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Editora Chefe

Patrícia Gonçalves de Freitas


2024 by Editora e-Publicar Editor
Copyright © Editora e-Publicar Roger Goulart Mello
Copyright do Texto © 2024 Os autores Diagramação
Copyright da Edição © 2024 Editora e-Publicar Patrícia Gonçalves de Freitas
Direitos para esta edição cedidos à Editora e-Publicar Projeto gráfico e edição de arte
pelos autores Patrícia Gonçalves de Freitas

Revisão
Os Autores

Open access publication by Editora e-Publicar

PESQUISA E TECNOLOGIA EM CIÊNCIAS EXATAS, AGRÁRIAS E DO MEIO


AMBIENTE, VOLUME 1.

Todo o conteúdo dos capítulos desta obra, dados, informações e correções são de
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Conselho Editorial

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Alessandra Dale Giacomin Terra – Universidade Federal Fluminense
Andrelize Schabo Ferreira de Assis – Universidade Federal de Rondônia
Bianca Gabriely Ferreira Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Cristiana Barcelos da Silva – Universidade do Estado de Minas Gerais
Cristiane Elisa Ribas Batista – Universidade Federal de Santa Catarina
Daniel Ordane da Costa Vale – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Danyelle Andrade Mota – Universidade Tiradentes
Dayanne Tomaz Casimiro da Silva - Universidade Federal de Pernambuco
Deivid Alex dos Santos - Universidade Estadual de Londrina
Diogo Luiz Lima Augusto – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Edilene Dias Santos - Universidade Federal de Campina Grande
Edwaldo Costa – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Elis Regina Barbosa Angelo – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Érica de Melo Azevedo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro
Ernane Rosa Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Ezequiel Martins Ferreira – Universidade Federal de Goiás
Fábio Pereira Cerdera – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Francisco Oricelio da Silva Brindeiro – Universidade Estadual do Ceará
Glaucio Martins da Silva Bandeira – Universidade Federal Fluminense
Helio Fernando Lobo Nogueira da Gama - Universidade Estadual De Santa Cruz
Inaldo Kley do Nascimento Moraes – Universidade CEUMA
Jaisa Klauss - Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de Vitória
Jesus Rodrigues Lemos - Universidade Federal do Delta do Parnaíba
João Paulo Hergesel - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Jose Henrique de Lacerda Furtado – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Jordany Gomes da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Jucilene Oliveira de Sousa – Universidade Estadual de Campinas
Luana Lima Guimarães – Universidade Federal do Ceará
Luma Mirely de Souza Brandão – Universidade Tiradentes
Marcos Pereira dos Santos - Faculdade Eugênio Gomes
Mateus Dias Antunes – Universidade de São Paulo
Milson dos Santos Barbosa – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
- IFPB
Naiola Paiva de Miranda - Universidade Federal do Ceará
Rafael Leal da Silva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rodrigo Lema Del Rio Martins - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Willian Douglas Guilherme - Universidade Federal do Tocantins

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P474

Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio


ambiente - Volume 1 / Organização de Milson dos Santos
Barbosa, Luma Mirely de Souza Brandão, Roger Goulart
Mello. – Rio de Janeiro: e-Publicar, 2024.

Livro em Adobe PDF


ISBN 978-65-5364-302-4

1. Ciências exatas. 2. Pesquisa. 3. Inovação tecnológica. 4.


Ciências agrárias. 5. Meio ambiente. I. Barbosa, Milson dos
Santos (Organizador). II. Brandão, Luma Mirely de Souza
(Organizadora). III. Mello, Roger Goulart (Organizador). IV.
Título.

CDD 509

Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

Editora e-Publicar
Rio de Janeiro, Brasil
contato@editorapublicar.com.br
www.editorapublicar.com.br
Apresentação
É com grande satisfação que a Editora e-Publicar apresenta a obra intitulada “Pesquisa
e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio ambiente, Volume 1”. Neste livro engajados
pesquisadores contribuíram com suas pesquisas. Esta obra é composta por capítulos que
abordam múltiplos temas da área.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

Editora e-Publicar.
Sumário
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 15
ANÁLISE SISTÊMICA AGROECOLÓGICA EM UMA PROPRIEDADE FAMILIAR NO
MUNICÍPIO DE IPÊ – RS – BRASIL...................................................................................... 15
DOI 10.47402/ed.ep.c240411061324 Nágila Aguiar
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz

CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 28
MANEJO DA ADUBAÇÃO DE BASE NA CULTURA DO TRIGO COM PRODUTOS
SUPERBAC E CORRETIVOS DE SOLO ............................................................................... 28
Erich dos Reis Duarte
Gonzalo Diego Peña
Marcos Augusto Alves
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida da Costa
Aline Vanessa Sauer

CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 37
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL E REDUÇÃO DE ESGOTO POR
MEIO DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E ÁGUA CINZA: ESTUDO DE
CASO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO SUL DO BRASIL....................... 37
DOI 10.47402/ed.ep.c240411083324 Ana Kelly Marinoski

CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 57
TÉCNICAS DE FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS SUBMETIDOS A METAIS
PESADOS.................................................................................................................................57
DOI 10.47402/ed.ep.c240411094324 Leticia Maria Viana Negrão
Anne Cristina Barbosa Alves
Vitor Resende do Nascimento
Ana Ecidia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Dayse Gonzaga Braga
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 72
AVALIAÇÃO DA AÇÃO DA FERTIRRIGAÇÃO NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE
MORANGUEIRO NOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA/RS .............................................. 72
DOI 10.47402/ed.ep.c240411105324 Thalles da Rosa Bueno
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................... 93
INTOXICAÇÃO DE BOVINOS A PASTO POR SAMAMBAIA (PTERIDIUM AQUILINUM):
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 93
DOI 10.47402/ed.ep.c240411116324 Caroline Rack Vier
Dalila Anzolin
Joyceara Rocha

CAPÍTULO 7 ......................................................................................................................... 100


METABOLISMO SECUNDÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA FISIOLOGIA DO
ESTRESSE EM PLANTAS ................................................................................................... 100
DOI 10.47402/ed.ep.c240411127324 Dayane dos Santos Costa
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Dayse Gonzaga Braga
Luma Castro de Souza
Ana Ecídia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Joze Melisa Nunes de Freitas
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

CAPÍTULO 8 ......................................................................................................................... 115


AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DE DUAS PRAÇAS EM LAJEDO-
PE............................................................................................................................................115
DOI 10.47402/ed.ep.c240411138324 Edcleyton José de Lima
Raquel Maria da Silva
Maria Isabel Gomes dos Santos
Valdeci Antônio Amaral Filho
João Paulo Goes da Silva Borges
Abraão Rodrigues de Almeida
Keila Aparecida Moreira
Gilmara Mabel Santos

CAPÍTULO 9 ......................................................................................................................... 135


A PRODUÇÃO DE CAFÉ ORGÂNICO NO BRASIL: SITUAÇÃO ATUAL, TENDÊNCIAS
E CORRELAÇÕES COM OS INSTITUTOS FEDERAIS (IFS)............................................ 135
DOI 10.47402/ed.ep.c240411149324 Felipe Facci Inguaggiato
Gleycon Velozo da Silva
Sergio Pedini

CAPÍTULO 10 ....................................................................................................................... 153


PANORAMA DA PRODUÇÃO DE LEITE BUBALINO (BUBALUS BUBALIS) NO
MUNICÍPIO DE VITÓRIA DO MEARIM - MA .................................................................. 153
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111510324 Marcelo Victor Batalha Marinho
Flávia Myllena dos Santos Araújo
Marcos Nabate Mendes Ferreira
Francisco Carneiro Lima
CAPÍTULO 11 ....................................................................................................................... 165
A CULTURA DO MILHO: RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES DE PRECIPITAÇÃO E A
PRODUÇÃO DO GRÃO NO MUNICÍPIO DO CRATO - CE .............................................. 165
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111611324 Francisco Cristiano Cândido Santana
João Paulo Carneiro Barbosa
Alexandre Boleira Lopo
Marcos Antônio Vanderlei Silva
Eliane Maria de Souza Nogueira

CAPÍTULO 12 ....................................................................................................................... 176


MÉTODO ÍNDICE DE QUALIDADE NA DETERMINAÇÃO DO FRESCOR DA PESCADA
BRANCA (PLAGIOSCION SQUAMOSISSIMUS) ................................................................ 176
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111712324 Ladson Fábio Araújo de Oliveira
Ione Iolanda dos Santos

CAPÍTULO 13 ....................................................................................................................... 184


ANÁLISE E GESTÃO DO ARRANJO FÍSICO: ESTUDO DE CASO NA TORRE
ADMINISTRATIVA ............................................................................................................. 184
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111813324 Lucas Guanaes Carrasco
Marcela Rocha Moura
Taynara Reis de Santana
Verônica Santana Santos
Juliano Zaffalon Gerber

CAPÍTULO 14 ....................................................................................................................... 199


EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ABRICÓ - DE -
MACACO EM DIFERENTES SUBSTRATOS .................................................................... 199
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111914324 Kelina Bernardo Silva
Maria do Socorro de Caldas Pinto
Edivan da Silva Nunes Júnior
Moisés Dantas de Oliveira
Danilo Dantas da Silva
Pedro Henrique Martins Araújo Santos
Danielle Daísla de Lima

CAPÍTULO 15 ....................................................................................................................... 209


ÁCIDOS HÚMICOS COMO ATENUADORES DE ESTRESSES CAUSADOS POR METAIS
PESADOS E SALINIDADE .................................................................................................. 209
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112015324 Girlanda Squires Raiol
Luciana Fernandes Gonçalves
Vitor Resende do Nascimento
Gabriel Gustavo Tavares Nunes Monteiro
Cândido Ferreira de Oliveira Neto
Ana Ecidia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Raphael Leone da Cruz Ferreira
CAPÍTULO 16 ....................................................................................................................... 220
POTENCIAL DE AÇÃO DO BIOCARVÃO NA MITIGAÇÃO DE METAIS PESADOS EM
SOLOS DA AMAZÔNIA ...................................................................................................... 220
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112116324 Madson Pereira Melo
Hellen Patrícia Lemos Cordovil
Cassio Freitas de Oliveira
Karla Samylle de Queiroz Costa
Leane Castro de Souza
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Nilvan Carvalho Melo
Luma Castro de Souza

CAPÍTULO 17 ....................................................................................................................... 239


AGROFLORESTA COMO ALTERNATIVA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS NA AMAZÔNIA ....................................................................................... 239
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112217324 Raphael Leone da Cruz Ferreira
Flávio José Rodrigues Cruz
Dayse Gonzaga Braga
Karla Samylle de Queiroz Costa
Leane Castro de Souza
Luma Castro de Souza
Michelliny Pinheiro de Matos Bentes
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

CAPÍTULO 18 ....................................................................................................................... 253


SEMEADORA AGRÍCOLA MULTIFUNCIONAL ............................................................. 253
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112318324 Francisco Ronaldo Belem Fernandes
Marcos Nabate Mendes Ferreira
Flávia Myllena dos Santos Araújo
Amanda Mariana de Andrade Lima
Gilvã Araújo Lima Junior
Marcelo Victor Batalha Marinho
Gean Carlos Moura Mota
Ana Maria Silva de Araujo

CAPÍTULO 19 ....................................................................................................................... 266


A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO DA CANA-DE-AÇÚCAR NOS PREÇOS DAS
TERRAS DA MICRORREGIÃO DE UBERABA – MINAS GERAIS................................. 266
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112419324 Kelly Aparecida Silva Jacques
Odilon José de Oliveira Neto
Waltuir Batista Machado
CAPÍTULO 20 ....................................................................................................................... 286
ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO COMO INDICADORES DE DEGRADAÇÃO EM
NASCENTE URBANA ......................................................................................................... 286
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112520324 Pedro Henrique Felipe da Silva
Elka Élice Vasco de Miranda
Liliam Silvia Cândido
Karoline Beatriz Brito Sanches
Nathally Botoluzzi
Petersson Cardoso de Souza
Rita Karoline da Silva Antônio
Thais Aparecida Santos Lopes

CAPÍTULO 21 ....................................................................................................................... 299


CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA, NUTRICIONAL E FÍSICO-QUÍMICA DAS
SEMENTES DE "MURICI-DE-VÁRZEA" (APTANDRA TUBICINA) ............................. 299
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112621324 Vânia Maria Magalhães de Lira Teixeira
Anelise Maria Regiane
Evandro José Linhares Ferreira
Rui Santana de Menezes
Délcio Dias Marques

CAPÍTULO 22 ....................................................................................................................... 316


ESTUDOS EM ECOFISIOLOGIA, NUTRIÇÃO E METABOLISMO DE PLANTAS
DESENVOLVIDOS PELO GEEP DA UFGD ....................................................................... 316
Cleberton Correia Santos
Silvana de Paula Quintão Scalon
Leonardo Meotti Ribeiro
João Paulo de Castro Souza
João Lucas Vieira Posca
Thaise Dantas
Rodrigo da Silva Bernardes
Anderson dos Santos Dias

CAPÍTULO 23 ....................................................................................................................... 330


INDUTORES DE RESISTÊNCIA NA CULTURA DO MILHO .......................................... 330
Erich dos Reis Duarte
Gonzalo Diego Peña
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida da Costa
Marcos Augusto Alves
CAPÍTULO 24 ....................................................................................................................... 337
SISTEMAS AGROFLORESTAIS INTEGRADOS COM PLANTIO DIRETO: AMENDOIM
FORRAGEIRO (ARACHIS PINTOI K.) COMO ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL ........ 337
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112924324 Amanda Mariana de Andrade Lima
Samara Bontempo Alves Silva
Francisco Ronaldo Belém Fernandes
Marcos Nabate Mendes Ferreira
Ana Maria Silva de Araújo
Josiane Isabela da Silva Rodrigues

CAPÍTULO 25 ....................................................................................................................... 348


INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL DE ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE
METILENO POR ACÍCULA DO PINUS ............................................................................. 348
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113025324 Yasmin Lemos Silva
Marcia Victória Silveira
Cláudio Henrique Kray

CAPÍTULO 26 ....................................................................................................................... 358


DETERMINAÇÃO DE MINOXIDIL EM SOLUÇÕES TÓPICAS UTILIZANDO
ELETRODO DE DIAMANTE DOPADO COM BORO ....................................................... 358
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113126324 Emily Akemi Fukuda
Mayara da Silva Araujo
Roberta Antigo Medeiros

CAPÍTULO 27 ....................................................................................................................... 379


EFEITO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DA ÁGUA: RESÍDUOS DE PESTICIDA
NA ÁGUA DO RIO UBERABINHA/ MG ............................................................................ 379
Rogerio Gonçalves Lacerda de Gouveia

CAPÍTULO 28 ....................................................................................................................... 395


PESCA PREDATÓRIA: IMPACTOS, DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A
SUSTENTABILIDADE DOS RIOS NO MUNICÍPIO DE PEDRO DO ROSÁRIO-MA ..... 395
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113328324 Jaqueline Alves da Silva
Linda Ludimila Costa Sousa
Mercia Carvalho Soares
Pedro Balbino Aires
Elizete Pinto Raposo
Raimundo Nonato Arouche
Alan Jhones da Silva Santos

CAPÍTULO 29 ....................................................................................................................... 411


ANÁLISE MULTIVARIADA DAS EMISSÕES DE CO2 DO SOLO ATRAVÉS DO USO DE
CÂMARA FECHADA COM SENSOR INFRAVERMELHO ............................................. 411
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113429324 Cássia Barreto Brandão
Antônio Soares da Silva
CAPÍTULO 30 ....................................................................................................................... 433
DESAFIOS CLIMÁTICOS NA CAFEICULTURA: UM OLHAR SOBRE A SECA E A
PRODUÇÃO DE CONILON NO ESPÍRITO SANTO .......................................................... 433
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113530324 Luana Oliveira Lordes Natali
Dalila da Costa Gonçalves
Loiana Mançur Spalenza
Serli de Oliveira Cabral
Vanessa Sessa Dian
Wilian Rodrigues Ribeiro
Evandro Chaves de Oliveira

CAPÍTULO 31 ....................................................................................................................... 452


HISTÓRIA DA BIOTECNOLOGIA NO RIO GRANDE DO NORTE: UMA ANÁLISE DOS
AVANÇOS E RETROCESSOS NO CONTEXTO DE MODERNIZAÇÃO POTIGUAR 1900-
1945.........................................................................................................................................452
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113631324 Hélio Teodósio de Melo Filho
Filipe Moises Santos Teodosio de Melo
Daniele Medeiros da Silva
DOI 10.47402/ed.ep.c240411061324

CAPÍTULO 1
ANÁLISE SISTÊMICA AGROECOLÓGICA EM UMA PROPRIEDADE FAMILIAR
NO MUNICÍPIO DE IPÊ – RS – BRASIL

Nágila Aguiar
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz

RESUMO
Este artigo traz uma visão sistêmica acerca de uma pequena propriedade familiar, de base agroecológica, localizada
no município de Ipê - RS, Capela Santa Catarina, Vila Segredo. Assim é possível uma aproximação entre a
universidade e produtores, mesclando saberes empíricos e técnicos, culturais e inovadores. Assim, foi possível
caracterizar toda a propriedade e sugerir intervenções futuras. Portanto, as paisagens agrícolas compostas por
campos e explorações agrícolas seguindo a gestão agroecológica requer a compreensão dos padrões de
biodiversidade, das interações biológicas e dos mecanismos que determinam e impulsionam o funcionamento dos
ecossistemas para melhorar os serviços à escala da paisagem, envolvendo os agricultores numa abordagem
ascendente e específica ao contexto.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade; Desenvolvimento; Diagnóstico.

1 INTRODUÇÃO

A agricultura familiar é entendida como um agregado familiar que combina a atividade


familiar, agrícola e comercial, conforme conceito de Contzen e Forney (2017). Nas explorações
agrícolas familiares, a divisão do trabalho tem sido geralmente baseada na complementaridade
entre pessoas de diferentes gêneros e gerações.

Existe um interesse global renovado no apoio à agricultura familiar para se tornar um


sector mais competitivo, contribuindo para a redução da pobreza, a segurança alimentar e o
crescimento econômico. Ainda se necessita de incentivo ao potencial existente da agricultura
familiar através do desenho de políticas que visem conscientemente desafios regionais
específicos e evitem a exclusão de segmentos que não se enquadram no paradigma da
modernização (MEDINA et al., 2015).

Autores como Gaitán-Cremaschi et al. (2022), ressaltam que existem evidências


promissoras de que as compras públicas de alimentos provenientes da agricultura familiar
podem servir como um poderoso instrumento político nas transições para sistemas alimentares
mais sustentáveis nas pequenas propriedades. Apesar das evidências em torno desse tipo de
programa, faltam abordagens sistêmicas e orientadas para os atores que analisem a dinâmica
relacional e interacional entre os múltiplos e diversos conjuntos de pessoas.

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ambiente, Volume 1.
A produção de frutas e legumes utilizando abordagens de agricultura familiar ganharam
importância nas dietas diárias devido ao seu conteúdo de nutrientes e valor biológico, e também
proporcionam oportunidades de emprego para as comunidades locais. Os alimentos à base de
frutas e vegetais são atualmente utilizados em todo o mundo para combater a desnutrição, a
pobreza e questões relacionadas com a prosperidade econômica são de maioria de pequenas
propriedades locais (TOBAR-DELGADO et al., 2023).

Já conforme os conceitos de Jeanneret et al. (2021) a agroecologia combina conceitos


agronômicos e ecológicos. Baseia-se na melhoria da biodiversidade e dos serviços
ecossistêmicos relacionados para apoiar a produção agrícola. Depende de interações biológicas
para a concepção e gestão de sistemas agrícolas em paisagens agrícolas.

Portanto, a agroecologia exige pensar além da escala do campo para considerar o


posicionamento, a qualidade e a conectividade dos campos e habitats seminaturais em escalas
espaciais maiores. A organização espacial e temporal dos elementos seminaturais e o mosaico
cultural interagem. Compreender esta interação é o pré-requisito para promover padrões e
mecanismos que promovam a biodiversidade e a prestação de serviços ecossistêmicos
(JEANNERET et al., 2021).

Neste sentido, este artigo traz uma visão sistêmica acerca de uma pequena propriedade
familiar, de base agroecológica, localizada no município de Ipê - RS, Capela Santa Catarina,
Vila Segredo. Assim é possível uma aproximação entre a universidade e produtores, mesclando
saberes empíricos e técnicos, culturais e inovadores.

2 ANÁLISE SISTEMÁTICA DA PROPRIEDADE FAMILIAR COM BASE


AGROECOLÓGICA

A propriedade encontra-se aproximadamente a 18 km do centro urbano do município,


atuando na produção de hortaliças orgânicas a mais de 30 anos, e tendo suas atividades passadas
de geração a geração (Figura 01). A área é fruto de sucessão familiar de pai para filha.

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ambiente, Volume 1.
Figura 01: Propriedade familiar, Ipê/RS.

Fonte: Google Earth (2024).

As empresas familiares representam 80% das estruturas empresariais globais, mas a


baixa taxa de sucessão transgeracional bem-sucedida pode ter implicações drásticas para os
trabalhadores e para as economias locais. Um estudo longitudinal de 12 anos com 89 empresas
familiares canadenses revelou que a confiança dos sucessores e as percepções de apoio do titular
previram a motivação intrínseca do sucessor para assumir o negócio, o que por sua vez previu
se o negócio seria transferido com sucesso 12 anos depois. O apoio do titular e a motivação
intrínseca mediaram a relação entre a confiança do titular no sucessor e a sucessão empresarial
bem-sucedida (GAGNÉ et al., 2021).

Hoje a propriedade familiar conta com a mão de obra de apenas 3 pessoas da própria
família, sendo a mãe que tem 82 anos, e o casal, atuais donos, sendo que a mulher tem 60 e seu
marido 64 anos, estes são os responsáveis pela propriedade e sua manutenção. O casal possui
um filho, que não reside na propriedade, e provavelmente a sucessão familiar fique prejudicada
para as próximas gerações.

Por sua produção ser totalmente orgânica de hortaliças, não utilizam produtos químicos
para a dessecação de espécies invasoras, sendo realizado a limpeza manualmente ou com

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ambiente, Volume 1.
enxada. Em épocas em que o plantio de hortaliças é feito a contratação de funcionários para o
serviço temporário.

O município de Ipê é considerado um dos municípios berço da agricultura ecológica.


Ainda na década de 1980, algumas famílias agricultoras, assessoradas pelo Centro Ecológico
de Ipê, começaram a apostar na produção de alimentos agroecológicos vislumbrando, nesse
formato de produção, mais saúde, mais sabor e mais futuro. No ano de 2010, a Lei Federal Nº
12.238 conferiu ao município o título de Capital Nacional da Agricultura Ecológica.

As mudas e sementes para a propriedade são adquiridas em viveiros certificados e de


procedência orgânica. São cultivadas diversas espécies de hortaliças dentre elas: alface,
cenoura, mandioquinha, berinjela, alho-poró, beterraba, pepino, tomate, moranga, batata,
brócolis, couve-flor, fava, vagem, couve-de-bruxelas, repolho, pimentão, chuchu, cebola,
temperos verdes e algumas frutas de época como laranja, bergamota e pinhão, todos seguindo
o calendário de plantio para determinada cultura.

Para a realização da atividade econômica dispõe dos seguintes elementos:

- Área de plantio: Possui no total uma área 25 hectares, nos quais apenas 5 hectares são
destinados ao cultivo, o restante não está sendo utilizado devido a topografia irregular que
dificulta o manejo, no entanto tem-se a criação de gado de corte que totaliza três animais e uma
vaca holandesa para criação e produção de leite no consumo próprio.

- Frota e maquinário: Na realização das mais diversas atividades envolvidas na produção de


orgânicos destacam-se alguns implementos e veículos que estão listados no Quadro 01. Para
determinados implementos apresentados não se obteve algumas informações devido ao tempo
de uso dele.

Quadro 01: Veículos e implementos disponíveis na propriedade.


Veículo e Implemento Quantida Marca Modelo/A Potência Valor
de no (CV) patrimonial
Trator 1 New Holland TL753/2013 75 CV R$ 110.000,00
Reboque para trator 1 _ _ _ R$ 10.000,00
Bomba de irrigação tratorizada 2 NeoBortoli 75 CV R$ 20.000,00
Motor para acoplamento 1 Yanmar NB 13/ 13 CV R$ 4.900,00
Diesel
Lavadora de alta pressão 1 Still _ _ R$ 650,00
Encanteiradora 1 Lavrale RF 150/E 1,70 m R$ 4.500,00
Plataforma Traseira 1 _ _ _ R$ 4.000,00
Roçadeira 1 Still _ 2,72 CV R$ 2.800,00
Enxada 5 _ _ _ R$ 150,00
TOTAL R$ 157.000,00
Fonte: Autoria própria (2024).

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ambiente, Volume 1.
O trator foi adquirido há 10 anos através de um financiamento disponibilizado pelo
projeto Mais Alimentos, com parcelas anuais tendo seu abatimento total em 2022. A
encanteiradora foi adquirida através de uma associação de produtores orgânicos da localidade,
sendo utilizada por todos, porém com a desistência dos demais, foi adquirida pela família.

A propriedade possui um pavilhão construído com madeiras e cobertura de telha


aluzinco de dimensões 10 x 12, com aproximadamente 7 anos de construção estando em bom
estado de conservação onde permanecem os implementos agrícolas, avaliado em R$35.000,00.
Em torno de 3 anos foram adquiridas 10 placas solares para a redução dos gastos com energia
elétrica.

Por ser uma área de topografia irregular e dispondo de pequenos cursos de água,
incluindo banhado e açudes, dispõe de três bombas tratorizadas sendo uma acoplada a um motor
a diesel, para irrigação dispostas em áreas de plantio distintas. Os demais equipamentos
adquiridos foram conforme a necessidade.

Como os produtos são vendidos na feira ecológica, realizada todo sábado na cidade de
Porto Alegre, as hortaliças que possuem maior durabilidade são colhidas e lavadas ainda na
quinta-feira como: beterraba, cenoura e batata. As saladas folhosas, brócolis, couve-flor e
demais produtos são colhidos e preparados na sexta-feira.

Na propriedade existe uma agroindústria onde são realizados os processos de lavagem,


pesagem e embalagem a fim de aumentar o valor agregado do produto final. Além disso, neste
ambiente ocorre a etiquetagem que serve para identificar o produto, seu peso preciso e a data
após a qual não pode mais ser considerado seguro para o consumo, bem como a data de
manipulação. A agroindústria está bem equipada para o armazenamento dos produtos
orgânicos, além de constar com caixas plásticas para o transporte que são lavadas
periodicamente.

Para o período de plantio os proprietários seguem um calendário denominado


biodinâmico, que divide o ano em dias favoráveis e desfavoráveis para os diferentes aspectos
do trabalho agrícola. Estas divisões são definidas pelo movimento da Lua. A seguir no Quadro
02, pode ser observado alguns exemplos de hortaliças e seus melhores meses do ano para
cultivo, segundo o calendário biodinâmico.

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ambiente, Volume 1.
Quadro 02: Melhores meses de plantio de hortaliças.
Mês Mês todo 1ª quinzena 2ª quinzena
Janeiro Alface de inverno, cenoura de Rabanete
inverno, couve
Fevereiro Alface de inverno, rabanete, Couve, pimenta e
tomate cereja pimentão
alface de inverno, cenoura de
Março verão, almeirão, chicória,
espinafre
Abril Cenoura de verão, almeirão,
beterraba, rúcula, agrião,
espinafre
Maio Cenoura de verão, almeirão, Rabanete
beterraba, rúcula, agrião,
espinafre
Junho Cenoura de verão, almeirão,
beterraba, rúcula, agrião,
espinafre
Julho Cenoura de verão, almeirão,
beterraba, rúcula, agrião, Rabanete
espinafre
Agosto Rúcula e pimentão
Setembro Alface de inverno, cenoura de
inverno e pimentão
Outubro Cenoura de inverno e pimentão
Novembro Alface de inverno, cenoura de Rabanete
inverno
Dezembro Cenoura de inverno
Fonte: Autoria própria (2024).

Sabe-se que a agricultura orgânica é o processo de cultivo que possui por finalidade
garantir a saúde aos consumidores e à natureza. Em relação à produção, são utilizadas técnicas
específicas para cada região, considerando as características de solo, clima e biodiversidade.
Visa a produção livre de agrotóxicos garantindo alimentos mais saudáveis, saborosos e de maior
durabilidade.

Quando se observa a agricultura orgânica, ressalta-se a economia local. Pois, a maior


parte da produção orgânica é realizada por pequenos agricultores e grupos familiares que tiram
seu sustento através do trabalho com à terra.

No entanto, é um trabalho que exige dedicação e comprometimento dos produtores. Por


não se utilizar agrotóxicos, o trabalho em substituição ao mesmo deve ser feito com a capina
em algumas culturas ou mesmo com o arranque de plantas invasoras que competem por
nutrientes, luz e água. Dificilmente o produtor deixa o solo descoberto, podendo estar ocupado
pelo cultivo ou por plantas espontâneas que ajudam a proteger o solo.

A propriedade possui quatro áreas distintas para plantio das hortaliças, todas com
canteiros, que são revezados com outras culturas ao final do ciclo da produção. Para a adubação

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ambiente, Volume 1.
do solo são usados esterco de peru fermentado (2 a 8 kg por m2), farelo de mamona (50 g m2),
adubo orgânico (2 a 8 kg por m2), calcário (150g m2) e adubação verde, as quantidades podem
variar conforme a produção.

Um dos maiores problemas enfrentados na atualidade na propriedade é a falta de mão


de obra, já que a maioria da população da região mantém-se ocupada com os afazeres de suas
propriedades. Como atividades complementares faz se cultivo de flores, que são vendidas em
buquês na própria feira ecológica em Porto Alegre, com o encontro de produtores de toda a
região. Segundo relato dos donos, uma grande demanda de pedidos contribuiu para a venda já
que a mão-de-obra exigida é pouca e possui um bom valor de comercialização. São vendidos
girassóis, copos de leite, rosas, flores de maria-mole e mesmo o capim dos pampas e samambaia
do mato que contribuem para a beleza dos arranjos.

A seguir o processamento de alguns produtos da propriedade que são vendidos na feira


ecológica (Figura 02):

- Espinafre - colhido na quinta-feira e lavado no mesmo dia. Permanece em caixas plásticas


para que escorra toda a água. Na sexta são retiradas suas folhas e quando secam dispostas em
sacos plásticos com 300g.

- Cebola - quando colhidas são trançadas para ter uma maior durabilidade e permanecem no
galpão. Geralmente são limpas duas caixas de 20kg por semana que são separadas por tamanhos
e vendidas em redes de 1kg.

- Alface, brócolis, couve-flor e outras folhas - são colhidas na sexta-feira para não ocorrer o
murchamento.

- Sopão - constituído por cenoura, couve, chuchu, batatinha e moranga é muito vendido no
inverno para preparo de sopas. Sua preparação é feita na sexta-feira (Figura 03).

- Moranga - vendida em cubos é descascada na quinta-feira de noite, deixada sobre toalhas


para a retirada de umidade e embaladas em sacos plásticos de 500g.

- Cenoura - colhidas na quinta-feira com sua parte área. Lavadas e vendidas em maço.

São inúmeros os produtos vendidos cada um com sua maneira diferenciada de


processamento. Ressalta-se que todos os produtos embalados são identificados com suas
respectivas etiquetas.

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ambiente, Volume 1.
Figura 02: Hortaliças.

Fonte: Autoria própria (2023).

Figura 03: Legumes para sopa.

Fonte: Autoria própria (2023).

Através do valor disponibilizado pelo proprietário é gasto em torno de 1.500,00 reais


para manter a produção sem contar com a mão de obra própria, conforme Quadro 03. Esse valor
engloba luz (valor reduzido pois apresenta placas solares), diesel, mudas (adquiridas conforme
a necessidade, mas geralmente a cada 2 meses), embalagens plásticas e etiquetas adesivas.
Segundo o proprietário os valores de adubo orgânico, farelo de mamona, calcário e esterco de
peru fermentado estão incluídos nesse valor já que a compra é feita apenas uma vez ao ano e os
valores mensais variam conforme a necessidade de uso da cultura.

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ambiente, Volume 1.
Quadro 03: Custos fixos mensal para manter a produção.
CUSTOS FIXOS MENSAL VALOR TOTAL (R$)
Energia elétrica 175
Combustível 400
Adubos 300
Mudas 250
Embalagens plásticas 75
Etiquetas adesivas 75
Outros 225
TOTAL 1500
Fonte: Autoria própria (2024).

Os produtos são transportados por um único motorista que a muitos anos o faz. No
momento são levadas mercadorias de três produtores orgânicos da localidade. O valor cobrado
por ele corresponde a 12% sobre a venda total de cada produtor ao final da respectiva feira. A
seguir pode ser observado no Quadro 04, os valores de cada produto vendidos na propriedade
e o volume de produção mensal durante o período de realização do estágio.

Quadro 04: Valores de produtos vendidos na propriedade e volume de produção mensal.


Produto Valor Volume de Produto Valor Volume de
produção produção
Alface americana R$ 4,00 60 Couve-flor R$ 7,00 40
(un.)
Espinafre
Alface crespa (un.) R$ 4,00 50 (300g) R$ 7,00 48
Alface lisa (un.) R$ 4,00 50 Laranja (Kg) R$ 7,00 40
Alho-poró (maço) R$ 10,00 60 Mandioquinha (kg) R$ 14,00 60
Arranjo de flor R$ 15,00 40 Moranga (500g) R$ 10,00 120
Bergamota (Kg) R$ 7,00 40 Pinhão (Kg) R$ 10,00 32
Berinjela (Kg) R$ 10,00 32 Repolho (un.) R$ 7,00 52
Beterraba (maço) R$ 7,00 80 Sopão R$ 10,00 160
Brócolis R$ 7,00 44 Tempero verde R$ 6,90 60
(maço)
Cenoura (maço) R$ 7,00 84 Vagem (500g) R$ 10,00 92
Fonte: Autoria própria (2024).

Os preços dos produtos são determinados pelos próprios agricultores que mensalmente
se reúnem para determinação deles conforme a produção. Os valores obtidos ao final de cada
feira são variáveis e dependem de fatores climáticos. Segundo relato dos agricultores, os dias
mais bonitos e ensolarados fazem com que um número maior de pessoas tenha mais disposição
para ir às compras, tendo uma redução nos dias mais chuvosos. Os valores brutos variam de
R$1.500,00 a R$3.000,00 por fim de semana dependendo dos produtos disponíveis para a
venda.

No Quadro 05 é apresentada uma média do ganho mensal em base dos valores


disponibilizados pelo proprietário, considerando que a realização da feira ocorre 4 vezes no mês
(vale ressaltar que esses valores são referentes a produção e o gasto com ela). Como apresentado

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abaixo o Valor Bruto corresponde ao valor total sem desconto e o Valor Líquido é referente ao
valor final da sua remuneração com os itens demonstrados na tabela anterior, após todos os seus
descontos com transporte e gastos fixos mensais.

Quadro 05: Média de ganho mensal com a produção.


GANHO MENSAL VALOR TOTAL BRUTO VALOR LÍQUIDO
(R$) (R$)
1° feira do mês 2.250 1.605
2° feira do mês 2.250 1.605
3° feira do mês 2.250 1.605
4° feira do mês 2.250 1.605
TOTAL 9.000 6.420
Fonte: Autoria própria (2024).

Em relação aos resíduos produzidos na propriedade, todos possuem destino correto,


conforme o quadro 06, a seguir.

Quadro 06: Destinos dos resíduos.

Fonte: Autoria própria (2024).

3 POSSÍVEIS INTERVENÇÕES FUTURAS NA PROPRIEDADE FAMILIAR

O clima temperado afeta o plantio e a colheita em uma produção em campo aberto,


assim como as pragas e doenças que se manifestam com mais facilidade nas produções
convencionais. Assim, verifica-se a necessidade de buscar novas alternativas para uma garantia
de produção, nas quais as intempéries e ataques de doenças e pragas sejam minimizados. Desta
forma o cultivo protegido se torna uma ótima opção para o produtor otimizar sua produção.

Então como o principal projeto de intenção proposto ao produtor foi a construção de


uma estufa para mudas de alface, pois o gasto para produção de mudas agrícolas acaba se
tornando um alto custo que implica atenção do produtor, e a possibilidade e uma estufa ajudaria
demais nesse processo facilitando sua produção e manejo das atividades realizadas. Etapas para
construção:

-Etapa 1 - Realizar a limpeza e demarcação do local.

-Etapa 2 - Escavação dos buracos e fixação dos mourões.

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-Etapa 3 - Colocação e fixação de arcos e plástico de cobertura.

-Etapa 4 - Construção das bancadas.

-Etapa 5 - Instalação dos sistemas de irrigação.

A estufa teria as dimensões: 10 m de comprimento x 5 m de largura, pé direito de 2,7 m


(Figura 04). E o local da implantação seria nas proximidades de um açude existente na
propriedade. (Figura 05).

Figura 04: Planta da estufa.

Fonte: Autoria própria (2024).

Figura 05: Local de implantação da estufa.

Fonte: Autoria própria (2024).

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Os custos seriam: - De implantação R$ 6.000,00; - Proprietário dispõem de mão-de-
obra e madeiras; - Compram em torno de 500 mudas por mês 6.000 mudas por ano;

Custo médio de R$ 0,45 por mudas compradas; - Redução de custo de R$ 0,20 pro
mudas produzidas; e, - Tempo de retorno do investimento 5 anos.

Durante as saídas técnicas na propriedade rural foi possível observar o cultivo da


produção orgânica. Na Figura 06, pode ser observado o cultivo de alho-poró em canteiros com
Sistema de Irrigação por Aspersão.

Figura 06: Cultivo de alho-poró por Sistema de Irrigação por Aspersão.

Fonte: Autoria própria (2023).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alcançar paisagens agrícolas compostas por campos e explorações agrícolas seguindo


a gestão agroecológica requer a compreensão dos padrões de biodiversidade, das interações
biológicas e dos mecanismos que determinam e impulsionam o funcionamento dos
ecossistemas para melhorar os serviços à escala da paisagem, envolvendo os agricultores numa
abordagem ascendente e específica ao contexto.

REFERÊNCIAS

CONTZEN, S.; FORNEY, J. Family farming and gendered division of labour on the move:
a typology of farming-family configurations. 2017. Disponível em: https://link.springer.co-
m/article/10.1007/s10460-016-9687-2. Acessado em: Dez. 2023.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 26


ambiente, Volume 1.
GAITÁN-CREMASCHI, D. et al. Public food procurement from family farming: A food
system and social network perspective. 2022. Disponível em: https://www.sciencedire-
ct.com/science/article/pii/S0306919222001014. Acessado em: Dez. 2023.

GAGNÉ, M. et al. Family Business Succession: What’s Motivation Got to Do With It?. 2021.
Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0894486519894759. Acessado em:
Dez. 2023.

JEANNERET, P. H. et al. Agroecology landscapes. 2021. Disponível em: https://link.sprin-


ger.com/article/10.1007/s10980-021-01248-0#citeas. Acessado em: Dez. 2023.

MEDINA, G. et al. Development Conditions for Family Farming: Lessons From Brazil.
2015, Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0305750X15-
001412. Acessado em: Dez. 2023.

TOBAR-DELGADO, E. et al. Rutin: Family Farming Products’ Extraction Sources, Industrial


Applications and Current Trends in Biological Activity Protection. 2023. Disponível em:
https://www.mdpi.com/1420-3049/28/15/5864. Acessado em: Dez. 2023.

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ambiente, Volume 1.
CAPÍTULO 2
MANEJO DA ADUBAÇÃO DE BASE NA CULTURA DO TRIGO COM PRODUTOS
SUPERBAC E CORRETIVOS DE SOLO

Erich dos Reis Duarte


Gonzalo Diego Peña
Marcos Augusto Alves
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida da Costa
Aline Vanessa Sauer

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica dos produtos SUPERBAC, calcário
de concha e óxido de cálcio na adubação de base na cultura do trigo, além de registrar possíveis efeitos de
fitotoxicidade dos tratamentos para a referida cultura. O experimento foi conduzido no município de Londrina-
PR, latitude S:23°24'11,386", longitude W:51°9'57,418", altitude de 480m. A cultivar utilizada foi a TBIO
AUDAZ, semeada em 10/04/2023, com as seguintes características: 75 plantas por metro, espaçamento de 0,17 m
entre linhas e densidade populacional de 4.411.764 plantas por hectare, e finalizando o ensaio com a colheita em
27/06/2023. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 18 tratamentos e 4 repetições.
Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas respectivas doses em kg/ha.
As épocas de aplicação utilizadas foram A: Plantio. As avaliações realizadas foram: altura de plantas (22/06/2023);
stand final (22/06/2023); produtividade (27/06/2023).

PALAVRAS-CHAVE: Correção de solo; Eficiência; Produtividade.

1 INTRODUÇÃO

O trigo é um dos cereais mais antigos cultivados pelo homem, e apresenta 30% da
produção mundial de grãos, sendo o segundo mais consumido no mundo (EMBRAPA, 2022).
A farinha de trigo é o ingrediente principal de diversas receitas culinárias, e seu consumo é
fundamental para uma alimentação saudável e equilibrada. Por ser caracterizado como uma
cultura de inverno, o trigo é produzido principalmente na região sul do Brasil, mas também
pode se adaptar a outras regiões. O plantio do cereal no Brasil deve seguir as recomendações
do zoneamento agrícola de risco climático (ZARC) para a cultura e varia de acordo com a região
do país.

Quando foram intensificadas as pesquisas com o trigo no Brasil, na década de 1970, a


produção se encontrava muito abaixo da atual, com cultivares de baixo rendimento e poucas
tecnologias ligadas a cultura. Durante a evolução da produção tritícola, a média de
produtividade das lavouras saiu de 800 quilos por hectare para um rendimento superior a 3.000
quilos por hectare, no ano de 2022 (EMBRAPA, 2022). Atualmente o Brasil ocupa a oitava

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ambiente, Volume 1.
posição no ranking mundial na produção de trigo, posição que pode mudar nas próximas safras,
já que nos últimos cinco anos, o país teve um aumento de produção de 76% (EMBRAPA, 2022).

Por meio do solo a planta faz o maior aporte de nutrientes para seu desenvolvimento, e
corrigi-lo é uma etapa fundamental que deve ser realizada pelos produtores, considerando a
acidez presente nos solos, que limitam o potencial produtivo das lavouras. A calagem é o
método mais comum no manejo de correção de solo, através dela é possível corrigir a acidez
do solo e neutralizar o efeito tóxico às plantas de elementos como alumínio e manganês, quando
em teores elevados. Além disso, melhora e estimula a vida microbiana, contribui para o
processo de fixação biológica de nitrogênio, e estimula o crescimento do sistema radicular da
cultura.

Imagem 1: Disponibilidade de nutrientes em relação ao PH.

Fonte: My Farm Agro (2023).

Sendo assim, é de fundamental importância o aprimoramento de táticas de correção de


solo, antes da implantação da cultura. O referente trabalho visa mostrar resultados obtidos sobre
a cultura do trigo, que foi submetido a diferentes manejos de adubação de base associadas com
diferentes fontes de corretivos de solo.

2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho foi avaliar á eficiência e praticabilidade agronômica da


adubação de base na cultura do trigo, utilizando os produtos SUPERBAC, calcário de concha
e óxido de cálcio.

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ambiente, Volume 1.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Local e data de instalação do experimento:

O experimento foi conduzido no centro de pesquisa universitário, latitude


S:23°24'11,386", longitude W:51°9'57,418", altitude de 480m, no município de Londrina,
Paraná. A cultivar utilizada foi a TBIO AUDAZ, semeada em 10/04/2023, com as seguintes
características: 75 plantas por metro, espaçamento de 0,17 m entre linhas e densidade
populacional de 4.411.764 plantas por hectare. Á aplicação foi realizada em 10/04/2023 adjunto
ao plantio e finalizando o ensaio com a colheita em 27/06/2023. O delineamento experimental
utilizado foi o de blocos casualizados com 18 tratamentos e 4 repetições. Nos resultados a
seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas respectivas doses em kg/ha
entre parênteses.

3.2 Tratamentos

Os tratamentos foram elaborados com 8 formulações diferentes do produto


SUPERBAC, e organizados para que cada formulação fosse associada com calcário de concha
e óxido de cálcio.

Tabela 1: Produtos e doses utilizadas em cada tratamento.


Trat. Produtos Dose em kg/ha (Época)

T1 TESTEMUNHA
T2 04-30-10 300 (A)
T3 SUPERBAC 1 + calcário de concha 300 (A)
T4 SUPERBAC 1 + óxido de cálcio 300 (A)
T5 SUPERBAC 2 + calcário de concha 300 (A)
T6 SUPERBAC 2 + óxido de cálcio 300 (A)
T7 SUPERBAC 3 + calcário de concha 300 (A)
T8 SUPERBAC 3 + óxido de cálcio 300 (A)
T9 SUPERBAC 4 + calcário de concha 300 (A)
T10 SUPERBAC 4 + óxido de cálcio 300 (A)
T11 SUPERBAC 5 + calcário de concha 300 (A)
T12 SUPERBAC 5 + óxido de cálcio 300 (A)
T13 SUPERBAC 6 + calcário de concha 300 (A)
T14 SUPERBAC 6 + óxido de cálcio 300 (A)
T15 SUPERBAC 7 + calcário de concha 300 (A)
T16 SUPERBAC 7 + óxido de cálcio 300 (A)
T17 SUPERBAC 8 + calcário de concha 300 (A)
T18 SUPERBAC 8 + óxido de cálcio 300 (A)
Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
3.3 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 18 tratamentos


e 4 repetições. Os tratamentos testados estão descritos na Tabela 1. A área experimental
constituiu-se em parcelas medindo 7 m de largura por 2 m de comprimento, totalizando 14 m2.

3.4 Metodologia e épocas de aplicação

Quadro 1: Descrição dos dados meteorológicos observados durante a semeadura.


Horário Horário Temp. UR Vel. do Nebulosidade
Data Início Término (ºC) (%) Vento (%)
(m/s)
10/04/2023 8:00 10:00 28,5 55 9,5 20
Fonte: Autoria própria (2023).

3.5 Metodologia das avaliações

Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:

Em que:

% EF: porcentagem de eficiência

N1: Nota na parcela testemunha

N2: Nota na parcela tratada

Para todas as avaliações realizadas no experimento, consideraram-se as linhas centrais


de cada parcela, evitando o efeito negativo das bordaduras. A produtividade foi estimada
coletando-se as plantas da área útil da parcela (1,0 m2).

3.6 Análise Estatística

Os dados foram analisados pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. O teste de


homocedasticidade foi utilizado em todas as variáveis para verificar a necessidade de
transformação dos dados (BOX; COX, 1964). Todas as análises estatísticas foram realizadas
pelo Software Syslaudo®.

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ambiente, Volume 1.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
4.1 Altura de plantas

Na avaliação de altura de plantas realizada no dia 22/06/2023 (Tabela 3), verificou-se


que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha em
sua dose alvo foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), ao tratamento
T2. O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha em sua dose
alvo foi estatisticamente inferior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T5, T6,
T7, T8, T9, T10, T11, T12, T13, T14, T15, T16, T17, T18. O tratamento 3 com o produto
testado SUPERBAC 1 + calcário de concha em sua dose alvo foi estatisticamente semelhante,
pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) ao tratamento T4. O produto testado SUPERBAC 1 +
calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T1: TESTEMUNHA pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade. O produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior
ao tratamento padrão T2 pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Tabela 3: Avaliação de altura de plantas 14 dias após semeadura.


Tratamentos 14 DA1A
T1 Testemunha 54,25 f
T2 04-30-10 (A) 59,50 e
T3 SUPERBAC 1 + calcário de concha (A) 63,75 d
T4 SUPERBAC 1 + óxido de cálcio (A) 64,0 d
T5 SUPERBAC 2 + calcário de concha (A) 67,50 c
T6 SUPERBAC 2 + óxido de cálcio (A) 69,25 b
T7 SUPERBAC 3 + calcário de concha (A) 67,75 c
T8 SUPERBAC 3 + óxido de cálcio (A) 70,0 b
T9 SUPERBAC 4 + calcário de concha (A) 70,25 b
T10 SUPERBAC 4 + óxido de cálcio (A) 67,0 c
T11 SUPERBAC 5 + calcário de concha (A) 69,25 b
T12 SUPERBAC 5 + óxido de cálcio (A) 67,0 c
T13 SUPERBAC 6 + calcário de concha (A) 73,50 a
T14 SUPERBAC 6 + óxido de cálcio (A) 70,0 b
T15 SUPERBAC 7 + calcário de concha (A) 69,50 b
T16 SUPERBAC 7 + óxido de cálcio (A) 69,75 b
T17 SUPERBAC 8 + calcário de concha(A) 69,50 b
T18 SUPERBAC 8 + óxido de cálcio (A) 72,50 a
C.V. (%) 1,66
D.M.S. 2,9112
Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
4.2 Avaliação de stand final de plantas

Na avaliação de stand final no realizada no dia 22/06/2023 (Tabela 4), verificou-se que
todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi
estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T2, T7, T8, T10.
O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + Calcário de concha foi estatisticamente
inferior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T13, T18. O tratamento 3 com o
produto testado SUPERBAC 1 + Calcário de concha foi estatisticamente semelhante, pelo teste
de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T4, T5, T6, T9, T11, T12, T14, T15, T16, T17. O
produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T1:
TESTEMUNHA pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado
SUPERBAC 1 + calcário de concha em sua dose alvo foi superior ao tratamento padrão T2: 04-
30-10 pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Tabela 4: Avaliação de stand final de plantas.


Tratamentos 14 DA1A
T1 TESTEMUNHA 60,0 d
T2 04-30-10 (A) 67,50 c
T3 SUPERBAC 1 + calcário de concha (A) 70,0 b
T4 SUPERBAC 1 + óxido de cálcio (A) 68,75 b
T5 SUPERBAC 2 + calcário de concha (A) 68,50 b
T6 SUPERBAC 2 + óxido de cálcio (A) 70,0 b
T7 SUPERBAC 3 + calcário de concha (A) 66,50 c
T8 SUPERBAC 3 + óxido de cálcio (A) 66,75 c
T9 SUPERBAC 4 + calcário de concha (A) 69,75 b
T10 SUPERBAC 4 + óxido de cálcio (A) 68,0 c
T11 SUPERBAC 5 + calcário de concha (A) 69,50 b
T12 SUPERBAC 5 + óxido de cálcio (A) 69,0 b
T13 SUPERBAC 6 + calcário de concha (A) 73,25 a
T14 SUPERBAC 6 + óxido de cálcio (A) 70,50 b
T15 SUPERBAC 7 + calcário de concha (A) 70,0 b
T16 SUPERBAC 7 + óxido de cálcio (A) 69,25 b
T17 SUPERBAC 8 + calcário de concha(A) 70,50 b
T18 SUPERBAC 8 + óxido de cálcio (A) 73,50 a
C.V. (%) 1,86
D.M.S. 3,3269
Fonte: Autoria propria (2023).

4.3 Produtividade

Na avaliação de massa de mil grãos (M.M.G) (Tabela 5), verificou-se que todos os
tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O
tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi estatisticamente

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ambiente, Volume 1.
superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T2, T4, T8, T11, T12. O
tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi estatisticamente
inferior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T9, T13, T14, T17, T18. O
tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi estatisticamente
semelhante, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T5, T6, T7, T10, T15, T16. O
produto testado SUPERBAC 1 +CC em sua dose alvo (300) foi superior ao tratamento padrão
T1: TESTEMUNHA pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado
SUPERBAC 1 +Calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T2 pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade.

Na avaliação de produtividade realizada no dia 27/06/2023 (Tabela 5), observando-se


classificação estatística em relação à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram
superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 3 com
o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi estatisticamente superior, aos
tratamentos T2, T4, T8, T11, T12. O tratamento 3 foi estatisticamente inferior aos tratamentos
T5, T7, T9, T10, T13, T14, T15, T16, T17, T18. O tratamento 3 foi estatisticamente semelhante,
ao tratamento T6. O produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior ao
tratamento padrão T1. O produto testado SUPERBAC 1 + Calcário de concha foi superior ao
tratamento padrão T2. O maior aumento de rendimento (1.339,75 kg/ha) em relação à
testemunha foi observado para o tratamento: T18: SUPERBAC 8 + óxido de cálcio.

Na avaliação de saca/ha (Tabela 5), observando-se classificação estatística em relação


à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste
de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 +
calcário de concha foi estatisticamente superior, aos tratamentos T2, T4, T8, T11, T12. O
tratamento 3 foi estatisticamente inferior, aos tratamentos T5, T7, T9, T10, T13, T14, T15, T16,
T17, T18. O tratamento 3 foi estatisticamente semelhante, ao tratamento T6. O produto testado
SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T1. O produto testado
SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T2. O maior aumento de
rendimento (22,32 Sacas de 60kg /ha) em relação à testemunha foi observado para o tratamento:
T18: SUPERBAC 8 + óxido de cálcio.

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ambiente, Volume 1.
Tabela 5: Resultados de produtividade de cada tratamento.
Produtivida Saca A.R.
Tratamentos M.M.G. de (kg/ha) 60 sacas/ha
kg/ha
T1 TESTEMUNHA 26,75 f 1437,50 i 23,96 i 0
T2 04-30-10 (A) 32,88 e 2039,75 h 34,0 h 10,04
T3 SUPERBAC 1 + calcário de 37,0 c 2216,0 f 36,93 f 12,97
concha (A)
T4 SUPERBAC 1 + óxido de 34,0 d 2175,0 g 36,25 g 12,29
cálcio (A)
T5 SUPERBAC 2 + calcário de 36,50 c 2244,50 e 37,41 e 13,45
concha (A)
T6 SUPERBAC 2 + óxido de 36,0 c 2216,75 f 36,95 f 12,98
cálcio (A)
T7 SUPERBAC 3 + calcário de 36,50 c 2262,0 e 37,70 e 13,74
concha (A)
T8 SUPERBAC 3 + óxido de 34,75 d 2171,25 g 36,19 g 12,23
cálcio (A)
T9 SUPERBAC 4 + calcário de 38,25 b 2393,25 d 39,88 d 15,92
concha (A)
T10 SUPERBAC 4 + óxido de 37,25 c 2382,50 d 39,71 d 15,75
cálcio (A)
T11 SUPERBAC 5 + calcário de 34,75 d 2196,25 g 36,60 g 12,64
concha (A)
T12 SUPERBAC 5 + óxido de 35,0 d 2186,25 g 36,44 g 12,48
cálcio (A)
T13 SUPERBAC 6 + calcário de 41,75 a 2739,75 a 45,66 a 21,70
concha (A)
T14 SUPERBAC 6 + óxido de 39,25 b 2593,75 b 43,23 b 19,27
cálcio (A)
T15 SUPERBAC 7 + calcário de 36,50 c 2475,25 c 41,25 c 17,29
concha (A)
T16 SUPERBAC 7 + óxido de 37,25 c 2498,75 c 41,65 c 17,69
cálcio (A)
T17 SUPERBAC 8 + calcário de 38,50 b 2563,75 b 42,73 b 18,77
concha (A)
T18 SUPERBAC 8 + óxido de 42,25 a 2777,25 a 46,28 a 22,32
cálcio (A)
C.V. (%) 2,31 1,2 1,2

D.M.S. 2,1846 72,0529 1,2023

Fonte: Autoria própria (2023).

6 CONCLUSÕES

Com base no estudo realizado, pode-se concluir que:

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ambiente, Volume 1.
Os maiores aumentos de rendimentos foram o T13: SUPERBAC 6 + calcário de concha
e T18: SUPERBAC 8 + óxido de cálcio.
Ambas as tecnologias são eficientes, além da tecnologia Superbac como das associações
de Cálcio.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of


Economic Entomology, v. 18, p. 265-266, 1925. Disponível em: https://academic.ou-
p.com/jee/article-abstract/18/2/265/785683?redirectedFrom=fulltext. Acessado em: Dez. 2023.

AGROFIT. Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. 2019. Disponível em: http://agrofit.agri-


cultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acessado em: Nov. 2023.

CAMPBELL, C. L.; MADDEN, L. V. Introduction to plant disease epidemiology. New


York: John Willey, 1990. Disponível em: https://www.scirp.org/reference/references-
papers?referenceid=1799831. Acessado em: Nov. 2023.

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira grão. 2020. Disponível em:


https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acessado em:
Dez. 2023.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Soja em Números (safra


2017/2018). Londrina: Embrapa Soja, 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/so-
ja/cultivos/soja1/dados-economicos. Acessado em: Out. 2023.

SILVA, M. G. F. et al. Syslaudo: Software de gerenciamento e automatização de experimentos


agrícolas. 2019. Disponível em: https://syslaudo.com. Acessado em: Set. 2023.

EMBRAPA. Trigo, uma safra para ficar na história. 2022. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/77085844/trigo-uma-safra-para-ficar-na-
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MyFarmAGRO. Gráfico de Malavolta: A disponibilidade de nutrientes no solo em função do


PH. 2023. Diponível em: https://blog.myfarmagro.com/grafico-de-malavolta-adisponibilidade-
de-nutrientes-no-solo-em-funcao-do-ph/. Acessado em: Dez. 2023.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c240411083324

CAPÍTULO 3
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL E REDUÇÃO DE ESGOTO
POR MEIO DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E ÁGUA CINZA:
ESTUDO DE CASO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO
SUL DO BRASIL

Ana Kelly Marinoski

RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar a avaliação do potencial de economia de água potável e redução de esgoto
obtida por meio da implantação de sistema integrado de aproveitamento de água pluvial e água cinza em habitações
residenciais de interesse social. O desenvolvimento do estudo se deu por meio de levantamentos in loco em
habitações de interesse social na região metropolitana de Florianópolis, sul do Brasil, e também parcialmente por
meio de análise teórica. Os resultados da análise demonstraram que por meio da integração de aproveitamento de
água pluvial e água cinza, o potencial médio de economia de água potável seria de 41,9%, enquanto o máximo
potencial de economia, 53,4%. O potencial de economia de água potável obtido como o uso exclusivo de água
cinza seria 19,4% do consumo total de água, e o potencial de redução de esgoto 40%. Este estudo poderá contribuir
para o desenvolvimento de políticas públicas específicas para incentivo do uso de fontes alternativas de água em
habitações residenciais de interesse social, minimizando a demanda de água potável e também o consumo
energético associado tanto à água quanto ao esgoto.

PALAVRAS-CHAVE: Aproveitamento de água pluvial; Água cinza; Economia de água


potável; Redução da geração de esgoto; Habitações de interesse social.

1 INTRODUÇÃO

Com as mudanças climáticas globais, o cenário mundial revela ampla preocupação com
os recursos naturais. Nesse contexto, os recursos hídricos são recursos a serem preservados,
levando em conta a sua importância para a vida no planeta.

Notadamente as regiões de grande concentração populacional e também grandes áreas


de plantações agrícolas acabam exercendo fortes pressões nos recursos hídricos, ocasionam
uma redução gradual da qualidade e disponibilidade. Além disso, outro fator que contribui para
que a água se torne cada dia um bem mais raro, é a fragilidade dos sistemas públicos de
abastecimento que não acompanham o crescimento da população. Aliado a isso, em algumas
regiões ocorrem constantes estiagens.

Em função da insuficiência do abastecimento de água é necessário que ocorra redução


da demanda e crescimento da oferta de água. O ponto de partida para minimizar esse problema
deve ser a conservação da água e a utilização de fontes alternativas.

Farrelly e Brown (2011) ressaltam que há uma ampla aceitação da necessidade de


práticas mais sustentáveis relacionadas à água em centros urbanos. Para o cenário urbano, ao

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ambiente, Volume 1.
captar água de chuva o descarte nas redes públicas é minimizado, contribuindo assim, para a
diminuição de enchentes e alagamentos.

No âmbito das edificações, a minimização do consumo de água é um importante


parâmetro indicativo da sustentabilidade. Neste contexto, o uso racional dos recursos naturais,
sobretudo a água, vem se impondo como uma ação fundamental para o desenvolvimento
sustentável. Assim, faz-se necessário avaliar soluções que tenham potencial para reduzir o
consumo de água potável dos sistemas de abastecimento de água.

Dentre essas soluções para uso eficiente da água, o aproveitamento de água pluvial e
aproveitamento de água cinza, vêm sendo estudado por muitos pesquisadores em diferentes
países. Encontram-se na literatura especializada, por exemplo, estudos sobre o aproveitamento
de água cinza, isoladamente ou em combinação com água pluvial, que mostram o potencial de
economia de água potável em diversas tipologias de edificações (GOIS et al., 2015; ORON et
al., 2014), tais como residências unifamiliares e residências multifamiliares (GARCÍA-
MONTOYA et al., 2016; MOURAD et al., 2011; SANTOS; FARIAS, 2017; STOEBERL;
ONEDA, 2023).

Alguns estudos demonstram que a utilização de apenas uma fonte alternativa de água
isoladamente, água cinza ou água pluvial, não é suficiente para abastecer a demanda residencial
de água para fins não potáveis. Destaca-se que em muitas regiões onde ocorrem estiagens, a
eficiência de sistemas de captação de água pluvial diminui, pois é altamente dependente da
frequência e intensidade das chuvas (MUTHUKUMARAN et al., 2011). Em algumas
edificações verifica-se que as áreas de captação são insuficientes para captar a água pluvial
necessária para suprir a demanda existente (GHISI; FERREIRA, 2007). Nestes casos, o uso de
água pluvial e água cinza poderia possibilitar o abastecimento completo da demanda de água
não potável na edificação. Apesar de a água cinza apresentar qualidade inferior à da água
pluvial, a água cinza é gerada com maior regularidade, justificou a combinação destes tipos de
águas.

Além disso, a produção de água cinza varia conforme os hábitos dos usuários quanto à
utilização dos aparelhos sanitários, o tipo de equipamento adotado (com ou sem dispositivos
economizadores de água) e o clima local. Qualquer mudança nos hábitos e costumes dos
habitantes, do clima, ou trocas de equipamentos, influencia na quantidade de água cinza
produzida. Deste modo, por meio do uso de duas fontes alternativas de água é possível
economizar maior volume de água potável em comparação com a economia média obtida com

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ambiente, Volume 1.
uso de apenas uma fonte alternativa de água isoladamente (GHISI; OLIVEIRA, 2007).

Existem poucos estudos sobre sistemas de aproveitamento de água pluvial e


aproveitamento de água cinza instalados em uma mesma edificação. Nota-se que os estudos
que abordam fontes alternativas de água, na maioria das pesquisas existentes atualmente na
literatura, em geral as análises realizadas de ordem técnica ou econômica. As pesquisas
raramente abordam a integração de aproveitamento de água cinza e uso de água pluvial e seu
potencial de economia de água potável e de redução de esgoto. A carência de informação útil
sobre a utilização integrada dessas fontes alternativas de água dificulta a ampla aplicação destes
sistemas.

Este artigo tem como objetivo avaliar o potencial de economia de água potável e redução
de esgoto devido à implantação de sistemas integrados de aproveitamento de água pluvial e
água cinza em habitações de interesse social no sul do Brasil. Atualmente, a população de baixa
renda no Brasil equivale a 31,6% da população (IBGE, 2023). Com o aumento do poder
aquisitivo das populações de baixa renda poderá ocorrer uma elevação da demanda de água nas
cidades. Assim, com o desenvolvimento de novas políticas públicas habitacionais, o uso
racional de água em habitações de interesse social tem potencial para reduzir a demanda nos
sistemas públicos de água e esgoto.

2 METODOLOGIA

Neste item estão descritos todos os materiais, equipamentos, procedimentos e


programas utilizados para verificar o potencial de economia de água potável e redução de esgoto
em um estudo de caso realizado em habitações residenciais unifamiliares de interesse social,
localizadas na região metropolitana de Florianópolis, Santa Catarina.

A escolha dessa tipologia de habitação se deve ao fato que ainda são poucos os estudos
sobre sistemas alternativos de água em habitações de interesse social no país (COHIM;
GARCIA; KIPERSTOK, 2008; FRANCI; GONÇALVES, 2012; VIEIRA, 2012; GARCIA et
al., 2013).

O desenvolvimento do estudo de caso se deu por meio de levantamentos in loco 1em 48


residências e também parcialmente por meio de análise teórica.

1
Os dados dos levantamentos in loco foram obtidos por meio de pesquisas realizadas em uma rede de pesquisa
financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – na Chamada Pública Saneamento Ambiental e
Habitação do edital 07/2009.

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ambiente, Volume 1.
A região estudada localiza-se no litoral de Santa Catarina. Florianópolis possui um clima
temperado úmido de acordo com classificação de Köppen, com verões quentes e temperaturas
médias anuais variando de 16ºC a 25ºC. Segundo a NBR 15220-3 (ABNT, 2005), Florianópolis
enquadra-se na zona bioclimática 3. Apresenta precipitação pluviométrica média de 1518 mm
ao ano para o período de 1961 a 1990 (INMET, 2016). A Figura 01 apresenta a localização das
residências avaliadas neste estudo. Os círculos vermelhos mostram os bairros onde se localizam
as residências.

Figura 01: Localização das residências avaliadas.

Vargem Grande

Jardim Eldorado
Brasil
Jardim Aquarius

Fonte: Adaptado do Google Maps (2014).

As famílias moradoras nas habitações selecionadas para o estudo atenderam ao menos


um dos seguintes critérios:

• Preferencialmente, possuir renda familiar igual ou inferior a três salários mínimos;

• Residir em área de interesse social (ex.: área de interesse social (favelas) ou rua com diversas
residências de baixa renda);

• Possuir residência financiada pelo programa Minha Casa Minha Vida (BRASIL, 2011) ou
outro programa habitacional público para famílias de baixa renda.

Para representar de modo geral todas as residências analisadas (total de 48 casas), foi
definida uma habitação modelo. Assumiu-se como área construída e área de cobertura dessa
habitação a média das áreas encontradas nas habitações estudadas. Para a ocupação da habitação
modelo, adotou-se o número mediano de residentes verificado nas famílias da amostra
pesquisada, igual a quatro moradores. Considerou-se que a residência modelo está localizada
no Bairro Vargem Grande – norte da ilha de Florianópolis. A Figura 02 apresenta a planta baixa
da habitação modelo sem escala.

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ambiente, Volume 1.
Figura 02: Planta baixa da habitação modelo. Sem escala.

Fonte: Autoria própria (2014).


2.1 Concepção dos sistemas

A concepção do sistema integrado de aproveitamento de água pluvial e água cinza foi


definida levando em conta a qualidade da água requerida para abastecimento dos usos não
potáveis da habitação. Para assegurar melhor qualidade da água aproveitada, definiu-se neste
estudo que não haveria mistura da água pluvial com a cinza. Portanto, foram dimensionados
reservatórios distintos de armazenamento e abastecimento de água.

Foi considerado o uso de água pluvial para o suprimento da demanda dos seguintes fins
não potáveis: irrigação de jardim, lavação de calçadas e automóveis (torneira externa), limpeza
geral (torneira do tanque) e lavação de roupas (máquina de lavar). Foi considerado o uso de
água cinza exclusivamente em bacias sanitárias, porém, caso esta fonte não seja suficiente para
suprir toda a demanda deste aparelho sanitário, poderá ser utilizada água pluvial.

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ambiente, Volume 1.
O sistema integrado foi desmembrado em dois subsistemas, nomeados como
“subsistema pluvial” e “subsistema cinza”. Essa simplificação permitiu avaliar a economia de
água potável de cada fonte alternativa.

Considerou-se para o “subsistema pluvial”, que a água pluvial proveniente de coberturas


após cloração é adequada para o abastecimento de lavadora de roupa, tanque, torneira externa
e bacia sanitária.

Assumiu-se que o abastecimento de água pluvial possui abastecimento auxiliar por água
potável, proveniente da concessionária de água. Desta forma, quando faltar água pluvial no
reservatório inferior, e o nível mínimo do reservatório for atingido, sendo este regulado pela
boia de fundo, a chave desta boia impedirá o funcionamento da motobomba. Para não faltar
água nos pontos de consumo não potável com a diminuição do nível de água do reservatório
superior de água pluvial, uma chave de nível – que comanda uma válvula solenóide – possibilita
o abastecimento suplementar proveniente do sistema de abastecimento de água potável.

Determinou-se que o “subsistema cinza” possui abastecimento auxiliar primário por


água pluvial e secundário por água potável. Assumiu-se que o excesso de água pluvial coletada
e de água cinza tratada é direcionado ao sistema de drenagem pluvial urbana.

O “subsistema cinza” apresentou um sistema de tratamento por wetland. A sequência


de tratamento da água cinza compreende uma caixa receptora dos efluentes, sistema de wetland,
reservatório inferior para desinfecção com pastilhas de cloro e reservatório superior de água
cinza tratada. Foi definido o tratamento de água cinza em sistema de wetland subsuperficial de
fluxo vertical, o qual apresenta elevada eficiência de tratamento e, consequentemente, menor
área de implantação para o tratamento de efluentes (HOFFMAN; PLATZER, 2010). Em
habitações de interesse social, a área do lote pode inviabilizar a instalação de sistemas de
tratamento por wetland, mas os sistemas verticais são compactos, ocupando uma pequena área.

As análises realizadas consideraram o período de 20 anos como horizonte de tempo,


conforme analisado em outras pesquisas na área de sistemas hidráulicos prediais (CHIU et al.,
2009; PROENÇA et al., 2011; VIEIRA, 2012).

2.2 Demanda de água e indicador de consumo

Para definir a demanda de água não potável a ser adotada para a análise da habitação
modelo, os usos finais das 48 habitações avaliadas foram levantados por meio de entrevistas
com os moradores acerca das rotinas de uso de cada equipamento hidráulico e por meio de
medições ou estimativas da vazão de cada um dos equipamentos. Os usos finais de água foram

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ambiente, Volume 1.
classificados em usos potáveis e não potáveis.

A vazão de cada equipamento foi levantada por três medições consecutivas,


determinando-se o volume total de água obtido em certo intervalo de tempo cronometrado.
Ressalta-se que a operação de cada equipamento foi realizada pelo próprio usuário da
residência, em condições normais de uso. A vazão de bacias sanitárias com válvulas de descarga
foi considerada igual aos valores sugeridos pela NBR 5626 (ABNT, 1998). O volume médio
por ciclo de uso de bacias sanitárias equipadas com caixas de descarga e máquinas de lavar foi
assumido igual aos valores apresentados pelos fabricantes e no catálogo PROCEL (Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica).

Os procedimentos para a determinação da vazão média são mostrados na Equação 1. Os


equipamentos caracterizados por tempo de uso são: chuveiro, lavatório, pia da cozinha, torneira
externa e tanque. Os equipamentos caracterizados por ciclo são: bacias sanitárias e lavadora de
roupas. As bacias sanitárias com válvulas de descarga foram incluídas como equipamentos que
possuem ciclo em função da vazão ter considerada igual aos valores sugeridos pela NBR 5626
(ABNT, 1998).
𝑞𝑞𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 𝑉𝑉
𝑄𝑄𝑖𝑖𝑖𝑖 = ∑3𝑘𝑘=0 = ∑3𝑘𝑘=0 3×𝑡𝑡𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖 (1)
3 𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖

Onde: Qijé a vazão de cada equipamento i (litros/s) em cada habitação j; qijké a


vazão(litros/s) em cada uma das três medições k, de cada equipamento i em cada habitação j;
Vijké o volume (litros) em cada uma das medições k, de cada equipamento i e em cada habitação
j; tijké o tempo (segundos) cronometrado de cada medição k, em cada equipamento i e em cada
habitação j.

Os usos finais foram calculados por meio da Equação 2.


100×𝑉𝑉𝑖𝑖
𝑈𝑈𝑈𝑈𝑖𝑖 = ∑𝑛𝑛
(2)
𝑖𝑖=1 𝑉𝑉𝑖𝑖

Onde: UFi é o uso final de cada equipamento i em uma habitação (%); Vi é o volume
consumido do equipamento i em uma mesma habitação (m³/ mês); n é o número de
equipamentos em uma mesma habitação.

Para generalizar a amostra, foram determinados intervalos de confiança de 90% para a


média dos usos finais, por meio do teste-t de Student e n-1 graus de liberdade, onde n é o número
de equipamentos i na amostra, calculado com o software Minitab 16 (MINITAB, 2010). Os
intervalos de confiança auxiliam no entendimento da variabilidade do consumo de água e dos

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ambiente, Volume 1.
usos finais.

Foi verificado o consumo diário de água por morador a fim de dimensionar os


reservatórios e determinar o potencial de economia de água potável obtido por meio da adoção
de um sistema integrado. Em edificações existentes faz-se necessário primeiramente obter um
histórico do consumo de água local e do número de consumidores (população fixa e flutuante).
Recomenda-se obter dados de consumo de água e dos consumidores por um período mínimo
de 12 meses, para verificação da sazonalidade no consumo. Assim, com base nestes dados,
calculou-se um indicador de consumo na habitação de acordo com a Equação 3.

C água
IC = (3)
AGc × ndias

Onde: IC é igual ao indicador de consumo de água na habitação (L/hab.dia); Cágua é


igual ao consumo de água no período avaliado (L/período); AGc é igual ao número de
consumidores (habitantes); ndias é igual ao número de dias do período (dias).

2.3 Potencial de economia de água potável por meio de fontes alternativas

O potencial de economia de água potável com o aproveitamento de água pluvial e água


cinza para o suprimento da demanda dos usos não potáveis da habitação modelo foi verificado
por meio de estudo teórico, através do levantamento de informações em campo e simulações
computacionais.

O potencial de economia de água através da integração entre água cinza e água pluvial
foi calculado considerando o abastecimento da bacia sanitária com água cinza, e o
abastecimento da lavadora de roupa, tanque e torneira externa com água pluvial. Quando a
oferta de água cinza foi inferior à demanda de água em bacia sanitária, assumiu-se seu
abastecimento prioritariamente com o uso de água pluvial.

2.4 Potencial de economia de água potável por meio de aproveitamento de água pluvial

O potencial de economia de água potável por meio do aproveitamento de água pluvial


foi indicado por meio de simulação computacional no programa Netuno Versão 4 desenvolvido
por Ghisi e Cordova (2014).

Os dados de entrada do programa Netuno versão 4 são: precipitação com resolução


temporal diária, área de captação, demanda total diária de água percapita (indicador de
consumo de água), número de habitantes, demanda de água pluvial, coeficiente de
aproveitamento, descarte de escoamento inicial e volume do reservatório superior. Os principais

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ambiente, Volume 1.
dados de saída do programa são o potencial de economia de água potável, volume ideal do
reservatório e número de dias que o sistema atende à demanda de água pluvial.

Utilizou-se uma série histórica de dez anos de precipitação com resolução temporal
diária para a cidade de Florianópolis, correspondente ao período de janeiro de 2002 a dezembro
de 2011. A Figura 03 ilustra os índices pluviométricos mensais neste período.

Figura 03: Índice pluviométrico mensal médio, máximo e mínimo no período entre janeiro de 2002 e dezembro
de 2011 em Florianópolis.
700
Precipitação pluviométrica mensal

600

500

400
(mm)

300

200

100

0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Fonte: Autoria própria (2012).

Foi adotado o valor de 0,80 para o coeficiente de escoamento superficial, verificado de


acordo com o material das coberturas (telhas de fibrocimento) da maioria das residências
avaliadas. Assumiu-se o descarte de 2 mm iniciais de precipitação conforme indicado para o
dispositivo volumétrico de desvio de água dos primeiros escoamentos adotado e também
conforme recomendado pela NBR 15.527 (ABNT, 2007).

Adotou-se como área de captação da habitação modelo a área média de cobertura das
residências avaliadas, igual a 78 m².

A demanda total de água potável per capita e o percentual da demanda total a ser
substituído por água pluvial foram verificados com base nos dados obtidos no diagnóstico de
água (indicador de consumo e usos finais de água). Considerou-se o volume do reservatório
superior como sendo o volume do reservatório disponível no mercado igual ou imediatamente
acima da demanda diária de água pluvial.

O volume ideal do reservatório inferior para captação de água pluvial foi determinado
pelo programa Netuno quando o volume subsequente apresentou acréscimo inferior a 2 % /m³
para o atendimento da demanda de água.

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ambiente, Volume 1.
2.5 Potencial de economia de água potável por meio de aproveitamento de água cinza

Para definir o potencial de economia de água potável obtido por meio do aproveitamento
de água cinza verificou-se primeiramente a geração de efluentes em aparelhos sanitários que
podem ofertar água cinza (Equação 4). Considerou-se que a produção de água cinza na
habitação objeto de estudo ocorre em chuveiro, lavatório, lavadora de roupas e tanque.

Gcinza bruta = ∑i =1 g n i (4)


n

Onde: Gcinza bruta é a geração de água cinza bruta (L/dia); g é a geração de efluentes em
aparelhos sanitários que podem ofertar água cinza (L/dia); n é o número de aparelhos sanitários
que podem ofertar água cinza na edificação (aparelhos).

Posteriormente verificou-se a oferta média de água cinza após o tratamento da água.


Assumiu-se neste estudo que o efluente de água cinza passará por sistema de tratamento in situ.
Considerou-se que o sistema de tratamento é aberto e, assim, pode apresentar perdas e ganhos
de água devido à evapotranspiração e à precipitação atmosférica. As frações de água acrescida
por precipitação e perdida por evapotranspiração devem ser consideradas à água cinza gerada
nos aparelhos sanitários. Para o cálculo da oferta média de água cinza utilizou-se a Equação 5.

Ocinza = Gcinza bruta × (1 + p − et) (5)


Onde: Ocinza é a oferta média de água cinza (L/dia); Gcinza bruta é a geração de água
cinza bruta (L/dia); p é a fração de água acrescida ao sistema devido à precipitação
(adimensional); et é a fração de água perdida no sistema devido à evapotranspiração
(adimensional).

Quando a oferta de água cinza superou a demanda, considerou-se o potencial de


economia de água potável com o uso de água cinza igual à demanda; em casos opostos,
assumiu-se o potencial de economia de água potável igual à oferta. Assim, quando a demanda
encontrada for maior que a oferta, considerou-se o volume máximo a ser reutilizado igual à
produção média de água cinza calculada durante os meses do ano.

2.6 Potencial de economia de água potável por meio de aproveitamento de água pluvial e
água cinza integrados

O cálculo do potencial de economia de água potável proveniente da integração do


aproveitamento de água pluvial e água cinza foi realizado comparando-se a demanda de água
não potável e a oferta de água cinza com a oferta de água pluvial da residência.

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ambiente, Volume 1.
Após verificar o valor da demanda de água não potável a ser suprida com água pluvial,
foi realizada uma simulação computacional para obter o potencial de economia de água
alcançado com o aproveitamento de água pluvial. A demanda de água não potável a ser suprida
com água cinza foi calculada de acordo com a Equação 6, com o abastecimento dos usos não
potáveis prioritariamente por água pluvial.

Dcinza = Dnpot − V pluvial (6)

Onde: Dcinza é a demanda de água não potável a ser suprida com água cinza (L/dia); Dnpot
é a demanda de água não potável da residência (L/dia); Vpluvial é o volume de água que poderia
ser abastecido com água pluvial (L/dia).

Para definir o volume de água que poderia ser suprido com água pluvial foi
primeiramente realizada uma simulação computacional para verificar o potencial de economia
de água obtido com o aproveitamento de água pluvial. Para estimar o potencial total de
economia de água obtido por meio da integração das duas fontes alternativas, somou-se o
potencial de economia obtido com uso de água pluvial ao potencial de economia decorrente do
uso de água cinza, considerando que a água pluvial tem uso prioritário no sistema integrado.

2.7 Diagnóstico de esgoto na habitação: Potencial de redução de esgoto

Considerou-se que o volume total de esgoto gerado na habitação corresponde ao volume


total de água (potável e não potável) consumido. O potencial de redução de esgoto devido ao
aproveitamento de água cinza é avaliado com base nos dados de usos finais de água,
considerando o potencial de economia de água potável com o aproveitamento de água cinza e
as perdas no sistema de tratamento (Equação 7). O aproveitamento de água pluvial não
apresenta potencial de redução de efluentes domésticos, pois apenas substitui a utilização de
água potável por pluvial, não alterando a quantidade de esgoto gerado.

 n

Eágua +  p ∗ ∑ ES produtor i 
E esg =  i =1 
(7)
Pesg

Onde:E esg é o potencial de redução de efluentes domésticos com o reuso de água cinza
(adimensional); E água é o potencial de economia de água potável com o reuso de água cinza
(m³/mês); p é a perda de água por evapotranspiração no tratamento de água cinza
(adimensional); ESprodutor é o volume de água cinza produzido em aparelhos sanitários
(m³/mês); Pesg é o volume total de esgoto produzido sem a adoção de aproveitamento de água

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ambiente, Volume 1.
cinza (m³/mês); n é o número de aparelhos sanitários que podem ofertar água cinza na
edificação.

2.8 Dimensionamento dos reservatórios de água pluvial e água cinza

Definiu-se neste estudo que não haverá mistura da água pluvial com cinza. Desta forma,
foram dimensionados reservatórios distintos de armazenamento para cada fonte alternativa de
água (água pluvial e água cinza).

O volume do reservatório inferior de armazenamento de água pluvial foi indicado por


meio de simulação computacional no programa Netuno. O volume do reservatório superior de
água pluvial foi definido como o volume comercial imediatamente superior à demanda diária
de água pluvial da habitação.

O reservatório inferior de água cinza foi dimensionado para o suprimento da demanda


diária de água cinza, ou seja, demanda para abastecer a bacia sanitária da residência. O volume
do reservatório superior é igual ao volume do reservatório inferior de água cinza, pois se
considerou o armazenamento da demanda diária de água cinza em ambos os reservatórios. Ao
se adotar o volume do reservatório igual à demanda diária, a garantia de abastecimento é de
quase 100%, devido ao volume de água cinza produzido ser sempre maior que a demanda
consumida e não sazonal. Foram adotados volumes comerciais para o reservatório inferior e
superior.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Usos finais e indicador de consumo de água

Na Figura 4 apresentam-se os usos finais de água em percentuais, com sequência


decrescente. Os intervalos de confiança auxiliam no entendimento da variabilidade do consumo
de água e dos usos finais da amostra. Como exemplo, cita-se o chuveiro, com consumo de 1,59
m³/mês.pessoa em média entre as habitações. No entanto, a média varia de 1,28 a 1,71
m³/mês.pessoa, com 90% de confiabilidade. O mesmo é válido para os usos finais de água, onde
o chuveiro representa, em média, 32,7%, mas variando de 27,9 a 37,5% com 90% de
confiabilidade.

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ambiente, Volume 1.
Figura 04: Usos finais médios de água.

Fonte: Dados da pesquisa (2014).

Os usos não potáveis, definidos como descarga de bacias sanitárias, tanque, torneira
externa e lavadora de roupas, totalizaram 42,9% dos usos finais médios de água das residências.
O percentual mínimo de usos não potáveis verificado na pesquisa foi de 10,3%, e o máximo de
60,0%. Os usos não potáveis supracitados poderiam ser abastecidos por fontes alternativas de
água como água pluvial e água cinza. A demanda de água cinza seria representada pela demanda
de água para abastecer apenas a bacia sanitária. A oferta de água cinza poderia ser considerada
a partir dos efluentes do chuveiro, lavatório, lavadora de roupas e tanque. Nas habitações
avaliadas, a demanda média de água cinza foi igual a 19,4% do consumo total, enquanto a
oferta, igual a 54,7%. A demanda e oferta mínimas de água cinza verificadas na amostra foram
iguais a 5,1% e 17,3%, respectivamente. Enquanto que a demanda e oferta máximas foram
iguais a 52,9 % e 81,5%, respectivamente.

O indicador de consumo de água adotado no estudo de caso foi 159 L/hab.dia. Os


resultados de usos finais e indicador de consumo de água sugeriram que o consumo médio de
água per capita é similar aos valores propostos para habitações de interesse social encontrados
em outros estudos realizados no Brasil (DANTAS et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2006;
VIEIRA, 2012; YWASHIMA et al., 2006).

3.2 Potencial de economia de água potável por meio de fontes alternativas

Os resultados de potencial de economia de água potável obtidos nas simulações no


programa Netuno para a demanda mínima, média e máxima foram respectivamente: 10,0% para
um reservatório de 3000 litros; 35,1% para um reservatório de 6000 litros; e 39,0% para um
reservatório de 5000 litros. Como a oferta de água cinza superou a demanda (abastecimento de

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ambiente, Volume 1.
bacia sanitária), o potencial de economia de água potável obtido com o uso de água cinza foi
igual à demanda (19,4% do consumo total de água da habitação), que é equivalente 3,55
m³/mês.

Para obter o potencial de economia resultante da integração do aproveitamento de água


pluvial e água cinza, diminuiu-se o potencial de economia derivado do uso de água cinza
(19,4%) do percentual médio de água potável a ser substituída por pluvial (42,9%) e máximo
(60,0%) e assim obteve-se o percentual médio de 23,5% e máximo de 40,6%. O percentual
mínimo de água potável a ser substituída por pluvial (10,3%) foi desconsiderado por ser inferior
ao potencial de economia decorrente do uso de água cinza. Com esses dados de percentual de
água potável a ser substituída por pluvial (demanda de água pluvial) alterados simulou-se
novamente no programa Netuno. Obteve-se nas simulações no programa Netuno o volume ideal
do reservatório e potencial de economia de água, respectivamente igual a 5000 litros e 22,5%
para o percentual médio, e 6000 litros e 34,0% para o máximo.

Por fim, o potencial total de economia de água potável devido à integração do


aproveitamento de água pluvial e água cinza foi obtido somando-se os respectivos potenciais
de cada fonte de água. Considerando as demandas de água pluvial após a integração, o potencial
médio de economia obtido foi de 41,9% (19,4% + 22,5%), enquanto o máximo potencial de
economia de água foi de 53,4% (19,4% + 34,0%).

3.3 Volume ideal para os reservatórios

O volume ideal do reservatório inferior de reservação de água pluvial indicado pelo


programa Netuno para a demanda mínima de água pluvial foi igual a 3000 litros e para a
demanda média, foi igual a 5000 litros e 6000 litros para a demanda máxima. A Tabela 1
apresenta um resumo de alguns dados utilizados nas simulações no programa Netuno e dos
resultados obtidos.

Tabela 1: Resultados do volume ideal do reservatório inferior e superior


e potencial de economia de água potável.
Volume do
Demanda de Volume ideal do Economia de água
reservatório superior
Cenários água pluvial reservatório potável
de água pluvial
(%) inferior (litros) (%)
(litros)
10,3 3000 10,1 100
Subsistema
42,9 6000 35,1 300
pluvial
60,0 5000 39,0 400
Subsistema cinza -- 250 19,4 250
Sistema 23,5 5000 41,9 150
integrado 40,6 6000 53,4 300
Fonte: Dados da pesquisa (2014).

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ambiente, Volume 1.
3.4 Potencial de redução de esgoto

O potencial de redução de esgoto devido ao aproveitamento de água cinza na habitação


modelo resultou em 40%, e a área superficial da wetland subsuperficial de fluxo vertical
construída para tratamento dos efluentes, resultou em 1,3 m². Esse potencial é semelhante ao
obtido no estudo realizado por Vieira (2012), também em habitações de interesse social
localizadas em Florianópolis/SC, onde o uso de água cinza promoveu 58% de redução de
efluentes para o sistema público de esgoto.

O potencial de redução de efluentes domésticos com o aproveitamento de água pluvial


é nulo.

Portanto, verificou-se que o aproveitamento de água cinza promoveu uma significativa


redução do volume de efluentes destinados à rede pública de esgoto. Além disso, o sistema de
tratamento de água cinza por wetland trata os efluentes do chuveiro, lavadora de roupas, tanque
e lavatório, o que reduz a carga de poluentes.

Por fim, com base no indicador de consumo de água e percentual de redução de efluentes
com o uso de água cinza verificou-se que o volume total de esgoto gerado no horizonte de
tempo de 20 anos para o cenário de fornecimento de água com sistema convencional de
abastecimento de água foi de 55.713,6 m³e para o cenário com sistema integrado de
aproveitamento de água pluvial e água cinza foi de 33.428,2 m³.

3.5 Consumo de energia para a operação

Para a operação do sistema, as motobombas operam uma vez ao dia, recalcando o


volume referente à demanda total diária de água pluvial (150 litros) e a demanda total diária de
água cinza (250 litros) dos respectivos reservatórios inferiores para os reservatórios superiores.

Verificou-se a intensidade energética de conjuntos motobomba entre 1/4 e 1 cv para o


recalque de água do reservatório inferior para o superior de água cinza ou pluvial considerando
uma partida ao dia do conjunto motobomba, consumo de 250 litros de água cinza e 150litros de
água pluvial diários e perdas por standby de 2 W.

O conjunto motobomba adotado para recalque de água cinza apresentou intensidade


energética de 0,31 kWh/m³ a uma vazão igual a 2,2 L/s e a altura manométrica de 5,8 m.
Adotou-se também para o recalque de água pluvial um conjunto motobomba com a mesma
intensidade energética das motobombas que recalcam água cinza.

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ambiente, Volume 1.
A Tabela 2 apresenta uma síntese do consumo de energia para a operação dos sistemas
no horizonte de tempo de 20 anos. Verificou-se que a implantação do sistema integrado gerou
uma redução de 36,1% no consumo total de energia para a operação em relação ao cenário do
sistema convencional de fornecimento de água.

Tabela 2: Consumo de energia para a operação dos sistemas no horizonte de tempo.


Consumo de energia elétrica (kWh)
Cenário de
Tratamento e Coleta e
fornecimento Recalque de Energia total para a
abastecimento tratamento
de água água operação
de água de esgoto
Sistema convencional -- 19.685,5 31.571,0 51.256,5
Sistema integrado 7.283,3 11.437,3 18.942,6 37.663,2
Subsistema pluvial 3.911,1 5.295,6 18.942,6 28.995,5
Subsistema cinza 3.372,2 6.141,7 - 9.514,0
Fonte: Dados da pesquisa (2014).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo apresentou a avaliação do potencial de economia de água potável e redução


de esgoto obtida por meio da implantação de um sistema integrado de aproveitamento de água
pluvial e água cinza em habitações de interesse social no sul do Brasil.

O desenvolvimento do estudo ocorreu por meio de levantamentos in loco em habitações


de interesse social na região metropolitana de Florianópolis/SC, e também parcialmente por
meio de análise teórica. Os levantamentos in loco foram realizados para a determinação dos
usos finais de água. As análises foram aplicadas a uma habitação representativa das habitações
estudadas, definida como habitação modelo, com 59 m² de área construída e 78 m² área de
cobertura.

Verificou-se que por meio da integração de aproveitamento de água pluvial e água cinza
na habitação modelo, o potencial médio de economia de água potável seria de 41,9%, enquanto
o máximo potencial de economia, 53,4%. O potencial de economia de água potável obtido como
o uso exclusivo de água cinza seria 19,4% do consumo total de água, e o potencial de redução
de esgoto, 40%. O aproveitamento de água cinza promove tanto a redução da demanda de água
potável em bacias sanitárias, quanto diminui o volume de efluentes destinados à rede pública
de esgoto, minimizando o consumo energético associado tanto à água quanto ao esgoto.

