome de: Associação para promoção do Ensino Bíblico – Banco
do Brasil Ag. 1815-5 c/c 135720-4

Você também pode gostar