No entanto, a implantação de ações para uso racional da água em habitações de baixa


renda mostra-se um desafio, pois, em habitações de interesse social, alguns fatores podem
limitar a utilização de água pluvial. Dentre estes fatores, destacam-se a elevada contribuição de
fins potáveis (principalmente do chuveiro e da pia da cozinha), a menor relação entre a área de

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ambiente, Volume 1.
cobertura e o número de moradores e a limitação de espaço para instalação do reservatório de
água pluvial e de sistema de tratamento de água cinza in situ. Os aspectos econômicos, como
os custos da instalação do sistema e a tarifa mínima de água, também são importantes para esta
parcela da população, podendo representar um desestímulo ao uso eficiente da água.

Observou-se oportunidade de melhoria em relação à eficiência energética na


configuração de sistemas integrados de aproveitamento de água pluvial e água cinza, onde se
sugere projetar sistemas com reservatório elevado e funcionamento por gravidade (sempre que
possível), evitando o consumo energético para recalque e distribuição de água. Além disso,
recomenda-se aliar ao aproveitamento de água pluvial e de água cinza o uso eficiente da água
por meio da instalação de dispositivos economizadores e de campanhas educativas para
conscientização dos usuários. Essas estratégias contribuiriam para reduzir ainda mais o
consumo de água potável, prevenindo a poluição e as emissões associadas à energia utilizada
na produção de água potável e tratamento do esgoto.

Por fim, este estudo poderá contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas
específicas para incentivo do uso de fontes alternativas de água em habitações de interesse
social, minimizando a demanda de água potável e também o consumo energético associado
tanto à água quanto ao esgoto.

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DOI 10.47402/ed.ep.c240411094324

CAPÍTULO 4
TÉCNICAS DE FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS SUBMETIDOS A METAIS
PESADOS

Leticia Maria Viana Negrão


Anne Cristina Barbosa Alves
Vitor Resende do Nascimento
Ana Ecidia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Dayse Gonzaga Braga
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

RESUMO
O progresso da industrialização e urbanização contribuiu para o aumento expressivo da presença de metais pesados
no meio ambiente, gerando preocupações a nível global. A poluição decorre principalmente do descarte
inadequado de efluentes industriais, rejeitos de mineração e resíduos enriquecidos como metais pesados, os quais
persistem no solo, representando uma ameaça significativa ao ecossistema e à saúde humana. A fitorremediação é
um processo executado por plantas em colaboração com microrganismos, surge como uma solução eficaz para a
descontaminação ambiental. Essas plantas descomissionam, acumulam e estabilizam contaminantes, oferecendo
uma abordagem ecologicamente sensível. A reabilitação de solos contaminados por metais pesados é crucial para
evitar efeitos adversos e garantir um ambiente seguro para as gerações futuras. As plantas ideais para a
fitorremediação devem apresentar resistência, elevada produção de biomassa, tolerância aos metais e facilidade de
cultivo. Diversas técnicas, como fitoextração, fitovolatilização, fitodegradação e fitoestabilização, são empregadas
na fitorremediação.

PALAVARAS-CHAVE: Fitorremediação; Metais pesados; contaminação ambiental.

1 INTRODUÇÃO

Com o avanço da industrialização e urbanização, houve um aumento considerável da


presença de metais pesados no meio ambiente ao longo das últimas décadas, causando
preocupações substanciais em escala global (SUMAN et al., 2018; ASHRAF et al., 2019). De
acordo com Raklami et al. (2020b), o solo é submetido a restrições permanentes e crescentes
pressões que restringem o estabelecimento da cobertura vegetal. Nesse viés, a indústria,
agricultura e atividades domésticas podem liberar metais pesados no solo e corpos d'água
(SANTUCCI et al., 2018). Assim, descarte irresponsável de efluentes industriais, rejeitos de
minas, resíduos municipais e lodo de resíduos enriquecidos com metais pesados são as
principais causas da poluição do solo (MAO et al., 2015; YE et al., 2017).

Fontes naturais de poluição por metais pesados incluem erosão, intemperismo de rochas
e erupção vulcânica. Segundo Asgari Lajayer et al. (2018), a poluição ambiental por metais
pesados é um problema sério na maioria dos países do mundo, que pode ser causada por

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ambiente, Volume 1.
processos naturais e atividades antropogênicas. Os metais pesados não são degradáveis por
nenhum processo biológico ou físico e são persistentes no solo por um longo período, o que
representa uma ameaça de longo prazo para o meio ambiente (SUMAN et al., 2018). Portanto,
um ser humano pode se expor ao metal pesado no solo por meio da inalação de material
particulado e do contato direto com o solo contaminado (ALI et al., 2013). Assim, o acúmulo
e a transferência de metais pesados em meios ambientais aumentam o risco de sua entrada na
cadeia alimentar, o que pode representar uma grande ameaça à segurança ecológica e à saúde
humana (LIN et al., 2019; SIDHU et al., 2020).

A entrada na cadeia alimentar é feita por várias vias, incluindo consumo de alimentos,
ingestão de partículas, inalação de partículas e absorção pela pele (KHAN et al., 2013; WU et
al., 2020d) (Figura 1). Em relação às plantas, os níveis anormais de metais pesados podem
interromper a germinação das sementes, o crescimento das plantas e a produção de biomassa
(BEZINI et al., 2019; RAKLAMI et al., 2019b).

Figura 1: Fonte de metais pesados e seus caminhos para o meio ambiente e como o homem é afetado.

Fonte: Autoria própria (2024).

A fitorremediação é um processo de descontaminação realizado pelas plantas, como


gramíneas, arbustos e árvores, que trabalham em conjunto com microrganismos para remediar
o ambiente. Essas plantas degradam, acumulam e estabilizam contaminantes, proporcionando
uma forma eficiente de purificação ambiental (GOMES, 2012; RAJKUMAR et al., 2012;
CAMESELLE et al., 2019). Nesse sentido, é necessário tomar medidas de remediação para
evitar que metais pesados entrem em ambientes terrestres, atmosféricos e aquáticos, e mitigar
a terra contaminada (GERHARDT et al., 2017; HASAN et al., 2019). Desta forma, os
principais alvos da fitorremediação são solos, água e sedimentos contaminados por metais
pesados, poluentes orgânicos e até elementos radioativos (LIN et al., 2021; SINGH et al., 2016;
WANG et al., 2012).

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ambiente, Volume 1.
2 REVISÃO DE LITERATURA

A remediação de metais pesados por meio de plantas diminui o custo, além de suas
aplicações práticas de longo prazo, essa técnica também agrega valor estético (VAZIRI et al.,
2013; PLACEK et al., 2016). A fitorremediação é método ecologicamente sensível, que pode
ser usado para a recuperação de solo contaminado sem perturbar a fertilidade e a biodiversidade
do solo (ZŁOCH et al., 2017; AHMAD et al., 2016; XIAO et al., 2019). Portanto, a remediação
do solo é essencial para evitar o impacto adverso, reduzir o risco de metais tóxicos para o meio
ambiente e garantir um ambiente seguro para as gerações futuras (CRISTALDI et al., 2017).

O alto crescimento populacional e industrial no mundo tem trazido consequências


graves, como o depósito de metais pesados no ambiente. Contudo, existem plantas que são
fontes de fitorremediação e que atualmente estão sendo usadas para a evitar a contaminação do
solo por esses metais pesados.

Existem alguns critérios para a planta ser considerada como fitorremediadora. Portanto,
as espécies de plantas ideais para fins de fitorremediação devem apresentar características como
resistência na natureza, alta produtividade de biomassa, tolerância aos efeitos tóxicos de metais
e contaminantes, além de serem de fácil cultivo, com alta capacidade de absorção e não
atraentes para herbivoria (ADESODUN et al., 2010; SAKAKIBARA et al., 2011; SHABANI;
SAYADI, 2012).

As raízes recebem o metal por transporte simplástico (via membrana plasmática das
células endodérmicas das raízes) ou por transporte apoplástico (movimento via espaço livre
entre a parede celular) (LING et al., 2017; THAKUR et al., 2016). A planta usada para remover
o contaminante não está afetando a camada superficial do solo, portanto, este método não
perturba o ecossistema e é amigo do ambiente (CRISTALDI et al., 2017). Segundo Gomes et
al. (2016) a fitorremediação de metais pesados foi classificada em fitoextração,
fitotransformação, fitoestabilização e fitovolatilização (Figura 2).

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ambiente, Volume 1.
Figura 2: Classificação da fitorremediação de metais pesados (mostrado como pontos vermelhos) na árvore.

Fonte: Autoria própria (2024).

2.1 Técnicas de fitorremediação

2.1.1 Fitoextração

A fitoextração é a técnica de fitorremediação mais importante para a recuperação de metais


pesados e metalóides do solo poluído (ALI et al., 2013; SARWAR et al., 2017). Essa técnica
consiste no uso de plantas para absorver contaminantes do solo ou da água, translocar e
acumular esses contaminantes em sua biomassa acima do solo (SALT et al., 1995; JACOB et
al., 2018). Nesse viés, as plantas retiram e acumulam metais pesados em suas partes aéreas,
sem causar impacto nas propriedades do solo (ZHU et al., 2020). Ademais, Burges et al. (2018)
diz que as árvores são preferidas às plantas cultivadas para fitorremediação devido às suas
características não comestíveis, o que significa que há uma menor probabilidade de os metais
pesados entrarem na cadeia alimentar através das árvores. Portanto, essa técnica consiste nos
contaminantes do solo por meio de suas raízes e os transportam para a parte aérea, onde podem
ser acumulados (Figura 3).

Figura 3: Técnica de fitoextração: As plantas absorvem os contaminantes (mostrados como pontos vermelhos)
de locais contaminados e são acumulados em brotos, folhas e outras partes da planta.

Fonte: Autoria própria (2024).

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ambiente, Volume 1.
A seleção adequada de espécies vegetais é essencial para garantir a eficácia da
fitoextração. Por conseguinte, para que as plantas sejam eficientes na remoção de metais
pesados do solo, é necessário que elas apresentem as seguintes características: alta tolerância
aos efeitos tóxicos de metais pesados, alta capacidade de extração com acúmulo de altos teores
de metais pesados nas partes aéreas, crescimento rápido com alta biomassa produção, brotos
abundantes e extenso sistema radicular, boa adaptação ao ambiente predominante, forte
capacidade de crescer em solos pobres, fácil cultivo e colheita, altamente resistente a patógenos
e pragas, ser repulsivo para herbívoros para evitar metais pesados entrando dentro da cadeia
alimentar (SETH, 2012; ALI et al., 2013). No caso de metais pesados em que a maior
concentração ocorre na parte aérea das plantas, a colheita pode ser feita utilizando os métodos
tradicionais da agricultura. Geralmente, é recomendado colher as plantas antes da queda das
folhas ou de sua morte e destruição, a fim de evitar dispersão dos contaminantes ou sua
reintrodução no solo (GRATÃO et al., 2005).

Atualmente, mais de 450 espécies de plantas de pelo menos 45 famílias de angiospermas


foram identificadas como hiperacumuladoras de metais (SUMAN et al., 2018). Sendo
hiperacumuladores as plantas que possuem a capacidade de acumular níveis elevados de metais
pesados em suas partes aéreas, sem exibir sinais de fitotoxicidade. (RASCIO; NAVARI-IZZO,
2011; VAN DER ENT et al., 2013). Portando, essas plantas são desejáveis para a fitoextração,
pois possuem alta capacidade de acumular os contaminantes (CRISTALDI et al., 2017).

As espécies de plantas que podem produzir alta biomassa, mas acumulam menos,
também podem ser usadas para realizar a fitoextração (LI et al., 2018; NAKAJIMA et al.,
2019). O desempenho da fitoextração pode ser limitado pela baixa biodisponibilidade do metal
no solo e pela taxa reduzida de absorção do metal pelas plantas. Ademais, a eficácia da
fitoextração também será reduzida quando os metais forem retidos nas raízes em vez de serem
transportados para os brotos e folhas (BARMAN et al., 2000; CRISTALDI et al., 2017; HE et
al., 2018; SUMAN et al., 2018).

2.1.2 Fitovolatilização

De acordo com alguns estudos, a fitovolatilização é um mecanismo de fitorremediação


em que as plantas absorvem metais pesados por meio de suas raízes e os translocam para as
partes aéreas. Segundo Moreno et al. (2004a), o processo de fitovolatilização envolve a
absorção de contaminantes pelas plantas, crescendo e liberando-os na forma menos tóxica para
a atmosfera. Isso significa que as plantas absorvem os metais pesados presentes no solo e os

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ambiente, Volume 1.
transportam através do xilema, esses metais são transformados em formas voláteis dentro da
planta, e por fim, são liberados na atmosfera por meio dos estômatos (TANGAHU et al.,
2011; IJAZ et al., 2016). (Figura 3)

Figura 3: Técnica de fitovolatilização: os metais pesados (mostrados como pontos vermelhos) são absorvidos
pelas plantas, degradados em compostos menos tóxicos e liberados na atmosfera durante o processo de
transpiração (mostrados como pontos azuis).

Fonte: Autoria própria (2024).

Essa técnica é utilizada principalmente para remover metais pesados com alta
volatilidade e baixa toxicidade, como Hg (mercúrio), As (arsênico) e Se (selênio)
(GUARINO et al., 2020; SHARMA et al., 2015; WANG et al., 2012). No entanto, Ali et al.
(2013) diz que ela não remove totalmente os contaminantes, pois os contaminantes são apenas
transformados em formas menos tóxicas e transferidos do solo para a atmosfera, onde os
compostos voláteis tóxicos são liberados para o ambiente, contaminando o ar. Além disso,
podem ser redepositados ao solo por precipitação (VANGRONSVELD et al., 2009).

2.1.3 Fitodegradação ou fitotransformação

A fitodegradação, também conhecida como fitotransformação, é um processo de


fitorremediação em que os contaminantes são degradados nas plantas pelos processos
metabólicos que ocorrem nas plantas (SINGH; SINGH., 2017). As plantas armazenam,
absorvem e degradam contaminantes em seus tecidos (TANGAHU et al., 2011), sendo
realizado pela parte aérea (figura 4). Solventes clorados, pesticidas e outros compostos
orgânicos e vários compostos inorgânicos podem ser degradados por fitodegradação
(NEWMAN; REYNOLDS, 2004). De acordo com alguns estudos, certas plantas (Classe 4) têm
melhores habilidades de fitodegradação do que algumas espécies de plantas (Classe 3)
(KHANDARE; GOVINDWAR, 2015). Nesse mecanismo, a planta realiza degradação dos

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ambiente, Volume 1.
compostos orgânicos, como hidrocarbonetos, por meio da absorção direta do contaminante no
interior de suas células vegetais, utilizando enzimas especificas o (VASCONCELLOS, 2012).

Figura 4: A planta degrada os contaminantes absorvidos (mostrados como pontos vermelhos) em compostos
menos tóxicos, seja pelo processo metabólico da planta ou pela enzima produzida pela planta.

Fonte: Autoria própria (2024).

2.1.4 Fitoestabilização

A fitoestabilização pode ocorrer através da precipitação de metais pesados ou redução


na valência do metal na rizosfera, absorção e sequestro dentro dos tecidos radiculares ou
adsorção nas paredes celulares das raízes (GINN et al., 2008; KUMPIENE et al., 2012;
GERHARDT et al., 2017). As plantas podem mudar metais pesados do estado tóxico para o
estado não tóxico ou pouco tóxico (LI et al., 2019; NWOKO, 2010). O crescimento das plantas
contribui para a preservação da saúde do solo em áreas contaminadas por metais pesados. A
cobertura vegetal estabelecida não só pode estabilizar metais pesados no subsolo e minimizar
sua lixiviação para as águas subterrâneas, mas também evitar a dispersão de partículas de solo
contendo metais pesados pelo vento (VANGRONSVELD et al., 2009; MENCH et al., 2010).
A fitoestabilização é referida como inativação ou imobilização de metais pesados no local
(MAHAR et al., 2016; RADZIEMSKA et al., 2018), imobilizando os metais pesados na parte
aérea das plantas. (Figura 5). Além disso, a fitoestabilização usa espécies de plantas tolerantes
a metais para imobilizar metais pesados abaixo do solo e diminuir sua biodisponibilidade,
evitando assim sua migração para o ecossistema e reduzindo a probabilidade de metais entrarem
na cadeia alimentar (WONG, 2003; MARQUES et al., 2009).

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ambiente, Volume 1.
Figura 5: As plantas imobilizaram os contaminantes (representados como aglomerados de pontos vermelhos) em
locais contaminados, limitaram o movimento dos contaminantes e impediram sua entrada na cadeia alimentar.
Absorção do contaminantes pela zona radicular.

Fonte: Autoria própria (2024).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fitorremediação de metais pesados oferece uma abordagem promissora e sustentável


para remediar áreas contaminadas, contribuindo para a proteção da saúde humana e do meio
ambiente. Com esforços contínuos, cooperação entre cientistas, formuladores de políticas e
comunidades locais, pode-se alavancar o potencial dessa tecnologia e criar um futuro mais
limpo e saudável para as futuras gerações. Através da interação entre plantas, microrganismos
e solo, esse processo oferece uma alternativa sustentável e de baixo impacto ambiental para
remediar áreas contaminadas. Ao longo do trabalho foi possível observar diversas espécies de
plantas têm demonstrado uma notável capacidade de tolerar, acumular e/ou transformar metais
pesados, tornando-se aliadas valiosas na restauração de solos poluídos. Além disso, a
fitorremediação possui vantagens adicionais, como o custo relativamente baixo, a não geração
de resíduos secundários e a integração harmoniosa com o ecossistema circundante. Desafios
como investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são necessários para aprimorar
essa tecnologia e torná-la mais acessível e aplicável em diferentes contextos.

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CAPÍTULO 5
AVALIAÇÃO DA AÇÃO DA FERTIRRIGAÇÃO NO CRESCIMENTO DE MUDAS
DE MORANGUEIRO NOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA/RS

Thalles da Rosa Bueno


Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz

RESUMO
O cultivo do morangueiro em substrato é amplamente difundido na região Sul do Brasil, a escolha de mudas de
boa qualidade é um dos fatores mais importantes para a alta produtividade e sucesso nesta atividade agrícola. Este
estudo teve como objetivo avaliar o efeito da fertirrigação na produção de mudas de morangueiro produzidas em
substrato nos Campos de Cima da Serra do Estado do Rio Grande do Sul (CCS/RS). O experimento foi conduzido
em três estufas de cultivo instaladas na Uergs Unidade em Vacaria/RS. As mudas produzidas foram submetidas
aos seguintes tratamentos: T1 (irrigação somente com água), T2 (ausência de irrigação) e T3 (oferta de água +
solução nutritiva), todas as mudas foram enraizadas por um período de 30 dias. Foram avaliados os seguintes
parâmetros: comprimento máximo de raízes (CR), diâmetro médio de coroa (DC), comprimento de pecíolo (CP)
e número de folhas (NF). Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidos de teste
Tukey 1% e também teste de correlação de Pearson. Os resultados mostraram que ao final do período de
enraizamento, foram produzidas mudas de morangueiro viáveis, havendo diferença estatística entre tratamentos
para todos os parâmetros avaliados. A correlação de Pearson entre DC, CR e CP mostrou-se positiva para T3 e
negativa para T2. As mudas submetidas à fertirrigação apresentaram melhores índices de qualidade, evidenciados
pelos maiores valores de diâmetro de coroa, comprimento de raízes, comprimento de pecíolo e número de folhas,
indicando a influência positiva da fertirrigação no desenvolvimento e nutrição das mudas. A produção de mudas
de morangueiro com uso de soluções nutritivas através da fertirrigação mostrou-se uma alternativa promissora
para melhorar as características fisiológicas das plantas.

PALAVRAS-CHAVE: Produção de mudas; Nutrição; Morangos.

1 INTRODUÇÃO

No grupo das pequenas frutas, o morango é a espécie mais cultivada no Brasil.


Introduzido no país há menos de 100 anos, atualmente conta com uma estrutura de mercado em
diversos tipos de produtos oriundos do processamento ou comercialização in natura,
expressando grande importância econômica para o país estando presente no mercado nacional
e internacional. A atividade produtiva de morangos também é fonte de renda de muitas
propriedades rurais (ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016).

Entre as características botânicas, a cultura do morangueiro apresenta a capacidade de


reprodução sexuada e assexuada. O primeiro ocorre por meio da produção de sementes, sendo
mais utilizada para melhoramento genético. Já a segunda maneira, ocorre por meio do
enraizamento de estolões (caule ramificado de gemas basais com capacidade de emitir raízes),
processo comumente utilizado para a obtenção de mudas comerciais (COCCO et al., 2016).

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ambiente, Volume 1.
Fatores climáticos exercem grande importância fisiologica no processo de produção de
mudas. As cultivares de morangueiro tendem a entrar em estado vegetativo durante a ocorrência
de temperaturas mais elevadas, o início da produção de estolões pode interromper o
florescimento da cultura e, consequentemente, paralisar a produção de frutos, causando
oscilações no preço de mercado devido a oferta de produto (ALMEIDA, 2016; COCCO et al.,
2016; AQUINO; SILVA, 2019; TERNUS, 2021).

Para a obtenção de mudas de morangueiro, a partir de estolões, alguns fatores como a


escolha de matrizes com boas condições fitossanitárias são essenciais. Os estolões escolhidos
são submetidos ao contato com solo ou substrato para enraizamento e formação definitiva das
raízes, até que isto ocorra, a nutrição necessária para desenvolvimento das novas plantas é
translocada da planta matriz (BECKER, 2017; NUNES, 2018).

No sistema de produção convencional de morangueiro, a utilização de fertirrigação com


o uso de diferentes soluções nutritivas é amplamente difundida (NUNES, 2018; RICHTER et
al., 2018). A concentração dos nutrientes, a frequência de aplicação e o método de aplicação
interferem diretamente no rendimento da cultura, podendo também impactar na produção de
mudas.

Dessa forma, explorar alternativas que tenham como propósito melhorar as


características de mudas de morangueiro contribui para o desenvolvimento da agricultura e
meios de produção, visto que a escolha de material propagativo de boa qualidade é um dos
principais fatores para o sucesso da atividade. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar
o efeito da fertirrigação localizada na produção de mudas de morangueiro cultivado em
substrato nos Campos de Cima da Serra.

2 REFERENCIAL TEORICO

2.1 Origem e contextualização nacional da cultura

Em meados do século XIII, na França, registros demonstram que a domesticação do


morangueiro ocorreu a partir de plantas encontradas em jardins ornamentais, popularizando-se
rapidamente pela Europa, devido a atenção atribuída pelo aumento da demanda de consumo.
Cruzamentos foram realizados, alcançando ainda no final do mesmo século variedades
específicas em diferentes regiões. O morango pertence à família Rosaceae, contendo mais de
45 espécies conhecidas, sendo a mais comumente relatada a Fragaria X ananassa, resultado do
cruzamento de duas outras espécies: Fragaria chiloensis e Fragaria virginiana (ZEIST;
RESENDE, 2019).

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ambiente, Volume 1.
A cultura do morangueiro enquadrasse em hortaliças, entretanto faz parte do grupo das
pequenas frutas, dentre estas, destaca-se por ser a espécie mais cultivada no Brasil. A introdução
no território brasileiro aconteceu por volta de 1950, expandindo-se e ganhando cada vez mais
espaço no mercado nacional e internacional. Contudo, devido às limitações fisiológicas do
fruto, a comercialização em escala regional, em sua maioria corresponde ao fruto in natura.
Todavia, o comércio de produtos derivados, tais como: geleias, polpas, chás, sucos e compotas
está em expansão e ganhando cada vez mais importância devido à crescente demanda, bem
como, o desenvolvimento da agroindústria (ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER,
2016).

O Brasil lidera a produção de morangos na América do Sul, de acordo com a


Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 2019, a produção
total no país foi de 165.440 toneladas distribuídas em aproximadamente 4.500 hectares. No
mercado nacional, o estado do Rio Grande do Sul (RS) é o maior produtor da fruta. De acordo
com o IBGE (2020), o estado do RS atingiu produção superior a 58 mil toneladas, seguido de
São Paulo com 49 mil e Minas Gerais com 17,5 mil toneladas.

Por se tratar de uma cultura de clima temperado, as condições climáticas da região sul
do Brasil, demonstram-se bem favoráveis as cultivares de morangueiro, em especial as de dia
curto. Ademais, esta espécie é capaz de ser cultivada em diferentes condições e sistemas de
produção: com ou sem solo, em ambiente protegido ou não. Cada sistema apresenta suas
qualidades e limitações, sendo o cultivo em substrato, conhecido popularmente como sistema
semi-hidropônico o mais comum principalmente na região Sul do país (PEREIRA NETO et al.,
2022; OSTWALD et al., 2022).

2.2 Fisiologia e desenvolvimento

O morangueiro é uma planta do grupo das gimnospermas, considerado de pequeno


porte, hábito herbáceo e perene. Entretanto, devido aos aspectos técnicos de rendimento e
manejo integrado de pragas e doenças, na prática, os produtores mantêm a cultura por ciclos de
2 a 3 anos, sendo necessária a renovação das plantas ao longo do tempo, esta renovação é
possibilitada através da produção de mudas por meio dos estolhos (VERDIAL et al., 2009).

Por ser uma planta perene, passa constantemente por transformações fisiológicas no
decorrer dos seus ciclos de desenvolvimento, que podem ser divididos em dois principais
estágios: reprodutivo (Figura 1-A) e vegetativo (Figura 1-B). De acordo com Gonçalves et al.
(2016), a fase vegetativa da cultura é marcada pelo crescimento vegetal, multiplicação celular

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ambiente, Volume 1.
e ampla atividade meristemática com presença de estolões, ocorrendo do momento do
transplante das novas mudas até o início da fase reprodutiva. Esta que, por sua vez, é marcada
pela diferenciação dos tecidos de crescimento para originar os órgãos reprodutivos, as flores e
posteriormente resultar na frutificação.

Figura 1: A) Plantas de morangueiro em fase reprodutiva. B) Plantas de morangueiro em fase vegetativa.

A B

Fonte: Autoria própria (2022).

O sistema radicular da cultura é fasciculado (Figura 2), possuindo diversas ramificações


e raízes laterais, podendo ser divididas em raízes primárias e secundárias. Seu desenvolvimento
é centrado nas camadas mais superficiais de onde está inserido, necessitando de
descompactação preventiva do solo ou uso de substratos com boa composição e aeração
(TUFIK, 2017).

Figura 2: Sistema radicular de uma planta de morangueiro cultivada em substrato.

Fonte: Autoria própria (2022).

O crescimento e desenvolvimento das raízes do morangueiro pode ser influenciado por


diversos fatores como: as características físicas e químicas do solo ou substrato e a
disponibilidade de nutrientes. Pires et al. (2000), constataram que as raízes do morangueiro, se

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ambiente, Volume 1.
concentram em mais de 75% distribuídas nas primeiras camadas, cerca de 30 cm do perfil de
profundidade do solo.

As raízes apresentam rápido desenvolvimento, podendo estas influenciar positivamente


ou negativamente na produção da cultura, sobretudo no momento do transplante, podendo ser
necessária a adoção de técnicas de manejo como a poda.

Cocco et al. (2012), ao avaliarem a influência de diferentes intensidades de poda do


sistema radicular das cultivares de morangueiro Camarosa, Florida Festival e Camino Real
concluíram que a poda não interfere no desempenho produtivo da cultura, mas pode ser
utilizada como ferramenta para auxiliar inclusive no pegamento da muda após o transplante,
evitando enrolamento e estrangulamento do sistema radicular, uma vez que, as mudas

O desenvolvimento fisiológico da cultura dá-se através de um eixo centralizado com


crescimento em forma de roseta, o conjunto de estruturas centrais é denominado de “coroa”
durante o desenvolvimento e dependendo da cultivar de morangueiro o número de coroas por
planta pode ser variável (TUFIK, 2017). A coroa do morangueiro, suas dimensões e qualidade
fitossanitária influenciam em diversos aspectos fisiológicos e produtivos da cultura, sendo
usada como um dos parâmetros de avaliação de diversos pesquisadores.

Ao avaliar a influência do diâmetro de coroa (DC) e a presença de folhas em estolões


de morangueiro no desenvolvimento de mudas, Gonçalves et al. (2012) avaliaram duas
cultivares de morangueiro pelos seguintes parâmetros: 1) presença de 3 folhas por estolão ou
ausência de folhas; 2) três intervalos de diâmetro médio de coroa (4,1-6 mm; 6,1-8 mm e 8,1
mm-10mm). Os pesquisadores concluíram que ambos os fatores influenciaram no
desenvolvimento produtivo, sendo o intervalo de DC de 8,1-10 mm foi o que possibilitou maior
desenvolvimento da parte aérea, massa seca da parte aérea, sistema radicular, número de folhas
e comprimento de pecíolo.

A associação do diâmetro médio de coroa das mudas de morangueiro com seu


desempenho, é possível devido ao acúmulo da reserva de carboidratos localizado na estrutura.
Quando ocorre o enraizamento dos estolões, a formação das novas raízes juntamente com a
coroa tem a função de acumular reserva para nutrir a planta jovem durante o período de
dormência e desenvolvimento inicial após o transplante (GONÇALVES et al., 2016).

2.3 Mudas de morangueiro

A constante renovação das plantas produtoras, tanto pelo manejo de pragas e doenças,
quanto para renovação do dossel, requer um grande número de mudas, inclusive no caso Brasil,

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ambiente, Volume 1.
devido ao seu elevado poder produtivo da cultura. De acordo com Oliveira et al. (2006), a
grande maioria das mudas nacionais de morangueiro não atendem os requisitos de qualidade
previstos em lei pelo MAPA. Assim, muitos produtores de morango obtêm suas mudas por
meio da importação (SCHIAVON, 2021).

A muda é um dos principais custos de implantação do sistema de cultivo de


morangueiro, e muitos viveiristas nacionais não utilizam as tecnologias de produção necessárias
para a obtenção de mudas de qualidade. Além disso, as mudas importadas de países como Chile
e Argentina, desempenham índices de produção superiores às nacionais.

Esta diferença de desempenho pode ser explicada pela diferença de latitude e altitude
dos viveiros e, consequentemente, nas horas de frio que as mudas recebem em seu
desenvolvimento ainda no campo de produção, fazendo com que seja acumulado um maior
índice de reservas em seus tecidos (OLIVEIRA, 2006). A capacidade de produção de uma
planta está associada diretamente a sua relação com o ambiente e os tratos culturais, podendo
haver diferença entre uma localidade e outra.

A fim de comparar a produtividade de mudas de morangueiro obtidas de diferentes


origens, Marchi et al. (2014) utilizaram três cultivares de morangueiro produzidas em
Pelotas/RS e as compararam com as mudas importadas do Chile. As cultivares escolhidas foram
Monterrey, Camarosa e Aromas, sendo avaliadas a produção de frutos por plantas e o peso
médio dos frutos. Nas condições climáticas de Pelotas/RS, somente a cultivar Aromas,
apresentou diferença significativa de produtividade, sendo as mudas importadas superiores às
nacionais.

Uma alternativa para melhorar o desempenho produtivo das mudas de morangueiro


nacionais poderia ser por meio da vernalização das mesmas, este processo consiste no
armazenamento das mudas a baixas temperaturas para induzir alterações fisiológicas
semelhantes a dormência, aumentando o acúmulo de reservas. Mudas produzidas no RS
submetidas a vernalização de 21 dias superaram a produção de frutos de mudas Chilenas e,
estas por sua vez, produziram quantidades de frutos superiores às mudas nacionais sem
vernalização (OLIVEIRA; SCIVITTARO, 2009).

O processo de produção de mudas comerciais de alta tecnologia começa pela escolha de


uma planta matriz certificada que pode ser obtida através de cultura de tecidos, método este
amplamente realizado na Argentina e Chile. A obtenção de plantas matrizes provenientes do
melhoramento genético, requer o pagamento de valores para detentores (royalties). Entretanto,

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ambiente, Volume 1.
no Brasil, esta não é uma prática comum, fazendo com que as matrizes e mudas nacionais
estejam sujeitas a maiores riscos de contaminação microbiológica e redução do valor genético
das cultivares (OLIVEIRA et al., 2006).

Regiões de elevadas altitudes como os Campos de Cima da Serra (CCS/RS) em


municípios como Vacaria e Bom Jesus, são indicadas para a produção de mudas de morangueiro
devido às condições de baixas temperaturas no inverno e clima ameno no verão, atendendo as
exigências de horas de frio da cultura (COCCO et al., 2016).

A produção de mudas de morangueiro pode ocorrer de diferentes formas, a versatilidade


da cultura sobretudo pelo seu sistema de condução com ou sem solo envolve diversos princípios
técnicos, como: a escolha do local para plantio da matriz, seleção das matrizes mais vigorosas,
padronização e escolha de estolhos com melhor qualidade fisiológica, manejo de plantas
daninhas e monitoramento da ocorrência de doenças. No cultivo em substrato podem ser
utilizados diferentes recipientes para enraizamento dos estolhos, como vasos, copos plásticos e
calhas, sendo a escolha do tipo de substrato um dos principais fatores de sucesso para o
enraizamento (ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016).

Uma alternativa comumente utilizada por pequenos agricultores é o enraizamento de


mudas próprias como forma de reduzir custos de produção, além de obterem espécimes já
adaptados às condições locais de cultivo. Esta prática deve ser realizada de acordo com as
normas vigentes quanto ao padrão de qualidade de mudas e critérios fitossanitários para evitar
disseminação de doenças. A produção própria torna-se uma alternativa viável para obtenção de
mudas de baixo custo, em menos tempo e com melhores condições de adaptabilidade (NUNES,
2018).

Quando obtida de maneira assexuada e a campo, a produção de mudas de morangueiro


consiste no enraizamento do estolão, que se dá por meio do contato das raízes em
desenvolvimento com uma superfície, podendo ser em solo diretamente ou o substrato.

A fixação do estolão pode ser realizada utilizando um grampo de metal ou arame, sendo
a conexão junto à planta matriz, até então, a principal responsável pela nutrição da nova planta.
Após o desenvolvimento das raízes próprias e abertura de no mínimo 3 folhas compostas
completamente abertas, a muda encontra-se apta para o transplante (OLIVEIRA, 2006;
ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016; NUNES, 2018).

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ambiente, Volume 1.
2.4 Cultivo em substrato

O sistema de produção de morangueiro em substrato vem ganhando cada vez mais


espaço na agricultura. De acordo com Menezes Júnior e Silva (2023), popularmente chamada
de produção semi-hidropônica, é uma técnica de produção que alia elementos da hidroponia
com a produção em solo, fazendo uso de substratos e fertirrigação. A fertirrigação permite a
disponibilidade de nutrientes previamente diluídos em uma solução, que são fornecidos de
forma controlada para o melhor desenvolvimento das plantas.

Inicialmente a cultura do morangueiro era cultivada predominantemente no solo, para


suprir a demanda hídrica esta era realizada por aspersão, método que causa algumas
vulnerabilidades fitossanitárias, além de ter menor eficiência. Na atualidade a irrigação por
aspersão foi trocada pela localizada via gotejamento, sendo a cultura do morangueiro uma das
que mais utilizam o método tanto para cultivo convencional ou em substrato (TIMM et al.,
2016).

A adaptação do morangueiro para o cultivo SH com substrato e fertirrigação propicia


uma série de benefícios para o produtor, em especial o acompanhamento mais preciso do regime
nutricional fornecido às plantas, podendo ser realizado ajustes de concentrações dos nutrientes.
Além disso, a utilização de substrato e a facilidade pela renovação do mesmo restringe
significativamente patógenos de solo prejudiciais ao sistema radicular (ANTUNES; REISSER
JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016; GONÇALVES et al., 2016).

Para a produção de mudas de espécies frutíferas, a utilização do sistema semi-


hidropônico, com uso de substrato e fertirrigação pode apresentar resultados significativamente
melhores do que os da produção convencional em solo. Trabalhos como o de Nascimento,
Schuch e Peil (2011), demonstraram que mudas de mirtileiro produzidas em sistema semi-
hidropônico foram superiores às produzidas no sistema convencional, possuindo maior
acúmulo de massa seca, tanto na parte aérea quanto radicular, além de apresentarem o maior
acúmulo de macro e micronutrientes nas folhas. Os resultados apontam que o sistema SH
possibilita uma nutrição mais balanceada com melhores índices de desenvolvimento para as
plantas.

A implantação de um sistema de produção de morangos possui uma complexidade de


elementos que podem ser distintos, conforme o modelo de produção e a realidade da localidade
onde este será implantado. Quando comparado aos sistemas de cultivo convencionais, o custo
para trabalhar com morangos semi-hidropônico, é mais elevado. Entretanto, apresenta retorno

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econômico mais rápido com maior rendimento/área tornando-se uma atividade
economicamente viável (OLIVEIRA; BELARMINO, 2017).

A aquisição de mudas deve ser realizada com planejamento, devido a disposição de


estoque ou pela distância de transporte em tempo hábil para a janela de plantio no país, que
pode variar conforme a região. No que se refere a produção de mudas de morangueiro próprias
para a renovação das plantas, o tempo de produção pode se tornar uma variável significativa
economicamente.

3 METODOLOGIA

O experimento foi conduzido na área de pomar da Universidade Estadual do Rio Grande


do Sul, Unidade em Vacaria (28° 29 '46.78 "S e 50° 55' 16.00"O), durante os meses de janeiro
a maio de 2023.

A área do experimento foi composta por três estufas destinadas ao cultivo em substrato
de morangueiros da cultivar Pircinque. As estufas seguem o modelo de cobertura teto
convectivo retilíneo e possuem dimensões de 3 m de comprimento x 1 m de largura (Figura 3).
Cada estufa é composta por 16 plantas divididas em 2 fileiras com espaçamento de 70 cm entre
fileiras e 25 cm entre plantas, todas as plantas são cultivadas em slabs contendo substrato
próprio para cultivo semi-hidropônico (BUENO et al., 2022; DRAWANZ et al., 2022). As
plantas de morangueiro encontravam-se no segundo ano após o transplante e em boas condições
fitossanitárias e de produção, por isso foram utilizadas como matrizes para obtenção das mudas
avaliadas.

Figura 3: Área experimental para cultivo de morangos em substrato.

Fonte: Autoria própria (2023).

Para realizar o enraizamento de estolões foi construída uma estrutura do tipo calha com
10cm de profundidade no centro de cada estufa (Figura 4) preenchida com substrato próprio

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para cultivo semi-hidropônico composto por turfa, vermiculita expandida, calcário dolomítico
e gesso agrícola, com pH em torno de 5,5 e condutividade elétrica de 0,7 mS/cm³.

Nas calhas das estufas 1 e 3 foi instalado o sistema de irrigação com fita de gotejo nas
seguintes especificações: gotejadores espaçados em 20cm e vazão de cada gotejador de 2
L/hora.

Figura 4: Instalação da calha para enraizamento de estolões.

Fonte: Autoria própria (2023).

Após instalada a calha de enraizamento entre as fileiras de cultivo de matrizes,


acompanhou-se o desenvolvimento da cultura durante os meses de janeiro a maio de 2023. Os
estolões de primeira ordem originários das plantas matrizes foram selecionados para
enraizamento quando atendiam os seguintes requisitos: diâmetro de coroa mínimo de 1,5 mm,
estabelecimento de 1 folha completa e apontamento de raízes.

Para facilitar a fixação das mudas nas respectivas calhas de tratamento (Figura 5) foi
utilizado um grampo de metal junto ao estolão, e após 7 dias este foi retirado, momento em que
as raízes oriundas no estolão já estavam estabelecidas realizando a fixação da nova planta.

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Figura 5: Estolões de morangueiro fixadas em calha de enraizamento.

Fonte: Autoria própria (2023).

Todas as plantas matrizes receberam o mesmo regime nutricional durante o período de


avaliação, composto pela oferta de solução nutritiva 4 vezes ao dia nas segundas-feiras e
quintas-feiras; e água 4 vezes ao dia durante os demais dias. O sistema de irrigação foi
automatizado por meio do conjunto motobomba hidráulica (1/2 CV de potência e vazão de
1.800 l/h) e timer digital com acionamento para janelas de irrigação de 3 minutos.

A dosagem de nutrientes usados na solução de fertirrigação está apresentada na tabela


1, a formulação escolhida foi elaborada com base em concentrações encontradas na literatura
(BORTOLOZZO et al., 2007; GONÇALVES et al., 2016; BUENO et al., 2022).

Tabela 1: concentração de nutrientes utilizados na solução nutritiva.


Concentração de Macronutrientes (mmol/L)
N P K Mg Ca S
5,95 2,81 2,12 0,64 2,31 1,56
Concentração de Micronutrientes (mmol/L)
Fe B Mn Cu Zn Mo
0,013 0,037 0,018 0,00031 0,018 0,0010
Fonte: Autoria própria (2023).

Utilizando-se um peagâmetro portátil e de um condutivímetro, a solução nutritiva foi


monitorada e calibrada quando necessário para manter-se dentro dos parâmetros de pH, em
torno de 6,0, e condutividade elétrica de 1,2 a 1,6 mS/cm³.

A unidade amostral foi delimitada em uma estufa por tratamento, onde cada estufa foi
submetida a um regime nutricional correspondente a um tratamento distinto. Para se avaliar a
influência da fertirrigação diretamente no desenvolvimento das mudas de morangueiro, foi
estabelecido o seguinte esquema (Figura 6):

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Figura 6: Esquema representativo da distribuição das estufas 1, 2 e 3 e seus tratamentos.

Fonte: Autoria própria (2023).

As mudas produzidas na estufa número 1 (tratamento 1) receberam somente água


durante o período de avaliação, as mudas da estufa 2 (tratamento 2) não receberam nenhum tipo
de irrigação e as mudas produzidas na estufa número 3 (tratamento 3) receberam fertirrigação
localizada 2 dias/semana e água nos demais dias.

As mudas foram identificadas e submetidas a um período de 30 dias de avaliação para


desenvolvimento e enraizamento. Ao final do período foram coletadas, higienizadas em água
corrente para retirar o acúmulo de substrato do sistema radicular e levadas para análise.

Com auxílio de paquímetro digital e régua milimetrada foram avaliadas as seguintes


características: Comprimento máximo de raízes, obtido através da média das 5 maiores raízes
da planta, diâmetro médio de coroa, comprimento médio de pecíolo obtido pela medida dos 3
maiores pecíolos da planta e número de folhas completas e totalmente abertas.

Através do uso do programa estatístico BioStat versão 5.0 os resultados coletados foram
submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidos de teste Tukey com 1% de significância
e posteriormente nos tratamentos a relação entre as variáveis foi avaliada por meio do teste de
correlação de Pearson.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período de acompanhamento do experimento foram produzidas um total de


46 mudas de morangueiro viáveis, após serem submetidas a enraizamento por 30 dias (Figuras
7 A, B e C), tendo como período de início das análises a primeira quinzena de março.

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Figura 7: A) Mudas após lavagem para retirada do excesso de substrato das raízes. B) Avaliação de muda
proveniente do T2. C) Avaliação e comparativo entre mudas dos tratamentos T3 (baixo) e T2 (cima).

A B C

Fonte: Autoria própria (2023).

Do total de mudas produzidas 23 mudas foram oriundas da estufa com oferta de


fertirrigação (T3), 20 mudas provenientes da estufa com ausência de irrigação (T2) e apenas 3
mudas foram produzidas na estufa com oferta de água diariamente (T1).

Durante a segunda quinzena de março o conjunto timer/motobomba apresentou falha


interrompendo a oferta de irrigação para todo o sistema durante 3 dias, isto somado às condições
anormais de temperatura elevadas para a região dos CSS (Figura 8), resultando em condições
que submeteram as plantas matrizes à intenso estresse hídrico, ainda mais evidente na estufa
correspondente ao tratamento 1.

Figura 8: Temperaturas máximas e médias em Vacaria – RS durante o mês de Março.

Fonte: Adaptado de INMET (2023).

A ocorrência do estresse hídrico pode explicar o déficit na produção de mudas na estufa


número 1, necessitando rebrote de folhas que atingiram o ponto de murcha permanente
interrompendo assim o fluxo de nutrientes para desenvolvimento de estolões. Por isso, o
tratamento com oferta de água teve que ser desconsiderado para o restante das análises. Os

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ambiente, Volume 1.
autores decidiram destacar este fato, para fundamentar que todo experimento está suscetível a
imprevistos e falhas durante a sua execução.

Para as mudas remanescentes os valores médios das variáveis analisadas estão


apresentados na (Tabela 2). O tratamento contendo oferta de fertirrigação para as mudas (T3)
diferenciou estatisticamente em todos os parâmetros quando comparado com o tratamento sem
interferência nutricional na muda (T2).

Tabela 2: Médias de diâmetro de coroa (DC), comprimento de raiz (CR), comprimento de pecíolo (CP) e número
de folhas (NF) de mudas fertirrigadas localmente (T3) e mudas de morangueiro com ausência de fertirrigação (T2),
submetidas a ANOVA seguido de Tukey 1%.

Mudas Fertirrigadas Mudas Não


Variáveis CV (%)
(T3) Irrigadas (T2)
Diâmetro de Coroa (mm) 14,35 a 10,25 b 11,6
Comprimento de Raiz (cm) 14,28 a 9,68 b 20,6
Comprimento de Pecíolo (cm) 12,05 a 9,27 b 17,3
Número de folhas 7a 5b 19,6
*Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha apresentam diferença estatística entre si.
Fonte: Autoria própria (2023).

Na variável diâmetro de coroa (DC), além da diferença estatística ambos os tratamentos


atingiram valores superiores aos mínimos exigidos para produção de mudas de morangueiro.
Segundo Oliveira et al. (2006) os valores mínimos de DC devem ser de 3 mm. Ademais, os
valores médios encontram-se acima do apresentado por Gonçalves et al. (2012) que considerou
mudas com bom valor fisiológico as que se apresentaram superiores a 8 mm de DC.

Médias superiores de diâmetro de coroa possibilitam maior acúmulo de reserva de


carboidratos nas mudas, relacionando-se positivamente com o vigor da planta, características
objetivadas no momento de escolha do material propagativo para implantação do sistema de
produção (ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016).

As médias para DC deste trabalho, aproximaram-se dos encontrados por Krause et al.
(2015), os quais objetivaram avaliar a influência do diâmetro de coroa na precocidade de
produção das cultivares de morangueiro Albion e Aromas. O acompanhamento das avaliações
ocorreu desde o momento do transplante das mudas importadas da Argentina até a produção de
frutos. O resultado apresentou que os maiores diâmetros de coroa (15-17 mm) impactaram
significativamente na precocidade de emissão de folhas e início da floração, resultando no
período de produção antecipado da cultura.

Estes resultados corroboram com outros pesquisadores (COCCO et al., 2012; NAVA et
al., 2016) sendo um ponto interessante economicamente para produtores, visto que se objetiva

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a precocidade produtiva das plantas de morangueiro por questões da oferta de mercado,
antecipando o retorno econômico e viabilidade do investimento.

De mesmo modo, a variável comprimento de raiz (CR) das mudas de morangueiro


mostrou-se em bons índices de crescimento, uma vez que as mudas fertirrigadas apresentaram
médias de 14,2 cm e mudas com ausência de irrigação médias de comprimento de 9,6 cm. No
trabalho de Lima et al. (2018), ao avaliar parâmetros de mudas de morangueiro adaptadas para
o RS, dentre elas da cv. Pircinque, identificaram o comprimento de sistema radicular superior
a 5 cm.

A aplicação de solução nutritiva diretamente nas mudas pode ter contribuído para na
diferença dos parâmetros avaliados devido principalmente aos mecanismos fisiológicos de
absorção de nutrientes e a mobilidade destes no solo/substrato. Um nutriente como o fósforo,
em doses ideais, está diretamente ligado ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas,
tendo efeitos ampliados principalmente às raízes adventícias já que este nutriente apresenta
baixa mobilidade (SILVA; DELATORRE, 2009; SHEN et al., 2013). O uso de fertirrigação
durante o T3, pode ter apresentado maior desempenho através da disponibilidade localizada de
concentrações não somente de fósforo, mas também dos demais nutrientes essenciais para o
desenvolvimento radicular.

O bom desenvolvimento do sistema radicular é fator limitante e condicionante do índice


de sucesso no pegamento de mudas após o transplante, visto que o estabelecimento de um
sistema radicular saudável permite a adaptação da planta ao ambiente e desempenho das
atividades fisiológicas mais rapidamente (ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER,
2016).

Na análise da variável de comprimento de pecíolo (CP), determinou-se médias de 9,2


cm para mudas sem incremento nutricional e de 12 cm para mudas com aplicação de
fertirrigação localizada. Avaliações de CP na cultura do morangueiro podem ser utilizadas
como parâmetro de predisposição a taxa de crescimento e desenvolvimento vegetativo da
cultura. Os valores obtidos no estudo, assemelham-se ao encontrado por Putti et al. (2005), ao
avaliar o CP em cultivares de morangueiro, após 4 meses de desenvolvimento sobre diferentes
condições de temperatura em armazenamento em câmaras frigoríficas.

As mudas de morangueiro submetidas a fertirrigação localizada propiciaram também


acréscimo no número de folhas em comparação às mudas sem complemento nutricional. Esta
diferença pode ser justificada pela diferença do balanço nutricional das mudas de morangueiro.

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Segundo Silva et al. (2021), a realização de suprimento nutricional de macro e micronutrientes
possui relação positiva com o desenvolvimento foliar das plantas, visto que os nutrientes estão
envolvidos a processos como síntese de clorofila, fotossíntese e multiplicação celular. O
aumento do número de folhas e consequentemente área fotossintéticamente ativa beneficia a
taxa de produção de foto assimilados contribuindo assim para o crescimento e desenvolvimento
das plantas em geral (TAIZ; ZEIGER, 2014).

Como apresentado pelas Figuras 9-A e 9-B, no tratamento de mudas sem


complementação nutricional a variável diâmetro de coroa (DC) apresentou correlação de
Pearson negativa fraca (p = -0,41 e p = -0,37) para as variáveis de comprimento de raiz (CR) e
comprimento de pecíolo (CP) respectivamente. Contudo, no tratamento com uso de
fertirrigação ocorreu o contrário, como apresentado pelas Figuras 10-A e 10-B a variável DC
apresentou correlação de Pearson positiva para as duas outras variáveis.

Figura 9: Gráfico de dispersão para mudas com ausência de fertirrigação submetidas a correlação de Pearson
entre A - Diâmetro de coroa (DC) e comprimento de raíz (CR) e B- comprimento de pecíolo (CP).

A B

Fonte: Autoria própria (2023).

Figura 10: Gráfico de dispersão para mudas fertirrigadas submetidas a correlação de Pearson entre A - Diâmetro
de coroa (DC) e comprimento de raiz (CR) e B- comprimento de pecíolo (CP).

A B

Fonte: Autoria própria (2023).

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Os diferentes sentidos encontrados nas correlações apresentadas podem significar a
influência da fertirrigação localizada na nutrição das mudas de morangueiro em comparação a
ausência de nutrição complementar.

De acordo com Scherer et al. (2016), durante o desenvolvimento de mudas de


morangueiro a exposição a fatores limitantes como déficit hídrico ou nutricional podem
contribuir para a realocação de nutrientes na coroa central, desta maneira a planta utiliza-se da
concentração de reservas em detrimento do desenvolvimento de demais estruturas, como raízes
e folhas. Desta maneira, as mudas que receberam complementação nutricional através da
fertirrigação localizada realizam o desenvolvimento conjunto das estruturas fisiológicas,
possuindo correlação positiva entre ambos os órgãos: raízes, pecíolo e coroa.

Embora ambos os tratamentos tenham possibilitado a obtenção de mudas de


morangueiro com boas características morfológicas quando comparadas com a literatura, a
utilização de solução nutritiva disponibilizada diretamente nas mudas apresentou o maior
potencial de qualidade, uma vez que, uso de mudas mais vigorosas e com maior acúmulo de
reservas estimam maiores índices de produção de frutos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sistema de produção de mudas de morangueiro em substrato possibilitou a obtenção


de mudas viáveis com bons índices de qualidade nos Campos de Cima da Serra. A diferença
entre os parâmetros de diâmetro de coroa, comprimento de raízes, comprimento de pecíolo e
número de folhas entre os tratamentos demonstra a influência significativa do uso de
fertirrigação para nutrição e desenvolvimento das mudas.

O uso de soluções nutritivas para produção de mudas de morangueiro é uma alternativa


potencial para melhorar as características fisiológicas das plantas. Com os resultados deste
trabalho, foi possível descrever uma metodologia que possibilitou a produção de mudas de
morangueiro com características morfológicas acentuadas, em estudos futuros, poderá ser
avaliado o impacto disto no desempenho produtivo de cada muda.

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DOI 10.47402/ed.ep.c240411116324

CAPÍTULO 6
INTOXICAÇÃO DE BOVINOS A PASTO POR SAMAMBAIA (PTERIDIUM
AQUILINUM): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Caroline Rack Vier


Dalila Anzolin
Joyceara Rocha

RESUMO
Grande parte do rebanho brasileiro tem sua como sua alimentação base a pastagem. No Brasil, parte significativa
das áreas compostas por pastos está em estado de degradação, o que favorece o aparecimento de plantas tóxicas,
dentre elas a samambaia (Pteridium aquilinum). De modo geral, a ingestão de plantas com potencial tóxico pode
resultar em sérios danos a saúde do gado, causando sintomas debilitantes e, em casos extremos, até a morte. Além
disso, a presença de plantas tóxicas nos pastos pode impactar a qualidade dos produtos de origem animal, como a
carne e o leite, afetando a segurança alimentar e a economia agrícola. O presente trabalho trata-se de revisão de
literatura a qual possui como objetivo abordar a intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum) de bovinos a
pasto, assim como o manejo adequado para controle das mesmas nas pastagens. Foi realizada busca por artigos
afins à pesquisa. Conclui-se que é necessário realizar manejos para controle da mesma, onde a técnica mais
eficiente é a utilização de herbicida que levam a planta à senescência, diminuindo o risco de intoxicação desses
animais a pasto.

PALAVRAS-CHAVE: Planta tóxica; Pastagem; Bovinocultura; Sistema extensivo.

1 INTRODUÇÃO

A pecuária desempenha um papel central na economia brasileira, com um extenso


contingente de gado se sustentando principalmente por meio de pastagens. Nesse contexto, a
produção eficiente desse rebanho está intrinsecamente ligada à satisfação de suas necessidades
nutricionais. Para que o gado possa prosperar e fornecer produtos de alta qualidade, a
disponibilidade de pastagens de qualidade é um pré-requisito essencial. A qualidade das
pastagens influencia diretamente o desempenho animal, afetando o ganho de peso, a taxa de
reprodução, a qualidade da carne e do leite, entre outros parâmetros de produção. Faz-se
necessário assegurar a alta qualidade das pastagens para atender às crescentes demandas por
produtos de origem animal e fortalecer a competitividade do setor no contexto global (ROCHA
et al., 2022).

De acordo com a pesquisa de Sousa e Giongo (2022), é observado que uma considerável
porção das pastagens, distribuídas em diversos biomas, encontra-se em algum estágio de
degradação. Tal degradação é frequentemente decorrente de múltiplos fatores, os quais incluem
a inadequação das taxas de lotação, a ocorrência de superpastejo, o uso de forrageiras
inadequadas e a compactação do solo devido à sobrecarga de animais, sendo esta última uma

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ambiente, Volume 1.
consequência direta da ausência ou ineficiência das práticas de manejo. A degradação das
pastagens é um fenômeno de grande relevância, dado o seu impacto na produtividade
agropecuária e na qualidade dos recursos naturais envolvidos, uma vez que pastagens
degradadas frequentemente resultam em redução da disponibilidade e qualidade da forragem,
afetando a eficiência da produção de bovinos e outros ruminantes. Portanto, a identificação das
causas subjacentes à degradação das pastagens e a implementação de estratégias de manejo
adequadas surgem como elementos cruciais para mitigar os efeitos adversos desse processo e
promover a sustentabilidade da pecuária no contexto dos diferentes biomas.

No estudo conduzido por Vieira et al. (2023), destaca-se a notável lacuna no que
concerne ao manejo apropriado de pastagens, a fim de manter um dossel forrageiro eficiente,
capaz de suportar um rebanho. É evidenciado que a degradação dessas pastagens, em grande
parte devido à ausência de práticas de manejo adequadas, culmina na proliferação de plantas
invasoras, das quais muitas apresentam características tóxicas para bovinos. Esse fenômeno de
degradação e subsequente infestação por plantas invasoras representa um desafio significativo
para a pecuária, uma vez que a presença de plantas tóxicas nas pastagens pode ocasionar uma
série de impactos adversos.

Nesse contexto, Nunes et al. (2022) expõem que nas áreas de pastagens, existe uma
assolação por plantas espontâneas, estas podem apresentar estruturas como espinhos e ramos
capazes de causar danos físicos, e até conter substâncias capazes de provocar intoxicações. Os
impactos vão desde o comprometimento da saúde e bem-estar do gado, resultando em sintomas
debilitantes e, em casos extremos, óbito dos animais, até consequências diretas na qualidade
dos produtos de origem animal, como carne e leite. Além disso, essa problemática tem
implicações para a segurança alimentar, pois a presença de resíduos tóxicos nos produtos de
origem animal pode representar um risco para a saúde humana.

Ainda, na pesquisa realizada por Vieira et al. (2023) observa-se, portanto, a necessidade
de implementar estratégias de manejo eficazes para preservar a qualidade e a produtividade das
pastagens, ao mesmo tempo em que se minimiza o risco de exposição do gado a plantas tóxicas,
consolidando assim uma produção pecuária sustentável e segura.

Dentre as plantas tóxicas presentes, a que pode ser encontrada nas mais diversas regiões
é a Pteridium aquilinum, popularmente conhecida como samambaia. Conforme Pessoa et al.
(2019), a samambaia é facilmente encontrada em solos ácidos, arenosos, com baixa fertilidade

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ambiente, Volume 1.
e degradação do pasto, onde os bovinos acabam ingerindo devido a uma privação nutricional,
ou ainda, por ingestão acidental.

Diante do exposto, a presente revisão de literatura possui como objetivo abordar a


intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum) de bovinos a pasto, assim como o manejo
adequado para controle das mesmas nas pastagens.

2 METODOLOGIA

A metodologia para a elaboração do presente artigo foi a revisão de literatura. Os


autores, integrantes do Laboratório de Sementes Forrageiras do Centro Mesoregional de
Excelência em Tecnologia do Leite, da Universidade Estadual do Centro-Oeste -
UNICENTRO, realizaram uma busca por artigos afins à pesquisa, no Google Academic e
Scielo. Para compor a pesquisa foram selecionados artigos os quais destacavam sobre a
intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum) e sua influência nas atividades pecuárias.

3 DESENVOLVIMENTO

No Brasil é muito frequente a ocorrência de casos de intoxicação em bovinos causados


por ingestão de plantas tóxicas (CARVALHO, 2009). Segundo Barbosa, Oliveira e Neto
(2020), a intoxicação por plantas é a terceira principal causa de mortalidade em rebanhos
bovinos no Brasil, ocorre principalmente em regiões que possuem clima que favorecem o
aparecimento dessas plantas, presença de vazio forrageiro, que levam à efeitos nocivos à saúde,
onde podem causar a morte, o que acaba gerando perdas para o pecuarista.

Dentre as diferentes plantas capazes de promover intoxicação aos animais a campo, a


samambaia é considerada a principal no estado de Santa Catarina e a segunda no Rio Grande
do Sul (RISSI et al., 2007).

Conforme Lovatto et al. (2016), a morfologia da samambaia (Pteridium aquilinum) é


caracterizada pela formação de rizomas e possui folhas compostas e bipinadas, é uma planta
perene, herbácea, ereta e ramificada, medindo entre 50 e 180 cm de altura, com ocorrência em
solos ácidos e arenosos, de baixa fertilidade, infestando pastagens.

O rizoma, caule que cresce horizontalmente, é a parte mais tóxica e, nas partes aéreas a
toxidez é maior na brotação pela maior concentração de ptaquilósidio (SOUTO et al., 2006).
Tokornia et al. (2012) afirmam que todas as partes da samambaia são tóxicas, onde a brotação
é a mais perigosa aos bovinos, a brotação após roçadas e queimadas é um ponto crítico no

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ambiente, Volume 1.
controle da intoxicação, mesmo quando dessecada, a planta conserva sua toxidez por muito
tempo.

Além do ptaquilósidio, encontram-se nas plantas de samambaia do campo substâncias


como taninos, quercetina, ácido chiquímico, aquilideo A e o canferol, tais quais, apresentam
ação carcinogênica e mutagênica (HOPKINS, 1986; CRUZ; BRACARENSE, 2004).

Com isso, Mingotti (2019) e Pessoa et al. (2019), corroboram que o aparecimento de
intoxicação ocorre principalmente devido à falta de alimento. De acordo com Mingotti (2019),
há estudos em que a planta pode levar ao vicio, sendo assim, o animal acaba sendo condicionado
a consumir a planta, outra forma intoxicação seria a ingestão acidental como em alimentos
conservados contaminados, entretanto, a principal é devido a deficiência de fibra, onde o animal
acaba ingerindo a samambaia afim de suprir essa necessidade.

Rocha et al. (2020) explica que a intoxicação pode ter uma evolução aguda,
caracterizada por hemorragias, ou crônica, levando à hematúria, ou ainda juntamente formação
de neoplasias no trato digestivo superior ou vesícula urinária, onde a taxa de letalidade é de
100% em casos de intoxicação crônica, os autores ressaltam que não há tratamento eficaz.

Além disso, Ulian et al. (2010) apontam a possibilidade de transmissão dos princípios
tóxicos aos seres humanos por meio do consumo do leite, bem como, intoxicação dos animais
antes do desmame. Já Rassmussen (2003) e Vertter (2009), abordam sobre a contaminação
pelos compostos tóxicos no solo, os quais, podem lixiviar e atingir fontes de água potável.

Sabendo disso, é importante realizar a prevenção e controle para que não haja o
aparecimento da samambaia no pasto. Rocha et al. (2020) ressaltam que se a intoxicação dos
animais não estiver avançada, é necessário retirar o rebanho do pasto, realizar o tratamento
sintomático dos animais acometidos e realizar manejo da forragem e controle da samambaia
para que os animais não voltem a consumir.

Marrs et al. (2000) destacam o controle da samambaia como extremamente difícil. Le


Duc et al. (2003) citam algumas técnicas que podem ser utilizadas para o controle da
samambaia, como, roçada mecânica, aplicação de herbicidas como o glifosato. Segundo Costa
(2016), em seus experimentos a roçada fez com que houvesse uma reinfestação mais rápida da
samambaia, onde o herbicida glifosato mesmo que tenha aparecimento rápido da samambaia,
ainda se tornou mais eficiente e menos danoso as demais espécies vegetativas.

Conforme estudos de Ducatti (2016), tratamentos de controle de samambaia com 2,4-D


+ picloram e metsulfuron-methyl que podem ser associados ou não, mostram ser eficazes no

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ambiente, Volume 1.
controle da samambaia, mostrou ação residual mesmo após 90 dias, o que possibilitou a
secagem e morte de novas brotações que emergiram na área.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na presente revisão, foi possível observar a importância que a intoxicação por


samambaia (Pteridium aquilinum) possui na pecuária, acarretando a prejuízos econômicos para
o pecuarista devido à grande taxa de mortalidade.

Sabendo que todas as partes da samambaia são toxicas ao animal com destaque a
brotação, e sua erradicação no pasto é difícil, é necessário a realização do controle dessas
plantas tóxicas, sendo a técnica mais eficiente à aplicação de herbicidas como o glifosato, 2,4-
D + picloram e metsulfuron-methyl que possuem ação residual, levando a planta à senescência,
diminuindo o risco de intoxicação.

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DOI 10.47402/ed.ep.c240411127324

CAPÍTULO 7
METABOLISMO SECUNDÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA FISIOLOGIA DO
ESTRESSE EM PLANTAS

Dayane dos Santos Costa


Raphael Leone da Cruz Ferreira
Dayse Gonzaga Braga
Luma Castro de Souza
Ana Ecídia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Joze Melisa Nunes de Freitas
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

RESUMO
As plantas, ao longo de sua evolução, desenvolveram uma complexa gama de metabólitos secundários como parte
de sua estratégia de sobrevivência. Esses compostos desempenham papéis diversos, incluindo defesa contra
patógenos, adaptação a condições de escassez de água, variações na luminosidade e outros estresses ambientais.
Os estudos analisados ressaltam a complexidade das respostas das plantas a condições adversas, fornecendo
informações valiosas para otimizar o cultivo em diferentes cenários. Além disso, destacam a relevância dos
metabólitos secundários, como flavonoides e óleos essenciais, como indicadores essenciais das respostas
adaptativas das plantas. Uma variedade de compostos, incluindo flavonóides, terpenóides e alcalóides, não apenas
atuam como um mecanismo de defesa direta contra agressores, mas também desempenha papéis fundamentais na
modulação do equilíbrio de oxirredução e na regulação do crescimento. Este capítulo visa enfatizar a importância
do metabolismo secundário e seus efeitos na fisiologia das plantas. A compreensão aprofundada dos metabólitos
secundários e sua relação com os estresses ambientais é crucial para desenvolver estratégias eficientes de cultivo,
manejo e melhoramento genético. A identificação e compreensão dessas substâncias não apenas proporcionam
uma visão mais profunda da biologia vegetal, mas também abrem caminho para a criação de plantas mais
resistentes e adaptáveis em ambientes desafiadores. O estudo dessas respostas é essencial para compreender como
as plantas se adaptam e se defendem contra as adversidades do meio ambiente.

PALAVRAS-CHAVE: Metabólitos secundários; Terpenos; Flavonóides; Alcalóides.

1 INTRODUÇÃO

Os elementos que não participam diretamente no metabolismo essencial e que possuem


distribuição restrita no reino vegetal, compõem o metabolismo secundário. Sabe-se que,
moléculas acarretadas do metabolismo secundário das plantas possuem alta variação e
complexidade, sendo efeitos de milhões de anos de evolução, como estratégias químicas com
intuito de possibilitar sua sobrevivência como forma de proteção (VIEGAS JUNIOR et al.,
2006).

Os metabólitos secundários (ou metabólitos especializados), são bastante característicos


e realizam uma importante função na evolução dos vegetais e na interação com os seres vivos.
Onde são ligadas a uma das três predominantes classes de moléculas: terpenos, compostos
fenólicos e nitrogenados. Compostos estes, que estão relacionados com a proteção dos vegetais

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ambiente, Volume 1.
a estresses bióticos e abióticos, e também são comercialmente usados pelas indústrias
biofarmacêutica, de corantes e aromas (RASKIN et al., 2002).

Constantemente as substâncias ativas dos vegetais são conhecidas como metabólitos


secundários, expressam duas importantes características: grande variedade estrutural e o fato
de apresentarem atividade biológica. Estas substâncias são biossintetizadas nos vegetais a partir
do metabolismo primário (carboidratos, aminoácidos, lipídeos e ácidos nucleicos) e incluem
classes químicas como alcalóides, terpenos, compostos fenólicos (ex. flavonóides, taninos,
ácidos fenólicos), glicosídeos cianogênicos, entre outros (SANDES; DI BLASI, 2000; VEIGA-
JUNIOR et al., 2005; CARVALHO, 2014).

Os metabólitos secundários presentes nas plantas podem ser agrupados em três


categorias principais: terpenos, compostos fenólicos e alcalóides. Os terpenos têm sua origem
no isopreno e são sintetizados a partir do ácido mevalônico ou do piruvato e 3-fosfoglicerato.
Já os compostos fenólicos derivam do ácido chiquímico ou do ácido mevalônico. Os alcalóides,
por sua vez, têm sua gênese a partir de aminoácidos, como os aromáticos (triptofano, tirosina),
que derivam do ácido chiquímico, ou podem ter sua biossíntese conduzida por aminoácidos
alifáticos (GOBBO-NETO; LOPES, 2007; SIMÕES et al., 2016).

Os metabólitos secundários são formados por vias de biossíntese derivadas do


metabolismo primário do carbono (GARCIA; CARRIL, 2009), através dos principais
intermediários, o ácido chiquímico e o acetato, são originados metabólitos essenciais. Os
metabólitos derivados do ácido chiquímico são aminoácidos aromáticos que servem como
precursores para a maioria dos metabólitos secundários com características aromáticas. Por sua
vez, os derivados do acetato são classificados de acordo com as vias metabólicas que seguem:
aqueles provenientes do ciclo do ácido cítrico, derivados do acetato via mevalonato, e produtos
de condensação do acetato. Alguns metabólitos resultam da combinação de uma unidade de
ácido chiquímico com uma ou mais unidades de acetato ou seus derivados (TAIZ; ZEIGER,
2013).

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ambiente, Volume 1.
Figura 1: Esquema do ciclo biossintético dos metabólitos secundários dos vegetais.

Fonte: Adaptado Simões et al. (2016).

Sabe-se pouco sobre o impacto do estresse provocado pela interferência entre plantas
no metabolismo secundário (RIVOAL et al., 2011; SILVA et al., 2014). Porém, os efeitos de
estresses abióticos sobre a produção de metabólitos secundários já são conhecidos. Alguns
destes estresses abióticos podem ser feitos ou aumentados durante a competição interespecífica
entre plantas. A competição e a alelopatia entre plantas desencadeiam mecanismos de defesa
que modificam o metabolismo secundário. Uma resposta é o aumento na produção de
aleloquímicos, metabólitos secundários liberados no ambiente pelas plantas, que influenciam o
crescimento e desenvolvimento das plantas receptoras (SHAH et al., 2016).

Os metabólitos secundários das espécies vegetais foram usados para diversos fins em
benefício da sociedade ao longo dos anos, sendo cultivadas para a exploração das suas
características químicas (AVALOS; PÉREZ, 2009). Desta maneira, um exemplo disto são as
plantas medicinais, que realizam seu efeito curativo por conta das moléculas características de
sua composição química (MENDOZA; LUGO, 2010).

As plantas têm a capacidade de se adaptar a diferentes ambientes, mas sua tolerância a


estresses abióticos, como baixa disponibilidade de água, salinidade e temperaturas extremas,
varia entre espécies. Em resposta a esses estresses, as plantas ativam mecanismos de defesa,

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mas tais fatores podem prejudicar o crescimento normal das plantas, impactando seu potencial
genético. Mesmo quando os sintomas não são visíveis inicialmente, a fisiologia das plantas
pode sofrer alterações significativas durante o estresse (CRAMER et al., 2011).

Os estresses abióticos não apenas interagem entre si, mas também se conectam com
estresses bióticos, criando uma dinâmica complexa. Por exemplo, quando uma cultura é
submetida a estresse abiótico, ela tende a tornar-se mais suscetível a ataques de insetos, fungos,
ácaros e viroses. Por outro lado, uma cultura que é naturalmente propensa a esses ataques pode
exibir maior sensibilidade ao estresse hídrico, uma vez que a regulação dos estômatos é afetada.
Essas interações destacam a importância de compreender as múltiplas influências que afetam a
saúde e a produtividade das culturas (MARIANI; FERRANTE, 2017).

Em face de condições adversas, às plantas enfrentam um custo metabólico que acarreta


impactos negativos na produção agrícola. Nesse contexto, as culturas precisam encontrar um
equilíbrio na alocação de recursos, ponderando entre a maximização da produtividade e a
necessidade de investir em mecanismos de defesa (ATKINSON et al., 2012).

Para enfrentar estresses abióticos e bióticos e reduzir as perdas de produtividade nas


plantas, é crucial adotar uma abordagem integrada. Isso inclui identificar genótipos tolerantes
ou resistentes aos estresses e empregar técnicas avançadas de pesquisa, como transcriptômica,
metabolômica e proteômica. Essas abordagens fornecem informações detalhadas sobre as
respostas moleculares das plantas às condições adversas, possibilitando o desenvolvimento de
estratégias mais eficazes para proteger e aprimorar a produtividade das culturas (BUCHANAN
et al., 2015).

O estudo de metabólitos secundários e estresses em plantas é crucial para compreender


como esses organismos se adaptam e se defendem contra condições adversas. Essa
compreensão não apenas beneficia a agricultura, permitindo o desenvolvimento de culturas
mais resistentes, mas também oferece oportunidades para a descoberta de compostos com
propriedades medicinais ou industriais, visto que muitos metabólitos secundários têm potencial
farmacológico ou podem ser utilizados na produção de produtos naturais.

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ambiente, Volume 1.
2 METODOLOGIA

2.2 Metabolismo Secundário

2.2.1 Terpenos

Os hidrocarbonetos são compostos naturais gerados por uma ampla gama de seres vivos,
se tornando essenciais para múltiplas estruturas que desempenham funções diversas em
processos metabólicos especializados e primários. Variam desde moléculas muito pequenas e
voláteis (como os mono e sesquiterpenos) até desempenharem papéis como hormônios (tais
como brassinosteróides, ácido abscísico, giberelinas) e elementos estruturais celulares, como
os pigmentos carotenóides (KORTBEEK et al., 2019).

Os terpenos representam um amplo conjunto de metabólitos secundários, englobando


uma grande variedade de substâncias de origem vegetal. Além disso, seu papel na ecologia,
particularmente no controle de doenças e pragas, é amplamente reconhecido (VIEGAS
JÚNIOR, 2003).

Mais de 55.000 moléculas de terpenos foram identificadas, formando a classe mais vasta
e complexa de compostos naturais. Estes compostos são categorizados com base em unidades
de cinco átomos de carbono (C5). Dentre os tipos de terpenos estão os hemiterpenos (C5),
monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), sesterpenos (C25), triterpenos
(C30), tetraterpenos (C40) e politerpenos (> C40) (BROCK; DICKSCHAT, 2013).

Figura 2: Exemplos das diferentes classificações de terpenos.

Fonte: Adaptado de PubChem (2023).

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Os monoterpenos e sesquiterpenos são os compostos mais comuns na natureza e
desempenham um papel significativo nas atividades biológicas para o controle de doenças e
pragas. Diversos monoterpenos podem ser identificados e estudados, como α-pineno, β-pineno,
3-careno, limoneno, mirceno, α-terpineno e canfeno. Da mesma forma, os sesquiterpenos
representam uma classe diversificada de terpenos, contando com aproximadamente 5000
compostos conhecidos. Muitos sesquiterpenos exibem atividades biológicas, incluindo o β-
bisaboleno, bergamotenos, capsidiol, hemagossipol e debneiol (VIEGAS JÚNIOR, 2003;
GUEDES, 2004; BRUNO et al., 1999).

2.2.2 Compostos Fenólicos

Os compostos fenólicos têm uma variedade de funções vitais nas plantas superiores. Em
primeiro lugar, são essenciais para a síntese das ligninas, que são componentes presentes em
todas as plantas e fornecem rigidez e suporte estrutural. Além disso, esses compostos possuem
características atrativas, como odor, sabor e coloração agradáveis, que não só cativam os seres
humanos, mas também atraem outros animais, desempenhando um papel fundamental na
polinização e dispersão de sementes, favorecendo o ciclo reprodutivo das plantas (CROTEAU
et al., 2000).

Adicionalmente, o grupo de compostos fenólicos é de extrema importância para a


proteção das plantas. Eles atuam como uma defesa natural contra os danos causados pelos raios
ultravioleta, insetos, fungos, vírus e bactérias, oferecendo uma salvaguarda crucial para a saúde
e sobrevivência das plantas. Essa diversidade de funções torna os compostos fenólicos um
grupo indispensável para o desenvolvimento saudável das plantas, influenciando sua estrutura,
interações com o ambiente e a perpetuação da espécie (CROTEAU et al., 2000).

De fato, algumas espécies vegetais desenvolveram compostos fenólicos com


propriedades alelopáticas, que têm a capacidade de inibir o crescimento de outras plantas
competidoras.

2.2.3 Alcalóides

Os alcalóides são compostos que possuem atividade farmacológica, caracterizados por


conter nitrogênio e serem derivados de aminoácidos (CORDELL, 1981). No reino vegetal, os
alcalóides não são amplamente distribuídos de forma uniforme, sendo mais específicos para
alguns gêneros e espécies de plantas (HARBONE, 1988).

Existem milhares de alcalóides conhecidos, mas apenas alguns deles são considerados
tóxicos. Os alcalóides mais tóxicos geralmente têm um sabor amargo, o que desempenha um

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papel importante na prevenção da ingestão dessas plantas. Entre os alcalóides tóxicos
encontrados em plantas, os "beladonídeos" são os mais reconhecidos, incluindo a escopolamina,
a l-hiosciamina e a atropina (que consiste em uma mistura racêmica de d-hiosciamina e l-
hiosciamina). Essas substâncias são alcalóides tropânicos encontrados em diversas plantas,
como a beladona (Atropa belladonna), nome da qual deriva essa classificação (VILLAR, 2006).

Plantas contendo substâncias anticolinérgicas têm sido utilizadas por muitos séculos em
medicamentos fitoterápicos, em cerimônias religiosas e, infelizmente, como venenos. Devido
à importância da acetilcolina como molécula mensageira essencial para a ativação muscular, a
secreção de fluidos corporais e inúmeras funções cerebrais, esses alcalóides interferem em
todos esses processos (GONZALES, 2010).

As plantas que produzem alcalóides são geralmente evitadas na dieta por animais e
insetos, provavelmente devido à toxicidade ou ao sabor amargo da maioria desses compostos.
No entanto, um grupo específico de borboletas utiliza esses alcalóides como mecanismo de
defesa contra predadores, e as aranhas, por sua vez, podem sintetizá-los como feromônios. Uma
possível função desses compostos para as plantas seria a proteção contra a radiação UV, uma
vez que seu núcleo aromático possui uma notável capacidade de absorção dessa
radiação (SIMÕES et al., 2016).

2.3 FISIOLOGIA DO ESTRESSE EM PLANTAS

As plantas enfrentam continuamente diversos tipos de estresse, que incluem ataques de


patógenos, escassez de água, excesso ou falta de luminosidade, entre outros. Esses estresses são
caracterizados como quaisquer condições externas que acarretem algum tipo de desvantagem
ou prejuízo para as plantas. Com as mudanças edafoclimáticas decorrentes do aquecimento
global nos últimos anos, as plantas precisam desenvolver estratégias e mecanismos distintos
para se adaptarem fisiologicamente aos diversos ambientes e condições de cultivo (TAIZ;
ZIEGER, 2013).

Em muitos casos de situações estressantes, é possível notar um desajuste na produção


natural de espécies reativas de oxigênio (ERO), quando presentes em excesso, resultam em
danos para a planta (HOSSAIN et al., 2014). Para reduzir esses danos, as plantas evoluíram um
sistema altamente eficaz, composto por enzimas e/ou metabólitos antioxidantes específicos, que
têm a função de controlar a produção excessiva dessas ERO’S (BILGIN, 2010).

A utilização de certos aminoácidos e seus derivados como bioestimulantes pode


beneficiar as plantas ao fortalecer sua capacidade de resistir a diversos estresses, sejam eles de

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origem biótica ou abiótica. Isso se deve ao papel desempenhado por alguns desses compostos,
como prolina, glutationa e glicina betaína, no sistema antioxidante de defesa das plantas. O
acúmulo de prolina tem sido observado em diversas situações de estresse, incluindo períodos
de seca (CHOUDHARY; SAIRAM; TYAGI, 2005) e altas temperaturas (HUANG, 2015).

2.3.1 Estresse hídrico

O estresse hídrico pode se manifestar pela escassez de água (déficit hídrico) ou pelo
excesso (inundação), sendo o déficit hídrico mais comum em regiões semiáridas (BIANCHI et
al., 2016). Para assegurar a disponibilidade de água por um período prolongado aos seus
tecidos, as plantas limitam sua taxa de transpiração, reduzindo sua taxa de expansão celular e,
por conseguinte, a área foliar. Isso resulta na perda de biomassa e na desaceleração do
crescimento da parte aérea (ANJUM et al., 2011).

Essa resposta fisiológica é significativa, pois resulta na redução da interação entre a


planta e a atmosfera, diminuindo assim a transpiração e consequentemente afetando
negativamente a assimilação fotossintética (o que é prejudicial para a produção). Essas ações
defensivas, impulsionadas pela redução na transpiração, beneficiam a conservação da água no
solo por um período prolongado (TAIZ et al., 2017).

A camada epidérmica das plantas atua como uma interface direta entre o ambiente
biótico e abiótico. A cutícula, que cobre a epiderme, desempenha um papel crucial, fornecendo
uma barreira física que controla a perda de água, a entrada de patógenos e a absorção de
compostos lipofílicos. Além disso, a epiderme pode possuir uma camada de tricomas, sejam
glandulares ou não, os quais oferecem uma defesa adicional, tanto química quanto mecânica, a
essas células. O padrão de expressão dos genes da epiderme permite respostas rápidas na
superfície celular. Foram identificados aproximadamente 1.900 genes com regulação superior
na epiderme do caule de Arabidopsis thaliana, evidenciando que cerca de 15% dos genes
presentes no caule são expressos de forma preferencial na epiderme, em comparação com outras
camadas celulares (SUH et al., 2005).

O sistema radicular é essencial na resposta das plantas à escassez de água, já que é


responsável pela captação de água e nutrientes do solo. Quando a planta enfrenta estresse
hídrico, as raízes percebem primeiro essa condição, continuando seu crescimento mesmo
quando o desenvolvimento acima do solo é inibido. Compreender como as raízes detectam os
sinais físicos da falta d'água e os convertem em sinais químicos permanece um objetivo de
estudo, ainda sem uma definição clara (YU et al., 2008).

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2.3.2 Estresse por patógenos

Do ponto de vista fisiológico, a resistência do hospedeiro a um microrganismo


patogênico pode ser caracterizada como a habilidade da planta em retardar ou prevenir a entrada
e/ou a subsequente atividade do patógeno em seus tecidos (GOODMAN; KIRALYZ; WOOD,
1986). O sistema de proteção das plantas é composto por múltiplos elementos que agem de
forma dinâmica e coordenada, ajustando-se no momento, local e magnitude adequados
(PASCHOLATI; LEITE, 1995).

A coordenação funcional, espacial e temporal desse sistema começa com o


reconhecimento, pelo vegetal, de sinais externos emitidos pelo patógeno. A interpretação desses
sinais por meio de mecanismos específicos resulta na reprogramação do metabolismo celular
da planta, incluindo alterações na atividade gênica (WALTERS; NEWTON; LYON, 2007).

Pode-se afirmar que a maioria das espécies vegetais exibe imunidade ou resistência
completa (ausência de doença) à maioria dos fitopatógenos. Dois processos fundamentam a
resistência de uma cultivar contra a maioria dos fitopatógenos: 1) a planta pertence a um grupo
taxonômico naturalmente imune ao patógeno, caracterizando-se como resistência do tipo não
hospedeira; ou 2) a planta possui genes que conferem resistência ao patógeno, processo
denominado resistência verdadeira (AGRIOS, 2005).

A resistência genuína é geneticamente determinada pela presença de um ou mais genes


de resistência, sendo, portanto, hereditária. Nesse tipo de resistência, o hospedeiro e o patógeno
podem apresentar reações de incompatibilidade em diferentes graus, resultantes da ausência de
reconhecimento químico entre o patógeno e o hospedeiro, ou porque a planta hospedeira se
defende contra a infecção provocada pelo patógeno (AGRIOS, 2005).

A resistência genuína, conforme definida por Van der Plank (1963), pode ser dividida
em dois tipos: resistência específica (vertical) e resistência geral (horizontal). A resistência
vertical é específica para biótipos específicos, controlada por poucos genes, sendo mais
específica, mas menos estável, podendo tornar as plantas vulneráveis a novas raças de
patógenos. Já a resistência geral ou horizontal é uniforme contra todos os biótipos, influenciada
por vários genes (poligênica), não é específica, geralmente persistente e não apresenta interação
diferenciada entre raças de patógenos e variedades de hospedeiros (VAN DER PLANK, 1975).

Certos metabólitos secundários, especialmente os voláteis, são produzidos em estruturas


especializadas, como células epidérmicas modificadas e/ou tricomas glandulares, que
normalmente liberam substâncias inibidoras (DIMOCK; KENNEDY, 1983). A densidade de

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tricomas desempenha um papel crucial na interrupção do filme de água, afetando a capacidade
dos patógenos de atingir estômatos, outras aberturas naturais ou a superfície das células para
iniciar a penetração. Em alguns casos, patógenos fúngicos dependem do reconhecimento do
hospedeiro para germinar, e a ausência de contato com a cutícula (filme de água) impede esse
processo. Um exemplo é a correlação significativa entre a resistência à Glomerella cingulata
F. sp. phaseoli e a alta densidade de tricomas em folhas de certos cultivares de feijoeiro
(Phaseolus vulgaris). Além disso, os tricomas exercem influência na fase prévia à penetração
do fungo (JERBA; RODELLA; FURTADO, 2005).

As enfermidades nas plantas podem ser descritas como disfunções nas células do
hospedeiro e em seus tecidos, originadas por uma irritação contínua causada por um agente
patogênico ou por fatores ambientais (AGRIOS, 2004). A discrepância nas funções da planta é
prejudicial e resulta no surgimento de sintomas, causando danos ao hospedeiro nesse tipo de
interação (TEIXEIRA, 2011).

A interação entre hospedeiro e patógeno é uma batalha pela sobrevivência entre dois
organismos. A fisiologia do parasitismo busca entender as bases bioquímicas e fisiológicas
desse fenômeno. O patógeno utiliza armas químicas para atacar, enquanto o hospedeiro se
defende por meio de mecanismos estruturais e/ou bioquímicos. Essa interação é um sistema
único, dependendo da planta, do patógeno e do ambiente. O hospedeiro vence quando não
ocorre doença (resistência), enquanto os sintomas (suscetibilidade) indicam a vitória do
patógeno (PASCHOLATI, 1994).

2.3.3 Estresse por metais pesados

A elevação no acúmulo inadequado desses metais pesados é predominantemente


atribuída às atividades industriais, práticas mineradoras, processo de urbanização e aplicação
de fertilizantes na agricultura (WEISSMANNOVA et al., 2019). A presença excessiva desses
elementos no ambiente impacta negativamente a qualidade do ar, da água, a fauna, o solo, o
desenvolvimento das plantas e a saúde da população humana, resultando em desafios
ambientais que se manifestam por meio do surgimento de áreas degradadas (ALI et al., 2019;
ZHANG et al., 2019; O’CONNOR et al., 2020). Estimativas indicam que existem mais de 500
milhões de hectares de áreas globalmente contaminadas por metais (LIU et al., 2018).

A presença de metais no solo resulta na diminuição da atividade microbiana, alterando


suas propriedades físico-químicas. O pH, sendo o fator preponderante, sinaliza a contaminação
por esses elementos. Em solos mais ácidos, a disponibilidade dos metais é aumentada, levando

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ambiente, Volume 1.
à redução da fertilidade e impactando os organismos do solo (SIERRA et al., 2021;
SERIBEKKYZY et al., 2022).

Nos reinos vegetal e animal, a presença de metais pesados como chumbo (Pb), cádmio
(Cd) e cobre (Cu) interfere no crescimento e no desenvolvimento quando incorporados nos
sistemas biológicos (BAÑUELOS et al., 2015; SHARMA et al., 2015). Esses elementos são os
principais poluentes devido às elevadas concentrações presentes no solo e aos impactos que
exercem sobre as plantas, notadamente ao comprometerem o crescimento e desenvolvimento
do sistema radicular (SHAWAI et al., 2017; ZHANG et al., 2019).

Nas plantas, esses poluentes impactam a fisiologia vegetal, resultando em efeitos


visíveis, como desenvolvimento reduzido, necrose, clorose e diminuição das raízes. Do ponto
de vista fisiológico, observa-se a formação de espécies reativas de oxigênio (EROS), estresse
hídrico, e diminuição na taxa de fotossíntese, entre outros efeitos adversos (GOYAL et al.,
2020). Entretanto, da mesma forma que as plantas são afetadas por esses elementos, há a
possibilidade de selecionar espécies que apresentem mecanismos de tolerância e sobrevivência
a estes metais pesados, visando descontaminar os ambientes poluídos (HUSSAIN et al., 2017).

Os metais pesados têm a capacidade de desencadear a produção de metabólitos


secundários nas plantas, levando a uma fitotoxicidade significativa (ASAD et al., 2019). O
impacto da toxicidade dos metais pesados no crescimento e desenvolvimento das plantas varia
conforme o metal específico envolvido no processo. Metais como Pb, Cd, Hg e As, que não
desempenham nenhum papel benéfico no crescimento das plantas, demonstram efeitos adversos
mesmo em concentrações muito baixas desses metais no ambiente de crescimento (ASATI et
al., 2016).

3 RESULTADOS DE PESQUISAS

Estudos conduzidos por Alvarenga et al. (2011), avaliaram o efeito da suspensão hídrica
(0, 2, 4, 6 e 8 dias sem irrigação) no teor de óleos essenciais e flavonóides total em plantas de
alecrim-pimenta (Lippia sidoides), concluindo que a cultura apresenta alta sensibilidade à
deficiência hídrica, promovendo a redução de 50 e 60 % da concentração de óleos essenciais e
flavonóides, respectivamente.

Em experimento realizado por Lima (2022), investigou os efeitos do estresse hídrico


(déficit e alagamento) em Croton floribundus e Croton urucurana e suas capacidades de
recuperação após o alagamento. Observou-se que C. floribundus é mais sensível à escassez de

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ambiente, Volume 1.
água e ambas as espécies mostraram adaptações semelhantes durante o alagamento, incluindo
aumento de prolina e atividade antioxidante.

Para os mesmos autores, o alagamento aumentou os metabólitos secundários, conteúdo


de prolina e atividade de enzimas antioxidantes. C. floribundus sobreviveu ao alagamento por
60 dias, destacando sua sensibilidade, enquanto adaptações envolveram modificações
fenotípicas e metabólicas, como lenticelas caulinares hipertróficas, raízes adventícias,
modificações metabólicas e produção de moléculas protetoras como a prolina.

Collegari (2022) avaliou a utilização da radiação UV-C como método de tratamento de


sementes de sálvia (Salvia officinalis), analisando seus impactos nos aspectos fisiológicos,
sanitários e no metabolismo secundário da espécie. As sementes foram expostas a diferentes
doses de radiação, nomeadamente 11,2, 16,8 e 22,4 kW/m², além do grupo controle que não foi
submetido à radiação. Ficou evidente que o UV-C não teve efeito sobre o processo de
germinação das sementes. No entanto, em relação à sanidade e ao estímulo ao metabolismo
secundário, observou-se influência do tratamento com UV-C. Este efeito, de natureza
hormética, resultou em plântulas com níveis elevados de clorofila a e antocianinas,
principalmente no tratamento com 11,2 kW/m². Esses resultados indicam o potencial desse
tratamento em aumentar a produção de antocianinas e clorofila a na sálvia.

Análises realizadas no tecido foliar em dois clones comerciais de Eucalyptus urophylla


(AEC 0144 e IPB1), submetidos a restrição hídrica e posteriormente a reidratação, apresentaram
redução no conteúdo de água e aumento da temperatura foliar durante a restrição hídrica, com
maior H₂O₂ nas plantas sob estresse. A análise LC-MS destacou respostas genotípicas
específicas às condições hídricas, sendo os flavonóides cruciais na diferenciação dos grupos.
Análises univariadas indicaram maior abundância de flavonóides, incluindo antioxidantes, no
clone AEC 0144 em comparação com o IPB1. Esses resultados sugerem que os flavonóides
podem ser indicadores valiosos para avaliar o desempenho de plantas de eucalipto em condições
adversas, beneficiando programas de melhoramento genético (SILVA, 2020).

Em seu estudo, Castro (2019) analisou o efeito do fotoperíodo, estresse salino e déficit
hídrico nos óleos essenciais da erva-cidreira (Lippia alba) cultivada in vitro. Os resultados
destacaram a notável plasticidade fisiológica da planta em diferentes fotoperíodos, com
desempenho superior em dias longos. Sob estresse salino severo (60 mM), ocorreu modulação
no metabolismo secundário, com aumento de linalol e redução de eucaliptol. Embora altas
concentrações de NaCl possam afetar a fisiologia das plantas in vitro, a espécie mostrou

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ambiente, Volume 1.
adaptabilidade sob estresse salino moderado, preservando a síntese de monoterpenos e
sesquiterpenos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fisiologia do estresse em plantas revela uma complexa ligação com o metabolismo


secundário, desencadeando respostas adaptativas cruciais. O complexo sistema de sinalização
e regulação desses metabólitos secundários destaca sua importância na resistência a estresses
tanto bióticos quanto abióticos. Uma variedade de compostos, incluindo flavonóides,
terpenóides e alcalóides, não apenas atuam como um mecanismo de defesa direta contra
agressores, mas também desempenha papéis fundamentais na modulação do equilíbrio de
oxirredução e na regulação do crescimento. A capacidade de ajuste do metabolismo secundário
em resposta a condições adversas ressalta sua relevância na sobrevivência e adaptação das
plantas, apontando para um campo promissor para pesquisas futuras, com o intuito de aprimorar
o desempenho vegetal diante de condições estressantes.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c240411138324

CAPÍTULO 8
AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DE DUAS PRAÇAS EM
LAJEDO-PE

Edcleyton José de Lima


Raquel Maria da Silva
Maria Isabel Gomes dos Santos
Valdeci Antônio Amaral Filho
João Paulo Goes da Silva Borges
Abraão Rodrigues de Almeida
Keila Aparecida Moreira
Gilmara Mabel Santos

RESUMO
As praças constituem como ambientes destinados a população, tem objetivos bem definidos, como promover o
bem-estar e as interações entre pessoas, manifestações artísticas, políticas e sociais, dentre outras. Toda praça é
dotada de elementos arquitetônicos e/ou elementos florísticos, pois estes são responsáveis por harmonizar e
fornecer os recursos responsáveis para o bem-estar de seus frequentadores. A cidade de Lajedo-PE está situada no
agreste pernambucano e possui uma população de 39.582 habitantes, neste município está localizada as duas praças
de estudo deste trabalho, sendo elas: a praça Santo Antônio e a praça Joaquim Nabuco. O objetivo desse artigo foi
avaliar os elementos arquitetônicos de ambas as praças e, possivelmente, contribuir para melhorias nos ambientes
analisados. A pesquisa foi realizada durante os meses de abril a junho de 2021, sendo realizado um levantamento
quantitativo e qualitativo para determinar a quantidade de elementos arquitetônicos e a qualidade por meio de
notas avaliativas. A praça Joaquim Nabuco contém os seguintes elementos arquitetônicos: iluminação, caminhos,
palco, espelho d’água, edificação institucional ou municipal, vegetação, paisagismo, localização,
conservação/limpeza, segurança e conforto ambiental. Já a praça Santo Antônio é composta de bancos, iluminação,
caminhos, obra de arte (monumento), edificação institucional ou municipal, vasos de plantas, vegetação,
paisagismo, localização, conservação/limpeza, segurança e conforto ambiental. Os ambientes públicos são espaços
destinados ao convívio e as interações populacionais, assim compreende-se que a conservação dos elementos
arquitetônicos é fundamental para o funcionamento das praças. Devido a importância dos locais analisados neste
trabalho, verificou-se que são necessárias reformas estruturais e nos elementos arquitetônicos.

PALAVRAS-CHAVE: Bem-estar; Paisagismo; Elementos florísticos.

1 INTRODUÇÃO
Praças são definidas como espaços públicos, livres e urbanos, com intuito de fornecer
lazer, manifestações culturais, sociais e políticas, além de agregar ao convívio populacional
(GIMENES, 2010). As cidades necessitam de praças pois as mesmas oferecem bem-estar aos
seus viventes (JUNIOR et al., 2020). As praças, geralmente, são constituídas de arborização e
elementos arquitetônicos, sendo os cinco principais tópicos: edificações, rotas de circulação,
elementos urbanos, atividades e ajardinamentos (LYNCH, 2011).
Os componentes arquitetônicos são elementos que compõem uma edificação. Seus
componentes e efeitos devem ser satisfatórios e adequados para o ambiente em que estão
inseridos (REIS; BIAVATTI; PEREIRA, 2014). Para Hasse e Weber (2010) a composição
arquitetônica permite a avaliação estética e visual ao observador.

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ambiente, Volume 1.
No Brasil a diversidade arquitetônica presente em parques e praças foi explanado por
Burle Marx, onde o mesmo dialogava com a arquitetura moderna e conciliava com uma
diversidade de elementos arquitetônicos, principalmente oriundos das tradições brasileiras e do
regionalismo nacional (SIQUEIRA, 2017). Era comum em suas obras e projetos o emprego de
artifícios colunas e arcadas, azulejos em mosaicos, dentre outros.
O emprego de elementos arquitetônicos possui valor histórico-social, como explica
Magalhães (2015) em estudos sobre projetos arquitetônicos, relatando que em 1846 o arquiteto
Grandjean de Montigny projetou um chafariz de pedra e bronze, atualmente o mesmo se
encontra na Praça Afonso Vizeu no estado do Rio de Janeiro. O patrimônio foi tombado em
1938, com esse feito houve um avanço na preservação paisagística no Brasil.
Os elementos arquitetônicos e paisagísticos são definidos pela Carta de Florença como:
“uma composição arquitetônica e vegetal que, do ponto de vista da história ou da arte, apresenta
um interesse público. Como tal é considerado monumento” (ITÁLIA, 1981, p. 1). No Brasil
pontos históricos paisagísticos e arquitetônicos são protegidos por diretrizes de ordem
patrimonial, estando incluídos todos os componentes de praças, jardins, pomares, de ordem
pública e histórica (BRASIL, 2010).
Os autores Robba e Macedo (2002) elucidam alguns elementos arquitetônicos: coretos,
espelhos d’água, estátuas, pavilhões, fontes, monumentos, bustos, traças orgânicos, traçados
sinuosos, formas geométricas em pisos e caminhos, canteiros com diversas modulações, ponto
focal centralizado, restares e ambientes recreativo e passeios dinâmicos e feitos através de
movimentos.
O presente artigo teve como objetivo avaliar os elementos arquitetônicos das duas
principais praças de Lajedo-PE. Devido a importância que ambas as praças tem ao município,
os dados obtidos poderão contribuir para melhorias nos ambientes analisados.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Lajedo

O município de Lajedo está situado no Agreste Meridional do estado de Pernambuco.


Sua área territorial é de 189,096 km², representando 0,21% do Estado de Pernambuco (IBGE,
2019). A cidade faz fronteiras com outros municípios menores, sendo os mais próximos: São
Bento do Una e Cachoeirinha ao Norte, Canhotinho ao Sul, Ibirajuba e Jurema ao Leste, Jupi e
Calçado ao Oeste.
De acordo com o Censo do IBGE (2022), Lajedo possui uma população total de 39.582
habitantes e com densidade demográfica de 209,32 habitantes/km². A área urbana possui

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ambiente, Volume 1.
altitude em torno de 650-700 metros, onde estão situados os principais pontos comerciais e
residenciais do munícipio (SILVA, 2020).
O clima do município sofre influências da Zona da Mata e do Sertão, sendo um meio
termo entre eles, como constata Ab’saber (1999, p. 21): “Em termos muito genéricos, os
agrestes constituem uma faixa de transição climática, sob a forma de tampão, entre a zona da
mata oriental do Nordeste e os imensos espaços dos sertões”. A temperatura média anual é de
21,4ºC, com chuvas escassas e mal distribuídas, com cerca de 612,3 mm anualmente (SILVA,
2020).
A vegetação é caracterizada como Caatinga do tipo hipoxerófila, onde se encontram
algumas espécies, como: juazeiros, umbuzeiros, catolés, urtigas, coroas-de-frade, juremas,
mandacaru, xiques-xiques, mulungus, dentre outras. Possui vegetação nativa escassa,
principalmente nas zonas urbanas, incluindo praças, ruas e ambientes municipais (SILVA,
2020).

2.2 Praça: conceito e definição

As praças são ambientes públicos e pertencente a população, destinadas ao uso coletivo


ou individual, espaços de sociabilidade, áreas com delimitações e abertas, espaço externo e
livre, podendo conter áreas verdes e elementos concretos e sólidos, apresentando diversas
funcionalidades sociais, dentre outras funções (ARENDT, 2007).
Os espaços urbanos públicos, como as praças, são destinados a convivência humana,
assim, desde os primórdios, as praças constituíram o surgimento e a formação de diversas
cidades (GOMES, 2005).
Houve evolução da funcionalidade das praças ao longo dos anos, a princípio eram
destinadas exclusivamente a realização das atividades humanas, mas com o avanço social,
houve incremento de elementos paisagísticos e arquitetônicos (ECKER, 2020). As interações
em praças públicas são classificadas em passageiras ou dinâmicas, onde pessoas circulam,
contemplam a paisagem, encontros programados ou não programados entre indivíduos, pessoas
realizando diversas atividades e situações (TENÓRIO, 2012).
Os elementos de uma praça devem envolver seus frequentadores e usuários (ZEVI,
2011). Toda a área de uma praça deve ser acessível a todos, portanto, devem ser adaptadas para
pessoas com deficiência visual ou física, crianças, idosos, etc. Os elementos arquitetônicos
devem ser harmônicos e dinâmicos, como explicita Mascaró (2007): iluminação pública,
mobiliário, equipamentos, drenagem de água, uso do solo. A principal finalidade das praças e
dos seus elementos é proporcionar bem-estar aos seus viventes.

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ambiente, Volume 1.
2.3 Paisagismo

O paisagismo no Brasil ocorreu tardiamente em comparação com o mundo oriental. Os


grandes espaços verdes apareceram no século XVIII, um exemplo claro é o Passeio Público do
Rio de Janeiro, que foi posteriormente transformado em jardim (FARIA, 2005). Em
Pernambuco foi relatada manifestações culturais e paisagísticas durante a metade do século
XVII, por intermédio de Maurício de Nassau, onde foram plantadas mudas de citrus e outras
árvores frutíferas (PAIVA; ALVES, 2002).
O paisagismo brasileiro tomou rumos expressivos com a participação de Roberto Burle
Marx, em sua metodologia eram utilizadas plantas nativas em conjuntos com elementos
diversificados (ALVES; PAIVA, 2008).

Das expressões artísticas, o paisagismo é o único em que englobam os cincos sentidos


humanos (olfato, paladar, audição, visão e tato), proporcionando ao expectador uma gama de
vivências sensoriais e perceptivas (ABBUD, 2006). O paisagismo em conjunto com diferentes
espaços de ocupação urbana condiciona funções perceptivas e ambientais na paisagem
(MENEGAES et al., 2020).

Diversas disciplinas estão envolvidas no processo de formação de um paisagismo como


forma de arte indissociável da ciência, sendo utilizadas metodologias e ensinos da física,
química, botânica, fisiologia vegetal, engenharias, climatologia pura e aplicada, edificações,
geografia espacial, entre outras (FARIA; ASSIS; COLOMBO, 2018). Quando utilizadas em
conjuntos, essas disciplinas fornecem segurança e eficácia nos métodos utilizados.

Entende-se como paisagismo o alinhamento visual e espacial de um conjunto de


elementos que compõe determinada área ou espaço delimitado. Dessa forma, exige-se que um
planejamento seja realizado e efetivado, determinando a escolha das plantas e dos elementos
que serão acondicionados (TUAN, 2012). As plantas são imprescindíveis em um projeto de
paisagismo (MENEGAES; BACKES, 2021).

A natureza quando está inserida em espaços públicos possibilita revitalizar o seu


entorno, fazendo com que o observador mantenha contato íntimo e direto com o seu redor.
Além de possibilitar melhorias na paisagem, há o resgate de valores ideológicos, sociais e
culturais (MENEGAES et al., 2016).

Os elementos paisagísticos harmonizam o ambiente e produz efeitos de contemplação,


vivência e experiência aos que os observam. Benefícios são proporcionados em larga escala,
entre eles podem ser citados: ornamentação, microclima, sombra, diminuição da poluição,

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ambiente, Volume 1.
interação da fauna com a flora, sons, cheiros e bem-estar populacional (ALENCAR;
CARDOSO, 2015).

Os objetivos pressupostos pelo paisagismo ultrapassam o básico da contemplação e


impõe outras sensações humanas (FARIA; ASSIS; COLOMBO, 2018). Assim, resulta em um
misto de prazeres o que o paisagismo propõe, auxiliando cada indivíduo de forma coletiva ou
individual de poder sentir, apreciar, ouvir, cheirar e tatear, trazendo o bem-estar para quem
frequenta aquele local.

3 METODOLOGIA

O trabalho foi realizado nas duas principais praças do município de Lajedo-PE, sendo
elas: praça Santo Antônio e a praça Joaquim Nabuco, no período de abril a junho de 2021. Onde
foi realizado um levantamento quantitativo e qualitativo para determinar a quantidade de
elementos arquitetônicos e a qualidade que os mesmos oferecem a população.

A praça Santo Antônio possui coordenadas 8°39’42’’S 36°19’22’’W e uma área total
de 1148,25 m², já a praça Joaquim Nabuco possui coordenadas 8°39’39’’S 36°19’25’’W e
1427,09 m², ambas estão representadas nos croquis abaixo (figura 1 e 2).

Figura 1: Croqui da praça Joaquim Nabuco.

Fonte: Autoria própria (2021).

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ambiente, Volume 1.
Figura 2: Croqui da praça Santo Antônio.

Fonte: Autoria própria (2021).

O levantamento das estruturas e equipamentos foi adaptado da metodologia proposta


por Gimenes (2010) e Angelis (2005). A análise quali-quantitativa dos elementos arquitetônicos
está representada pelo quadro 1, que determinou a presença ou ausência dos elementos listados,
a quantidade deles e foram atribuídas as seguintes notas individuais: péssimo (nota de 0 - 0,5),
ruim (nota de 0,5 - 1,5), regular (nota 1,5 - 2,5), bom (2,5 - 3,5) e ótimo (nota 3,5 - 4,0).

Quadro 1: Pontos utilizados no levantamento quantitativo dos elementos arquitetônicos da Praça Joaquim
Nabuco e da Praça Santo Antônio.
LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO QUALI-QUANTITATIVO
Nome da praça e localização:_____
Forma Geométrica: ( ) quadrangular ( ) circular ( ) retangular ( ) outra
Data do levantamento ___/___/___
Levantamento efetuado por:________________________________________________
EQUIPAMENTOS/ESTRUTURAS Sim Não Quantidade Nota
01. Bancos
02. Iluminação: ( ) alta ( ) baixa
03. Lixeiras
04. Sanitários
05. Caminhos (formas, piso, rampas)
06. Palco/coreto/escultura/pergolado
07. Obra de arte: ( ) monumento ( ) estátua ( ) busto
08. Espelho d'água/chafariz
09. Cobertura (sombra)

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ambiente, Volume 1.
10. Quiosque de alimentação ou similar
11. Edificação institucional ou municipal
12. Templo religioso
13. Estrutura para terceira idade
14. Vasos para plantas
15. Estrutura de comércio (bancas e lojas)
16. Vegetação
17. Paisagismo
18. Localização
19. Conservação/Limpeza
20. Segurança
21. Conforto ambiental
Fonte: Adaptado de Gimenes (2010) e Angelis et al. (2005).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Abaixo encontram-se as tabelas referentes ao levantamento quali-quantitativo da praça


Joaquim Nabuco (quadro 2) e da praça Santo Antônio (quadro 3). Nelas estão contidos os dados
qualitativos dos elementos arquitetônicos e perceptivos juntamente com suas respectivas notas
individuais.

Quadro 3: Levantamento quali-quantitativo da praça Joaquim Nabuco.


LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO QUALI-QUANTITATIVO
Nome da praça e localização: Joaquim Nabuco, 8°39’39’’S 36°19’25’’W
Forma Geométrica: ( ) quadrangular ( ) circular (X) retangular ( ) outra
Data do levantamento: 09/05/2021 a 15/05/2021
Levantamento efetuado por: Edcleyton José de Lima
EQUIPAMENTOS/ESTRUTURAS Nota Ausência
01. Bancos X
02. Iluminação: (X) alta ( ) baixa 3,0
03. Lixeiras X
04. Sanitários X
05. Caminhos (formas, piso, rampas) 3,5
06. Palco/coreto/escultura/pergolado 3,5
07. Obra de arte:( ) monumento ( ) estátua ( ) busto X
08. Espelho d'água/chafariz 1,0
09. Cobertura (sombra) X
10. Quiosque de alimentação ou similar X
11. Edificação institucional ou municipal 4,0
12. Templo religioso X
13. Estrutura para terceira idade X
14. Vasos para plantas X
15. Estrutura de comércio (bancas e lojas) X
16. Vegetação 2,0
17. Paisagismo 1,0
18. Localização 4,0
19. Conservação/Limpeza 3,0

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ambiente, Volume 1.
20. Segurança 0,0
21. Conforto ambiental 2,0
Fonte: Autoria própria (2021).

Quadro 4: Levantamento quali-quantitativo da praça Santo Antônio.


LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO QUALI-QUANTITATIVO
Nome da praça e localização: Santo Antônio, 8°39’42’’S 36°19’22’’W
Forma Geométrica: ( ) quadrangular ( ) circular (X) retangular ( ) outra
Data do levantamento: 16/05/2021 a 22/06/2021
Levantamento efetuado por: Edcleyton José de Lima
EQUIPAMENTOS/ESTRUTURAS Nota Ausência
01. Bancos 3,5
02. Iluminação: (X) alta ( ) baixa 3,5
03. Lixeiras X
04. Sanitários X
05. Caminhos (formas, piso, rampas) 1,5
06. Palco/coreto/escultura/pergolado X
07. Obra de arte:(X) monumento ( ) estátua ( ) busto 3,0
08. Espelho d'água/chafariz X
09. Cobertura (sombra) X
10. Quiosque de alimentação ou similar X
11. Edificação institucional ou municipal 4,0
12. Templo religioso X
13. Estrutura para terceira idade X
14. Vasos para plantas 3,0
15. Estrutura de comércio (bancas e lojas) X
16. Vegetação 2,5
17. Paisagismo 1,0
18. Localização 4,0
19. Conservação/Limpeza 3,0
20. Segurança 0,0
21. Conforto ambiental 1,0
Fonte: Autoria própria (2021).

Em relação a presença de bancos, somente na praça Santo Antônio, em quantidade de 9


e distribuídos pela área. Os bancos são feitos de concreto, sem encosto e apresentam boa
conservação, porém não estão posicionados em locais de sombra e nem possuem coberturas.
Na praça Joaquim Nabuco as estruturas dos canteiros são usadas pela população como bancos,
mas não se encaixam nos parâmetros técnicos para tal função. Numa praça não é obrigatório a
presença de bancos, como evidência Remolli (2015) em análises de praças, a utilização de tal
elemento mesmo não sendo obrigatória constitui de importância sobretudo para pessoas da
terceira idade, gestantes ou que necessitem de acessibilidade.

Os bancos por serem feitos de concretos tem alta durabilidade, mas oferece baixo
conforto como explicam Silveira e Espindula (2019) em análise de lazer e convívio social de

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ambiente, Volume 1.
praças em Ibatiba – ES, onde relatam que a mobiliários feitos de concretos são mais resistentes
e duráveis, porém são incômodos. As mesmas autoras alertam que a falta de sombreamento
impossibilita a utilização dos bancos em dias ensolarados e chuvosos.

Para Demattê (2006) os bancos devem ter localizações e posições distintas dentro de um
espaço público, dessa forma alguns devem estar expostos ao sol e outros sob sombra, virados
para as ruas ou de costas para as mesmas. Mantendo características que possibilitem conforto
ao usuário, ao mesmo tempo deve ser de material durável e resistente, fácil de realizar uma
limpeza e que possua aparência discreta.

Angelis e Angelis Neto (2008) explicitam que os bancos são fundamentais e essenciais
numa praça, tendo funções básicas e específicas para o usuário como sentar, descansar,
conversar e até mesmo tomar sol. Os bancos oferecem, além de descanso e conforto, maior
tempo de permanência no espaço e possibilitam a contemplação do local (JESUS, GIESE;
COLCHETE FILHO, 2017).

A iluminação da praça Joaquim Nabuco é composta por 2 postes altos e de intensa


luminosidade, estão distribuídos em 2 pontos estratégicos, sendo 1 localizado em frente ao
palácio da Prefeitura Municipal e 1 por trás da mesma.

A praça Santo Antônio contém 5 postes de alta tensão e alinhados ao longo da área. Em
ambas as praças, no período noturno as luzes conseguem iluminar a maioria dos espaços, pois
apresenta distância adequada entre os postes. Porém, alguns pontos ficam sombreados por
árvores precisando de podas para adequação e algumas lâmpadas a vapor de sódio ainda não
foram substituídas por LED, acarretando em uma distribuição desuniforme da luminosidade.

Em estudos com iluminação urbana, Serrão, Oliveira e Nascimento (2019) constataram


que há maior eficiência energética e técnica no uso de lâmpadas de LED na iluminação pública.
Roberto e Schultz (2017) também apresentaram resultados satisfatórios da uniformização da
iluminação pelo uso da lâmpada de LED em ambientes públicos, quando comparada com as
lâmpadas de vapor de sódio e de indução por mercúrio.

Oliveira, Lamano-ferreira e Ruiz (2014) em estudos com 5 praças no município de São


Paulo, obtiveram notas regulares na avaliação da iluminação em 4 delas e somente 1 com bons
resultados. Os autores também relataram que a falta de iluminação adequada ocasiona
preocupação com a segurança dos frequentadores do local.

A importância da iluminação pública foi discutida por Augustin e Beduschi (2019) em


estudos com praça em Porto Alegre, constatando que a segurança está intimamente ligada com

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ambiente, Volume 1.
a iluminação adequada do ambiente, sendo assim pequenos crimes podem ser evitados. A
iluminação artificial além de clarear o ambiente, tem como objetivos e funções a segurança, o
desenvolvimento social e econômico do local, contemplação de áreas históricas ou verdes no
período noturno, atrair e conduzir pessoas ao espaço (MASCARÓ, 2006).

A praça Joaquim Nabuco apresenta 10 caminhos retos, largos e com piso de cimento e
bem conservado, sendo apropriado para passeios aos pares, com animais, cadeirantes e pessoas
que necessitem de acessibilidade. Em análises quali-quantitativas de elementos arquitetônicos
Batista et al. (2013) verificou que a pavimentação de cimento possibilita a funcionalidade e a
segurança dos pedestres, sobretudo se alinhado e com boa conservação.

As vias de acesso da praça Santo Antônio contêm espaços livres no centro da lajota,
onde impossibilita o trânsito de pessoas cadeirantes ou poderá causar incidentes com crianças
e idosos. De acordo com Dischinger, Bins e Piardi (2013) os componentes arquitetônicos devem
ser ergonômicos e funcionais, sem obstáculos e barreiras em pisos e rampas, bem projetados e
que garantam segurança e conforto aos frequentadores, sobretudo as pessoas da terceira idade.

A presença de revestimento adequado nos caminhos possui relevância em estudos de


praças, como explica Angelis et al. (2005) ao analisar que praças sem piso podem ocasionar
problemas em dias de intempérie climática. Assim, os principais pontos do ambiente devem ser
devidamente pavimentados.

Foi notado que existem rampas em ambas os locais, na praça Joaquim Nabuco há 6
rampas e na praça Santo Antônio 4, presentes em todos os lados das áreas. As normas da NBR
9050/04 fixam valores de no máximo 8,33% de inclinação e de no mínimo 120 cm de largura
(ABNT, 2015), as rampas das praças possuem inclinação adequada, porém a largura é de 100
cm, estando abaixo do recomendado. As pinturas que sinalizam as rampas estão degradadas,
necessitando de renovação.

Avaliando a acessibilidade em praças de Aracajú-SE, Santos, Santos e Gomes (2014)


encontraram praças sem pinturas de sinalização ou as mesmas estão gastas, as rampas, em sua
maioria, são poucos funcionais ou não estão de acordo com as normas estabelecidas. Bachour
(2011) expõe as normativas da Lei nº 10.098/2000, explicitando que pessoas com mobilidade
reduzida ou necessitem de acessibilidade devem ter acesso aos mais variados locais, portanto
deve haver as condições necessárias para que este objetivo seja alcançado.

O monumento denominado de “a Bíblia” se encontra na praça Santo Antônio, nele está


inserida a oração do Pai Nosso e na parte lateral uma cópia dos 10 Mandamentos, sendo um

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ambiente, Volume 1.
símbolo da religiosidade regional. De acordo com Oliveira, Lamano-Ferreira e Ruiz (2014): a
presença de monumentos e espelho d’água é caracterizada como uma valorização do
paisagismo numa praça.

Segundo Corrêa (2005) os monumentos são dotados de significados, são construídos e


localizados de forma intencional, proporcionando uma mensagem ou informação para o
público. Estátuas, obeliscos, colunas e templos são símbolos espaciais e pertencem ao ambiente
para passar uma informação (CORRÊA, 2013). A função de um monumento é estabelecer e
determinar que a história seja perpetuada, contínua e durável (BRAUDEL, 2005).

O chafariz da praça Joaquim Nabuco sofreu modificações ao longo dos anos, atualmente
ele se encontra desativado. Sua estrutura é completamente coberta por cerâmicas azul e branca
de maneira uniforme. As vantagens no uso de fontes d’água inclui o conforto térmico por meio
de microclima e o aumento da umidade relativa do ambiente (MASCARÓ; MASCARÓ, 2009).
Segundo Paiva (2001) as fontes apresentam elevado custo de funcionamento e esteticamente
estão caindo em desuso.

Viana, Marques e Lamano-Ferreira (2017) e Batista et al. (2013) estudaram e avaliaram


espelho d’água em praças, verificaram que sua falta de manutenção pode ocasionar o
surgimento de vetores de doenças devido a água parada ou pelo acúmulo de água da chuva.

Ao lado do chafariz há um pequeno palco com escadaria, onde se encontra as hastes das
bandeiras. Diariamente as bandeiras são postas e retiradas ao cair da noite. Os palcos são
caracterizados por serem locais de apresentações e outros divertimentos (FERNANDES, 2016).

O Palácio da Prefeitura datado de 1957 situado na praça Joaquim Nabuco, sua estrutura
está conservada e possui a arquitetura inicial. Devido a esta construção a praça é popularmente
denominada de “Praça da Prefeitura”.

O Bar Cintura-Fina fundado em 1953 e presente na praça Santo Antônio, possui


sinuosidades ao estilo do arquiteto Oscar Niemeyer. A arquitetura e a estrutura não foram
modificadas e estão em estado de boa conservação. A edificação não possui a funcionalidade
inicial de lazer e divertimento, mantendo atualmente funções administrativas municipais.

Bovo, Hahn e Ré (2016) avaliaram uma edificação pública denominada de Casa da


Cultura e determinaram que construções municipais históricas são de grande importância
cultural e social para a comunidade. Benevolo (1993) explica que os edifícios públicos fazem
parte das praças desde o império romano (teatro, termas e anfiteatro) e na atualidade se mantém

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ambiente, Volume 1.
com as mais diversas funções, como centros educacionais e de saúde, teatros e locais de
entretenimento, bibliotecas, áreas de lazer, dentre outros.

As edificações ou artefatos erguidos têm a finalidade de transmitir às gerações futuras


as recordações e histórias de uma comunidade (CHOAY, 2001). As obras criadas pelo homem
são parâmetros históricos-sociais para as gerações futuras, mantendo-se presente na consciência
da população (RIEGL, 2014). A edificação consiste num expressivo e representativo valor
histórico e ideológico para uma comunidade (ARGAN, 1998).

Estão presentes seis (6) vasos na praça Santo Antônio em bom estado de conservação e
neles estão contidas plantas ornamentais, situados em diversos pontos e contribuindo com o
paisagismo do ambiente. Os vasos são expostos às intempéries climáticas, portanto há marcas
de desgastes principalmente na pintura.

Os vasos possuem os mais variados tamanhos que são escolhidos de acordo com sua
forma de uso, são fabricados com os mais diversos materiais, os principais são argila, aço e
latão. Possuem funções estéticas e arquitetônicas, podendo ser utilizados como modo de
separação de ambientes contíguos, decoração de espaços e lugares e recipientes para um amplo
quantitativo de plantas (NIEMEYER, 2019).

A vegetação de ambas as praças é composta por árvores de médio e grande porte, como:
Pau-Brasil (Paubrasilia echinata), Figueira (Ficus benjamina), Violeteira (Duranta ereta L) e
espécies como: Palmeira (Copernicia alba) e Palmeira-de-Leque (Livistona chinensis), dentre
outras. As árvores fornecem sombra aos visitantes e os canteiros possuem grama verde e bem
cuidada.

Os espaços destinados à vegetação em praças contribuem significativamente para o


conforto ambiental (SILVA; ATAÍDE, 2019). Além de estética e estrutural, a vegetação
possibilita melhorias na poluição sonora do ambiente e minimiza impactos ambientais (SILVA
et al., 2019). De acordo com Santos et al. (2017) a qualidade de vida e as interações sociais são
evidenciadas em praças com árvores.

O paisagismo compreende os elementos arquitetônicos e florísticos em conjunto com as


sensações que eles transmitem. Há contrastes visuais nos elementos paisagísticos, o chafariz
como elemento estético não apresenta funcionalidade e algumas zonas estão danificadas na
praça Joaquim Nabuco.

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ambiente, Volume 1.
Na praça Santo Antônio o paisagismo é diversificado, onde há um misto de árvores com
flores e vasos com plantas ornamentais. Porém, faltam elementos como pinturas e reformas de
pontos estruturais.

Além da contemplação, o paisagismo compreende as sensações humanas (FARIA;


ASSIS; COLOMBO, 2018). Percepção ambiental sobre variados espaços urbanos, assim como
o conjunto de elementos que os compõe (MENEGAES et al., 2020). Portanto, o paisagismo
tem funções de harmonização do ambiente conjuntamente com a contemplação, a vivência e o
bem-estar (ALENCAR; CARDOSO, 2015).

A caracterização do paisagismo envolve tudo ao alcance do visual, tátil, olfativo,


auditivo e do paladar. A ABNT (1986) por meio da NBR 9283 esclarece que as praças e outros
locais urbanos podem possuir mobiliário e/ou vegetação mediante a autorização e planejamento
de entidades regulamentadas, podendo incluir no paisagismo elementos, como: chafariz,
bancos, monumentos, playground, coretos e palcos, árvores, grama, dentre outros. Assim, fica
explícito que o paisagismo se refere a praça como um todo e tudo que a compõe.

As duas praças estão localizadas no centro da cidade, sendo rodeadas por locais, como:
lojas, lanchonetes, quiosques, pousadas, hotéis igrejas, instituições municipais e privadas, etc.
Ambos os locais são pontos de intenso tráfego de pessoas e veículos diariamente, pois as
mesmas estão situadas na região de maior valor comercial e social do município. A localização
das praças no meio urbano detém importância técnica e social, pois esses espaços são utilizados
para os mais variados usos (REMOLLI, 2016).

Os espaços livres urbanos quebram a monotonia que existe entre a casa e a rua, podendo
serem utilizados para ponto de encontro, lazer, recreação, manifestações culturas e artísticas e
melhoria na qualidade de vida dos citadinos (LOPES; SILVA; NOGUEIRA, 2020). Os mesmos
autores em análises de praças em Teresina-PI, verificaram que a praça Marechal Teodoro é uma
zona de intenso movimento social e comercial, sendo importante a conservação do espaço, visto
que agrega valores a tudo que está ao seu redor.

De maneira geral os elementos arquitetônicos mantêm conservação e limpeza adequada,


pois há profissionais que realizam a limpeza dos locais diariamente. Porém há pontos de
acúmulo de lixo devido à falta de lixeiras, sobretudo nos períodos da tarde e noite.

Realizando avaliações quali-quantitativa em vinte e quadro (24) praças em


Votuporanga-SP, Vasconcelos e Vazquez (2018) constataram que treze (13) praças (54%) não
possuíam lixeiras. Remolli (2015) em estudos com praças em Maringá-PA, encontrou lixeiras

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ambiente, Volume 1.
em 17 praças de um total de 36 avaliadas, representando 47,22%. Portanto esse problema ocorre
em várias localidades do país, esse descaso ocasiona acúmulo de lixo em ambientes públicos.

Angelis (2000, p. 65) explicita que: “sua presença demonstra o nível de civilidade de
uma comunidade e o respeito ao meio ambiente”. As lixeiras constituem de um mobiliário que
é imprescindível sua presença e distribuição em praças (REMOLLI, 2015).

Ambas as praças não oferecem segurança, pois não há guardas que permaneçam no local
nem patrulhas. As pessoas que residem nas proximidades ou frequentam, relatam medo de
permanecerem no local no período noturno. Analisando aspectos qualitativos de praças,
Oliveira, Lamano-Ferreira e Ruiz (2014) relataram que a segurança de uma praça está ligada a
fatores como localização, policiamento e iluminação adequada.

A percepção que o local não tem segurança ou que oferece um possível risco constitui
umas das principais barreiras que impede a socialização e frequência de pessoas em
determinados espaços e locais públicos, sobretudo os idosos, crianças e mulheres (CATTELL
et al., 2008). A OMS relata que a sensação de segurança ou a falta dela é um fator determinante
que afeta diretamente o fluxo de pessoas nas ruas, influenciando na interação social e de bem-
estar emocional dos indivíduos (WHO, 2008).

A praça Joaquim Nabuco oferece árvores que possibilitam sombras aos visitantes e
frequentadores. É um fator bem visto pelos os que ali transitam, pois aproveitam o conforto
para descanso ou lazer. Já a praça Santo Antônio somente 1 banco recebe sombra e conforto
ambiental, onde os demais ficam expostos aos raios solares e intempéries climáticas (chuvas,
ventania).

Com a interpretação do uso da arborização em praças públicas, Gimenes et al. (2011)


analisou a praça Sete de Setembro-SP e verificou que o local arborizado proporciona conforto
térmico e acústico. Espaços públicos que dispõem áreas verdes como as praças, possuem
características além do estético e ecológico, proporcionando ao público lazer, conforto
ambiental e recreação (SHANAHAN et al., 2015; RUBIRA, 2016).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os ambientes urbanos públicos caracterizam como importantes espaços para a


população, sendo imprescindível sua conservação. Assim, compreende-se que os locais de
estudos tratados neste trabalho, necessitam de reformas estruturais e nos elementos
arquitetônicos. Os elementos arquitetônicos são constituídos por mobiliário das praças, e como

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ambiente, Volume 1.
são utilizados diariamente pelos frequentadores, necessitam de mudanças e reformas em alguns
pontos, como bancos, pisos, lixeiros, dentre outros.

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CAPÍTULO 9
A PRODUÇÃO DE CAFÉ ORGÂNICO NO BRASIL:
SITUAÇÃO ATUAL, TENDÊNCIAS E CORRELAÇÕES COM OS
INSTITUTOS FEDERAIS (IFS)2

Felipe Facci Inguaggiato


Gleycon Velozo da Silva
Sergio Pedini

RESUMO
Do ponto de vista econômico, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, tendo como polos de destaque o sul
de Minas Gerais e o norte de São Paulo, uma vez que estas regiões apresentam condições favoráveis ao plantio.
Historicamente, durante o século XVIII, a maior parte do café era cultivado em áreas sombreadas e em florestas
diluídas. Entretanto, com a expansão do mercado de café no mundo, os cafeicultores passaram a produzir café de
forma intensiva, o que levou a supressão e devastação de matas nativas, e com o passar do tempo o uso de
agrotóxicos. Objetivando técnicas e metodologias mais sustentáveis e mercados diferenciados, alguns produtores
passaram a buscar práticas de cultivo que se desvinculem das técnicas convencionais. Dentre essas metodologias,
destaca-se a produção orgânica, que utiliza de técnicas que preservem o meio ambiente e a saúde do produtor rural.
Para tanto, nota-se também um intensivo intercâmbio entre o saber no campo e institutos educacionais, a fim de
estreitar vínculos e incorporar novas técnicas de plantio. Assim este estudo tem como objetivou georreferenciar a
cadeia produtiva de café orgânico do país, com informações relacionadas a sua distribuição territorial,
correlacionando-a aos cursos relacionados à produção agrícola oferecidos pelos Institutos Federais (IFs). Como
procedimento metodológico, foi realizada uma significativa pesquisa bibliográfica, seguida pelo levantamento do
cadastro dos produtores orgânicos de café do Brasil, juntamente com os cursos e números de matriculados em IFs
em cursos que têm relação com a agricultura. Os resultados mostram que a produção de café orgânico no país está
em franco desenvolvimento, e que os IFs fomentam a produção de café orgânico em regiões interioranas do país
– como na região norte – e no nordeste do país, o que denota a expansão da produção do mesmo em todo o país.
Além disso, o trabalho representa um importante passo no tocante ao mapeamento e entendimento da importância
do estreitamento desses vínculos.

PALAVRAS-CHAVE: Agricultura Orgânica; Agroecologia; Cafeicultra; Institutos Federais.

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, o Brasil, ao longo do seu processo de ocupação, exploração e


desenvolvimento, passou por inúmeras transformações socioeconômicas, o que mudou
temporalmente sua configuração territorial. A extração do pau-brasil e o plantio de cana-de-
açúcar, atrelado à expansão fronteiriça ao interior e extração do ouro modificaram as relações
sociais, culturais e espaciais no cenário nacional. Contudo, a produção do café – previamente à
sua crise no início do século XX e o inerente processo de industrialização que ganhou foco no

2
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mnas Gerais
(FAPEMIG) – Demanda Universal nº01/2021.

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ambiente, Volume 1.
território brasileiro país, a partir da segunda metade do século XX (MARICATO, 2017) – foi
de suma importância para a sua economia nacional.

A fim de apresentar uma análise temporal referente ao café, o produto chega ao Brasil
no ano de 1727, na cidade de Belém (PA), doadas pelo Governador de Caiena (TAUNAY,
1939). Entretanto, devido a condições climáticas, a planta não se adaptou a região, e de lá foi
levada ao Estado da Bahia, no ano de 1770. Alguns anos depois, no ano de 1774, algumas
sementes foram cultivadas no Rio de Janeiro. No século seguinte, o café se espalhou ao longo
da Serra do Mar até o Vale da Paraíba – abrangendo os Estado de Minas Gerais, Espírito Santo
e Paraná (TAUNAY, 1939).

Ao longo do século XVIII, o café era cultivado, majoritariamente, em áreas sombreadas


e em florestas diluídas (SOMARRIBA, 2004). Segundo o mesmo autor, existiam três
metodologias de cultivo ao café: A primeira, seguindo o modelo colonial, com o produto
cultivado em terras de maior altitude, tendo como reflexo a extração de florestas para
implantação de lavouras; a segunda, com o plantio em sebes; e o último, o chamado café
sombreado, sendo os dois últimos os preferidos pelos pequenos produtores, devido a suas
técnicas condicionarem um cultivo associado às outras culturas alimentares (FERNANDO,
1998).

Vale ressaltar que todo esse plantio era pautado em uma sociedade totalmente
escravocrata, assim como seus meios de produção e exportação (ARTIAGA, 2020). Esse
cenário se mantém irretocável ao longo do século XIX, e algumas crises econômicas são
evidenciadas, como o fim do Pacto Colonial e a Abertura dos Portos (RAMOS, 2019), o que
demonstra uma quebra do paradigma econômico regente. O Brasil, a partir de então, se abre
economicamente para o mundo, e a produção e expansão do café emerge como uma economia
mercantil (BARBOSA; FERRÃO, 2020).

Para efeito de comparação, em 1850, cerca de 80% do território do Estado de São Paulo
era coberto por Mata Atlântica, enquanto os 20% restantes se caracterizavam como cerrado e
outros ecossistemas (LARANJEIRAS et al., 2016). Ainda conforme Laranjeiras et al. (2016),
em 1950, somente 18% de Mata Atlântica remanescia no estado paulista. Isso é reflexo,
principalmente, do formato de produção intensivo de café (TIBIRIÇÁ; FERREIRA; PEREIRA,
2020), a pleno sol – técnica implementada por holandeses e britânicos, primeiramente, na Índia
e em Ceilão (SMITH, 1985; CLARENCE; SMITH, 1998; THARAKAN, 1998).

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ambiente, Volume 1.
A inerente demanda do café no mercado internacional e a agregação de valor na bebida
levaram os cafeicultores a produzirem a cultura somente através dessa metodologia de plantio,
levando a supressão e devastação de matas, além do advento da agricultura monocultora
cafeeira (SOMARRIBA, 2004; SANTOS; SANTOS FILHO, 2020). Países como a Colômbia,
Costa Rica, Equador, Venezuela e México são alguns exemplos e outros países que utilizam
desse tipo de plantio.

Atualmente, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, tendo destaque sua produção
na região do sul de Minas Gerais e norte de São Paulo, devido suas condicionantes climáticas
favoráveis ao plantio (SATURNI et al., 2016). Entretanto, o domínio da monocultura desse
produto acarretou em uma série de problemáticas negativas, com destaque a perda de
biodiversidade – da fauna e flora-, e a contaminação do solo e recursos hídricos, devido ao uso
de agroquímicos e a destruição de matas ciliares (MARCONDES, 2005; AVILA et al., 2018;
GONZALEZ; BÁEZ, 2018). Além disso, essa técnica de plantio causa um grande desequilíbrio
ambiental, visto o surgimento de pragas e doenças nas lavouras (LOPES et al., 2012; CERDA
et al., 2017).

Visando técnicas e metodologias de plantio que fujam do padrão econômico,


responsáveis por regular esse sistema e que diminua de impactos socioambientais supracitados,
alguns produtores passaram a buscar práticas de cultivo que se desvinculem das técnicas
convencionais. Essas práticas, por sua vez, buscam ser mais sustentáveis do ponto de vista
ambiental, na sua produção e cultivo, a exemplo do café. Dentre essas metodologias, enfatiza-
se a produção orgânica. Sob uma perspectiva mercadológica, inclusive, a produção de café tem
se destacado no setor de produtos especiais e diferenciados, como o caso do fair trade ou
comércio justo (PEDINI, 2017).

O conceito de “produção orgânica” é relativamente novo, datado da década de 1920, e


buscou o desenvolvimento de técnicas que preservassem o meio ambiente na sua produção
(SOUZA et al., 2020). No Brasil, somente na década de 1980 esse cultivo passou a ser utilizado
(JATOBÁ ORGÂNICO, 2014). Desse modo, existem dois mercados orgânicos em ascensão no
território brasileiro, sendo o primeiro o mercado das frutas, hortaliças e processados no
mercado interno e algumas commodities no setor de exportação. O segundo, tem como destaque
o café orgânico como exemplo desse último segmento. Todavia, por se tratar especificamente
de um produto “commoditizado”, com preço definido em bolsa, as informações sobre produção,
exportação, consumo, insumos, capacitação, etc. são escassos.

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ambiente, Volume 1.
O alinhamento entre a melhoria na produtividade e a produção orgânica é
intrinsecamente correlacionada ao alinhamento entre instituições de ensino, como os Institutos
Federais (IFs) que fomentam estas práticas além de desenvolver novas patentes, insumos e
profissionais, o que faz com que se justifica o cruzamento das informações entre a base
produtiva e os IFs. Em outras palavras, é a relação entre a demanda e oferta de ensino nessa
área, tão carente nas instituições públicas e privadas que pode justificar o crescimento da
produção orgânica no país.

Devido a isso, o presente estudo teve como objetivo georreferenciar a cadeia produtiva
do café orgânico do país, com informações relacionadas a sua distribuição territorial – obtidas
através de parceria com o Instituto Brasil Orgânico e o Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos - e correlacionar esses dados com cursos de agronomia, agricultura orgânica e
agroecologia e seu corpo discente, oferecidos pelos Institutos Federais no território brasileiro,
tema ainda inédito e pioneiro, que pode servir de subsídio para a sociedade civil, acadêmica e
outros produtores.

1.1 Legislação Referente a Produção de Orgânicos no Brasil e o Processo de Certificação

Partindo da premissa que o cultivo de produtos orgânicos são uma tendência e uma
alternativa ao modelo de produção convencional, é necessário entender essas questões do ponto
de vista legislativo. Assim, seu cultivo e comercialização estão submetidos a inúmeras leis e
regulamentações.

A primeira lei referente aos produtos orgânicos ocorreu mediante a Lei n. 10.831, de
23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), responsável por definir como sistema orgânico de
produção aqueles que adotam técnicas específicas, otimizando o uso dos recursos naturais e
socioeconômicos disponíveis, respeitando aspectos ambientais e sociais locais, buscando a
sustentabilidade, em seus mais variados conceitos – indo desde a utilização de energia não-
renovável ao uso de métodos cultuais e biomecânicos que se contrapõem ao uso de materiais
sintéticos.

Todavia, somente no ano de 2007 a sua regulamentação ocorreu de fato, através do


Decreto n. 6.323 (BRASIL, 2007), definindo aspectos legais relacionados a sua forma de
produção, comercialização e fiscalização. No Decreto, é salientado a característica da não
utilização de produtos químicos – fertilizantes e pesticidas – para o plantio e produção de
culturas, através da sua produção de forma equilibrada.

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ambiente, Volume 1.
Dentre as vantagens da produção orgânica, destacam-se a proteção da fertilidade do solo
a longo prazo, o fornecimento de nutrientes para a produção e o controle de pragas e doenças
através de técnicas alternativas (EHLERS, 1994; HAMERSCHMIDT; SILVA; LIZARELLI,
2000; CASTRO et al., 2005; STEGANI; MOURO; PEREIRA, 2020).

Entretanto, para a obtenção da certificação desse tipo de produtor, são necessários


alguns procedimentos. No Brasil, diversos são os sistemas de certificação e ela pode ser
concedida via auditoria ou por meio de um sistema participativo de garantia (SPG). No primeiro
caso, são realizadas visitas periódicas aos produtores, e o custo desse processo é estipulado em
contrato. No último, o produtor faz parte de um grupo que, através de controle social, garante
o caráter orgânico dos seus participantes (MATOS; BRAGA, 2020).

A escala de análise ainda é um grande enfrentamento a bibliografia relacionada ao tema,


visto a dificuldade de obtenção de dados, e o procedimento de sua espacialização e produção
cartográfica. Desse modo, a análise desses dados representa um grande salto no que se refere
ao estado da arte para análise da distribuição de produtores orgânicos de café no território
nacional.

3 METODOLOGIA

Nesta sessão são apresentados os materiais e métodos utilizados no desenvolvimento do


trabalho. A metodologia baseou-se, primeiramente, em uma consideração analítica de dados,
fornecidos pelo Instituto Brasil Orgânico, pelo Cadastro Nacional dos Produtores Orgânicos e
pelos Institutos Federais que, posteriormente, são vinculados a construção de uma base
cartográfica referente à rede de produção de café orgânica no Brasil. Como alicerce
metodológico, a premissa do Estudo de Caso foi utilizada para estas análises, visto que essa
apura tópicos empíricos a estratégias preestabelecidas (YIN, 2015). Para melhor compreensão
das etapas desse processo, a Figura 1 ilustra cada uma delas.

Figura 1: Etapas Metodológicas.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

A primeira etapa do procedimento metodológico baseou-se no levantamento


bibliográfico referente ao tema, assim como a busca de dados e informações pertinentes à
produção textual, tendo como responsabilidade ser a base teórica do trabalho. Foram realizadas
pesquisas em periódicos, documentos legislativos e interpretação dos dados oferecido pelo
Instituto Brasil Orgânico, Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos e IFs, para assim iniciar

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ambiente, Volume 1.
a segunda etapa, que por conseguinte, consistiu na análise e interpretação dos dados
anteriormente levantados, que foram organizados e sistematizados por meio de dados tabulares.

A terceira etapa, denominada como processamento de dados, foi responsável por


correlacionar e organizar todo os dados obtido nas etapas anteriores. Nesse momento,
primeiramente, foi necessária a estipulação da tipologia que seria abordada como “produtores
de café orgânico”, devido à grande gama de cafés existentes, uma vez que o café pertence à
família Rubiaceae, gênero Coffea, sendo descritas mais de 90 espécies, das quais apenas cerca
de 25 são exploradas comercialmente. No Brasil, as espécies cultivadas são o Coffea arabica e
o Coffea canephora (SOUZA et al., 2004) e, assim, no presente artigo, foram consideradas
todas as denominações/gêneros de café produzidos por produtores orgânicos ao longo de seu
território, a fim de padronização dos dados.

A penúltima etapa é responsável pela espacialização de todo material que foi produzido
e obtido nas etapas anteriores, a vista de condicionar uma análise holística do que foi obtida do
ponto de vista bibliográfico e empírico. Como ferramenta de geoprocessamento, foi utilizado o
software Qgis 3.10.1. Por fim, a última etapa é voltada a discussão dos resultados apresentados,
buscando propor alternativas e justificativas dos resultados obtidos.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após o levantamento bibliográfico e realização de todas as etapas metodológicas, será


apresentado, por fim, um estudo georreferenciado sobre a cadeia produtiva do café orgânico do
país, com informações relacionadas a sua distribuição territorial, a quantidade de produtores
por município e a incidência e correlação de cursos de agricultura orgânica, agroecologia e
agronomia, oferecidos pelos Institutos Federais (IFs), através de mapas temáticos.

Em um primeiro momento, cabe ressaltar que os cafeicultores que ainda não obtém a
certificação de produtores orgânicos comumente questionam a dificuldade ao acesso de
insumos (SILVA et al., 2020) e, além disso, alguns já certificados sofrem da mesma carência.

De todo modo, ao todo, foram registrados novecentos e trinta e sete produtores


certificados de café orgânico, espacializados em duzentos e oitenta e dois municípios do
território nacional, além de cinquenta e um municípios produtores de insumo, na mesma escala,
distribuídos espacialmente conforme a Figura 2.

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ambiente, Volume 1.
Figura 2: Quantidade de produtores de café orgânico certificados em relação aos produtores de insumo.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Essas informações ilustram, em um primeiro momento, o estreitamento entre o


cafeicultor e o produtor de insumo. Nota-se também que tanto a concentração de produtores
orgânicos de café, quanto aos produtores de insumos situam-se na região Sudeste do país, o que
numericamente representa quatrocentos e cinquenta e sete produtores certificados de café
orgânico – aproximadamente 49% do montante total. Desses produtores, duzentos e vinte e oito
estão situados no Estado de Minas Gerais – o Estado com maior número de produtores
orgânicos de café -, seguido por São Paulo, com cento e cinquenta e oito. Por sua vez, quarenta
e quatro municípios produtores de insumo estão localizados na região sudeste – 80% do total,
o que fomenta o que Maricato (2017) salienta, entre os processos históricos e socioeconômicos
decorrentes do país.

Ademais, outra parcela de produtores de café espacializa-se na região Sul, com duzentos
e vinte e sete produtores – 24% da totalidade de produtores -, com destaque ao Estado do Paraná,
com cento e noventa, o que representa quase que toda a produção cafeeira orgânica regional.
Por outro lado, apenas sete municípios da região produzem insumos, diferentemente da região
sudeste (aproximadamente 13% do total).

A região Centro-Oeste possui apenas um município produtor de insumo e noventa


produtores certificados de café orgânico (10% da totalidade), com destaque ao Distrito Federal,

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ambiente, Volume 1.
com cinquenta e seis produtores. O Nordeste, por sua vez, apresenta somente dois municípios
produtores de insumo, enquanto 13% dos produtores orgânicos de café se concentram na região
– com destaque à Bahia, com noventa e oito produtores. Por fim, a região Norte apresenta um
município com produção de insumos e aproximadamente 4% dos produtores orgânicos de café
nacional. O Gráfico 1 mostra a porcentagem distribuição dos produtores orgânicos de café em
escala nacional e o Gráfico 2 a porcentagem dos municípios produtores de insumo por região
no Brasil.

Gráfico 1: Porcentagem da Distribuição Produtores de Café Orgânico por Região.


Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

10%
24%
13%

4%

49%

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Gráfico 2: Distribuição de Municípios Produtores de Insumo por Região.


Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
2% 3%
2%
13%

80%

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Em escala nacional, os municípios que mais possuem produtores orgânico de café são
os municípios de Brasília, com quarenta e cinco, Adrianópolis (PR), com vinte e sete, Paraguaçu
(MG), com vinte e quatro e Nova Tebas (PR), com vinte e três. Contudo, municípios como

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ambiente, Volume 1.
Porto Velho e Apuí, na região Norte do país, também possuem um grande contingente de
produtores orgânicos de café.

Dentre as justificativas dessa concentração ocorrer na região Sudeste do Brasil, destaca-


se o clima – propício para o cultivo do café (OLIVEIRA et al., 2019) – e, consequentemente, a
alocação dos produtores de insumo, que se localizam onde há uma maior demanda do mercado.
Outro fator que vale ser enfatizado é a concentração de cafeicultores orgânicos e produtores de
insumos na região do sul de Minas Gerais, corroborando com os dados encontrados comumente
na bibliografia (AMARAL et al., 2017), que afirmam que região é a maior produtora de café
nacional e mundial.

Conforme apresentado na introdução do trabalho, a educação e o ensino sempre foram


importantes aspectos a se levar em consideração para capacitação do homem no campo, uma
vez que são responsáveis por estimular o desenvolvimento de novas técnicas em suas lavouras
(MIRANDA; SÁ; MENEZES, 2004) e, para a produção orgânica de café, isso não é diferente.
Desse modo, foram identificados Institutos Federais (IFs) espalhados pelo território brasileiro
que ofertam cursos relacionados a sustentabilidade no campo e produção agrícola, que oferecem
em seus campi cursos de agroecologia, agronomia e agricultura orgânica e onde se encontram
as propriedades certificadas com a produção de café orgânico, conforme a Figura 3.

Figura 3: IFs que apresentam cursos relacionados à Sustentabilidade no Campo, Produção Agrícola e Produtores
Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

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Embora observe-se uma ampla distribuição no território nacional de IFs que ofertam
cursos relacionados à Sustentabilidade no Campo, como os curso de Agricultor Orgânico e
Agroecologia, nota-se que não há uma concentração significativa de cursos que atendam ao
número de municípios com produtores orgânicos de café. Entretanto, ao avaliar o número de
matriculados nos cursos, observa-se uma procura considerável de alunos para a realização
destes, principalmente para o curso de Agroecologia e Agronomia.

Observa-se que o curso de agricultura familiar é ofertado nos IFs de Juiz de Fora (MG),
Pouso Alegre (MG), São Luís (MA) e Fortaleza (CE) e Pouso Alegre (RS), conforme Figura 4,
enquanto o número de matriculados no curso em cada IF pode ser observado na Figura 5.

Figura 4: IFs Cursos de Agricultura Orgânica nos e os Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

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Figura 5: IFs com matriculados no Curso de Agricultura Orgânica e os Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Em escala nacional, o curso e seus matriculados pouco contribuem para o fomento da


produção de café orgânico nas regiões que se situam, com exceção aos municípios de Juiz de
Fora e Pouso Alegre, ambos em Minas Gerais, na região Sudeste do país, que advém de um
processo histórico de produção de café.

Esse cenário é inversamente proporcional no quese refere à oferta do curso de


Agroecologia, ofertados pelos IFs de Rio Branco (AC), Belém (PA), Paranavaí (PR), João
Pessoa (PB), Manaus (AM), Natal (RN), Aracaju (SE), Teresina (PI), Salvador (BA), Recife
(PE), Goiânia (GO). Espacialmente, observa-se a difusão do curso em regiões interioranas do
nosso país, como na Amazônia, Acre e Pará. O grande número de matriculados nesses cursos
também justifica ao número de produtores orgânicos de café nos municípios e em municípios
vizinhos. A Figura 6 mostra a oferta de cursos de Agroecologia nos IFs e a Figura 7 o número
de matriculados no mesmo.

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ambiente, Volume 1.
Figura 6: Cursos de Agroecologia e Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Figura 7: Matriculados no Curso de Agricultura Orgânica e Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Dos cursos ofertados pelos IFs que servem como base para capacitação técnica de
cafeicultores e jovens que queiram ingressar em uma profissão que lhe permita trabalhar no

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campo com cultivos agrícolas, o mais difundido no território nacional com maior procura e
registro de matrículas, é o curso de Agronomia, oferecidos nos IF de Goiânia (GO), Cuiabá
(MT), Montes Claros (MG), Blumenau (SC), Porto Alegre (RS), São Luís (MA), Belém (PA),
Farroupilha (RS), Campo Grande (MS), Petrolina (PE), Paranavaí (PR), Juiz de Fora (MG),
Pouso Alegre (MG), Belo Horizonte (MG), Florianópolis (SC), Recife (PE), Vitória (ES),
Palmas (TO), Fortaleza (CE), Boa Vista (RN), Teresina (PI), Salvador (BA), Macapá (AP),
Porto Velho (RR), São Paulo (SP) e Luziânia (GO). A Figura 8 mostra os IFs que oferecem o
curso de agronomia e os produtores orgânicos de café e sua distribuição.

Figura 8: Cursos de Agronomia e Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Os principais fatores que justificam a alta demanda da procura e oferta se dá


principalmente pelo fato de ser um curso tradicional e a agricultura e a pecuária são as principais
atividades econômicas do Produto Interno Bruto no Brasil, onde o setor primário é responsável
por 27% do PIB nacional.

Nota-se que a concentração de oferta do curso em Agronomia é maior na região Sudeste


e Sul do país, tendo bastante oferta também na região do Nordeste. Analisando o número de
alunos matriculados, observa-se que em todas as regiões do Brasil, com exceção o Norte, o
registro de matrículas de modo geral são altas, isso mostra o quanto o curso de Agronomia é

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ambiente, Volume 1.
altamente procurado por pessoas que querem se capacitar e trabalhar no campo. A Figura 9
demonstra os matriculados no curso de agronomia e os produtores orgânicos de café.

Figura 9: Matriculados no Curso de Agronomia e Produtores Orgânicos de Café.

Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Devido a sua espacialização por todo o território nacional, é possível considerar a


influência do curso na produção agropecuária nacional, seja nos produtos orgânicos – como
observado no caso do café, seja da agricultura tradicional.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A produção de produtos orgânicos, no Brasil, está em franco desenvolvimento. O café,


por sua vez, também engloba essa perspectiva. Em muitos casos, o advento dos IFs na
distribuição territorial é correlacionado à produção de café orgânico no Brasil. Todavia, a
histórica e presente cultura cafeicultora ainda existe no cenário nacional.

No presente artigo foi possível observar que os IFs acompanhando a produção de café
orgânico em regiões interioranas do país – como na região norte – e no nordeste do país, através
da oferta de cursos. A concentração de produtores e cafeicultores, sejam orgânicos ou não, ainda
é presente nas regiões sul e sudeste do país.

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ambiente, Volume 1.
Por fim, o trabalho buscou especializar toda a cadeia produtiva do café orgânico do país,
algo inovador no cenário acadêmico, assim como correlacionar essas questões a aspectos
educacionais, com os Institutos Federais atuando como reguladores dessa produção.

Espera-se que esta publicação sirva como um material de referência tanto para a base
produtiva de café no Brasil, interessada nesse tipo de produção, como para as instituições de
ensino, no sentido de promover uma oferta formativa baseada na realidade produtiva. E que
novos trabalham surjam, para outros produtos agropecuários de interesse.

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DOI 10.47402/ed.ep.c2404111510324

CAPÍTULO 10
PANORAMA DA PRODUÇÃO DE LEITE BUBALINO (BUBALUS BUBALIS) NO
MUNICÍPIO DE VITÓRIA DO MEARIM - MA

Marcelo Victor Batalha Marinho


Flávia Myllena dos Santos Araújo
Marcos Nabate Mendes Ferreira
Francisco Carneiro Lima

RESUMO
A bubalinocultura é uma atividade pecuária que vem crescendo nas últimas décadas em todo oBrasil. Todos os
produtos gerados na atividade são aproveitados, porém, o leite é o que mais gera interesse dos produtores devido
sua crescente demanda e valorização in natura juntamentecom seus subprodutos. No Maranhão o maior efetivo de
bubalinos concentra-se na microrregiãoda Baixada Maranhense e, na sua maioria, criado nos campos alagadiços.
Esta pesquisa objetivou realizar um levantamento dados sobre a bubalinocultura leiteira no município de Vitória
do Mearim, estado do Maranhão. Foram usados dados primários e secundários, sendo que para obtenção dos dados
primários, foram aplicados questionários semiestruturado em oitoestabelecimentos produtivos dedicados a criação
de bubalinos. Já os dados secundários, foramobtidos por meio da revisão bibliográfica sobre o tema, dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão
(AGED) e Secretaria de Agricultura do Município. A utilização para a atividade bubalina leiteira de 35 a 80% do
total. 38% dos produtores utiliza sistema de criação extensivo e apenas62% definem como semi-intensivo. O
sistema de criação predominante na região é o extensivo.Ao total de 100% das propriedades a não administrarem
tal prática alimentar ao seu rebanho. 100% dos produtores são homens. Tendo sua escolaridade variando entre
fundamental incompleto e superior completo. 100% dos produtores são homens. Tendo sua escolaridade variando
entre fundamental incompleto e superior completo. A principal raça destinada para a produção leiteira do
município de Vitória do Mearim é a Murrah, tendo cruzamentos e em 35%do rebanho mestiços. Tendo em vista que
a propriedade A faz-se o uso de ordenha mecanizada, estábulos cobertos, currais com água a vontade para as
matrizes em lactação, diferente das outras propriedades que utilizam de currais a céu aberto. Todos os produtores
realizam a produção por meio de monta natural. os gastos mensais com a produção total da propriedade com a
atividade variam de 800 a 1 mil reais. Dos oito produtores, apenas quatro fazem beneficiamento do leite na
confecção de queijos, coalhadas e doces de leite.

PALAVRAS-CHAVE: Bubalinocultura; Produção familiar; Baixada Maranhense.

1 INTRODUÇÃO

A Bubalinocultura é uma atividade em crescimento em todo o Brasil (MAPA, 2015).


Na Ásia, onde se encontra o maior contingente populacional de búfalos, a produção dessa
espécie animal ganha relevância devido a não utilização de bovinos como animais pecuários,
visto que são considerados animais sagrados. Embora no Brasil, a criação de bubalinos também
siga a inclinação mundial de crescimento, ainda não figura entre as alternativas pecuárias mais
numerosas e de destaque nacional. Isso se deve ao desconhecimento da natureza e das
particularidades anatômicas e funcionais dos búfalos, principalmente em relação à qualidade da
carne, derivados lácteos, qualidade do couro, e ao modo de criação e condições de manejo
(COELHO, 2019).

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ambiente, Volume 1.
Levantando diversas questões nas quais promovem obstáculos para a entrada do búfalo
de forma mais expressiva no mercado brasileiro, Santos (2016) destaca a fragilidade do status
sanitário dos rebanhos bubalinos, sobretudo em áreas mais tradicionais de criação dos animais,
onde ainda predomina conceitos como o de que os búfalos são “rústicos” e imune às doenças.
Fica em evidencia que do búfalo pode-se usufruir a carne, a tração animal, o couro e leite, sendo
que o último tem maior destaque, apresentando variedade de produtos com alta remuneração,
principalmente se comparada ao leite bovino (JORGE et al., 2002).

A produção leiteira destaca-se como uma das principais aptidões das búfalas, e é
considerada de grande importância em vários países. Na Ásia, o búfalo tem papel fundamental
na agricultura, podendo ser criado em pequenas propriedades, onde é considerado provedor de
alimentos (AMARAL et al., 2005). Os búfalos contribuem com 11% do total da produção
mundial de leite. A população de búfalos no mundo é de 201,1 milhões (FAO, 2018). Desse
montante, o continente asiático (Índia, Paquistão e China) é responsável por 96,9% do
contingente. Na Índia, 57% do leite produzido são de búfala.

No Brasil, o leite de búfala e seus derivados recentemente vêm ganhando importância,


mesmo sem existir ainda, legislação federal especifica que regularize o padrão de identidade e
qualidade do leite e seus derivados. A produção de leite de búfala e produtos lácteos tem
crescido cada vez mais para atrair os consumidores que procuram qualidade nutricional e
funcional diferenciada, além de características especiais (COELHO, 2019).

Diante desse quadro, ao se tratar de pecuária bubalina no Maranhão, principalmente a


Baixada Maranhense, evidencia-se uma atividade extensiva de subsistência (CASTILLO,
2015). A bubalinocultura maranhense por muito tempo esteve direcionada para produção de
carne. Porém, nos últimos anos a exploração para leite vem se tornando expressiva. Os
produtores acreditam que nos próximos anos, a produção de carne e leite de búfalos em sistemas
agrossilvipastoris se intensifique, utilizando pastejo rotacionado intensivo em terra firme, se
tornando sustentável dos pontos de vista biológico, econômico, ambiental e social, com
produtividade três a cinco vezes superiores à dos sistemas de criação tradicionais (SANTOS,
2016).

Dado a importância da agropecuária para o setor primário maranhense, esse trabalho


tem como objetivo analisar o cenário da bubalinocultura leiteira no município de Vitória do
Mearim, listando os elementos que configuram o dinamismo funcional da atividade com
perspectiva econômica.

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ambiente, Volume 1.
2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Bubalinocultura no Brasil

Os búfalos foram introduzidos no Brasil no fim do século XIX inicialmente pela região
Norte do país em pequenos lotes com a finalidade de explorá-los para tração animal. Esses
animais eram oriundos da Ásia, Europa e Caribe. Segundo Bernardes (2007), a utilização dos
búfalos como animais de produção foi motivada principalmente pelo seu exotismo que por suas
qualidades zootécnicas, considerando sua grande adaptabilidade aos diferentes ambientes, alta
fertilidade e longevidade produtiva, permitindo que o rebanho experimentasse uma evolução
significativa.

No Brasil as explorações se direcionavam quase que totalmente para a produção de


carne ou para atender o mercado de animais para a reprodução (BERNARDES, 2011). A
Associação Brasileira de Criadores de Búfalos (ABCB) registrou duas importantes importações
de búfalos. A primeira em 1902, ano em que ocorreu a primeira importação de búfalos italianos,
feita por Bertino Lobato de Miranda, para sua Fazenda São Joaquim. A segunda importação,
sendo a mais conhecida dentre as importações, foi feita por Vicente Chermont de Miranda para
sua Fazenda Dunas e Ribanceira, em 1906 (SANTOS, 2020).

A exploração do leite de búfalas no Brasil se expandiu em 1990, quando as indústrias


especializadas no produto começaram a surgir interessadas no alto rendimento e valor agregado
do produto. O leite de búfala apresenta ótimo retorno para os produtores e os avanços da
tecnologia no manejo e produção têm permitido níveis ainda mais altos. Segundo Bernardes
(2007), o clima tropical da América Latina e a exploração extensiva têm colaborado para o
crescimento dos rebanhos e o maior desafio da atividade no Brasil é a falta de organização e
definição da cadeia comercial da bubalinocultura. Segundo dados do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE), a relação dos estabelecimentos que produziram leite de búfala
em 2006 nos estados brasileiros é superior aos dados dos produtores que venderam o leite nos
estados para o mesmo ano.

Dados do IBGE (2021) mostram que o rebanho bubalino no Brasil atingiu o número de
1.551.618 milhões de cabeças. A maior concentração do rebanho está localizada na região Norte
do país reunindo cerca de 66,38% do efetivo, e o restante distribuídos entre as Regiões Sudeste
(13,86%), Nordeste (8,94%), Sul (6,98%) e Centro-Oeste (3,84%). Os Estados do Pará e
Amapá, juntos, concentram cerca de 58,92% do rebanho nacional no ano de 2019. Dando a
região Norte o status de maior rebanho bubalino do Brasil (IBGE, 2021).

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ambiente, Volume 1.
2.2 Bubalinocultura do Maranhão e Vitória do Mearim

A pecuária bubalina na Baixada Maranhense foi iniciada para a manutenção familiar


dos pequenos e médios produtores devido sua conhecida rusticidade e desde sua instalação
pouco receberam de orientação técnica e assim é hoje uma atividade extensiva de subsistência
(CASTILLO, 2015).

Os búfalos foram trazidos para o estado do Maranhão na década de 1930, porem os


incentivos governamentais para promover o desenvolvimento econômico na área e a expansão
do rebanho, ocorreram a partir da década de 1960. Nessa época, já existiam áreas de criação em
diversas fazendas nos municípios da baixada. No ano de 1962, o Estado recebeu autorização do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para receber 200 búfalos adultos
da estação de Maicuru, no Baixo Amazonas. Devido à dificuldade de transportes desta região
para o Maranhão, chegaram aqui 19 somente 100 cabeças da raça Mediterrânea.

Em 1976, técnicos especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


(EMBRAPA), Diretoria Estadual do Ministério da Agricultura (DEMA/MA), Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), Instituto Zoobotânico de São Paulo (IZ/SP),
Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos (ABCB), Associação de Crédito e Assistência
Rural (ACAR/MA), Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP) e Escola de Agronomia
do Maranhão (EAM), reuniram-se para elaborar sistemas de produção para bubalinos na
Baixada Maranhense destinados aos pequenos e grandes produtores.

A criação do búfalo na região gerou intensos conflitos por causa de terras devidas esse
tipo de criação ser extensivo, soltos, entrando em choque com as populações ribeirinhas e
lacustres em alguns territórios da Baixada. Devido ao desconhecimento sobre o animal e sua
criação, o início dessa atividade no município se tornou conflituosa, visto que os animais
adentravam nas áreas de produção de agricultores, assim como, lagos e açudes, causando alguns
danos. Com essa situação alguns camponeses que viviam da agricultura de subsistência
deixaram de produzir e passam se mudaram para a zona urbana do município, ocorrendo assim,
um aumento do êxodo rural (COSTA, 2013).

Em 2011, o número de bubalinos no Maranhão passou a representar a criação de búfalos


no país com 82.650 animais. A Pesquisa de Produção Pecuária Municipal (PPM) indicou
crescimento na criação de búfalos de 7,8% no estado (IBGE, 2013). No ano de 2023 o rebanho
bubalino maranhense é de 95.811 cabeças colocando o estado na quinta posição no ranking
nacional e encontra-se irregularmente distribuído pelos 26 territórios, concentrando-se na

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ambiente, Volume 1.
Mesorregião Norte do Estado (27%) e na Microrregião da Baixada (73%). Os municípios de
Viana (22%), São João Batista, Cajari, Arari e 20 Matinha reúnem 51% do total, mais da metade
do rebanho estadual. Dando ao município de Viana o status de maior produtor de bubalino do
Maranhão (IBGE, 2021), em segundo lugar a cidade de São João Batista, em terceiro lugar a
cidade de Cajari e em quarto lugar o município de Pinheiro e em quinto lugar do ranking Vitória
do Mearim.

Em Vitoria do Mearim, O número de búfalos no município entre o ano de 2000 e 2019


apresentou elevado crescimento. No ano 2000, o município contava com um rebanho de apenas
238 cabeças, em 2005, esse número se multiplicou atingindo 1.098 animais, nos cinco anos
seguintes esse crescimento não foi tão expressivo chegando a 2010 com 1.659 animais. Entre
2010 e 2019 o rebanho cresceu e atingiu 3.640 animais (IBGE, 2019). No ano de 2022, com
atualização da AGED, esse número de cabeças passou a ser de 4.074 animais de acordo com a
última baixa de vacinação.

3 METODOLOGIA

3.1 Local de estudo

O trabalho foi conduzido durante os meses maio de 2023 a julho de 2023, no município
de Vitória do Mearim – MA (Coordenadas 3º 28’00” S, 44º 53’00’’W) situado a 179 km de
distância da capital maranhense, fazendo parte da Mesorregião Norte Maranhense e da
Microrregião Baixada Maranhense. O município tem uma extensão territorial de 716,719 km²
e uma população de 30.805 pessoas segundo dados do IBGE (2022). Limita-se ao Norte com
os municípios de Cajari e Arari; ao Sul com Conceição do Lago Açu; a Leste com Arari e a
Oeste com Cajari e Igarapé do Meio.

3.2 Coleta e fonte dos dados

No primeiro momento, para identificação e localização dos bubalinocultores do


município de Vitória do Mearim, Baixada Maranhense, foram consultados os arquivos da
Agência Estadual de Defesa Agropecuária (AGED) e à Secretaria Municipal de Agricultura.
Posteriormente realizada a coleta de dados primários e secundários.

As informações primárias foram obtidas por meio de entrevistas com criadores de


bubalinos, utilizando questionário semiestruturado com perguntas objetivas e subjetivas
abrangendo os aspectos gerais da produção de leite bubalino no município de Vitória do
Mearim. A entrevista foi realizada em oito propriedades, denominadas de A-H para não
exposição dos proprietários e manejos exercidos. Destas, de A até C se caracteriza em sistema

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semi-intensivo e de D a H com sistema extensivo. Os dados secundários foram extraídos de
fontes bibliográfica e documental em artigos científicos, monografias e no Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).

3.3 Métodos de Análise

Os dados foram tabulados e submetidos à análise estatística descritiva por meio do


Programa Excel (Microsoft Office Excel). Para melhor contextualização e entendimento dos
resultados, se fez uso de valores percentuais, gráficos e tabelas.

4 RESULTADOS E DISCURSSÕES

4.1 Caracterização da propriedade e do sistema de produção

Foram entrevistados, dez criadores de búfalo do município de Vitória do Mearim, dentre


eles o tamanho da área das propriedades pesquisadas variou em média entre 42 e 650 ha e sua
utilização para a atividade bubalina leiteira de 35 a 80% do total. As áreas restantes eram
desenvolvidas outras atividades, como a produção de suínos, bovinos, peixes e aves e também
agricultura, como produção de arroz, mandioca, milho e horta. Resultado semelhante com o
encontrado por Sousa (2015) e Serra (2017) que constataram que a bubalinocultura só era a
atividade principal para até 30% dos produtores. A gestão dessa atividade era realizada
unicamente pelo proprietário e sua família.

Os dados mostraram que a bubalinocultura não é uma atividade recente na região, pois
quando questionados sobre o tempo de permanência na atividade variou média de 2 a 47 anos.
Tendo como principais motivos para estarem na atividade: a rentabilidade, herança familiar,
baixo investimento, rusticidade e facilidade de criação na região.

Diante resultados dos entrevistados, 29% utilizam o sistema de criação extensivo,


enquanto 71% definem a forma de criação como semi-intensiva, porém o sistema de produção
observado não se enquadra no semi-intensiva devida à alimentação ser todo no pasto sem
incorporação de alimentação no cocho, como concentrado e suplementação mineral. Essa
informação é compartilhada por Serra (2017) ao relatar que o sistema de criação predominante
na região é o extensivo, pois os animais ficam o tempo todo soltos dentro das unidades
produtivas, sendo reunidos para o centro de manejo para pernoite. Já Coelho (2019) diz que
geralmente os bubalinos na região eram criados em sistemas extensivos de produção (62%),
tendo sua finalidade direcionada a produção leite e seus derivados (55%).

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ambiente, Volume 1.
4.2 Caracterização racial e fitossanitária dos bubalinos criados no município destinados
à produção leiteira.

A principal raça destinada para a produção leiteira do município de Vitória do Mearim


é a Murrah, sendo que 35% do rebanho formado por animais mestiços de Murrah com outras
raças como Mediterrâneo e Jafarabadi, essa última raça em menor escala. Em relação à
produção leiteira (Tabela 1), a propriedade “A” é a que mais produz leite, isso devido a mesma
ter maior rebanho, melhor genética e manejo adequado (rotação em piquetes, pasto com
cultivares com maior teor de proteínas como mombaça e massai) diferente das demais que usam
de maneira extensiva e sem tecnificação nenhuma no seu manejo.

Tendo em vista que a propriedade “A” faz-se o uso de ordenha mecanizada, estábulos
cobertos, currais com água a vontade para as matrizes em lactação, diferente das outras
propriedades que utilizam de currais a céu aberto o que dificulta a extração do produto
interessado naquela propriedade.

Em relação aos níveis tecnológicos nas atividades pesquisadas, considerando o sistema


de criação praticado, o tipo de instalações utilizadas, o manejo de ordenha, o uso de alimentação
suplementar e os métodos reprodutivos adotados, os resultados constataram que em 100% dos
oito estabelecimentos pesquisado, o sistema de criação que sustenta a produção de leite
bubalino é do tipo extensivo à pasto, fazendo uso de forrageiras cultivadas e nativas.

Tabela 1: Produção leiteira (diária) das propriedades no município de Vitória do Mearaim -MA
PROPRIEDADES MÉDIA DIARIA DE LEITE
A (620 ha) 80-100 litros por dia (40~45 matrizes)
B(500 ha) 60-90 litros por dia (38~40 matrizes)
C (300 ha) 30-40 litros por dia (20~28 matrizes)
D (200 ha) 45-60 litros por dia (20~30 matrizes)
E (500 ha) 20-30 litros por dia (16 matrizes)
F (42 ha) 15-20 litros por dia (8 matrizes)
G (580 ha) 15-20 litros por dia (3~5 matrizes)
H (188 ha) 10-15 litros por dia (2 ~ 5 matrizes)
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

No grupo das cultivadas foi citado o capim Mombaça (Panicum maximum cv.
Mombaça), Massai (Megathyrsus maximus), Tangola (Brachiaria arrecta). Entre as forrageiras
nativas foram citados o Capim de marreca (Paspalum conjugatum), Capim açú (Andropogon
minarum), Canarana (Echinochloa pyramidalis LAM) e o Capim de capivara (Hymenachne

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ambiente, Volume 1.
amplexicaulis) e algumas outras plantas aquáticas chamadas popularmente por Baucedo,
Pararióba e André Quicé (Leersia hexandra) também fazem parte da dieta destes animais..

Todos os produtores realizam a produção por meio de monta natural, porém há uma
procura de alguns pela inseminação artificial, contudo ainda não são uma realidade no
município atualmente, por falta de infraestrutura, profissionais capacitados na região e
dificuldade na aquisição de sêmen, o que também foi encontrado por Meneses (2021) e Bezerra
(2016).

Dados da entrevista mostra que todos das propriedades dizem estar em dia com a AGED,
tanto na vacinação de aftosa quanto brucelose. Das unidades produtivas visitadas, 100%
afirmam fazer vermifugação estratégica, seguindo planejamento de duas vezes ao ano. Quanto
ao teste de mastite (Figura 1), apenas uma (12%) propriedade realiza o teste diariamente, 75%
realiza mensalmente e 13% não realiza, tendo em vista que o único método que trás melhor
resultado é quando é feito diariamente. Quanto à limpeza, cinco afirmam fazer limpeza antes
da ordenha e três faz-se a limpeza antes e depois da ordenha.

Figura 1: Resultado de teste de mastite realizado em leite de fêmeas bubalinas no município de Vitória do
Mearim - MA

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

4.3 Relação custo-benefício

Durante entrevista, os proprietários citam que os gastos mensais com a produção total
da propriedade com a atividade variam de 800 a 1 mil reais, dependendo das estações (inverno
e verão), pois no começo do inverno aumenta os gastos com as cercas, pois tem que levantar o
arame nas áreas alagadas e abaixar no começo do verão (abaixamento). Alguns produtores

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também citaram que não fazem essa proporção mensal de gastos, pois há meses que não há
gastos diretos com a produção segundo eles.

O preço do leite atualmente é de R$3,00 quando repassado para os atravessadores e por


R$5,00 quando ao consumidor final, o peso vivo do animal está variando de 15-16 reais o quilo.
Dados que divergem com os de Meneses (2021), tendo em vista a variação do preço dos
insumos nos últimos dois anos. E foi relatado que o faturamento dos produtores varia de
R$2000,00 a R$7800,00 mostrando que a atividade é lucrativa de acordo com seus níveis
técnicos.

A lista de insumos e seus gastos é pequena, sendo eles apenas vacinas (preventivas e
vermífugas), sementes de capim, aparelhos elétricos, isoladores, pregos, grampos, arame e
estacas, basicamente para a formação de uma área para cercados grandes e piquetes,
corroborando com os dados de Meneses (2021).

4.4 Beneficiamento do leite

Dos oito produtores, apenas quatro fazem beneficiamento do leite na confecção de


queijos (Figura 2), coalhadas e doces de leite, tendo em vista que não há nenhum laticínio ou
agroindústria com registro na região, dados compatíveis com o que foi visto por Meneses
(2021).

Figura 2: Queijo artesanal produzido a partir do leite de bubalino no município de Vitória do Mearim-MA.

Fonte: Autoria própria (2023).

5 PRINCIPAIS GARGALOS ENCONTRADOS NA ATIVIDADE

a) Preconceito com os búfalos e seus derivados;

b) Falta de assistência técnica para todos os produtores;

c) Falta de mão de obra especializada;

d) Falta de controle de custos de produção;

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e) Baixo nível tecnológico;

f) Falta de política educacional sobre os benefícios e vantagens do consumo de carne, leite e


seus derivados;

g) Falta de infraestrutura para acessar algumas propriedades nos períodos chuvosos.

6 CONCLUSÃO

A partir dos dados sobre a atividade bubalinocultura leiteira no município de Vitória do


Mearim - MA, conclui-se que a produção de leite apesar de suprir as necessidades locais de
consumo, gerar renda e emprego, os níveis tecnológicos empregados são insuficientes para os
moldes de uma cadeia de produção pecuária consolidada e competitiva.

Para alcançar tal proposito é necessário mudanças como Melhorias a serem feitas para
maior produção e ganho dos produtores: criação de uma associação de produtores para melhorar
a busca por capacitações e assistência técnica, abrangendo todos os produtores, tendo em vista
que só alguns possuem melhoria das estradas vicinais para os povoados onde ocorre a produção,
inspeção municipal dos produtos agropecuários, dando selos e certificação para a produção,
visando melhorias na comercialização interestadual e regional, maior apoio dos órgãos públicos
com a bubalinocultura leiteira, sabendo sua importância econômica para o município e buscar
apresentar melhor seus produtos, extinguindo o preconceito que ainda há com subprodutos
advindos do búfalo em geral.

REFERÊNCIAS

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111611324

CAPÍTULO 11
A CULTURA DO MILHO: RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES DE PRECIPITAÇÃO E
A PRODUÇÃO DO GRÃO NO MUNICÍPIO DO CRATO - CE

Francisco Cristiano Cândido Santana


João Paulo Carneiro Barbosa
Alexandre Boleira Lopo
Marcos Antônio Vanderlei Silva
Eliane Maria de Souza Nogueira

RESUMO
O milho é um cereal muito consumido no Nordeste brasileiro e tem relevada importância cultural na vida do
sertanejo. Ele tem uma forte ligação com as chuvas e sua produção é caracterizada pela baixa tecnologia utilizada
pelos pequenos agricultores, que são os mais atingidos pela ausência de chuvas. Dada à importância do tema, o
presente estudo teve por objetivo analisar os impactos da seca, causados pelas mudanças climáticas no semiárido
brasileiro, na cultura do milho, na cidade do Crato – CE. Para levantamento dos dados foram realizadas pesquisas
bibliográficas e da plataforma MarkSim, e dados oficiais do governo brasileiro, para verificação da relação do
regime pluviométrico com a produção de milho no município do Crato. Como resultados conclui-se que escassez
de água, exemplificada pelo ano de 2010, não apenas reduziu a área cultivada, mas teve repercussões significativas
na produtividade total. Da mesma forma, o excesso de chuva em 2016, que se assemelhou à produção de 2010,
destaca os desafios de lidar com extremos climáticos, independentemente da direção.

PALAVRAS-CHAVE: Segurança Alimentar; Agricultura Familiar; Agricultura de Sequeiro.

1 INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro possui características climáticas únicas, sendo uma região de


baixos índices pluviométricos, com médias inferiores a 800 mm anuais na maior parte de sua
extensão territorial (MARENGO et al., 2001). O índice de aridez chega a 0,5 em várias áreas,
calculado matematicamente pela relação entre os totais precipitados e a taxa de
evapotranspiração da região (MARENGO et al., 2001). Além da escassez de chuvas, o
semiárido convive com elevado risco de estiagens prolongadas, superiores a 60% do tempo
(MARENGO et al., 2001).

Essa irregularidade das precipitações, tanto em volume total quanto em distribuição ao


longo do ano, confere enorme vulnerabilidade ambiental, social e econômica ao semiárido
(FERNANDES, 2009). A vegetação e a fauna enfrentam o desafio constante da falta d’água, o
que afeta ecossistemas inteiros. A população sofre com a escassez de água para consumo e com
a perda frequente de colheitas. Atividades produtivas como a agricultura e a pecuária também
são diretamente impactadas.

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ambiente, Volume 1.
Em termos geográficos, o semiárido abrange áreas de todos os nove estados da região
Nordeste, além da porção setentrional de Minas Gerais (figura 1), ocupando aproximadamente
12% de todo o território brasileiro, ou seja, cerca de 1 milhão de km² (BRASIL, 2021).

Figura 1: Mapa do Semiárido Brasileiro.

Fonte: Brasil, Mapa do recorte do semiárido (2021).

Apesar das adversidades climáticas, o semiárido possui uma riqueza ambiental e cultural
singular, expressa no seu bioma predominante: a caatinga. Ela é um bioma exclusivamente
brasileiro, que ocupa cerca de 11% do país. A caatinga apresenta uma flora diversificada e
adaptada às condições de seca, com mais de 11 mil espécies de plantas catalogadas, das quais
cerca de 40% são endêmicas, ou seja, só ocorrem nesse bioma. Entre as famílias botânicas mais
representativas da caatinga, estão as cactáceas, as euforbiáceas, as bromeliáceas, as
leguminosas e as gramíneas (BRASIL, 2021). Essa biodiversidade vegetal é fundamental para
a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima, a conservação do solo
e da água, e a provisão de alimentos e medicamentos. Além disso, a caatinga abriga uma fauna
diversa, com mais de 900 espécies de animais, muitos deles ameaçados de extinção.

Nas terras semiáridas residem perto de 28 milhões de habitantes, dos quais 62% em
cidades e 38% em zonas rurais (BRASIL, 2021). Isso faz do semiárido brasileiro um dos mais
populosos do mundo.

Essa população possui uma forte identidade cultural, marcada pela resistência e pela
criatividade diante das dificuldades impostas pelo clima. A agricultura é uma das principais
atividades econômicas e sociais da região, que se baseia na produção de culturas de sequeiro,

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ambiente, Volume 1.
isto é, que dependem exclusivamente das chuvas. Entre as culturas mais cultivadas, estão o
algodão, o sorgo, a mandioca e o feijão. No entanto, o milho se destaca como o principal produto
agrícola do semiárido, tanto em termos de área plantada quanto de valor da produção. A nível
de Brasil é a segunda cultura mais cultivada, depois da soja (figura 2).

Figura 2: Produção Agrícola Brasileira.

Fonte: Brasil, Censo Agropecuário (2021).

O milho é um alimento básico para a população rural, que o utiliza na alimentação


humana e animal, além de ser uma fonte de renda, pois é comercializado nos mercados locais
e regionais. A produção de milho é expressiva em todos os estados abarcados por essa região
em análise, sendo os maiores produtores a Bahia, o Piauí, Pernambuco, Sergipe e o Ceará
(BRASIL, 2023). O cultivo do milho no Semiárido é realizado de forma tradicional, com o uso
de variedades locais, adaptadas às condições edafoclimáticas da região, e com o emprego de
técnicas agroecológicas, que respeitam o equilíbrio ambiental e social (CRUZ, 2011).

O milho é amplamente consumido tanto na zona rural quanto nos centros urbanos do
semiárido, por se tratar de alimento energético e acessível (CRUZ, 2011). Também é
ingrediente primordial na composição de ração animal, especialmente para aves e suínos
criados na região, que geram produtos de origem animal e movimentam a economia local
(ALVES; AMARAL, 2011).

Especificamente no estado do Ceará, as estimativas apontam que, por volta de 70% de


todo o milho produzido derivam dos cultivos irrigados, que minimizam os impactos da
irregularidade pluviométrica com uso de tecnologia (CEARÁ, 2023). Os outros 30% são
provenientes da agricultura de sequeiro, totalmente dependente das chuvas para obter safra
positiva.

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ambiente, Volume 1.
O município do Crato está localizado no sul cearense, na região metropolitana do Cariri
que conta com nove municípios (figura 3), sendo o Crato o de maior extensão territorial,
superior a 1.100 km², dos quais mais de 95% constituídos por área rural (CEARÁ, 2023). No
entanto, as atividades agropecuárias respondem por menos de 5% de todo o PIB municipal
(CEARÁ, 2023). Isso reflete as dificuldades enfrentadas pelo homem do campo, sobretudo
devido à dependência das precipitações.

Figura 3: Região Metropolitana do Cariri.

Fonte: Ceará, IPECE (2023).

A cultura do milho na cidade do Crato, foi escolhida como foco da pesquisa, pois esse
município, além de integrar a região onde vivem os discentes e autores, abrange uma extensa
zona rural e tem o milho como um de seus principais produtos agrícolas.

Nesse contexto, o presente estudo busca analisar os impactos dos regimes


pluviométricos sobre a produção de milho em áreas de sequeiro do município do Crato.
Objetiva-se identificar os desafios ambientais e sociais decorrentes da variabilidade climática e
suas consequências para agricultores do semiárido.

2 METODOLOGIA

O referido trabalho surgiu a partir dos direcionamentos da disciplina Mudanças


Climáticas e Impactos na Agricultura do Semiárido, ministrada no doutorado em Agroecologia
e Desenvolvimento Territorial, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Essa disciplina
teve como um de seus objetivos o estudo da modelagem a partir de uma série histórica de dados
meteorológicos: o uso de simuladores climáticos, a exemplo do MarkSim, propiciou

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ambiente, Volume 1.
diagnosticar os períodos de seca e umidade em áreas pontuais e regionais, permitindo, através
de dados estatísticos, quantificar a seca enquanto sua intensidade, duração e frequência.

Foram utilizadas informações secundárias de instituições como IBGE, que forneceram


dados sobre a área plantada e produtividade do grão no município do Crato, que foram
confrontadas a gráficos pluviométricos, gerados pela plataforma MarkSim, possibilitando fazer
uma relação entre o regime pluviométrico e a produção de milho na cidade do Crato.

Desse modo, a abordagem se caracteriza como uma leitura analítica, a qual é definida
por Gil (2002, p. 78) como de “natureza crítica”, visando a “ordenar e sumariar informações
contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema de
pesquisa”. Como será mais bem detalhado a seguir, os dados e sua respectiva interpretação
seguem abalizados e inter-relacionados conforme o olhar analítico a ser direcionado num
enfoque pesquisador com essa contextualização.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise dos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a


cultura do milho no município do Crato, confrontadas a gráficos pluviométricos, não apenas
revela a oscilação na área plantada ao longo dos anos, mas também proporciona insights sobre
as interações complexas entre os índices pluviométricos, a agricultura e a produção de milho
na região.

O Gráfico 1, exibindo a produção de milho em toneladas ao longo do período de 2004


a 2021, oferece uma visão da dinâmica da produção de milho, destacando uma grande variação
ao longo dos anos. Dentro da série histórica analisada, dois momentos específicos, 2010 e 2017,
surgem como pontos de destaque para a compreensão dos padrões de produção agrícola na
região. O ano de 2010 é caracterizado por uma baixa produtividade, a menor dentro da série
temporal. Em contrapartida, o ano de 2017 se destaca como um ponto alto na série considerada,
representando o ápice da produção de grãos.

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 1: Produção de milho, em toneladas, no município do Crato entre os anos de 2004 e 2021.

Fonte: Brasil, Produção agrícola mensal (2021).

A análise do Gráfico 1 pode ser estendida para considerar a relação entre a produção
agrícola e fatores como área plantada e índices pluviométricos na região para o período em
questão. O Gráfico 2, que apresenta a área cultivada com milho no município do Crato – CE no
período de 2004 e 2021, evidencia o que acaba de ser dito.

Gráfico 2: Área, em hectares, cultivada com milho no município do Crato entre os anos de 2004 e 2021.

Fonte: Brasil, Produção agrícola mensal (2021).

No período de 2004 a 2021 nem sempre há uma correlação entre a área plantada e a
produtividade do milho no município do Crato – CE. Se, por um lado, a pequena área cultivada
no ano de 2010 coincide com a baixa produtividade daquele mesmo ano, por outro lado, no ano
de 2016, essa relação não se mantém, pois, nesse momento, dentro da série considerada, a
produção do grão não acompanhou o aumento da área plantada com ele.

Para entender melhor essa relação é preciso incluir uma terceira variável nesse estudo:
os índices pluviométricos para os anos considerados na série histórica. Sob a perspectiva da
quantidade de chuva, o ano de 2010 foi um dos menos chuvosos dentro do período analisado.

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ambiente, Volume 1.
O Gráfico 3 (no gráfico em questão, o eixo horizontal indica os dias do ano, já o vertical, a
quantidade de chuva em milímetros, por dia), que apresenta a linha pluviométrica diária do
município do Crato para o ano de 2010, destaca o que acaba de ser dito.

Gráfico 3: Linha pluviométrica do município do Crato para o ano de 2010.

Fonte: Autoria própria (2023).

Aqui, uma questão importante merece ser destacada: a baixa precipitação pode justificar
tanto a pouca área plantada nesse ano, quanto a baixa produtividade da cultura para o período.

Seguindo esse mesmo raciocínio, conforme os Gráficos 5 e 6, que indicam as linhas


pluviométricas diárias do município do Crato para os anos de 2016 e 2017, respectivamente,
juntamente com a área plantada nesse mesmo período (Gráfico 2), pode-se erroneamente
concluir que o índice de produção do milho acompanhou as linhas presentes nos dados em
questão.

Gráfico 5: Linha pluviométrica do município do Crato para o ano de 2016.

Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 6: Linha pluviométrica do município do Crato para o ano de 2017.

Fonte: Autoria própria (2023).

No entanto, quando a área plantada atingiu seu ápice (Gráfico 2), entre os anos de 2016
e 2017, nota-se uma queda considerável nos índices de produção (Gráfico 1). Nesse sentido, é
crucial considerar não apenas a abundância de chuvas, destacadas pelos Gráficos 5 e 6, mas
também os potenciais desafios associados a essas condições climáticas. Os dados que delineiam
as linhas pluviométricas desses anos, revelam não apenas um aumento na precipitação, mas
também a importância de compreender as características específicas dessas chuvas, como
intensidade e distribuição temporal, para uma avaliação mais completa dos impactos na
produção de milho.

A escassez de água, exemplificada pelo ano de 2010, não apenas reduziu a área
cultivada, mas teve repercussões significativas na produtividade total. Da mesma forma, o
excesso de chuva em 2016, que se assemelhou à produção de 2010, destaca os desafios de lidar
com extremos climáticos, independentemente da direção.

Essa análise sublinha a importância de estratégias adaptativas na agricultura do milho


no Crato: a implementação de práticas de gestão de recursos hídricos, o desenvolvimento de
cultivos mais resistentes a variações climáticas e a promoção de técnicas agrícolas sustentáveis
emergem como imperativos para mitigar os impactos adversos e promover a resiliência do setor
agrícola na região.

Em última análise, a compreensão da interação entre os fatores climáticos e a produção


de milho no Crato transcendem a mera observação de dados; ela convoca ações proativas e
estratégias inovadoras para garantir a sustentabilidade a longo prazo da agricultura nessa região
tão impactada pelas variações climáticas.

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ambiente, Volume 1.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A seca, fenômeno natural e cíclico que pontua a história de várias regiões do planeta,
tornou-se mais pronunciada e impactante devido ao aumento da temperatura média da Terra,
resultado direto das emissões dos gases do efeito estufa. Esse agravamento das condições
climáticas tem repercussões profundas nas áreas propensas à seca, especialmente no semiárido,
desencadeando consequências ambientais, sociais e econômicas que afetam de maneira
desproporcional as populações mais vulneráveis.

No contexto atual, as secas transcendem sua natureza cíclica, transformando-se em


eventos mais severos e prolongados. Essa intensificação, alimentada pelo desequilíbrio
climático global, impõe desafios significativos, exigindo medidas robustas de mitigação e
adaptação. Embora as tecnologias avancem na previsão desses fenômenos, a implementação
efetiva de ações para enfrentar as consequências dessas secas continua a ser inadequada.
Portanto, os impactos ambientais são evidentes, com a escassez de recursos hídricos e a
degradação do solo comprometendo a sustentabilidade dos ecossistemas. Além disso, a
dimensão social desses eventos climáticos é preocupante, uma vez que comunidades inteiras
no semiárido enfrentam condições de extrema vulnerabilidade. Como pôde ser observado, a
cultura do milho representa uma das principais fontes de alimento para a população sertaneja.
Assim, diante de alterações climáticas, uma das principais consequências é o impacto sobre a
produtividade do milho, o que pode gerar aumento da fome numa região que já enfrenta
problemas de natureza econômica e social, agravados pelas mudanças climáticas. O
desemprego também se acentua, refletindo diretamente nos preços dos alimentos e na produção
de energia.

Embora programas de auxílio social, como o Bolsa Família, tenham desempenhado um


papel crucial em atenuar os impactos econômicos sobre as populações afetadas pela seca, há
desafios persistentes. Essas iniciativas, embora valiosas, muitas vezes mostram-se limitadas
quando se trata de promover uma mudança estrutural duradoura. A necessidade premente de
desenvolver programas que incentivem a permanência e o fortalecimento das comunidades
rurais é evidente.

A migração de parte dos camponeses para áreas urbanas em busca de oportunidades de


renda é uma realidade que enfraquece a vitalidade da agricultura familiar. A falta de programas
eficazes para a fixação do homem no campo contribui para a erosão das práticas agrícolas
tradicionais e compromete a resiliência dessas comunidades diante das adversidades climáticas.

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ambiente, Volume 1.
Diante desse cenário, é urgente promover uma abordagem abrangente que integre
políticas de adaptação, investimentos em infraestrutura, capacitação tecnológica e o
fortalecimento das redes de apoio social. Somente através de um compromisso coletivo, que
transcenda fronteiras institucionais e explore soluções inovadoras, será possível enfrentar os
desafios impostos pela intensificação das secas e assegurar um futuro mais resiliente para as
comunidades afetadas no semiárido e além.

REFERÊNCIAS

ALVES, H. C. R.; AMARAL, R. F. Produção, área colhida e produtividade do milho no


Nordeste. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, ano v, n. 16, set. 2011. (Informe Rural
Etene).

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Recife, vol. 06, 2011. Disponível em: chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindm-
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Rio de Janeiro: 2021. Disponível em: https://ibge.gov.br/geociencias/organizacao-do-
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BRASIL. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção Agrícola


Municipal, 2021. Rio de Janeiro: 2022. Disponível em: https://www.bing.com/search?q=ibge-
+produ%c3%a7%c3%a3o+agr%c3%adcola+municipal+2022&FORM=R5FD#. Acessado em:
Maio. 2023.

BRASIL. INSA – Instituto Nacional do Semiárido. Mapa do Recorte do Semiárido


Brasileiro, 2021. Brasília: 2021. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/rede-
mcti/insa/mapas-e-documentos-oficiais/mapas/sab_total.pdf/view. Acessado em: Jun. 2023.

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CEARÁ. IPECE – Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará. Mapa da Região


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CRUZ, J. C. et al. Produção de milho orgânico na agricultura familiar. Embrapa Sorgo e


Milho, 2006. p. 17. (Circular Técnica, 81)

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Nacional do Semiárido, 2011. p. 385-422. Disponível em: http://plutao.sid.inpe.br/col/-
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Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142008000200006. Acessado em: Jun. 2023.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111712324

CAPÍTULO 12
MÉTODO ÍNDICE DE QUALIDADE NA DETERMINAÇÃO DO
FRESCOR DA PESCADA BRANCA (PLAGIOSCION SQUAMOSISSIMUS) 3

Ladson Fábio Araújo de Oliveira


Ione Iolanda dos Santos

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo descrever o desenvolvimento de um protocolo sensorial à pescada branca
(Plagioscion squamosissimus) baseado no Método Índice de Qualidade (MIQ). Para isso, amostras de pescada
branca foram submetidas a dois tratamentos (T): No T1 as amostras foram armazenadas em gelo e no T2, sem
refrigeração. Para cada amostra foram avaliados os parâmetros de aparência da pele, firmeza da carne, escamas,
limo, odor, olhos, brânquias e cavidade bucal, pontuados em valores de 0 a 1, de 0 a 2, ou de 0 a 3, onde os valores
mais elevados acumularam deméritos, que somados geraram o índice de Qualidade (IQ). As amostras do T1
sofreram alterações a partir do segundo dia após o começo das observações, apresentando valor de IQ de 0 a 7
pontos de demérito nos três primeiros dias e de 8 a 18 entre 4 e 10 dias. As alterações do T2 foram observadas a
partir de 4 horas após o começo das análises, chegando a um IQ de 21pontos de demérito em 12 h, apresentando
odor acentuado, limo excessivo, escamas soltas, aparência opaca, firmeza da carne macia e odor podre,
significando que a pescada estava inapta ao consumo. Essas características são indicadoras de falta de frescor,
implicando no risco ao consumo e rejeição por parte do consumidor. Assim sendo, pode-se afirmar, com base nos
resultados encontrados neste trabalho, que o consumo da pescada branca, mantida sob refrigeração, pode ser feito
até 10 dias e quando não refrigerada, até 12 horas após a captura.

PALAVRAS-CHAVE: Bromatologia; Pescado; Análise Sensorial; MIQ.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o State of The World Fisheries and Aquaculture (SOFIA), divulgado no
mês de junho de 2022, a pesca e a produção aquícola atingiram um recorde histórico de 214
milhões de toneladas. Já a aquicultura cresceu 5,7% no cultivo de organismos aquáticos,
alcançando um volume de 122,6 milhões de toneladas em todo o mundo (FAO, 2022). Ainda
de acordo com o relatório SOFIA, o consumo global de pescado atingiu cerca de 20,2 kg per
capita em 2020. Globalmente, os alimentos aquáticos fornecem cerca de 17% de proteína
animal, atingindo mais de 50% em vários países da Ásia e África. O setor emprega cerca de
58,5 milhões de pessoas em produção primária, aproximadamente 21% mulheres (FAO, 2022).

A pescada branca é um pescado pertencente à família Sciaenidae, que tem seu hábitat
em áreas profundas de lagos de várzea, e distribuição geográfica que vai desde o rio Parnaıb́ a,

3
FAPESPA.

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ambiente, Volume 1.
Trombetas, Negro até o Amazonas. É uma das espécies mais comercializadas no município de
Santarém, estando entre as 6 preferidas dos consumidores (BRAGA et al., 2016).

Durante o processo de deterioração da carne do peixe, o desenvolvimento de sinais de


alterações ocorre devido à autólise, oxidação, atividade bacteriana ou ainda pela combinação
desses processos, o que vai interferir diretamente no prazo de sua validade (AMARAL, 2013).
Pode-se dizer que alguns fatores responsáveis por facilitar a degradação do pescado estão
relacionados ao tipo de captura, transporte e armazenamento. De acordo com Delvaux (2011)
é muito difícil prever o prazo de conservação de um pescado, pois inúmeros fatores interferem
no processo de deterioração, tais como, a espécie (características anatômicas); o local da pesca
(temperatura e poluição da água); o processo de pesca (exaustão das reservas de glicogênio) e;
a manipulação (contaminação cruzada). Nesse contexto, a avaliação do frescor tem grande
importância durante o armazenamento do pescado, principalmente pelo fato destes serem muito
perecíveis.

No Brasil, as características do peixe fresco, considerado próprio para o consumo, são


determinadas por diretrizes na legislação como as contidas no Regulamento da Inspeção
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 2020). Todavia, essas
normativas trazem critérios generalizados, não considerando a diversidade de espécies e
também não atribuem pontuações às avaliações de qualidade sensorial que expressem o frescor
do pescado. A análise sensorial é definida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT, 2017) como a parte da ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar as
reações das características dos alimentos e materiais, percebidas pelos sentidos da visão, olfato,
gosto, tato e audição. Segundo Nunes et al. (2007), os métodos físicos, químicos, bioquímicos
e microbiológicos são muito utilizados e atraentes pela sua objetividade, mas na sua maioria
são demorados, destrutivos, dispendiosos e nem sempre demonstram as alterações do pescado
como são percebidas. Nesse contexto, os métodos sensoriais vêm se mostrando uma solução a
esses problemas, por serem efetuados de maneira rápida e fácil, além de possuírem os resultados
de fácil entendimento, sendo um deles o protocolo Método Índice de Qualidade (MIQ). Este
método vem sendo considerado promissor à avaliação rápida, objetiva e confiável do frescor de
peixes. O esquema MIQ foi elaborado durante a década de 1980 pelo Serviço Alimentar da
Tasmânia (PAULI, 2019) e traduz uma relação fortemente linear com o período de estocagem
do pescado. Esse método é rápido, objetivo e tornou-se uma ferramenta bastante útil na
avaliação do frescor do pescado. Ele se baseia na avaliação sensorial de qualidade do pescado
por meio da atribuição de um escore para cada atributo (Cor, textura e odor), que varia de zero

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ambiente, Volume 1.
a três, ficando o zero com a melhor e três com a pior pontuação, onde a pontuação de todos os
atributos é somada para dar uma pontuação global sensorial, chamado Índice de Qualidade (IQ)
(BARBOSA; PIRES, 2004).

A pesca no município de Santarém constitui-se como uma atividade de extrema


relevância, garantindo a manutenção das comunidades que, tradicionalmente, habitam a região.
Porém, ainda existem dificuldades na questão de confiabilidade do produto oferecido no
comércio. Brandão et al. (2014) informam que alguns peixes ofertados nos mercados públicos
de Santarém apresentaram estágio avançado de deterioração, ressaltando na necessidade dos
feirantes ofertarem produtos com qualidade. Para Brandão et al. (2014) a qualidade e higiene
deficientes dos peixes ofertados nesse município são ocasionadas pelas inadequações da
infraestrutura das feiras, conservação e processamento pelos feirantes.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi apresentar o desenvolvimento do protocolo


MIQ como um parâmetro à avaliação da qualidade sensorial da pescada branca (Plagioscion
squamsissimus) e propor limites de aceitação à espécie.

2 METODOLOGIA

Para a avaliação sensorial da pescada branca (Plagioscion squamosissimus), usou-se o


protocolo Método Índice de Qualidade (MIQ), utilizado por Oliveira et al. (2022). Foram
usadas 2 amostras para a elaboração do trabalho e as mesmas foram adquiridas in natura,
coletadas por pescadores artesanais no rio tapajós, no município de Belterra, Pará. A
embarcação utilizada foi de pequeno porte, construída de madeira e movida a remo e utilizou-
se uma rede de espera para a captura dos peixes. O experimento foi formado por dois
tratamentos, no primeiro o peixe foi colocado em uma caixa de isopor com gelo e no outro
tratamento em uma caixa de isopor sem gelo, havendo o monitoramento da temperatura com o
auxílio de um termômetro digital, em ambos os tratamentos. As amostras foram observadas
diariamente, a cada 4 h, das 8 h às 00 h por 10 dias. Foram avaliados os parâmetros aparência
da pele, firmeza da carne, escamas, limo, odor, olhos, brânquias e cavidade bucal, os quais
foram divididos em características, que receberam escores de 0 a 1, 0 a 2 ou 0 a 3, ficando o
zero com a melhor e três com a pior pontuação (quadro 1). A pontuação de todos os atributos
somada gerou uma pontuação global sensorial, chamada Índice de Qualidade (IQ) (BARBOSA;
PIRES, 2004). Os dados observados foram organizados e tabulados em planilha para posterior
análise descritiva, utilizando-se o programa Microsoft Office Excel (2016).

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ambiente, Volume 1.
Quadro 1: Protocolo de análise sensorial MIQ desenvolvido para a Pescada Branca
(Plagioscion squamsissimus).
Atributo/parâmetro Característica NOTA
Muito brilhante 0
Brilhante 1
Aparência da pele
Levemente opaco 2
Opaco 3
Firmeza da carne Firme 0
Macia 1

Firme 0
Escamas Levemente soltas 1
Soltas 2
Ausente 0
Leve presença 1
Limo
Presente 2
Excessivo 3
Peixe fresco 0
Amônia 1
Odor
Óleo de peixe 2
Podre 3
Convexo 0
Forma
Côncavo 1
Olhos Claro 0
Cor Levemente embaçado 1
Embaçado 2
Vermelho 0
Marrom avermelhada 1
Cor
Rosácea 2
Brânquias Branco esverdeado 3
Peixe fresco 0
Odor Amônia 1
Metálico 2
Fechada 0
Cavidade bucal
Aberta 1
Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2022).

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados obtidos neste trabalho, mostram a descrição dos atributos que mais se
alteraram em função do tempo. Foram observadas e anotadas todas as alterações dos atributos
propostos por Oliveira et al. (2022), no entanto, dois novos atributos foram inseridos, sendo
eles a cavidade bucal e o limo e excluído o atributo rigidez que havia sido proposto por Oliveira
et al. (2022).

Para os dois tratamentos, as alterações dos pescados puderam ser notadas pela perda da
coloração; desaparecimento do brilho e modificação na transparência das córneas; alteração da
coloração, odor e viscosidade do muco presente nas brânquias e na pele. Na aparência da pele,
as características sensoriais receberam notas de 0 a 3, sendo muito brilhante (nota 0), indicando

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ambiente, Volume 1.
um peixe fresco, brilhante (nota 1) e levemente opaco (nota 2), indicando um peixe em estado
intermediário de frescor e opaco (nota 3) para peixe deteriorado; o parâmetro firmeza da carne,
teve as características variando de firme (nota 0), indicando peixe fresco, a macio (nota 1),
indicando peixe deteriorado; as características das escamas variaram de firmes (nota 0) e
levemente soltas (nota 1), indicando peixe fresco e peixe em estado intermediário de frescor,
respectivamente, e para as escamas soltas a nota foi 2, indicando peixe deteriorado.

Observando os dados obtidos para o tratamento sem refrigeração pode-se inferir que as
alterações dos parâmetros analisados começaram a ser percebidas a partir de 4 horas após o
começo das observações, chegando ao Índice de Qualidade (IQ) de 21 pontos de demérito em
apenas 12 horas, tornando-se imprópria ao consumo (Gráfico 1). Foi possível analisar a amostra
de pescada branca do tratamento sem refrigeração por somente 40 horas, após isso a mesma
não pontuou mais escores e alcançou extremo grau de deterioração.

Gráfico 1: Comportamento temporal dos valores de IQ da pescada branca (Plagioscion squamsissimus) mantida
sem refrigeração durante o período de 1 dia.

25

20

15

10

0
0 5 10 15
Tempo (h)

Fonte: Autoria própria (2023).

Com esse IQ encontrou-se características de limo excessivo, escamas soltas, aparência


opaca, firmeza da carne macia e odor podre. Essas características são indicadores de falta de
frescor, implicando risco ao consumo e rejeição por parte do consumidor.

Os atributos para o tratamento com refrigeração sofreram alterações a partir do segundo


dia após o começo das observações. Os resultados obtidos mostram que a pescada branca
conservada com refrigeração, apresentou um valor de IQ de 0 a 7 pontos de demérito nos três
primeiros dias e de 8 a 18 entre 4 e 10 dias (Gráfico 2).

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 180


ambiente, Volume 1.
Gráfico 2: Comportamento temporal dos valores de IQ da pescada branca (Plagioscion squamsissimus) mantida
com refrigeração durante o período de 10 dias.
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12
Tempo (dias)
Fonte: Autoria própria (2023).

Os resultados obtidos neste trabalho se assemelham aos observados por Teixeira et al.
(2009), quando desenvolveram o MIQ à pescada corvina (Micropogonias furnieri), onde
pontuaram um IQ máximo de 22 pontos de demérito em 14 dias. Os resultados também se
assemelharam aos encontrados por Santos (2011) quando desenvolveram o MIQ à pescada
amarela (Cynoscion acoupa) resultando num IQ de 19 pontos demérito em 17 dias.

Os peixes do tratamento com refrigeração foram mantidos numa temperatura média de


4 °C em contrapartida ao tratamento sem refrigeração que permaneceu numa temperatura média
de 30 °C. Portanto, o frio conserva o pescado ao retardar a atividade microbiana, as reações
químicas e enzimáticas que o levariam à deterioração, mantendo, dessa forma, o seu estado de
frescor e provavelmente os seus valores nutricionais.

O manejo inadequado de pós-captura compromete seriamente a qualidade do pescado e


muitos cuidados devem ser tomados para evitar que os peixes sejam estressados durante esse
processo (FONTENELLE et al., 2013). A perda de qualidade do pescado inicia-se por
mudanças autolíticas que, direta ou indiretamente, contribuem à sua deterioração, porém grande
parte das alterações do pescado são consequência do crescimento e metabolismo dos
microrganismos (MOURA et al., 2018).

De acordo com Martinsdóttir et al. (2001) o tempo de conservação útil de peixes, é


definido como o número de dias em que o peixe fresco pode ser mantido em gelo até que se
torne impróprio para o consumo humano, vale ressaltar que a validade comercial estimada se
baseia em condições ótimas de captura e armazenamento, ou seja, armazenamento em gelo sem
flutuações de temperatura. Assim sendo, pode-se afirmar, com base nos resultados encontrados
neste trabalho, que o consumo da pescada branca sem refrigeração pode ser feito até 4 horas
após a captura e até 10 dias quando mantida sob refrigeração.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 181


ambiente, Volume 1.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O protocolo MIQ neste trabalho, se mostrou eficiente na avaliação do frescor da pescada


branca (Plagioscion squamosissimus), permitindo estimar o seu tempo de armazenamento. O
pescado com refrigeração possui uma eficiência maior em manter as condições de frescor por
mais tempo em relação ao pescado sem refrigeração, prolongando a vida útil do produto. Com
base nos resultados encontrados neste trabalho, o consumo da pescada branca sem refrigeração
pode ser feito até 4 horas após a captura e até 10 dias quando mantida sob refrigeração. O MIQ
é uma ferramenta de fácil aplicação e pode ser utilizado em uma grande variedade de pescados,
favorecendo a avaliação do frescor destes. O protocolo utilizado especificamente à pescada
branca poderá ser empregado em diversos segmentos, assim como, na comercialização em
feiras livres, reduzindo perdas econômicas e auxiliando na proteção da saúde do consumidor.
Vale ressaltar, que a avaliação da qualidade dos pescados deve estar associada a outros métodos
de avaliação (como físico-químico e microbiológico) para que assim, seja garantida a qualidade
do alimento.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111813324

CAPÍTULO 13
ANÁLISE E GESTÃO DO ARRANJO FÍSICO:
ESTUDO DE CASO NA TORRE ADMINISTRATIVA

Lucas Guanaes Carrasco


Marcela Rocha Moura
Taynara Reis de Santana
Verônica Santana Santos
Juliano Zaffalon Gerber

RESUMO
O correto planejamento e gestão do arranjo físico incide diretamente na otimização de processos e na redução de
custos operacionais. Esse artigo traz um estudo de caso na Torre Administrativa da Universidade Estadual de Santa
Cruz para avaliar o arranjo físico atual e propor a otimização do fluxo de movimentação, considerando a disposição
das salas e suas dimensões. A metodologia utilizada envolveu revisão bibliográfica, coleta de dados da instituição,
e observações no local, uso de um método híbrido a partir da matriz de movimentação para controle e análise de
dados, além da utilização de ferramentas como a planilha eletrônica Microsoft Excel. Como resultado, foi possível
identificar oportunidades de melhorias a partir da realocação de alguns departamentos, o que sugere uma influência
positiva, não só na redução de movimentação, mas também na diminuição de custos relacionados ao tema.

PALAVRAS-CHAVE: Arranjo físico; Fluxo de pessoas; Redução da Movimentação.

1 INTRODUÇÃO

A otimização de processos industriais, característica visada pelo engenheiro de


produção, é influenciada pela forma como é feita a organização dos recursos necessários -
como, por exemplo, insumos, máquinas, ferramentas e pessoas - para que ocorra determinada
produção. Dessa forma, o estudo e a aplicação correta do arranjo físico são práticas
determinantes para a eficiência de uma produção.

O planejamento do arranjo físico é benéfico às organizações, seja qual for o porte dessas,
tendo em vista que esse importante exercício pode promover produtividade, em razão da
redução de custos de operação e de tempo de movimentação (RODRIGUES, 2016; TOLEDO
JÚNIOR, 2007).

Corrêa e Corrêa (2012) destacam que, ainda que a empresa seja prestadora de serviços,
é essencial considerar a localização dos recursos, equipamentos, postos de trabalho, sobretudo
em atividades que requerem a presença do cliente. Afirmam que o uso correto dessa ferramenta
organizacional traz grandes vantagens à empresa, dentre elas está a redução ou extinção de
atividades que não agregam valor.

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ambiente, Volume 1.
Para Antunes (2008), deve ser buscada a redução ou eliminação de atividades que não
agregam valor para alcançar melhorias significativas na produção, como, por exemplo,
atividades relacionadas à movimentação interna e espera.

A importância da eliminação de desperdícios pela perspectiva da adequação dos espaços


físicos é notada também por Tubino (2009), que sugere que a produtividade em um ambiente
deve ser apoiada, harmonicamente, entre arranjo físico, de processo ou por função, e as
atividades necessárias para realizá-las.

Assim, o objetivo deste artigo é aplicar o estudo do arranjo físico da Torre


Administrativa (Edifício José Haroldo Castro Vieira), da Universidade Estadual de Santa Cruz,
localizada na cidade de Ilhéus/BA, avaliando sua atual configuração - como disposição e
dimensões das salas e o fluxo de pessoas - para identificar soluções de planejamento e gestão
do arranjo físico alinhadas ao ambiente, visando a minimização de movimentos, fluxo de
pessoas e custos envolvidos. Para tal propósito foram realizadas análises in loco para coletar
dados de movimentações, relacionando o deslocamento com a distância percorrida por cada
pessoa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

O termo Arranjo Físico ou Layout é aplicado ao planejamento e gestão dos recursos


dispostos em um ambiente físico. De acordo com Moreira (2011), efetuar o planejamento dos
ambientes de trabalho e recursos físicos de uma organização, requer realizar decisões acerca da
disposição de salas e dos equipamentos dispostos no espaço de trabalho. A efetivação do
planejamento do arranjo físico, envolve diferentes variáveis que devem ser levadas em
consideração, uma vez que o seu objetivo principal é tornar a distribuição de ambientes e dos
instrumentos utilizados de forma mais acessível ao movimento dos funcionários para realização
de uma determinada atividade.

Segundo Zanotti Filho et al. (2013), existe uma série de consequências atreladas a
disposição incorreta do arranjo físico, os quais influenciam a formação de filas, altos lead times,
realização de operações desnecessárias e custos elevados de movimentação. Sendo assim, uma
adequação dos ambientes e dos recursos de forma coerente com as necessidades da organização
e com os movimentos para a execução das atividades, é extremamente importante para
estabelecer padrões de fluxo de movimentos e evitar desperdícios de energia, tempo e dinheiro.

A efetivação de uma mudança no arranjo físico pode ser considerada uma atividade de
difícil adaptação para os membros de uma organização e durante a sua implementação pode

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ambiente, Volume 1.
envolver diferentes custos, muitas vezes elevados. Essa afirmativa se justifica pois devem ser
analisados aspectos distintos de espaço físico, dimensão dos equipamentos, adaptação dos
procedimentos de execução de uma atividade. Desta forma, pode ocorrer certa resistência das
pessoas envolvidas nos processos dentro da instituição, relutando para evitar a implantação das
transformações propostas, essa resistência tende a gerar impactos negativos, tais como aumento
dos custos de implantação e ineficácia dos processos envolvidos. De acordo com Slack (2018),
estes impactos são gerados uma vez que exige uma nova adaptação do padrão de fluxo das
atividades pelas pessoas envolvidas no processo.

Existem diferentes modelos de arranjos físicos que podem ser implementados dentro de
uma organização e essas diferenças têm origem principalmente na necessidade de cada setor,
departamento ou mesmo na organização como um todo. Um pressuposto básico apresentado
por Slack et al. (2009), diz que o arranjo físico é a forma de disposição geral dos ambientes e
dos recursos necessários para a realização do processo produtivo, os quais podem ser:

2.1 Arranjo físico por processos ou funcional

Este modelo de arranjo físico consiste em agrupar atividades que possuem processos e
funções semelhantes, assim como agrupar máquinas e equipamentos que possuem o mesmo
modelo de operação, em um mesmo ambiente.

2.2 Arranjo físico posicional

O modelo de arranjo físico posicional é indicado para equipamentos e máquinas que


possuem uma maior dificuldade ou ausência de possibilidade de mudanças. Desta forma, este
modelo de arranjo físico é comum ser aplicado em ambientes dentro da indústria, o qual exige
uma instalação de equipamentos de grande porte, sendo assim é realizado o planejamento da
disposição destas máquinas de forma estratégica para otimizar o processo produtivo.

2.3 Arranjo físico celular

Esse tipo de arranjo físico, é caracterizado pela definição do fluxo de operação dos
recursos antes da execução das atividades da operação, os quais são movimentados até uma
determinada célula e recebem ali as transformações necessárias. Portanto, os itens que requerem
processamentos semelhantes, devem estar dispostos no mesmo ambiente de trabalho para que
o processo de fabricação ou modificações seja eficaz.

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ambiente, Volume 1.
2.4 Arranjo físico do produto

Determinado pela ordem estabelecida das atividades envolvidas, o arranjo físico por
produto corresponde a adequação dos postos de trabalho no formato de uma linha de produção,
com intuito de otimizar o processamento dos materiais dentro do processo de produção.

2.5 Arranjo físico misto

Consiste em efetuar a combinação de dois ou mais modelos de arranjos físicos


disponíveis, para Azevedo e Braga (2013), este modelo pode ser considerado como arranjo
físico de Layout Híbrido, o qual favorece a combinação de diferentes pontos adotados pelos
modelos em um único layout, com intuito de suprir a necessidade específica de um processo
produtivo.

O estudo do arranjo físico efetuado neste trabalho, foi realizado no Edifício José
Haroldo Castro Vieira, o qual é conhecido como Torre Administrativa, localizado na
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que fica situado na região de Ilhéus na Bahia, o
prédio em questão possui seis andares e um pavimento térreo. A pesquisa realizada contou com
a observação da disposição dos departamentos mediante a utilização da planta baixa do espaço
e a coleta de informações dos fluxos de funcionários, discentes e visitantes na instalação do
prédio. Desta forma, foi possível evidenciar que o modelo de arranjo físico em processo, é o
que melhor condiz com a realidade da disposição das salas dos departamentos e com o fluxo de
movimentação das pessoas, sendo que este modelo de arranjo físico, requer o agrupamento das
atividades que possuem semelhança entre os seus processos e funções.

3 METODOLOGIA

Para a construção deste trabalho, foi realizada uma categorização de pesquisa, um


processo pelo qual os pesquisadores organizam informações em grupos que possuem relações
semelhantes, sendo este um estudo de caso.

Segundo Yin, o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo (o “caso”) em profundidade e em seu contexto de mundo real e beneficia do
desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e a análise de dados
(YIN, 2014, p. 17-18).

Após identificar a categoria de pesquisa, foram realizadas investigações relacionadas às


revisões bibliográficas e dados científicos observados em artigos e livros com o propósito de
compreender a situação atual do estudo de caso, do arranjo físico e otimização de layout.

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ambiente, Volume 1.
Utilizando a ferramenta de coletas de dados, feitas por observações in loco na torre
Administrativa da UESC. Com os dados quantitativos, projetou o que poderia ser melhorado
referente a localização dos departamentos da Torre Administrativa, utilizando a metodologia
proposta por Tubino (2009), onde segue as seguintes etapas: avaliar as instalações da Torre
Administrativa da UESC, efetuar a matriz do fluxo, construir a matriz de fluxo, analisar e
avaliar a matriz de fluxo. Além disso, foi feito o uso da planilha eletrônica Microsoft Excel para
construção de tabelas dispostas nos resultados do artigo, que serviram para analisar as
dimensões dos departamentos, o andar localizado e o fluxo de pessoas diariamente, visando
aprofundar o entendimento sobre esse aspecto específico do estudo.

O estudo dos espaços e movimentos diários nos departamentos do prédio da Torre


Administrativa, Edifício José Haroldo Castro Vieira localizado na Universidade Estadual de
Santa Cruz, se adequa a utilização do modelo de arranjo físico por processo, pois as disposição
das salas dos setores devem estar alocadas de acordo com as suas funções semelhantes, para
otimizar os processos de deslocamento dos funcionários, corpo de estudante, visitantes que
realiza o fluxo de movimentação dentro dos espaços dispostos nas salas que estão localizadas
na torre.

A etapa de avaliar as dimensões prediais, foi caracterizada pela análise das dimensões
da área da Torre Administrativa, pois estas medidas não podem ser alteradas ou sofrer
modificações estruturais. Deste modo, foram avaliadas as dimensões do prédio através das
plantas baixas disponibilizadas pelo setor da Prefeitura da Universidade, em sequência foram
coletados dados em relação ao fluxo de movimentação de pessoas utilizando os elevadores do
prédio para acessar os setores. Estes dados foram tratados, em uma planilha da Microsoft Excel
com o objetivo de identificar os departamentos que possuem as maiores movimentações de
pessoas e realizando a sugestão de um novo arranjo físico para melhorar a disposição dos
departamentos de forma mais eficaz e eficiente e que reduza o fluxo de pessoas utilizando o
elevador.

4 ARRANJO FÍSICO: ESTUDO DE CASO

Este tópico tem a apresentação das características gerais do ambiente de estudo, em


seguida a análise do estado atual da Torre Administrativa da UESC, até dos resultados e
discussões.

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ambiente, Volume 1.
4.1 Características Gerais do Ambiente de Estudo

O estudo foi realizado na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),no Edifício José
Haroldo Castro Vieira, conhecido como Torre Administrativa. O prédio está localizado no
Campus Soane Nazaré de Andrade, Rodovia Jorge Amado, Km 16, Bairro Salobrinho, na
cidade de Ilhéus/BA. Em suas dependências encontra-se a área administrativa da UESC, possui
6 andares, dispostos por 42 salas, incluindo um auditório. As informações prediais utilizadas
neste estudo foram extraídas das plantas baixas, gentilmente fornecidas pelo setor da Prefeitura
do Campus.

4.2 Análise do Estado Atual

O fluxo de funcionários e estudantes na Torre Administrativa é constante e alguns


andares e salas são mais frequentados do que outros, o que sugere um desbalanceamento ou
ausência de técnicas de gestão de arranjo físico nas tomadas de decisões que definiram a
distribuição das salas. A amostragem do fluxo e destino das pessoas que fazem uso da Torre
Administrativa foi realizada por meio de observações no turno matutino, das 09:30h até 10:30h,
nos dias 29 de setembro e 19 de outubro de 2023.

De forma complementar, foi feita uma análise dimensional das salas distribuídas pelos
seis andares, organizadas em tabelas do Microsoft Excel onde foi realizado um tratamento de
dados das dimensões (m²) das salas para auxiliar no projeto de remanejamento dos
departamentos com dimensões semelhantes, evitando fluxo de pessoas desnecessários, de
forma a minimizar energia e custos com o uso de elevadores. Cabe a ressalva que foi descartado
do estudo o 6º andar por comportar a reitoria ,e o auditório. Espaços nobres, devidamente
planejados, de dimensões peculiares e que requerem segurança. Logo abaixo tem uma tabela
para melhor entendimento da disposição das salas nos andares.

Tabela 1: Salas da Torre Administrativa.


ASSEST
CENTRAL TELEFÔNICA
INCUBADORA PÚBLICA
JOVEM BOM DE VIDA
1º LICENCIATURA EM BIOLOGIA
ANDAR NÚCLEO DE ESTUDOS DO
ENVELHECIMENTO
NUEREI
SECREGE
SERES
GEFIN
GERHU

GERAD
ANDAR
SEMAT
SEPAT

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ambiente, Volume 1.
SUSAU
PCF
SEPES (PESSOAL)
SERCON
SETEX
CEP
EDITUS
3º KÁWÉ
ANDAR NIT
PROPP
SELIC
CGE
COI
GEPES/PARFOR

GERAC
ANDAR
GESEOR
PARFOR
UDO
ASCOM
ASPLAN

AUDITÓRIO
ANDAR
PROEX
OUVIDORIA
PROAD
PROGRAD

PROJUR
ANDAR
REITORIA
SEC DO GAB DA REITORIA
Fonte: Autoria própria (2023).

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base nos dados coletados, utilizou-se uma técnica de otimização em projetos de
layout por processos, para isso, foi elaborada uma matriz para cálculo da movimentação diária
de pessoas na torre, utilizando um método baseado na análise de fluxo e distância percorrida.
Nesta abordagem, a distância considerada é equivalente ao número de andares a serem
percorridos do térreo até cada departamento, tais fluxos estão apresentados na tabela 2. É
importante destacar que para elaboração desta matriz, optou-se por desconsiderar as
movimentações interdepartamentais, visto que elas são menos frequentes e não representam
uma tendência, por esse motivo, a análise foi restrita às movimentações iniciadas no térreo.

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ambiente, Volume 1.
Tabela 2: Fluxo de movimento atual.

Fonte: Autoria própria (2023).

Os departamentos onde foram observados fluxo de pessoas durante o período analisado


estão ilustrados no gráfico 1.

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 1: Movimentação diária.

Fonte: Autoria própria (2023).

Ao analisar as plantas baixas dos departamentos, seus andares e movimentações


diárias,foi constatado que as mudanças das salas com maior movimentaçãosão inviáveis
porcontadas dimensões. As figuras 1, 2, 3, 4 e 5 ilustram essa afirmativa.

Figura 1: Planta baixa térreo.

Fonte: Prefeitura UESC (2023).

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ambiente, Volume 1.
Figura 2: Planta baixa 1º andar.

Fonte: Prefeitura UESC (2023).

Figura 3: Planta baixa 2º andar.

Fonte: Prefeitura UESC (2023).

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ambiente, Volume 1.
Figura 4: Planta baixa 3º andar.

Fonte: Prefeitura UESC (2023).

Figura 5: Planta baixa 4º andar.

Fonte: Prefeitura UESC (2023).

Sendo assim, com base numa análise de similaridade/agrupamento, foram mapeadas


asdimensões de cada departamento, limitando asrealocações de espaços apenas aos
departamentos de dimensões similares. A Tabela 2 apresenta o resultado desse agrupamento

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ambiente, Volume 1.
por dimensões, evidenciando em grupos (A, B, C, D, E, F e H) os conjuntos que compartilham
de dimensões similares.

Tabela 3: Agrupamento por dimensões.


DEPARTAMENTO DIMENSÕES GRUPO
UDO 222 A
AUDITÓRIO 145 A
SECREGE 137 A
PROPP 132 A
EDITUS 122 A
PROEX 120 A
SERES 103 A
GEFIN 90 B
ASPLAN 87 B
SEPES (PESSOAL) 76 B
SELIC 52 C
GERAD 51 C
CEP 50 C
GERHU 46 C
SEMAT 44 D
GESEOR 44 D
JOVEM BOM DE VIDA 41 D
SERCON 41 D
SETEX 41 D
ASCOM 41 D
NIT 40 D
OUVIDORIA 40 D
LICENCIATURA EM
39 D
BIOLOGIA
SEPAT 38 D
SUSAU 38 D
COI 34 E
GERAC 34 E
CGE 33 E
KÁWÉ 32 E
GEPES/PARFOR 32 E
CENTRAL TELEFÔNICA 24 F
NÚCLEO DE ESTUDOS DO
22 F
ENVELHECIMENTO
NUEREI 17 F
ASSEST 15 F
INCUBADORA PÚBLICA 9 H
PARFOR 7 H
PCF - H
Fonte: Autoria própria (2023).

Departamentos categorizados no grupo A, como UDO, SEGREGE, PROPP, EDITUS,


PROEX e SERES possuem dimensões maiores, variando entre 100m² e 230m². Um aspecto
crucial é a presença de diversas salas internas, tornando o departamento muito segmentado e
com configurações específicas. Tal segmentação, torna extremamente improvável encontrar
outra sala com mesma disposição, o que inviabiliza as tentativas de mudança entre elas. Por

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ambiente, Volume 1.
conta dessa complexidade e rigidez na disposição das salas, tais departamentos foram
desconsiderados do projeto de realocação.

A análise conjuntadas tabelas 1 e 2, permitiu identificar mais uma limitação, os


departamentos com pouca movimentação que estão no primeiro andar, não podem ser trocados,
visto que são todos pertencentes ao grupo F e estão localizados no mesmo andar, por exemplo,
a ASSEST, Central Telefônica, NUEREI e Núcleo de estudos do envelhecimento.

No que tange ao grupo B, foi identificada a possibilidade de inverter a localização da


ASPLAN e GEFIN, visto que a ASPLAN possui maior fluxo de pessoas e está a uma distância
maior. O mesmo pode ser feito no grupo C, com a GERHU e a GERAD saindo do segundo
para o terceiro andar e o CEP e a SELIC do terceiro andar para o segundo. No que se refere ao
grupo E, as modificações limitam-se em inverter o CGE e KÁWÉ, localizados atualmente no
quarto e terceiro andar respectivamente. Por fim, o grupo D, é o que apresenta maior
possibilidade de modificações. A nova disposição das salas está apresentada a seguir, na tabela
3.

Tabela 4: Sugestão de disposição e fluxo de movimentos.


Distância Fluxo Movimentação
Departamentos (andares) (Pessoas/Dia) Diária
ASSEST 1 3 3
CENTRAL TELEFÔNICA 1 0
INCUBADORA PÚBLICA 1 0
ASCOM 1 3 3
GESEOR 1 3 3
NÚCLEO DE ESTUDOS DO
ENVELHECIMENTO 1 0
NUEREI 1 0
SECREGE 1 7 7
SERES 1 2 2
ASPLAN 2 8 16
CEP 2 0
SELIC 2 1 2
SEMAT 2 0
SEPAT 2 2 4
OUVIDORIA 5 1 5
PCF 2 0
SEPES (PESSOAL) 2 0
NIT 2 2 4
SETEX 2 2 4
GERHU 3 5 15
EDITUS 3 1 3
CGE 3 4 12
SERCON 3 0
PROPP 3 3 9
GERAD 3 4 12
KÁWÉ 4 1 4

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ambiente, Volume 1.
COI 4 0
GEPES/PARFOR 4 0
GERAC 4 0
SUSAU 4 0
PARFOR 4 3 12
UDO 4 9 36
JOVEM BOM DE VIDA 5 0
GEFIN 5 1 5
AUDITÓRIO 5 10 50
PROEX 5 9 45
LICENCIATURA EM BIOLOGIA 5 0
Total 256
Fonte: Autoria própria (2023).

Considerando os rearranjos feitos, observou-se uma redução na movimentação entre


andares da Torre, saindo de 295 para 256 movimentos diários. Visto que um dos objetivosdiz
respeito a redução das movimentações e consequentemente a diminuição dos gastos
energéticos, das pessoas ecom o elevador, reduzindo gastos na conta de energia elétrica bem
como coma manutenção do mesmo, têm-se como resultado estimado desse rearranjo a redução
de movimentações para238 movimentações, o que representa uma redução de 20% da situação
atual.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um rearranjo físico tem a finalidade de reduzir movimentos improdutivos, além da


redução de custos, utilizando algumas técnicas presentes na literatura, foi elaborada uma
proposta de melhoria para o layout da Torre Administrativa da UESC via realocação dos
departamentos nela contida.

Através dos métodos e ferramentas dispostas na literatura, tais como, matriz de/para,
cálculo da movimentação diária, agrupamento por similaridade combinados aos dados
coletados e analisados, foi desenvolvida uma proposta de melhoria.

A proposta feita a partir deste artigo possui diversas limitações, relacionadas tanto a
poderes administrativos, dimensões de salas e impossibilidade de modificações na estrutura
física do prédio da Torre Administrativa da UESC. Mesmo assim, foram analisadas estas
limitações, classificados cada departamento a partir de análises dimensionais, elaboradas
tabelas, e a partir disto, foi feita a proposta de realocação de departamentos em diferentes
andares, resultando em melhorias que possibilitam reduções em, aproximadamente 20% nas
movimentações.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 197


ambiente, Volume 1.
REFERÊNCIAS

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ABRASDI - Abrasivos Diamantados na cidade de Campos dos Goytacazes – RJ. Trabalho de
conclusão de curso (Graduação em Engenharia de Produção) – Campos dos Goytacazes-RJ,
Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, 2013.

CORRÊA, L. H.; CORRÊA. C. A. Administração de Produção e Operações: Manufatura e


Serviços - Uma Abordagem Estratégica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. São Paulo: Cengage Learning.


2009.

SLACK, N. Arranjo Físico e Fluxo. In: BRANDON-JONES, A. Administração da Produção.


[S. l.]: Atlas, 2018. cap. 7. Disponível em: https://pt.slideshare.net/diegofettermann/ad-
ministrao-da-produo-slackpdf. Acessado em: Out. 2023.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. São Paulo.


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TUBINO, D. F. Planejamento e Controle da Produção. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

TOLEDO, I. F. B. J. Layout - Arranjo Físico. 9. ed. São Paulo: Itys Fides, 2007.

RODRIGUES, G. D. Arranjo Físico e Melhorias Produtivas: Um Estudo de Caso na


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Baixa da Torre Administrativa da Universidade Estadual de Santa Cruz. [S. l.: s. n.], 2022.
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Natal, 2013. Disponível em: http://ws2.din.uem.br/~ademir/sbpo/sbpo2013/pdf/arq0319.pdf.
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YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Editora Bookman,
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BR&lr=&id=EtOyBQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR1&dq=estudo+de+caso+yin+2015&ots=ldn
ouD2su&sig=fHlEdtqTxfHzVs2E9xXMeWv6dxw#v=onepage&q=estudo%20de%20caso%2
0yin%202015&f=false. Acessado em: Set. 2023.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404111914324

CAPÍTULO 14
EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ABRICÓ - DE -
MACACO EM DIFERENTES SUBSTRATOS

Kelina Bernardo Silva


Maria do Socorro de Caldas Pinto
Edivan da Silva Nunes Júnior
Moisés Dantas de Oliveira
Danilo Dantas da Silva
Pedro Henrique Martins Araújo Santos
Danielle Daísla de Lima

RESUMO
No Brasil, o abricó-de-macaco é uma árvore utilizada principalmente de forma ornametal e para o reflorestamento,
sendo empregada na arborização de ruas e praças em grandes centros urbanos e fazendas. Nesse contexto,
objetivou-se com esse trabalho avaliar a influência de diferentes substratos sobre a emergência e crescimento
inicial de plântulas de abricó-de-macaco (Couroupita guianensis Aubl.). O experimento foi realizado em casa de
vegetação pertencente ao Departamento de Agrárias e Exatas do Centro de Ciências Humanas e Agrárias (CCHA)
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Catolé do Rocha-PB. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, com dez tratamentos e quatro repetições. As sementes foram semeadas em bandejas
plásticas, contendo os seguintes substratos e/ou combinações: S1 - areia lavada; S2 - terra de subsolo; S3 - areia +
húmus 1:1; S4 - areia + vermiculita 1:1; S5 - areia + pó de coco 1:1; S6 - areia + pó de madeira 1:1; S7 - terra de
subsolo + húmus 1:1; S8 - terra de subsolo + vermiculita 1:1; S9 - terra de subsolo + pó de coco 1:1 e S10 - terra de
subsolo + pó de madeira 1:1, em quatro repetições de 25 sementes. Para avaliar o efeito dos tratamentos foram
determinadas as seguintes características: porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência,
comprimento de parte aérea e raiz principal, massa seca de parte aérea e raízes de plântulas. Diante dos resultados,
constatou-se que a combinação dos substratos areia + vermiculita na proporção 1:1 (S4), bem como, o substrato
terra de subsolo (S2), são os mais eficientes para promover a emergência e o crescimento inicial de plântulas de
Couroupita guianensis.

PALAVRAS-CHAVE: Espécie florestal; Emergência; Produção de mudas.

1 INTRODUÇÃO
A espécie Couroupita guianensis Aubl. também conhecida vulgarmente por castanha-
de-macaco, abricó-de-macaco, cuia-de-macaco, macacarecuia, é uma árvore originária da
Floresta Amazônica, pertencente à família das Lecythidaceae (LORENZI, 1992). Sendo uma
planta típica de solos brejosos, possui um bom desenvolvimento em terrenos secos, se adapta
ao calor, a umidade e tolera o encharcamento, o que lhe propicia a condição de ser usada em
outras regiões do país (LORENZI, 2000; SOBRINHO, 1999).

No Brasil, o abricó-de-macaco é uma árvore utilizada principalmente de forma


ornametal e no reflorestamento, sendo empregada na arborização de ruas e praças em grandes
centros urbanos e fazendas. Sua ocorrência natural compreende basicamente a região
Amazônica, como também nos países vizinhos: Peru, Equador, Colômbia, Guianas e

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ambiente, Volume 1.
Venezuela. Essa espécie mede aproximadamente 30 m, com tronco de 30-60 cm de diâmetro,
de copa densa e alongada, muito ramificada, com as folhas aglomeradas na ponta dos ramos,
de 15-20 cm de comprimento. As flores são grandes e muito perfumadas, de cor vermelha com
o centro branco, formadas em inflorescências paniculadas que saem diretamente do tronco e
ramos. Os frutos são cápsulas globosas, indeiscentes, de 15-25 cm de diâmetro, pesando até 5
kg e contendo em seu interior uma polpa suculenta azulada de odor desagradável com 100-300
sementes dispersas na mesma (FERNANDES, 2006).

A utilização de espécies florestais é muitas vezes dificultada pela ausência de


informações sobre o seu cultivo, sendo necessário ampliar os trabalhos na área de propagação
e produção de suas mudas (GUIMARÃES et al., 2011). Portanto, é importante conhecer os
fatores que afetam a germinação e o desenvolvimento das espécies, entres esses fatores,
destaca-se o substrato, sendo um dos mais importantes, por exercer influência no
desenvolvimento do sistema radicular e proporcionar nutrientes as plantas (NOGUEIRA et al.,
2012).

Apesar do aumento considerável de dados sobre análise de sementes de espécies nativas,


muitas ainda necessitam de informações básicas referentes às condições ideais de germinação.
Tal afirmação pode ser verificada nas Regras para Análise de Sementes - RAS (BRASIL, 2009).
O conhecimento das condições ideais para a germinação das sementes de uma determinada
espécie é de fundamental importância, sendo que os fatores internos como viabilidade e
dormência e, os fatores externos, como água, luz, temperatura, oxigênio e a presença de
patógenos, podem influenciar no processo germinativo (BRASIL, 2009; BEWLEY; BLACK,
1994; CARVALHO; NAKAGAWA, 2000). De acordo com as Regras para Análise de
Sementes - RAS (BRASIL, 2009), o substrato tem fundamental importância nos resultados de
germinação, pois suas características físicas podem influenciar na disponibilidade de água, luz,
oxigênio e temperatura às quais as sementes serão submetidas.

Para a escolha de um substrato, deve-se levar em consideração a sua disponibilidade


regional, aquisição permanente e o seu custo, além de sua eficiência quanto a aeração,
capacidade de drenagem, retenção de água e a disponibilidade de nutrientes (CALDEIRA et
al., 2000).

Diante da carência de informações sobre as sementes de espécies florestais, objetivou-


se identificar o substrato que proporcione a melhor emergência e crescimento inicial de
plântulas de Couroupita guianensis Aubl.

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ambiente, Volume 1.
2 MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido em casa de vegetação pertencente ao Departamento de
Agrárias e Exatas do Centro de Ciências Humanas e Agrárias da Universidade Estadual da
Paraíba (CCHA/UEPB), no município de Catolé do Rocha-PB, com coordenadas geográficas
de 6°20’38” de latitude Sul e 37°44’48” de longitude Oeste do meridiano de Greenwich, clima
caracterizado como semiárido quente e seco, precipitação média anual de 870 mm, temperatura
média de 27 ºC com período chuvoso concentrando-se entre os meses de fevereiro e abril e
altitude média de 272 m (CPRM, 2005).

Os frutos de C. guianensis foram coletados diretamente de dez árvores matrizes


localizadas no município de João Pessoa-PB e levados ao Laboratório de Ecofisiologia Vegetal,
onde foram beneficiados manualmente para obtenção das sementes. Os frutos foram abertos
com auxílio de uma marreta emborrachada para retirada das sementes. Logo após esse
procedimento, as mesmas foram colocadas em peneiras, onde foram friccionadas em água de
torneira por aproximadamente um minuto para retirada da polpa que se encontrava aderida a
superfície e em seguida, foram colocadas para secar sob papel toalha durante um período de 24
horas.

Decorrido esse período as sementes foram semeadas em bandejas plásticas, com furos
na parte inferior para a drenagem da água, com dimensões de 49,0 x 33,0 x 7,0 cm de
comprimento, largura e profundidade, respectivamente, entre os seguintes substratos e/ou
combinações: S1 - areia lavada; S2 - terra de subsolo; S3 - areia + húmus na proporção 1:1; S4 -
areia + vermiculita na proporção 1:1; S5 - areia + pó de coco na proporção 1:1; S6 - areia + pó
de madeira na proporção 1:1; S7 - terra de subsolo + húmus na proporção 1:1; S8 - terra de
subsolo + vermiculita na proporção 1:1; S9 - terra de subsolo + pó de coco na proporção 1:1;
S10 - terra de subsolo + pó de madeira na proporção 1:1. A semeadura foi realizada a uma
profundidade de 2 cm e as bandejas foram postas em casa de vegetação, com incidência direta
da luz solar. Os substratos foram umedecidos diariamente com regadores manuais, e para
verificar o efeito dos tratamentos foram avaliadas as seguintes variáveis:

Porcentagem de emergência- foram utilizadas 100 sementes por tratamento, divididas


em quatro repetições de 25 unidades. A contagem do número de plântulas emergidas iniciaram-
se aos 14 dias e estenderam-se até os 31 dias após o início dos testes, levando-se em
consideração apenas as plântulas que apresentavam os cotilédones acima do substrato, sendo
os resultados expressos em porcentagens.

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ambiente, Volume 1.
Índice de velocidade de emergência (IVE)– após as avaliações, calculou-se o IVE
através da fórmula proposta por Maguire (1962) (equação 1): IVE = E1 /N1 + E2 /N2 + ... +
Gn /Nn, onde: E1 , E2 , En = número de plântulas emersas na primeira, segunda, até a última
contagem e N1 , N2 , Nn = número de semanas desde a primeira, segunda, até a última
contagem.

Comprimento e massa seca de plântulas- aos 31 dias após a semeadura, as plântulas


normais foram divididas em raiz primária e parte aérea, e logo em seguida foram medidas com
o auxílio de uma régua, sendo os resultados expressos em centímetro por plântula-1. Depois de
mensuradas, a parte aérea e raízes das plântulas da avaliação anterior, foram postas
separadamente em sacos de papel Kraft e levadas à estufa regulada a 65 °C por 48 horas até
atingir massa constante e, decorrido esse período, as amostras foram pesadas em balança
analítica com precisão de 0,001 g, sendo os resultados expressos em gramas por plântula-1.

Delineamento experimental e análise estatística- o delineamento experimental utilizado


foi o inteiramente ao acaso com 10 tratamentos e quatro repetições. Os dados obtidos foram
submetidos à análise de variância pelo teste “F” e as médias comparadas pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade, utilizando o software SISVAR® (FERREIRA, 2007).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o resumo da análise de variância observa-se que houve efeito


significativo para todas as variáveis estudadas (Tabela 1).

Tabela 1: Quadrados médios e coeficiente de variação (CV) referentes à porcentagem de emergência (E), índice
de velocidade de emergência (IVE), comprimento da parte aérea (CPA) e de raiz principal (CR), massa seca da
parte aérea (MSPA) e de raízes (MSR) de plântulas de Couroupita guianensis em diferentes substratos.
Quadrados médios
FV GL E IVE CPA CR MPA MSR
Trat. 9 406,400000* 0,117517* 0,786917* 1,557806* 0,000953* 0,000224*
Erro 30 43,200000 0,005398 0,236917 0,189917 0,000426 0,000029
CV - 7,86 9,35 6,95 8,41 10,95 16,29
(%)
Legenda: Valor de F significativo a 5% de probabilidade; Trat. = tratamento; FV = fonte de variação; GL = grau
de liberdade; CV (%) = Coeficiente de variação.
Fonte: Autoria própria (2023).

De acordo com os dados da Tabela 2, verifica-se que os diferentes tipos de substratos


influenciaram significativamente a porcentagem de emergência das plântulas de C. guianensis.
Os substratos S2 - terra de subsolo (90%), S4 - areia + vermiculita 1:1 (94%), S5 - areia + pó de
coco 1:1 (93%), S6 - areia + pó de madeira 1:1 (90%), S7 - terra de subsolo + húmus 1:1 (93%)
e S8 - terra de subsolo + vermiculita 1:1 (83%), apresentaram as maiores porcentagens de

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ambiente, Volume 1.
emergência, não diferindo estatisticamente entre si. Assim, percebe-se que esses substratos
proporcionaram condições ideais de umidade e aeração, de forma que as sementes expressaram
o seu máximo potencial germinativo. Já os substratos S1 - areia lavada, S3 - areia + húmus 1:1,
S9 - terra de subsolo + pó de coco 1:1 e S10 - terra de subsolo + pó de madeira 1:1, foram
prejudiciais atingindo 75, 76, 78 e 64% de emergência, respectivamente.

Atualmente, a maior parte dos substratos utilizados para produção de mudas é uma
combinação de dois ou mais componentes, com o intuito de alcançar propriedades químicas e
físicas adequadas às necessidades específicas de cada espécie. No entanto, é difícil encontrar
essas características num único substrato, assim, torna-se necessário a mistura de outros
materiais, como demonstrado no presente trabalho, para conseguir uma composição ideal.

Para Laviola et al. (2006) a emergência das plântulas pode acontecer em qualquer tipo
de substrato que proporcione reserva de água suficiente para que ocorra o processo germinativo,
entretanto, os resultados podem ser variados e de acordo com a metodologia empregada e/ou
ainda com o substrato ou a mistura utilizada.

Ao analisar os resultados referentes ao índice de velocidade (IVE) constatou-se que as


sementes de C. guianensis submetidas aos tratamentos S2 - terra de subsolo (1,00), S3 - areia +
húmus 1:1(1,00) e S4 - areia + vermiculita 1:1 (0,98) proporcionaram os maiores índices, não
havendo, portanto, diferença significativa entre eles, enquanto os demais substratos propiciaram
resultados inferiores (Tabela 2). Uma possível razão para este comportamento pode ser devido
à menor capacidade de retenção de água desses substratos ou misturas, o que consequentemente
prejudicou os eventos iniciais relacionados à germinação.

A elevada presença de matéria orgânica no substrato favorece a adsorção de água neste


material, obstruindo os poros que, com lenta percolação, prejudicam as raízes (ARAÚJO NETO
et al., 2010).

Tabela 2: Porcentagem de emergência (% E) e índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas de


Couroupita guianensis submetidas a diferentes substratos. Catolé do Rocha - PB.
Tratamentos %E IVE
S1 - areia lavada 75 b 0,65 c
S2 - terra de subsolo 90 a 1,00 a
S3 - areia + húmus na proporção 1:1 76 b 1,00 a
S4 - areia + vermiculita na proporção 1:1 94 a 0,99 a
S5 - areia + pó de coco na proporção 1:1 93 a 0,81 b
S6 - areia + pó de madeira na proporção 1:1 90 a 0,79 b
S7 - terra de subsolo + húmus na proporção 1:1 93 a 0,79 b
S8 - terra de subsolo + vermiculita na proporção 1:1 83 a 0,68 c
S9 - terra de subsolo + pó de coco na proporção 1:1 78 b 0,63 c

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ambiente, Volume 1.
S10 - terra de subsolo + pó de madeira na proporção 1:1. 64 c 0,51 d
CV (%) 7,86 9,35
Legenda: Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott
Knott a 5% de significância.
Fonte: Autoria própria (2023).

Quanto ao comprimento da parte aérea de plântulas de C. guianensis (Tabela 3), os


maiores valores (7,35; 7,90; 7,30; 7,10; e 7,05 cm plântulas-1, respectivamente) foram obtidos
das plântulas oriundas de sementes submetidas aos tratamentos S3 - areia + húmus 1:1, S4 -
areia + vermiculita 1:1, S5 - areia + pó de coco 1:1, S6 - areia + pó de madeira 1:1, e S8 - terra
de subsolo + vermiculita 1:1, não diferindo estatisticamente entre si. Provavelmente pelo fato
destes substratos terem oferecido condições adequadas, contribuindo para a retomada das
atividades metabólicas da semente durante o processo de emergência das plântulas.

De acordo com Dutra et al. (2012) as características físicas, porosidade que é a relação
entre o volume de poros, e o volume total de um certo material e a capacidade de
armazenamento de água presente nos substratos afetam positivamente a germinação, sendo
responsáveis por excelentes desempenhos no processo germinativo.

Tabela 3: Comprimento de parte aérea (CPA) e raiz (CR), massa seca de parte aérea (MPA) e raízes (MSR) de
plântulas de Couroupita guianensis, em função de diferentes substratos. Catolé do Rocha - PB.
Tratamentos CPA CR MPA MSR
(cm plântula1) (g plântula-1)
S1 - areia lavada 6,80 b 4,97 b 0,185 b 0,031 b
S2 - terra de subsolo 6,65 b 5,07 b 0,176 b 0,030 b
S3 - areia + húmus na proporção 1:1 7,35 a 5,72 a 0,187 b 0,029 b
S4 - areia + vermiculita na proporção 1:1 7,90 a 6,05 a 0,222 a 0,052 a
S5 - areia + pó de coco na proporção 1:1 7,30 a 5,97 a 0,195 b 0,034 b
S6 - areia + pó de madeira na proporção 1:1 7,10 a 5,57 a 0,178 b 0,034 b
S7 - terra de subsolo + húmus na proporção 1:1 6,90 b 4,72 b 0,176 b 0,029 b
S8 - terra de subsolo + vermiculita na proporção 1:1 7,05 a 4,77 b 0,206 a 0,037 b
S9 - terra de subsolo + pó de coco na proporção 1:1 6,35 b 4,12 c 0,180 b 0,027 b
S10 - terra de subsolo + pó de madeira na proporção 1:1 6,62 b 4,82 b 0,177 b 0,026 b
CV (%) 6,95 8,41 10,95 16,29
Legenda: Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott
Knott a 5% de significância.
Fonte: Autoria própria (2023).

Em relação ao comprimento da raiz principal das plântulas de C. guianensis, verifica-se


que os tratamentos areia + húmus 1:1 (S3), areia + vermiculita 1:1 (S4), areia + pó de coco 1:1
(S5) e areia + pó de madeira 1:1 (S6) apresentaram condições favoráveis ao crescimento das
mesmas, com valores médios de 5,72; 6,05; 5,97 e 5,57 cm plântula-1, respectivamente.
Portanto, o substrato exerce uma influência marcante sobre o sistema radicular, atribuído

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ambiente, Volume 1.
principalmente à quantidade e tamanho das partículas que definem a aeração e a retenção de
água necessária ao crescimento das raízes (FERRAZ et al., 2005). Nesse sentido, pode-se
afirmar que, na produção de mudas, a utilização de substratos alternativos visa a redução dos
custos de produção sem comprometer a qualidade do produto final.

Quanto à massa seca da parte aérea de plântulas de C. guianensis constatou-se que as


sementes quando semeadas nas combinações dos substratos areia + vermiculita 1:1 (S4), terra
de subsolo + vermiculita 1:1 (S8) promoveram os maiores conteúdos, com pesos médios de
0,222 e 0,206 g plântula-1, respectivamente, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos,
os quais atingiram resultados inferiores. Com relação à massa seca das raízes, apenas a
combinação dos substratos areia + vermiculita 1:1 (S4) foi responsável pelo maior valor (0,052g
plântula-1), principalmente, por essa mistura proporcionar uma maior quantidade de raízes
secundárias, uma vez que,a combinação dos substratos areia + húmus 1:1 (S3), areia + pó de
coco 1:1(S5) e areia + pó de madeira 1:1 (S6) também apresentaram maiores valores médios de
comprimento de raiz, porém os referidos tratamentos não foram responsáveis pelos maiores
valores médios de massa seca de raízes (Tabela 3).

Para Ferri (1985), o comprimento de plântulas é de grande importância


morfofisiológica, pois além de se correlacionar diretamente ao diâmetro, também reflete de
modo prático no crescimento e na diferenciação vegetal, favorecendo todo o processo
relacionado ao sistema solo-planta. A importância do comprimento e da relação
comprimento/peso de matéria seca da parte aérea deve-se ao fato de serem parâmetros que
apresentam boa contribuição para a qualidade das mudas (GOMES et al., 2002).

A avaliação de resíduos para aproveitamento como substrato agrícola, a exemplo do pó


de coco, é uma importante alternativa para a reciclagem desse material contribuindo para a
adoção de formas de utilização e resultante minimização dos impactos causados pelo mesmo
no meio ambiente (COSTA et al., 2007).

O uso de um substrato inadequado pode resultar na irregularidade da germinação, pois


o mesmo é considerado um dos fatores mais complexos na produção de mudas (CUNHA et al.,
2006). Nesse sentido, características como estrutura, aeração, capacidade de retenção de água,
grau de infestação por patógenos, entre outras propriedades inerentes ao substrato podem
favorecer ou prejudicar a germinação de sementes (RODRIGUES et al., 2007). Em resposta a
um mesmo substrato, o comportamento de cada espécie pode ser diferente, o que torna

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ambiente, Volume 1.
necessário verificar cientificamente qual substrato ou combinação destes, possibilita a obtenção
de plântulas com melhor qualidade (SMIDERLE et al., 2001).

4 CONCLUSÃO
A combinação dos substratos areia + vermiculita na proporção 1:1 (S4), bem como, o
substrato terra de subsolo (S2), são os mais eficientes para promover a emergência e o
crescimento inicial de plântulas de Couroupita guianensis.

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DOI 10.47402/ed.ep.c2404112015324

CAPÍTULO 15
ÁCIDOS HÚMICOS COMO ATENUADORES DE ESTRESSES CAUSADOS POR
METAIS PESADOS E SALINIDADE

Girlanda Squires Raiol


Luciana Fernandes Gonçalves
Vitor Resende do Nascimento
Gabriel Gustavo Tavares Nunes Monteiro
Cândido Ferreira de Oliveira Neto
Ana Ecidia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Raphael Leone da Cruz Ferreira

RESUMO
Com o aumento da industrialização, problemas como a contaminação ambiental tem sido mais recorrente, afetando
ecossistemas terrestres e aquáticos. O solo apresenta extrema importância para diversas atividades, por exemplo
para a obtenção de alimentos, e sua contaminação ameaça a funcionalidade deste recurso natural. A contaminação
pode ser devido à metais pesados no solo, o qual ocorre principalmente por mineração, lixões, atividades agrícolas
e industriais, o contato com estas substancias toxicas pode causar risco à saúde humana, o solo e os vegetais,
influenciando no desenvolvimento e degradando a qualidade do solo. A exemplo disso, o cádmio tem influência
nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas, afeta a fotossíntese e interrompe a absorção e translocação
de nutrientes essenciais, e por ser um elemento altamente móvel, a planta apresenta dificuldade em não o acumular.
Ademais, o chumbo é um metal fácil de encontrar, estando presente em atividades de mineração, fertilizantes,
pesticidas e outras atividades, é um elemento não essencial e em altos níveis afeta a fisiologia, estrutura e
bioquímica das plantas. O Arsênio é encontrado nas rochas como resultado de atividades vulcânicas e industriais,
mas no solo é encontrado na forma de arsenato, afetando a biomassa, área radicular e causando distúrbios
fisiológicos. Sendo um micronutriente essencial para as plantas, o cobre ocorre naturalmente no ambiente, é um
metal poluente comum em estufas, devido ao uso de fungicidas com base de Cu, e causa redução no crescimento
foliar, inibe a fotossíntese e afeta a morfologia radicular. Além disso, há o excesso de sal no solo que é ocasionado
devido à má distribuição de água, uso de água em excesso ou de má qualidade e irrigação inadequada, acarretando
limitações na produção agrícola e prejudicando o crescimento das plantas. Em consequência disso, com o intuito
de mitigar a poluição dos solos e evitar qualquer dano ao meio ambiente e aos seres humanos, o uso de substancias
naturais, como os ácidos húmicos, está sendo mais requisitado. Os ácidos húmicos possuem ácidos carboxílicos e
nitrogênio, são compostos orgânicos provenientes da decomposição de restos vegetais e animais que podem ser
utilizados a favor das plantas, além de apresentar melhora nas funções do solo, como na fertilização e habilidade
anti-acidificante. Nos solos contaminados por metais pesados e salinidade, os ácidos húmicos auxiliam no
crescimento e desenvolvimento da planta, conseguem equilibrar a mobilização dos metais tóxicos, melhoram a
disponibilidade de nutrientes do solo e aprimoram o sistema de defesa para estresse na planta. Desta forma, a
revisão tem como objetivo informar a importância destas substancias como possíveis remediadoras dos efeitos dos
adversos em plantas sob estresse por metais pesados e salinidade.

PALAVRAS-CHAVE: Fitorremediação; Metais Tóxicos; Substâncias Naturais.

1 INTRODUÇÃO

A industrialização tem aumentado em todo o mundo e com isso tem gerado diversos
problemas, principalmente sobre a contaminação ambiental. O solo é um recurso natural valioso
para os ecossistemas terrestres para obtenção de alimentos, e ecossistemas aquáticos servindo
como barreira para evitar contaminação das águas subterrâneas. A contaminação por metais

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ambiente, Volume 1.
pesados no solo é destacada por vários autores que indicam fontes de contaminação por
atividades agrícolas, atividades industriais, mineração, lixões, entre outras. Na intenção de
mitigar a poluição desses solos que venham causar danos à agricultura, ao meio ambiente e aos
seres humanos, a utilização de substâncias naturais, a exemplos dos ácidos húmicos, que
apresentam características produtivas e eficientes está sendo cada vez mais utilizadas.

As substâncias húmicas (SH) são compostas de ácido húmico, ácido fúlvico, huminas e
ácidos himatomelânicos. Os ácidos húmicos são responsáveis pela maior parte das substâncias
húmicas, possuindo ácidos carboxílicos e nitrogênio, os fúlvicos são solúveis em água, ácidos
e alcalinos, as huminas por sua vez são insolúveis em soluções ácidas e alcalinas compondo a
menor fração das substâncias húmicas, e os ácidos himatomelânicos são formados por
partículas pequenas que ficam suspensas ao se misturar com a água (CARON; GRAÇAS;
CASTRO, 2015). São compostos orgânicos provenientes da decomposição de restos vegetais e
animais que podem ser utilizados para estimular a síntese dos hormônios vegetais, favorece a
germinação, o desenvolvimento e o crescimento dos vegetais, promovem ATP nas células das
raízes, auxiliam nas reações enzimáticas e aumentam os níveis de clorofila (CARON;
GRAÇAS; CASTRO, 2015). Possuem também uma troca catiônica elevada e são encontradas
em águas, solos e na matéria orgânica contínua (CANELLAS et al., 2005).

Os ácidos húmicos têm efeito na melhora das funções do solo, e especialmente na


habilidade anti-acidificante e fertilização (RONG et al., 2020), também são substâncias
naturalmente disponíveis no solo e diversos estudos mostram os efeitos do ácido no crescimento
vegetal e no aumento da absorção de macro e micronutrientes (EKIN, 2019). Em solos
contaminados por metais pesados, os ácidos húmicos agem como promotores de crescimento
em plantas, controlando a mobilização de diversos metais tóxicos, ativando sistemas de enzimas
antioxidantes, mantendo o equilíbrio adequado de hormônios vegetais e osmólitos nas plantas,
aumentando a absorção de minerais e promovendo o alongamento e divisão celular (SONG et
al., 2020). Em solos com excesso de sal, os ácidos húmicos atuam na melhora das propriedades
hidrofísicas e na disponibilidade de nutrientes do solo, além de aumentar o crescimento vegetal,
melhoram o sistema de defesa para estresse da planta (RADY et al., 2016).

Além disso, o ácido húmico tem efeito de desintoxicação e pode aumentar a resistência
das plantas contra diferentes estresses abióticos e bióticos, como salinidade, toxicidade de
metais pesados, seca e patógenos (RANJBAR-FORDOEI; DEHGHANI-BIDGOLI, 2016;
SOFI et al., 2018).

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ambiente, Volume 1.
2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Poder germinativo dos Ácidos húmicos

Dias et al. (2023) observou no seu experimento como a aplicação de ácidos húmicos e
fúlvicos influenciaram na germinação de sementes de espécies de ipês, e foi analisado que os
ácidos húmicos obtiveram maior desenvolvimento radicular e maior tamanho total das mudas,
e esse crescimento se deve pela presença das substâncias húmicas que alteram o crescimento
desse vegetal (CANELLAS et al., 2015), sendo uma ação dos hormônios vegetais a exemplo
do hormônio auxina que incentivado pelas substâncias húmicas interferem no crescimento
radicular dessa planta (TREVISAN et al., 2010), como também pela absorção direta e indireta
das proteínas, ajudando nas estruturas químicas, físicas e biológicas do solo que auxiliam no
crescimento da raiz e na síntese dessas proteínas (DOBBS, 2016).

Noboa (2019) em seu estudo feito que avaliou o efeito da aplicação de três produtos à
base de ácidos húmicos e fúlvicos sobre o crescimento em plantas de Theobroma cacao L.
constatou um ótimo rendimento sobre o crescimento das mudas de cacau, um alto crescimento
foliar, um elevado desenvolvimento radicular e uma sobrevivência de 92,50% de plântulas ao
final do experimento, concordando com Melo (2006) que afirma que as SH influenciam de
forma direta na fixação das raízes, e também na resistência à condições ambientais.

1.2 Metais pesados

O contato com os metais pesados pode causar riscos à saúde humana, ocorrendo por
inalação, pelo contato da pele e pela ingestão, sendo o mais grave, e podem ser cancerígenos
ou não cancerígenos. Nos solos e nos vegetais os metais pesados afetam o desenvolvimento, o
ciclo biogeoquímico e causam a degradação da qualidade do solo (SILVA, 2019).

2.2.1 Cádmio

O cádmio tem influência nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas pela
acumulação de espécies reagentes ao oxigênio (EROs), a inativação de enzimas, a inibição da
síntese de clorofila, redução de pigmentos fotossintéticos, destruição de aparatos
fotossintéticos, a redução da respiração e assimilação de carbono e a interrupção da absorção e
translocação de nutrientes elementares, os quais levam ao retardo do crescimento ou a morte da
planta (RONG et al., 2020). Este metal possui alta mobilidade, é solúvel em água e não
degradável, o que dificulta a prevenção das plantas em acumular este elemento, e a fácil
absorção, especialmente por se tratar de um elemento móvel.

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ambiente, Volume 1.
Os ácidos húmicos têm efeito na melhora das funções do solo, proporcionando
estabilidade estrutural, e especialmente na habilidade anti-acidificante e fertilização. Além
disso, possui papel importante no crescimento, na regulação do ciclo do carbono e nitrogênio.
O acúmulo em excesso de Cd pode causar danos graves à planta, por isso busca-se uma forma
de combater os efeitos deste metal. Os ácidos húmicos podem anular os efeitos adversos de
metais pesados, sendo responsável pela regulamentação da mobilidade ou transformação de
metais tóxicos, funciona como ativador do sistema de enzimas antioxidantes, proporciona o
equilíbrio hormonal (OZFIDAN-KONAKCI et al., 2018).

O cádmio em altas concentrações pode inibir a absorção de nitrogênio, fósforo e


potássio, reduzindo a biomassa da parte aérea e da raiz (DAGHAN et al., 2013). Segundo Rong
et al. (2020), os metais pesados são potencialmente biodisponíveis, o que facilita a absorção
pela planta de tabaco. Dessa forma, os ácidos húmicos são os mais promissores para reduzir a
biodisponibilidade e mobilidades deste metal, pois possuem grupos carboxílicos e fenólicos.
Em um experimento realizado por Rong et al. (2020), foi visto a concentração de cádmio em
plantas de tabaco utilizando os ácidos húmicos para reduzir a disponibilidade desse metal
pesado no solo. Em tratamentos contendo ácidos húmicos, foi possível notar a redução da
concentração de Cd em 37% quando relacionado com o controle.

Song et al. (2020) realizou uma pesquisa para analisar a influência da aplicação de
ácidos húmicos sob a toxicidade de cádmio em Pennisetum híbrido, no estudo foi possível notar
a redução da biomassa, crescimento foliar e número de folhas, porém com a aplicação do ácido
húmico os efeitos negativos do cádmio foram controlados, além de aumentar a biomassa da
planta e o número de pigmentos fotossintetizantes.

2.2.2 Chumbo

O chumbo (Pb²+) é tóxico para o meio ambiente e é produzido através de minérios como
anglesita (PbSO4), galena (PbS) o mais importante da fonte do chumbo e a cerusita (PbCO3)
(MAZUCCO, 2008), e está no ambiente presente em fabricação de tintas, atividades de
mineração, fabricação de louças e cerâmicas (CORPAS; BARROSO, 2016), recuperação de
baterias, fabricação de pigmentos, PVC, borrachas, vidros, cabos elétricos, soldas de peças
(GRIGOLETTO, 2011), projétil de armas, aditivos de combustíveis, fertilizantes e pesticidas
(SILVA, 2014). Nas plantas, ele pode provocar distúrbios na mitose, diminuição da biomassa,
alteração da permeabilidade da membrana, variação enzimática, e indução de micronúcleos
(CORPAS; BARROSO, 2016), pode ser acumulador nos tecidos radiculares e inibir o

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crescimento da planta (SOUZA et al., 2011), e durante a germinação pode afetar o
funcionamento das enzimas da planta, produtividade clorofila e podem ser maléficos para o
material genético (RIBEIRO et al., 2015). O nível de prevenção agrícola é de 180 mg/kg, para
nível residual é de 300 mg/kg e para o cenário industrial é de 900 mg/kg (CONAMA, 2009).

O chumbo é um elemento não essencial para as plantas e em altos níveis podem atingir
de forma fisiológicas, estruturais e bioquímicas as plantas (MORAES, 2011), sendo eles clorose
foliar, diminuição da fotossíntese, limitação na germinação de semente, modificação na ação
enzimática, modifica o balanço hormonal e hídrico e pode causar um escurecimento nas raízes
(ROMEIRO et al., 2007).

Portuondo et al. (2017) procurou fazer a avaliação estrutural e funcional em decorrência


da adição de ácidos húmicos em solo contaminado por metal pesado. O autor fez a análise foliar
de plantas de feijão que foram semeadas em solos contaminados por 100 mg kg-¹ de chumbo e
que após 15 dias por meio de aspersão foliar foram tratadas por doses de 20, 40 e 60 mg L-¹ de
ácido húmico (AH). O resultado destacou a dose de 40 mg L-¹ de AH a mais promissora, tendo
um acúmulo de metal maior na raiz do que na parte aérea afirmando os estudos de
Venkatachalam et al. (2017) que estabelecem que plantas expostas ao pb²+ tendem a acumular
as maiores concentrações do metal nas raízes.

2.2.3 Arsênio

De acordo com Wang et al. (2021), As é comumente encontrado nas rochas como
resultados de atividade vulcânicas e industriais, e, no solo e na água na forma de arsenato, o
qual pode acarretar sérios problemas fitotóxicos, como por exemplo, a redução de biomassa e
raízes, que escurecem, além de interferir diversos processos metabólicos, resultando em
distúrbios fisiológicos.

O estudo feito por Qi Wang et al. (2020) sobre a regulação da fitotoxicidade do arsenato
(As) com a adição de substâncias húmicas (HU) em plantas de alface, analisou o sistema
antioxidante das plantas, e verificou que os teores de peroxidação lipídica (MDA) nas raízes
mudaram significativamente quando o teor de arseniato da solução de cultivo foi superior 5,0
mg/L, onde os teores de MDA nas raízes sob o tratamento As-HA a 5mg/L foi 11,21% menor
do que no tratamento As 10 mg/L. Constatou também que o peso fresco da alface sob o
tratamento de As-HA a 10 mg/L aumentou 227,43% comparado ao alface sob o tratamento de
As a 10 mg/L, demonstrando que adição das substâncias húmicas reduziu os efeitos tóxicos do
As no desenvolvimento da planta.

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2.2.4 Cobre

O cobre está localizado no grupo dos metais de cunhagem, ocorre naturalmente no


ambiente e é um micronutriente essencial para as plantas (SILVA et al., 2019). Em níveis ideais,
o cobre representa um papel importante para as plantas, como a participação na respiração
mitocondrial, fotossíntese, metabolismo da parede celular e síntese de lignina (MIR et al.,
2021).

Segundo Baghaie e Aghili (2021), este metal é um poluente comum em estufas,


principalmente por causa de fungicidas com base de Cu, tendo maiores concentrações nos solos
e vegetais de estufas quando comparado a áreas abertas. Altas concentrações de cobre em
plantas causam redução no crescimento foliar, induz clorose e necrose nas folhas, inibe a
fotossíntese, e afeta a morfologia das raízes devido a redução do ácido indolacético. No estudo
realizado por Baghaie e Aghili (2021) com plantas de tomate, foi possível notar que a presença
de ácidos húmicos auxiliou na redução de estresse causado por cobre nas plantas, porém os
frutos não poderiam mais ser consumidos.

2.3 Estresse salino

O estresse salino influencia no crescimento da planta e causa limitações na produção


agrícola mundial, as áreas afetadas têm aumentado e sua tem uma intensa ocorrência em solos
irrigados (AKLADIOUS; MOHAMED, 2018). Além disso, esse fenômeno pode inibir
significativamente a germinação e crescimento das mudas e reduzir a produção, pois causa um
estresse osmótico e/ou toxicidade de íons, assim como reduzir a absorção de íons importantes
como Ca e K (MACHADO; SERRALHEIRO, 2017; ALSAHLI et al., 2019). Sob condição de
estresse, muitos processos fisiológicos são severamente reduzidos, são eles: fotossíntese;
acúmulo de biomassa; e transporte de fotossintato.

Segundo Ali et al. (2020), quando as plantas são submetidas a ambientes estressantes,
espécies reagentes ao oxigênio (EROs) são geradas, as quais podem causar danos oxidativos
em muitos componentes celulares, devido sua alta afinidade de reagir com biomoléculas e
alteram sua estrutura e habilidade funcional , incluindo proteínas, ácidos nucléicos, degradação
da clorofila e a peroxidação da membrana lipídica, reduzindo a fluidez e seletividade da
membrana, essa ação é considerada um indicador de danos oxidativos. Dessa forma, para
controlar os níveis de EROs e proteger as células, as plantas possuem muitas enzimas
antioxidantes como, superóxido dismutase, catalase, peróxido e eliminação de ascorbato
peroxidase.

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ambiente, Volume 1.
Há uma correlação entre resistência para ambientes estressantes e a eficiência do sistema
antioxidante das plantas. O estresse osmótico é regulado por níveis aprimorados de osmólitos,
como prolina, proteína, carboidratos e aminoácidos (ALSAHLI et al., 2019). Hatami et al.
(2018) discute sobre como aliviar o estresse salino em porta-enxertos de amêndoa utilizando
ácidos húmicos, com o estudo, foi possível concluir que os ácidos húmicos aumentaram a
síntese de proteínas e enzimas antioxidantes, resultando na inibição da atividade de moléculas
de EROs e reduzindo a perda de eletrólitos. Em um estudo feito por Mona et al. (2017), é
notório como o uso de ácidos húmicos em plantas de trigo sob estresse salino, proporcionaram
a melhora no crescimento, germinação e absorção de nutrientes, além de estimular as raízes
devido ao aumento da atividade microbiana. Ademais, foi possível analisar o aumento do
nitrato, nitrogênio e o fósforo nas plantas, reduziu a condutividade elétrica no solo e a perda de
eletrólitos da planta.

3 CONCLUSÃO

Portanto, conclui-se que os metais pesados Cd, Cu, Pb e As mostraram efeitos similares,
atingindo o desenvolvimento vegetal e os processos químicos e bioquímicos das plantas, com
a aplicação dos ácidos húmicos foi possível analisar os efeitos atenuadores destas substâncias.
No estresse salino as plantas têm seu crescimento afetado e danos oxidativos, porém os ácidos
húmicos se mostraram capazes de inibir os efeitos adversos.

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CAPÍTULO 16
POTENCIAL DE AÇÃO DO BIOCARVÃO NA MITIGAÇÃO DE METAIS PESADOS
EM SOLOS DA AMAZÔNIA

Madson Pereira Melo


Hellen Patrícia Lemos Cordovil
Cassio Freitas de Oliveira
Karla Samylle de Queiroz Costa
Leane Castro de Souza
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Nilvan Carvalho Melo
Luma Castro de Souza

RESUMO
A contaminação do solo por metais pesados tem se tornado uma preocupação global iminente, e quando se trata
da Amazônia, os cuidados com a introdução de chumbo, mercúrio, cádmio e outros contaminantes têm elevada
preocupação. E o resíduo gerado em alguns processos como bagaço de cana-de-açúcar, casca de milho e caroço
de açaí são um problema de despejo, quando são depositados de maneira incorreta, causando danos à saúde de
animais e seres humanos. Com isso, o presente estudo tem o intuito de fazer uma abordagem sobre a produção de
biocarvão, com uso de resíduos de caroço de açaí, bagaço de cana-de-açúcar e casca de arroz, como estratégia
sustentável para uso como mitigador de metais pesados no solo. Nesse sentido, para o aproveitamento, a fabricação
de biocarvão, que também é conhecido como carvão vegetal ativado ou biochar, emerge como uma ferramenta
promissora na mitigação de metais pesados no solo. Suas propriedades adsorventes permitem que ele se ligue aos
metais pesados, diminuindo sua disponibilidade e mobilidade no solo. Além disso, a presença do biocarvão em
solos alcalinos desempenha um papel crucial ao elevar o pH em solos ácidos, reduzindo a mobilidade de metais
catiônicos. Este efeito é alcançado devido à competição reduzida entre íons H+ e íons metálicos nos sítios de troca
do biocarvão, atenuando assim a contaminação do solo e seus efeitos adversos sobre as plantas. A incorporação
estratégica de biocarvão em solos contaminados destaca-se não apenas por sua capacidade de adsorção, mas
também pela capacidade de modular as condições do solo, proporcionando uma abordagem abrangente e eficaz
para a remediação de áreas impactadas por metais pesados.

PALAVRAS-CHAVE: Contaminação; Condicionante; Recuperação.

1 INTRODUÇÃO
A contaminação do solo por metais pesados é uma preocupação ambiental significativa,
resultado da introdução de elementos como chumbo, mercúrio, cádmio e outros no solo, muitas
vezes devido a atividades industriais, mineração, agricultura intensiva ou descarte de resíduos
(DIAS; BELOTTI, 2021; SOUZA; MORASSUTI; DEUS, 2018). Esses metais podem persistir
no solo, afetando negativamente a saúde humana, a flora e a fauna, além de infiltrar-se nas
águas subterrâneas, ampliando os danos ao meio ambiente (FERREIRA et al., 2021). Esse tipo
de poluição representa um desafio para a saúde pública e a sustentabilidade dos ecossistemas.

Nesse contexto, o biocarvão, também conhecido como carvão vegetal ativado e/ou
biochar, pode ser uma ferramenta eficaz na mitigação de metais pesados no solo. Ele possui
propriedades adsorventes que podem se ligar aos metais pesados, reduzindo sua disponibilidade

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ambiente, Volume 1.
e mobilidade no solo (FERREIRA, 2023; VOLPE, 2017). Além disso, o biocarvão atua como
sequestrador de carbono, retirando dióxido de carbono da atmosfera e armazenando-o no solo
por longos períodos (SOUZA et al., 2023).

O biocarvão, é obtido por meio da pirólise de biomassa em condições de baixa


temperatura e ausência parcial ou total de oxigênio, emerge como um promissor adsorvente na
mitigação de áreas contaminadas por metais pesados (MÜHL, 2022).

Sua formação, caracterizada pela queima incompleta de biomassa rica em carbono,


resulta em grupos funcionais com grandes moléculas orgânicas, proporcionando uma eficaz
capacidade de adsorção de metais (FARIAS et al., 2021).

A presença do biocarvão no solo, por ser um meio alcalino, pode desempenhar um papel
crucial ao elevar o pH em solos ácidos, reduzindo a mobilidade de metais catiônicos, em
decorrência da competição reduzida entre íons H+ e íons metálicos nos sítios de troca do
biocarvão, atenuando a contaminação do solo e seus efeitos prejudiciais sobre as plantas
(PUGA, 2015; CANTONI et al., 2019; FONSECA, 2020).

Assim, a incorporação estratégica de biocarvão em solos contaminados não apenas se


destaca pela sua capacidade de adsorção, mas também pela capacidade de modular as condições
do solo, fornecendo uma abordagem abrangente e eficiente para a remediação de áreas
impactadas por metais pesados.

Portanto, o presente estudo tem o intuito de fazer uma abordagem sobre a produção de
biocarvão, com uso de resíduos de caroço de açaí, bagaço de cana-de-açúcar e casca de arroz,
como estratégia sustentável para uso como condicionador, a fim de mitigar os metais pesados
presente no solo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Obtenção do biocarvão

A seleção de uma boa matéria-prima para a produção de biochar é altamente essencial,


pois dependendo do que é produzido, tem relação direta nas condições postas ao solo, já que
apresentam propriedades diferentes (AMARASINGHE; GUNATHILAKE;
KARUNARATHNA, 2016). Os biocarvões representam produtos resultantes da pirólise de
biomassas de origem vegetal e animal, sendo característico a riqueza em carbono. Este processo
ocorre em ambientes com baixa concentração ou ausência de oxigênio e tem como finalidade a

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ambiente, Volume 1.
utilização desses materiais como condicionadores de solos (MAIA; MADARI; NNOVOTNY
2011).

As características físico-químicas dos biocarvões são altamente variáveis, devido à


natureza do material pirolisado. As temperaturas empregadas na pirólise lenta oscilam entre
300 e 700ºC (REPOSSI et al., 2022), tem resultado alterações tanto na porosidade quanto na
densidade considerando também os teores de elementos químicos, e esses parâmetros são
determinantes cruciais na qualidade e custo dos biocarvões (SILVA, 2016; AHMED, 2017). O
biocarvão pode ser produzido a partir de caroço de açaí, bagaço de cana e casca de arroz, que
são na maioria das vezes descartados de forma inadequada em áreas urbanas principalmente.
No entanto, esses materiais podem ser reaproveitados.

O Açaí (Euterpe oleracea) é um dos produtos amazônicos que experimentaram


considerável evolução na oferta e, principalmente, na demanda, expandindo-se para o mercado
nacional e internacional nas duas últimas décadas (EMBRAPA, 2022). Com produção de
1.699.588 toneladas em 2022 (IBGE, 2023) onde o caroço corresponde aproximadamente 83%
da massa do fruto (OLIVEIRA et al., 2021). Esse resíduo da produção (Figura 1) gera danos
ao meio ambiente, com aumento do índice de matéria orgânica em áreas irregulares, como
calçadas e esquinas, poluição visual e danos à saúde (NEGRÃO et al., 2021). O estudo de
Luconi (2019) aponta que o caroço do açaí apresentou relevante potencial para o uso dessa
matéria como biocarvão através da reação de pirólise.

Figura 2: Mapa mental do caroço de açaí.

Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é a matéria prima para produção de etanol
e açúcar, e o Brasil é o principal produtor mundial. A colheita da safra 2022/23 teve uma
estimativa de 8,3 milhões de hectares colhidos, com expectativas de aproximadamente 578,8
milhões de toneladas para 2023/24 (CONAB, 2023). Apesar de existir meios que aproveitam
parte desses resíduos com a alta produtividade, ainda precisa de destino por apresentar fontes
potenciais de poluição ou oportunidades inexploradas para aumentar o retorno econômico na
indústria canavieira. Os resíduos oriundos da cana de açúcar (figura 2) podem ser
reaproveitados e transformados em biocarvão para melhorar as características dos solos,
principalmente os degradados. A temperatura de pirólise é crucial na produção de biocarvão,
tendo esse processo feito entre 300 a 500 °C (VIEIRA, 2018; SANTANA et al., 2021; SILVA,
2022) apresentando potencial para fins de condicionador do solo.

Figura 2: Mapa mental do bagaço de cana-de-açúcar.

Fonte: Autoria própria (2023).

O arroz (Oryza sativa) é um dos cereais mais cultivados e consumidos mundialmente,


já que constitui o alimento básico para mais de três bilhões de pessoas, e a produção total no
Brasil, em 2022, atingiu 10,7 milhões de toneladas, colhidas em 1,6 milhão de hectares,
alcançando uma estimativa de 6.569 kg ha-1 (EMBRAPA, 2023). A casca (Figura 3)
corresponde de 20 a 33% em massa relativa ao arroz colhido (COLTRO et al., 2017). Esse
resíduo tem potencial diferenciado em relação aos outros, isso se dá pelo fato de possuir elevado
teor de silício com maior potencial mitigador (FERNANDES, 2020).

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Figura 3: Mapa mental da casca de arroz.

Fonte: Autoria própria (2023).

2.2 Importância química do biocarvão no solo e na planta

A aplicação do biocarvão tem trazido diversos benefícios na qualidade dos solos


amazônicos, uma vez que são caracterizados como solos pobres segundo sua fertilidade.
Embora seja insuficiente os resultados obtidos na literatura, o uso de biocarvão tem gerado
impactos positivos associados a mudanças significativas na qualidade química da dinâmica dos
nutrientes a longo prazo, contribuindo para a nutrição das plantas e consequentemente na
produtividade (JEFFERY; RANDOLPH, 2017).

Algumas características tornam o condicionador biocarvão versátil, como o pH básico


e cargas negativas que contribuem para neutralizar a toxicidade causada pelo alumínio no solo,
ao mesmo tempo em que eleva os teores de cálcio, bem como adsorve nutrientes liberados pelo
adubo orgânico, os quais são liberados com o tempo para as plantas (MORALES et al., 2013).

Outro fator importante, está associado a otimização dos insumos agrícolas, tais como
adubação e a aplicação de compostos que controlam a incidência de competidoras em algumas
culturas exigentes do nutriente fósforo, isso se dá pela disponibilidade do biocarvão ter fósforo
natural, resultando em uma melhor eficiência da planta (OLIVEIRA, 2012). Diante do exposto,
sugere benefícios amplos para a recuperação de áreas degradadas e o aumento da eficiência
agronômica (IPPOLITO et al., 2015).

O estudo conduzido por Zhan et al. (2015) apresentou resultados significativos após
quatro anos de experimento com uso de biocarvão como condicionante do solo, destacando os
benefícios, observou-se um aumento notável de 27,5% no teor de nitrogênio total, um
expressivo acréscimo de 75,5% no teor de carbono do solo e uma melhoria substancial de 50,5%

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ambiente, Volume 1.
no rendimento na cultura do amendoim. Esses resultados corroboram com estudos de Foong et
al. (2022) que também evidenciaram a capacidade do biocarvão na redução da lixiviação de
nitrogênio, e na ampliação da retenção desse nutriente no solo.

A ênfase crescente na preservação ambiental, especialmente na conservação de grandes


florestas, como a Amazônica, e na estocagem de carbono no solo por essa vegetação,
desempenha um papel crucial no controle a longo prazo das emissões de gases de efeito estufa.
Além disso, essa abordagem contribui significativamente para prevenir a contaminação por
metais pesados, que pode ocorrer devido a práticas inadequadas (mineração, despejo de lixo,
uso inadequado do solo) e resultar na lixiviação desses metais para áreas vulneráveis, como os
lençóis freáticos (LEHMANN et al., 2015). Esses achados enfatizam o potencial do biocarvão
como uma ferramenta multifuncional no contexto da recuperação de áreas degradadas e na
mitigação de impactos ambientais associados à agricultura.

As cargas do biocarvão são superficiais e a densidade de cargas negativas superiores em


comparação com outros materiais orgânicos do solo (LIANG et al., 2006; LEHMAN, 2007).
Um fator preponderante é que nem todos os tipos de biocarvão atuam como fontes significativas
de nutrientes para as plantas, indicando que a baixa quantidade de elementos nutritivos na
composição de certos tipos de biocarvão pode limitar sua capacidade de fornecer nutrientes
diretamente para as plantas (WINSLEY, 2007; LIMA et al., 2013).

2.3 Importância física do biocarvão no solo e na planta

Solos com alta qualidade física desempenham papel crucial no suporte à produtividade
agrícola, influenciando a retenção por capilaridade e fornecimento de água, trocas gasosas e
disponibilidade de nutrientes para as plantas. Nesse contexto, o biocarvão torna-se uma
alternativa para esses fins, sendo considerado um insumo de baixo custo para sistemas de
produção agrícola (ZEESHAN et al., 2020; SHAKOOR et al., 2021). Sua aplicação contribui
para melhorar as propriedades do solo, favorecendo o crescimento das plantas e a
sustentabilidade agrícola.

O biocarvão aplicado no solo como condicionante para atividades da agricultura, tem


um processo de decomposição lenta, que resulta na transformação gradual em húmus
(DOMINGUES, 2015). Esse húmus resultante é caracterizado pela sua estabilidade física,
contribuindo para melhorar a estrutura do solo ao longo do tempo, esse processo beneficia a
retenção de nutrientes e água, promovendo condições mais favoráveis para o crescimento das
plantas (ALHO et al., 2012; QUEIROZ, 2018).

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ambiente, Volume 1.
A aplicação do biocarvão tem sido associada à redução da compactação, favorecendo
uma melhor aeração e estrutura do solo. Estudos de Kalu et al. (2021) e Liang et al. (2021),
enfatizam que o biochar contribui para a melhoria das características em relação à retenção de
água, e a respiração das plantas contribuindo para o efluxo de CO2. Esses benefícios contribuem
para criar um ambiente mais propício ao crescimento das plantas, promovendo a saúde do solo
e otimizando as condições para práticas agrícolas sustentáveis.

O estudo de Amoah-Antwi et al. (2020) destaca a importância da densidade do solo em


diversos atributos, como a porosidade total e a resistência do solo. Paula (2021) estudando o
impacto que o biocarvão tem na qualidade do solo, com diferentes classes texturais, apresentou
a alteração na distribuição dos poros do solo, reduziu a densidade (12 a 25 %), capacidade de
campo, porosidade total e alguns índices tais como índice de capacidade de armazenamento de
água, capacidade de aeração do solo e a capacidade de aeração do solo. evidenciando a relação
entre esses fatores ao biocarvão.

Omondi et al. (2016) observou uma redução significativa da densidade do solo com o
aumento das doses aplicadas, variando de 0 a 100 Mg ha‐¹. Essa relação é consistente com a
"curva de resistência do solo" proposta por Busscher (1997), indicando que a densidade do solo
desempenha um papel crucial na dinâmica dessas propriedades, conforme Peake, Reid e Tang
(2014).

Solos com característica textural arenosa, com aplicação do condicionante biochar tem
contribuído na estruturação do solo, já que esses solos são mais predispostos a fragilidade
estrutural, contribuindo para uma baixa retenção de água (BAIAMONTE et al., 2019) nas
primeiras camadas. A aplicação de biocarvão, especialmente com partículas finas, tem o
potencial de preencher os poros grandes desses solos, reduzindo o movimento da água e
aumentando a microporosidade, oferecendo uma abordagem promissora para melhorar a
qualidade física desses solos.

Estudos de Sun et al. (2013) em solo franco arenoso indicaram que o biocarvão
contribuiu para a formação de macroagregados, melhorando a estabilidade e a retenção de água.
Experimentos conduzidos por Ventura et al. (2012) em solos franco argilosos também
destacaram a influência positiva do biocarvão na redução da densidade do solo, especialmente
em doses mais elevadas, onde a aplicação de biocarvão ao solo revelou efeitos positivos nas
propriedades físicas, como a densidade do solo, capacidade de campo e ponto de murcha
permanente, com aumentos significativos de 32,9%, 23,9% e 22,2%, respectivamente.

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O manejo direto desses solos com biocarvão é impulsionado pela contribuição de
agentes ligantes que melhoram a interação com a matriz do solo, conforme indicado por Blanco-
Canqui (2017) e Andrenelli et al. (2016). A presença de alta porosidade e área superficial
específica do biocarvão, como ressaltado por Verheijen et al. (2010), desempenha um papel
essencial na melhoria da agregação e estruturação do solo. Cornelissen et al. (2013) também
corroboram esses efeitos benéficos do biocarvão no manejo do solo, destacando sua capacidade
de promover mudanças positivas nas estruturas dos solos.

2.4 Importância biológica do biocarvão no solo e na planta

O biocarvão desencadeia uma série de transformações no solo, abrangendo aspectos


físicos e químicos que, por sua vez, exercem influência nas propriedades microbianas do
ambiente. Estudos, como os de Campos, Silva e Nicolas (2019), destacam a interação dinâmica
entre as propriedades do solo e das plantas, ressaltando o papel do biocarvão nesse contexto.
Este material, frequentemente associado a solos de origem antropogênica, é resultado de
processos de formação ao longo de milênios, envolvendo a decomposição térmica de material
vegetal, conforme observado em pesquisas como as de (TRAZZI et al., 2018).

As transformações provocadas pelo biocarvão não se limitam apenas às propriedades


físicas e químicas do solo, mas também têm implicações significativas no ecossistema
microbiano. Essa complexa interação destaca o potencial do biocarvão como um agente
promotor de melhorias sustentáveis no solo, com repercussões positivas na dinâmica entre solo
e planta. Entender a relação intrincada entre o biocarvão e as características do solo é essencial
para explorar seu uso efetivo na promoção da fertilidade do solo e no suporte ao crescimento
vegetal.

O biocarvão é promotor de diversas transformações no solo, sendo elas de caráter físicas


e químicas, tendo influência consequentemente nas propriedades microbianas do ambiente
dinâmico entre as propriedades do solo e da planta (CAMPOS; SILVA; NICOLAS, 2019).

A aplicação de biocarvão ao solo demonstra impactos positivos na fixação biológica de


nitrogênio, na alteração da abundância e funcionamento de fungos micorrízicos (WARNOCK
et al., 2007; THIES; RILLIG, 2012). O biocarvão oferece microporos que funcionam como
refúgio para a microbiota, criando um ambiente propício para interações benéficas entre
microrganismos do solo. Essa capacidade do biocarvão em promover mudanças na atividade
microbiana contribui para a melhoria da fertilidade do solo e a promoção de ciclos nutricionais
essenciais para o crescimento das plantas. Além disso, o biocarvão é caracterizado como uma

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matéria orgânica mais inerte, contendo uma considerável quantidade de cadeias aromáticas
formadas durante o processo de combustão. Essa natureza inerte confere ao biocarvão
estabilidade química, prolongando sua persistência no solo e potencializando seu papel como
um condicionador de solo de longo prazo (REZENDE et al., 2011).

A utilização do biocarvão contribui para o desenvolvimento dos microrganismos do solo


em quantidade e eficiência (HAGNER et al., 2016), favorecendo os aspectos da atividade dos
microrganismos ligada a indicações das mudanças ambientais no solo, nomeado de quociente
metabólico e o carbono orgânico total do solo (SANTOS et al., 2023). Além disso, é um
importante fator de avaliação de qualidade do solo e na estabilidade dos agregados, já que na
adição de biocarvão em diferentes sistemas de cultivo tem efeito redutor na emissão global de
gases do efeito estufa, como óxido nitroso (CAYUELA et al., 2013).

Outro importante aspecto está ligada à simbiose de micorriza arbuscular, que é a relação
da coexistência de plantas e fungos, que gera um melhor aproveitamento do nutriente através
da simbiose bidirecional em proporções importantes para planta hospedeiras (GŁUSZEK et al.,
2017; GUJRE et al., 2021; CARNEIRO et al., 2022) já que atua no carbono da biomassa
microbiana, com aumento do pH do solo ou o declínio da toxicidade feita pelo Al, estimulando
a mineralização da matéria orgânica (TEUTSCHEROVA et al., 2018). Estudo realizado por
Mendonça et al. (2023) indica que o biocarvão apresenta potencial quando aplicado no solo
com intuito de favorecer a colonização micorrízica de fungos nativos do bioma cerrado, bem
como o aumento da densidade de esporos.

O biocarvão destaca-se como um agente significativo na manutenção da fertilidade e


sustentabilidade do solo, exercendo impacto positivo nas atividades microbianas. Sua presença
no solo favorece a mineralização de nutrientes, promovendo uma maior disponibilidade de
elementos essenciais para o crescimento das plantas (PETTER et al., 2016). Além disso, o
biocarvão desempenha um papel crucial na redução de metais pesados, contribuindo para a
diminuição da acidez do solo e criando condições mais propícias para o desenvolvimento e
permanência das populações microbianas (PUGA, 2015). Essa interação benéfica do biocarvão
com o ambiente do solo ressalta sua importância como uma estratégia sustentável para otimizar
a fertilidade do solo e apoiar práticas agrícolas de longo prazo (PEREIRA et al., 2022).

Ao agir como um regulador ambiental, o biocarvão não apenas influencia positivamente


as características químicas do solo, mas também proporciona um ambiente mais equilibrado
para as atividades microbianas essenciais. Essa abordagem integrada destaca o potencial do

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ambiente, Volume 1.
biocarvão como uma ferramenta valiosa na promoção da saúde do solo e na mitigação de
condições adversas que poderiam afetar negativamente a sustentabilidade da fertilidade do solo.

2.4.4 Uso do biocarvão na mitigação de metais pesados em plantas nativas da amazônia

Metais pesados em altas concentrações no solo como cádmio, chumbo, níquel e zinco,
têm significativo risco, tendo efeitos tóxicos, consequentemente gerando toxidez e inibição do
crescimento vegetal (HEBER; FARIAS, 2023). As indústrias e as atividades agrícolas estão
intensificando os depósitos desses no ecossistema, afetando as culturas agrícolas, à saúde de
humanos e dos animais (OJHA; JAISWAL; THAKUR, 2022). E Rizvi et al. (2020) enfatiza
que quando o solo é contaminado com esses metais, há menor fertilidade do solo, por diversas
modificações, como na composição microbiana, mineralização do carbono e redução na
mineralização do elemento nitrogênio, essenciais para o estabelecimento e desenvolvimento
das culturas.

Diante desse cenário, o biocarvão é produzido pela queima de biomassa tornando-se


rico em carbono. Possui eficiência para mitigar áreas contaminadas por metais pesados, o
biocarvão atua como adsorvente, reduzindo a disponibilidade desses elementos tóxicos (PUGA,
2015).

Contaminantes inorgânicos, a exemplo dos metais pesados, muitas vezes apresentam


uma fração lábil quando presentes no solo, tornando-se disponíveis e solúveis, e essa fração é
considerada de extrema relevância ecológica, pois pode gerar impactos ambientais imediatos.

O processo de mitigação no solo, possui a intenção de inibição desses elementos a fim


de que não ocorra o risco de transferência desses poluentes para a água ou organismos.

Uma técnica eficaz é a imobilização dos metais pesados, na qual esses elementos são
retirados da solução do solo por meio de adsorção, complexação ou precipitação. Essa
abordagem torna os metais indisponíveis para seres humanos, microbiota, absorção pelas
plantas e lixiviação no perfil do solo, contribuindo para a redução dos impactos negativos
associados à contaminação.

O processo de adsorção é reconhecido como um método altamente eficiente para a


remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos (BORAH et al., 2018). Dentre os
adsorventes mais amplamente utilizados, os materiais à base de carbono e seus complexos
(BOGUSZ et al., 2015) são os mais utilizados. A adição de materiais orgânicos em solos
contaminados desempenha um papel crucial na mobilidade dos metais, podendo ter efeitos tanto

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positivos quanto negativos, dependendo das características do solo, como pH, teor de matéria
orgânica e presença de argila.

Estudos utilizou biocarvão produzido por pirólise lenta (700 °C e 400°C) a partir da
palha da cana-de-açúcar, caroço de açaí para avaliar sua eficácia na mitigação da toxicidade de
metais pesados (Cd, Pb e Zn) em solos de áreas de mineração. Os resultados revelaram que o
biocarvão foi capaz de reduzir as concentrações de metais pesados disponíveis no solo, ao
mesmo tempo em que promoveu o aumento das concentrações de macronutrientes como
fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg) (RODRIGUES, 2022; CHAVES; NASCIMENTO,
2023).

Adicionalmente, observou-se uma diminuição na concentração de Zn na solução do


solo. A aplicação do biocarvão também demonstrou ser eficaz na redução da absorção de Cd,
Pb e Zn por duas espécies de plantas leguminosas, nomeadamente o feijão de porco e a mucuna
preta, sugerindo o potencial do biocarvão como uma estratégia viável para a remediação de
solos contaminados por metais pesados em ambientes de mineração (PUGA, 2015; KABATA-
PENDIAS, 2011; COSTA et al., 2021) Portanto, a produção de biocarvão de sementes de açaí
é uma alternativa eficiente para fins agrícolas e que pode ser aplicada visando melhorias nas
relações de solo-planta.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A obtenção de biocarvão a partir de resíduos como caroço de açaí, bagaço de cana-de-


açúcar e casca de arroz representa uma estratégia sustentável para a produção de
condicionadores de solo. As características físico-químicas são variáveis nos biocarvões, sendo
influenciadas pela temperatura e método de produção, destacam-se como fatores cruciais.

Sua aplicação nos solos amazônicos revela benefícios significativos, como a melhoria
na qualidade química, otimização de insumos agrícolas e recuperação de áreas degradadas,
enfatizando a importância desses condicionadores para práticas agronômicas sustentáveis.

A mitigação de metais pesados pelo biocarvão é um gargalo que precisa ser ainda mais
estudado, a fim de se entender o potencial de ação de diferentes resíduos que geram o biocarvão,
bem como suas características químicas e físicas na melhoria do solo.

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DOI 10.47402/ed.ep.c2404112217324

CAPÍTULO 17
AGROFLORESTA COMO ALTERNATIVA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS NA AMAZÔNIA

Raphael Leone da Cruz Ferreira


Flávio José Rodrigues Cruz
Dayse Gonzaga Braga
Karla Samylle de Queiroz Costa
Leane Castro de Souza
Luma Castro de Souza
Michelliny Pinheiro de Matos Bentes
Cândido Ferreira de Oliveira Neto

RESUMO
O processo de degradação dos recursos naturais causa prejuízos sociais e econômicos, ocasionando perdas em
produtividade nas atividades agrícola, pecuária e florestal. Assim, a recuperação de áreas degradadas (RAD) é
fundamental para regeneração dos processos naturais do ambiente degradado, contribuindo para um retorno mais
próximo do ecossistema à sua condição original, antecedente à degradação. Dentre as estratégias que podem ser
adotadas para a RAD, o uso de sistemas agroflorestais é considerado uma alternativa sustentável a ser adotada,
uma vez que, promove a diminuição do desmatamento florestal, quebra ciclos de monocultivos, e proporciona
melhorias na qualidade química, física e biológica do solo cultivado dentro do sistema. Nesse sentido, o presente
estudo pretende apresentar como alternativa de produção o uso de sistemas agroflorestais, visando a recuperação
e manutenção de áreas degradadas pelo uso indiscriminado do recurso solo na Amazônia.

PALAVRAS-CHAVE: Sistemas agroflorestais; Uso do solo; Degradação.

1 INTRODUÇÃO

O aumento da população mundial, associado a maior expectativa de vida, tem


promovido um aumento na utilização dos recursos naturais, além disso, o uso indiscriminado
dos recursos naturais disponíveis, compromete a qualidade de vida da geração atual e futura,
uma vez que técnicas de uso e manejo adequado do recurso, não estão associados a manutenção
do meio ambiente (KOBIYAMA et al., 2001).

O processo de degradação dos recursos naturais causa prejuízos sociais e econômicos,


ocasionando perdas em produtividade nas atividades agrícola, pecuária e florestal
(FEARNSIDE, 2009). A introdução desses sistemas de produção de forma desordenada e com
práticas de manejo inadequadas, contribui para o rompimento do equilíbrio entre o recurso
natural utilizado, o solo, e o ambiente de produção, causando degradação.

A Lei n. 12.651/2012 dispõe sobre programa de apoio e incentivo à conservação do


meio ambiente, na qual prevê a adoção de tecnologias e boas práticas que harmonizem a
produtividade agropecuária e florestal e, concomitantemente, reduza os impactos ambientais,

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 239


ambiente, Volume 1.
visando incentivar o desenvolvimento ecologicamente sustentável, através do sequestro e
aumento do estoque do carbono, da conservação das águas e dos serviços hídricos e da
conservação e o melhoramento do solo (BRASIL, 2012).

Assim, a recuperação de áreas degradadas (RAD) é fundamental para regeneração dos


processos naturais do ambiente degradado, contribuindo para um retorno mais próximo do
ecossistema à sua condição original, antecedente à degradação. As estratégias que podem ser
adotadas para a RAD, são: regeneração natural sem manejo, regeneração natural com manejo,
plantio em área total e sistemas agroflorestais (SAFs) (EMBRAPA, 2023).

Segundo Brienza Júnior et al. (2009), algumas tecnologias são capazes de promover
melhorias na capacidade de produção em áreas alteradas, entre elas está o preparo de área sem
queima, o pastejo rotacionado, a integração lavoura-pecuária e os sistemas agroflorestais. Para
os autores supracitados, o uso de sistemas agroflorestais é considerado uma alternativa
sustentável a ser adotada, auxiliando em uma possível diminuição do desmatamento florestal,
quebra ciclos de monocultivos, e proporciona melhorias na qualidade química, física e
biológica do solo cultivado dentro do sistema.

Os SAFs são constituídos pelo uso e manejo do solo a partir da combinação de espécies
florestais a cultivos agrícolas e/ou pecuária, de modo simultâneo ou temporal em uma mesma
área, sendo planejado antecipadamente. Através do SAFs é possível diversificar a produção,
concomitantemente, aumentando a biodiversidade, gerando renda, reduzindo os riscos de
mercado para o produtor, diversificando e aumentando a oferta de alimentos, preservando o
solo e a água, além de promover desenvolvimento socioeconômico e ambiental (SENAR,
2017).

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar como alternativa de produção


o uso de sistemas agroflorestais, visando a recuperação e manutenção de áreas degradadas pelo
uso indiscriminado do recurso solo na Amazônia.

2 CAUSAS DE DEGRADAÇÃO DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO

A caracterização de áreas degradadas, normalmente, está associada a solos que sofrem


redução da sua capacidade produtiva em função de alterações nas propriedades químicas, físicas
e biológicas do solo estudado, levando a um declínio na produção, e por vezes, inviabilizando
o contínuo uso e manejo adequado do solo (KOBIYAMA et al., 2001).

Uma área está em processo de degradação quando perde o vigor, reduz a produtividade
e sua capacidade de regeneração natural. De acordo com a Embrapa (2021) é preciso identificar

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 240


ambiente, Volume 1.
os sinais de degradação, o nível de degradação em que se encontra e analisar suas causas, para
que se possa realizar as ações necessárias de manutenção ou recuperação, e assim garantir
sustentabilidade e uma produção de qualidade.

Assim, os fatores que causam a degradação do solo estão relacionados com a remoção
da cobertura vegetal; perda da fertilidade e compactação (COSTA et al., 2018; IMESON, 2006;
FAO, 2019), o superpastejo que induz a sua compactação; as atividades agrícolas sem o seu
manejo adequado; a exploração excessiva de vegetação para uso doméstico e atividades (bio)
industriais, entre outros (IMESON, 2006; FAO, 2019).

Além de favorecer a compactação do solo, há constante depreciação da pastagem no


sistema pastoreio contínuo, pois os animais percorrem maiores distâncias em busca de alimento
selecionado, maximizando o pisoteio, além do fato de o animal necessitar ruminar o alimento
após determinado tempo, sendo feito geralmente em posição de repouso (LANZANOVA,
2005).

Os resultados de um estudo desenvolvido por Borrelli et al. (2017), que objetivou avaliar
o impacto global do uso da terra no século 21, indicam que as atividades humanas e as mudanças
relacionadas ao uso da terra são as principais causas da erosão acelerada do solo.

A erosão, é um processo resultante da ação do vento e da água, sendo considerada a


principal causa da degradação dos solos, com a proporção de aproximadamente 85% (BRADY;
WEIL, 2013). Assim, a degradação da vegetação, bem como sua total retirada, reduz a
diversidade vegetal e a biota do solo, no qual o solo fica exposto e suscetível às ações dos
agentes erosivos (ventos e chuvas), comprometendo a fertilidade do solo, uma vez que, a erosão
resulta no arraste das partículas de argila, silte e matéria orgânica, ocasionando a perda severa
do solo, tendo como consequência baixa produtividade, poluição e depauperamento dos solos
(SALES et al., 2023).

A resistência do solo à penetração logo após a aplicação da compactação por uma


máquina carregadeira de 10 t apresentou aumento significativo até à profundidade de 12 cm em
um Latossolo Vermelho distroférrico típico (SUZUKI, 2005), enquanto em um solo franco-
arenoso houve aumento da resistência até 28 cm em tratamentos com e sem tráfego (STRECK
et al., 2004).

Efeito negativo da compactação adicional na porosidade, densidade e condutividade de


um Argissolo Vermelho distrófico arênico foi constatado por Lima et al. (2006). O efeito da
compactação subsuperficial na redução da taxa de infiltração de água no solo, foi demonstrado

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ambiente, Volume 1.
por Alves et al. (2005). A compactação, principalmente superficial, causada por quatro passadas
de uma carregadeira pesando 10 t reduziu a altura das plantas de soja e milho em um Latossolo
Vermelho distroférrico típico (SUZUKI, 2005).

Além do desmatamento da floresta amazônica, outros problemas ambientais que geram


impactos diretos na degradação do solo em sistema de produção são a pecuária, a agricultura
de larga escala, que prioriza o monocultivo, bem como a agricultura de corte e queima (SALES
et al., 2023).

Em estudo sobre o efeito do fogo nas propriedades químicas do solo em duas áreas,
correspondendo a floresta nativa e plantio de cupuaçu em Porto Velho, Mercante et al. (2014)
observaram como resultado pequenas alterações nos atributos químicos do solo após o incêndio,
no qual os atributos pH, H+Al e CTC tiveram seus valores reduzidos quando avaliado dois
meses após a queima, retornaram aos seus valores de referência aos setenta e dois meses por
ocasião da última avaliação. Enquanto, Ca, Mg e MO, também apresentaram redução nos
valores dos atributos químicos, e mesmo após os setenta e dois meses do incêndio os valores
não alcançaram os níveis de referência das áreas que não foram atingidas pelo ocorrido.

As queimadas contribuem significativamente para a degradação do solo, devendo ser


evitada, tendo em vista os impactos causados nos atributos químicos, físicos e biológicos,
contribuindo para o adensamento do solo, por favorecer a redução do volume de macroporos,
tamanho de agregados, taxa de infiltração de água no solo e aumento da resistência à penetração
de raízes. Além de contribuir com a emissão de gases de efeito estufa, aumentando a
erodibilidade, devido a remoção da cobertura vegetal do solo, então mesmo que ocorra um
aumento imediato de alguns nutrientes após esse processo, os prejuízos são superiores, uma vez
que pode ocorrer a perda da camada arável do solo juntamente com essa breve fertilidade
através de processos erosivos, ocasionando também a redução dos microrganismos do solo,
tendo impactos ainda maiores na mesofauna (REDIN et al., 2011).

Após estudos sobre os fluxos de mercúrio em uma floresta amazônica natural na bacia
hidrográfica de Serra do Navio, Fostier et al. (2000) inferiram que a degradação da cobertura
do solo em virtude das atividades antrópicas, mais especificamente a mineração, liberam
mercúrio no sistema aquático, principalmente através dos processos de lixiviação e erosão, após
o processo de degradação do solo.

Em estudo na região amazônica sobre nível de trofia em microbacias hidrográficas sob


diferentes usos de solo, foram obtidas em todas as áreas pesquisadas níveis de trofia por fósforo,

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ambiente, Volume 1.
seja via meios naturais, como na Floresta Nacional do Tapajós ou em decorrência de atividades
antrópicas, que ocorreram nas áreas Rodovia Curuá-Una (PA-370), Rodovia BR-163 e Projeto
de Assentamento Mojú (PA-Mojú). Tendo as microbacias do PA-Mojú, na qual predomina a
agricultura familiar, apresentando os maiores níveis de trofia tanto nos corpos aquáticos
presentes nas áreas agricultáveis (BR-163 e Curuá-Una) quanto nos corpos aquáticos das áreas
conservadas, onde o período chuvoso contribuiu para o aumento das concentrações de fósforo
total na água superficial destas microbacias, principalmente nas áreas sob influências das
atividades antrópicas (Curuá-Una, BR-163 e PA-Mojú), outro fator aliado a esse período que
favoreceu o aumento das concentrações de fósforo total nesse período foram as áreas de
drenagem desmatadas na agricultura (AGUIAR et al., 2015).

Diante disso, evidencia-se que as ações antrópicas não sustentáveis geram impactos
negativos no sistema, a exemplo da interferência na dinâmica do fósforo que resulta nas perdas
deste nutriente do sistema terrestre para os ecossistemas aquáticos, causando a eutrofização
destes devido a elevação da concentração do P, salientando a relevância de atividades agrícolas
aliadas a práticas conservacionistas do solo.

3 SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAFS) COMO PROMOTOR DA SAÚDE DO


SOLO

Estudo que avaliou os atributos químicos de um Argissolo Vermelho-amarelo em região


de cerrado, comparando Sistemas Agroflorestais (SAFs) com diferentes tempos de uso (com
seis e treze anos de adoção), agricultura de corte e queima, e floresta nativa, foi verificado que
os SAFs promoveram melhora nos indicadores químicos do solo, com aumento do pH, redução
da saturação por alumínio e aumento dos teores de nutrientes (IWATA et al., 2012).

Pesquisas realizadas no Baixo Amazonas, Pará, avaliou as propriedades químicas do


solo em diferentes formas de uso (cultivo de cacau, pastagem com 10 anos de pastejo contínuo
e SAFs com três anos de adoção), no qual observaram menores concentrações de alumínio
tóxico, maior teor de soma de bases e CTC efetiva são encontrados no SAFs, evidenciando que
o indicador da fertilidade do solo neste sistema promove maior disponibilidades de nutrientes
(ALVES et al., 2019).

Confirmando a eficiência que o SAFs tem em promover melhorias na fertilidade do


solo, Rebêlo et al. (2022) estudaram o estoque de nutrientes armazenados na serrapilheira de
três sistemas agroflorestais em Belterra, PA, sendo eles: SAF1: cumaru (Dipteryx spp.),
pimenta do reino (Piper nigrum L.), banana (Musa spp.), cupuaçu (Theobroma grandiflorum

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(Willd. Ex Spreng.) K. Schum) e açaí (Euterpe oleracea Mart.); SAF2: taperebá (Spondias
mombin L.), pimenta do reino e feijão guandu (Cajanus cajan) e SAF3: pimenta do reino,
moringa (Moringa oleifera Lam.) e cumaru (Dipteryx spp.).

Para estes autores, houve um enriquecimento nutricional nos três sistemas avaliados,
sendo o nitrogênio quantificado em maior proporção, além disso, os benefícios em seus
atributos químicos ocorreram em todos os SAFs avaliados, sendo um fator favorável o uso de
sistemas biodiversos para manutenção da fertilidade do solo.

A melhoria da qualidade física de um solo é evidente em sistemas integrado, estudo


realizado em Paragominas - Pará, quantificou os atributos físicos em três sistemas de manejo:
sistema ILPF-Paricá, lavoura com plantio convencional de milho (PM), pastagem manejada
com criação de gado de corte em sistema extensivo (PE), concluindo que as melhores condições
físicas (densidade, porosidade, teor e estoque de carbono) foram encontradas no ILPF-Paricá
(SALES et al., 2018).

Silva et al. (2011) estudando os atributos químicos e físicos do solo em sistemas


agroflorestais, sistema convencional e floresta nativa, concluíram que, apesar da fertilidade do
solo não diferir entre os sistemas de manejo, os atributos físicos avaliados (resistência à
penetração, porosidade, densidade, análise de agregados, argila dispersa em água e índice de
floculação), indicaram melhor qualidade física do solo em sistemas agroflorestais.

Em estudo relacionado aos atributos químicos e estoques de carbono e nitrogênio em


um Argissolo Vermelho-Amarelo, foi evidenciado a importância dos sistemas agroflorestais
para as melhorias nas características químicas do solo em relação à agricultura de corte e
queima e o sistema com base ecológica. No período seco, foram obtidos maiores valores de pH
no solo sob sistema agroflorestal, que diferiu significativamente dos demais sistemas, tendo
relação com a disponibilização de bases trocáveis, bem como com constante ciclagem da
biomassa vegetal, nesse mesmo período, também nesse sistema, foram obtidas as menores
concentrações de Al que tem relação com a baixa acidez apresentada (6,1) (LIMA et al., 2011).

Além disso, os teores de P no solo sob sistema agroflorestal foram seis e sete vezes
maiores do que na agricultura de corte e queima e na floresta nativa, respectivamente,
evidenciando a eficiência do SAF na ciclagem do P, que é considerado um nutriente limitante
para a produção vegetal, tendo em vista sua baixa concentração nos solos brasileiros. As bases
trocáveis, independentemente do período, apresentaram os maiores valores nos SAFs, e os
maiores valores de soma de bases em relação aos demais sistemas. Com o uso do SAFs foi

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ambiente, Volume 1.
possível aumentar os estoques totais de carbono e nitrogênio no solo, conferindo melhoria à
qualidade do solo, através de um manejo sustentável.

4 MODELOS BIODIVERSOS IMPLANTADOS NA AMAZÔNIA

Dentro deste modelo de produção, o SAFs é uma alternativa viável aos agricultores, que
podem consorciar culturas com valor econômico de mercado na mesma área, sempre atendendo
o manejo adequado das espécies utilizadas. Assim, o SAFs se caracteriza como alternativa de
desenvolvimento ambiental e socioeconômico, melhorando o ambiente de produção e gerando
renda ao produtor (OLIVEIRA et al., 2010). Os mesmos autores, estudaram dois modelos de
SAFs, quanto aos seus índices técnicos e viabilidade financeira no Acre, sendo, SAF1:
castanheira x cupuaçu x café (Figura 1) e SAF2: seringueira x café x banana x flemíngia (Figura
2). Para estes modelos, houve viabilidade financeira, relação benefício-custo e remuneração da
mão de obra familiar, entretanto depende de uma elevada mão de obra na fase intermediária
dos sistemas.

Figura 1: Consórcio agroflorestal composto por café, cupuaçu e castanheira, destacando-se a disposição das
plantas, espaçamentos e densidade para uma área útil de 1 hectare do sistema.

Fonte: Oliveira et al. (2010).

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Figura 2: Consórcio agroflorestal composto por café, banana, seringueira e flemíngia, destacando-se a
disposição das plantas, espaçamentos e densidade para uma área útil de 1 hectare do sistema.

Fonte: Oliveira et al. (2010).

Estudos com o objetivo de caracterizar sistemas agroflorestais no município de


Paragominas - Pa, identificaram as espécies mais utilizadas na construção de um modelo de
produção biodiverso, tendo 34 culturas prioritárias em SAFs, com destaques para o açaí
(Euterpe oleracea Mart.), perfazendo 30%; cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex
Spreng.) K. Schum.), totalizando 22%; abacaxi (Ananas comosus (L.) Merril), com 20%, as
demais culturas são melão (Cucumis melo L.); cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) e
melancia (Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum; Nakai.) (SANTOS; SILVA, 2020). Além disso,
os autores destacam que os principais componentes florestais utilizado pelos agricultores foram:
castanha do Pará (Bertholletia excelsa Bonpl.), com 100%; mogno (Swietenia macrophylla

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ambiente, Volume 1.
King.), com 67%; e andiroba (Carapa guianensis Aubl.), Ipê (Handroanthus albus (Chamiso)
Mattos) e Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex. (Ducke)), com 50% de participação nos
arranjos agroflorestais.

Em SAFs de agricultores familiares no município de Igarapé Açú - Pa, avaliaram sua


caracterização florística, implantação e manejo em 17 famílias de agricultores, onde se
identificou que as espécies mais utilizadas são pimenta-do-reino, mandioca, feijão, cupuaçu,
caju, açaí, pupunha, mogno e o nim indiano, além disso, os SAFs identificados possui baixa
diversidade e seu manejo é tradicional de baixo nível tecnológico (VIEIRA et al., 2007).

5 RELAÇÕES DE COMPLEMENTARIDADE ABAIXO DO NÍVEL DO SOLO EM


SISTEMAS AGROFLORESTAIS: GANHOS PARA O SOLO E PLANTAS

Nos ambientes de mata nativa ou em sistemas agroflorestais há o estabelecimento de


interações entre espécies arbóreas, que têm crescimento radicular mais profundo e espécies
lenhosas e/ou arbustivas cujo crescimento radicular é menos profundo. Essas interações
caracterizam-se por serem complementares, porque consistem na ciclagem de nutrientes ao
longo do perfil estratificado do solo ocupado pelos sistemas radiculares.

As raízes arbóreas, estratificadas sob a zona radicular das culturas, capturam os


nutrientes não utilizados que descem pelo perfil do solo. Este mecanismo de ação espacialmente
estratificada ao longo do perfil do solo, baseia-se na hipótese de partição de nicho, a qual visa
maximizar os ciclos fechados de nutrientes em sistemas agroflorestais, conforme Ong e Leakey
(1999). Ele mostra-se válido para os nutrientes bastante móveis, como o nitrato (NO3-), que se
deslocam nos solos por meio de fluxo de massa. Além desse mecanismo, que é similar a uma
rede de segurança, há o mecanismo de bombeamento de nutrientes, que consiste na aquisição
de minerais móveis e intemperizado em profundidades maiores do perfil do solo (LEHMANN,
2003), na translocação de nutrientes para os tecidos da serapilheira, na deposição de serapilheira
sobre a superfície do solo por meio da queda de serapilheira e na adição de nutrientes na
superfície do solo por intermédio de processos de decomposição (MAFONGOYA et al., 1998).

Todos os efeitos positivos do mecanismo de bombeamento de nutrientes são


condicionados à hipótese da proporção de biomassa (GRIME, 1998). Nesta hipótese, processos
ecossistêmicos, como a decomposição, dependem grandemente das espécies mais dominantes
na comunidade, que muitas vezes são as árvores. No interior da zona de interações entre árvores
e raízes de culturas, as raízes laterais finas são caracterizadas por uma série de aspectos relativos
à aquisição de nutrientes e características conservadoras, formando, desta forma, um eixo

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ambiente, Volume 1.
dominante de estratégias de aquisição de nutrientes entre espécies (WEEMSTRA et al., 2016;
ISAAC et al., 2017).

A dinâmica de raízes finas contribui substancialmente para a ciclagem biogeoquímica


em ecossistemas florestais (SILVER et al., 2005). Além disso, as raízes finas apresentam a
tendência de ser mais dinâmicas em comparação às raízes grossas, porque aquelas têm uma taxa
de crescimento mais alta (EISSENSTAT et al., 2000). Nesse sentido, a produção de raízes finas
pela comunidade arbórea e plantas em sistemas agroflorestais, contribui para a ciclagem
biogeoquímica porque permite uma exploração estratificada do solo. Assim, a baixa ou nula
dinâmica de absorção de água e nutrientes por raízes grossas presentes nas camadas superficiais
do solo é compensada pela presença superficial de raízes finas de espécies de ciclo curto, que
têm raízes com maior dinâmica de absorção. Essa relação de complementaridade é importante,
em particular de espécies fixadoras de nitrogênio que adicionam nitrogênio no sistema,
favorecendo as espécies arbóreas não fixadoras de nitrogênio.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atividades como o super pastejo, manejo inadequado das culturas, entrada excessiva de
maquinários para realização de atividade agrícolas, a agricultura convencional, entre outros,
vem contribuindo para elevar os níveis de compactação do solo em área plantada, assim, o uso
indiscriminado deste recurso é uma das principais causas de degradação dos solos agricultáveis.

O uso de sistemas agroflorestais torna-se uma alternativa de cultivo em função da


diminuição do desmatamento florestal, quebra ciclos de monocultivos, e proporciona melhorias
na qualidade química, física e biológica do solo cultivado dentro do sistema, além disso, o
consórcio de culturas, sempre atendendo o manejo adequado das espécies, proporciona
desenvolvimento socioeconômico, melhorando o ambiente de produção e gerando renda ao
produtor.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112318324

CAPÍTULO 18
SEMEADORA AGRÍCOLA MULTIFUNCIONAL

Francisco Ronaldo Belem Fernandes


Marcos Nabate Mendes Ferreira
Flávia Myllena dos Santos Araújo
Amanda Mariana de Andrade Lima
Gilvã Araújo Lima Junior
Marcelo Victor Batalha Marinho
Gean Carlos Moura Mota
Ana Maria Silva de Araujo

RESUMO
Com o apoio dos recursos solicitados realizar-se-á, a avaliação técnica, aprimoramento e melhoria da semeadora
agrícola multiculturas Tração animal, a citada inovação desenvolvida pela empresa Geramotos Autopeças LTDA
destaca-se principalmente, por ser direcionada para a agricultura familiar Cearense, sendo de grande relevância
para o referido setor e estado e para a região nordeste do Brasil. Pois, para o agricultor é de suma importância
possuir a máquina correta disponível no momento da semeadura, esse fato pode ser a diferença entre o sucesso
com o ganho na produção ou fracasso da atividade com perdas na produtividade, o que torna o planejamento
fundamental para o setor, diante do exposto a Geramotos desenvolveu uma máquina que é capaz de semear
diversos tipos de culturas, então com esse objetivo de levar a facilidade e inovação para o campo a empresa propõe
realizar a análise técnica, fazer testes de campo e melhorias necessárias para que se possa disponibilizar essa
inovação ao pequeno produtor em duas versões, uma de tração animal e outra com sistema autopropelido,
possibilitando ao agricultor familiar o aumente da sua produtividade de forma sustentável e econômica. A evolução
da tecnologia objeto deste projeto, bem como os resultados adquiridos até o momento só foram possíveis devido
à grande experiência do idealizador (Geraldo de Sousa Mota) em convivência no campo, devido apresentar origens
interiorana (é filho de agricultor) e na sua infância trabalhou no campo auxiliando seu pai. A empresa Geramotos
traz ao mercado regional e nacional uma inovação que permiti ao agricultor familiar acessibilidade na aquisição
de máquinas agrícolas, pois em relação as já existentes no mercado, os custos com aquisição e manutenção
apresenta-se muito menor. Assim, além de possibilitar ao agricultor familiar maior agilidade nas atividades de
campo, essa tecnologia acaba sendo um incentivo para as famílias permanecerem na zona rural.

PALAVRAS-CHAVE: Agricultura familiar; Produtividade; Semeadora.

1 INTRODUÇÃO

A pesquisa sobre a agricultura familiar aponta que, desde meados da década de 90, vem
ocorrendo um processo de reconhecimento e de criação de instituições de apoio a esta categoria,
e que políticas públicas específicas de estímulo aos agricultores familiares (como o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF), secretarias de governo
orientadas exclusivamente para trabalhar com a categoria. No âmbito do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, criou-se e promulgou-se em 2006 a Lei da Agricultura Familiar,
reconhecendo oficialmente a agricultura familiar como profissão no mundo do trabalho (IBGE,
2012).

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ambiente, Volume 1.
De acordo com a Lei nº 11.326, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar
rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes
requisitos, não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais, utilize
predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do seu
estabelecimento ou empreendimento, tenha renda familiar predominantemente originada de
atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento, dirija seu
estabelecimento ou empreendimento com sua família (IBGE 2012).

A agricultura familiar no Brasil é extremamente heterogênea, pois inclui famílias muito


pobres até famílias dotadas de grandes recursos. Neste sentido, embora a utilização da categoria
“agricultura familiar” seja útil e desejável para fins de política, é preciso assumir as
conseqüências da reconhecida diferenciação dos agricultores familiares, e tratá-los como de
fato o são: diferentes entre si, não redutíveis a uma única categoria simplesmente por utilizarem
predominantemente o trabalho familiar (SOUZA FILHO et al., 2007).

No Brasil desde 1998 foi institucionalizada uma abordagem dualista do seu setor
agrícola separando o apoio à agricultura familiar com a criação do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), do apoio à agricultura patronal, mantido mediante o
Ministério da Agricultura, da Pesca e da Alimentação (MAPA). Essa medida apenas cristalizou
a representação já forte no seio do governo e da sociedade de uma agricultura a duas velocidades
(SABOURIN, 2007).

No entanto, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB (2015), a


agricultura familiar é responsável por mais de 80,0% apresentando uma participação na
produção agrícola em torno de 40,0%. A maior parte dos alimentos que abastecem a mesa dos
brasileiros, na atualidade, é oriunda das pequenas propriedades.

Segundo o Censo Agropecuário, 20068 (IBGE, 2012) dos 80,25 milhões de hectares
ocupados pela agricultura familiar, apenas 17% desse total é destinado à lavoura, enquanto 49%
são destinados à pastagem.

Historicamente, os principais empecilhos para o desenvolvimento da produção agrícola


familiar no Brasil são: baixa capitalização, acesso a linhas de crédito oficiais, acesso à
tecnologia, disparidade produtiva inter-regional, acesso à assistência técnica à produção rural,
e acesso aos mercados modernos (JUNQUEIRA; LIMA, 2008).

Alves et al. 2005 relata que o agricultor quando equipado apenas com enxada, machado
e foice, uma família de seis trabalhadores não cultiva 3 ha. Por isso, os assentados da reforma

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ambiente, Volume 1.
agrária e os agricultores familiares buscam por meio dos governantes uma linha de crédito
adequado à mecanização. Ela é, assim, indispensável à plena ocupação do estabelecimento e ao
padrão de vida mais elevado da agricultura familiar.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Semeadora de precisão

Nas semeadoras de precisão as sementes são depositadas individualmente ou em grupos,


na linha, em intervalos regulares. De acordo com o autor a denominação “de precisão” refere-
se ao fato de o mecanismo dosador ter capacidade para apanhar uma semente ou um grupo delas
por vez e transferi-la para o mecanismo de deposição (SILVEIRA, 2001).

Silveira (2001) afirma que as semeadoras de precisão possuem uma unidade de


semeadura para cada linha de semeadura, cada uma dessas unidades é composta por reservatório
de sementes, dispositivos para a cobertura das sementes, dispositivos para transmissão de
movimento, estrutura-suporte, reservatório de semente, condutores de sementes, sulcadores,
cobridores de sementes, rodas compactadoras, controladores de profundidade, rodas de
acionamento, marcadores de linha e monitores de sementes.

Em alguns modelos de semeadoras, o chassi possui um sistema de paralelogramo


(pantógrafo) com duas barras verticais, uma fixa e outra articulada e duas horizontais paralelas
articuladas, permitindo à unidade semeadora seguir com maior facilidade as irregularidades do
terreno, assegurando uniformidade no posicionamento dos sulcadores, mantendo a
profundidade do sulco de fertilizante e a colocação das sementes, uma vez que as unidades só
se deslocam paralelamente à superfície do terreno. Deste modo, este sistema permite a flutuação
das linhas, mantendo o ângulo de ataque da haste ou o ângulo de convergência dos discos duplos
(SIQUEIRA, 2008).

2.2 Patinagem da roda motora da semeadora

Segundo Furlani et al. (2008) as semeadoras possuem mecanismos dosadores que são
acionados através de suas rodas motrizes que giram em função do contato com a superfície do
solo, estes mecanismos são responsáveis pelo acionamento da semeadora-adubadora para que
haja a correta adição das sementes solo.

Borsatto (2009) ressalta que as rodas motrizes acionam o sistema dosador de sementes
e de fertilizantes das semeadoras, por isso quando ocorre patinagem dessas rodas, os sistemas

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ambiente, Volume 1.
deixam de ser acionados impedindo que a semente e o adubo sejam depositados no solo, isso
acarreta falhas no plantio e consequentemente no estande final.

2.3 Profundidade de semeadura

A profundidade é um fator muito importante para a semeadura, pois é necessário que a


semente seja depositada a uma profundidade que permita um maior contato com o solo úmido
garantindo uma boa germinação (SILVA et al., 2008).

Koakoski et al. (2007) afirmam que se a profundidade em que a semente é depositada


no sulco for maior que a necessária para a sua emergência, a plântula levará mais tempo para
emergir, fazendo com que a semente permaneça exposta durante um período maior tornando-
se mais suscetível ao ataque de pragas, além da possibilidade da inviabilização da germinação
se for utilizado uma profundidade excessiva.

2.4 Mecanismos dosadores

Silva et al. (2000) afirma que as semeadoras adubadoras possuem diferentes mecanismo
dosadores de sementes, sendo os mais utilizados: disco perfurado, rotor acanalado, dedo
prensor, copo distribuidor e dosador pneumático. De acordo com os autores, estes mecanismos
ficam posicionados na máquina em uma distância do solo fazendo com que as sementes dosadas
percorram uma grande distância em queda livre, dentro de um tubo condutor, até o solo.

Segundo Portella (1997) os dispositivos dosadores de alta precisão são classificados


como dispositivos mecânico e pneumático, sendo que os dosadores de precisão mecânica
apresentam quase sempre uma forma de disco alveolado e são colocados no fundo do
reservatório, já os dosadores pneumáticos utilizam o ar para captar a semente através da
pressurização do ar e sucção que age no disco pneumático.

3 METODOLOGIA

3.1 Local da Avaliação

A avaliação do protótipo foi conduzido em uma área agrícola localizada na comunidade


Lustal município de Tauá-CE. Os testes foram realizados em solo preparado Figura 1A.

Para tracionar o Protótipo da semeadora melhorada foi utilizado um animal de pequeno


porte da raça Asno (nome científico: Equus africanus asinus) família Equidae popularmente
conhecido como Jumento, Figura 1B. Foi utilizado para realização dos testes de campo finais
uma semeadora modelo Geramotos (Figura 1C) com 2 linhas, com espaçamento de 0,70 m entre
as linhas com sulcadores tipo discos duplos, com acionamento dos órgãos ativos a partir do

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ambiente, Volume 1.
eixo da roda motriz e com mecanismo pantográfico, ou seja, para a semeadora acompanhar as
irregularidades do solo, e garantir uma maior eficiência.

Figura 1: Vista das áreas onde foram realizados os testes de campo com a semeadora, melhorada e auto
propelida em solo preparado.
A B C

Fonte: Autoria própria (2022).

Foi avaliado em campo o desempenho de um novo protótipo, este autopropelido, ou


seja, com um motor de 7,0 CV como fonte de potência para o deslocamento figura 2. As duas
semeadoras foram reguladas para obter um espaçamento aproximado de 14 cm entre as
sementes e profundidade média de 5 cm de acordo com as recomendações para a cultura do
milho no estado do Ceará (EMBRAPA, 2010). A regulagem foi realizada a partir da
mensuração do perímetro da roda motriz 2,56 m Figura 2, e em seguida girou a referida roda
até iniciar a queda das sementes para garantir que o disco dosador estivesse com semente nos
alvéolos, a partir desse momento contabilizou 5 voltas e ao final contabilizou o número de
semente e dividiu pelo comprimento correspondente as 5 Voltas.

Figura 2: Protótipo de semeadora Auto Propelida avaliado.

Fonte: Autoria própria (2022).

3.2 Distribuição das sementes da nova semeadora Geramotos


Na Figura 6 observa-se o esquema da área experimental e a maneira que foi realizada a
avaliação da distribuição de sementes, tanto em profundidade e espaço entre sementes.

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ambiente, Volume 1.
Figura 6A: Esquema da área experimental e avaliação da distribuição das sementes.
20 m

Fonte: Autoria própria (2022).

Na área utilizada para realizar a distribuição longitudinal foi demarcado uma distância
de 20 m para a distribuição longitudinal das sementes pela semeadora. A cada passada da
semeadora durante o processo de distribuição de sementes havia uma área de estabilização para
a semeadora de 5 m no início da área de distribuição de sementes, ou seja, os primeiros 5m
foram desconsiderados durante a avaliação.
Foram utilizadas 4 repetições, sendo que as repetições foram representadas por cada
faixa de distribuição de 20 m. Cada 1 metro avaliado foi representado pelo número de sementes,
ou seja, cada semente representava uma amostra. Foi utilizado o método da escavação manual
proposto por Baker et al. (1997), ou seja, os sulcos feitos durante o processo de semeadura
foram desenterrados cuidadosamente com o auxílio de uma faca de forma a não mover a
semente do local onde foram depositadas, a cada 1 m ao acaso foi utilizado uma régua para
avaliar os dados da distribuição longitudinal (Figura 3A) e a profundidade de deposição das
sementes no sulco (Figura 33).

Figura 3: Distribuição longitudinal das sementes, A- espaçamento entre sementes, B- profundidade da semente.
A B

Fonte: Autoria própria (2022).

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ambiente, Volume 1.
3.3 Avaliação dos espaçamentos entre sementes

Na Tabela 1 verifica-se a metodologia recomendada por Kurachi et al. (1989) e Albiero


(2010) para a avaliação dos espaçamentos entre sementes. Por meio desta metodologia os
espaçamentos coletados foram avaliados e classificados como duplos, aceitáveis ou falhos.

Tabela 1: Metodologia recomendada por Kurachi et al. (1989).

Fonte: (KURACHI et al., 1989).

3.4 Patinagem das semeadoras

Para medir o índice de patinagem das semeadoras foi adotado a metodologia


recomendada por Mialhe (1996), em que a roda de acionamento das semeadoras foram
marcadas, a partir dessa referência foi contabilizado o número de voltas que a roda de
acionamento das semeadoras durante o percurso experimental de 20 m contado. Foi utilizada
uma fita adesiva para marcar o pneu e um ponto base para que fosse contabilizado o número de
voltas. Foi necessário que uma pessoa percorresse os 20 m ao lado das semeadoras em uma
distância segura, para que o número de voltas fosse contado. A patinagem das semeadoras foi
determinada por meio da Equação 1:

Equação 1: Equação de patinagem de semeadoras.

Fonte: Mialhe (1996).

Onde:
Pt é a patinagem;
pr é o perímetro rodado pelo pneu acionado da máquina;
cl é o comprimento do espaço útil da linha experimental.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com a Tabela 1 observa-se os limites das faixas de classe de frequência


determinados por Kurachi et al. (1989), onde o autor classifica como espaçamentos duplos os
valores que são menores que 0,5.Xreferencial , aceitáveis valores que se encontram dentro dos
limites 14 a 1,5.Xreferencial e falhos os valores maiores do que 1,5.Xreferencial. O Xreferencial
corresponde aos espaçamentos teóricos de cada semeadora avaliada.

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ambiente, Volume 1.
Como as semeadoras foram reguladas para o espaçamento de 14 cm entre sementes os
seguintes limites foram estabelecidos para a classificação dos espaçamentos duplo, aceitáveis
e falhos:

Duplo = 7cm >14cm > 21cm = Falho

O gráfico 1 mostra a distribuição longitudinal de sementes realizada pela semeadora em


solo preparado, em que segundo a classificação de Kurachi et al. (1989), para distribuição
longitudinal a semeadora apresentou 100 % de espaçamentos na faixa do aceitável, ou seja,
com valores de espaço entre sementes maiores que 7 e menores que 21 e 0 % de espaçamentos
falhos e duplos. Concluiu-se que as melhorias realizadas na semeadora a tornaram mais
eficiente na distribuição longitudinal de semente.

Gráfico 1: Gráfico das médias do espaçamento entre sementes no solo preparado.

Fonte: Autoria própria (2022).

Ao ensaiar a semeadora auto propelida em solo preparado, à distribuição longitudinal


das sementes apresentou um comportamento diferenciado quando comparado o teste realizada
coma semeadora de tração animal, de acordo com a classificação de Kurachi et al. (1989), para
distribuição longitudinal de sementes a semeadora apresentou 20 % de espaçamentos falhos e
80 % de espaçamentos aceitáveis e 0 % de espaçamentos duplos Figura 8. Nesse caso, o
percentual de falha ainda está um pouco elevado, pois quando imaginamos a proporcionalidade
desse valor para uma área maior as perdas na produção final poderão impactar de forma
negativa na renda do agricultor.

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 2: Gráfico das medias de espaçamento entre sementes da semeadora auto propelida, solo preparado.

Fonte: Autoria própria (2022).

Segundo a Embrapa (2010), a profundidade de semeadura está diretamente relacionada


ao tipo de solo e sua capacidade de armazenamento de umidade tendo em vista que a semente
necessita de umidade para germinar, de acordo com os pesquisadores da referida instituição a
profundidade ideal está entre 3 e 7 cm de profundidade, para que as sementes possam se
beneficiarem do maior teor de umidade do solo. No teste realizado em solo preparado 100%
das amostras coletadas apresentaram valores distribuídos no intervalo recomendado.

Gráfico 3: Gráfico das médias de profundidade de sementes no solo preparado.

Fonte: Autoria própria (2022).

Ao avaliar a semeadora auto propelida, submetendo-a a condições de trabalho em solo


preparado, a mesma não realizou a deposição da semente na profundidade adequada em 20%
das amostras coletada, deixando muitas as sementes a 2cm de profundidade Figura 10, nesse
caso para um solo com baixa capacidade de retenção de umidade e em um veranico, a semente
poderá não germinar.

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 4: Gráfico das medias da distribuição vertical (Profundidade de semente), em solo preparado
(Semeadora Auto Propelida).

Fonte: Autoria própria (2022).

Ao avaliar o índice de patinagem no solo preparado observou-se que parte dos valores
obtido ficaram acima dos valores recomendado por Weber et al. (2001), que determinam uma
faixa de 3,2 a 8,8%. Quando se contabilizou a patinagem da semeadora de tração animal, foi
possível observa que em solo preparado 20 % dos valores obtido de patinagem foram superiores
ao recomendado. Quando foi avaliado a semeadora autopropelida, nas mesmas condições da
semeadora de tração animal, solo preparado, a mesma apresentou uma patinagem com 25% dos
valores coletado estão acima do recomendado. Esse fato pode esta associada ao teor de umidade
do solo, tendo em vista que o teste foi realizado no período chuvoso e com elevado índice
pluviométrico. Outro fator importante a semeadora ser leve.

Gráfico 5: Gráfico das médias de patinagem da Semeadora auto propelida A;semeadora tração animal B.

Fonte: Autoria própria (2022).

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ambiente, Volume 1.
No que se refere ao desempenho operacional, a semeadora de tração animal obteve uma
capacidade de campo efetiva de 0,095 ha. h-1. Considerando uma jornada de trabalho de 8 horas
a capacidade efetiva de plantio do protótipo é de 0,76 ha.

5 CONCLUSÃO

Durante os ensaios de campo foi possível observar vários pontos quanto a


adaptabilidade da semeadora para o trabalho em solo não preparado. A mesma apesar das
alterações não foi possível realizar o processo com eficiência. O principal objetivo do projeto
da semeadora, se baseia em um produto simples, de baixo custo e que possibilite ser tracionado
por um animal de pequeno porte. Para adequar a semeadora ao trabalho em solo não preparado
se faz necessário adicionar sistema de preparo de solo mais robusto com sistema de mola e
disco, a adição de lastro e disco para o corte de palhada, para que a mesma realize o preparo de
solo localizado de forma eficiente. Nesse sentido tornaria o equipamento mais oneroso, para
realizar a operação de campo seria necessária uma fonte de potência mais robusta, fugindo
assim do objetivo da empresa.

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Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola, 2001.

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DOI 10.47402/ed.ep.c2404112419324

CAPÍTULO 19
A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO DA CANA-DE-AÇÚCAR NOS PREÇOS DAS
TERRAS DA MICRORREGIÃO DE UBERABA – MINAS GERAIS 4

Kelly Aparecida Silva Jacques


Odilon José de Oliveira Neto
Waltuir Batista Machado

RESUMO
O Triângulo Mineiro é a região com maior concentração de unidades industriais do setor sucroenergético do estado
de Minas Gerais. Ante o exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar a influência do agronegócio da
cana-de-açúcar na variação dos preços das terras na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Os dados anuais
correspondem ao período entre 2001 e 2012. A estatística descritiva permitiu identificar as principais medidas de
tendência central e a dispersão das variáveis em estudo. A correlação linear de Pearson colaborou para a avaliação
do grau de associação entre elas. Para atingir o objetivo principal da pesquisa, optou-se por aplicar o modelo de
regressão linear múltiplo com o propósito de estimar a relação entre as variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar
e o preço da terra. Para tal, foi utilizado o software SPSS, que permitiu a efetivação de cálculos estatísticos de
forma que fossem excluídas as variáveis estatisticamente não significantes nas equações de regressão, o que foi
obtido pelo uso da técnica stepwise. Os resultados sugerem que a produção de açúcar e a produção de etanol anidro
são as variáveis que mais influenciam na variação dos preços das terras dos municípios de Conceição das Alagoas,
Água Comprida e Uberaba.

PALAVRAS-CHAVE: Agronegócio; Setor Sucroalcooleiro; Cadeia Produtiva da Cana-de-


açúcar; Preço de Terras; Triângulo Mineiro.

1 INTRODUÇÃO
Alguns fatores estimularam a expansão do setor sucroalcooleiro, dentre eles o aumento
da demanda por etanol e açúcar, tanto no mercado interno quanto externo, a crescente busca
por fontes alternativas de energias renováveis, assim como o potencial do etanol em substituir
os combustíveis classificados como não renováveis, e a evolução dos veículos automotores.

O primeiro choque de petróleo, resultado do conflito entre Israel, Síria e Egito, em 1973,
marca o início da busca por uma nova fonte energética. Com a consequente elevação do preço
do barril de petróleo, Brasil passou a buscar formas alternativas e, ao mesmo tempo, renováveis
para produção de combustível. Este processo se fez necessário devido à dependência do Brasil
na importação de 80% deste produto. Com isso, o governo brasileiro explorou meios para a
substituição do petróleo, incluindo o Programa Nacional do Óleo Vegetal (Proóleo), o

4
Essa pesquisa utilizou-se de recursos e apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais - FAPEMIG (Processo: APQ 00839-21), e apoio científico e tecnológico do Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (NEPACC-CTINFRA II-
UFU/FACES).

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ambiente, Volume 1.
Programa Nacional do Carvão (Procarvão) e o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), sendo
este último a escolha mais vantajosa.

A introdução do álcool como fonte alternativa motivou diversos investimentos nacionais


e internacionais, beneficiando a agroindústria da cana-de-açúcar. Além de renovável, a cana-
de-açúcar é uma fonte mais econômica que outras opções e causa um menor impacto ambiental.
Diferentemente da gasolina, o etanol produzido no Brasil é capaz de reduzir de 61% a 91% as
emissões de gases de efeito estufa, contribuindo, consequentemente, para a diminuição dos
gastos públicos destinados a problemas de saúde (UNICA, 2013).

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP),


aproximadamente 20% do combustível consumido no Brasil é de origem renovável. Além de
mitigar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera devido à menor liberação pelos
veículos, o cultivo de cana-de-açúcar também contribui para a absorção de dióxido de carbono
(CO2) liberado (BRASIL, 2012). O primeiro veículo movido a álcool foi produzido em 1978,
embora sua produção tenha se tornado mais evidente após a segunda metade da década de 1990,
devido a algumas mudanças ambientais e econômicas no país. Entre essas mudanças, destacam-
se a mudança de moeda, a abertura comercial e a criação do Protocolo de Kyoto.

O Protocolo de Kyoto, estabelecido em 1997, surgiu como um grande incentivo à


produção de cana-de-açúcar, visando conscientização ambiental e buscando amenizar os danos
causados pela emissão de gases na atmosfera. Esse cenário favorável à produção de bioenergia
não apenas reduziu a emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa, que contribuem para o
aquecimento global, mas também marcou a chegada do primeiro veículo flexfuel ao Brasil em
2003. Os respectivos veículos surgiram como um meio de contornar o preço relativamente alto
da gasolina durante este período. A preocupação com o meio ambiente em relação a esse fato
tem raízes que remontam à década de 1970, durante o Encontro de Nações em Estocolmo
(1972), quando se começou a discutir a utilização de biomassa para a criação de combustíveis
e energia, na época denominadas 'energias limpas', um conceito que mais tarde evoluiu para
energia renovável (MIRANDA; CARMO, 2009).

De acordo com o Ministério da Agricultura (2013), o Brasil é o maior produtor mundial


de cana-de-açúcar, com destaque para a região Sudeste como a principal responsável por essa
produção. Nesse contexto, os autores Lirio, Venâncio e Felipe (2006) apontam o Brasil como
pioneiro na produção de etanol, utilizando a cana-de-açúcar como matéria-prima, o que

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ambiente, Volume 1.
proporciona a vantagem da independência na importação de petróleo, substituindo-a pela
produção de etanol no próprio território.

O cultivo da cana-de-açúcar também está associado à geração de empregos e à migração


de famílias para áreas de plantio. As condições climáticas do país, o baixo preço das terras para
arrendamento, o alto incentivo tecnológico e o baixo custo de produção são consideradas
grandes vantagens para o Brasil (HERRERA et al., 2005). No estado de Minas Gerais, o relevo,
o clima e os recursos hídricos, especialmente na região do Triângulo Mineiro, mostraram-se
adequados para a produção de cana-de-açúcar.

Guimarães e Vieira (2010) destaca que 0,5% da área destinada à produção de cana-de-
açúcar no Brasil encontra-se no estado de Minas Gerais, sendo cerca de 70% dessa área
localizada na região do Triângulo Mineiro. Dados do Sindicato da Indústria de Fabricação do
Álcool do Estado de Minas Gerais (SIAMG) mostram que, em 2012, o Triângulo Mineiro já se
destacava como a região com a maior concentração de Usinas Sucroalcooleiras em Minas
Gerais. Nessa conjuntura, é relevante ressaltar que a maioria dessas indústrias está situada nas
proximidades do município de Uberaba-MG, que também é um dos maiores produtores de leite
e carne bovina no estado.

O Projeto de Lei n° 6077 de 2009, do Poder Executivo Federal, proíbe o cultivo de cana-
de-açúcar em regiões da Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai, conforme o Zoneamento
Agroecológico da Cana-de-Açúcar, instituído pelo Decreto 6.961 de 2009, promovendo o
plantio dessa cultura em Minas Gerais (EMBRAPA, 2013). Segundo a Associação das
Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), o Triângulo Mineiro foi responsável
por 69% de toda a produção de cana-de-açúcar no estado de Minas Gerais na safra 2012/2013.
Destaca-se que a chegada de usinas na região contribui significativamente para esse cenário.

Diante da perspectiva de crescimento do mercado sucroalcooleiro no Triângulo Mineiro,


podem surgir dificuldades, como a preocupação com a disponibilidade de terra agricultável para
a expansão da cultura da cana-de-açúcar. Surge, então, a seguinte questão: qual é o impacto do
agronegócio da cana-de-açúcar e seus agregados (produção, industrialização e consumo) no
preço da terra no Triângulo Mineira?

Neste contexto, o objetivo geral da pesquisa é verificar a influência do agronegócio da


cana-de-açúcar na variação dos preços das terras na microrregião de Uberaba no Triângulo
Mineiro, incluindo as terras dos municípios de Conceição da Alagoas e Água Comprida.
Espera-se que este estudo contribua não só para o meio acadêmico, dada a escassez de pesquisas

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ambiente, Volume 1.
relacionadas ao tema, mas também para os agentes da cadeia produtiva da cana-de-açúcar,
como proprietários e/ou arrendatários (produtores), usineiros e outras instituições ligadas ao
setor.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Histórico da Cana-de-Açúcar no Brasil

A cana-de-açúcar começou a ser produzida no Brasil no século XVI, contribuindo


significativamente para a economia colonial, uma vez que o açúcar era o principal produto
exportado para a Europa. Sua produção teve início na região nordeste do Brasil, em Pernambuco
e Bahia, e rapidamente expandiu-se para os estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Entretanto,
a produção de cana-de-açúcar começou a perder força no final do século XVII, quando houve
intensa produção nas ilhas da América Central (BRASIL, 2013).

Impulsionado pelo primeiro choque do petróleo, ocorrido devido ao conflito entre Israel,
Síria e Egito (em 1973), e com o apoio de subsídios governamentais e financiamentos públicos,
foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975. O objetivo era adicionar o
álcool, produto da destilação da cana-de-açúcar, à gasolina. Com a implementação do
Proálcool, a produção de cana-de-açúcar intensificou-se no país, dada a necessidade de se
reduzir a dependência de países produtores ou detentores dos direitos do petróleo. O programa
foi dividido em quatro fases.

A primeira fase do Proálcool é caracterizada pela produção de álcool anidro (aditivo à


gasolina), que resultou na redução da importação de petróleo e, consequentemente, na
diminuição do déficit da balança de pagamentos. Em 1978, surgem carros movidos a álcool
hidratado (substituto da gasolina), levando a um aumento do emprego no campo para a
fabricação desse produto.

A segunda fase do Proálcool, em 1979, é desencadeada pelo segundo choque do petróleo


resultante do conflito entre Irã e Iraque, que acarretou um aumento no preço do petróleo. Nesse
período, o governo incentiva a produção para impulsionar o consumo de carros a álcool. A
partir de meados da década de 1980, a crise consolida o álcool como substituto da gasolina. Na
década de 1990, intensifica-se a produção de carros movidos a álcool, cujo preço era inferior
ao da gasolina.

A terceira fase do Proálcool entra em crise devido à diminuição do preço internacional


do petróleo. Nos anos 1990, os usineiros começam a substituir a produção de açúcar pela
produção de álcool, incentivados pela abertura comercial.

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ambiente, Volume 1.
A última fase recupera força com a conscientização ao Protocolo de Kyoto em 1997,
que visava persuadir os países a reduzir em 5% a emissão de gases estufa na atmosfera
(MICHELLON; SANTOS; RODRIGUES, 2008). A substituição pelo combustível renovável
contribuía significativamente para esse programa, além de estimular a absorção de gases
lançados na atmosfera por meio da produção de cana.

No ano de 2012, último ano da série temporal de estudo, o estado de São Paulo liderava
o ranking brasileiro na produção de cana-de-açúcar, seguido pelos estados de Minas Gerais e
Goiás, respectivamente. Ao comparar os dois primeiros colocados, nota-se um crescimento
significativo em Minas Gerais (219%) e em São Paulo (58%) no intervalo de 2002 a 2012
(UNICA, 2013).

2.2 A Agroindústria Canavieira em Minas Gerais

A radiação constante e abundante distribuída ao longo das estações, tornam a terra e o


clima brasileiros favoráveis à para a produção de cana-de-açúcar. Além disso, o Brasil possui
um sistema hídrico natural propício para a produção e uma alta disponibilidade de terras e mão
de obra para o desenvolvimento do setor e o avanço da produção sucroalcooleira
(GUIMARÃES; BATALHA, 1997).

O programa Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, criado pelo Governo


Federal, tem como finalidade regulamentar o cultivo da cana-de-açúcar considerando o tripé da
sustentabilidade, abordando questões econômicas, ambientais e sociais em diferentes regiões
do país, baseando-se em diversos estudos. O cultivo é estritamente proibido em regiões da
Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai (MAPA, 2013).

A cana-de-açúcar destaca-se por ser uma cultura temporária, oferecendo retorno em


curto prazo. Portanto, o arrendamento de terras ganha vantagem competitiva, sendo muitos
proprietários utilizam esse meio como principal fonte de renda, chegando a trocar suas
atividades rurais pelo cultivo da cana-de-açúcar, evitando assim riscos econômicos agrícolas.
O cerrado, devido ao seu clima, relevo e abundância de recursos hídricos, torna-se uma escolha
atrativa para investimentos e instalações de usinas (MATOS; PESSOA, 2011).

A busca por terras é crescente, o que pode emergir a problemática de que a oferta de
terras tende a diminuir, e o preço pago pelo arrendamento pode estar sujeito a aumentos
progressivos (FICARELLI; RIBEIRO, 2010). O preço da terra é determinado pelo
comportamento do mercado de comercialização de seus produtos e sua relação com o custo de
produção. A variação no preço também pode ser influenciada pela expansão territorial das

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cidades (AGRIANUAL, 2010). Acredita-se que o processo de valorização de terras para o
cultivo de cana-de-açúcar seja em longo prazo, e que o investimento seja crescente. As regiões
com maiores potenciais de cultivo localizam-se em São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Minas Gerais concentra seu foco produtivo no sudoeste do estado, na região do


Triângulo Mineiro, considerando municípios com as melhores condições para o cultivo de cana-
de-açúcar. Essa escolha leva em consideração o potencial para a expansão territorial visando
ampliar o cultivo, a inserção de usinas e destilarias, e a excelente movimentação logística
proporcionada por rodovias e ferrovias (AGRIANUAL, 2007).

O preço passou por aumentos entre 2002 e 2004 em virtude do aumento dos preços
médios de commodities, principalmente soja, e ao avanço da perspectiva nos setores de
reflorestamento e sucroalcooleiro (FERRAZ; LOPES, 2006). Conforme o AGRIANUAL de
2009, a valorização do preço da terra a partir de 2006 foi impulsionada pela expectativa de
crescimento na demanda por etanol. Nesse período, observou-se a instalação de usinas, aumento
das vendas de carros flexfuel e a exportação do biocombustível, desencadeando uma corrida
por territórios ideais para o cultivo da cana-de-açúcar.

A Figura 1 indica a produção de cana-de-açúcar no estado de Minas Gerais ao longo de


uma série temporal de doze anos. Percebe-se que a cada ano o cultivo se intensifica, embora a
safra de 2011-2012 tenha apresentado um resultado inferior devido a chuvas irregulares nas
principais regiões produtoras. Entre 2009 e 2011, houve uma expansão significativa na
produção de cana-de-açúcar em terras mineiras (AGRIANUAL, 2011).

Em 2001, o plantio de cana-de-açúcar acompanhou o crescimento no território


brasileiro, impulsionado pela rentabilidade da indústria sucroalcooleira. Esse crescimento foi
sustentado pela desvalorização do real frente ao dólar, aumento nos preços do petróleo e a
aceitação internacional do açúcar, vendido a preços mais elevados (NEHMI FILHO, 2002).

Figura 1: Produção da cana-de-açúcar no estado de Minas Gerais.

Fonte: Adaptado de UNICA (2013).

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ambiente, Volume 1.
Além do crescimento no mercado internacional, o agronegócio da cana-de-açúcar
obteve um bom desempenho devido ao estímulo ao consumo de biocombustíveis no país. Essa
iniciativa visava mitigar os impactos ambientais e promover a produção em escala, resultando
na redução do custo de produção (PRUSH, 2004).

2.3 O Mercado Açucareiro

A abertura comercial em 1994 trouxe consigo o problema da superprodução de açúcar


devido à concorrência internacional. A permissão para a aquisição de derivados da cana no
exterior resultou em uma oferta excessiva de açúcar no mercado interno. Diante desse cenário,
as usinas passaram a considerar a produção de álcool mais rentável do que a de açúcar. Em
1999, a desvalorização do real impulsionou a produção tanto de açúcar quanto de etanol, desta
vez com foco no mercado externo (LIRIO; VENÂNCIO; FELIPE, 2006). A produção de açúcar
seguiu a mesma trajetória que a cana, registrando uma queda no ano de 2012, conforme
demonstrado na Figura 2. Essa redução ocorreu devido ao baixo nível de precipitação em
determinados períodos da safra 2011/2012.

Figura 2: Produção de açúcar no estado de Minas Gerais.

.
Fonte: Adaptado de UNICA (2013).

O maior concorrente do açúcar brasileiro é o açúcar europeu, devido aos incentivos


oferecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC) que subsidia a produção dessa
commodity. Isso ocorre porque na Europa o custo de produção é superior ao custo de produção
no Brasil (MARIOTONI; FURTADO, 2004).

Os principais importadores do açúcar brasileiro são a Índia, Rússia, Emirados Árabes,


Nigéria e Bangladesh (MAPA, 2010). A Figura 3 indica a quantidade de açúcar exportado nos
últimos anos. Observa-se que a exportação de açúcar não foi prejudicada em 2008, mesmo
sendo um período de crise financeira mundial. No entanto, houve uma queda significativa em
2011.

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ambiente, Volume 1.
Figura 3: Exportação de açúcar brasileiro.

Fonte: Adaptado de UNICA (2013).


2.4 O Mercado do Etanol

Vários fatores contribuem para o constante avanço do etanol brasileiro, incluindo


maiores investimentos tecnológicos na produção, preços acessíveis da terra e condições
climáticas favoráveis (HERRERA et al., 2005). De acordo com dados do Ministério da
Agricultura, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de produção de etanol,
ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que produz açúcar a partir do milho. Apesar de ser o
segundo maior produtor, o Brasil lidera em exportações. Os principais importadores são a União
Europeia, Jamaica, Coreia do Sul, Estados Unidos da América, Índia e Japão.

Conforme mostrado na Figura 4, a produção de etanol em Minas Gerais tem crescido


nos últimos anos, sendo que o etanol utilizado como substituto à gasolina se destaca em relação
ao aditivo. Isso ocorre porque o etanol puro é mais acessível ao consumidor final do que a
Gasolina C (gasolina + anidro), incentivando maior consumo e, consequentemente,
proporcionando um maior retorno aos produtores. A queda na produção de etanol em 2012 pode
ser atribuída à falta de manutenção canavieira, resultante de problemas climáticos. O verão
estava seco, e as chuvas foram intensas entre os meses de maio e junho, durante o período de
moagem, que começou com atraso (AGRIANUAL, 2013).

Figura 4: Produção de etanol no estado de Minas Gerais.

Fonte: Adaptado de UNICA (2013).

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ambiente, Volume 1.
A exportação do etanol brasileiro perde força devido à valorização do real em
comparação ao dólar e à eficiência do etanol produzido pelos Estados Unidos, resultando em
importações menores. Em 2010, por exemplo, o Brasil chegou a importar biocombustível
americano (AGRIANUAL, 2011).

Figura 5: Exportação de etanol brasileiro.

Fonte: UNICA (2013).

2.5 O Mercado automobilístico

O primeiro carro a álcool, o Fiat 147, foi produzido em 1978, coincidindo com a
transição do Proálcool para sua segunda fase, que incentivava a produção de álcool hidratado.
Motivada pelas crises ambiental e econômica, que impuseram a necessidade de buscar fontes
renováveis em substituição ao petróleo, a produção de carros a álcool tornou-se mais evidente
após a segunda metade da década de 1990.

O primeiro carro flexfuel surgiu em 2003, e desde então a aquisição desses veículos tem
crescido continuamente. No entanto, os consumidores tendem a abastecer o carro com gasolina
quando percebem que o valor do etanol ultrapassa 70% do preço, conforme indicado por uma
pesquisa realizada pela AGRIANUAL em 2011. A Tabela 1 apresenta a quantidade de veículos
flexfuel produzidos, bem como as respectivas variações anuais ao longo de um intervalo de
doze anos, de acordo com dados da ANFAVEA.

Após a crise de 2001, houve uma redução na alíquota de impostos para veículos
classificados como médios e populares, resultando em um aumento na demanda por veículos
desse padrão. Em 2003, iniciou-se a produção de carros flexfuel, e a produção teve um
crescimento constante até 2010. No entanto, em 2011, a produção sofreu uma redução de 3%,
voltando a crescer 6% no ano seguinte, em 2012.

Em 2008, o governo brasileiro incentivou o crescimento da demanda em setores


afetados pela crise, destacando-se o setor automotivo. Como medidas, o governo aumentou o

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ambiente, Volume 1.
crédito para o setor, tornou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) isento para carros
com motor 1.0 e concedeu isenção do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para
financiamento de veículos da categoria A, justificando assim o crescimento das vendas internas
(TCU, 2013).

Tabela 1: Produção de Veículos no Brasil (em unidades).


ANO Etanol Flex Total ∆%
2001 19032 - 19032 -
2002 56594 - 56594 197%
2003 34919 49264 84183 49%
2004 51012 332507 383519 356%
2005 29402 880941 910343 137%
2006 356 1392055 1392411 53%
2007 - 1936931 1936931 39%
2008 - 2243648 2243648 16%
2009 - 2541153 2541153 13%
2010 - 2627111 2627111 3%
2011 - 2550875 2550875 -3%
2012 - 2701781 2701781 6%
Fonte: ANFAVEA (2013).

3 METODOLOGIA

A pesquisa em questão é do tipo descritiva, com abordagem quantitativa. Foram


utilizados dados secundários em forma de séries temporais anuais entre os anos de 2001 e 2012,
provenientes das seguintes fontes: União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA),
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA) e Anuário
Estatístico da Agricultura Brasileira (AGRIANUAL).

O preço da terra é classificado como variável dependente, enquanto as variáveis


independentes do agronegócio da cana-de-açúcar selecionadas no estudo são: produção de
cana-de-açúcar, produção e exportação de etanol (hidratado e anidro), açúcar e quantidade de
veículos movidos a etanol (fabricados e vendidos internamente a atacadistas), conforme
indicado na Tabela 2.

Tabela 2: Variáveis do modelo de regressão múltipla.


Variável Código Característica Fonte
Preço da Terra PTERRA Dependente AGRIANUAL
Produção de Cana-de-Açúcar PC Independente ÚNICA
Produção de Açúcar PA Independente ÚNICA
Produção de Etanol Anidro PEA Independente ÚNICA
Produção de Etanol Hidratado PEH Independente ÚNICA
Exportação de Açúcar EA Independente ÚNICA
Exportação de Etanol EE Independente ÚNICA
Produção de Veículos Flex PRFF Independente ANFAVEA
Venda Interna de Veículos Flex VIFF Independente ANFAVEA
Notas: (PTERRA) Foram consideradas como variáveis dependentes os preços das terras a seguir: (CAU) Cerrado agrícola
de Uberaba, (PFU)Pastagem Formada Uberaba, (TACCA) Terra agrícola com cana em Conceição das Alagoas e Água
Comprida e (TACAU) Terra agrícola com cana de Uberaba. Observação: A região em estudo foi selecionada por ser uma
das maiores produtoras de cana-de-açúcar no Estado de Minas Gerais. Fonte: Dados da pesquisa (2013).

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ambiente, Volume 1.
A análise dos dados e resultados da pesquisa para atingir os objetivos propostos
compreende a apresentação da estatística descritiva, análise de correlação e regressão. A
estatística descritiva foi aplicada para verificar as principais medidas de tendência central e a
dispersão das variáveis em estudo. A inclusão da análise de correlação de Pearson no estudo
buscou avaliar o grau de associação entre as variáveis (ANDERSON; SWEENEY;
WILLIAMS, 2003). Em seguida, foi aplicado o modelo de regressão múltipla com o objetivo
de analisar como as variáveis independentes (variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar)
impactam na variável dependente (variação do preço da terra), conforme apresentado na
equação abaixo.

β 0 + β1 PC + β 2 PA + β3 PEA + β 4 PEH + β5 EA + β 6 EE + β 7 PRFF + β8VIFF + µt


∆PTERRA =

Em que:

∆PTERRA , é a variação do preço da terra no tempo t;

β 0 , é a constante da regressão;

β1 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de cana-de-açúcar;

β 2 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de açúcar;

β3 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de etanol anidro;

β 4 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de etanol hidratado;

β5 , é a elasticidade do preço da terra em relação à exportação de açúcar;

β 6 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de etanol;

β 7 , é a elasticidade do preço da terra em relação à produção de veículos flex-fuel;

β8 , é a elasticidade do preço da terra em relação à venda interna de veículos flex-fuel;

µt , é o termo de erro da regressão.

Para a análise de regressão e demais cálculos estatísticos, foi utilizado o software


Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão 20.0, e aplicada a técnica por etapas
(stepwise) para fins de exclusão das variáveis que não foram estatisticamente significativas no
modelo de regressão. Com o objetivo de verificar se os resíduos do modelo de regressão

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ambiente, Volume 1.
apresentam distribuição normal, utilizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov (K-S), o que contribui
para a avaliação da capacidade preditiva do modelo, dado o pressuposto de normalidade dos
resíduos na análise de regressão (ANDERSON et al., 2009). Os dados referentes às estatísticas
aplicadas no presente estudo são apresentados em tabelas com o intuito de viabilizar a análise
dos resultados, considerando o rigor estatístico dos respectivos testes.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A apresentação dos resultados da pesquisa tem início com a exposição das estatísticas
descritivas dos preços das terras da região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, considerando o
preço médio em reais por hectare por localidade (R$/ha), preço máximo (maior observação
encontrada) e preço mínimo (menor observação encontrada).

A Tabela 3 enfatiza a estatística descritiva dos preços das terras, e a Tabela 4 expõe as
medidas de tendência central e dispersão das principais variáveis relacionadas ao agronegócio
da cana-de-açúcar. Ambas as tabelas trazem também valores referentes à assimetria, curtose e
teste de Jarque-Bera, indicando que não há normalidade na distribuição dos dados temporais.

Neste contexto, a estatística descritiva dos preços das terras indica que o preço médio
das terras agrícolas com cana-de-açúcar de Uberaba, Conceição das Alagoas e Água Comprida
é significativamente superior ao preço da terra voltada para pecuária, denominada pastagem
formada de Uberaba (PFU).

Tabela 3: Estatística descritiva das variáveis de terras


Média Máximo Mínimo D-P Assimetria Curtose T. J-B p-valor
CAU 2832,0 6100,0 450,0 1781,6 0,325 1,958 0,754 0,686
PFU 5319,7 10000,0 2250,0 2438,6 0,439 2,185 0,718 0,698
TACCA 8780,8 14000,0 4500,0 2825,8 0,322 2,422 0,374 0,830
TACAU 7923,5 13800,0 3400,0 3197,3 0,287 2,205 0,480 0,787
Notas: (CAU) Cerrado agrícola de Uberaba, (PFU) Pastagem Formada Uberaba, (TACCA) Terra agrícola com
cana em Conceição das Alagoas e Água Comprida, (TACAU) Terra agrícola com cana de Uberaba, (D-P) Desvio
Padrão e (T.J-B) Teste Jarque-Bera.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Na Tabela 4, é possível verificar que a variável "exportação de açúcar" (EA) possui o


maior valor médio, seguido da "exportação de etanol" (EE), sendo este último o de maior
significância do modelo avaliado. Ambos também apresentam uma maior variação no seu
desvio-padrão, indicando uma maior oscilação considerando o valor médio das variáveis
avaliadas.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 277


ambiente, Volume 1.
Tabela 4: Estatística descritiva das variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar
Média Máximo Mínimo D-P Assimetria Curtose T. J-B p-valor
PC 30478 54629 10635 15747 0,281 1,618 1,113 0,573
PA 1885 3244 620 872 0,198 2,045 0,535 0,765
EA 2,E+10 3,E+10 1,E+10 5,E+09 0,076 1,863 0,658 0,720
PEA 478 781 280 153 0,457 2,160 0,771 0,680
PEH 883 1938 193 638 0,451 1,652 1,315 0,518
EE 2,E+09 5,E+09 3,E+08 1,E+09 0,139 2,437 0,197 0,906
PRFF 1453965 2701781 19032 1108173 -0,200 1,353 1,436 0,488
VIFF 1453965 2701781 19032 1108173 -0,200 1,353 1,436 0,488
Notas: (PC) produção de cana em mil toneladas, (PA) produção de açúcar em mil toneladas, (EA) exportação de açúcar em
kg, (PEA) produção de etanol anidro em mil m³, (PEH) produção de etanol hidratado em mil m³, (EE) exportação de etanol em
litros, (PRFF) produção de veículos flex-fuel em unidades, (VIFF) venda interna de veículos flex-fuel em unidades, (D-P)
Desvio Padrão e (T.J-B) Teste Jarque-Bera.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Após a verificação das estatísticas descritivas, apresenta-se na Tabela 5 a correlação


entre os preços das terras classificadas por localidade e caracterizadas como agrícolas ou para
produção pecuária, com as principais variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar.

Com base nos resultados da Tabela 5, pode-se notar que os preços das terras de Uberaba,
Conceição das Alagoas e Água Comprida são fortemente e positivamente correlacionados com
as variáveis relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar, com exceção da variável
"exportação de etanol" (EE), que não apresentou correlação estatisticamente significativa com
nenhuma das terras em estudo.

Os altos valores positivos da correlação entre a maior parte das variáveis do agronegócio
da cana-de-açúcar com os preços das terras de Uberaba, Conceição das Alagoas e Água
Comprida dão indícios de uma possível relação entre elas. Vale ressaltar que aproximadamente
93% das variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar apresentaram associação positiva superior
a 0,80 com o preço das terras da região de Uberaba no Triângulo Mineiro.

Tabela 5: Correlação entre o preço de terra e as variáveis relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar.


PC PA EA PEA PEH EE PRFF VIFF
CAU 0,9453* 0,9563* 0,8731* 0,9586* 0,8766* 0,5479ns 0,9270* 0,9270*
PFU 0,9170 *
0,9391 *
0,8207 *
0,9538 *
0,8415 *
0,5072 ns
0,8785 *
0,8785*
TACCA 0,9329* 0,9861* 0,8770* 0,9201* 0,8311* 0,4971ns 0,8956* 0,8956*
TACAU 0,9547* 0,9873* 0,9071* 0,9272* 0,8644* 0,5052ns 0,9235* 0,9235*
Notas: (CAU) Cerrado agrícola de Uberaba, (PFU) Pastagem Formada Uberaba, (TACCA) Terra agrícola com
cana em Conceição das Alagoas e Água Comprida, (TACAU) Terra agrícola com cana de Uberaba, (PC) produção
de cana em mil toneladas, (PA) produção de açúcar em mil toneladas, (EA) exportação de açúcar em kg, (PEA)
produção de etanol anidro em mil m³, (PEH) produção de etanol hidratado em mil m³, (EE) exportação de etanol
em litros, (PRFF) produção de veículos flex-fuel em unidades, (VIFF) venda interna de veículos flex-fuel em
unidades, (*) significante no nível de 1%, (**) significante no nível de 5% e (ns) não significante.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).

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ambiente, Volume 1.
Apesar da expressiva associação positiva entre os preços das terras da região de Uberaba
no Triângulo Mineiro e as variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar, a verificação efetiva da
relação entre elas foi ancorada na análise de regressão e nos respectivos modelos selecionados
a partir da técnica de stepwise que, ao penalizar as variáveis estatisticamente insignificantes,
determina que somente as variáveis com coeficientes beta significativos ao nível de 1% e 5%
façam parte da equação de regressão. Neste patamar, a estatística F contribuiu no sentido de
indicar a presença ou não de variáveis explicativas da variação nos preços das terras nos
modelos de regressão. No caso da estatística F, o ponto de corte para a exclusão do coeficiente
da equação de regressão foi a significância estatística ao nível de 5%.

Assim sendo, os modelos de regressão apresentados a seguir expõem o impacto das


variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar no preço das terras de Uberaba, Conceição das
Alagoas e Água Comprida no Triângulo Mineiro. A primeira avaliação a ser observada refere-
se às terras agrícolas com cana-de-açúcar dos municípios de Conceição das Alagoas e Água
Comprida, onde foram selecionados três modelos de regressão, conforme exposto na tabela 6.

Conforme pode ser observado, a variação do preço das terras de Conceição das Alagoas
e Água Comprida (TACCA) pode ser explicada pela volatilidade de três variáveis do
agronegócio da cana-de-açúcar. A partir da técnica stepwise, foram selecionadas as variáveis:
produção de açúcar (PA), produção de etanol hidratado (PEH) e produção de etanol anidro
(PEA). Assim sendo, os modelos 1, 2 e 3 explicam, respectivamente, em torno de 97%, 98% e
99% das variações dos preços das terras agrícolas de Conceição das Alagoas e Água Comprida
(TACCA). Verificou-se também, pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S), que a frequência
esperada dos resíduos das equações de regressão é igual à observada, o que confere o bom ajuste
preditivo dos modelos da tabela 6.

Tabela 6: Modelos de regressão entre as variáveis dependentes – terras do município de Conceição das Alagoas
e Água Comprida e variáveis independentes relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar.

TERRA AGRÍCOLA COM CANA-DE-AÇÚCAR


Modelo 1
Estatística F Estatística K-S Constante PA - - R² R²Ajustado DW
2755,499 0,986*
350,982 0,653
[7,834] [18,735]
(0,000) (0,787)
(0,000) (0,000) - - 0,972 0,97 2,463
Modelo 2
Estatística F Estatística K-S Constante PA PEH - R² R²Ajustado DW
2308,233 1,241* -0,284*
365,273 0,653
[8,275] [14,822] [-3,389]
(0,000) (0,787) - 0,988 0,985 2,463
(0,000) (0,000) (0,008)

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ambiente, Volume 1.
Modelo 3
Estatística F Estatística K-S Constante PA PEH PEA R² R²Ajustado DW
1717,963 1,043 *
-0,248 *
0,189 *
596,472 0,653
[7,188] [13,787] [-4,548] [3,725]
(0,000) (0,787) 0,996 0,994 2,463
(0,000) (0,000) (0,002) (0,006)
Nota: (PA) Produção de açúcar, (PEH) Produção de etanol hidratado, (PEA) Produção de etanol anidro, (*)
significante ao nível de 1%, (.) p-valor, [.] Estatística t.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Nesta conjuntura, ressalta-se que a produção de açúcar e etanol anidro apresenta uma
relação positiva com a variável dependente, ou seja, o aumento na produção destas variáveis
impacta positivamente na variação do preço da terra, enquanto a produção de etanol hidratado
apresenta uma relação inversa com o preço destas terras.

Em seguida, são apresentados na tabela 7 os modelos que melhor explicam as variações


dos preços das terras no município de Uberaba, caracterizadas como cerrado agrícola, pastagem
formada e terra agrícola com cana-de-açúcar.

O cerrado agrícola (CAU) teve seu modelo explicado por duas variáveis do agronegócio
da cana-de-açúcar, sendo estas, respectivamente, produção de etanol anidro (PEA) e produção
de cana-de-açúcar (PC). Somente a primeira variável é capaz de explicar em torno de 91% das
variações no preço do cerrado agrícola (ver modelo 4), enquanto que, ao incorporar a segunda
variável, eleva-se em 6% a explicação da variação dos preços do cerrado agrícola uberabense
(ver modelo 5). Diante deste fato, ressalta-se que há uma relação positiva entre a produção de
etanol anidro e a produção de cana-de-açúcar com o preço do cerrado agrícola de Uberaba, ou
seja, o aumento destas variáveis impacta positivamente na variação do preço deste tipo de terra.

Tabela 7: Modelos de regressão entre as variáveis dependentes – terras do município de Uberaba e variáveis
independentes relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar.
CERRADO AGRÍCOLA
Modelo 4
Estatística F Estatística K-S Constante PEA - R² R²Ajustado DW
-2492,425 0,959 *
113,194 0,499
[-4,761] [10,639] 0,919 0,911 1,890
(0, 000) (0,964) -
(0,001) (0, 000)
Modelo 5
Estatística F Estatística K-S Constante PEA PC R² R²Ajustado DW
0,499 -1896,270 0,559 *
0,471 *
232,428
(0,964) [-6,570] [6,435] [5,428] 0,981 0,977 1,890
(0, 000)
(0, 000) (0, 000) (0, 000)
PASTAGEM FORMADA
Modelo 6
Estatística F Estatística K-S Constante PEA - R² R²Ajustado DW
-1932,208 0,954 *
100,781 0,544
[-2,557] [10,039] - 0,910 0,901 1,487
(0, 000) (0,929)
(0,029) (0, 000)

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ambiente, Volume 1.
Modelo 7
Estatística F Estatística K-S Constante PEA PA R² R²Ajustado DW
-1303,070 0,565 *
0,441 **
91,839 0,544 1,487
[-2,127] [3,709] [2,897] 0,953 0,943
(0, 000) (0,929)
(0,062) (0,005) (0,018)
TERRA AGRÍCOLA COM CANA-DE-AÇÚCAR
Modelo 8
Estatística F Estatística K-S Constante PA - R² R²Ajustado DW
1097,121 0,987*
387,527 0,607
[2,893] [19,686] - 0,975 0,972 2,577
(0, 000) (0,854)
(0,016) (0, 000)
Modelo 9
Estatística F Estatística K-S Constante PA PEA R² R²Ajustado DW
104,203 0,762 *
0,256 *
424,825 0,607
[0,274] [10,556] [3,550] 0,990 0,987 2,577
(0, 000) (0,854)
(0,790) (0, 000) (0,006)
Notas: (PEA) Produção de etanol anidro, (PA) Produção de açúcar, (PC) Produção de cana-de-açúcar, (*)
significante ao nível de 1%, (**) significante ao nível de 5%, (.) p-valor, [.] Estatística t.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Para pastagem formada de Uberaba (PFU), foi verificado que a variação do preço é
explicada pelas variáveis: produção de etanol anidro (PEA) e produção de açúcar (PA).
Somente a produção de etanol é capaz de explicar 90% da variação dos preços da pastagem
formada de Uberaba (ver modelo 6). Porém, com a inclusão da variável produção de açúcar
(PA) no modelo, obteve-se uma evolução de 4% na explicação da variação do preço da
pastagem formada de Uberaba (PFU) (ver modelo 7). Nesta conjuntura, nota-se que a produção
de açúcar e etanol anidro apresentam uma relação positiva com a variável dependente, ou seja,
o aumento na destas variáveis impacta positivamente na variação do preço da terra da pastagem
uberabense.

Posteriormente, percebe-se que duas variáveis foram capazes de explicar a variação do


preço da terra agrícola com cana-de-açúcar de Uberaba (TACAU), sendo elas: a produção de
açúcar (PA) e a produção de etanol anidro (PEA), conforme modelos 8 e 9. Nota-se que 97%
das variações do preço da terra agrícola com cana-de-açúcar de Uberaba (TACAU) são
explicadas pela produção de açúcar, enquanto, ao inserir a variável produção de etanol anidro,
nota-se o incremento de mais de 1% de explicação à variação dos preços desse tipo de terra,
chegando ao maior nível de explicação entre os modelos estimados, correspondente a quase
99% (ver modelo 9). A partir da estatística de Kolmogorov-Smirnov (K-S), pôde-se notar que
os resíduos das equações apresentam distribuição normal, o que sugere uma apropriada
capacidade preditiva dos modelos da tabela 7. Diante deste contexto, percebe-se que o aumento
na produção de açúcar e etanol é capaz de impactar positivamente na variação do preço da terra
agrícola com cana-de-açúcar de Uberaba (TACAU).

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 281


ambiente, Volume 1.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo principal verificar a influência do agronegócio da


cana-de-açúcar na variação dos preços das terras na região de Uberaba no Triângulo Mineiro,
levando em consideração os seguintes agregados ligados à produção, industrialização e
consumo: produção de cana-de-açúcar, produção e exportação de açúcar e etanol (hidratado e
anidro) e produção e venda interna de carros flexfuel.

Os resultados das estatísticas descritivas apontam que os preços das terras voltadas ao
plantio de cana-de-açúcar de modo geral superam os valores de pastagem formada. Em seguida,
o teste de correlação apresentou evidências de uma forte associação positiva entre o preço das
terras da região de Uberaba no Triângulo Mineiro e as principais variáveis do agronegócio da
cana-de-açúcar.

A correlação estimada indica que uma possível alteração positiva nas variáveis do
agronegócio da cana-de-açúcar pode contribuir diretamente para o aumento do preço das terras
na região estudada, com exceção da variável exportação de etanol. Porém, a capacidade de
resposta dos preços das terras às variações no agronegócio da cana-de-açúcar foi fundamentada
na análise de regressão linear.

Neste contexto, os resultados da análise de regressão sugerem que a produção de açúcar


(PA), a produção de etanol anidro (PEA) e a produção de etanol hidratado (PEH) são as
variáveis que influenciam na variação do preço das terras na região de Uberaba.

Entre os modelos estimados, aquele que avalia a variação dos preços das terras agrícolas
para o cultivo de cana-de-açúcar nos municípios de Conceição das Alagoas e Água Comprida
foi o que apresentou maior poder de explicação para a variação dos preços do agronegócio da
cana-de-açúcar, com a equação de regressão sendo capaz de explicar 99,4% das alterações no
preço. Este modelo é constituído por três variáveis: produção de açúcar (PA), produção de
etanol hidratado (PEH) e produção de etanol anidro (PEA), conforme observado no modelo 3
da tabela 6.

Todavia, também merece destaque entre os modelos estimados o que se refere às terras
agrícolas voltadas para o cultivo de cana-de-açúcar no município de Uberaba. Neste caso, 98%
da variação do preço da terra se deve às alterações na produção de açúcar (PA) e produção de
etanol anidro (PEA), conforme pode ser observado no modelo 9 da tabela 7.

Neste contexto, as variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar, como a produção de


cana em mil toneladas (PC), exportação de açúcar em kg (EA), exportação de etanol em litros

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ambiente, Volume 1.
(EE), produção de veículos flexfuel em unidades (PRFF) e venda interna de veículos flex
(VIFF), não foram consideradas influenciadoras das variações nos preços das terras de Uberaba,
Conceição das Alagoas e Água Comprida.

Para estudos posteriores, recomenda-se a inclusão de outras variáveis de outras cadeias


produtivas do agronegócio para analisar a influência dessas isoladamente e em conjunto com
as variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar no preço das terras da região de Uberaba no
Triângulo Mineiro e de outras importantes regiões agrícolas brasileiras.

Além disso, o leque de métodos de regressão existentes para verificação desta


problemática recomenda-se também a utilização de outros modelos de análise, como, por
exemplo, os que consideram a variação dos betas no tempo (modelos heterocedásticos), e
também os que avaliam a velocidade de ajuste da variável dependente às alterações nas
variáveis independentes, como os baseados nas técnicas de cointegração, para uma melhor
compreensão da variação dos preços das terras em decorrência das alterações em variáveis das
cadeias produtivas do agronegócio brasileiro.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112520324

CAPÍTULO 20
ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO COMO INDICADORES DE DEGRADAÇÃO EM
NASCENTE URBANA1

Pedro Henrique Felipe da Silva


Elka Élice Vasco de Miranda
Liliam Silvia Cândido
Karoline Beatriz Brito Sanches
Nathally Botoluzzi
Petersson Cardoso de Souza
Rita Karoline da Silva Antônio
Thais Aparecida Santos Lopes

RESUMO
Nascentes são pontos iniciais de água que afloram na superfície do solo através do processo de exfiltração,
movimento inverso da infiltração de água, dando origem a pequenos cursos d’água, os quais são responsáveis pela
formação e sustento dos rios que estão inseridos em uma bacia hidrográfica. A conservação de nascentes é
imprescindível devido à sua contribuição para o ciclo hidrológico, sustento dos corpos hídricos e todos os
ecossistemas deles dependentes. Assim, o ambiente em sua volta como a topografia, o tipo de uso e manejo do
solo, a geologia, o clima e a cobertura vegetal, quando mal manejados, podem interferir na qualidade destas. Com
enfoque na conservação de nascentes, o presente estudo baseou-se em analisar a presença de degradação do solo
no entorno de uma nascente urbana no município de Dourados/MS, localizada em um parque de recreação utilizado
pela população. Para o embasamento e desenvolvimento da pesquisa, adotou-se os atributos físicos do solo no
entorno da nascente como indicadores da presença de processos erosivos, como erosão hídrica. Estes atributos são
responsáveis por fornecer subsídio à identificação da má qualidade de infiltração de água no solo, acarretando
escoamento superficial. Desta forma, amostras indeformadas de solo foram coletadas em três diferentes
profundidades, três repetições, sete pontos amostrais e analisadas quanto à textura, densidade, porosidade,
umidade e resistência mecânica do solo à penetração. Mediante os dados obtidos, realizou-se uma análise
estatística em um DIC (delineamento inteiramente casualizado) com o software Genes envolvendo os atributos
adotados como variáveis. Com base nos resultados da avaliação, condições favoráveis foram detectadas a partir
da comparação dos dados com o recomendado por pesquisadores da área, não havendo no local, riscos e
nem a presença de degradação.

PALAVRAS-CHAVE: Conservação do Solo; Recursos Hídricos; Impactos Ambientais.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Crispim et al. (2021), nascentes são pontos iniciais dos cursos d’água
formadores dos pequenos e grandes rios, sendo conhecidos também como minas, fio d’água,
olhos d’água e fontes, caracterizadas como os pontos nos quais a água subterrânea aflora
naturalmente através da superfície do solo, mesmo que de forma intermitente. A água, advinda
principalmente das precipitações, ao acumular-se em uma região, inicia o seu processo de
infiltração, transportando-se até o subsolo, abastecendo as águas subterrâneas. Conforme as
altas taxas de infiltração, o lençol freático se sobrecarrega e dá início a um dinamismo
denominado exfiltração, onde ocorre um movimento mais lento da água subterrânea em direção

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à superfície, sendo identificado neste local, uma nascente, contribuindo na formação,
abastecimento e permanência de bacias hidrográficas (TODD; MAYS, 2005).

É de suma importância que o abastecimento das águas subterrâneas e o processo de


exfiltração ocorra de maneira eficiente e com qualidade, sendo necessário para isto, que o solo
apresente boas condições de drenagem e permita que a água percole livremente pelo seu perfil,
havendo menores parcelas de escoamento superficial. A qualidade deste abastecimento pode
ser comprometida a partir da retirada da vegetação e aumento da compactação do solo,
favorecendo a enxurrada que carrega sedimentos e partículas de solos, sendo a sua deposição
final em corpos hídricos, aumentando as possibilidades de assoreamento e erosão hídrica.

Portanto, é imprescindível que o solo que norteiam os locais que contam com a presença
de nascentes exerçam este processo com eficiência e apresente resistência ao impacto das gotas
das precipitações, evitando a desagregação e transporte de sedimentos (LOPES, 2021). Neste
contexto, a avaliação da qualidade com que as águas se infiltram no solo pode ser avaliada
através da quantificação dos atributos físicos do solo, pois atuam como indicadores de
compactação, destacando a densidade do solo (Ds), resistência à penetração e volume total de
poros (VTP) como estes indicadores.

Mediante o exposto, o presente trabalho teve por objetivo quantificar os atributos físicos
do solo no entorno de uma nascente situada em perímetro urbano e, de acordo com os
resultados, concluir a suscetibilidade e/ou presença de degradação do solo deste local a partir
do diagnóstico de possíveis processos erosivos presentes.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Indicadores de qualidade Física do Solo

A qualidade física do solo está relacionada à sustentabilidade e a sua avaliação deve ser
realizada através de indicadores que reflitam o seu comportamento (PEREIRA et al., 2011).
Estes indicadores assumem grande importância frente à qualidade dos solos, pois estabelecem
relações fundamentais com os processos hidrológicos, principalmente em áreas de nascentes,
atuando na taxa de infiltração de água no solo, escoamento superficial, drenagem e erosão.
Possuem também função essencial no suprimento e armazenamento de água, de nutrientes e de
oxigênio no solo. Desta forma, os principais indicadores físicos propostos atualmente são:
textura; densidade do solo; porosidade total; umidade; resistência à penetração e velocidade de
infiltração básica de água no solo.

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A densidade do solo é determinada pela relação entre massa de solo seco e o volume
total que essa massa ocupa incluindo o espaço ocupado pelo ar e pela água. É afetada pela
cobertura vegetal, pelo grau de compactação, pelo teor de matéria orgânica, pelo uso e manejo
do solo e pela profundidade, ou seja, por praticamente todos os fatores que se relacionam à
estrutura do solo, de acordo com Argenton et al. (2005). Reichert et al. (2003) estabeleceram
valores de densidade crítica do solo para diversas classes texturais: 1,30 a 1,40 Mg m-3 para
solos argilosos, 1,40 a 1,50 Mg m-3 para os franco-argilosos e de 1,70 a 1,80 Mg m-3 para os
franco-arenosos.

A porosidade do solo está diretamente relacionada à estrutura e à textura, sendo que os


poros são definidos pelo arranjo e pela geometria das partículas, podendo ser distinguidos
quanto à tortuosidade, forma, comprimento e largura. A análise dos poros usualmente se baseia
na diferenciação do diâmetro em macroporos e microporos, associados aos processos de
aeração e drenagem, e retenção de água, respectivamente (AGUIAR, 2008). O estudo da
distribuição dos poros torna-se crucial para compreender o armazenamento e movimentação de
água no solo, assim como a aeração. Em solos arenosos, é comum a predominância de
macroporos, enquanto nos solos argilosos, a predominância é de microporos.

A Resistência Mecânica do Solo à Penetração (RMSP) é uma propriedade física do solo


que possibilita avaliar o grau de compactação das camadas, sendo um importante atributo físico
que pode ser avaliado por meio de ensaios de penetrometria, uma vez que a presença de uma
camada compactada em subsuperfície altera a capacidade de infiltração de água no solo,
resultando no aumento do volume do escoamento superficial (REICHERT et al., 2010).

Atualmente, os termos textura e granulometria estão sendo empregados como sinônimo


em diversos estudos, o que é um fato preocupante, pois textura é uma das características do solo
relacionada às partículas primárias (areia, silte e argila) e a sensação que estas partículas
oferecem ao tato (aspereza, sedosidade e pegajosidade). Por outro lado, granulometria do solo
está relacionada à proporção em que as porcentagens dessas partículas primárias estão
distribuídas em diferentes tamanhos definidos por diâmetros específicos. Este atributo do solo
é um dos mais importantes frente à qualidade física dos solos, uma vez que interfere na
dinâmica da adesão e coesão entre as partículas, bem como o manejo dos solos que, por
conseguinte, influencia a resistência do solo à tração, bem como a dinâmica da água (KLEIN,
2014).

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A umidade é uma relação básica na determinação da quantidade de água presente no
solo, podendo ser expressa tanto por unidades de massa (massa de água/massa de partículas)
quanto por unidades de volume de solo com a utilização de algumas metodologias. É um
aspecto importante pois, elevados níveis de umidade no solo, não permitirá que a água que
chegar ao solo se infiltre no mesmo instante (BRADY; WEIL, 2013).

3 MATERIAIS E MÉTODOS

A nascente em estudo está localizada em um parque urbano no município de Dourados,


Mato Grossso do Sul, sendo esta uma das nascentes do córrego Água Boa (área 01), localizada
nas coordenadas geográficas 22º13’41.90’’ de Latitude Sul e 54º50’0,4.54’’ de Longitude Oeste
(GOOGLE EARTH, 2023). De acordo com a classificação de Köppen, o clima da cidade é do
tipo Cwa – Clima Subtropical Úmido. Predominam na região desta nascente, solos
avermelhados classificados como Latossolo Vermelho Distroférrico, contando com a presença
de Gleissolos, localizados em baixadas, próximas às drenagens (MATSUMOTO et al., 2012).

Para a realização das análises, amostras indeformadas de solo foram coletadas com um
amostrador de Uhland e anéis volumétricos de Kopecky nas profundidades de 0,00-0,20 m,
0,20-0,40m e 0,40-0,60m, com duas repetições e sete pontos. As variáveis analisadas foram
textura do solo (composição granulométrica), determinada a partir do método do densímetro de
Bouyoucos, densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt) e umidade gravimétrica (Ug).
Realizou-se, também, ensaios de resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) com um
penetrômetro digital.

A determinação da densidade se deu utilizando a seguinte equação:


𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
𝐷𝐷𝐷𝐷 = 𝑉𝑉𝑉𝑉
(1)

Em que:

Ds: densidade do solo (Mg m-3);

Mss: massa de solo seco em estufa a 105º C;

Va: volume do anel volumétrico.

Determinou-se a Porosidade total do solo (Pt) através da seguinte equação:


𝐷𝐷𝐷𝐷
𝑃𝑃𝑃𝑃 (%) = �1 − �2,65�� ∗ 100 (2)

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Em que:

Pt = porosidade total (%);

Ds = densidade do solo (Mg m-3);

2,65 foi o valor de densidade de partículas adotado (MIRANDA et al., 2015 apud MOURA;
VIEIRA; CARVALHO, 1992).

Utilizou-se a seguinte equação para a determinação de Umidade gravimétrica:


𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 − 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑈𝑈𝑈𝑈 (%) = � 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
� ∗ 100 (3)

Em que:

Ug = umidade gravimétrica (%);

Msu = massa de solo úmido (g);

Mss = massa de solo seco (g).

Os ensaios de Resistência Mecânica do Solo à Penetração (RMSP) ocorreu ao lado de


cada ponto de amostragem com duas repetições, sendo as medições realizadas na profundidade
máxima de 0,60 m com o auxílio de um penetrômetro digital da marca Falker (PenetroLOG)
PLG 2010.

O delineamento experimental adotado foi o Inteiramente Casualizado (DIC). Os


resultados encontrados foram expressos como média ± desvio-padrão, submetidos à análise de
variância (ANOVA) e comparados entre si através do teste de Tukey, considerando o nível de
significância de 5% (p < 0,05) de probabilidade. A análise dos dados se deu com a utilização
do software GENES (Estatística experimental e matrizes).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O solo da área é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico (EMBRAPA,


2006), com 710 g kg-1 de argila, 175 g kg-1 de silte e 115 g kg-1 de areia. Os valores médios de
densidade do solo, porosidade total, umidade, e resistência mecânica do solo à penetração
avaliados nas três profundidades, estão dispostos na tabela 01.

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Tabela 01: Resultado das variáveis analisadas.
Atributos Físicos do Solo
Ds Pt RMSP Ug
Mg m-3 % MPa %
0,00 – 0,20 m
Área 01
1,34a 49a 0,576a 28a
0,20 – 0,40 m
Área 01
1,36a 49a 0,742b 26a
0,40 – 0,60 m
Área 01
1,31a 50a 0,722a 33a
C.V. (%) 6,30 8,68 20,50 16,66
Média geral 1,29 49,2 0,6823 29,19
Legenda: Densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt), resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) e
umidade gravimétrica (Ug). Médias seguidas de letras iguais na coluna não diferem estatisticamente entre si pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Fonte: Autoria própria (2024).

Os resultados mostram que a densidade do solo é maior na camada de profundidade de


0,20 a 0,40 m, com 1,36 Mg m-3, não apresentando diferença significativa a média da ANOVA
quando submetida ao teste de Tukey (p < 0,05), apresentando um C.V. de 6,30%. Estudos
desenvolvidos por Warrick e Nielsen (1980), para os atributos físicos do solo, classificaram da
seguinte forma: (C.V.<12% - baixo), (12% < C.V.< 60% - médio), e (C.V.> 60% - alto). Anjos
et al. (1994), obtiveram valores semelhantes de densidade do solo em área que apresentavam a
condição estrutural original do solo na presença de cobertura vegetal, fato observado na área de
realização deste trabalho, onde pode ser encontrada uma menor compactação natural do solo
devido à cobertura vegetal nativa e ausência de maquinários agrícolas, responsáveis por causar
maiores pressões contra o solo, degradando-o de maneira acelerada. Atributos físicos como
densidade são indicadores de qualidade do solo, entendendo como qualidade do solo a
capacidade deste em manter a produtividade biológica, a qualidade ambiental e a vida vegetal
e animal saudável (CARVALHO et al., 2007). Reinert e Reichert (2001), prescrevem como
densidade crítica do solo valores acima de 1,45 Mg m-3, sendo classificados como impeditivos
à penetração de raízes das plantas e, consequentemente, interfirindo na qualidade da infiltração
de água no solo. Outros pesquisadores, como Camargo e Alleoni (1997), consideram como
ideais as Ds compreendidas na faixa de 1,0 a 1,4 Mg m-3 para os Latossolos que possuem textura
muito argilosa. Maiores valores de densidade podem resultar numa maior degradação do solo
nas áreas em estudo, por reduzir o espaço poroso, diminuindo a permeabilidade e infiltração de
água, o que indicam uma possível compactação. Além disto, é um parâmetro importante por
ser utilizado para determinar a quantidade de água e nutrientes que existem no perfil do solo.

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ambiente, Volume 1.
De maneira geral, considera-se um solo ideal aquele que apresenta 50% ou mais do seu
volume total como sendo espaço poroso (CAMARGO; ALLEONI, 1997). Na perspectiva desta
pesquisa, os dados de porosidade total mostram que as médias, analisadas entre si nas diferentes
camadas, não apresentam diferença significativa pelo teste de Tukey (p < 0,05), sendo
encontrado um C.V. de 8,68%. A área conta com a presença de valores ideais de poros, sendo
a última camada avaliada com maior porosidade total com o valor de 50%. Estes dados
corroboram com os resultados encontrados por Siqueira et al. (2018), em estudos em ambiente
natural (florestas), onde a última camada avaliada apresentou maior número de poros devido à
sua maior distância da superfície, não sendo influenciado por pisoteio de qualquer natureza.
Farnezi et al. (2015) também encontraram resultados próximos, onde a porosidade total era de
45,84% em áreas do Cerrado, valor próximo do considerado ideal. Estes resultados corroboram
com os estudos desenvolvidos por Junqueira Júnior (2006), ao desenvolver pesquisas em uma
sub-bacia hidrográfica do Ribeirão da Lavrinhas, afirmando que a Porosidade total do solo é de
suma importância para as áreas de nascentes, uma vez que influem sobre a infiltração de água
no solo e diminuindo o escoamento superficial.

Considerando que a resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) guarda uma


relação direta com a densidade do solo (Ds) e uma relação inversa com o grau de umidade,
conforme destacado por Barros et al. (2018), observa-se que, para um determinado nível de
umidade, a RMSP aumenta proporcionalmente ao teor de argila presente no solo, conforme
destacado por Andrade et al. (2013). Entretanto, é importante ressaltar que, independentemente
da textura do solo, durante o período seco do ano, é esperado que os valores de RMSP sejam
elevados. Portanto, não se pode afirmar categoricamente que os pontos analisados estejam
compactados, embora, de maneira geral, apresentem níveis extremamente elevados de
resistência à penetração, havendo, nestes casos, a presença de compactação do solo. Nesta
perspectiva, os dados de RMSP se encontram no gráfico abaixo.

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Gráfico 01: Resistencia Mecânica do Solo à Penetração para a área estudada.

Resistência Mecânica do Solo à Penetração


(MPa)
0,000 0,200 0,400 0,600 0,800 1,000 1,200 1,400
0
5
10
Profundidade (cm)

15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
RMSP - Nascente em estudo

Fonte: Autoria própria (2024).

De acordo com os resultados dos ensaios de RMSP que se encontram na tabela 01, a
profundidade compreendida entre 0,20 m e 0,40 m constatou uma resistência à penetração
significativamente maior, registrando 0,742 MPa e diferença significativa pelo teste de Tukey.
O C.V. apresentou um valor de 20,50%, fato este em concordância com o que diz Silva (2018)
adaptado de Warrick e Nielsen (1980), ao trabalhar a RMSP em diferentes sistemas, a RMSP
nas diferentes posições, profundidades e áreas, apresentaram C.V. médio entre 12 e 60%,
concordando com resultados obtidos por Hickmann et al. (2012). Lunas e Ribas (2013), em
seus estudos sobre parques urbanos na cidade de Dourados/MS, mencionaram que devido à
revitalização, muitos parques possuem solos que, em outros instantes, foram trazidos de outras
localidades das quais não se têm conhecimento, havendo a presença de resíduos clandestinos
como cacos de vidro e restos de concreto em seus perfis, confirmados nos momentos de coletas.
Consequentemente, é plausível inferir que tais resíduos contribuem para a elevada RMSP
observada na camada avaliada, o que justifica o maior valor detectado. Além disso, outro fator
que influenciou sobre este atributo foi o maior valor de densidade do solo na mesma
profundidade e, como já mencionado, a Ds é um atributo que resguarda influência direta nos
ensaios de RMSP, uma vez que quanto maior a Ds, maior resistência em ser penetrado o solo
apresentará. Klein (2007), destaca que valores de resistência do solo à penetração entre 2 e 3
MPa são críticos para Latossolos. No mesmo instante, Bono, Macedo e Tormena (2013),
relatam que um valor de 2,0 MPa de resistência à penetração do solo têm sido associados a

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condições impeditivas para o crescimento das raízes das plantas e para a infiltração de água no
solo, onde pode ser notado que os resultados dos ensaios se apresentam dentro do limite
proposto, não sendo indicadores de dificuldade do escoamento vertical de água no solo.

A umidade gravimétrica refere-se à proporção de água presente no solo no momento


das coletas e realização de ensaios. Segundo os resultados obtidos, a área demonstrou o maior
teor de umidade do solo na camada de 0,40 a 0,60 m, apresentando 33% de umidade. Por outro
lado, o menor teor de umidade foi registrado na camada de 0,20 a 0,40 m de profundidade, com
26% de umidade. Conforme Venturoso (2014), a umidade do solo é um atributo que, em
condições normais, tende a aumentar a compactação do solo durante o preparo onde há a
presença de máquinas agrícolas cuja função é o manejo e preparo do solo. No entanto, nas áreas
estudadas nesta pesquisa, há ausência de atividades que exerçam consideráveis pressões sobre
o solo, sendo que este parâmetro requer atenção devido ao seu impacto direto na infiltração de
água no solo durante períodos de precipitação. Adicionalmente, é relevante salientar que
elevados teores de umidade podem interferir nos ensaios de penetrometria ao atuar como agente
lubrificante, resultando em dados imprecisos e não condizentes com as expectativas. Resultados
semelhantes foram encontrados por Valente et al. (2019), com umidade de 27% na camada de
0,20 m a 0,40 m avaliada, influenciando nos ensaios de RMSP, sendo estes maiores. No entanto,
as análises estatísticas realizadas mostraram que o maior e o menor valor do teor de umidade
não influenciaram sobre os ensaios de penetrometria.

A textura do solo representa um dos atributos preponderantes na determinação da


capacidade de retenção e infiltração de água no solo. Em solos de textura arenosa, a superfície
específica é menor, resultando em uma capacidade reduzida de retenção de água. Por outro
lado, solos de textura argilosa apresentam uma superfície específica maior, o que contribui para
uma maior capacidade de retenção hídrica. Ao examinar os valores de textura obtidos, observa-
se uma predominância significativa de argila em todas as profundidades analisadas. Isso indica
que os solos nesses locais podem ser classificados como de textura muito argilosa conforme a
classificação do triângulo textural da EMBRAPA (1997). Quadros e Franco Neto (2018)
abordam em suas pesquisas que solos dessa natureza, se tratando de Latossolos, possuem boas
características de drenagem e retenção de água, além de apresentarem índices moderados de
erosão.

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5 CONCLUSÃO

Na análise abrangente dos atributos físicos do solo conduzida na área em estudo,


emergiram dados reveladores que apontam para a conformidade desses parâmetros com as
diretrizes propostas por autores e pesquisadores da área. Os resultados obtidos, ao serem
contextualizados, analisados estatisticamente e comparados às referências bibliográficas
especializadas, indicam que os atributos físicos do solo se encontram em bom estado de
conservação, contando com a ausência de processos erosivos e, ainda, são passíveis de resistir
a possíveis impactos desta natureza. Assim, evidencia-se qualidade ao processo de infiltração
de água no solo, contando com menores parcelas de escoamento superficial pois não apresentam
camadas de solo compactadas.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112621324

CAPÍTULO 21
CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA, NUTRICIONAL E FÍSICO-QUÍMICA DAS
SEMENTES DE "MURICI-DE-VÁRZEA" (APTANDRA TUBICINA)

Vânia Maria Magalhães de Lira Teixeira


Anelise Maria Regiane
Evandro José Linhares Ferreira
Rui Santana de Menezes
Délcio Dias Marques

RESUMO
No Estado do Acre existem várias espécies vegetais cujas castanhas são ricas em óleo, sendo aproveitadas pelas
populações rurais para consumo como alimento ou aproveitamento do óleo para a fabricação de sabão. Uma
espécie oleaginosa nativa pouco conhecida, mas que já vem sendo explorada há muitos anos pelos habitantes do
interior do Estado do Acre, é o murici-de-várzea (Aptandra tubicina). Neste trabalho foram estudadas a ocorrência,
os usos e a descrição botânica da planta. Também foram realizadas análises físico-químicas da torta e do óleo
extraído do endosperma das sementes. Espera-se que os resultados desta pesquisa possibilitem no futuro o
estabelecimento de padrões para outros usos do murici-de-várzea. Para desengordurar a castanha foram utilizados
três tipos de solvente: éter de petróleo, etanol e hexano. A caracterização nutricional e físico-química do óleo e da
torta foram realizadas de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. O murici-de-várzea é
encontrado no Brasil (Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá, Bahia), Bolívia e Peru. Ocorre em
florestas primárias ou secundárias de terra firme, quase sempre ao longo da margem de rios, ou campinas, sobre
solos arenosos brancos. No Acre, esta espécie já foi encontrada nos municípios de Cruzeiro do Sul, Tarauacá,
Bujari, Rio Branco e Brasiléia. Os frutos são do tipo drupa, com formato globoso e sub-globoso, creme-amarelado
quando maduro, medindo 2-2,5 cm de diâmetro. A análise nutricional da amêndoa desta castanha levou a seguinte
composição: torta engordurada: umidade 20,51%, cinzas 1,62%, proteínas 14,24%, lipídios 40,44%, fibras 4,15%;
torta desengordurada com etanol: umidade 34,75%, cinzas 1,94%, proteínas 17%, lipídios 28,94%, fibras 4,15%;
torta desengordurada com éter de petróleo: umidade 19,48%, cinzas 2,35%, proteínas 14,80%, lipídios 8,80%,
fibras 3,37%; torta desengordurada com hexano: lipídios 26,78%. As características do óleo extraído com etanol
são: acidez total 2,97, acidez em ácido oléico 14,9%, índice de saponificação 199, índice de iodo 94,3, índice de
refração 1,48, índice de peróxido 10,7. O ponto de fusão do óleo extraído com éter de petróleo, determinado por
calorimetria diferencial exploratória, é 2 °C. A estabilidade térmica do mesmo óleo foi avaliada pela análise da
sua curva termogravimétrica, mostrando que este óleo é estável até cerca de 330 °C, quando começa a sua
decomposição. Concluída a etapa de caracterização botânica, nutricional e físico-química do murici-de-várzea,
observa-se o potencial uso da amêndoa como fonte alimentícia e do óleo como base para a fabricação de sabão ou
também com finalidades alimentares.

PALAVRAS-CHAVE: Óleo; Análise química; Murici-de-várzea.

1 INTRODUÇÃO

No início do século XX e durante a segunda guerra mundial, o Brasil exportou cerca de


40 tipos diferentes de óleos vegetais extraídos de plantas nativas da Amazônia (CLAY;
SAMPAIO; CLEMENT, 2000). Pesce (1941) apresenta uma extensa lista com mais de 100
espécies nativas produtoras de óleo que tinham sido submetidas a algum tipo de estudo pelo
Museu Comercial de Belém. Nesta época, apenas uma pequena parte do total de sementes
oleaginosas produzidas na região amazônica era aproveitada em razão da falta de mão-de-obra
para coletar os frutos na floresta. O processamento das sementes e a extração de óleo era feito

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ambiente, Volume 1.
em indústrias localizadas em Belém que na época exportavam o produto para São Paulo, Europa
e Estados Unidos. A produção de óleo a partir de sementes de plantas nativas era, no entanto,
feita de forma precária em razão das dificuldades para a coleta, o transporte e a conservação
das sementes.

Após a segunda guerra, a demanda por óleos vegetais produzidos na Amazônia caiu
vertiginosamente até a completa extinção do complexo industrial existente em Belém.
Contribuíram para esse fato a massificação do uso de energia elétrica e o cultivo em larga escala
de espécies oleaginosas anuais tais como soja, milho e girassol, e de espécies perenes,
principalmente o dendê (CLAY; SAMPAIO; CLEMENT, 2000). Esta tendência se manteve
inalterada até o final do século XX, quando se verificou um crescente interesse pelos óleos
vegetais provenientes de sistemas de produção que causassem baixo impacto ambiental.

O uso de óleos extraídos de espécies florestais nativas, especialmente em produtos


cosméticos, tem levado a um crescente interesse por espécies oleaginosas. No Estado do Acre,
dentre as espécies nativas que têm sido exploradas para extração de óleo e gordura com fim
comercial, destacam-se a "copaíba" (Copaifera ssp.), a "andiroba" (Carapa quianensis), a
"pimenta longa" (Piper hispidinervum), o "murmuru" (Astrocaryum ulei) e o "buriti" (Mauritia
flexuosa). Outras espécies com reconhecido potencial oleaginoso são exploradas para a
extração de óleo, em âmbito local, e usadas para a elaboração de sabão caseiro e na culinária.
Neste grupo encontram-se o "cocão" (Attalea tessmannii), a "castanha do brasil" (Bertholletia
excelsa) e o "patoá" (Oenocarpus batua). Embora reconhecidas como tendo grande potencial
econômico pelos habitantes das áreas rurais da Amazônia, estas espécies oleaginosas
permanecem à margem do mercado.

De fato, a maioria das espécies listadas por Pesce (1941) não apenas ficaram à margem
do mercado durante todos esses anos, mas permaneceram desconhecidas sob o ponto de vista
botânico e físico-químico no contexto tecnológico atual. Por essa razão, a Unidade de
Tecnologia de Alimentos - UTAL- e o Parque Zoobotânico PZ da Universidade Federal do
Acre - UFAC estão desenvolvendo atividades conjuntas para estudar os aspectos botânicos e as
características físico-químicas do óleo e da torta das espécies oleaginosas mais promissoras do
Acre e regiões adjacentes no Estado do Amazonas.

Uma espécie oleaginosa nativa pouco conhecida, mas que já vem sendo explorada há
muitos anos pelos habitantes do interior do Estado do Acre, é o murici-de-várzea (Aptandra
tubicina). Neste trabalho são apresentadas informações sobre a ocorrência, os usos, a descrição

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ambiente, Volume 1.
botânica da planta e os resultados das análises físico-químicas da torta e do óleo extraído do
endosperma das sementes. Espera-se que os resultados desta pesquisa possibilitem o
estabelecimento de padrões para outros usos do murici-de-várzea.

O objetivo geral desta pesquisa foi realizar a caracterização do óleo e da torta extraídos
do endosperma das sementes do murici-de várzea, e como objetivos específicos a realização da
caracterização botânica da espécie, a caracterização das sementes, a análise nutricional da
amêndoa, análise dos métodos de extração do óleo e caracterização físico-química do óleo.

2 METODOLOGIA

Os frutos do murici-de-várzea foram coletados no seringal Bom Destino, Município de


Tarauacá, Estado do Acre. Eles foram descascados e o endosperma (amêndoa) foi triturado
mecanicamente em liquidificador. A torta resultante foi dividida em duas amostras para a
realização das análises. Uma amostra foi analisada in natura e a outra foi analisada após
processo de desengorduramento usando-se dois tipos de solventes, éter-de-petróleo e etanol.
Para a extração do óleo foi usado um sistema de sucção a vácuo. A mistura óleo solvente obtida
foi colocada em um sistema roto-a-vapor que efetuou a separação destes produtos.

As análises físico-químicas foram realizadas na UTAL e a revisão botânica no Herbário


do PZ, da UFAC.

2.1 Composição centesimal

2.1.1 Lipídios

Para determinação do teor de lipídios, 2 g de amostra foram colocados em cartucho de


celulose e cobertos com algodão desengordurado. A extração se deu em aparelho do tipo soxhlet
(cujo balão foi previamente aquecido por 1 hora em estufa a 105 °C, resfriado em dessecador
até temperatura ambiente e pesado). Foram testados três solventes. A primeira extração foi feita
utilizando como solvente éter de petróleo por 6h; a segunda com etanol por 18h e terceira,
utilizou-se hexano por 18h. A quantidade de lipídios foi determinada para cada solvente. Este
procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo
Lutz, 1985.

2.1.2 Cinzas

Foram colocados cerca de 2 g de amostra em cadinho de porcelana previamente tarado.


O cadinho foi submetido a uma incineração preliminar e parcial em bico de Bunsen e, em
seguida, colocado na mufla a 550 °C durante 1h. A amostra foi resfriada em dessecador até

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ambiente, Volume 1.
temperatura ambiente e pesada até massa constante. A análise foi realizada em triplicata. Os
resultados foram expressos percentualmente em relação à massa da amostra integral ou seca.
Este procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).

2.1.3 Umidade

Foram colocados cerca de 5 g da torta em Béquer e o conjunto foi aquecido em estufa a


1000C durante uma hora. A amostra foi resfriada em dessecador por uma hora até temperatura
ambiente e pesada, repetindo-se a operação até obtenção de massa constante. A análise foi
realizada em triplicata. Os resultados foram expressos percentualmente em relação à massa da
amostra integral. Este procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas
do (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).

2.1.4 Proteínas

Foram feitas dosagens de proteínas a partir da determinação de nitrogênio pelo método


de micro-Kjeldahl (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985), utilizando o fator de correção de
5,75. Os resultados foram expressos em percentagem de proteína em relação à massa da amostra
integral ou seca. Este procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas
do (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).

2.1.5 Fibras

Foram pesados cerca de 2g da amostra desengordurada (utilizada na extração de lipídio),


em béquer de 600 ml. Foram adicionados cerca de 2 g de ácido tricloracético, 70 ml de solução
de ácido acético e 5 ml de ácido nítrico, e deixou-se em aquecimento durante 30 minutos. A
filtragem foi feita em funil de placa porosa previamente tarado. Após filtrada, a amostra foi
lavada com água até ausência de ácido acético. Depois, o precipitado foi levado à estufa a
110 °C por uma hora, resfriado em dessecador e pesado até massa constante. Os resultados
foram expressos percentualmente em relação à massa da amostra desengordurada. Este
procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).

2.2 Análise do óleo

2.2.1 Índice de saponificação

Foram pesados cerca de 2 g da amostra em um frasco Erlenmeyer de 250 ml. Adicionou-


se 20 ml de solução alcoólica de hidróxido de potássio 4%. Esta solução foi aquecida sob

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ambiente, Volume 1.
refluxo durante 30 minutos. Após resfriamento, adicionou-se 2 gotas do indicador fenolftaleína
e titulou-se com ácido clorídrico 0,5 N até desaparecimento da coloração rósea. Este
procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).

2.2.2 Índice de iodo

O índice de iodo foi determinado usando-se o método de Hübl, em que 0,25 g da amostra
foram pesados em béquer de 50 ml sendo depois transferidos com o auxílio de clorofórmio para
um frasco de 500 ml com rolha esmerilda. Adicionou-se 20 ml de solução de iodo, ficando o
sistema em repouso por 30 minutos ao abrigo da luz. Após este tempo, adicionou-se 10 ml de
iodeto de potássio 15% e 100 ml de água. O excesso de iodo foi titulado com solução de
tiossulfato de sódio 0,1 N. Este procedimento de análise encontrasse de acordo com as normas
analíticas do (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).

2.2.3 Índice de acidez

Foram pesados cerca de 2 gramas da amostra em um frasco Erlenmeyer de 125 ml.


Adicionou-se 25 ml de solução de éter: álcool (2:1) neutra sob agitação. A seguir, colocou-se 2
gotas do indicador fenolftaleína. A acidez titulável foi determinada mediante titulação com
NaOH 0,1 N, sendo os resultados expressos em acidez total e em acidez em ácido oléico. Este
procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).

2.2.4 Índice de refração (25 0C)

Foram colocadas duas gotas da amostra entre os prismas de um refratômetro. Fechado


o prisma e focalizado, a leitura da escala corresponde diretamente ao índice de refração absoluto
à temperatura ambiente. Este procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas
analíticas do (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985)

2.2.5 Índice de peróxido

Para a determinação do índice de peróxido, foram pesados cerca de 5 g da amostra em


frasco Erlenmeyer de 125 ml. Adicionou-se 30 ml de solução de ácido acético clorofórmio
(3:2). Agitou-se o frasco até dissolução da amostra. Em seguida, adicionou-se 0,5 ml de solução
saturada de iodeto de potássio. O sistema foi deixado em repouso por exatamente 1 minuto.
Adicionou-se 30 ml de água destilada. A solução foi titulada com solução de tiossulfato de
sódio 0,01 N, sob agitação constante. Prosseguiu-se a titulação até que a coloração amarela

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ambiente, Volume 1.
estivesse quase desaparecida. Adicionou-se 0,5 ml de solução de amido a 1% e prosseguiu-se
a titulação até o ponto final, quando todo o iodo se libera da camada de clorofórmio. Adicionou-
se, gota a gota, a solução de tiossulfato de sódio 0,01 N, até que a coloração azul desaparecesse.
Este procedimento de análise encontra-se de acordo com as normas analíticas do (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 1985).

2.2.6 Calorimetria diferencial exploratória

A curva termoanalítica foi obtida em equipamento DSC-50/ SHIMADZU numa faixa


de temperatura de -30 a 150 0C, com razão de aquecimento de 10 0C por minuto sob atmosfera
dinâmica de nitrogênio com vazão de 20 ml por minuto em cadinho de alumínio, utilizando-se
massa de amostra igual a 14,0 mg. Esta análise foi realizada no Instituto de Química de São
Carlos — Universidade de São Paulo.

2.2.7 Termogavimetria

A curva termoanalítica foi obtida em equipamento TGA-50/ SHIMADZU numa faixa


de temperatura 25 a 700 0C, com razão de aquecimento de 10 0C por minuto sob atmosfera
dinâmica de nitrogênio com vazão de 20 ml por minuto em cadinho de platina, utilizando-se
massa de amostra igual 5,786 mg. Esta análise foi realizada no Instituto de Química de São
Carlos - Universidade de São Paulo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Taxonomia, descrição botânica e distribuição geográfica do muricide-várzea


(Aptandra tubicina)

O murici-de-várzea pertencente à família Olacaceae, gênero Aptandra. Este gênero está


composto por 3 espécies, duas delas neotropicais e uma nativa do continente africano
(SLEUMER, 1984). O murici-de-várzea corresponde à espécie A. tubicina, anteriormente
conhecida como A. spruceana. Esta espécie também é conhecida por outros nomes vulgares
como castanha-de-cutia, quinquió e sapucainha (CAMARGOS, 2001). É encontrada no Brasil
(Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá, Bahia), Bolívia e Peru. No Pará esta
espécie é conhecida como sapucainha (PESCE, 1941). Ocorre em florestas primárias ou
secundárias de terra firme, quase sempre ao longo da margem de rios, ou campinas, sobre solos
arenosos brancos. No Acre, esta espécie já foi encontrada nos municípios de Cruzeiro do Sul,
Tarauacá, Bujari, Rio Branco e Brasiléia.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 304


ambiente, Volume 1.
O murici-de-várzea é uma arvoreta ou árvore, com 8 a 30 metros de altura, com diâmetro
de até 60 cm. A casca externa é rugosa ou lisa e a casca interna amarelada. A espessura da casca
varia de 0,1 a 0,7 cm. Os ramos laterais são finos e semi-circulares. O caule é sulcado e mede
entre 5 e 15 m de comprimento. Possui folhas simples, alternas, inteiras, dispostas em intervalos
de 2,2-4 cm. O pecíolo varia de 0,5 a 1 cm de comprimento. O limbo possui forma elíptica ou
elíptica-oblonga, com 3,4 a 10,9 cm de comprimento e 1 a 4,5 cm de largura. As margens são
inteiras e o ápice é acuminado. A nervura central é depressa na face adaxial e proeminente na
face abaxial. As nervuras laterais são peninérveas e salientes na face abaxial. A inflorescência
é do tipo panícula desenvolvendo-se na axila das folhas. As flores maduras possuem corola
tubular e alongada na base e formato sub-globoso no ápice. Os frutos são do tipo drupa, com
formato globoso e sub-globoso, creme-amarelado quando maduro, medindo 2-2,5 cm de
diâmetro (SLEUMER, 1984). O cálice do fruto é semi-membranáceo, recobrindo cerca da
metade do comprimento dos frutos. O epicarpo é verde a verde-amarelado.

3.2 Composição centesimal

3.2.1 Lipídios

Lipídios constituem os principais componentes insolúveis em água dos alimentos. A


importância na determinação do teor de lipídios é decorrente deste composto ser uma das
principais fontes nutricionais (ARAÚJO, 1999). Esta classe de compostos é utilizada como
matéria-prima para a fabricação de sabões e como combustível, principalmente em lamparinas
caseiras.

A partir dos resultados para o murici-de-várzea, apresentados na figura 1, observa-se


uma grande diferença na quantidade de lipídios obtida de acordo com o tipo de solvente
utilizado para extração do óleo, quanto mais efetiva a extração, menor a quantidade de lipídeos
restante na torta. Assim, a extração feita usando éter-de-petróleo como solvente levou à
obtenção de maior quantidade de lipídios, ou seja, um menor teor de lipídeos é observado na
torta desengordurada.

Pode-se comparar o teor de lipídeos do murici-de-várzea in natura com os teores de


outras espécies (figura 1). Observa-se que o murici-de-várzea apresenta um teor de lipídios mais
baixo.

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ambiente, Volume 1.
Figura 1: Gráfico comparativo do teor de lipídeos de algumas espécies oleaginosas: 1- murici engordurada, 2-
Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4- Murici desengordurada
com hexano, 5- Castanha-de-caju, 6- Castanha-do-Brasil.
LIPÍDEOS %

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

3.2.2 Umidade

A umidade é a observação sobre a presença de água nos alimentos. Quanto menor o


conteúdo de água, menos susceptível ao ataque microbiológico é o alimento (ARAÚJO, 1999).
O teor de umidade verificado nas sementes de murici-de-várzea engordurada é de 20,5%.
Quando a amostra foi desengordurada com éter-de-petróleo este teor torna-se igual a 19,5%.
Usando etanol como solvente, a umidade obtida foi de 34,8%. Portanto, pode-se constatar que
o teor de umidade das amostras varia de acordo com o solvente usado no processo de
desengorduramento. O aumento de umidade quando se utiliza etanol para o desengorduramento
pode ser decorrente da presença de solvente residual na amostra. Como o etanol tem maior
afinidade com a água do que o éter de petróleo, a umidade na amostra torna-se maior.

Na figura 2 é feita a comparação do teor de umidade obtido para o murici-de-várzea in


natura com os de outras espécies. Observa-se que a amostra de murici-de-várzea apresenta um
teor de umidade maior do que o das outras espécies comparadas.

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ambiente, Volume 1.
Figura 2: Gráfico comparativo dos teores de umidade de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici desengordurada
com etanol; 2- Murici desengordurada com éter-de-petróleo; 3- Murici engordurada; 4-Castanha-do-Brasil; 5-
Castanha-de-caju (MELO,1998).
UMIDADE%

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

3.2.3 Cinzas

O teor de cinzas expressa a quantidade presente na amostra de compostos que não


podem ser incinerados. Estes compostos são geralmente óxidos metálicos, assim, amostras com
alto teor de cinzas apresentam em sua composição uma quantidade maior de metais, ou sais
minerais (PANEGASSI, 2000). A partir dos resultados obtidos, apresentados na figura 3,
verifica-se que os teores de cinzas das amostras engordurada e desengordurada são diferentes,
variando entre 2,16% (amostra engordurada), 2,35% (amostra desengordurada com éter-de-
petróleo) e 2,47 (amostra desengordurada com etanol). O teor de cinzas é maior para as
amostras desengorduradas justamente porque estas têm menor quantidade de lipídeos em sua
composição, assim o percentual de todos os outros componentes tende a aumentar. Quando se
compara estes valores com os da castanha-de-caju e da castanha-do-brasil, percebeu-se que o
murici-de-várzea apresenta um menor teor de cinzas, o que pode significar que esta castanha
possua uma menor quantidade de sais minerais.

Figura 3: Gráfico comparativo de teor de cinzas de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici engordurada,
2-Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4- Castanha-de-
caju, 5-Castanha-do-Brasil.
CINZAS%

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

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ambiente, Volume 1.
3.2.4 Proteínas

A avaliação proteica de uma castanha é muito importante quando se estuda seu potencial
como fonte de alimento. Os teores de proteína encontrados nos três tipos de amostras foram
bem diferenciados, como pode ser observado na figura 4. A castanha engordurada apresentou
14,2% em massa de fibras, a desengordurada com etanol 17%, e a desengordurada com éter de
petróleo apresentou 14,8%. Observa-se também que o teor proteico da amêndoa do murici-de-
várzea é menor do que o da castanha-de-caju e o da castanha-do-brasil.

Figura 4: Gráfico comparativo dos teores de proteínas de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici engordurada,
2- Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4-Castanha-de-caju, 5-
Castanha-do-Brasil.
PROTEÍNA %

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

3.2.5 Fibras
Os resultados do teor de fibra presente na torta de murici-de-várzea, quando comparados
com os das outras espécies comparadas, revela que o mesmo é maior do que o de castanha-de-
caju e menor do que o da castanha do Brasil (Figura 5).

São apresentados na tabela 1 os resultados da análise nutricional da amêndoa do murici-


de-várzea.

Tabela 1: Resultados da análise nutricional da amêndoa de murici-de-várzea


Amostra Lipídeos Cinzas Umidade Proteína Fibra
in natura 40,4% 2,16% 20,5% 14,2% 5,89%
Desengordurada 8,80 % 2,35% 19,5 % 14,8% 3,37%
com éter-de
petróleo
Desengordurada 28,9% 2,47% 34,8% 17,0% 4,15%
com etanol
Desengordurada 26,8% nd nd nd nd
com hexano
Legenda: nd = não determinado
Fonte: Dados da pesquisa (2003).

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ambiente, Volume 1.
Figura 5: Gráfico comparativo dos teores de fibra de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici engordurada, 2-
Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4- Castanha-de-caju, 5-
Castanha-do-Brasil.
FIBRA BRUTA %

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

3.3 Caracterização do óleo

3.3.1 Índice de saponificação

O índice de saponificação é importante para demonstrar a presença de óleos e gorduras


com ácidos graxos de baixa massa molar. É definido como o número de miligramas de
hidróxido de potássio necessário para neutralizar os ácidos graxos resultantes da hidrólise de
um grama da amostra. O índice de saponificação varia de acordo com a natureza dos ácidos
graxos constituintes da gordura. Quanto menor for a massa molar do ácido graxo, maior será
seu índice de saponificação. E ainda, quanto mais alto for o índice de saponificação mais se
presta o ácido graxo para fins alimentares (MORETTO, 1998).

Para determinação do índice de saponificação foram usadas duas amostras do óleo


extraído com etanol. A média dos resultados foi igual a 199, valor em concordância com o
encontrado na literatura para Aptandra spruceana - 196 (PESCE, 1941). A massa molar média
dos lipídeos presentes no óleo de murici-de-várzea, calculada a partir do valor do índice de
saponificação, é igual a 884 g/ mol. Este valor é maior do que o da massa molar média da
gordura de coco (649 g/ mol), por exemplo. Também pode-se comprovar por estas análises o
bom desempenho deste óleo para fabricação de sabão, o que já era de conhecimento popular
das comunidades que utilizavam o murici-de-várzea para fabricação de sabão caseiro.

3.3.2 Índice de Acidez

O índice de acidez revela o estado de conservação do óleo, uma vez que a acidez de uma
gordura decorre da hidrólise parcial dos glicerídeos. Assim, o índice de acidez é uma variável
intimamente relacionada com a natureza e a qualidade da matéria prima, grau de pureza da

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ambiente, Volume 1.
gordura e condições de sua conservação. O índice de acidez também pode ser expresso em
gramas de ácido oléico por cento (massa/massa).

O murici-de-várzea índice de acidez total igual a 2,97 e acidez em ácido oléico igual
14,9%. O índice de acidez em ácido oléico encontra-se em concordância com o valor
encontrado na literatura (PESCE, 1941) para Aptandra spruceana — 13,69%.

3.3.3 Índice de iodo

O índice de iodo é a medida do grau de insaturação do óleo. Como cada dupla ligação
presente no ácido graxo pode incorporar dois átomos de halogênio, quanto maior a insaturação
de um ácido graxo, maior o índice de iodo. Os óleos comestíveis podem ser classificados de
acordo com o índice de iodo (II) como secativos: II = 130 a 200; não secativos: II < 100; e semi-
secativos: II de valor intermediário (ARAÚJO, 1999).

O índice de iodo encontrado para o óleo de murici-de-várzea foi igual a 94,3; valor
próximo ao encontrado na literatura (PESCE, 1941) para Aptandra spruceana - 127. O óleo de
murici-de-várzea pode ser classificado como não secativo, apresentando um grau de insaturação
não muito elevado.

3.3.4 Índice de refração

Óleos e gorduras possuem poderes de refringências diferentes de acordo com a sua


natureza, desviando mais ou menos intensamente a luz que os atravessam. O índice de refração
de um óleo aumenta com o comprimento da cadeia de hidrocarboneto e com o grau de
insaturação dos ácidos graxos constituintes da gordura. O índice de refração obtido para o óleo
do murici-de-várzea foi igual a 148; valor em concordância ao encontrado na literatura (PESCE,
1941) para Aptandra spruceana - 1,50.

3.3.5 Índice de peróxido

O índice de peróxido indica o grau de oxidação do óleo, medindo, desta forma, o estado
de conservação do óleo. Os peróxidos orgânicos são formados no início da rancificação e atuam
sobre o iodeto de potássio liberando iodo que será utilizado na titulação com tiossulfato de
sódio. O método determina em moles por 1000 gramas de amostra todas as substâncias que
oxidam o iodeto de potássio. Estas substâncias são consideradas como sendo peróxidos ou
produtos similares provenientes da oxidação de gorduras. Foram obtidos nas amostras valor
médio de 10,7.

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ambiente, Volume 1.
3.3.6 Calorimetria diferencial exploratória

A curva obtida no experimento de calorimetria diferencial exploratória da amostra de


óleo de murici-de-várzea, extraído com éter de petróleo, é apresentada na figura 6. Podem ser
observados na curva dois picos endotérmicos. O primeiro a 2 °C relativo à fusão do óleo e o
segundo a 110 °C relativo à evaporação do solvente ainda misturado ao óleo, mostrando que o
processo de extração do solvente em equipamento roto-a-vapor não foi efetivo.

Figura 6: Curva da calorimetria diferencial exploratória de óleo de murici-de-várzea extraído com éter de
petróleo.

Fonte: Dados da pesquisa (2003).


3.3.7 Termogravimetria

A estabilidade térmica do óleo de murici-de-várzea pode ser avaliada através da curva


obtida em experimento de termogravimetria (figura 7) onde a perda de massa do óleo é avaliada
segundo o aumento de temperatura. A estabilidade térmica do óleo foi determinada através da
faixa de temperatura na qual a massa permaneceu inalterada. Na figura 7 observa-se perda de
massa do início do experimento, 23 °C, até temperatura em torno de 115 °C. Em concordância
com a curva de calorimetria diferencial exploratória, figura 6, esta perda de massa refere-se à
evaporação do solvente ainda presente na amostra de óleo.

O óleo de murici-de-várzea mostra-se estável até temperatura próxima a 330 °C, quando
inicia a sua decomposição. A acentuada perda de massa observada no intervalo de temperatura
de 330 a 508 °C refere-se à decomposição e carbonização do material. A partir de 508 °C a
perda de massa é mais lenta, isto pode significar que as reações de decomposição do óleo a
partir desta temperatura têm velocidades menores. A 700 °C ainda não é terminada a
carbonização, restando cerca de 7% em massa de material. Este fato mostra que este óleo não

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ambiente, Volume 1.
pode ser usado como combustível in natura, pois resíduos de carbonização restarão no motor
em que for utilizado.

Figura 7: Curva de análise termogravimétrica de óleo de murici-de-várzea extraído com éter de petróleo.

Fonte: Dados da pesquisa (2003).

Na tabela 2 são mostradas as temperaturas de estabilidade e as temperaturas finais de


decomposição de alguns óleos vegetais (FARIA, 2002). Pode ser observado que o óleo de
murici-de-várzea apresenta faixa mais ampla de estabilidade térmica, frente aos outros óleos
vegetais, e temperatura final de decomposição entre as mais altas. Na tabela 3 são apresentados
os resultados das análises do óleo de murici-de-várzea.

Tabela 2: Temperatura de estabilidade e temperatura final da decomposição de óleos vegetais.


Óleo Temperatura de estabilidade (°C) Temperatura Final de
Decomposição (°C)
Araticum 320 478
Babaçu 180 440
Buriti 321 483
Guariroba 283 433
Murici 271 477
Murici-de-várzea 330 508
Andiroba-de-rama 335 490
Fonte: Dados da pesquisa (2003).
Tabela 3: Características do óleo de murici-de-várzea (Aptandra tubicina) comparadas com os valores da
literatura para Aptandra spruceana.
Característica Aptandra tubicina Aptandra spruceana (Pesce,
(murici-de-várzea) 1941)
Índice de saponificação 199 196
Índice de iodo 94 127
Acidez total 2,97 -----
Acidez em ácido oléico 14,9% 13,69%
Índice de refração 1,48 1,50
Índice de peróxido 10,7 -----
Fusão 2 °C -----
Estabilidade térmica Até 330 °C -----
Fonte: Dados da pesquisa (2003), PESCE (1941).

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ambiente, Volume 1.
4 CONSIDERAÇOES FINAIS

A análise nutricional da amêndoa de murici-de-várzea mostrou que esta castanha pode


ser utilizada com finalidade alimentícia, seja na alimentação humana ou na animal.

Para a extração de lipídeos o melhor solvente dentre os utilizados neste trabalho foi o
éter-de-petróleo. No entanto, sugere-se mais estudos para determinar a melhor forma de
extração do óleo afim de aumentar o seu rendimento de obtenção. As características do óleo
obtido mostram que o mesmo também pode ser usado na alimentação. A partir do valor de
índice de saponificação percebe-se que o óleo pode ser usado na fabricação de sabão. O índice
de iodo revela tratar-se de óleo com baixo grau de insaturação; o que é interessante do ponto de
vista nutricional.

Observa-se que o óleo de murici-de-várzea apresenta faixa mais ampla de estabilidade


térmica, frente aos outros óleos vegetais, e temperatura final de decomposição entre as mais
altas. Entretanto, foi constatada presença de resíduo após processo de carbonização. Este fato
mostra que este óleo não pode ser usado como combustível in natura, pois estes resíduos
restarão no motor em que for utilizado. Porém é interessante para o uso como óleo de fritura,
uma vez que sua estabilidade térmica é maior.

REFERÊNCIAS

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exemplos e estratégias de utilização. Manaus: Inpa-SEBRAE, 2000. p. 409.

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INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz: Métodos físicos
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18, n. 2, Ma/Jul, 1998. Disponível em: https://www.scielo.br/j/cta/a/L83Lq63JkY-
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alimentos. São Paulo: Varela, 1998.

PANEGASSI, V. R.; SERRA, G, E.; BUCKERIDGE, M. S. Potêncial tecnológico do


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PESCE, C. Oleaginosas da Amazônia. Belém: Oficinas Gráficas da Revista Veterinária, 1941

SALVADOR, M. D.; ARANDA, F.; FREGAPANE, G. Influência do amadurecimento dos


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SOUZA, M. L. Estudo de processos tecnológicos para obtenção de produtos derivados da


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— Universidade Federal do Ceará.

SZENTMIHÁLYI, K. et al. oil obtained from waste hip seeds by different extraction methods.
Bioresource Technology. EUA, v. 82, n. 2, Abr, 2002. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0960852401001614#preview-section-
cited-by. Acessado em: Fev. 2003.

LISTA DOS ESPÉCIMES DE HERBÁRIO CONSULTADOS

Brasil, Acre, Município de Cruzeiro do Sul, Reserva Extrativista do Alto Juruá, margem direita
do rio Bajé, 1 1 Mar 1992, C.A. Cid Ferreira et al. 10758

Brasil, Acre, Município de Rio Branco, Parque Zoobotânico da UFAC, 24 Set 1980, S.R.
Lowrie B. Lowy, D. Coelho, M. Moreira e V.M. de Souza, 147.

Brasil, Acre, Município de Taraucá, rio Taraucá, margem esquerda do seringal Pacujá, 15 Nov
1995, M. Silveira, D. Daly, D. Costa, C. Ehrinqhaus, A.R.S. Oliveira, L. Lima e C.S.
Fiqueiredo, 962.

Brasil, Acre, Município de Bujari, Floresta Estadual do Antimari, colocação Mapinquari, 16


Set 1989, R.S. Saraiva et ai. 107.

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ambiente, Volume 1.
Brasil, Acre, Município de Brasiléia, estrada para Assis Brasil, Ramal 19, colônia Nova Vida,
a21km de Brasiléia, 21 Ago 1991, C.A. Cid et ai. 10188

Brasil, Acre, Município de Bujari, Floresta Estadual do Antimari, colocação extrema, 01 Out
1991, c.A. Sothers e A.I.B. Santos, 46.

Brasil, Acre, Município de Cruzeiro do Sul, rio Juruá, margem direita, próximo a fazenda Calila
Sara, 17 Mar 1992, C.A. Cid Ferreira et al., 10844

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ambiente, Volume 1.
CAPÍTULO 22
ESTUDOS EM ECOFISIOLOGIA, NUTRIÇÃO E METABOLISMO DE PLANTAS
DESENVOLVIDOS PELO GEEP DA UFGD 5

Cleberton Correia Santos


Silvana de Paula Quintão Scalon
Leonardo Meotti Ribeiro
João Paulo de Castro Souza
João Lucas Vieira Posca
Thaise Dantas
Rodrigo da Silva Bernardes
Anderson dos Santos Dias

RESUMO
A fisiologia vegetal e a nutrição de plantas são áreas de interesse e em constante expansão pois auxiliam na
compreensão das respostas das plantas aos diferentes manejos e tratos culturais que podem potencializar a
produção dos sistemas agrícolas e silviculturais. Além disso, as mudanças climáticas globais têm sido
preocupantes, uma vez que tem ocasionado aumento de temperatura e alterações na disponibilidade hídrica no
solo, o que tem agravado o metabolismo fotossintético e o crescimento das plantas. Assim, estratégias que possam
mitigar o efeito estressante do déficit hídrico, alagamento e estresse luminoso tem aumentado. Dentre as
possibilidades promissoras pode-se citar a aplicação exógena de ácido salicílico (AS), silício (Si), extrato de micro
e macroalga, inoculação de fungos micorrízicos arbusculares e polímero hidroretentor (hidrogel). Além disso,
outra linha de estudo é o de nutrição das plantas por meio de fertilizantes minerais ou resíduos orgânicos na
formulação de substratos. Observa-se que a adição de hidrogel mitigou o efeito estressante do déficit hídrico em
mudas de Schinus terebinthifolia e Campomanesia xanthocarpa, mas não teve papel promissor para Dipteryx alata
e Eugenia myrcianthes. No que se refere ao Si, sua aplicação via foliar em doses adequadas foi eficaz para mitigar
o efeito do estresse hídrico ou luminoso sobre o metabolismo foliar e o crescimento das plantas. Por outro lado, a
aplicação de AS foi eficaz em aliviar o efeito do estresse hídrico, mas variou de acordo com a dose e a espécie
com diferentes mecanismos de ação. O extrato de alga Ascophyllum nodosum contribuiu no aumento dos teores
de nitrogênio, fósforo, potássio e aminoácido prolina nas folhas e raízes de Inga edulis, induzindo a tolerância. Em
geral, todas as espécies descritas nesse estudo apresentaram potencial de recuperação no pós-estresse,
demonstrando resiliência por plasticidade fisiológica. Mudas de Alibertia sessilis e C. xanthocarpa foram
responsivas a adubação com nitrogênio e fósforo, respectivamente. A adição de cama de frango ao solo contribuiu
na fisiologia e crescimento das mudas de A. edulis e Anadenanthera peregrina se desenvolveu melhor em substrato
de baixa fertilidade e a pleno sol. Os estudos em ecofisiologia, nutrição e metabolismo de plantas são fundamentais
para mitigar os efeitos estressantes, conservar os recursos naturais renováveis e incitar a produção sustentável de
alimentos.

PALAVRAS-CHAVE: Déficit hídrico; Hidrogel; Plasticidade fisiológica; Silício;


Sombreamento.

1 INTRODUÇÃO

A agricultura e a silvicultura são setores representativos no cenário econômico


mundial e em constante expansão. Entretanto, diversos são os fatores que podem afetar

5
Apoio do CNPq e a CAPES, pelas bolsas concedidas e a FUNDECT, pelo apoio financeiro para execução dos
trabalhos e custeio de publicações.

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ambiente, Volume 1.
negativamente o metabolismo fotossintético e o crescimento das plantas, prejudicando a
produtividade. Nos últimos anos, as mudanças climáticas tem sido foco de discussões devido
ao seu reflexo sobre as alterações constantes, acarretando em aumento da temperatura, estiagens
prolongadas e/ou excesso de chuvas em determinadas regiões, caracterizando condições
estressantes, podendo limitar o cultivo de muitas espécies frutíferas, nativas, florestais e de
grandes culturas em função de danos ao metabolismo fotossintético, crescimento e
produtividade das plantas.

Nesse sentido, cada vez mais são necessários estudos visando conhecer as respostas
das plantas as condições estressantes e estabelecer estratégias de manejo que possam viabilizar
maior tolerância a esses fatores estressores. Assim, a ecofisiologia vegetal auxilia na
compreensão dos mecanismos de ajustes das plantas bem como o papel do manejo fisiológico
ou nutricional adotado para mitigar os efeitos estressantes e contribuir na nutrição e
metabolismo foliar. A propagação, fisiologia vegetal e a nutrição de plantas são áreas de suma
importância para compreender as respostas de cada espécie as condições de cultivo e
potencializar a produção vegetal.

O Grupo de Estudos em Ecofisiologia de Plantas (GEEP) da Universidade Federal da


Grande Dourados (UFGD) foi criado com o objetivo de contribuir na difusão de informações
técnico cientificas acerca das respostas das plantas ao estresse abiótico e outras condições
estressantes, bem como estabelecer manejos e tratos culturais que possam mitigar os efeitos
estressantes, conservar os recursos naturais renováveis e incitar a produção sustentável de
alimentos.

No GEEP, os temas mais estudados são o efeito do estresse abiótico, especialmente o


estresse hídrico por déficit ou alagamento sobre o metabolismo fotossintético e de proteção e o
crescimento das plantas, além do efeito do manejo nutricional. Na tentativa de aliviar o efeito
estressante, tem-se testado o efeito de algumas tecnologias, dentre elas a aplicação exógena de
ácido salicílico, polímero hidroretentor, silício, extrato de macro e microalga e a inoculação de
rizobactérias promotoras de crescimento de plantas. Em adição, outros ensaios desenvolvidos
pelo GEEP são direcionados ao manejo nutricional utilizando fertilizantes minerais, substratos
a base de resíduos orgânicos ou bioinsumos sobre os aspectos morfofisiológicos.

A partir dessas informações, objetivou-se com este trabalho apresentar atividades e


resultados de pesquisas direcionados aos estudos de ecofisiologia, nutrição e metabolismo de
plantas desenvolvidos pelo GEEP da UFGD.

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ambiente, Volume 1.
2 METODOLOGIA

O trabalho foi baseado em levantamento de resultados de pesquisas, selecionando 25


materiais publicados, provenientes de artigos científicos em revistas indexadas, trabalho de
conclusão de curso de graduação, dissertações ou teses desenvolvidas pela equipe do GEEP a
partir do ano de 2020.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Abaixo serão apresentados resultados de pesquisas desenvolvidas pelo GEEP, dentre os


quais serão descritos os efeitos de substratos, estresse hídrico, sombreamento e elementos
minerais na propagação, metabolismo foliar e crescimento de mudas de espécies frutíferas e
arbóreas nativas. Em complemento, serão apresentados trabalhos sobre o uso de estratégias de
mitigação do estresse hídrico e luminoso.

3.1 Polímero hidroretentor em mudas de Campomanesia xanthocarpa, Schinus


terebinthifolia, Eugenia myrcianthes e Cedrela odorata submetidas ao estrese hídrico

O déficit hídrico é um fator preocupante ao estabelecimento inicial das plantas, e essa


condição vem se agravando frente as mudanças climáticas globais e práticas invasivas sobre os
recursos naturais renováveis, o que tem promovido o aumento de temperatura e a redução da
umidade relativa e da disponibilidade hídrica no solo.

Dentre as tecnologias disponíveis no mercado para contornar essa condição estressante


de escassez hídrica, o uso de polímero hidroretentor ou também denominados hidrogel tem sido
promissor, mas com resposta variável a depender da espécie. Santos et al. (2021a), avaliando a
presença ou ausência de hidrogel em mistura ao substrato (Latossolo Vermelho Distroférrico
de textura argilosa) – 4 g kg solo-1, associado a quatro disponibilidades hídricas (25, 50, 75 e
100% da capacidade de retenção de água no substrato) em mudas de Campomanesia
xanthocarpa O. Berg. (gabiroba), observaram que 25% e 50% da CRA prejudicam as atividades
fotoquímicas nos centros de reação e o crescimento das mudas. As mudas que receberam o
hidrogel mesmo com 25% da CRA tiveram maiores valores de altura, diâmetro de caule, área
foliar, eficiência fotoquímica no fotossistema II (Fv/Fm) e qualidade das mudas do que aquelas
sem hidrogel, demonstrando potencial de mitigação do efeito estressante do déficit hídrico.
Entretanto, as mudas com 100% da CRA com hidrogel tiveram menor Fv/Fm, demonstrando
que pode ser uma condição estressante possivelmente ao excesso de água.

De maneira semelhante, mudas de Schinus terebinthifolia Raddi. (pimenta rosa) são


sensíveis ao déficit hídrico por apresentar redução das trocas gasosas e crescimento em área

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 318


ambiente, Volume 1.
foliar (BELTRAMIN et al., 2020). Esses autores relataram que o uso de hidrogel (100 mL por
cova) contribuiu em valores mais elevados de taxa fotossintética, eficiência no uso da água,
condutância estomática e eficiência intrínseca de carboxilação da Rubisco durante o déficit
hídrico quando em comparação as mudas cultivadas sob estresse sem hidrogel. Além disso,
embora as plantas de S. terebinthifolia cultivadas sem hidrogel se recuperem no pós-estresse,
demonstrando potencial de resiliência, aquelas com hidrogel recuperam suas características
morfofisiológicas de maneira mais eficiente.

Entretanto, o potencial do hidrogel em mitigar o déficit hídrico é variável com a espécie.


Por exemplo, mudas de Eugenia myrcianthes Nied. (pessegueiro do mato) foram submetidas a
flutuação hídrica (dois ciclos de estresse, déficit hídrico e alagamento) e de recuperação (pós-
estresse a cada ciclo de estresse), sendo que o estresse foi caracterizado pelo momento em que
as plantas de algum dos tratamentos de estresse apresentassem valores próximos a zero (F0)
(SILVERIO, 2021). Em geral, a espécie demonstrou-se sensível tanto ao déficit quanto
alagamento, promovendo redução das trocas gasosas e aumento de aminoácido prolina. Em
adição, verificou-se que o hidrogel (20 mL por cova) não contribuiu efetivamente na mitigação
do estresse, rejeitando a hipótese inicial. As mudas de E. myrcianthes apresentaram de potencial
de recuperação após a suspensão dos ciclos de estresse, independente do uso do hidrogel,
indicando resiliência por plasticidade fisiológica.

Mudas de Cedrela odorata L. (cedro) também apresentaram reduções acentuadas da


taxa fotossintética, eficiência de carboxilação e crescimento sob déficit hídrico e alagamento, e
os autores descrevem que o uso do polímero hidroretentor (20 mL por cova) não aliviou o efeito
estressante e que as mudas se recuperaram no pós-estresse, independente do uso do hidrogel
(SANTOS et al., 2021b). Acredita-se que a resposta ao hidrogel está associado a características
intrínsecas de cada espécie bem como a dose utilizada que pode ter sido insuficiente para
promover manutenção fisiológica e de crescimento das plantas.

Em ambos os ensaios experimentais os autores verificaram que o hidrogel não acentuou


o efeito estressante do alagamento para mudas de E. myrcianthes e C. odorata.

3.2 Substratos e luminosidade na produção de mudas de Anadenanthera peregrina,


Alibertia edulis, Pereskia aculeata e Mentha x villosa

Para obtenção de mudas de elevada qualidade, um dos fatores determinantes é a escolha


do substrato, que deve apresentar boas características químicas, físicas e microbiológicas
considerando a exigência de cada espécie. Outro fator que pode influenciar diretamente é o

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 319


ambiente, Volume 1.
nível de luminosidade, pois cada espécie apresenta sua classificação na sucessão ecológica, ou
seja, pioneira, secundária inicial ou tardia (clímax), caracterizando plantas que preferem
ambientes com muita luz, luz moderada, tal como em bordas de clareiras e ambientes
sombreados, a exemplo áreas de bosque densos, respectivamente.

Santos et al. (2020a) estudaram o efeito de dois substratos: S1) 100% Latossolo
Vermelho Distroférrico – LVD, com baixos valores de P (< 6.00 mg dm-3) e matéria orgânica
– M.O. (< 1.00%) e S2) 50% LVD + 50% substrato comercial Tropstrato® com altos valores (P
> 59 mg dm-3 e M.O. > 5,30%), cultivando as mudas sob quatro níveis de sombreamento: 0%
(pleno sol), 30%, 50% e 70% no crescimento de Anadenanthera peregrina (L.) Speg. (angico
preto). Em geral, observou-se que as mudas tiveram maior área foliar, comprimento de raiz,
massa seca da parte aérea e da raiz e qualidade no S1 e sob pleno sol. Nessas mesmas condições,
as mudas apresentaram maiores comprimentos e diâmetros de xilopódio, uma estrutura de
reserva, como mecanismo de ajuste para garantir sua sobrevivência nessa condição. Os autores
concluíram que a espécie pode ser indicada na recuperação de ambientes degradados em áreas
antropizadas ou bordas de matas com maior exposição a luz e solos com baixa fertilidade. Outro
ponto positivo é que para a produção de mudas não é necessário investir recursos financeiros
para obtenção de tela de sombreamento e substrato comercial, reduzindo os custos de produção.

Para mudas de Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. (marmelo), o cultivo a pleno sol
prejudica os processos fotoquímicos no fotossistema II e reduziu a abertura estomática, mas
favoreceu o aumento da taxa fotossintética e eficiência de carboxilação da Rubisco. Além disso,
a adição de cama de frango (4,32 g kg solo-1) ao Latossolo Vermelho Distroférrico de textura
argilosa contribuiu no índice de clorofila e aspectos fotoquímicos da fotossíntese (SANTOS et
al., 2020b). Estudando a mesma espécie, Santos et al. (2023a) observaram que os maiores
valores de área foliar e radicular e as biomassas ocorreram nas mudas sob 50% de sombra e
com adição de cama de frango ao substrato. As mudas apresentaram plasticidade aos ambientes
contrastantes de luz. Em ambiente de pleno sol e sombreado a adição de 4,32 e 6,24 g kg solo-
1
de cama de frango, respectivamente, contribuiu na qualidade das mudas.

Ainda verificando o efeito da luminosidade, foi feita a propagação vegetativa de


Pereskia aculeata Plum. (ora-pro-nóbis) utilizando estacas da porção herbácea, semi-lenhosa e
lenhosa, sob cultivada sob ambiente pleno sol e sombreado (SANTOS et al., 2023b). As mudas
provenientes de estacas semi-lenhosa e lenhosa tiveram maior número de brotos, área foliar e
radicular utilizando esses mesmos materiais, ambos sob pleno sol. Entretanto, em ambiente com
50% de sombra tiveram maior produção de biomassa. Em geral, as mudas de P. aculeata

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ambiente, Volume 1.
apresentam plasticidade aos ambientes luminosos se ajustando para assegurar sua sobrevivência
nas diferentes condições de cultivo.

Para a propagação Mentha x villosa Huds. (hortelã), foram coletadas estacas, as quais
foram feitas a estaquia em substrato 50% LVD + 50% substrato comercial Tropstrato®. Após o
enterrio das estacas, realizou-se seu acondicionamento sob quatro níveis de sombreamento: 0%
(pleno sol), 30%, 50% e 70% (QUARESMA et al., 2021). Observou-se que as mudas
produzidas a pleno sol tiveram maiores valores de área foliar, ramos, biomassa fresca, enquanto
que aquelas nos demais sombreamentos foram menores. Além disso, as mudas produzidas em
70% de sombra apresentaram aspecto de estiolamento, no qual tiveram maior altura e menores
diâmetros. Os autores concluíram que para a hortelã, sua propagação apresenta melhor
desempenho quando realizada em ambiente pleno sol.

3.3 Ácido salicílico e silício aliviando o estresse hídrico e luminoso em mudas de Eugenia
myrcianthes, Schinus terebinthifolia, Inga vera, Talisia esculenta, Dipteryx alata, Hymenaea
courbaril e Alibertia edulis

Na busca por estratégias para aliviar o efeito estressante do déficit hídrico, alagamento
e estresse luminoso, a aplicação de fontes de silício e ácido salicílico tem sido promissor. Em
razão disso, tais compostos podem ser classificados como elicitores, pois atuam na indução de
mecanismos fisiológicos, bioquímicos ou morfológicos que contribuem na tolerância das
plantas a essas condições adversas.

Em estudo desenvolvido por Foresti et al. (2022) ao avaliar o potencial do AS em


mitigar o efeito estressante do déficit hídrico em mudas de E. myrcianthes e no potencial de
recuperação, observaram que a aplicação de AS (400 mg L-1) aliviou o efeito negativo da
restrição hídrica, mantendo os valores de taxa fotossintética, condutância estomática, eficiência
de carboxilação e eficiência de conversão de energia absorvida elevados. Além disso, favoreceu
a atividade das enzimas superóxido dismutase e peroxidase, demonstrando seu papel no
metabolismo de proteção, indicando mecanismo de indução de tolerância. Após ao
fornecimento normal de água as mudas se recuperam, sugerindo resiliência.

Para mudas de S. terebinthifolia, foi realizada a aplicação de quatro concentrações de


AS: 0, 50, 100 e 200 mg L-1 (via pulverização foliar, 10 mL por planta) e posterior submetidas
a quatro regimes hídricos: 0, 4, 8 e 12 dias de restrição hídrica durante 48 dias, totalizando 48,
12, 6 e 4 ciclos de irrigação, respectivamente (SANTOS et al., 2022a). Os autores observaram
que o regime de irrigação a cada 12 dias reduziu os teores de clorofilas, atividades fotoquímicas

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ambiente, Volume 1.
no fotossistema II e o crescimento das mudas, mas a aplicação de 200 mg L-1 de SA contribuiu
no aumento dessas características nesse mesmo regime de irrigação.

Assim, concluiu-se que a aplicação exógena de AS é uma prática promissora para aliviar
o efeito estressante de maior período sem irrigação. Essa prática é interessante, pois é possível
reduzir a frequência de irrigação, especialmente em áreas com dificuldades de implementação
de sistemas de irrigação ou sujeitas a períodos curtos de seca. Avaliando esses mesmos
intervalos entre as irrigações sobre o crescimento das mudas de S. terebinthifolia, Saracho et
al. (2021) verificaram que a aplicação de 200 mg L-1 de AS contribuiu no aumento de área
foliar, massa seca total e qualidade das mudas, sugerindo efeito promotor de crescimento.

Na literatura existem trabalhos descrevendo do silício (Si) em mitigar o déficit hídrico


em espécies de gramíneas e grandes culturas. Assim, com o intuito de verificar o papel do Si
em aliviar o efeito do estresse hídrico em mudas de espécies nativas e frutíferas, Santos et al.
(2022b) aplicaram doses de óxido de silício (SiO2) (0, 2 e 4 mmol L-1) em mudas de E.
myrcianthes submetidas ao déficit hídrico até atingir valor de fotossíntese próximo a zero (F0),
seguido de período de recuperação. Posteriormente, as mudas foram submetidas ao segundo
ciclo de estresse (alagamento). As mudas de E. myrcianthes apresentaram valor de F0 aos 22 e
50 dias quando submetidas ao déficit hídrico e ao alagamento, respectivamente. Os autores
discutem que essa resposta de maior tolerância no segundo ciclo de estresse (alagamento) pode
estar associada a possível memória responsiva da espécie ao estresse. Além disso, observou-se
que as mudas que receberam aplicação de 2 mmol L-1 de Si tiveram melhores respostas na
manutenção fotossintética e qualidade das mudas, demonstrando o efeito mitigador desse
elemento benéfico. Por outro lado, a dose de 4 mmol de Si não é recomendado para mudas de
E. myrcianthes.

No trabalho de Santos et al. (2023c), testando doses de silício (0,84; 1,68 e 3,36 g L-1
de Si) em plantas jovens de Inga vera Will. (ingá) submetidas ao déficit hídrico e no pós-
estresse, verificou-se que as plantas que receberam aplicação de 0,84 e 1,68 g L-1 levam 9 e 11
dias para apresentar sintomas de déficit hídrico (folhas em ponto de murcha e ápice encurvado),
respectivamente. As plantas que receberam sem aplicação e com 3,36 g de Si levam 7 dias,
demonstrando que em doses adequadas o Si retarda os sintomas de falta de água. As plantas
sob déficit hídrico + 0,84 g de Si apresentaram maior taxa fotossintética, condutância
estomática, transpiração e eficiência de carboxilação, enquanto que sem e com 3,36 g Si os
valores foram inferiores. Na recuperação, as plantas retomam seu metabolismo fotossintético
de maneira mais eficiente quando tratadas com doses intermediárias de Si.

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ambiente, Volume 1.
Mudas de Dipteryx alata Vogel. (baru) foram submetidas a quatro manejos hídricos: i)
irrigação continua, ii) suspensão da irrigação – SI (estresse), ii) SI + 0,75 mL de Si e iv) SI +
1,50 mL de Si, avaliando o metabolismo fotossintético e crescimento durante e após o período
de estresse (SANTOS et al., 2022c). A suspensão da irrigação prejudicou as trocas gasosas,
processos fotoquímicos no fotossistema II e crescimento em área foliar e qualidade das mudas.
No entanto, a aplicação de 0,75 mL de Si mitigou o efeito estressante durante o período de
estresse, além de contribuir no pós-estresse, retomando o metabolismo foliar de maneira mais
eficiente.

As mudas de Talisia esculenta Radlk. (pitomba) foram submetidas aos seguintes


manejos: (1) irrigação (sem estresse = 70% da capacidade de retenção de água do substrato),
(2) suspensão de irrigação – SI (estresse), (3) SI + 0,5 g L−1 silício, (4) SI + 1,0 g L−1 silício, (5)
SI + 50 mg L−1 ácido salicílico e (6) SI + 100 mg L−1 ácido salicílico (FIGUEIREDO et al.,
2023). Verificou-se que as aplicações de Si e AS podem atenuar os efeitos nocivos do estresse
hídrico, mas o Si apresenta maior eficácia em mitigar o déficit hídrico. As mudas recuperaram
a taxa fotossintética em apenas sete dias após retomarem a irrigação quando tratadas com 0,5 g
L−1 de Si e 50 mg L−1 de AS, mas não é recomendado aplicar 100 mg L−1 de AS, pois não ajuda
na recuperação das mudas.

Além da escassez hídrica, algumas áreas são sujeitas ao encharcamento do solo por
determinados períodos de tempo, reduzindo a disponibilidade de O2 no solo, caracterizando
condição de hipoxia ou anoxia. Nesse sentido, Santos et al. (2023d) avaliaram o efeito de doses
de Si (1,0 e 2,0 mM) e AS (1,5 e 3,0 mM) em mudas de S. terebinthifolia a dois períodos de
alagamento: 15 e 30 dias. Em geral, todas as mudas sobreviveram e apresentaram lenticelas
hipertrofiadas como estratégia de ajuste a essa condição. Segundo os autores as mudas que
receberam aplicação de Si e AS emitiram lenticelas mais rápido do que as não tratadas com
esses elementos, o que pode estar associado a antecipação no aumento de mecanismos de
defesa, tal como da atividade de enzimas antioxidantes, embora não foram determinados no
trabalho relatado. Embora as mudas de S. terebinthifolia mantiveram a taxa fotossintética alta
mesmo sem aplicação dos agentes mitigadores, aos 30 dias os valores reduziram. Entretanto, as
mudas que receberam aplicação de 1,0 mM de Si e 1,5 mM de AS apresentaram valores mais
elevados aos 30 dias, demonstrando o potencial de mitigação desses elementos, mas em doses
adequadas. Isso, porque doses excessivas podem acentuar o efeito estressante.

Mudas de Hymenaea courbaril L. (jatobá) foram submetidas a dois regimes hídricos:


controle e alagado, associados a quatro doses de ácido salicílico (AS) via foliar: 0, 100, 200 e

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300 mg L-1. Santos et al. (2023e) observaram que o alagamento reduziu a taxa fotossintética, a
condutância estomática e a eficiência intrínseca de carboxilação da Rubisco, e que a aplicação
de AS não aliviou o efeito estressante. Por outro lado, a aplicação de doses entre 100-300 mg
L-1 de AS favoreceu o crescimento e a qualidade das mudas, independente do regime hídrico,
além de contribuir no índice de plasticidade fenotípica.

Além do estresse hídrico, a luminosidade pode se tornar uma condição estresse


considerando a classificação de cada espécie na sucessão ecológica. A. edulis é considerada
uma espécie secundária inicial e por isso a luz de maneira deficitária (ambiente sombreado
excessivamente) ou demasiada (pleno sol) podem prejudicar as atividades nos centros de reação
e crescimento das mudas. Nessa perspectiva, Paula e Paulino (2020) aplicaram quatro doses de
silicato de potássio (K2SiO3) via foliar: 0,0; 2,5; 5,0 e 10,0 mL L-1, e acondicionaram as mudas
sob três níveis de sombreamento: 0% (pleno sol), 30% e 50%. Esses autores observaram que o
pleno sol e 70% de sombreamento são condições estressantes para mudas de A. edulis, mas que
a aplicação de 10,0 mL de K2SiO3 os efeitos negativos do cultivo a pleno sol sobre o
crescimento das mudas. O cultivo sob 70% de sombreamento não é recomendado para a
espécie, independente da aplicação de K2SiO3.

3.4 Micro e macroalga influenciam a produção de mudas de Cedrela fissilis e Inga edulis

Em 2020 foi lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA)


o Programa Nacional de Bioinsumos (Decreto Nº 10.375), no qual incentiva o uso de produtos
ou tecnologias de origem animal, vegetal ou microbiana. Dentre os bioinsumos, o uso de macro
e microalgas na agricultura e silvicultura tem aumentado com o intuito de melhorar a nutrição
e o metabolismo das plantas.

De acordo com Oliveira (2023) Cedrela fissilis Vell. (cedro) apresenta interesse de
cultivo ex situ, tornando-se necessário sua produção de mudas. Por isso, foi feita a semeadura
de sementes de cedro em seis substratos, provenientes da combinação de resíduos orgânicos
sem ou com aplicação de microalga Chlorella spp.: S1) Latossolo Vermelho Distroférrico –
LVD, de textura argilosa, S2) LVD + Chlorella, S3) LVD + esterco ovino (3:1, v/v) – LVDEO,
S4) LVDEO + Chlorella, S5) LVD + esterco bovino (3:1, v/v) – LVDEB e S6) LVDEB +
Chlorella. Nesse trabalho observou-se que as mudas produzidas no S3, S4, S5 e S5
apresentaram melhores desempenhos fisiológicos com aumento expressivo na taxa
fotossintética, eficiência no uso da água e instantânea de carboxilação da Rubisco,
especialmente em comparação as mudas produzidas em substrato sem adição de resíduo

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ambiente, Volume 1.
orgânico. O autor associa esse resultado aos melhores resultados dos atributos químicos com a
adição do resíduo orgânico ao solo. Em conclusão, a adição do resíduo orgânico é uma prática
promissora para a produção de mudas de C. fissilis.

Além disso, uso de macroalga tem sido uma estratégia promissora na mitigação do
déficit hídrico. Mudas de Inga edulis Mart. foram submetidas aos seguintes tratamentos:
controle, déficit hídrico (DH), DH + 15 mL de extrato de Ascophyllum nodosum – ANE, DH +
30 mL de ANE e DH + 45 mL de ANE durante e após a condição de estresse (SANTOS et al.,
2023f). As mudas de I. edulis são sensíveis ao déficit hídrico com redução drástica da eficiência
fotoquímica e crescimento das mudas. A aplicação de 30 e 45 mL de ANE favoreceu o aumento
dos teores de N, P e K, além do aminoácido prolina nas mudas durante o período de estresse,
tornando-se um mecanismo de indução da tolerância. No pós-estresse, o conteúdo de prolina
reduziu nas mudas previamente estressadas com 30 e 45 mL de ANE, indicando que o
metabolismo normalizou. A aplicação de 15 mL de ANE acentuou o efeito estressante do déficit
hídrico e as mudas não se recuperam de maneira semelhante as demais.

3.5 Elementos minerais e fungos micorrízicos arbusculares em Arctium lappa,


Campomanesia xanthocarpa, Alibertia sessilis e Dipteryx alata

A nutrição mineral de plantas é umas áreas de interesse fitotécnico pois contribui nos
processos fisiológicos, bioquímicos e de crescimento das plantas, tornando-se necessários
estudos nessa modalidade. Os solos de regiões tropicais, tal como as encontradas no Cerrado
brasileiro são bem intemperizados, contendo elevados teores de óxidos de ferro (Fe) e alumínio
(Al) que além de prejudicar o metabolismo e crescimento das plantas quando em excesso, pode
tornar alguns nutrientes, dentre eles o fósforo (P), pouco disponíveis para as plantas devido a
sua fixação (SILVERIO et al., 2020; SILVERIO et al., 2021).

Avaliando a toxicidade do alumínio (Al) sobre a germinação e vigor de plântulas de


Arctium lappa L. (bardana) (SILVERIO et al., 2021), foi observado que o aumento das doses
de Al promoveu decréscimo linear da germinação de sementes, comprimento da parte aérea e
do sistema radicular das plântulas, resultando em plântulas anormais (Figura 1), demonstrando
seu efeito negativo sobre o potencial fisiológico e germinativo.

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ambiente, Volume 1.
Figura 1: Efeito de doses de sulfato de alumínio hidratado Al2(SO4)3·16H2O (a; 0, b; 5, c; 10, d; 15 e (e) 20
mmol L-1) sobre o aspecto visual de plântulas de Arctium lappa L.

Fonte: Silverio et al. (2021).

Considerando a fixação do P nos solos intemperizados, a adubação fosfatada é uma


prática realizada em várias culturas, especialmente pela sua participação no metabolismo
fotossintético e na produção de biomassa. No entanto, para diversas espécies, especialmente as
frutíferas nativas e arbóreas ou medicinais ainda são insuficientes as informações das respostas
ao Silverio et al. (2020), testaram doses de P (superfosfato simples): 0, 50, 100 e 200 mg kg
solo-1, associadas a dois ambientes luminosos: pleno sol e sombreamento de 50% em mudas de
C. xanthocarpa. As mudas sombreadas tiveram maior índice de clorofila e atividades
fotoquímicas no fotossistema II. Em geral, as mudas cultivadas a pleno sol tiveram menores
rendimentos fotoquímicos, mas quando associados 100 mg kg-1 apresentaram melhor
desempenho fisiológico, e quando cultivada em ambiente sombreado pode utilizar uma dose
menor de P (10-35 mg kg solo-1).

O nitrogênio (N) é um macronutriente essencial ao metabolismo foliar e morfologia das


plantas, no qual pode contribuir para espécies que tem crescimento inicial lento, tal como a
Alibertia sessilis Vell. K. Schum. (marmelinho) Assim, foram testadas doses de N utilizando
como fonte a ureia: 0, 25, 50, 75 e 100 mg kg-1 (SANTOS et al., 2020c), e observou-se que a
dose próxima a 50 mg kg-1 favoreceu a eficiência fotoquímica no fotossistema II, altura, área
foliar, produção de biomassa e qualidade das mudas, tornando-se um manejo nutricional
promissor para produção de mudas de A. sessilis, contribuindo na fisiologia e crescimento
vegetativo dessa espécie.

Outra forma de contribuir no metabolismo mineral e fotossintético das plantas é por


meio da inoculação de fungos micorrízicos arbusculares, pois além de aumentar a
disponibilidade de nutrientes por meio da sua relação simbiótica com a planta, pode induzir
mecanismos de tolerância ao estresse abiótico. Nesse sentido, mudas de D. alata foram
submetidas a dois regimes hídricos: controle e déficit hídrico, ambos associados ou não a
inoculação de Rhizoglomus clarum (JESUS et al., 2022). Os autores observaram que as mudas
inoculadas de R. clarum tiveram maior índice de clorofila, eficiência de carboxilação da

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ambiente, Volume 1.
Rubisco, aliviando o efeito estressante do déficit hídrico. No pós-estresse, as mudas de D. alata
previamente estressadas com R. clarum se recuperam de maneira mais eficiente.

Em perspectivas futuras, sugere-se que novos estudos direcionados ao efeito de


elementos minerais, bioinsumos e agentes mitigadores de estresse para as espécies descritas
nesse capítulo e em novas espécies devem ser desenvolvidos com o intuito de aumentar as
informações para estabelecer protocolos de cultivo de espécies frutíferas nativas e arbóreas,
bem como em grandes culturas. Para finalizar, agradecemos a todos integrantes do GEEP da
UFGD que contribuíram diretamente ou indiretamente no desenvolvimento das pesquisas e
publicação dos materiais aqui descritos.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos em ecofisiologia, nutrição e metabolismo de plantas são fundamentais para


mitigar os efeitos estressantes, conservar os recursos naturais renováveis e incitar a produção
sustentável de alimentos. As respostas das plantas quanto aos agentes mitigadores e fertilizantes
minerais ou substratos são variáveis em função da espécie e das doses, mas a aplicação de ácido
salicílico, silício, inoculação de fungos micorrízicos arbusculares e polímero hidroretentor é
uma alternativa promissora para mitigar os efeitos de condições estressoras e contribuir na
nutrição, metabolismo foliar e crescimento das plantas.

REFERÊNCIAS

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ambiente, Volume 1.
CAPÍTULO 23
INDUTORES DE RESISTÊNCIA NA CULTURA DO MILHO

Erich dos Reis Duarte


Gonzalo Diego Peña
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida da Costa
Marcos Augusto Alves

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade na cultura do milho manejado com silício (Si), Bacillus spp.
e Ácido Salicílico. O experimento foi conduzido no centro de pesquisa universitário, latitude S:23º24'11.386",
longitude W:51º9'57.418", altitude de 480m, no município de Londrina, Paraná. O material utilizado foi um híbrido
de milho experimental, semeada em 16/08/2022, com as seguintes características: 2,5 plantas por metro,
espaçamento de 0,45 m entre linhas e densidade populacional de 55.555 plantas por hectare, a primeira aplicação
realizada em 09/09/2023, a segunda aplicação realizada em 25/09/2023 e a terceira aplicação realizada em
08/10/2023 e finalizando o ensaio com a colheita em 28/12/2022. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições. As aplicações foram realizadas com pulverizador costal a
CO2, equipado com barra de alcance de pulverização de 2 m contendo 4 pontas do tipo leque, espaçadas de 0,50
m. A pressão de trabalho foi de 20 lb/pol2, com volume de calda de 150 l/ha. As épocas de aplicação utilizadas
foram A: V4; B: V8; C: V10.

PALAVRAS-CHAVE: Bioinsumos; Produção; Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil o milho é uma das culturas mais produzidas pelo setor agropecuário, perdendo
apenas para a soja. No cenário mundial o país ocupa a terceira posição na produção do cereal,
ficando atrás apenas de Estados Unidos e China. Sua grande produção é justificada pela alta
demanda do grão no mercado, já que é muito utilizado na alimentação humana e também como
matéria prima na produção de rações para nutrição de aves, suínos, bovinos e outros animais.

A área de cultivo do cereal foi estimada em 21,97 milhões de hectares, já a colheita


total do grão está estimada em 124,88 milhões de toneladas, influenciada pelo incremento da
produção de 8,8% na 1ª safra e de 11% na 2ª, podendo chegar a 27,24 milhões de toneladas e
95,32 milhões de toneladas, respectivamente (CONAB, 2023). Apesar da alta produção, a cada
safra surgem novos desafios, obrigando produtores e profissionais ligados ao setor agropecuário
a buscar novas tecnologias de produção, como o desenvolvimento de novas cultivares, mais
produtivas e resistentes a estresses bióticos e abióticos. Novas táticas de manejo também são
de suma importância; nas últimas décadas o mercado de bioinsumos vem ganhando espaço no
setor agrícola, contribuindo para uma melhor eficiência no aproveitamento de nutrientes e
controle de patógenos e pragas, possibilitando uma agricultura mais lucrativa e sustentável.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 330


ambiente, Volume 1.
Os bioestimulantes são definidos como mistura de dois ou mais reguladores vegetais
com outras substâncias (aminoácidos, nutrientes e vitaminas), extratos vegetais, compostos
contendo ácidos húmicos e fúlvicos e fitormônios (auxinas, citocininas, giberelinas). Os
bioestimulantes são uma opção viável para mitigar os efeitos fisiológicos negativos do estresse
hídrico em plantas, além de ajudar a planta a manter os processos fisiológicos. Eficiência dos
bioestimulantes com uma rápida recuperação após a superação do estresse hídrico
(PALLARDY, 2008). O uso de bioestimulantes, antes e durante o estresse, pode ajudar a
mitigar efeitos nocivos das adversidades climáticas (SANCHES, 2000). Partindo da hipótese
de que biofertilizantes a base de macronutrientes, micronutrientes, aminoácidos, extratos
vegetais e outras substâncias e complexos naturais, aplicados no momento especifico promove
efeito no crescimento, desenvolvimento e produtividade.

A cada safra a necessidade de buscar novas tecnologias para manejar pragas, doenças e
ervas daninhas é de extrema importância, pois o aumento de casos de resistência por esses
organismos aos produtos utilizados em seu manejo é cada vez maior, e a associação do controle
químico juntamente ao biológico pode aumentar o leque de opções no manejo, trazendo maior
economia e eficiência ao produtor. Objetivou-se com o presente estudo avaliar as características
fisiológicas e a produtividade de grãos, submetida a aplicação de diferentes bioestimulantes a
base de macronutrientes, micronutrientes, aminoácidos, extratos vegetais, complexos naturais
e outras substâncias, aplicadas de forma isolada e em associação nas condições edafoclimáticas
da região.

2 OBJETIVO

O objetivo do trabalho foi avaliar os resultados obtidos com a aplicação de silício,


Bacillus spp. e Ácido salicílico na cultura de milho. As avaliações consideraram altura de
plantas e produtividade final.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Local e data de instalação do experimento

O experimento foi conduzido no Centro de Pesquisa universitário, latitude


S:23º24'11.386", longitude W:51º9'57.418", altitude de 480m, no município de Londrina,
Paraná, no período de 16/08/2022, quando se realizou a primeira aplicação do experimento até
o momento da colheita realizada no dia 28/12/2022. O híbrido de milho experimental, foi
semeado em 16/08/2022, com as seguintes características: 2,5 plantas por metro, espaçamento
de 0.45 m entre linhas e densidade populacional de 55.555 plantas por hectare.

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ambiente, Volume 1.
3.2 Manejo

Tabela 1: Tratamentos utilizados.


Tratamento Dose e época
T1 Testemunha
T2 Bacillus spp. 300 ml/ha (A)
T3 Silício 150 ml/ha (AB)
Ácido Salicílico 500 ml/ha (AB)
T4 Silício 200 ml/ha (ABC)
T5 Silício 150 ml/ha (AB)
Ácido Salicílico 500 ml/ha (AB)
Bacillus spp. 300 ml/ha (AB)
Épocas de aplicação: A: V4; B: V8; C: V10.
Fonte: Autoria própria (2023).

3.3 Delineamento experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 5 tratamentos


e 4 repetições. Os tratamentos testados estão descritos na Tabela 1. A área experimental
constituiu-se em parcelas medindo 7 m de largura por 2 m de comprimento, totalizando 14 m2.

3.4 Metodologia e épocas de aplicação

As aplicações foram realizadas com pulverizador costal a CO2, equipado com barra de
alcance de pulverização de 2 m contendo 4 pontas do tipo leque, espaçadas de 0,50 m. A pressão
de trabalho foi de 20 lb/pol2, com volume de calda de 150 l/ha.

Quadro 1: Descrição do equipamento utilizado nas aplicações.


Forma de aplicação: Aplicação N° de aplicação: 3 Intervalo de Volume de calda: 150 l/ha
foliar aplicação: A-B: 0
B-C: 0
Equipamento de Aplicação: Tipo de bico: leque N° de bico: 4 Espaç. Bico: 0,50 m
Costal a CO2
Fonte: Autoria própria (2023).

Tabela 2: Descrição dos dados meteorológicos observados durante as aplicações.


Estádio Fenológico Horário Horário Temp. UR Vel. do Vento Nebulosidade
Início Término (ºC) (%) (m/s) (%)
Data
09/09/2023 V4 8:00 10:00 28,5 55 7,5 20
25/09/2023 V8 8:00 10:00 29,4 50 8 20
08/10/2023 V10 8:00 10:00 27,4 50 8,4 25
Fonte: Autoria própria (2023).

3.5 Metodologia das avaliações

Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 332


ambiente, Volume 1.
em que:

%EF: porcentagem de eficiência

N1: Nota na parcela testemunha

N2: Nota na parcela tratada

Para todas as avaliações realizadas no experimento, consideraram-se as linhas centrais


de cada parcela, evitando o efeito negativo das bordaduras. A produtividade foi estimada
coletando-se as plantas da área útil da parcela (14,0 m2).

3.6 Análise estatística

Os dados foram analisados pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. O teste de


homocedasticidade foi utilizado em todas as variáveis para verificar a necessidade de
transformação dos dados (BOX; COX, 1964). Todas as análises estatísticas foram realizadas
pelo Software Syslaudo®.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A importância de utilizar além dos protetores tradicionais no manejo de doenças, mas


também, os bioativadores de tolerância em plantas, onde podemos observar a seguir os
principais protetores de plantas.

Tabela 3: Protetores e indutores para associar aos fungicidas de sítio Específico.


Phakopsora Cercospora Colletotrichum Septoria
pachyrhizi Corynespora kikuchii dematium var. glycines Sclerotinia
Ferrugem cassiicola Mancha truncata Mancha sclerotiorum Erysiphe difusa
Protetores asiática Mancha alvo púrpura Antracnose parda Mofo branco Oídio
MANCOZEB
CLOROTALONIL
COBRE
Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os
BACILLUS sp. Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas
Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os Auxilia os
Indutores de Tolerância Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas Fungicidas

Nível de Proteção
Alto
Médio Observação: Uso Sempre os Fungicidas Protetores ou Biofungicidas Protetores
Baixo (Multissitios) associados aos Fungicidas de Sítio Específico: Evite uso isolado
Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
Na avaliação de altura de plantas (Tabela 3) realizada no dia 23/11/2023 notou-se que
todos os tratamentos foram estatisticamente semelhantes pelo teste de Scott-Knott a 5% de
significância.

Tabela 4: Avaliação de Altura de plantas (cm).


Tratamentos e Dose Altura de plantas
épocas (cm)
T1 Testemunha 161,80 a
T2 Bacillus spp.(A) 300 ml/ha 163,20 a
T3 Silício (AB) 150 ml/ha 171,80 a
Ácido Salicílico (AB) 500 ml/ha
T4 Silício (ABC) 200 ml/ha 168,20 a
T5 Silício (AB) 150 ml/ha 171,20 a
Ácido Salicílico (AB) 500 ml/ha
Bacillus spp. (AB) 300 ml/ha
C.V. (%) 0,00 3,39
D.M.S. 0,00 12,78
Legenda: A: V4; B: V8; C: V10.
Fonte: Autoria própria (2023).

4.1 Produtividade

Na avaliação de produtividade realizada no dia 28/12/2022 (Tabela 4), verificou-se que


todos os tratamentos foram superiores a testemunha pelo teste Scott-Knott a 5% de
probabilidade. Os tratamentos T3: silício (150ml/ha) + Ácido salicílico (500ml/ha); T4: Silício
(200ml/ha); T5: silício (150ml/ha) + Ácido salicílico 500ml/ha) + bacillus spp. (300ml/ha),
obtiveram maior aumento de rendimento em relação a testemunha pelo teste de Scott-Kontt a
5% de probabilidade.

Tabela 5: Resultados de produtividade (AR: aumento de rendimento em relação a testemunha).


Tratamentos Dose Produtividade A.R. Saca 60
(kg/ha) kg/ha
T1 Testemunha 2281,00 c 0,00 38,00 c
T2 Bacillus spp. (A) 300 ml/ha 2531,00 b 250,20 42,20 b
T3 Silício (AB) 150 ml/ha 2686,00 a 405,30 44,80 a
Ácido Salicílico (AB) 500 ml/ha
T4 Silício (ABC) 200 ml/ha 2786,00 a 505,80 46,40 a
T5 Silício (AB) 150 ml/ha 2850,00 a 569,40 47,50 a
Ácido Salicílico (AB) 500 ml/ha
Bacillus spp. (AB) 300 ml/ha
C.V. (%) 0,00 4,22 4,22
D.M.S. 0,00 249,89 4,16
Fonte: Autoria própria (2023).

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ambiente, Volume 1.
Gráfico 1: Resultado de produção.

PRODUÇÃO (KG/HA)
3000 2786 2850
2686
2531
2500 2281

2000
1500
1000
500
0
T1 T2 T3 T4 T5
T1: Testemunha. T2: Bacillus spp. T3: Silício + Ácido salicílico. T4: Silício. T5: Silício + Ácido Salicílico +
Bacillus spp.
Fonte: Autoria própria (2023).

4.2 Seletividade a inimigos naturais

Não foi observado a ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que não permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não
foi o objetivo deste estudo.

5 CONCLUSÃO

Com base no estudo realizado, pode-se concluir que:

Na avaliação de produtividade realizada no dia 28/12/2022 (Tabela 4), observando-se o


aumento de rendimento em relação à testemunha verificou-se que o maior aumento de
rendimento (569,4 kg/ha) em relação à testemunha foi observado para o tratamento T5: Silício
(150/ml/ha) + Ácido Salicílico (500ml/ha) + Bacillus spp. (300 ml/ha) aplicados nos estádios
V4 e V8.

Mesmo com os severos danos diretos e indiretos causados pela cigarrinha-do-milho


(Dalbulus maidis) notou-se que os tratamentos onde obtiveram a utilização e associação dos
bioinsumos tiveram maior resistência ao ataque da praga e consequentemente melhores
resultados de produtividade.

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EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Soja em Números (safra


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https://www.yarabrasil.com.br/. Acesso em: Set. 2023.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404112924324

CAPÍTULO 24
SISTEMAS AGROFLORESTAIS INTEGRADOS COM PLANTIO DIRETO:
AMENDOIM FORRAGEIRO (ARACHIS PINTOI K.) COMO
ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL

Amanda Mariana de Andrade Lima


Samara Bontempo Alves Silva
Francisco Ronaldo Belém Fernandes
Marcos Nabate Mendes Ferreira
Ana Maria Silva de Araújo
Josiane Isabela da Silva Rodrigues

RESUMO
O uso de Sistemas Agroflorestais é uma alternativa benéfica para o ambiente produtivo, pois tenta reproduzir a
diversidade natural, sendo também uma alternativa rentável o ano inteiro para o produtor. Quando o Saf é associado
à técnica de Plantio Direto, beneficia devido às particularidades conservacionistas de manejo, potencializando a
eficiência do uso do solo e suas propriedades físico-químicas, diminuindo o uso de maquinário, reduzindo os
custos de produção, atuando também na incorporação hídrica no solo, baseando-se nos serviços ecossistêmicos e
também no modelo de produção mais sustentável. Quando se utiliza essa integração alguns pontos devem ser
avaliados, como por exemplo a capacidade produtiva das cultivares, o tipo de solo, as condições climáticas, o uso
de produtos químicos, a presença de plantas daninhas no local e as espécies a serem consorciadas. As plantas de
cobertura são de extrema importância pois atuam na formação de matéria orgânica para o solo, atuando também
como uma camada de proteção, minimizando os atritos causados por agentes externos. O trabalho teve como
objetivo o levantamento de informações, para recomendação de planta de cobertura para o sistema produtivo. A
metodologia consistiu na caracterização das condições da área e edafoclimáticas, no levantamento de informações
a respeito das culturas presentes, no método do quadrado para a coleta do material e na estimativa de matéria seca
produzida no sistema; para estimar as possibilidades de otimizar o sistema produtivo já bem desenvolvido, sendo
concluído com a recomendação do amendoim forrageiro como plantas de cobertura, devido a sua adaptabilidade
e alta produtividade.

PALAVRAS-CHAVE: Manejo; capim-gengibre; plantas de cobertura; Biodiversidade.

1 INTRODUÇÃO
Os sistemas agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo do solo que consiste em
árvores ou arbustos combinados, de maneira intencional e planejada, com cultivos agrícolas
e/ou animais em uma mesma área, ao mesmo tempo (associação simultânea) ou em uma
sequência de tempo (associação temporal), visando diversificar a produção, gerar renda,
proteger o solo e a água, além de promover o envolvimento da população local (SENAR, 2017).
No SAFs, a escolha de espécies adequadas é um fator chave para a estabilização dessas
espécies, sendo que espécies nativas podem ter maior probabilidade de êxito, por já estarem
adaptadas ao meio, principalmente aos fatores edafoclimáticos (DUBOC, 2004).
O sistema plantio direto (SPD) é reconhecido como uma prática inovadora, que desde o
seu surgimento tem demonstrado sustentabilidade na produção agrícola, trazendo benefícios
para o meio ambiente. Em contraste com o plantio convencional, onde o solo é completamente

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 337


ambiente, Volume 1.
revolvido para incorporar fertilizantes e corretivos, o SPD permite um plantio mais rápido e
eficiente, resultando em economia de recursos.
Esse manejo evita a degradação do solo causada pelas práticas convencionais,
preservando a estrutura e os nutrientes do solo, além de reduzir a erosão e a perda de matéria
orgânica (ALVARENGA et al., 2009). O plantio direto evoluiu com a necessidade de reduzir
a erosão do solo, melhorar a eficiência na produção, reduzir custos e de recuperar a qualidade
da água e de outros recursos naturais (GASSEN, 2010).
Nesse contexto, o plantio direto se configura como uma prática generalizada pelos
benefícios e vantagens. Alguns autores consideram o plantio direto como um sistema, quando
na realidade é uma prática de semeadura, imprescindível para a sustentabilidade da produção
agrícola (GASSEN, 2010).
O manejo de plantas daninhas em sistemas de plantio direto sem o uso de herbicidas é
um dos grandes desafios da atualidade. Para que seja executável, é preciso estabelecer um
conjunto de práticas, que vão desde a recuperação da fertilidade dos solos, com a diminuição
da população de plantas daninhas e melhora na competitividade das culturas, até o controle
manual localizado das plantas daninhas (GOMES JÚNIOR; CHRISTOFFOLETI, 2008). Nesse
contexto, a busca por plantas de cobertura de solo mais adaptadas aos diferentes ambientes
edafoclimáticas e que se ajustem melhor aos sistemas de rotação, é uma necessidade
(ALVARENGA et al., 2001).

Com isso, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento de dados para
recomendação de planta de cobertura para o sistema produtivo em uma determinada área da
fazenda escola da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA.

2 METODOLOGIA

2.1 Descrição da Área

O local avaliado se encontra na Fazenda Escola da Universidade Estadual do Maranhão


– UEMA, localizada em São Luís/MA. A área é caracterizada conforme o Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET), 2022:

Situada entre as coordenadas geográficas 02º 35’ 04,0” S de latitude, 44º 12’ 33,3” de
longitude e 45 m ao nível do mar. Segundo a classificação climática de Koppen
(1936), é Aw Tropical com inverno seco com temperatura média anual de 31,5 ºC, e
uma média de precipitação de 2117,1 mm ano-1 (INMET, 2022).

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ambiente, Volume 1.
Figura 1: Mapa da localização geográfica da área avaliada na Fazenda Escola da Universidade Estadual do
Maranhão, em São Luís/MA.

Fonte: Google Earth (2023).

2.2 Caracterização do Clima

O período chuvoso do ano possui cerca de aproximadamente 10 meses, indo de


novembro a setembro, tendo no mínimo 31 dias consecutivos de chuva, onde há pelo menos 13
milímetros; abril é o mês com maior índice pluviométrico. O período de estiagem corresponde
a cerca de 2, meses, ele equivale de setembro a novembro, onde ainda há expectativa de uma
pequena faixa pluviométrica. São Luís é caracterizada com clima tropical, quente e úmido.
Sofre forte influência marítma, localiza-se também próxima a linha do Equador. A umidade
relativa do ar possui variações que vão de 71,46% em setembro a 86,70% em abril. A
temperatura oscila de 20° a 35,5° C, dependendo da estação.

2.3 Descrição do Solo

A área total da Fazenda Escola da UEMA possui cerca de 56,12 há de área total. Há a
presença de policultivos e sistemas agroflorestais possuindo assim solo Argissolo Vermelho
Amarelo Distrófico Arênico, são caracterizados como solos com mudança textural abrupta e
com textura arenosa desde a superfície do solo até no mínimo 50 cm e no máximo 100 cm de
profundidade. Quanto à topografia do local, pode-se encontrar uma área plana de fácil trabalho.

O solo possui uma boa drenagem, devido a sua composição ser grande parte areia, o que
acaba facilitando a drenagem no local. Uma das principais vantagens da drenagem do solo é
que ela aumenta a fração do solo preenchida por ar, a drenagem do solo é de grande importância
para que todo o excesso de água residual – seja superficial ou subterrâneo – possa fluir do local
de plantação e chegar a tanques de retenção ou outras áreas de processamento. Solos muito

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ambiente, Volume 1.
úmidos criam condições anaeróbicas para as raízes das culturas, resultando em condições de
crescimento ruins, o que tem um efeito direto no potencial de rendimento do campo.
2.4 Presença de Matéria Orgânica
A utilização de adubos verdes, em especial os de verão, é uma prática conservacionista
utilizada em distintas regiões do mundo e consiste no plantio de uma espécie vegetal, que, após
atingir seu pleno desenvolvimento vegetativo é incorporada ou acamada.
No local avaliado a adubação verde utilizada é o Paspalum maritimum Trind também
conhecido como capim-gengibre. Trata-se de uma gramínea nativa e perene, disseminada nas
baixadas litorâneas e nos tabuleiros costeiros do Nordeste brasileiro (CARVALHO FILHO;
FONTES, 2004). Devido ao seu hábito de crescimento rizomatoso e estolonífero e de sua
grande capacidade de produção de sementes, essa planta é tida como de difícil erradicação,
vegeta com vigor em solos secos e pobres, propagando-se com facilidade e intensidade.
(EMBRAPA, 2013). É bastante utilizada como forrageira devido à suas características de
resistência.
Figura 2: Utilização de uma trena para determinar o tamanho do quadrado.

Fonte: Santos (2023).

Figura 3: Amostra de forragem sendo pesada no Laboratório de Nutrição Animal.

Fonte: Santos (2023).

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ambiente, Volume 1.
2.5 Identificação das Culturas Presentes na Área
A identificação das plantas foi realizada a partir do registro histórico de plantio da área,
já na modalidade de Sistema Agroflorestal (SAF). Os Sistemas Agroflorestais são utilizados
para inúmeras finalidades:
O objetivo principal dos SAFs é de otimizar o uso da terra, conciliando a produção
florestal com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão
pelo uso da terra para produção agrícola. Áreas de vegetação secundária, sem
expressão econômica e social, podem ser reabilitadas e usadas racionalmente por meio
de práticas agroflorestais. Outro ponto importante é a formação de sistemas
ecológicos mais estáveis, com menor input de recursos externos e maior auto-
suficiência (ENGEL, 1999, p. 4).

Podem ser adotados como um manejo para restauração em áreas florestais e recuperar
áreas degradadas. As cultivares instaladas no sistema SAF na Fazenda Escola são:

Banana (Musa x paradidíaca): A banana é uma fruta tropical, de grande consumo. A


banana constitui elemento importante na alimentação de populações de menor renda, não só
pelo alto valor nutritivo, mas também pelo baixo custo (OLIVEIRA; CURTA, 2014).

Açaí (Euterpe oleracea Mart.): O açaí possui populações naturais de açaí são
encontradas em solos de igapó e terra firme, porém com maior frequência e densidade em solos
de várzea (NASCIMENTO, 2008), podendo também ser encontrada em locais mais alagados,
com variedades adaptadas à essas condições.

Cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willdenow ex. Sprengel) Schumann): O


cupuaçuzeiro cultivado desenvolve bem em clima tropical, com condições edafoclimáticas
semelhante ao da floresta tropical úmida da Amazônia (SOUZA et al., 2017).

Murici (Byrsonima verbasci folia. Rich Ex A. Juss): O Brasil concentra cerca de 50%
das espécies nas regiões Norte, Nordeste e Central, podendo também ser encontradas na região
Sudeste do país, em áreas do cerrado (SALDANHA; SOARES, 2015). Destacando-se entre as
espécies de seu grupo, devido à ampla distribuição em todo o Brasil (MENEZES FILHO, 2021).

Maracujá (Passíflora edulis): As plantas do maracujazeiro se desenvolvem bem nas


regiões tropicais e subtropicais, sendo encontradas nos diferentes Biomas do Brasil
principalmente no Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e Caatinga (FALEIRO; JUNQUEIRA,
2017).

Goiaba (Psidium guajava): A goiabeira é uma árvore frutífera de pequeno porte,


atingindo até 10 m de altura, pertencente à família Myrtaceae, de ocorrência espontânea em
todas as regiões do Brasil (SOBRAL et al., 2015).

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ambiente, Volume 1.
Abacate (Persea americana): É nativa da América Central sendo mundialmente
conhecida e amplamente cultivada em diversas regiões do mundo (BARBIERI et al., 2023). O
seu consumo decorre dos inúmeros benefícios que a fruta dispõe. O abacateiro se desenvolve
bem em regiões tropicais e subtropicais. A planta possui caule cilíndrico e lenhoso com
coloração cinza escuro (PEREIRA, 2015).

Mangaba (Hancornia speciosa): A mangabeira é uma planta semidecidual típica dos


geoambientes dos tabuleiros costeiros, baixada litorânea, cerrados e chapadas do Brasil
(SOUZA JÚNIOR et al., 2018). Sendo típica de solos extremamente pobres, esta espécie é,
aparentemente, pouco exigente em nutrientes. Apresentando satisfatória produtividade em
ambientes com grande oferta de nutrientes (SOUZA JÚNIOR et al., 2018).

Bacuri pari (Garcinia gardneriana): Ocorre com frequência na Planície de Inundação


do Alto Rio Paraná e tem importância na alimentação das populações ribeirinhas, sendo
consumida in natura e os seus frutos são comestíveis e muito saborosos sendo usado na forma
de sucos e doces (CARVALHO, 2014). Podendo também ser cultivado com a finalidade de
extração de madeira.

Sapoti (Manilkara zapota):Sua origem remete a América Central. É uma espécie


frutífera rica em nutrientes e minerais, possuindo substâncias antioxidantes que podem atuar na
prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares, câncer, doenças degenerativas e outras
(VIEIRA, 2020). Também é uma excelente opção para consórcios e sistemas agroflorestais
devido a sua tolerância a incidência de luz.

Graviola (Annona muricata): A graviola é uma fruta tropical com grande destaque nos
mercados frutícolas da América do Sul, América Central e Caribe, o que justifica sua inclusão
entre as frutas tropicais brasileiras de alto valor comercial (SILVA, 1999).

O monitoramento da quantidade de nutrientes que a planta extrai do solo, é um ótimo


parâmetro para mensurar a carência de nutrientes por parte das plantas. Com a prática da
adubação, os nutrientes são restituídos ao solo, de acordo com o percentual em que eles
estiverem presentes nas frutas colhidas, desse modo, a fertilidade do solo é conservada. Em
plantas frutíferas, a exportação de nutrientes é motivada pela produção de frutas, crescimento
das raízes, parte aérea, ramos removidos pela poda e folhas (EMBRAPA, 2022). Durante a
visita técnica foi possível observar um alto número de cultivares com problemas nutricionais.

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Figura 4: Cultivar com deficiência nutricional ocasionando o encarquilhamento das folhas.

Fonte: Santos (2023).

Além de problemas nutricionais também foi possível notar problemas com pragas e
doenças. Grande parte das cultivares possui algum nível de dano por formigas. Foi possível
observar o ataque as culturas causando lesões nas folhas.

Notou-se ataques severos de oídios, o sintoma típico do oídio consiste na presença de


camada esbranquiçada ou cinza de micélio e esporos (conídios) pulverulentos, podendo
lesionar toda a região aérea da planta, apenas em pequenas áreas arredondadas sobre as folhas.
A ação fúngica é responsável pela mudança da coloração, que varia de castanho para
acinzentado, ocasionando o secamento e a queda das folhas antes do tempo.

Na haste e nos pecíolos, as estruturas do fungo adquirem coloração que varia de branca
a bege e a epiderme da planta desenvolvem uma coloração arroxeada a negra. A colonização,
quando em estado severo e com variedades suscetíveis dificulta a ampliação do tecido cortical
e ocasiona o engrossamento do lenho e fissura das hastes e cicatrizes superficiais. Em casos
extremos, pode ocorrer a dispersão dos propágulos através do vento e a infecção se dá em todas
as fases de desenvolvimento da planta, sendo mais perceptível no início da floração. Quanto
mais cedo acometer o pomar, menor será o rendimento.

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Figura 5: Danos cometidos por insetos

Fonte: Santos (2023).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para determinar quanto a massa de forragem produzida pelo capim-gengibre, foi


realizada uma coleta da massa de forragem para quantificar o material fresco. Foi utilizado o
método do quadrado que consiste no corte da forragem presente dentro de uma área conhecida
delimitada por moldura de madeira ou metálica (quadro), lançada ao acaso em diferentes pontos
da área a ser avaliada. O material foi coletado de quatro pontos diferentes e após isso foi levado
para o Laboratório de Nutrição Animal onde foi pesado e retirado para ser calculado o valor da
massa de forragem. A estimativa de volume de palhada produzido pelo capim-gengibre no
sistema SAFs na Fazenda Escola foi de 181,80 Kg/ha (Gráfico 1).

Gráfico 1: Peso das amostras (Matéria Seca) em Kg.

Fonte: Autoria própria (2023).

Apesar do local conter uma cobertura de solo, é indicado o Amendoim forrageiro – Arachis
pintoi Krapov. e W.C. Gregory, pois diferente do capim-gengibre, o amendoim forrageiro é
uma espécie nativa do cerrado do Brasil, adaptada aos solos ácidos e de baixa fertilidade, possui

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ambiente, Volume 1.
características como alta produção de forragem de boa qualidade, alta capacidade de fixar
nitrogênio e boa tolerância ao sombreamento caracteriza-se por uma alta produção de matéria
seca (5 a 13 t/ha/ano), a digestibilidade da matéria seca pode atingir de60 a 70% e os teores de
proteína estão entre 13 a 25%.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise do sistema de produção, conclui-se que a presença da diversidade de


espécies cultivadas, contribuiu para o equilíbrio da biodiversidade, aumentou a fertilidade do
solo e favorecendo a disponibilidade de nutrientes. Os resultados do Sistema em conjunto com
o plantio direto, atua na produção de biomassa, ao introduzir o amendoim forrageiro no sistema,
haverá a otimização do sistema.

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DOI 10.47402/ed.ep.c2404113025324

CAPÍTULO 25
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL DE ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE
METILENO POR ACÍCULA DO PINUS

Yasmin Lemos Silva


Marcia Victória Silveira
Cláudio Henrique Kray

RESUMO
O descarte de corantes provenientes da indústria têxtil em corpos hídricos destaca uma preocupação ambiental
significativa. O despejo inadequado pode resultar em impactos prejudiciais nos ecossistemas aquáticos, afetando
a qualidade da água e da biodiversidade. Este problema mostra a necessidade urgente de práticas sustentáveis na
indústria, visando minimizar o impacto ambiental decorrente da produção têxtil e do descarte inadequado de
corantes nos corpos d'água. Biossorventes são materiais derivados de fontes biológicas, ou seja, biomassas que
apresentam a capacidade de remoção eficiente de substâncias nocivas como os poluentes orgânicos. Nesse sentido,
o presente estudo teve como objetivo investigar o potencial de adsorção do corante Azul de Metileno, utilizando
como biossorvente a folha do pinus (acícula) in natura e seca a 105 °C. Os resultados elucidam o melhor
desempenho da acícula seca (95,4%) na remoção do azul de metileno em relação à in natura (77%), e diante disto,
a biomassa pode ser considerada como mais uma alternativa eficiente de biossorvente, dentre os já existentes.

PALAVRAS-CHAVE: Acícula Pinus; Adsorção; Azul de metileno.

1 INTRODUÇÃO

A indústria têxtil destaca-se pela alta emissão de efluentes com diferentes tipos e
concentrações de poluentes orgânicos e inorgânicos, entre eles o corante azul de metileno. A
remoção dos corantes dos efluentes é uma das principais dificuldades do setor têxtil. O setor
utiliza em torno de 20 t ano-¹ de corantes, sendo estimado que 20% são descartados como
efluentes causando impactos no meio ambiente (COGO, 2011; VALENTE, 2018). Em 2021,
de acordo com a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o volume da
produção alcançou valores de 2,2 milhões de toneladas frente a 1,9 milhões em 2019. Além
disso, a indústria têxtil representa 11,5% do PIB nacional e um dos principais fabricantes do
mundo, não só pela quantidade, mas pela qualidade oferecida (ABIT, 2023).

O Azul de Metileno é um corante muito utilizado no processo de tingimento e pode


causar poluição do ar, através da troca de calor; poluir corpos hídricos devido ao banho de
tingimento e lavagem do material final; e consequentemente, poluir o solo (FELIZARDO;
DOMINGUINI, 2013).

Os corantes, em geral, tem sido um problema segundo alguns especialistas, pois


apresentam resistência em seu tratamento químico e biológico liberando substâncias tóxicas
mais poluentes que o próprio corante durante a sua decomposição química (CORDEIRO et al.,

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ambiente, Volume 1.
2018). Assim, quando descartado de forma inadequada acrescido de altas concentrações pode
gerar malefícios à saúde humana, como: confusão mental, dificuldade respiratória temporária,
metemoglobinemia, dores de cabeça e náuseas (MIRANDA, 2015).

Portanto, devido aos riscos ambientais e para a saúde humana apontados anteriormente,
é necessário que formas de tratamento sejam identificadas. Uma alternativa utilizada e que vem
ganhando destaque no meio científico, devido sua eficiência, simplicidade de preparo e
aquisição, é o método de adsorção. Este método permite a remoção de substâncias polares
hidrossolúveis, tal como os corantes (FELIZARDO; DOMINGUINI, 2013).

Diferente da absorção que um material embebeda uma substância adicionando em seu


volume, a adsorção é um processo físico-químico pelo qual a substância é acumulada numa
interface entre fases, ficando na camada superficial do adsorvente sem interferir em seu volume
(LERMEN et al., 2021).

O uso de adsorventes para o tratamento de efluentes é uma forma que tem sido bastante
investigada, pois não necessita de uma alta carga de subproduto, e por isso inúmeros materiais,
geralmente biossorventes, já foram testados e comprovaram sua eficácia no processo de
adsorção (ARAÚJO et al., 2023).

Tabela 1: Adsorção do Azul de Metileno em solução aquosa com diferentes materiais.

Adsorvente Remoção (%) Referência


Timbaúva 86,78 Alvarenga et al. (2020)
Lodo de tratamento de esgoto 90,8 Fonseca et al. (2020)
Coroa de abacaxi 96,6 Cordeiro et al. (2018)
Zeólita 96,8 Araújo et al. (2023)
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo investigar a adsorção do azul de
metileno, através de biossorvente sólido (folha do pinus sp), denominada como Acícula, in
natura e seca. Assim, investigando o potencial da acícula como mais uma alternativa de
adsorvente a partir de resíduos de biomassa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Corantes Têxteis

A produção mundial dos corantes é estimada em 800.000 ton./ano e pelo menos 10-15%
destes entram no meio ambiente através dos efluentes (PEIXOTO et al., 2013). Os corantes
sintéticos são compostos orgânicos extensivamente usados em diversas áreas, nas quais pode

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ser destacada a indústria têxtil, farmacêutica, de cosméticos, de plásticos, de couros, fotográfica,
automobilística, de papel e alimentícia (ZANONI; YAMANAKA, 2016).

No Brasil, os corantes possuem grande importância econômica, importando 158,4 mil


toneladas (correspondente a US$ 515 milhões) e exportando, no mesmo período, 62 mil
toneladas (equivalente a US$ 145 milhões) de corantes e pigmentos (MENDONÇA et al.,
2021).

Devido à sua própria natureza, os corantes são detectáveis a olho nu, sendo visíveis em
alguns casos mesmo em concentrações tão baixas quanto 1 ppm (1 mg/L), entretanto, este
comportamento apresenta vantagens e desvantagens, pois uma pequena quantidade lançada em
efluentes aquáticos pode causar uma acentuada mudança de coloração dos rios, mas pode
também ser facilmente detectada pelo público e autoridades que controlam as tratativas
ambientais (GUARITINI; ZANONI, 1999; PIMENTEL et al., 2022).

Existem mais de 100 mil corantes comerciais, dos quais cerca de 2.000 estão disponíveis
para a indústria têxtil (TESSARO, 2015). O azul de metileno é um exemplo de corante
amplamente utilizado pelas indústrias que o manipulam, e é um potencial gerador de impactos
na qualidade e na ecologia da água. Uma das formas de retirar o azul de metileno do efluente é
por meio de biossorção, uma adsorção por organismos vivos ou seus produtos (DORNELAS,
2023).

Do ponto de vista ambiental, a remoção da cor do banho de lavagem é um dos grandes


problemas do setor têxtil. Estima-se, que cerca de 15% da produção mundial de corantes é
perdida para o meio-ambiente durante a síntese, processamento ou aplicação desses corantes
(GUARITINI; ZANONI, 1999; PIMENTEL et al., 2022). A coloração, além de causar impacto
visual nos corpos hídricos, pode ser fonte de substâncias tóxicas, devido aos componentes
presentes nos corantes, e interfere na penetração de luz na camada de água, diminuindo os níveis
de oxigênio e podendo ocasionar a morte de peixes e outros organismos (NUNES, 2019).

O azul de metileno (cloreto de metiltionínio), C16H18ClN3S (319.85 g/mol) é um corante


catiônico pertencente à classe das fenotiazinas, orgânico, aromático, heterocíclico, muito
solúvel em água ou álcool (TESSARO, 2015). A Figura 1 apresenta a estrutura molecular do
Azul de metileno.

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ambiente, Volume 1.
Figura 1: Estrutura Molecular Azul de Metileno.
N

N S N

Cl
Fonte: Autoria própria (2023).

2.2 Pinus

No Rio Grande do Sul, algumas espécies vegetais e animais exóticos introduzidos


tornaram-se um problema de dimensões crescente, podendo-se destacar o pinus (Pinus elliotti
e Pinus taeda), especialmente na restinga litorânea e campos de cima da serra, a uva-do-japão
(Hovenia duscis) na região da Mata Atlântica e o capim-annoni (Eragrostis plana), sendo que
este último se tornou uma ameaça aos campos naturais no Bioma Pampa (SEMA, 2017).

Sua invasão está associada diretamente à atividade da silvicultura e, também, pelo seu
uso para quebra-ventos e ornamentação. A silvicultura com Pinus spp. é uma atividade
econômica de grande relevância no Litoral Médio, tendo como principal produto a madeira em
tora e a produção de resina e de lenha (INSTRUÇÃO NORMATIVA 79, 2013).

Em 2016, a ABG divulgou que aproximadamente 81.000 hectares, distribuídos pelos


municípios de Mostarda, Tavares, Viamão, Barra do Ribeiro e Tapes, que compõem o Litoral
Médio, são destinados à área de plantio de pinus (ABG, 2015).

Há necessidade permanente de aprofundar uma série de questões sobre o controle e a


dispersão do Pinus, as quais vão desde a geração de novos conhecimentos (especialmente sobre
o grau de infestação e dinâmica das invasões nos diversos ecossistemas) às ações de prevenção,
manejo, controle e recuperação dos ambientes invadidos (SEMA, 2017).

Um dos resíduos gerados no cultivo de Pinus é a acícula. As acículas são folhas


modificadas, pouco exploradas e com grande acúmulo na serapilheira. Kleinpaul (2005) estima
que o acúmulo de serapilheira em uma floresta de Pinus pode chegar a 21,9 toneladas por
hectare, sendo compostos por 57% de acícula, 16,7% de galhos, 15,9% de estruturas
reprodutivas, 2,5% de cascas e 7,7% outros materiais.

Couto e Brito (1980), mostraram que árvores com oito anos de idade podem produzir
uma média de 17,5 kg de acículas por árvore, com 50% de umidade. Com isso, os solos com o
cultivo de Pinus apresentam uma tendência a possuírem pH ácido pelo acúmulo expressivo de
acículas na superfície do solo (CECCAGNO, 2016).

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ambiente, Volume 1.
O acúmulo de acículas pode facilitar a propagação de incêndio e servir de abrigo para
algumas pragas, sendo adotada, em alguns casos, a remoção de forma química, biológica ou
mecânica deste material (BRAND, 2014).

Desta forma, propor alternativas para o uso da acícula de pinus é relevante e


ambientalmente necessário. Portanto, neste trabalho será apresentado a investigação do
potencial adsorvente da acícula frente ao azul de metileno.

3 METODOLOGIA

3.1. Preparo dos Materiais

Acícula Seca e Verde: A acícula seca foi cedida pelo Laboratório de Síntese Orgânica
catalítica- LSOcat da Universidade Federal de Rio Grande- FURG. O adsorvente foi retido em
estufa (Lucadema, 81/81) com uma temperatura controlada a 105 °C por aproximadamente 16
horas. Após a secagem, as folhas foram trituradas e armazenadas. Não houve definição de
granulometria. Já a acícula verde foi coletada no dia do experimento, triturada e armazenada.

Solução Azul de Metileno 25 mg/L (S.A.M-Padrão): Pesou-se 25 mg de corante de azul


de metileno em béquer de 250 mL e adicionou-se 200 mL de água destilada. A mistura foi
agitada e transferida para balão volumétrico de 1L. O volume final foi completado com água
destilada.

Solução Azul de Metileno (S.A.M-diluída): A solução de azul de metileno diluída foi


preparada transferindo 25 mL da S.A.M-Padrão e 25 mL de água destilada.

3.2 Ensaio de Adsorção e pH

As análises foram realizadas em triplicata, totalizando 18 (dezoito) medidas relativas ao


processo de adsorção entre a acícula e o corante. Em 9 (nove) erlenmeyers foram pesados 0,5
mg de acícula seca (A.S) e 50 mL da S.A.M- diluída. O mesmo procedimento foi aplicado à
acícula verde (A.V).

As amostras foram submetidas à agitação orbital, utilizando mesa agitadora (Lucadema,


modelo 183), na rotação de 130 rpm, por 20, 40 e 60 minutos. Nos tempos determinados, 3
amostras com A.S e 3 amostras com A.V foram avaliados.

Ao final de cada tempo, as amostras foram filtradas, e analisadas em Espectrofotômetro


UV/VIS, modelo UV-1900, Shimadzu. Para ensaio de pH foi utilizado o pHmetro Lutron PH-
221.

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ambiente, Volume 1.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao analisar a adsorção do azul de metileno, observou-se que a acícula seca obteve um


desempenho melhor em relação a acícula verde (in natura). A Tabela 2, mostra a média dos
resultados quanto à absorbância da solução de azul de metileno com a acícula seca e in natura.

Tabela 2: Média dos resultados quanto à absorbância.


Amostra Tempo (min.) Absorbância

S.A.M (diluída) 0 2,143

A.S (acícula seca) 20 0,147

A.S 40 0,112

A.S 60 0,099

A.V (acícula verde) 20 0,578

A.V 40 0,424

A.V 60 0,493
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Os resultados elucidam que a partir de 20 minutos, do contato da A.S com a solução de


azul de metileno, há decréscimo significativo de 93,1 % comparado à absorbância inicial da
solução azul de metileno. Nos tempos de 40 e 60 minutos percebe-se uma estabilidade da
porcentagem de remoção (95,4%).

Por outro lado, a A.V mesmo apresentando potencial de adsorção, em 20 minutos


remove aproximadamente 73 % e nos tempos de 40 e 60 minutos tem alcance máximo de 77%
de remoção.

Destaca-se que o valor de absorbância da S.A.M-diluída, ultrapassa o postulado pela


Lei de Lambert-Beer, onde a leitura máxima é de 1, devido a faixa linear entre a concentração
do analito e sua absorbância. Para tal, a solução foi diluída 4 x e o valor encontrado, corrigido
pela diluição.

O potencial proeminente da acícula seca em relação a acícula in natura, pode estar


relacionado a sua estrutura interna, que ao sofrer secagem retira as moléculas de água, sendo
assim, possível adsorver a solução contendo corante (Figura 2). A acícula in natura, por já
conter água em sua estrutura, não irá atingir os mesmos teores de adsorção da solução de azul
de metileno.

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ambiente, Volume 1.
Testes em 20, 40 e 60 minutos utilizando água destilada e acícula verde foram
realizados. Não houve transferência de “cor” de sua estrutura para a solução de azul de
metileno, evidenciada pelos valores de absorbância, medidos em triplicata, de 0.006.

Figura 2: Comparação das amostras A.S e A.V.

Fonte: Autoria própria (2023).

Complementa-se que, por volta dos 55 minutos, partículas do corante se desprendem da


estrutura da acícula seca, indicando capacidade máxima de adsorção. Para uma análise mais
aprofundada, sugere-se a micrografia da estrutura da acícula seca e in natura, a fim de ser
analisado o que ocorre em sua superfície mais detalhadamente.

Em relação a qualidade da água e efluentes, alguns parâmetros são essenciais, como a


turbidez e cor que são exigidos por legislação, ou seja, quanto mais translúcido e sem cor,
melhor. Nas análises, pode ser visualizada a diferença de tonalidade e turbidez da solução na
Figura 2.

Outro parâmetro associado a qualidade da água e efluentes é o pH e foi avaliado a


alteração no pH devido a presença da acícula. O teste foi realizado nas amostras S.A.M
(padrão), S.A.M diluída, S.A.M diluída na presença de A.V e A.S, ambas no tempo de 20
minutos. Os valores são esperados, pois na superfície de solos, em contato com acículas o pH
é ácido (CECCAGNO, 2016). A tabela 3 indica os resultados.

Tabela 3: Resultados do teste de pH.


Amostra Tempo (min.) pH

S.A.M-Padrão 0 5.54

S.A.M (diluída) 0 5.14

A.S 20 4.95

A.V 20 4.98
Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

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ambiente, Volume 1.
Nota-se que, o pH das soluções de azul de metileno encontram-se na faixa ácida (5.54 e
5.14). A presença da acícula verde ou seca diminui o pH (5), mas mantém-se a faixa ácida. O
teste foi realizado somente com a solução no tempo de 20 min.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A acícula seca apresentou potencial maior de adsorção em comparação a acícula in
natura, com um percentual de remoção de 93,1%. Entre 45 e 55 minutos, suponha-se que foi
atingida a capacidade máxima de adsorção pela acícula seca, pois evidenciou-se o
desprendimento de partículas do azul de metileno na solução e estabilidade na remoção.

Neste sentido, a acícula apresenta-se como excelente adsorvente, se utilizada seca, e


mostra grande potencial de aplicação no tratamento de efluentes, especialmente para retirada
da cor proveniente do composto orgânico azul de metileno.

Além disso, é uma alternativa para solucionar o passivo ambiental (acícula) e seus
malefícios para a natureza, tanto em questões de propagação de incêndios, abrigo de pragas,
quanto no decréscimo de espécies invasoras.

REFERÊNCIAS

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113126324

CAPÍTULO 26
DETERMINAÇÃO DE MINOXIDIL EM SOLUÇÕES TÓPICAS UTILIZANDO
ELETRODO DE DIAMANTE DOPADO COM BORO

Emily Akemi Fukuda


Mayara da Silva Araujo
Roberta Antigo Medeiros

RESUMO
Esse trabalho descreve um procedimento eletroanalítico para a determinação de minoxidil em amostras de soluções
tópicas empregando um eletrodo de diamante dopado com boro pré-tratado catodicamente. Por meio da técnica
voltamétrica cíclica, observou-se que o fármaco apresentou um pico de oxidação irreversível em potencial de,
aproximadamente, 0,85 V. Adicionalmente, parâmetros e condições como pH, eletrólito suporte e velocidade de
varredura foram estudados e otimizados. O minoxidil foi determinado utilizando a técnica voltamétrica de pulso
diferencial e uma solução de tampão BR (pH 9,0) foi utilizada como eletrólito suporte. A faixa de concentração
linear da curva analítica foi de 2,49 a 49,9 µmol L-1, os valores de limites de detecção e de quantificação calculados
foram de 0,195 e 0,593 µmol L-1, respectivamente. As amostras de soluções tópicas foram analisadas pelo método
voltamétrico proposto e pelo método espectrofotométrico comparativo, foi realizado o teste t-pareado, o qual
indicou que não houve diferença significativa entre os resultados obtidos para a determinação da concentração de
minoxidil, a um nível de confiança de 95%. Portanto, o método eletroanalítico desenvolvido se mostrou viável
para a utilização no controle de qualidade do minoxidil em medicamentos, e pode ser atrativo para análises de
rotina em indústrias farmacêuticas, proporcionando uma análise mais econômica e ambientalmente mais
sustentável.

PALAVRAS-CHAVE: Determinação voltamétrica de minoxidil; Eletrodo de Diamante


Dopado com Boro; Voltametria de Pulso Diferencial; Soluções Tópicas.

1 INTRODUÇÃO

A alopecia androgenética (AAG), popularmente conhecida como calvície, é uma doença


genética caracterizada pela alteração no ciclo capilar, levando ao afinamento progressivo
folicular, o que resulta na perda dos fios de cabelo (KRAUSE; FOITZIK, 2006; TRÜEB, n.d.).
Essa atinge ambos os sexos, no entanto, os homens são afetados com maior frequência, sendo
que mais de 50% deles apresentam um grau de calvície acima dos 50 anos (NORWOOD, 1975).

Em vista do grande número de pessoas afetadas pela AAG, muitos medicamentos vêm
sendo utilizados com a promessa de aumentar a cobertura do couro cabeludo e retardar a queda
dos fios. Entre esses, pode-se citar: Dutasterida, Espironolactona, Finasterida, Flutamida e
Minoxidil (MX). De acordo com a literatura, dois dos fármacos citados se destacam por
apresentaram melhores resultados ao tratamento, Finasterida via oral e MX tópico (uso crônico)
(KRAUSE; FOITZIK, 2006; OLSEN et al., 2004).

O MX é comumente utilizado pela população masculina e, além das formulações tópicas


é comercializado na forma de cápsulas para casos mais extremos como a AAG ou em casos de

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ambiente, Volume 1.
hipertensão arterial [5,6] (FLEISHAKER et al., 1989; GORECKI, 1988). Devido ao aumento
na busca pela regeneração capilar e consumo deste medicamento, o desenvolvimento de
métodos analíticos para sua quantificação em formulações, tanto para monitoramento, quanto
para controle de qualidade, se torna de suma importância.

Entre os procedimentos analíticos desenvolvidos para a determinação do MX em


amostras de urina, plasma sanguíneo e cosméticos, são encontrados métodos empregando
técnicas como a espectrofotometria (BORDBAR et al., 2009; SASTRY et al., 1991),
eletroforese capilar (PATTERSON; RAMSTAD; MILLS, 2005), cromatografia líquida de alta
eficiência (CLAE) (GOLDEN; ZOUTENDAM, 1987; ICHIDA et al., 2020; MISTRY; SHAH;
JAT, 2022; PATEL; MESHRAM, 2015; SIDDIRAJU; SAHITHI, 2015; TONELLI; AMATO;
TURCHETTO, 1991; ZARGHI et al., 2004), polarografia (AMANKWA; CHATTEN; PONS,
1983), amperometria (AMANKWA; CHATTEN; PONS, 1983; CALDAS et al., 2024) e
voltametria (AHMADI; GHASEMI; RAHIMI-NASRABADI, 2011; DEHDASHTIAN;
HASHEMI, 2020; KARIMIAN; GHOLIVAND; TAHERKHANI, 2015; SHAMSIPUR et al.,
2016; SOUSA et al., 2013).

Os métodos eletroanalíticos têm sido cada vez mais utilizados, em razão de seu baixo
custo relativo, não exigindo longos procedimentos de preparo de amostras ou elevado consumo
de reagentes, comparados aos métodos cromatográficos (FARIDBOD; GUPTA; ZAMANI,
2011; THAPLIYAL et al., 2016; YANG et al., 2018).

Nos últimos anos, diferentes trabalhos envolvendo os métodos eletroanalíticos vêm


explorando procedimentos e materiais simples e com baixo custo relativo para a determinação
do MX (KARIMIAN; GHOLIVAND; TAHERKHANI, 2015; SHAMSIPUR et al., 2016;
DEHDASHTIAN; HASHEMI, 2020; CALDAS et al., 2024).

Um sensor eletroquímico baseado na modificação do ECV com polímero


molecularmente impresso (PMI) e nanopartículas de prata foi desenvolvido para a determinação
de MX em soluções tópicas, comprimidos e em plasma sanguíneo. A determinação de MX foi
realizada utilizando a voltametria de onda quadrada de redissolução anódica e a faixa de
concentração linear foi de 0,03 – 500 µmol L-1. Os limites de detecção e de quantificação (LQ)
foram, 0,01 e 0,03 µmol L-1, respectivamente (KARIMIAN; GHOLIVAND; TAHERKHANI,
2015).

Outro método eletroanalítico, para determinação de MX, descrito na literatura, utilizou


um eletrodo de pasta de grafite modificado com quantum dots de CdSe, glicose e um 1-etil-3-

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metilimidazólio:PF6. A faixa de concentração linear foi de 0,01 a 8,0 µmol L -1 e os LD e LQ
obtidos foram de 5,5 e 10 nmol L -1, respectivamente (SHAMSIPUR et al., 2016).

Em outro trabalho, a voltametria de pulso diferencial (VPD) e um eletrodo de pasta de


carbono modificado com polímero molecularmente impresso (EPC-PMI) foram utilizados para
a quantificação de MX em amostras de plasma sanguíneo. O EPC-PMI desenvolvido foi
comparado com um eletrodo de pasta de carbono de polímero não impresso frente à sua resposta
ao MX. Dois picos anódicos foram observados em potenciais aproximados de 0,64 e 0,83 V,
respectivamente; utilizando uma solução tampão fosfato (pH 7,0) como eletrólito suporte. O
fármaco foi determinado em uma faixa de concentração de 1,0 – 400 nmol L-1 com limite de
detecção (LD) de 0,3 nmol L-1 (DEHDASHTIAN; HASHEMI, 2020).

No trabalho desenvolvido por CALDAS et al. 2024, o MX foi determinado empregando


eletrodos compósitos baseados na mistura de poliácido lático, grafite e óxido de alumínio,
diluídos em clorofórmio e compactados no interior de uma seringa, sob diferentes composições.
Na caracterização eletroquímica do MX com o eletrodo proposto, foram observados dos picos
anódicos, nas regiões de +0,6 e +1,2 V vs. Ag/AgCl (KCl saturado). Para a determinação do
MX, os autores utilizaram o método de análise por injeção em batelada (BIA) e a técnica de
amperometria, sendo obtida uma região de concentração linear de 10 a 1000 µmol L-1 e um
limite de detecção de 2,9 µmol L-1 (CALDAS et al., 2024).

Para o desenvolvimento dos métodos eletroanalíticos, as técnicas voltamétricas se


destacam por apresentarem alta sensibilidade e precisão (STRADIOTTO; YAMANAKA;
ZANONI, 2003).

Entre as técnicas voltamétricas mais utilizadas na eletroanalítica, encontram-se a


voltametria cíclica, voltametria de pulso diferencial e voltametria de onda quadrada, sendo que
as duas últimas são utilizadas no desenvolvimento dos métodos analíticos de quantificação,
devido, principalmente, a menor interferência da corrente capacitiva (FATIBELLO-FILHO,
2022; LAITINEN; KOLTHOFF, 1941).

No caso dos eletrodos de trabalho mais utilizados, atualmente, são aqueles a base de
carbono, disponíveis em uma variedade de microestruturas, como: Eletrodo de Pasta de
Carbono (EPC), Eletrodo de Carbono Vítreo (ECV); eletrodo de grafite (EG); nanotubos de
carbono (NTC); fibras de carbono (FC) e o Eletrodo de Diamante Dopado com Boro (EDDB)
(FATIBELLO-FILHO, 2022; LAITINEN; KOLTHOFF, 1941).

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ambiente, Volume 1.
O EDDB vem sendo utilizado desde 1987 e é o eletrodo a base de carbono não
modificado mais utilizado em métodos eletroanalíticos. Este apresenta algumas vantagens
quando comparado àqueles mais comumente utilizados, como o EPC e o ECV, tais como,
estabilidade perante corrosões em diversos meios, sua baixa capacidade de adsorção de espécies
orgânicas e inorgânicas e corrente capacitiva baixa e estável, o que implica no aumento da
sensibilidade do método eletroanalítico (ALPATOVA et al., 2005; FATIBELLO-FILHO,
2022; PECKOVÁ; MUSILOVÁ; BAREK, 2009).

Ademais, os EDDBs requerem remover o oxigênio gasoso das soluções aquosas devido
a sua baixa sensibilidade à presença desse. Por fim, o aspecto que permite o estudo de uma
grande variedade de espécies é a ampla janela de potencial deste material, o qual permite a
detecção de substâncias com potenciais mais positivos ou negativos sem a interferência da
eletrólise da água (ALPATOVA et al., 2005; FATIBELLO-FILHO, 2022; PECKOVÁ;
MUSILOVÁ; BAREK, 2009).

Apesar de suas diversas vantagens, após a síntese, o EDDB possui terminação


superficial em átomos de hidrogênio e de acordo com a literatura, os filmes de diamante dopado
com boro, terminados em hidrogênio, podem apresentar perda de estabilidade em sua resposta
eletroquímica quando expostos à atmosfera por um longo período de tempo, devido à oxidação
natural que gradualmente modifica a superfície de hidrogênio para oxigênio. Com base nesses
resultados, observou-se a necessidade de realizar tratamentos de superfície a fim de otimizar
sua eficiência para aplicações específicas (SALAZAR-BANDA et al., 2006).

Essas modificações na superfície dos eletrodos, sejam de oxidação ou hidrogenação,


podem ser realizadas por meio de diferentes métodos, tais como: exposição da superfície a um
plasma de oxigênio e/ou hidrogênio, o uso de agentes altamente oxidantes e/ou redutores e as
polarizações anódicas e catódicas (GOETING et al., 2000; GRANGER; SWAIN, 1999; LIU et
al., 2007; NOTSU et al., 2000; TRYK et al., 2001; YAGI et al., 1999).

O pré-tratamento eletroquímico (PT) pode causar mudanças na superfície do eletrodo,


que irão depender de variáveis como, a natureza, o tipo e a intensidade do PT, bem como, a
composição e a concentração do eletrólito suporte utilizado (BEILBY; SAKI; STEM, 1995;
LOURENCAO et al., 2020). Tal modificação superficial consiste na inserção majoritária de
grupos funcionais contendo oxigênio por meio de um pré-tratamento eletroquímico anódico
(PTA), ou na recuperação da superfície com terminações preferencialmente em hidrogênio, por
meio do pré-tratamento eletroquímico catódico (PTC).

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Dessa forma, é possível condicionar o EDDB de acordo com a substância a ser analisada
e sua interação com a superfície do eletrodo, conferindo a este, propriedades significativamente
diferentes daquelas apresentadas por outros eletrodos de carbono (FATIBELLO-FILHO, 2022;
LOURENCAO et al., 2020; TERASHIMA et al., 2002). Portanto, o controle adequado da
terminação superficial do EDDB é fundamental para desenvolver métodos eletroanalíticos com
boa seletividade e sensibilidade.

2 METODOLOGIA

2.1 Reagentes Químicos e Soluções

As soluções utilizadas nos experimentos foram preparadas com reagentes comerciais de


grau analítico e água destilada purificada por meio de um sistema ELGA PURELAB Maxim
(High Wycombe, Bucks, UK), com resistividade de 18,2 MΩ cm. O padrão de Minoxidil foi
adquirido da Fagron®, 99,4%. Os ácidos fosfórico e nítrico foram obtidos da Synth®; ácido
sulfúrico da Vetec Química Fina®; o ácido acético glacial da Fmaia® e o bórico, da
ALPHATEC®. O potássio fosfato monobásico foi adquirido da NUCLEAR® e o
hidrogenofosfato dissódico da Sigma-Aldrich®. As soluções tópicas de Minoxidil foram
adquiridas em farmácias convencionais na cidade de Ibiporã – PR, sendo selecionadas duas
amostras de marcas diferentes e uma obtida em uma farmácia de manipulação. Para realizar o
pré-tratamento eletroquímico no EDDB, uma solução de ácido sulfúrico (H2SO4) 0,5 mol L-1
foi utilizada. Essa foi preparada diluindo-se 13,8 mL de ácido sulfúrico concentrado em um
balão de 500 mL. Para o estudo do pH foi utilizado o tampão de Britton-Robinson (BR) em
valores de pH que variaram de 2,0 a 9,0. Este foi preparado a partir da adição de 1,2366 g de
ácido bórico (H3BO3), 1,2 mL de ácido acético (CH3COOH) e 1,2 mL de ácido fosfórico
(H3PO4) em um balão volumétrico de 500 mL, aferido com água destilada. Em seguida, seu pH
foi ajustado para: 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0 por meio da adição de alíquotas de
soluções de hidróxido de sódio (NaOH) de 1,0 e 6,0 mol L-1 e com o auxílio de um pHmetro.
Para estudos em pH igual a 1,0; uma solução de ácido sulfúrico 0,1 mol L-1 foi preparada a
partir da diluição de 20 mL de H2SO4 0,5 mol L-1, previamente preparado, em um balão
volumétrico de 100 mL. A solução padrão de MX 1,0 × 10-2 mol L-1 foi preparada pela
dissolução de 0,0042 g de MX em um Eppendorf de 2,0 mL, utilizando álcool etílico (C2H6O)
como solvente. A partir dessa, soluções de 1,0 × 10-3; 1,0 × 10-4 e 1,0 × 10-5 mol L-1 foram
preparadas para a construção da curva analítica. Para a realização das medidas
espectrofotométricas, seguindo o método descrito na literatura por BORDBAR et al. 2009. Com
algumas adaptações, uma solução estoque de MX (0,1 mg mL-1) foi preparada em etanol,

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dissolvendo 0,0052 g de MX em um balão volumétrico de 5 mL. As soluções diluídas de cada
amostra foram preparadas na concentração de 1,0 mg mL-1, diluindo 200 µL em etanol em um
balão volumétrico de 10 mL. Para a solução tampão fosfato (0,2 mol L-1), 5,1656 g de KH2PO4
e 0,0866 g de Na2HPO4 foram dissolvidos em um balão volumétrico de 200 mL e completado
com água destilada. Em seguida, seu pH foi ajustado para 5,0 com o auxílio de um pHmetro.

2.2 Instrumentação

Pipetas e micropipetas volumétricas de volumes variáveis com capacidade máxima de


100 µL (Pipetman) e 5 mL (Nichipet EXII) foram utilizadas; para todas, foram empregadas
ponteiras descartáveis de polietileno. Todas as pesagens foram realizadas utilizando uma
balança analítica Marte®, modelo AY2020 com precisão de ±0,1 mg. As medidas de pH foram
efetuadas utilizando um pHmetro Metrohm 827 pH lab, 230 V.

As medidas voltamétricas foram realizadas com o auxílio de um potenciostato Autolab


PGSTAT101 controlado pelo software NOVA 2.1, acoplado à uma célula eletroquímica, como
apresentado na Figura 1.

Figura 1: Esquema ilustrativo do potenciostato Autolab PGSTAT101 controlado pelo software NOVA 2.1,
acoplado a uma célula eletroquímica.

Fonte: Autoria própria (2024).

A célula eletroquímica utilizada é composta por um recipiente de vidro com capacidade


de 20 mL e uma tampa de Teflon com aberturas para abrigar os eletrodos. O eletrodo de trabalho
empregado foi o EDDB (área geométrica de 0,25 cm2), o eletrodo de referência foi o Ag/AgCl
(KCl 0,1 mol L-1) e a placa de platina foi utilizada como eletrodo auxiliar.

O pré-tratamento eletroquímico foi realizado uma vez ao dia de trabalho, antecedendo


os experimentos. O PTA foi realizado aplicando-se 100 mA cm-2 por 30 segundos, seguido do
PTC, aplicando-se uma corrente de -100 mA cm-2 durante 150 segundos.

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As medidas espectrofotométricas foram realizadas em um Espectrofotômetro UV-Vis
HITACHI U-3000, controlado pelo software UV- Solutions, juntamente com uma cubeta de
quartzo (10 mm).

2.3 Procedimento Experimental

Inicialmente, o perfil voltamétrico do MX foi estudado, utilizando a voltametria cíclica,


e com o auxílio dessa, o pré-tratamento eletroquímico também foi analisado. Esse, por sua vez,
foi realizado utilizando uma solução de H2SO4 0,5 mol L-1. Sequencialmente, para o estudo do
pH e da velocidade de varredura, a VC também foi empregada. Para a realização das medidas,
uma alíquota de 200 µL de MX (1,0 × 10-2 mol L-1) foi adicionada à célula eletroquímica
contendo 20 mL de eletrólito suporte. Entre uma medida e outra, a solução foi colocada sob
agitação durante 1 minuto, a fim de garantir repetibilidade nas medidas. As curvas analíticas
foram obtidas por meio dos voltamogramas de VOQ ou VPD, adicionando-se alíquotas de uma
solução padrão de MX 1,0 × 10-3 mol L-1 à célula eletroquímica contendo solução de tampão
BR (pH 9,0). Para a VOQ, as concentrações de MX na célula eletroquímica foram de: 2,99;
6,46; 12,4; 19,6; 31,5; 40,8 e 63,2 µmol L-1 para cada ponto. Para a VPD, as concentrações
foram de: 2,49; 4,48; 7,44; 18,2; 29,1; 38,5; 45,3 e 49,9 µmol L-1 para cada ponto.

Para a análise de MX em soluções tópicas comerciais, o método de adição de padrão foi


utilizado. Assim, foram adicionados 600 µL da amostra à célula eletroquímica, contendo 20
mL de uma solução de tampão BR (pH 9,0), seguida da adição de 4 alíquotas de 100 µL da
solução padrão de MX 1,0 × 10-3 mol L-1. Este procedimento foi realizado para as três amostras,
utilizando a VPD.

O método espectrofotométrico descrito na literatura por Bordbar et al. (2009) foi


utilizado como método comparativo, com pequenas adaptações. As soluções padrão de MX
foram preparadas, a partir da diluição da solução estoque, nas seguintes concentrações: 1,0; 1,5;
3,0; 4,0; 10; 14; 20 e 25 µg mL-1 e pela adição de 70 µL da solução diluída da amostra. O
solvente utilizado para o preparo das soluções padrão de MX foi uma solução de tampão fosfato
0,2 mol L-1 (pH 5,0). As medidas foram realizadas e a concentração de cada amostra foi
determinada pela extrapolação da curva de adição de padrão.
A precisão do método foi avaliada por meio do desvio padrão relativo (DPR), calculado pela
Equação 3, em que S é o desvio padrão e x̅ corresponde à média das medidas.

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ambiente, Volume 1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Avaliação do comportamento voltamétrico do MX e do Pré-tratamento eletroquímico


sob a superfície do EDDB

Inicialmente, a fim de verificar os processos de oxidação e/ou redução do MX frente ao


EDDB, seu perfil voltamétrico foi avaliado por VC. No voltamograma cíclico apresentado na
Figura 2, observou-se que o MX possui três picos de oxidação, em, aproximadamente, +0,85;
+1,15 e +1,33 V vs. Ag/AgCl (KCl 0,1 mol L-1). O processo é caracterizado como irreversível,
uma vez que não foi observada presença de pico no sentido inverso da varredura no intervalo
de potencial estudado (0,1 – 1,5 V). Contudo, o primeiro pico foi selecionado para os estudos
futuros e desenvolvimento do método eletroanalítico, por apresentar alta intensidade de
corrente, melhor definição de pico e menor potencial de oxidação, diminuindo a possibilidade
de interferência por outras substâncias.

Figura 2: Voltamograma cíclico para obtido para o MX, na concentração de 9,9 × 10-5 mol L-1, utilizando um
EDDB e uma solução de tampão BR (pH 3,0) como eletrólito suporte, v = 50 mV s-1.

Fonte: Autoria própria (2024).

Como mencionado, a terminação superficial do EDDB pode influenciar nas respostas


voltamétricas obtidas para um determinado analito. Desse modo, foram realizados dois tipos de
pré-tratamentos eletroquímicos sob EDDB, o anódico (PTA), aplicando-se uma densidade de
corrente de 100 mA cm-2 (EDDB-PTA), e o catódico (PTC), aplicando-se uma densidade de
corrente de -100 mA cm-2 (EDDB-PTC). As respostas voltamétricas obtidas para o MX foram
avaliadas, em termos de maior intensidade de corrente e melhor repetibilidade nos resultados
após os PT no EDDB.

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Nos voltamogramas, apresentados na Figura 3-(A), observou-se que com ambos os PTs,
a variação na intensidade de corrente obtida para o pico de oxidação do MX é irrelevante. No
entanto, o pico de corrente obtido com EDDB-PTA encontra-se mais alargado e com a presença
de um ombro, em aproximadamente 0,95 V, tais características de pico podem prejudicar a
seletividade do método, considerando que picos estreitos de corrente implicam em maior
seletividade. Assim, em razão das condições avaliadas, o PTC foi selecionado para estudos
futuros com o EDDB.

Figura 3: Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando (A) EDDB-PTA e EDDB-
PTC (B) EDDB-PTC aplicando-se diferentes densidades de corrente: -50; -100 e -200 mA cm-2. Eletrólito
suporte: solução de tampão BR (pH 3,0); v = 50 mV s-1.

Fonte: Autoria própria (2024).

Após avaliar o efeito dos PTs eletroquímicos, um parâmetro estudado foi a densidade
de corrente aplicada sob o EDDB, a fim de avaliar se diferentes densidades de correntes no PTC
podem influenciar na resposta voltamétrica obtida. Na Figura 3-(B) são apresentados os
voltamogramas cíclicos obtidos para o MX com o EDDB pré-tratado catodicamente sob
diferentes densidades de corrente (-50; -100 e -200 mA cm-2) mantendo o tempo do PT em 150
s.

Observou-se um pequeno aumento na intensidade de corrente de pico utilizando o


EDDB-PTC após a aplicação de -200 mA cm-2, sendo essa a densidade de corrente selecionada
para pré-tratar catodicamente o EDDB.

3.2 Estudo do pH

Levando em consideração que o MX possui mais de um grupo amina (–NH) que pode
ser oxidado, o comportamento eletroquímico do analito pode variar de acordo com o pH do
eletrólito suporte, o qual poderá afetar a sensibilidade e o perfil do voltamograma. Assim, o
estudo do melhor pH do eletrólito suporte foi realizado sob uma região de 1,0 a 10,0. Os

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voltamogramas cíclicos obtidos para os diferentes valores de pH estão apresentados na Figura
4.

Na Figura 2, foi possível observar a presença de três picos de corrente anódicos,


associados a três processos de oxidação, ao empregar um eletrólito suporte com pH 3,0, no
entanto, para menores valores de pH (1,0 e 2,0), os dois primeiros picos de oxidação encontram-
se mais afastados um do outro. Em contrapartida, para valores de pH superiores a 3,0, os três
picos anódicos possuem seus potenciais de oxidação cada vez mais próximos, até atingirem o
mesmo potencial de oxidação, em pH 9,0, sobrepondo-se e gerando um único pico com maior
intensidade de corrente.

Tal comportamento, obtido com o estudo de pH, pode estar relacionado com a
desprotonação da molécula em pH maiores, considerando que seu pKa é igual a 4,6, ou seja, a
molécula desprotonada se oxida mais facilmente na superfície do EDDB, o que diminui seu
potencial de oxidação. Portanto, considerando o perfil voltamétrico obtido, o pH selecionado
foi de 9,0, por apresentar maior intensidade de corrente de pico e menor potencial de oxidação
para o MX.

Figura 4: Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando o EDDB-PTC em soluções
dos eletrólitos suporte: (A) H2SO4 0,1 mol L-1 (pH ~ 1,0) e tampão BR sob uma faixa de pH de: 2,0 – 5,0 e (B)
tampão BR sob uma faixa de pH de: 6,0 – 10,0. v = 50 mV s-1.

Fonte: Autoria própria (2024).

Com o aumento do pH foi possível observar um deslocamento dos picos de oxidação do


MX para valores mais negativos, indicando que a oxidação de MX é um processo dependente
do pH do meio e que é uma reação que envolve prótons.

Sequencialmente, um gráfico de Ep vs. pH foi obtido e dois comportamentos lineares


foram observados, como apresentado na Figura 5. A primeira região linear apresentou um
coeficiente angular de aproximadamente 62 mV, indicando o consumo de um número idêntico

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de prótons e elétrons no processo de oxidação do MX (KARIMIAN; GHOLIVAND;
TAHERKHANI, 2015). O ponto de intersecção em pH 5,0 é atribuído ao valor de pKa de 4,61
do MX (ARCOS et al., 1991; CHIANG et al., 2006). De acordo com a literatura ainda não há
um mecanismo de oxidação para o MX proposto de forma consolidada.

Figura 5: Relação entre os valores de potencial do pico anódico de MX (9,9 × 10-5 mol L-1) e pH. Eletrólito
suporte: solução de tampão BR, pH: 1,0 a 10,0.

Fonte: Autoria própria (2024).

3.3 Estudo da Velocidade

O efeito da velocidade de varredura de potencial na VC sobre o perfil voltamétrico do


MX foi avaliado. Os voltamogramas cíclicos obtidos variando a velocidade de varredura entre
10 e 300 mV s-1 estão apresentados na Figura 6-(A). Observou-se o deslocamento dos potenciais
de oxidação para valores mais positivos, com o aumento da velocidade de varredura, indicando
um processo irreversível (SKOOG et al., 2015).

Figura 6: (A) Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando o EDDB-PTC em
diferentes velocidades de varredura de potencial: 10,0 – 300 mVs-1. Eletrólito suporte: solução de tampão BR (pH
9,0). (B) Relação linear entre os valores de corrente e a raiz quadrada da velocidade de varredura de potencial.
Inset:: Relação linear entre os valores de corrente e o logaritmo da velocidade de varredura de potencial.

Fonte: Autoria própria (2024).

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A partir dos voltamogramas apresentados, um gráfico da corrente em função da raiz
quadrada da velocidade de varredura foi obtido e presente na Figura 6-(B). Observou-se que a
corrente do pico aumentou linearmente com a raiz quadrada da velocidade de varredura, em
concordância com a equação de regressão linear apresentada na Equação 1. Esses resultados
indicam, de acordo com a literatura, que o processo transferência de massa do MX para a
superfície do EDDB-PTC é controlado por difusão (GOSSER, 1993).

𝐼𝐼 = 0,93208 𝑣𝑣 1/2 + 0,84565 (𝑅𝑅 2 = 0,99204) (1)

Em outro estudo, um gráfico de log I vs. log v foi obtido (Inset da Figura 6-(B)), a
equação de reta obtida está apresentada na Equação 2. O coeficiente angular de 0,45 indica que
o processo de transferência de massa de MX para a superfície do EDDB-PTC é controlado
preferencialmente por difusão, considerando que de acordo com a literatura, o valor teórico
para esse coeficiente é 0,5 e confirmado os resultados discutidos anteriormente (GOSSER,
1993), esses resultados são concordantes aos apresentados acima.

log 𝐼𝐼 = 0,45166 log 𝑣𝑣 + 0,07436 (𝑅𝑅 2 = 0,99438) (2)

3.4 Otimização dos Parâmetros Instrumentais das Técnicas Voltamétricas de Pulso

Para selecionar a melhor técnica voltamétrica de pulso para a quantificação de MX, duas
técnicas foram estudadas: VOQ e VPD. Os parâmetros instrumentais de ambas as técnicas
foram otimizados, sendo eles: amplitude (A), frequência (f) e incremento de potencial (∆Es)
como os parâmetros da VOQ; e, amplitude (A), tempo de modulação (tm) e velocidade de
varredura (v) como os parâmetros da VPD. Esses estudos foram realizados por meio de uma
análise univariada, na qual variou-se um dos parâmetros enquanto outros dois foram mantidos
fixos. Para selecionar o valor ideal para cada parâmetro foram considerados os perfis
voltamétricos, bem como as intensidades de corrente de pico, além da repetibilidade entre as
medidas. Os intervalos estudados e os valores selecionados para cada parâmetro das técnicas
estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1: Valores dos parâmetros instrumentais das técnicas de VOQ e VPD investigados e selecionados para a
determinação de MX empregando o EDDB-PTC.
Parâmetros Intervalo Estudado Valor Selecionado
VOQ
Amplitude (a) / mV 10 – 60 50
Frequência (f) / Hz 10 – 90 60
Incremento de potencial (∆Es) / mV 1,0 – 5,0 2,0
VPD
Amplitude (a) / mV 10 – 100 80
Tempo de Modulação (tm) / ms 1,0 – 8,0 7,0
Velocidade de Varredura (v) / mV s-1 10 – 50 30
Fonte: Autoria própria (2024).

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3.5 Curvas Analíticas

Após a otimização dos parâmetros instrumentais das técnicas de pulso, as curvas


analíticas foram obtidas por ambas as técnicas, utilizando análise de regressão linear com nível
de confiança de 95%, com faixas lineares de concentração de 2,99 – 63,2 µmol L-1 para a VOQ,
e 2,49 – 49,9 µmol L-1 para a VPD. Os voltamogramas obtidos em diferentes concentrações de
MX e as respectivas curvas analíticas obtidas com as duas técnicas estão apresentados nas
Figuras 7 – (A e B), respectivamente. As equações de reta das curvas analíticas obtidas,
utilizando a VOQ e a VPD, estão enunciadas nas Equações 3 e 4, respectivamente.

Figura 7: (A) Voltamogramas de onda quadrada obtidos em diferentes concentrações de MX: 2,99; 6,46; 12,4;
19,6; 31,5; 40,8 e 63,2 µmol L-1, sob os parâmetros: a = 50 mV; f = 60 Hz; ∆Es = 2,0 mV. Inset: Curva analítica
obtida para o MX por VOQ (n = 3). (B) Voltamogramas de pulso diferencial obtidos em diferentes concentrações
de MX: 2,49; 4,48; 7,44; 18,2; 29,1; 38,5; 45,3 e 49,9 µmol L -1, sob os parâmetros: a = 80 mV; t = 7,0 ms; v = 30
mV s-1. Inset: Curva analítica obtida para o MX por VPD (n = 3).

Fonte: Autoria própria (2024).

𝐼𝐼 = 0,1242 𝐶𝐶 + 2,8904 10−6 (𝑅𝑅 2 = 0,99192) (3)


𝐼𝐼 = 0,3585 𝐶𝐶 + 8,1488 10−7 (𝑅𝑅 2 = 0,99971) (4)

Os valores de limite de detecção e quantificação foram obtidos com as expressões 5 e 6


(SKOOG et al., 2015):

3𝑠𝑠
𝐿𝐿𝐿𝐿 = (5)
𝑏𝑏
10𝑠𝑠
𝐿𝐿𝐿𝐿 = (6)
𝑏𝑏

Em que s é o desvio padrão de dez voltamogramas de onda quadrada ou de pulso


diferencial sucessivos, obtidos apenas com o eletrólito suporte (solução tampão BR; pH 9,0) e
b é o coeficiente angular da curva analítica.

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ambiente, Volume 1.
A Tabela 2 apresenta os parâmetros analíticos e estatísticos obtidos utilizando a VOQ e
VPD. Assim, como pode ser observado, a VPD apresentou maior sensibilidade e menores
valores de LD e LQ, sendo possível detectar menores concentrações de MX quando comparada
à VOQ. Portanto, a VPD foi selecionada para os estudos posteriores relacionados às análises
de MX nas amostras comerciais de soluções tópicas.

Tabela 2: Parâmetros analíticos e estatísticos para a determinação MX utilizando EDDB-PTC e as técnicas


VOQ e VPD.
Técnicas Voltamétricas
Parâmetros VOQ VPD
Faixa Linear (µmol L-1) 2,99 – 63,2 2,49 – 49,9
Coeficiente Angular (µA L-1 µmol) 0,1242 0,3585
Coeficiente linear (µA) -0,2890 -0,8149
LD (µmol L-1) 0,766 0,195
LQ (µmol L-1) 2,32 0,592
Fonte: Autoria própria (2024).

3.6 Precisão do Método

A precisão do método eletroanalítico proposto foi avaliada em termos de


repetibilidade intra e entre-dias. No estudo de repetibilidade intra-dia, foram
realizadas 10 medidas voltamétricas sucessivas e para o estudo de repetibilidade entre-dias
5 medidas voltamétricas foram realizadas por dia, totalizando 5 dias. As concentrações de
MX estudadas foram 18,2 e 38,5 µmol L-1. Os valores de desvio padrão relativo (DPR)
obtidos são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Valores de DPR obtidos nos estudos de repetibilidade intra e entre-dias para o método eletroanalítico
proposto.
Concentração de MX (µmol L-1) Repetibilidade Intra – dia Repetibilidade Entre – dias
(N = 10) DPR % (N = 5) DPR %
18,2 2,48 2,52
38,5 2,81 2,45
Fonte: Autoria própria (2024).

De acordo com os valores de DPR obtidos, o método eletroanalitico proposto, utilizando


a VPD e o EDDB-PTC, apresentou boa precisão com valores de DPR menores que 3%.

3.7 Comparação da Literatura

A Tabela 4 apresenta uma comparação entre os valores de LD, faixa linear de


concentração e algumas características analíticas do método proposto e de outros métodos
eletroanalíticos descritos na literatura. Dentre esses métodos da literatura, quatro apresentaram
LD menores do que o obtido para o método proposto, no entanto, em dois desses trabalhos

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ambiente, Volume 1.
foram utilizados eletrodos modificados com processos complexos de síntese dos materiais
utilizados na modificação, ademais, as modificações da superfície podem implicar em menor
precisão para o método. No terceiro trabalho foi utilizado um eletrodo gotejante de mercúrio,
que apesar de ser um excelente eletrodo, apresenta alta toxicidade. Levando em consideração
que nenhum método utilizando o EDDB foi encontrado, cabe ressaltar as vantagens de utilizá-
lo como eletrodo de trabalho: além de ser um material não tóxico, não há necessidade de
modificar sua superfície e tampouco é preciso realizar etapas de pré-concentração do analito, o
que torna o processo mais simples e reduz o número de etapas necessárias. Ademais, o MX não
adsorveu na superfície do EDDB, o que possibilita o uso deste eletrodo sem a necessidade da
renovação de sua superfície durante todo o dia de trabalho.

Tabela 4: Comparação dos parâmetros analíticos e algumas características entre o método proposto e outros
métodos voltamétricos encontrados na literatura.
Técnica Eletrodo LD (µmol L- Faixa linear Características Referência
1
) (µmol L-1)
– Modificação da superfície do eletrodo (DEHDASHTIAN;
–Processo trabalhoso e demorado no HASHEMI, 2020)
VPD EPC-MIP a 3,0 10-4 1,0 10-3 – preparo do MIP
400,0 10-3
VC EGPU b
14,9 33,8 – 289,0 – Não há adsorção de MX na superfície (SOUSA et al.,
EBSG c 22,3 33,9 – 289,0 – Não há a formação de subprodutos de 2013)
EGPU 4,02 17,5 – 145,0 oxidação
VPD EBSG 1,35 2,7 – 22,8 – Determinação direta em cápsulas,
EGPU 4,97 26,8 – 136,0 plasma sintético e urina
VOQ

EBSG 3,16 6,6 – 114,0


VC 9,50 10-2 0,3 – 80 ,0 – Modificação da superfície do eletrodo (SHAMSIPUR et
– Processo complexo de síntese al., 2016)
– Determinação em soluções tópicas
QDs-LI/EPG
d
VPD 5,5 10-3 1,0 10-2 – 8,0
– Adsorção de MX na superfície (AHMADI;
– Processo de pré-tratamento da amostra GHASEMI;
RAHIMI-
VAdsRC e EGM f 2,0 10-3 5,0 10-3 – 2,5 NASRABADI,
2011)
- Eletrodo com manufatura simples e sem (CALDAS et al.,
necessidade de instrumentos e reagentes 2024)
BIA-AMP g GR-Al2O3- 2,9 10 - 1000 complexos
PLA h
– Menos de 1 minuto de análise
– Não há necessidade de
modificação/renovação da superfície do
VPD EDDB 0,2 2,49 – 49,9 eletrodo Este trabalho
Legenda: a MIP/EPC: Eletrodo de Pasta de Carbono modificado com polímero molecularmente impresso; b EGPU:
Eletrodo compósito de grafite poliuretano; c EBSG: Eletrodo constituído de borracha de silicone de grafite; d QDs-
LI/EPG: Eletrodo de Pasta de Grafite modificado com Quantum Dots de CdSe cobertos e o líquido iônico iônico
1-etil-3-metil-imidazólio: PF6 (EtMIMPF6); eVAdsRC: Voltametria de redução catódica adsortiva; f EGM:
Eletrodo gotejante de mercúrio; g BIA-AMP: Sistema de Análise de Injeção em Batelada com detecção
amperométrica; h GR-Al2O3-PLA: Eletrodo compósito de poliácido lático, grafite e óxido de alumínio.
Fonte: Autoria própria (2024).

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ambiente, Volume 1.
3.8 Aplicação Analítica: Determinação de Minoxidil em Soluções Tópicas

O método proposto foi utilizado na determinação de MX em amostras de soluções


tópicas comerciais (Amostras 1, 2 e 3). As três amostras analisadas indicavam uma
concentração de MX de 50 mg mL-1, dessa forma, para confirmar esse valor, o método de adição
de padrão foi realizado, uma vez que esse pode promover a diminuição do efeito de matriz.

A fim de validar o método proposto, um dos estudos realizados foi a comparação dos
resultados obtidos nas análises das amostras de soluções tópicas com um método descrito na
literatura para a quantificação de MX. O método comparativo utilizado foi espectrofotmétrico
descrito por (BORDBAR et al., 2009), com algumas adaptações.

As concentrações de MX para cada amostra foram calculadas e os resultados foram


comparados aos valores obtidos pelo método voltamétrico proposto, como mostrado na Tabela
5.

Tabela 5: Valores de concentração de MX obtidos para as Amostras 1, 2 e 3 utilizando o método voltamétrico


proposto e o método espectrofotométrico comparativo.
Concentração de Minoxidil (mg mL-1) a
Amostra Rótulo Método Método Erro Relativo (%)
Voltamétrico Espectrofotométrico
1 50,0 53,8 (±0,6) 53,3 (±0,3) 0,96
2 50,0 53,7 (±0,6) 55,1 (±0,1) -2,56
3 50,0 60,3 (±1,7) 60,8 (±0,1) -0,71
Legenda:a Média de 3 medidas (n=3); b
Er =
[𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 (𝑀𝑀é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡) − 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 (𝑀𝑀é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅ê𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)⁄ 𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉𝑉 (𝑀𝑀é𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡 𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅ê𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)] x 100.
Fonte: Autoria própria (2024).

Para avaliar a concordância dos resultados obtidos pelos dois métodos, realizou-se um
estudo estatístico aplicando o teste-t pareado. O valor do tcalculado foi de 2,29 e o valor do ttabelado
para o nível de confiança de 95% e 2 graus de liberdade é de 4,30. Portanto, como o valor de
tcalculado é menor que o valor de ttabelado, pode-se concluir que não há diferença significativa entre
os resultados obtidos pelos dois métodos, indicando boa exatidão ao método voltamétrico. Vale
ressaltar que a concentração de MX na Amostra 3 (60,33 mg mL-1) apresentou uma diferença
significativa quando comparado ao valor indicado no rótulo (50 mg mL-1), no entanto, os
valores de concentração obtidos por ambos os métodos foram concordantes, com um erro
relativo de -0,71%.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O comportamento eletroquímico de MX, utilizando EDDB-PTC e a VC, foi avaliado.


Observou-se um processo de oxidação irreversível, com transferência de massa controlada por
difusão, e um pico de oxidação em, aproximadamente, 0,75 V, em solução de tampão BR (pH

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ambiente, Volume 1.
9,0). A VPD foi utilizada no desenvolvimento do procedimento analítico para a quantificação
de MX e obteve-se uma a curva analítica em um intervalo de concentração linear entre 2,49 e
49,9 µmol L-1, com um LD de 0,195 µmol L-1, indicando boa sensibilidade ao método,
principalmente, quando comparado a outros métodos eletroanaliticos para o MX, encontrados
na literatura. A determinação de MX em amostras de soluções tópicas comerciais apresentou
resultados satisfatórios, com alta repetibilidade e precisão, concordantes com aqueles obtidos
pelo método espectrofotométrico de absorção molecular na região do UV-Vis. Portanto, o
método eletroanalítico proposto se mostrou viável para a utilização no controle de qualidade do
minoxidil em medicamentos, e pode ser atrativo para análises de rotina em indústrias
farmacêuticas, proporcionando uma análise mais econômica e ambientalmente mais
sustentável.

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ambiente, Volume 1.
CAPÍTULO 27
EFEITO DO USO DA TERRA NA QUALIDADE DA ÁGUA:
RESÍDUOS DE PESTICIDA NA ÁGUA DO RIO UBERABINHA/ MG

Rogerio Gonçalves Lacerda de Gouveia

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar os impactos do uso do solo da bacia hidrográfica do rio
Uberabinha nos parâmetros de qualidade da água, em específico na contaminação por pesticidas. Foram utilizadas
as imagens do satélite LANDSAT com resolução espacial de 30 m, com várias classes de uso da terra para o ano
de 2018. Os resultados indicaram a seguinte ocupação das classes de uso da terra na bacia em percentual da área
ocupada: 25,75% na mata nativa, com 0,51% hidrografia, 6,81% em infraestrutura 49,03% agricultura, 12,89%
pastagem, 5,01% ocupada por silvicultura. Em relação a contaminação da água por pesticidas acima do
estabelecido pela legislação brasileiro forma encontradas três moléculas. Foram encontradas 6 moléculas proibidas
na união europeia. A conclusão é que a legislação brasileira está atrasada quando comparada com a legislação
europeia e americana nos quesitos limite máximo permitido de pesticida na água e na proibição de pesticidas.

PALAVRAS-CHAVE: Uso da terra; Bacia hidrográfica; Qualidade da água; Pesticidas.

1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores agropecuários do mundo e o segundo país que


mais exporta commodities, desempenhando um importante papel na economia mundial
(OECD-FAO, 2019).

Ao estudar a uso/ cobertura do solo (LULC) como um indicador da qualidade da água


dos rios em regiões tropicais. Um mapa de uso/ cobertura do solo (LULC) foi usado para extrair
o padrão LULC de cada bacia hidrográfica, sendo uma bacia hidrográfica com 55% da floresta
cobrir ou mais e outra bacia hidrográfica com 35% ou menos de floresta. E a conclusão foi que
bacias hidrográficas (menos de 35% da cobertura florestal), especialmente as cobertas por terras
agrícolas e urbanas, apresentam os maiores valores de poluentes e a maior variação temporal
dos parâmetros de qualidade da água (MELLO et al., 2018).

Em relação ao uso/ cobertura do solo (LULC) pela agricultura. Destaca a necessidade


de pesticida, principalmente em monocultura, como uma estratégia rápida e eficaz de gerenciar
pragas agrícolas e doenças em razão do aumento da demanda por alimentos é um prática usual
(LENGAI et al., 2019)⁠.

Nas extensas áreas de monocultivos, pulverizam-se caldas desses tóxicos por meio de
tratores e aviões sobre as lavouras, que atingem não só as “pragas” nas plantas, mas também
matrizes ambientais como o solo, as águas superficiais, o ar, a chuva e os alimentos (PIGNATI
et al., 2017).

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 379


ambiente, Volume 1.
Em 1985, pesticidas do grupo químico organoclorados foram proibidos no Brasil pelo
Decreto Federal nº 329/85, do Ministério da Agricultura (BRASIL, 1985).

Além da proibição do grupo químico organoclorados, têm-se como auxílio as melhores


práticas agrícolas (BMP) para evitar a compactação e a erosão do solo e consequentemente
nutrientes e pesticidas, os agricultores têm adotado medidas como rotação de culturas, o
mulching, e a consorciação de culturas agrícolas (DIETZE et al., 2019).

A bacia hidrográfica do Rio Uberabinha, localizada na cidade de Uberlândia no estado


de Minas Gerais, está inserida no bioma Cerrado, um dos principais dos biomas do Brasil que
houve a mudança de uso do solo (LULC) em que foi retirada a floresta para a implantação da
agricultura de exportação de commodities (PICOLI et al., 2018).

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os impactos do uso do
solo da bacia hidrográfica do Rio Uberabinha nos parâmetros de qualidade da água, em
específico na contaminação por pesticidas.

2 METODOLOGIA

O estudo foi realizado na bacia hidrográfica do rio Uberabinha (Figura 1), localizado na
porção sudoeste do estado de Minas Gerais na Mesorregião do Triângulo Mineiro, entre as
coordenadas geográficas de 18º58’48’’ e 19º22’12’’ latitude Sul e 47º50’24’’ e 48º18’36’’
longitude Oeste do meridiano de Greenwich. Possui 218.925 hectares abrangendo parte dos
municípios de Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara.

Atualmente, o rio Uberabinha é a principal fonte para o abastecimento de água do


município de Uberlândia (Figura 1).

Figura 1: Local da bacia hidrográfica do rio Uberabinha.

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

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ambiente, Volume 1.
2.1 Caracterização Física

A caracterização da bacia do rio Uberabinha foi realizada por meio do mapa de solos,
mapa de declividade e mapa hipsométrico como a menor altitude com 540 metros em sua foz e
a maior altitude com 990 metros na nascente. Os dados referentes aos tipos de solos foram
obtidos do Mapa de Solos do Estado de Minas Gerais, disponibilizado na escala de 1:650.000,
no formato raster (UFV/CETEC/UFLA/FEAM, 2010), forma localizados seis classes de solos
na área da bacia, a saber: argissolo vermelho- amarelo eutrófico, cambissolo háplico eutrófico,
gleissolo melânico distrófico, latossolo vermelho eutrófico, latossolo vermelho distrófico,
latossolo vermelho- amarelo distrófico para complementar a análise existente entre fatores
físicos e a qualidade da água do recurso hídrico. Para a delimitação da bacia hidrográfica, das
sub bacias de contribuição, assim como a extração das características topográficas, foi utilizado
um modelo digital de elevação (MDE), disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE, 2010) com resolução espacial de 30 m × 30 m. Além disso, para estudar ainda
mais o impacto das características topográficas sobre a relação entre tipo de uso da terra e água
qualidade, quatro categorias de declive foram extraídas do MDE, segundo classificação da
Embrapa (1999): categoria I (0-3%), categoria II (3-8%), categoria III (8-20%), categoria IV
(20-45%), categoria V (45-75%)., categoria VI (75-100%). Estes seis tipos de declive foram
considerados após a análise de correlação entre o uso do solo e a qualidade da água.

2.2 Uso do Solo

O uso e cobertura do solo foram obtidas a partir da classificação de imagem do sensor


Operational Land Imager (OLI) do satélite LANDSAT 8, ortorretificadas com resolução
radiométrica de 16 bits, cenas com órbita/ponto 220/73 e 221/73, datadas de agosto de 2018
(período da estiagem), com resolução espacial de 30 metros e Datum SIRGAS 2000, obtidas
do U. S. Geological Survey (USGS). Para o processamento das imagens foi realizado no
software ArcGIS, versão 10.5, utilizando ferramentas de mosaico, recorte da área e
classificação visual da cobertura do solo por meio da fotointerpretação. A composição das
imagens foi realizada no software ArcGIS 10.5, utilizando-se as bandas 5, 4 e 3 na composição
RGB. Após a classificação, será realizado a inspeção visual e edição manual para realização de
ajustes finos. O uso e cobertura do solo foi categorizado em seis classes: agricultura, pastagem,
infraestrutura, silvicultura, mata nativa e hidrografia.

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ambiente, Volume 1.
2.3 Qualidade da água

Para a análise da qualidade da água da bacia do rio Uberabinha, classificado como classe
2 e ambiente lótico. Foi selecionado o ponto de amostragem que está localizado na estação de
tratamento de água (ETA) Sucupira, antes da cidade de Uberlândia/ MG por meio da estação
do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(SISAGUA) de responsabilidade do Mistério da Saúde, no período de agosto de 2016 a 2019.)

Os limites legais de qualidade das águas utilizadas foram a resolução no 357, de 17 de


março de 2005 do CONAMA. A diretiva (98/83CE) da União europeia em que o valor máximo
permitido de 0,1 μg L-1 para qualquer pesticida em água potável, desde que a concentração
total não ultrapasse 0,5 μg L-1. A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA)
que estabelece a concentração máxima de acordo com o princípio ativo. E a Organização
Mundial da Saúde, WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) que também estabelece a
concentração máxima de acordo com o princípio ativo.

2.4 Análise e estatística

Os efeitos do uso do solo na qualidade do recurso hídrico na bacia, foram testados por
meio da estatística descritiva. Em que foram comparados os valores de medida de dispersão,
valor mínimo, máximo e de amplitude, dos dados de qualidade da água em vários anos levando
em consideração o período seco. Foi utilizado o software estatístico R.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As classes de uso do solo e áreas ocupadas na bacia hidrográfica do rio Uberabinha


mensuradas em hectares (ha) e percentual da área total ocupada (Tabela 1).

Tabela 1: Classes de uso do solo e áreas ocupadas na bacia hidrográfica do rio Uberabinha.
Classes de uso do solo Área (ha) % da área
Infraestrutura 149818,36 6,81
Agricultura 107338,00 49,03
Pastagem 28222,46 12,89
Silvicultura 10959,00 5,01
Hidrografia 1113,14 0,51
Mata nativa 56374,04 25,75
Total 218925,00 100
Fonte: US. Geological Survey (USGS, 2018).

Em relação ao ponto de análise da água, que está localizado na estação de tratamento de


água (ETA) da cidade de Uberlândia. A concentração de Glifosato, herbicida do grupo químico

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ambiente, Volume 1.
da glicina substituída, foi de 0,1 μg/L na água para todo o período analisado (Figura 2), não tem
limite estabelecido pela OMS, está no limite estabelecido pelo União Europeia, abaixo do limite
do Conama que é de 65 μg/L e abaixo do limite de estabelecido 70 μg/L nos EUA.

Glifosato, é um herbicida que foi introduzido pela Monsanto sob a Roundup em 1974 e,
na última década, tornou-se o mais utilizado pesticida agrícola em todo o mundo. O glifosato
vem de várias formas, incluindo um ácido e vários sais. Existem mais de 750 produtos contendo
glifosato à venda. Isto é registrado em 130 países e foi aprovado para controle de ervas daninhas
em mais de 100 cultivo (VALANAVIDIS, 2018)⁠.

Esses produtos químicos e seus metabólitos podem ser encontrados no solo, ar, água e
água subterrânea e produtos alimentares. Atualmente, a maioria agências que avaliam o risco
de exposição ao glifosato não o consideram cancerígeno humanos, mas o consenso entre a
comunidade científica em relação à segurança da glifosato ainda a ser estabelecido. Além disso,
os efeitos crônicos associados à exposição a longo prazo glifosato permanece praticamente
inexplorado (DONG et al., 2019).

Conclui-se, com base nos resultados obtidos, que a cobertura florestal é a mais
importante tipo LULC para manter a qualidade da água em rios e as áreas agrícolas e urbanas
são responsáveis pela água degradação da qualidade (MELLO et al., 2018).

Figura 2: Resultados da concentração na água de Glifosato.

Glifosato
80
60
40
20
0
μg/L Limite Limite Limite Limite
CONAMA Uniâo EUA OMS
Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

Em relação ao Clordano, inseticida, grupo químico organoclorados, considerado


Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) (Figura 3) a concentração encontrada na água foi de
0,01 μg/L. Esse resultado está abaixo do limite estabelecido do CONAMA que estabelece o
limite máximo de Clordano na água em 0,04 μg/L, na União europeia e nos EUA é proibido, a
OMS tem o limite máximo de 0,2 μg/L limite máximo permitido na água. Chama a atenção
para o Brasil, já que o Clordano está proibido o uso, desde 1985 pelo Decreto Federal nº 329/85,

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do Ministério da Agricultura. Ainda em 2005, a ANVISA listou o clordano como princípio
ativo não permitido em inseticidas domissanitários no Brasil (BRASIL, 2005).

E ainda é realizado teste na água para verificar a sua concentração, dessa forma está
desperdiçando dinheiro público.

Figura 3: Resultados da concentração na água de Clordano.

Clordano
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

Na análise do Tebuconazol, fungicida do grupo químico triazol (Figura 4), a


concentração foi de 0,01μg/L para os anos de 2016 e 2017 e aumentou para 30μg/L no ano de
2018. Estando acima da concentração máxima permitida é de 0,10μg/L na União europeia.
Apesar da coleta da água para análise da concentração, não existe limite estabelecido na
resolução do CONAMA, nos EUA e na OMS para o Tebuconazol. O que é urgente a
determinação do limite máximo de Tebuconazol na legislação brasileira, por ser um fungicida
muito utilizado na agricultura. Para um maior incremento na produtividade da soja é necessário
o manejo do fungo da ferrugem asiática. Em que, apenas a aplicação de uma molécula de
fungicida não é eficiente no controle da doença e sim a mistura de vários tipos de fungicidas
para o controle efetivo da doença (ALVES; JULIATTI, 2018)⁠.

Ao avaliar o uso de tebuconazol no controle de ácaro Panonychus ulmi que causa danos
às videiras, ocorreu uma alta taxa de mortalidade no predador natural Neoseiulus
californicus que é utilizado no controle biológico do ácaro Panonychus ulmi (SILVA et al.,
2019)⁠.

Pesquisas científicas já estabeleceram que pesticidas não estão sendo utilizados pelas
lavouras completamente, uma quantidade significativa permanece sem uso devido a vários
fatores limitantes, como a deriva, a lixiviação, resultando em um efeito na qualidade da água e
na saúde humana (SINGH et al., 2019).

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ambiente, Volume 1.
Figura 4: Resultados da concentração na água de Tebuconazol.

Tebuconazol
35
30
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

A concentração de Atrazina, herbicida do grupo químico triazina na água (Figura 5), foi
em 2016 de 0,9 μg/L, no ano de 2017 e 2018 foi 0,10 μg/L inferior ao limite estabelecido por
todas as legislações analisadas, exceto na União europeia que é proibido. No caso, o limite
estabelecido pelo CONAMA e OMS a concentração é 2 μg/L, e nos EUA a concentração é 3
μg/L.

A atrazina foi proibida na União europeia em 3 de outubro de 2003, pelo fato dos testes
realizados com a atrazina não assegurou que o uso continuado na agricultura permitirá uma
recuperação satisfatória de qualidade da água subterrânea onde as concentrações já excedem
0,1 µg /L (EUROPEAN UNION, 2003).

A análise da qualidade da água em Quebec e Montreal no Canadá detectaram que a


concentração de Atrazina na água permaneceram cerca de 25 vezes, inferior ao limite
estabelecido no Canadá, porém 48% das amostras estavam acima da União Europeia
(MONTIEL-LEÓN et al., 2019)⁠. Um estudo realizado após quinze anos de proibição do uso de
atrazina na união europeia. Mais específico, no aquífero Chalk no Norte da França. Mostra
concentrações muito altas de atrazina e seus produto de degradação conhecido como
deetilatrazina, DEA principal produto de degradação da atrazina nas águas subterrâneas, em
zona não saturada sob uma área agrícola. E ainda determinaram uma velocidade de
transferência da solo superfície em direção ao lençol freático de atrazina e DEA entre 0,45 e
2,21 m/ ano (CHEN et al., 2019).

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ambiente, Volume 1.
Figura 5: Resultados da concentração na água de Atrazina.

Atrazina
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

O Clorpirifós, inseticida, formicida e acaricida do grupo químico organofosforado


(Figura 6), ficou em 0,01 μg/L nos anos de 2016 e 2017 e houve um aumento para 0,1 μg/L no
ano de 2018. Na resolução do CONAMA não existe limite estabelecido, na resolução da União
europeia o limite máximo é de 0,1 μg/L, nos EUA apesar de estar liberado não tem concentração
definida e na OMS é de 30 μg/L.

Ao avaliar o comportamento dos clorpirifós em ambientes agrícolas, realizando uma


investigação após a aplicação sobre o destino, transporte e degradação. Constatou a presença
de clorpirifós em todas as matrizes (folha, solo e ar) em até 21 dias após a aplicação (DAS et
al., 2020). Dessa forma, se chover após a aplicação em uma área sem prática conservacionista
irá ocorrer a contaminação de corpos de água.

O fluxo de lixiviação de clorpirifós em dois solos, um solo argiloso e outro solo de


textura de franco arenoso. Mostrou que a lixiviação de clorpirifós para o aquífero é maior no
solo argiloso. Em razão do clorpirifós atingir o aquífero por meio de macroporos e microporos,
mas o transporte por rotas preferenciais é maior no solo argiloso do que no solo arenoso
(DUFILHO; FALCO, 2019)⁠.

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ambiente, Volume 1.
Figura 6: Resultados da concentração na água de Clorpirifós.

Clorpirifós + clorpirifós-oxon
35
30
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

O Lindano, inseticida, grupo químico organoclorado, está na lista de Poluentes


Orgânicos Persistentes (POPs), (Figura 7), ficou em 0,1 μg/L de concentração na água para
todos os anos analisados. Do mesmo modo que o Clordano, o Lindano está proibido o uso,
desde 1985 pelo Decreto Federal nº 329/85, do Ministério da Agricultura. E reiterado pela
ANVISA como princípio ativo não permitido em inseticidas domissanitários no Brasil
(BRASIL, 2005) em razão de ser um produto POP. Chama a atenção para o Brasil, ainda é
realizado teste na água para verificar a concentração, dessa forma desperdiçando dinheiro
público.

Historicamente no Brasil o Lindano foi utilizado para diversas finalidades, usado na


agricultura, na preservação de madeiras compensadas e serradas, utilizadas em construções
(forros, assoalhos, rodapés, pé direito) e pela indústria moveleira (BRASIL, 2006).

Figura 7: Resultados da concentração de Lindano na água.

Lindano
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

Em relação ao alaclor, herbicida do grupo químico cloroacetanilida (Figura 8), a


concentração encontrada na água foi 0,8 μg/L no ano de 2016, e 0,10 μg/L nos anos de 2017 e

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ambiente, Volume 1.
2018. O limite máximo estabelecido para o alaclor na água no CONAMA e OMS é de 20 μg/L,
nos EUA é 2 μg/L e na União europeia é proibido. Apesar da concentração na água está de
acordo com a resolução brasileira e da OMS, o limite brasileiro é dez vezes maior do que o
limite americano, e em uma situação pior se comparado com a União europeia que está proibido
o uso do alaclor.

Ao estudar o efeito da matéria orgânica total e matéria orgânica dissolvida no processo


de lixiviação do alaclor. Concluiu que a matéria orgânica dissolvida promoveu menor adsorção
de alaclor ao solo comparada à total e interagiu com o alaclor e/ou competiu com os sítios do
solo, resultando em maior lixiviação. A matéria orgânica total contribuiu com o surgimento de
novos sítios de sorção na coluna de solo e os sólidos presentes em sua composição podem ter
bloqueado a passagem do pesticida, resultando em menores perdas de alaclor por lixiviação
(DAL BOSCO et al., 2013)⁠.

Figura 8: Resultados da concentração na água de Alaclor.

Alaclor
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

Em relação ao Endrin, inseticida, grupo químico organoclorado, pertence aos Poluentes


Orgânicos Persistentes (POPs), (Figura 9), foi observado 0,6 μg/L de concentração na água no
ano de 2016 e 0,001 μg/L nos anos de 2017 e 2018. Esse resultado mostra que no ano de 2016
foi maior que o estabelecido pela resolução do CONAMA que é de 0,004 μg/L e nos outros
anos ficou abaixo. Comparando com as outras legislações, nos EUA o limite máximo é de 2
μg/L, na OMS é de 0,6 μg/L e na União europeia o Endrin é proibido.

Mesmo após a proibição do uso de inseticidas organoclorado no Líbano por meio da


assinatura da Convenção de Estocolmo foram detectados a presença em sedimentos no porto
de Trípoli, o segundo maior porto marítimo do Líbano. E altos níveis de organoclorado, que
são contrabandeados ilegalmente para o Líbano e manuseados e utilizados de forma inadequada
pelos agricultores, foram detectados em águas de superfície e subterrâneas (HELOU et al.,
2019).

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ambiente, Volume 1.
Da mesma forma no México, foi detectado a presença de organoclorado nos tecidos de
um morcego neotropical na floresta tropical de montanha. Em que alguns morcegos mostraram
concentrações alarmante de pesticidas proibidos (POPs), considerando que o principal alimento
desses animais são frutas e não insetos (VALDESPINO; SOSA, 2017)⁠.

Figura 9: Resultados da concentração na água de Endrin.

Endrin
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

O Carbofurano, inseticida, cupinicida, acaricida e nematicida do grupo químico


metilcarbamato de benzofuranila (Figura 10), ficou em 0,01 μg/L de concentração na água para
todos os anos analisados. A resolução do CONAMA e a União europeia não tem limite
estabelecido pois foi proibido o uso em 2007 na união europeia (UNIÃO EUROPEIA, 2007) e
em 2017 no Brasil por meio da Resolução RDC nº 185, de 18 de outubro de 2017, publicada
no Diário Oficial da União de 19 de outubro de 2017, nos EUA o limite máximo permitido na
água é 40 μg/L e foi proibido o uso em 2007 (EPA, 2007), embora tenha a produção cancelada
e na OMS é 7 μg/L.

Figura 10: Resultados da concentração na água de Carbofurano.

Carbofurano
50
40
30
20
10
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

A concentração de 2,4-D, herbicida do grupo químico ácido ariloxialcanóico (Figura


11), foi superior de 0,1 μg/L no ano de 2016 e houve uma redução para os anos de 2017 e 2018
em 0,01 μg/L. Este resultado está abaixo do estabelecido pelo CONAMA que é 6 μg/L e para

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ambiente, Volume 1.
a União europeia que é 0,1 μg/L, nos EUA 120 μg/L e a OMS é 30 μg/L. Observe-se que a
legislação americana é mais tolerante na concentração na água de 2,4-D.

Na análise da água, de diversos pontos das bacias hidrográficas que drenam para o lago
Ontário no Canadá foram amplamente detectados a presença de 2,4-D na água com mais altas
concentrações no rio Tâmisa e McGregor (METCALFE et al., 2019)⁠.

Para uma efetiva redução do uso de pesticidas pelos agricultores, a adoção de uma
política agroambiental adequada é necessária. Sendo mais específico, são necessários
pagamentos suficientemente altos para compensar uma redução no uso de pesticidas, por três
razões principais. Os agricultores podem precisar i) incentivos significativos para superar a
aversão ao aumento do risco de grandes perdas de produção (“prêmio de risco à produção”) e
ii) prêmio de encargo ministerial” para aceitar mudar suas práticas atuais iii) as melhorias
ambientais e de saúde podem não ser uma motivação suficiente para alguns agricultores
⁠(CHÈZE et al., 2020).

Figura 11: Resultados da concentração na água 2,4-D.

2,4 D + 2,4,5 T
140,00
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia

2016 2017 2018

Fonte: Instituto Mineiros de Águas (IGAM, 2018).

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar a contaminação da água potável na bacia hidrográfica do rio Uberabinha em


Minas Gerais, das dez moléculas de pesticidas analisadas, apenas três pesticidas ficaram acima
do limite estabelecido em algum momento de acordo com a legislação brasileira. Isto não
significa, que a população está ingerindo uma água de qualidade, ou seja, sem a contaminação
de pesticidas quando comparado com padrões internacionais.

Das dez moléculas de pesticidas analisadas neste estudo, seis estão proibidas o seu uso
na União europeia. O que demonstra o atrasado na pesquisa, a fim de determinar a qualidade
da água para consumo da população brasileira.

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ambiente, Volume 1.
Outro fato que chama a atenção, é em relação a Tebuconazol que apesar de estar
registrado o seu uso no Brasil e é realizado a coleta e análise da concentração na água, não
existe o limite máximo permitido na resolução do CONAMA. Assim, necessita de uma
atualização urgente para determinar a concentração máxima permitida na água deste pesticida.

Dessa forma, a política de uso do solo em conjunto com a política de qualidade da água
deve ser atualizada urgentemente. Para que se tenha uma agricultura conservacionista de modo
a preservar a qualidade da água para a sociedade brasileira.

REFERÊNCIAS

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distribuição de agrotóxicos organoclorados. Disponível em: http://bvsms.saude. gov.br/bvs/s
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de 2005. Brasília, 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
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efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2005, págs. 58-63, seção 053.
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DOI 10.47402/ed.ep.c2404113328324

CAPÍTULO 28
PESCA PREDATÓRIA:
IMPACTOS, DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS
RIOS NO MUNICÍPIO DE PEDRO DO ROSÁRIO-MA

Jaqueline Alves da Silva


Linda Ludimila Costa Sousa
Mercia Carvalho Soares
Pedro Balbino Aires
Elizete Pinto Raposo
Raimundo Nonato Arouche
Alan Jhones da Silva Santos

RESUMO
A existência da presença humana no território brasileiro tem 12 mil anos, evidências arqueológicas demonstram
que a caça e a pesca eram as principais atividades de subsistência dos primeiros homens nômades. No decorrer
dos anos, o homem tornou sua atividade mais elaborada, porém, mantendo as atividades pesqueiras e de caça para
manutenção e desenvolvimento da sua própria espécie. Atualmente percebe-se que devido à falta de políticas
públicas, fiscalização, apoio e conscientização tanto da população ribeirinha que sobrevive da pesca, quanto
daqueles que praticam a pesca como atividade econômica, nota-se uma redução considerável das espécies
aquáticas, em especial dos peixes, ou seja, são as consequências da pesca predatória que ocorre continuamente o
ano todo e em todas as regiões onde o projeto foi desenvolvido. Este trabalho caracteriza-se pela abordagem
qualitativa juntamente com a pesquisa de campo, buscando atentar-se para a realidade e as dinâmicas sociais dos
pescadores da região do município de Pedro do Rosário–MA e sua atividade pesqueira. Como instrumento para
coleta de dados, foi utilizada uma entrevista semiestruturada acompanhada de gravação de vídeo, pois permite
maior flexibilidade durante as conversas, provocando narrativas da vivência e realidade dos entrevistados assim
como suas interpretações. A partir dos resultados obtidos, pode-se observar pelas narrativas que os estoques
pesqueiros no município têm diminuído, tanto em relação ao tamanho quanto à quantidade. A fiscalização tem
sido ineficaz e insuficiente, não atendendo às necessidades dos munícipes. As vozes dos pescadores locais,
embasada pelas suas experiências diárias, ressoam como um alerta urgente, suas narrativas destacam não apenas
a redução na abundância de peixes, mas também a complexidade dos desafios enfrentados pelas comunidades
dependentes desses recursos, sendo assim, este trabalho contribuiu para compreender os impactos da pesca
predatória no município e a necessidade de desenvolver ações que combatam essa prática, colaborando para as
discussões e buscas de melhorias no município, no estado e até mesmo no país.

PALAVRAS-CHAVE: Pesca predatória; Piracema; Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos, com as organizações sociais mais elaboradas, os rios


possibilitaram a manutenção, crescimento e modernização da sociedade, fomentando energia
elétrica, transporte, regulação climática, abastecimento de água, enriquecimento do solo para a
agricultura, turismo, lazer e no fornecimento da alimentação e nutrição através da manutenção
das suas atividades pesqueiras e de caça.

É de grande notoriedade que em muitas comunidades ribeirinhas, que vivem da pesca


artesanal, há grande demanda pelo pescado, seja pelo próprio crescimento
populacional, ou pelo crescimento das grandes regiões metropolitanas próximas. Esse
crescimento populacional influencia diretamente a vida do pescador artesanal, uma

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 395


ambiente, Volume 1.
vez que este é responsável por servir os pescados de maneira que atenda a todos, diante
disso, nota-se que há o risco de prejuízo no momento da recuperação dos estoques
pesqueiros pela natureza (VIEIRA; OLIVEIRA, 2018, p. 852).

Diante da crescente necessidade de atender um público cada vez maior, os pescadores


necessitam ir em busca de mais pescados. Para tal fato, aumentam o tempo da pesca, a
quantidade de equipamentos, que podem ser inadequados, e a captura do pescado
indiscriminadamente, atingindo peixes em fase de desenvolvimento.

No instante que essas ocorrências acontecem surge a prática da pesca predatória, que se
caracteriza pela pesca excessiva, aliada a equipamentos inadequados, e que pode ser agravada
no período do defeso (piracema), causando desequilíbrio no ecossistema e diminuição dos
estoques pesqueiros. No Brasil existem leis, portarias, instruções normativas, decretos e
medidas provisórias que visam regulamentar a atividade pesqueira, estabelecer normas e
punições para aqueles que desobedecem aos critérios da pesca legal, na tentativa de inibir
práticas prejudiciais ao meio ambiente.

A Lei Federal n.º 11.959/2009 sobre a Política Nacional de Desenvolvimento


Sustentável da Aquicultura e da Pesca, que regulamenta a atividade pesqueira e busca promover
uma relação sustentável, em seu art. 2º, inciso XIX, compreende o período do defeso (piracema)
como, a paralisação temporária da pesca para a preservação da espécie, tendo como motivação
a reprodução e/ou recrutamento, bem como paralisações causadas por fenômenos naturais ou
acidentes (BRASIL, Lei n.º 11.959/2009).

Devido às diferenças e peculiaridades regionais existentes, o período de paralisação para


o defeso vária no país. Essas diferenças visam atender e dar continuidade às atividades
desenvolvidas pelos pescadores artesanais e de subsistência.

O município de Pedro do Rosário possui rica hidrografia formada pelos rios Turiaçu e
pelo rio Pericumã (mais conhecido na região como rio Capinima), que garantem uma rica
biodiversidade aquática. As atividades de pesca no município são artesanais, desenvolvidas por
famílias de pescadores para a subsistência e fonte de renda. Os rios do município ainda
desenvolvem um papel imprescindível para as espécies de peixes da região, os campos alagados
dos povoados Guanani e Forquilha do Campo são usados para desova e crescimento que,
posteriormente, vão dar continuidade a biodiversidade aquática da região de Pedro do Rosário
e dos municípios circunvizinhos.

O relatório intitulado The world’s forgotten fishes (Os peixes esquecidos do mundo),
organizado por 16 organizações de conservação, escrito por Hughes (2021) mostra que os dados

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ambiente, Volume 1.
estatísticos sobre a pesca em águas doces são subestimados no mundo, devido os países
apresentarem números somente das pescas documentadas. As capturas a partir das pescarias de
subsistência e artesanais não são contabilizadas, apresentando assim uma distorção
considerável nas estatísticas mundiais. Diante disso, que consequências a pesca no período da
piracema pode gerar para o ecossistema aquático no município de Pedro do Rosário?

Mediante esta realidade, esta pesquisa buscou compreender os impactos causados pela
pesca predatória no período da piracema, nos rios Turiaçu, Capinima e nos campos alagados de
Forquilha do Campo e Guanani, analisando as ações dos órgãos fiscalizadores, bem como
fornecer subsídios para a preservação do ecossistema aquático no município de Pedro do
Rosário–MA.

2 METODOLOGIA

A pesquisa não surge ao acaso, segundo Minayo e Deslandes (2007, p. 16) “Toda
investigação se inicia por uma questão, por um problema, por uma pergunta, por uma dúvida”.
A partir das inquietações com a realidade e em consonância com os objetivos, é necessário
traçar os caminhos metodológicos que serão percorridos, em busca de alcançar uma resposta.

Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa do tipo pesquisa de campo, que
segundo Lakatos e Marconi (2017, n.p.) “O interesse da pesquisa de campo está voltado para o
estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, visando à compreensão de vários
aspectos da sociedade”. Buscando atentar-se para a realidade e as dinâmicas sociais dos
pescadores da região do município de Pedro do Rosário–MA e sua atividade pesqueira.

Como instrumento para coleta foi utilizada a entrevista semiestruturada acompanhada


de gravação de vídeo, pois permitiu maior flexibilidade durante as conversas, provocando
narrativas da vivência e realidade dos entrevistados assim como suas interpretações.

A gravação de vídeo durante a entrevista, segundo Bauer e Gaskell (2010, p. 149) “tem
uma função óbvia de registros de dados sempre que algum conjunto de ações humanas é
complexo e difícil de ser descrito compreensivamente por um único observador, enquanto ele
se desenrola”.

Para a utilização do vídeo seguiram-se os protocolos de Bauer e Gaskell (2010) que


apresenta os seguintes procedimentos: a) organizar e registrar todos os vídeos, detalhando data,
lugar e o entrevistado e, ainda guardar uma lista com índices dos vídeos produzidos; b) antes
de iniciar as gravações por motivos de confidencialidade, informar e garantir a intenção da
pesquisa, assim como fazer acordos com os entrevistados por escrito; c) preocupar-se com a

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ambiente, Volume 1.
qualidade de som e de imagem das gravações para que o pesquisador seja capaz de compreender
as informações coletadas; d) ser ciente que as gravações são subsídio para a pesquisa e não a
conclusão; e) utilizar quando for realmente necessário, já que é inevitável que os entrevistados
se distraiam, ao menos até se habituar; f) empregar a gravação de vídeo se está realmente for
utilizada e contribuir na pesquisa.

O estudo deu-se junto aos pecadores e órgão representativo da categoria no município


de Pedro do Rosário–MA. Inicialmente a pesquisa foi apresentada para as instituições e aos
pescadores que, na ocasião, receberam documentos como o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e texto norteador para a entrevista, constando informações sobre o intuito
da pesquisa, o assunto e garantias, deixando os entrevistados cientes que a participação
ocorreria mediante a disposição dos investigados sendo livres para desistirem a qualquer
instante sem nenhuma interferência na decisão dos mesmos ou penalidades.

O termo apresentou ainda a garantia de que os dados adquiridos durante as entrevistas


preservariam a identidade dos seus participantes, mantendo a privacidade de cada indivíduo,
sendo mencionados no trabalho com nomes fictícios ou códigos. Durante as discussões dos
resultados, os participantes serão mencionados pelos códigos Entrevistado 1, Entrevistado 2,
Entrevistado 3 e Entrevistado 4.

As gravações ocorreram nas residências dos participantes, em locais tranquilos, com


poucos ruídos. Após as entrevistas, os áudios e vídeos foram catalogados, constando nome,
local e data em que ocorreram.

As transcrições e seleções do material coletado foram organizados para facilitar a


análise de dados e assegurar que as falas fossem transcritas com fidelidade. De acordo Bauer e
Gaskell (2010) destacam que uma boa transcrição quando possível deve registra
detalhadamente o discurso do entrevistado, sem nenhum tipo de correção, registrando-a com
suas características.

Para a ação de conscientização sobre o início da piracema, foram produzidos panfletos


informativos, utilizando o site Canva para as produções. Após a organização e impressão do
material, nas comunidades mais próximas dos rios, foram feitas a entrega do material
orientando sobre a necessidade de respeitar a legislação e o meio ambiente.

Com o material antecipadamente selecionado e amparados por grandes autores que


enriqueceram e ainda enriquecem este universo investigativo da pesca, partiu-se para o capítulo
seguinte acolhendo as vozes daqueles que são essenciais na relação entre pescador e natureza.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 398


ambiente, Volume 1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para compreender as relações existentes entre a vivência do homem com a pescaria, a


relação de dependência entre a sociedade e o meio ambiente, faz-se necessário acolher as
narrativas. Independentemente do meio, o ser humano está sempre em movimento, criando,
adaptando ou mesmo modificando, assim chamá-los de atores, pois são agentes ativos.

Por meio dessas relações que constroem constantemente o cotidiano do município de


Pedro do Rosário–MA através da atividade pesqueira, por pessoas que movimentam essa
prática, foram convidados e entrevistados quatro pescadores que neste trabalho serão
identificados como Entrevistado 1, Entrevistado 2, Entrevistado 3 e Entrevistado 4. Atores que
descreveram suas vivências, seus saberes, suas observações ao longo dos anos.

Para melhor compreensão, as discussões foram divididas em três unidades temáticas


levando em consideração os objetivos específicos, sendo as unidades intituladas: a) Impacto da
pesca predatória na piracema; b) Fiscalização: atuação e eficácia no município; c) Caminhando
e falando em preservação. Guiando esta pesquisa, os protagonistas levaram a todos para a
navegar na realidade dos rios de Pedro do Rosário.

3.1 Impacto da pesca predatória na piracema

O ser humano é um ser social que não é construído no mero nascer, mas sim das
interrelações que mantém com a família, com os vizinhos, amigos, com o trabalho, com o meio.
Esse movimento contínuo gera saberes tão puros e natos, que os tornam pesquisadores sem nem
mesmo perceber.

Ao relatar suas experiências, os atores demonstram profundo entendimento e um olhar


aguçado para as inquietações desta pesquisa, ao serem indagados sobre a pesca predatória e o
período da piracema. Dessa forma, sobre os impactos da pesca predatória, são descritas algumas
narrativas daqueles que constroem a realidade do município de Pedro do Rosário–MA,
mostrando-se preocupações e práticas de alguns pescadores.

Conforme o Entrevistado 1 (2023),

Botam o malhão e é pesca predatória, porque botam o malhão e uma rede


pequenininha perto pra a branquinha não passar, ‘pra’ o caboclo pegar mais, ‘tá’
vendo? Essa que eu acho que seja a pior. [...]
[...] eles passam fazendo, cercando por aí, puxando pra beirada e vão tirando os paus,
que os peixes daqui se escondem na coivarinha, eles tiram, não tem onde os peixes
ficar, né?
[...] sobre o peixe realmente a tapiaca de uns anos pra cá ela diminui mais o tamanho,
mas a quantidade graças a Deus tem bastante, e o peixe de couro o mandubé, o

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 399


ambiente, Volume 1.
surubim é mais difícil, mas tem um tempo que a gente ‘panha’ (ENTREVISTADO 1,
2023, informação verbal concedida em 30 de novembro de 2023).

Nota-se as dificuldades encontradas pelos pescadores em desenvolver suas atividades


nos rios da região.

Já o Entrevistado 2 (2023), traz um alerta e um desabafo preocupante:

[...] diminuiu tudo, tudo, tudo! Tanto faz a questão, as espécies de peixes, o tamanho,
a classe.” A gente tem a questão, não acabou um tipo de peixe, mas diminuiu, pois,
nós ‘pegava’ muito cascudo no forjo, hoje a gente não pega mais assim, a gente pegava
era, no caso, muito jeju, era uma classe de peixe, a gente pegava muito aqueles acarás
que eram peixe bom que comia com leite de coco, mas hoje é mais difícil
(ENTREVISTADO 2, 2023, informação verbal concedida em 05 de dezembro de
2023).

Nesta narrativa percebe-se o alerta do pescador para a realidade atual dos rios do
município.

De acordo com o Entrevistado 3 (3023),

[...] o tempo desse o peixe além tá cheio de ova pra amanhã ou depois nós ter bilhões
e bilhões de peixe, aí pra matar tudinho, quando ser o ano que vem, cadê o peixe? E
agora eles arrumaram uma tal de... me esqueci o nome lá que eles arrastam tudo que
é tipo de madeira do rio, pra quê isso? Hoje não tem mais onde o peixe se esconder,
porque o peixe se esconde é nas coivaras, no buraco [...]
[...] esse negócio de tanta malhadeira, esse é outra coisa que acabou com o peixe, que
as vezes eles ‘bota’ de tarde e só vai tirar de manhã e chega lá e tá tudo podre e aí bota
fora, pra que isso aí? Não pode, não pode fazer isso aí! [...] cansamos de achar
malhadeira cheia de caveira de peixe no rio (ENTREVISTADO 3, 2023, informação
verbal concedida em 06 de dezembro de 2023).

Para este pescador os instrumentos e práticas desenvolvidas na atividade pesqueira atual


tem contribuído para a mortandade das espécies de peixes.

E por fim, para o Entrevistado 4 (2023) destaca de maneira recorrente das práticas que
tem acontecido no período da piracema:

Mas a pesca predatória hoje, que é as redes menores que nós temos um limite na
configuração da lei nacional que é até 6 malhas, 6 milímetros de malha. Ai quando
chega nesse período assim eles baixam pro nível 4, 5, 3 né, que aí já começa, começa
já atingir a questão do crescimento do peixe, né? [...]
[...] Já no rio Turiaçu a grande questão predatória é os malhões e o foco de pescar a
tapiaca com... que é de rabeta, né? Mas só que eles cercam a coivara, aí coloca a rabeta
dentro e ficam acelerando e as tapiacas saem e se malham, então não é correto, é
predatório, mas aí eu te pergunto: o que a gente pode fazer pra não acontecer? Porque
é da onde tiram o sustento (ENTREVISTADO 4, 2023, informação verbal concedida
em 11 de outubro de 2023).

Este relato também traz um importante desabafo quanto à falta de políticas públicas de
assistência e apoio à população que sobrevive da pesca.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 400


ambiente, Volume 1.
Segundo o relatório escrito por Hughes (2021), intitulado The world’s forgotten fishes,
afirma que ¼ dos animais vertebrados são peixes de água doce, e que são fonte de alimentos
para mais de 200 milhões de pessoas, mas apesar da importância para a sobrevivência de muitas
famílias, algumas espécies já estão extintas. Nota-se que, entre as diversas causas como o
assoreamento, barragens, desmatamento da vegetação, a pesca predatória é um dos fatores que
contribui negativamente com a diminuição e até mesmo extinção de algumas espécies.

Diante dos relatos, constata-se que durante a prática pesqueira há a utilização de


equipamentos inadequados como o malhão, uso de malhas pequenas que podem atingir peixes
menores e em fase de crescimento por alguns pescadores da região. Essas ações são
extremamente danosas ao meio ambiente e para as famílias que necessitam dos recursos
pesqueiros para o seu sustento.

Mediante o uso desses equipamentos e de outras práticas como a pesca de rabeta para a
captura dos peixes tapiacas, mencionada pelo Entrevistado 4, e das percepções ao longo dos
anos, os pescadores da região alertam para o fato de algumas espécies mais comuns da região
ter diminuído tanto em questão do tamanho, quanto a quantidade do estoque pesqueiro.

Figura 1: Motores de embarcações no povoado Mucuripe.

Fonte: Autoria própria (2023).

A pesca predatória é caracterizada pela retirada excessiva que extrapola a capacidade


natural de reposição, ou seja, é a relação entre a captura e a reprodução do peixe. Segundo
Fraqmac (2013 apud LEIRA, 2018), essa relação negativa e desastrosa causa desequilíbrios no
ecossistema aquático, atingindo todos os que dependem dele.

Apesar do Entrevistado 1 afirmar que ainda é possível encontrar as espécies, a


dificuldade de capturar é um alerta preocupante, pois a diminuição, a dificuldade de captura

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ambiente, Volume 1.
sinaliza no futuro a possibilidade de alguma espécie desaparecer. Assim, é necessário
compreender que,

A piracema é fundamental para a preservação da piscosidade dos rios e lagoas, haja


vista que a pesca nesse período tem como principal consequência a interrupção da
procriação dos peixes, o que pode comprometer a manutenção dos cardumes e mesmo
acarretar o desaparecimento de algumas espécies (FREITAS; REIS; APEL, 2010
apud BENTES, p. 149).

O olhar atento dos que cotidianamente vivem e estão próximos a esses problemas
precisa ser considerado e investigado. O saber empírico, segundo Coulon (1995), é tão
importante e elaborado quanto o conhecimento científico, isso não significa que o científico
perca valor, a diferença está exatamente no olhar mais profundo das interrelações sociais,
podendo analisá-las conscientemente.

Figura 2: Entrevista com pescador nos povoados do município

Fonte: Autoria própria (2023).

As experiências adquiridas na lida diária pelos pescadores permitem que pesquisadores,


sociedade e sistemas de fiscalização atentem para a necessidade constante de buscar soluções
sustentáveis, buscando o equilíbrio entre a ação humana e a proteção do meio ambiente.

3.2 Fiscalização: atuação e eficácia no município

A constante necessidade e dependência que o homem tem sobre os recursos ambientais


para a alimentação, vestimenta, para a sobrevivência, tornou-se necessário regulamentar e
fiscalizar a ação humana com o intuito de preservar e manter essa interação mais sustentável.

Ao longo dessas décadas, órgãos de fiscalização, leis específicas, reconhecimento de


categorias trabalhistas e de manejo, regulamentação de equipamentos e períodos com pausas
das atividades para a recuperação e manutenção surgiram em todo o país.

Uma dessas leis é a lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, que no artigo 7º, que dispõe
sobre o desenvolvimento sustentável, diz que a atividade pesqueira ocorre mediante sistemas

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ambiente, Volume 1.
de informações, da fiscalização e de uma boa gestão desses estoques. Desta forma, essas ações
devem ser eficazes para combater a degradação do meio ambiente.

Diante dessa grande importância, buscou-se nos relatos dos atores a identificação de
como ocorre a fiscalização e regulamentações relacionadas à pesca no município de Pedro do
Rosário. Diante dos questionamentos, os pescadores entrevistados relataram as ações de
fiscalização ocorridas nas comunidades.

Segundo Entrevistado 1 (2023) “[...] já veio aqui já duas vezes, ano passado e retrasado,
ele veio fiscalizar, então se ele achasse algum pescando errado ele tinha o direito de levar né?”
(ENTREVISTADO 1, 2023, INFORMAÇÃO VERBAL CONCEDIDA EM 30 DE
NOVEMBRO DE 2023).

Já o Entrevistado 2 relata que


[...] aqui já houve várias denúncias, mas os órgãos competentes nunca ‘chegou’ até
nós.
[...] É a gente sempre pede, a gente já pediu, eu seria ingênuo eu falar que nunca veio,
mas agora nós nunca conseguimos foi combater. As reuniões, os compromissos as
pessoas tem que se deslocar daqui pra lá. A gente é essa questão hoje, a gente faz
denuncia [...] (ENTREVISTADO 2, 2023, informação verbal concedida em 05 de
dezembro de 2023).

Destaca-se a preocupação do pescador em denunciar, mas que as resolutivas nem


sempre tem alcance.

O Entrevistado 3 (2023) e o Entrevistado 4 (2023), destacam a importância da legislação


e alertam para o papel dos órgãos responsáveis no combate à pesca predatória:

Não, não. O que eu vejo assim eles sempre falando na televisão, pra não pegar mais
de 5 kg, aquelas pessoas que são, que vivem da pesca, porque eu pesco pouco, assim
pego pouco peixe, mas a pessoa que vive da pesca que ele vende pra ele se
‘assustentar’ não é pra pegar mais de 5 kg de peixe.” Porque se pegar mais de 5 kg aí
já ultrapassou o limite, eu vejo, mas aqui mesmo eles não falam [...].
[...] não! não, não, não, não, não... nunca, nunca, nunca, esse Capinima mesmo aí,
acontece muitas coisas, porque... eles fizeram essa transferência de água do rio pro
açude e aí a gente fez uma abaixo-assinado aí, mandou pro IBAMA, ligou. Eles ‘disse’
que vieram aí, mas só que eles não fizeram nada, aonde tem isso daqui quem é morto
por dinheiro... não aconteceu nada! Tinha peixe morrendo lá no seco. Que ele pagava
pra pescar peixe deste tamanhinho aqui, ôôôh (se referindo ao tamanho do peixe,
alevino) (ENTREVISTADO 3, 2023, informação verbal concedida em 06 de
dezembro de 2023).

Em consonância, o Entrevistado 4 menciona o seguinte:

Existe uma lei federal, a 11.958 de 2008 que ela abrange todo esse sistema da pesca,
a industrial, a artesanal e a pesca profissional, né? E existe a pesca artesanal
embarcada e existe a pesca artesanal desembarcada, nós que somos da baixada e
somos amparados e existe muita portaria, muitas leis, né? [...] Mas hoje o que abrange
mesmo é essa que eu falei, que eu falei a 11.958 de 2008 e a 959 também, né? Existe

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também a lei 10.779 de 2003 que ela ampara o seguro desemprego, só que a pesca
artesanal aqui pra nossa região, no todo ela tem um desenvolvimento muito
sustentável[...].
[...] Tipo assim o poder público hoje ele é falho nessa situação, o IBAMA ‘tá’ atrelado
a questão de garimpeiro, aí vai para a secretaria de estado chega lá e o meio ambiente,
eles não têm pessoa suficiente pra fazer essa fiscalização[...].
[...] O município não detém uma lei que regulamenta essa pesca predatória, como o
tipo de malha, aí não fica configurado, aí não tem como a gente. [...] Como aqui não
tem a gente obedece geralmente a lei estadual. Quem faz muito é a secretaria de meio
ambiente com a gente, a polícia militar, os guardas municipais quando são solicitados,
mas não tem como.” Ai a partir de abril que é não é a proibição que ‘tá’ liberado a
pesca aí eles começam, já a partir de junho, julho que o peixe já vai diminuindo aí
eles, claro, a gente não ‘tá’ perto, aí não tem uma proibição, não tem uma lei especifica
eles vão para malha menor. A gente só acompanha quando a denúncia, alguém liga,
um pescador liga pra gente, a gente vai lá e as vezes até nem acontece. Mas aqui só
por denúncia (ENTREVISTADO 4, 2023, informação verbal concedida em 11 de
outubro de 2023).

As narrativas em relação à fiscalização e regulamentação entre os atores da pesquisa


demonstram que, apesar de existir um esforço por parte das secretarias e dos órgãos
representativos, essas ações são insuficientes e não atendem todas as regiões municipais. Para
enfatizar o papel do controle da pesca,

o controle da pesca procura regular a captura de peixes jovens (comprimento mínimo


de captura e tamanho mínimo de malha) e proteger locais de desova durante o período
reprodutivo. Porém, essas medidas são comprometidas pela falta de informações
sobre as populações de peixes, de recursos financeiros e pelo limitado poder de
fiscalização (AGOSTINHO et al., 2005 apud DANTAS, 2017, p. 652)

A falta de recurso para a locomoção, ações de conscientização e leis municipais, além


de equipes insuficientes para fiscalizar, deixam claramente perceptível a insatisfação dos
pescadores e a necessidade de melhoria. Apesar de os órgãos representativos e secretarias
municipais acompanharem as leis nacionais existentes, é importante investir e criar as próprias
regulamentações municipais.

Cada município possui características particulares da atividade pesqueira, desde


equipamentos utilizados que mudam conforme as condições dos rios, as espécies mais comuns
durante o ano e até o período de defeso, que no Maranhão, segundo a portaria n° 85, de 31 de
dezembro de 2003, no artigo 1º, proíbe anualmente a pesca a partir de,

1º de dezembro a 30 de março, o exercício da pesca de qualquer categoria e


modalidade, e com qualquer petrecho, nas bacias hidrográficas dos rios Pindaré,
Maracaçumé, Mearim, Itapecuru, Corda, Munim, Turiaçu, Flores, Balsas e Grajaú,
bem como, em igarapés, lagos, barragens e açudes públicos do Estado do Maranhão
(BRASIL, 2003, p. 1).

É necessário levar em considerações essas particularidades para que os pescadores


tenham mais segurança do que é permitido durante a piracema, a quantidade correta para a

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região, devido às diferenças de tamanhos e disposições de espécies, além de compreender
melhor as penalidades diante de desacatos e os prejuízos com a continuidade de suas ações
danosas.

Figura 3: Equipamentos para pesca: malhadeira, canoa.

Fonte: Autoria própria (2023).

Outro ponto a ser observado nas narrativas é que as fiscalizações ocorrem por meio de
denúncias, mas nem sempre são resolvidas ou investigadas e até mesmo não são solucionadas.
Segundo o Relatório de Gestão da Ouvidoria do IBAMA (2022) os assuntos mais abordados
durante as manifestações recebidas correspondem a 10.966 no total. No ranking, a pesca
predatória é o 4º assunto mais abordado, totalizando 325 manifestações, ficando atrás somente
de assuntos como cativeiro de animais silvestres, desmatamento e degradação de área.

Apesar de os números de manifestações em relação à pesca predatória na ouvidoria


serem preocupantes, desperta o questionamento: será que esse número representa a realidade
do país, dos municípios brasileiros? As denúncias que surgem dentro dos municípios são em
grande maioria investigados pelos próprios órgãos municipais, muitas deixam de ser registradas
adequadamente, até mesmo pela falta de possuírem leis específicas da localidade e um sistema
interligado com os órgãos federais, responsáveis por essas fiscalizações.

Assim, é provável que os dados apresentados sofram disparidades, não condizendo com
a realidade de todas as regiões do país, do estado ou mesmo do próprio município.

3.3 Caminhando e falando em preservação

O ser humano é apenas seres dependentes daquilo que a natureza tem em abundância
para sobreviver. Assim, é necessário compreender como preservar, pois no futuro, sem o
cuidado desses recursos, perde-se a mesma fartura e a beleza de hoje.

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Diante da importância de falar sobre práticas sustentáveis, que respeitem a natureza, o
ser humano e toda a sociedade em geral, promoveram-se ações de conscientização sobre o
respeito ao período da piracema. As ações ocorreram em diferentes localidades do município
de Pedro do Rosário–MA, como nos povoados Mucuripe, Minório, Olho D’água, Forquilha do
Campo e Guanani, realizando o trabalho de panfletagem e conscientização sobre a pesca
predatória no período da piracema, ressaltando a importância de dar essa pausa para a natureza.

As comunidades foram selecionadas pelo fato de seus moradores desenvolverem


maioritariamente a pesca e pela grande importância alimentar que o rio Turiaçu possui para
região, assim como o Forquilha do Campo, onde se situa áreas que no período do defeso são
utilizados pelos peixes para a sua reprodução, desova e desenvolvimento.

Visitando as residências e conversando com os moradores no povoado Forquilha do


Campo e Guanani, fez-se a distribuição dos panfletos nas residências dos moradores,
esclarecendo sobre o tema. Os ribeirinhos receberam com muito carinho, demonstraram
também um certo entendimento sobre o assunto, dando uma atenção especial ao
desenvolvimento do trabalho.

Figura 4: Ação na comunidade do povoado Guanani.

Fonte: Autoria própria (2023).

Nos povoados Mucuripe, Minório e Olho D’água as margens do Rio Turiaçu, durante a
ação foram observados grande diversidade de equipamentos (Figura 5) utilizados na pesca
local, tais como canoas, motores de rabetas, tarrafas, malhadeiras, caixas térmicas entre outros
equipamentos utilizados pelos pescadores da região. Identificou-se também a presença de
alguns pescadores em atividade, porém, com quantidades mínimas de pescados, ou seja, nada
que estivesse em desacordo com as legislações vigentes, no que diz respeito à pesca no período
da piracema.

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Figura 5: Equipamentos para a pesca nas margens do rio Turiaçu.

Fonte: Autoria própria (2023).

Durante todo o percurso, os moradores e pescadores destacaram a importância das


ações, pois cuidar do rio é cuidar também do país e das gerações futuras. Quanto mais se debate
e reforça sobre a sustentabilidade, possibilita que todos usufruam das riquezas que os rios
proporcionam.

recomenda-se uma maior atuação do poder público municipal com o intuito de


promover a capacitação e organização dos pescadores valorizando a sustentabilidade
da atividade; assim como a implementação do papel técnico da colônia de pescadores
de forma a orientar maneiras mais produtivas de pescar, armazenar e comercializar; e
por fim, desenvolver programas de educação ambiental permanentes com as
comunidades pesqueiras visando à sustentabilidade desses recursos e dos ambientes
explorados (DANTAS, 2017, p. 653).

Ações de conscientização que promovam práticas sustentáveis precisa ser um trabalho


contínuo pelos órgãos competentes, mediante ações de apoio, conscientização e fiscalização,
por meio dos órgãos representativos da categoria dos pescadores artesanais da região
(Sindicatos e Colônias dos Pecadores), poder Público Municipal (Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos) e comunidade local.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, na medida que se compreende as atividades pesqueiras do município a


partir dos pescadores, torna-se evidente que a sustentabilidade da pesca está ameaçada e revela
que a pesca predatória, impulsionada por práticas inadequadas e falta de regulamentação eficaz,
impacta diretamente a população de peixes, causando a diminuição de algumas espécies
comuns na região e causando o desequilíbrio do ecossistema aquático.

As vozes dos pescadores locais, embasada pelas suas experiências diárias, ressoa como
um alerta urgente. Suas narrativas destacam não apenas a redução na abundância de peixes, mas

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também a complexidade dos desafios enfrentados pelas comunidades dependentes desses
recursos.

A falta de fiscalização eficaz, aliada a pouco recursos e leis municipais inexistentes,


amplifica a vulnerabilidade dessas populações e a urgência de intervenções significativas. É
evidente a necessidade de leis que devem ser adaptadas à realidade local, considerando as
peculiaridades de cada região. A lacuna existente é significativa na preservação dos recursos
pesqueiros e, se deve a carência de uma abordagem integrada, entre as leis nacionais e as
dinâmicas específicas de cada município.

Agregar a ação de conscientização ao estudo evidenciou a cooperação e compreensão


por parte das comunidades. A percepção comum de que cuidar do rio é cuidar do país e das
gerações futuras ressalta a interconexão entre a preservação ambiental e o bem-estar social.

Contudo, para assegurar uma gestão sustentável dos recursos pesqueiros, há a


necessidade urgente de uma maior intervenção do poder público municipal. A capacitação,
organização e orientação técnica dos pescadores, aliadas a programas de educação ambiental
contínuos, representam pilares essenciais para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Assim, mesmo com os objetivos dessa pesquisa terem sido alcançados, o município
carece de investigações mais profundas que englobem mais participantes. Espera-se que este
trabalho sirva de inspiração para novas pesquisas e contribua para compreender os impactos da
pesca predatória no município e a necessidade de desenvolver ações que combatam essa prática.
E ainda, cooperar para as discussões e buscas de melhorias no município, no estado e até mesmo
no país.

REFERÊNCIAS

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adotar medidas necessárias ao ordenamento pesqueiro. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBMA. Ministério da Pesca e Aquicultura, Brasília,
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ENTREVISTA CONCEDIDA

ENTREVISTADO 1. Pesca predatória no período da piracema: desafios e impactos.


Entrevista concedida a Pedro Balbino Aires. Pedro do Rosário, 30 de novembro de 2023.

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 409


ambiente, Volume 1.
ENTREVISTADO 2. Pesca predatória no período da piracema: desafios e impactos.
Entrevista concedida a Pedro Balbino Aires. Pedro do Rosário, 05 de dezembro de 2023.

ENTREVISTADO 3. Pesca predatória no período da piracema: desafios e impactos.


Entrevista concedida a Jaqueline Alves da Silva. Pedro do Rosário. 06 de dezembro de 2023.

ENTREVISTADO 4. Pesca predatória no período da piracema: desafios e impactos.


Entrevista concedida a Linda Ludimila Costa Sousa. Pedro do Rosário. 11 de outubro de 2023.

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ambiente, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2404113429324

CAPÍTULO 29
ANÁLISE MULTIVARIADA DAS EMISSÕES DE CO2 DO SOLO ATRAVÉS DO
USO DE CÂMARA FECHADA COM SENSOR INFRAVERMELHO

Cássia Barreto Brandão


Antônio Soares da Silva

RESUMO
A análise das emissões de CO2 do solo nos últimos anos tem se tornado objeto de estudo relevante nos últimos
anos, sobretudo em florestas tropicais na tentativa de compreender a participação desses ecossistemas no ciclo
global do carbono. Neste sentido, este estudo propõe estimar os efluxos de CO2 em horizontes superficiais de
diferentes áreas sob o domínio da Mata Atlântica no município de Santo Antonio de Pádua-RJ. Para isso foi
utilizada a técnica da câmara fechada com sensor infravermelho durante três dias do verão e do inverno de 2015
em quatro diferentes tipos de áreas (área restaurada de 15 anos; área desmatada; área restaurada de 3 anos e área
controle) em análise simultânea nos períodos da manhã (08h) e da tarde (15h). Associado as análises do CO2 foram
coletadas informações meteorológicas e pedológicas das áreas selecionadas, visando estabelecer correlações
estatísticas através da análise multivariada de componentes principais. Nos resultados obtidos verificou-se uma
variação sazonal dos efluxos de CO2, predominando os maiores efluxos no verão e os menores durante o inverno,
assim como os maiores valores às quinze horas e os menores às oito da manhã. Os resultados da análise de
componentes principais demonstraram um comportamento oposto entre a área desmatada e a área controle, sendo
que conforme os parâmetros químicos estavam mais adequados, menores eram as emissões de CO2 e vice-versa.
Na ACP os três primeiros componentes juntos explicaram 85,4% da variância total do conjunto de dados, sendo
que das quinze variáveis selecionadas, apenas cinco foram mais importantes, destacando-se o papel do fósforo, da
saturação por bases, matéria orgânica, CTC e argila, sendo que a última em associação positiva com as emissões
e as demais em relação inversa. As áreas restauradas demonstraram-se mais influenciadas pelos parâmetros
atmosféricos e físicos do solo, sendo que a área desmatada esteve mais induzida pela temperatura do ar e do solo
e pelo teor de argila. Portanto, verifica-se que a caracterização dos tipos de cobertura da superfície é de suma
importância para a compreensão das trocas gasosas entre solo e atmosfera, sem a qual não seria possível entender
as complexas dinâmicas estabelecidas entre áreas próximas, porém diversas em termos de conservação. Assim
sendo, este estudo destaca a importância da preservação das florestas nativas, assim como a restauração de áreas
degradadas, tendo em vista que as áreas desmatadas contribuem mais para as emissões do que para o sequestro de
carbono e de que as mais preservadas a exemplo da área controle deste estudo contribuíram mais para o sequestro
do que para as emissões de CO2 para atmosfera.

PALAVRAS-CHAVE: Emissões; CO2, Solo; Multivariada; Horizontes superficiais.

1 INTRODUÇÃO

A participação dos sumidouros de CO₂, como os oceanos e a fotossíntese de plantas


terrestres, contribuem para reter grandes quantidades de carbono. Contudo, no que se refere às
florestas tropicais, ainda não há um consenso sobre a participação efetiva desses ecossistemas
no estoque de carbono do ar, uma vez que o CO₂ retorna a atmosfera através da respiração do
solo. Neste sentido, os fluxos de CO2 atmosféricos à superfície sobre ecossistemas têm se
tornado um objeto de relevante interesse científico.

Para Lal (2005), as florestas tropicais ocupam 1,8 bilhão de hectares, sendo que os
estoques de carbono nas florestas tropicais correspondem em média a 120tC/hectare na
vegetação e 123tC/hectare no solo de até 1m de profundidade. Os solos de até 1m de

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profundidade, por exemplo, são capazes de conter até 1.500GtC (Gigatonelada de carbono), o
que equivale segundo Bruce et al. (1999) a três vezes a quantidade de carbono presente na
biomassa terrestre e duas vezes a quantidade estocada na atmosfera.

A produção de CO2 do solo é um processo bioquímico associado a sistemas radiculares


e microbiais ocorrentes no solo. Estes por sua vez, sofrem interferência das condições edáficas
do ambiente. Neste sentido, compreender as interações que são responsáveis pelo efluxo de
CO2 é de suma importância nas temáticas atuais sobre questões climáticas e sobre as interações
entre solo, planta e atmosfera.

O CO2 produzido no solo é decorrente da respiração de raízes, organismos do solo e


pela oxidação química dos compostos de carbono. Esse processo bioquímico é conhecido como
respiração do solo, sendo que a transferência do CO2 do solo para a atmosfera pode ser
considerada pelo termo efluxo ou simplesmente por emissão de CO2 do solo. A respiração do
solo está associada às condições de temperatura e umidade do solo sendo, portanto, dependentes
da variabilidade temporal e espacial destas variáveis conjuntamente com as características
pedológicas e microbiológicas do solo que resumidamente estão associadas com as
características da rizosfera local (SCALA et al., 2000).

Segundo Sotta et al. (2004) e Salimon et al. (2004) o fluxo de CO₂ do solo é fortemente
correlacionado com a temperatura do solo e com a umidade do solo. Entretanto, outros fatores,
tais como teor de nutrientes no solo, matéria orgânica, aeração do solo, porosidade do solo,
disponibilidade de água podem interferir nas taxas de fluxo de CO₂ do solo.

As trocas gasosas entre o solo e a atmosfera ocorrem basicamente por dois mecanismos:
por difusão (movimento do gás de uma zona de maior concentração para outra de menor) e por
fluxo de massa que responde a um gradiente de pressão que varia em função de textura, estrutura
e teor de umidade no solo (KANG et al., 2000). O gradiente pode ser causado, por exemplo,
por uma variação na pressão barométrica, pela elevação do lençol freático, por mudanças de
temperatura ou pelo deslocamento do ar do solo por causa de infiltração de água (LIER, 2010).
Esta diferença de potencial entre o solo e a atmosfera cria um fluxo ascendente de CO2 (BALL;
SMITH, 1991).

A difusão é considerada a mais importante (LUO; ZHOU, 2006). A difusão corresponde


ao movimento espontâneo do gás do solo de um local para outro adjacente, onde a concentração
deste é menor. São responsáveis por afetar a difusão: a distribuição e o tamanho dos poros e a
quantidade de água e gases, a disponibilidade de material orgânico e de macro e micronutrientes

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ambiente, Volume 1.
que estão relacionados com a difusão do CO2 no solo indiretamente por agir na atividade dos
microrganismos e das plantas.

As proporções dos gases podem variar rapidamente, a exemplo do que ocorre após uma
chuva prolongada, onde a maioria dos poros estará preenchida com água, sendo, portanto,
mínima a quantidade de ar presente neste momento no solo. Algumas horas após a chuva, se a
drenagem do terreno for boa, a água se infiltra e escoa em profundidade, voltando o ar a ocupar
uma porção dos poros.

A quantidade de ar no solo é influenciada pelo conteúdo de água nele presente, assim


quando há um excesso prolongado de água a atividade dos microrganismos e das raízes é
afetada porque o consumo de oxigênio contido no solo se extingue rapidamente,
comprometendo, portanto, o crescimento das plantas (BRANDÃO, 2015).

As propriedades físicas dos fluídos, seus movimentos e disponibilidade no meio, além


de muitas reações químicas que liberam nutrientes para as plantas são influenciadas pela
temperatura do solo. A respiração também é um processo associado às condições de
temperatura do solo, assim como do ar, podendo apresentar variabilidades de acordo com a
sazonalidade (DAVIDSON et al., 2000). De acordo com Subke et al. (2003) a respiração é um
indicador da atividade microbiana, sendo um processo bioquímico que dependente da
temperatura do ar e do solo.

Demais estudos como os de Zanchi et al. (2002), Dias (2006), Scala et al. (2000) e Scala
et al. (2005) foram realizados nas florestas tropicais do Brasil, identificando-se a variabilidade
sazonal das emissões de CO2. As áreas desprovidas de vegetação ou campos agrícolas em
pousio também foram objetos de estudos de Panosso et al. (2009) e Scala et al. (2009).

Os processos relacionados ao transporte de gases no solo para a atmosfera são muito


complexos e envolvem a interferência das diferentes condições do solo. Assim sendo, este
estudo está baseado na tentativa de elucidar a dinâmica das emissões de CO2 em solos tropicais
em horizontes superficiais sob diferentes tipos de cobertura, correlacionando-os a uma gama de
diferentes parâmetros físicos e químicos que permitam inferir sobre a importância dos solos
tropicais no ciclo global do carbono e permitindo realizar melhores interpretações sobre a
variabilidade dos efluxos de CO2 do sistema solo-atmosfera.

Desta forma, objetiva-se avaliar a influência das condições meteorológicas e da


rizosfera local, na variação sazonal do fluxo de CO2 do solo em horizontes superficiais de Mata

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ambiente, Volume 1.
Atlântica, através de medições de CO2 com o método de câmara fechada com sensor
infravermelho.

2 METODOLOGIA

2.1 Área de Estudo

Santo Antônio de Pádua está localizado na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(Figura 1), sendo banhado pelos rios Paraíba do Sul, Pomba e Pirapetinga. Sua área territorial
é de 603 km² e segundo Brasil et al. (2013) o município se encontra com menos de 14% de sua
cobertura original de Mata Atlântica semidecídua. Tal cenário é justificado pela devastação da
Mata Atlântica para a implantação da monocultura cafeeira no início do século XX, por
pastagens subaproveitadas e pelo atual desmatamento nos maciços montanhosos e nas zonas
dos alinhamentos serranos.

A cobertura arbórea encontra-se muito fragmentada e concentrada em topos de morros


e em serras. Nestes locais, há ocorrência do estágio médio de sucessão, que em linhas gerais é
caracterizado pela presença de fisionomia arbórea predominando sobre a herbácea e pela
ocorrência de maior número de epífitas, serapilheira e sub-bosque.

Figura 1: Localização do município de Santo Antônio de Pádua-RJ.

Fonte: Brandão et al. (2015).

2.2 Efluxos de CO₂ do solo

Segundo Zanchi et al. (2002), Costa et al. (2006), Neu (2009), Tarazona (2010) e
Brandão (2015) existem variadas metodologias de avaliação dos efluxos de CO₂ no sistema

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ambiente, Volume 1.
solo-atmosfera, sendo que as análises por infravermelho são as mais precisas e sensíveis em
relação aos outros métodos existentes.

A metodologia aplicada neste estudo se baseou na proposta de câmara fechada elaborada


por Brandão (2014) associada a utilização de sensor infravermelho que tem se mostrado o mais
eficiente para análises in situ (SCALA et al., 2000).

A medição do efluxo de CO₂ do solo foi realizada através de uma câmara constituída
por um anel e uma tampa de cloreto de polivinil (PVC), acoplado a um medidor de CO₂ portátil
ITMCO2-535, com faixa de medição de 0 a 9999ppm e com resolução de 1ppm. Este aparelho
utiliza raio infravermelho não dispersivo que garante confiabilidade e maior estabilidade nas
medições, fazendo medições do nível de CO2 no interior da câmara por 5 minutos.

Cada câmara foi acoplada a 2 cm de profundidade do solo em dia anterior as


amostragens para evitar subestimar os fluxos de CO₂ e para evitar perdas de gás pela parte
inferior da câmara (Figura 2).

Figura 2: Medidor de CO₂ em detalhes.

Fonte: Autoria própria (2015).

Os dados referentes ao CO₂ no interior da câmara foram visualizados em campo através


do software Handheld Meter`s que retrata a medição feita pelo equipamento em forma gráfica
(Figura 3).

Os valores de CO₂ posteriormente foram convertidos em µmol CO2 m-2 s-1 através da
seguinte equação:

R = ΔCO₂ x V
A x 0, 0224
Onde:

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ambiente, Volume 1.
R= Respiração/fluxo (μmol CO2 m-2 s-1)

ΔCO₂= Variação do CO₂ (ppm/s)

V= Volume da câmara (m ᵌ)

A= Área de terra coberta pela câmara (m²)

0,0224=constante relacionada ao volume que o ar ocupa (mᵌ)

Figura 3: Software Handheld Meter`s em funcionamento.

Fonte: Autoria própria (2015).

O volume da câmara e da cobertura horizontal foram mensuradas e obtiveram os


respectivos valores: 4768,8 cm³ e 1271,7 cm².

Quatro áreas diferenciadas foram selecionadas para este estudo para abarcar a maior
variedade possível de tipos de cobertura do solo. Os critérios de escolha foram baseados em
áreas que fossem completamente distintas em termos de cobertura vegetal e que fossem
relativamente próximas umas das outras para facilitar a comunicação simultânea entre as áreas.

A análises ocorreram no ano de 2015 através de trabalhos de campo realizados na


Pedreira Quatro Irmãos (Figura 4). As áreas analisadas foram respectivamente: área restaurada
de 15 anos (R15); área desmatada (DS); área restaurada de 3 anos (R03) e área controle com
floresta nativa preservada em topo de morro (CT) que também pode ser observado no perfil
topográfico (Figuras 6) e através da Figura 5.

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ambiente, Volume 1.
Todos os experimentos foram realizados nessas áreas simultaneamente durante o
período da manhã (08h) e da tarde (15h) durante três dias do verão e do inverno de 2015.
Anterior a cada medição realizou-se a calibração do aparelho de CO2 a céu aberto na faixa dos
400ppm. A simultaneidade das medições foi obtida através da comunicação via rádio entre os
integrantes da equipe.

Figura 4: Mapa de pontos de monitoramento.

Fonte: Autoria própria (2015).

Figura 5: Áreas de monitoramento.

Fonte: Autoria própria (2015)

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ambiente, Volume 1.
Figura 6: Perfil Topográfico das áreas monitoradas.

Fonte: Autoria própria (2015).

Em paralelo as análises de CO₂ foram obtidos dados de temperatura do solo através de


um termômetro digital tipo espeto.

Os dados de umidade volumétrica do solo, assim como a granulometria e porosidade


total foram realizados no Laboratório de Geografia Física da UERJ – LAGEFIS, seguindo a
proposta metodológica da EMBRAPA (1997).

As análises de fertilidade foram realizadas pelo laboratório da ESALQ-USP


(Piracicaba-SP), sendo que todas as amostras correspondem aos horizontes superficiais (20 cm)
de Argissolo Vermelho-Amarelo, com exceção da área desmatada (DS), que corresponde ao
horizonte B exposto uma vez que o horizonte A foi removido pela atividade mineradora. Os
mapeamentos realizados neste estudo foram desenvolvidos no programa ArcGIS 10.3.

Os dados de temperatura e precipitação foram obtidos na estação meteorológica


automática da Squitter do Brasil, Modelo ISIS-S1220 instalada na área de estudo. O registro da
pressão atmosférica foi realizado através de quatro barômetros digitais.

Com relação aos tratamentos estatísticos realizados por este estudo utilizou-se o
programa Minitab 18 para a análise multivariada de análise de componentes principais.

A análise de componentes principais (ACP) é uma técnica multivariada exploratória


que condensa a informação contida em um conjunto de variáveis originais em um conjunto de
menor dimensão, composto de novas variáveis latentes, mas preservando quantidade relevante
da informação original.

A ACP possibilita investigações com um grande número de dados, além de identificar


as medidas responsáveis pelas maiores variações entre os resultados, sem perdas significativas
de informações e gerando duas primeiras componentes principais, que detêm maior parte da
informação estatística.

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ambiente, Volume 1.
Segundo Lopes (2001), o primeiro componente corresponde ao maior eixo da elipsóide
(CP1) e o eixo de menor variância (CP2) é perpendicular ao eixo maior sendo chamado de
segundo componente principal.

A contribuição de cada componente principal é representada em porcentagem e o


primeiro componente é o de maior importância e é o que explica o máximo da variância dos
conjuntos de dados, seguida pela segunda componente que apresenta a segunda maior variância
e assim sucessivamente, até o componente principal de menor importância, sendo os últimos
componentes principais serão responsáveis por direções que não estão associadas a muita
variabilidade (MANLY, 1986; ANDERSON, 2003; FERREIRA, 2011).

De acordo com Rencher (2002), pelo menos 70% da variância total devem ser
explicadas pelo primeiro e o segundo componente principal.

Como parâmetros selecionados para ACP neste estudo inclui-se: a umidade do solo,
temperatura do solo (2cm e 5cm), temperatura do ar, umidade do ar, pressão atmosférica,
textura (excluindo apenas a quantidade de silte), porosidade total, fósforo, CTC (Capacidade
de Troca Catiônica), V% (Saturação por Bases), matéria orgânica e pH.

As análises da ACP foram realizadas unificando-se todos os dados coletados (incluindo


verão e inverno nos horários de 08h e 15h), sendo gerado um único gráfico que demonstra toda
a variabilidade do conjunto de dados, identificando-se nele também as diferenças sazonais e
horárias.

3 RESULTADOS

3.1 Emissões de CO2 do solo

De acordo com a Figura 7, que demonstra a média das emissões de CO2 durante o verão,
constata-se que houve uma maior emissão de CO2 em R15 (Área restaurada de 15 anos), sendo
que em CT (Área controle) permaneceu com os menores valores. Os valores encontrados tanto
em DS (Área desmatada) quanto em R03 (Área restaurada de 3 anos) foram semelhantes,
havendo, porém, em todas as áreas um aumento das emissões durante as medições realizadas
as 15h.

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ambiente, Volume 1.
Figura 7: Emissão média de CO2 durante o verão de 2015 (08h-15h).

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Figura 8: Emissão média de CO2 durante o inverno de 2015 (08h-15h).

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

De acordo com a Figura 8 é possível observar que houve queda das emissões durante
o inverno quando comparado ao verão, sendo que as únicas exceções se referem a CT e ao valor
das 15h de DS que foram maiores do que as apresentadas durante o verão.

Os estudos de Brandão (2015) realizado no município de Santo Antônio de Pádua


demonstrou que as emissões do CO2 para a atmosfera possuem uma forte relação sazonal.

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ambiente, Volume 1.
Outros estudos como os realizados por Sotta et al. (2004) e Davidson et al. (2000) também
indicam a forte influência sazonal dos fluxos de CO2 para a atmosfera com tendência de que os
valores máximos ocorram no verão, mínimos no inverno e valores intermediários na primavera
e outono (IQBAL et al., 2009; CAMPOS et al., 2011; SIQUEIRA NETO et al., 2011)

Segundo Panosso et al. (2006) em seus estudos em solos tropicais, os valores médios
das emissões de CO2 do solo no período de verão foram, em geral, 33% maiores que aqueles
encontrados no período de inverno.

Os dados gerados pelo estudo de Brandão (2015) demonstraram haver durante o verão
as maiores médias de emissões (0,46 µmol CO2 m-2 s-1) e no inverno as menores médias (0,19
µmol CO2 m-2 s-1). O outono e o inverno foram marcados por valores medianos (0,25 µmol CO2
m-2 s-1) (0,30 µmol CO2 m-2 s-1) respectivamente.

A justificativa dada para as menores emissões de CO2 do solo durante o inverno estaria
associada à redução da atividade biológica dos microrganismos em decorrência da diminuição
da temperatura do solo neste período, em contrapartida, no verão, as altas temperaturas e a
umidade mais elevada estariam associadas à maior atividade destes que consequentemente
produziriam mais CO2 (SOTTA et al., 2004; SCALA et al., 2005; EPRON et al., 2006).

Dentre todos os parâmetros analisados por Brandão (2015) na região de Santo Antônio
de Pádua, a temperatura foi a que deteve maior correlação com as emissões de CO2,
corroborando com os resultados de outros estudos realizados em clima tropical por diversos
autores.

Em solos sem cobertura vegetal como a DS, a respiração é exclusivamente heterotrófica,


ou seja, acontece pelo metabolismo de vários organismos associados aos substratos e compostos
orgânicos (GRAF et al., 2010; HERBST et al., 2012). Porém diferentemente das outras áreas
desmatada emitem mais CO2 do que sequestra pois, por ser uma área sem cobertura vegetal a
fotossíntese é ausente.

De acordo com Lopes et al. (2013), os ecossistemas equilibrados como CT (área


controle) tendem a apresentar menores taxas de respiração do solo, uma vez que a cobertura
vegetal do solo, característica desses sistemas, fornecem material em diferentes níveis de
decomposição e complexidade dos resíduos vegetais, resultando, portanto, em menores taxas
de emissão de CO2 do solo, sem, contudo, limitar a atividade microbiológica. Assim sendo,
pode-se dizer que estas áreas contribuem mais para o sequestro de carbono da atmosfera do que
com as emissões através da respiração do solo.

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ambiente, Volume 1.
3.2 Análise dos componentes Principais (PCA)

A análise de componentes principais permitiu identificar o comportamento de quinze


variáveis deste estudo em relação aos quatro tipos de áreas, analisando suas respectivas
variações dentro de uma única matriz de dados relacionados ao verão e ao inverno as oito e as
quinze horas.

De acordo com a tabela 1 que representa os dados do verão e inverno (08h e 15h)
observa-se que a componente principal 1 (CP1) explica 40,5% da variância total dos dados
enquanto a CP2 explica 33,3% e a CP3 11,5%. O número de componentes foi determinado de
acordo com o critério de Kaiser (1958) de λi >1, sendo que desta forma, as três primeiras
componentes principais resumem efetivamente a variância amostral total do conjunto de dados.

Tabela 1: Decomposição dos componentes principais-Verão e Inverno (08h e 15h).


CP1 CP2 CP3
Autovalores (λi) 6,07 5,00 1,72
Proporção de Variação 40,5% 33,3% 11,5%
Proporção Acumulativa 40,5% 73,9% 85,4%
Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

De acordo com a tabela 1 pode-se observar que a partir da terceira componente com
valor de λi igual a 1,72, os autovalores passaram a diminuir e atingiram valores inferiores a 1.
De acordo com Kaiser (1958) as componentes com valores inferiores a 1 devem ser excluídas
da análise. Assim sendo, atendem ao objetivo deste estudo a primeira, segunda e a terceira
componente principal somente.

De acordo com a tabela 2 que representa a combinação linear dos componentes, os


atributos com maiores valores identificados na CP1 estão mais relacionados ao processo de
emissão de CO2. Assim sendo, os autovetores de maior peso na CP1 foram o fósforo, V%, MO,
CTC e argila. Quando possuem o mesmo sinal estão relacionadas diretamente as emissões, e
quando em sinais opostos possuem uma relação inversa. Desta forma, os atributos químicos a
exemplo da CTC (0,322), V% (0,339), P (0,352) e MO (0,339) por possuírem sinal inverso ao
fluxo de CO2 (-0,218), indicando que à medida que esses parâmetros se elevam no solo, menor
é o fluxo de CO2 e vice-versa.

Na CP2 destacaram-se a temperatura do ar (0,389), a umidade relativa (-0,386), a


temperatura do solo a 2cm (0,354) e 5 cm (0,355), a pressão atmosférica (-0,350), sendo que a
temperatura do ar e do solo tiveram uma associação positiva fraca com a emissão de CO2 (0,049)
e a umidade relativa e a pressão atmosférica uma relação inversa fraca com o CO2.

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ambiente, Volume 1.
Na CP2 também se destaca as relações opostas entre a temperatura do ar e do solo com
a umidade relativa, umidade do solo e a pressão atmosférica. Conforme a temperatura do ar se
eleva a pressão e a umidade do ar diminui, e conforme a temperatura do solo aumenta a umidade
do solo diminui.

Na CP3 os autovalores de maior peso foram a argila e a areia, demonstrando uma relação
inversa entre eles que pode ser verificado inclusive na figura 9 através dos direcionamentos
opostos das setas, sendo estes responsáveis por explicar apenas um pequeno percentual da
variabilidade dos dados.

Tabela 2: Combinação linear das componentes principais - Verão e Inverno (08h e 15h).
Variável CP1 CP2 CP3
CO2 -0,218 0,049 0,390
T. 2 CM -0,218 0,354 0,067
T. 5 CM -0,225 0,355 0,040
T. AR -0,141 0,389 0,139
UR 0,145 -0,386 -0,051
P. ATM -0,056 -0,350 0,394
pH 0,258 0,306 -0,171
P 0,352 0,055 0,090
CTC 0,322 -0,013 -0,293
V% 0,339 0,191 -0,165
MO 0,339 0,236 -0,011
ARGILA -0,320 -0,024 -0,449
AREIA 0,281 0,039 0,530
US 0,181 -0,298 -0,067
POROSIDADE -0,267 -0,207 -0,163
Legenda: T.2cm: temperatura a 2cm; T.5cm: temperatura a 5cm; T.AR: Temperatura do ar; UR: umidade relativa;
P.ATM: pressão atmosférica; P: fósforo; CTC: capacidade de troca catiônica; V%: Saturação por bases; MO:
Matéria orgânica; US: umidade do solo.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Pode-se afirmar que os parâmetros químicos do solo junto a argila foram os mais
importantes na análise de componentes principais, evidenciando-se uma relação inversa nas
emissões de CO2 com os parâmetros químicos e uma relação positiva com relação a argila. As
variações sazonais e horárias foram identificadas na CP2, onde R15 e R03 de acordo com a
figura 9 apresentaram influencias dos parâmetros atmosféricos e físicos do solo, destacando-se
neste sentido que os maiores fluxos ocorreram no verão e nos horários das 15h para ambas as
estações e os menores fluxos durante o inverno e no horários das 8h para ambas as estações do
ano, sendo tal registro associado as influências dos parâmetros da temperatura do ar e do solo
com os elementos da pressão atmosférica, umidade relativa do ar e do solo.

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Figura 9: Gráfico bidimensional das componentes principais 1 e 2 Verão e Inverno (08h e 15h).

Legenda: T.2cm: temperatura a 2cm; T.5cm: temperatura a 5cm; T.AR: Temperatura do ar; UR: umidade relativa;
P.ATM: pressão atmosférica; P: fósforo; CTC: capacidade de troca catiônica; V%: Saturação por bases; MO:
Matéria orgânica; US: umidade do solo. CT: Área controle; DS: Área desmatada; R15: Área restaurada de 15 anos;
R03: Área restaurada de 3 anos.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Ainda de acordo com o gráfico da figura 9 é possível observar que os maiores efluxos
de CO2 para atmosfera estiveram mais relacionadas aos parâmetros físicos do solo como a
argila, a porosidade e temperatura do solo, sobretudo em DS (área desmatada). A área
desmatada no que se refere à temperatura do solo foi a área com maior variação na temperatura
entre manhã e tarde (variação de até 18,7°C) e com os valores mais extremos durante o verão,
cabendo também ressaltar que esta é uma área com 52,2% de argila e com horizonte B exposto
e mais baixa fertilidade. De acordo com Loureiro (2012) a argila obteve alta correlação com as
emissões de CO2 em área degradada, pois apesar da argila possuir um caráter protetor a matéria
orgânica esta favorece boas condições para criação de micro-habitat a microrganismos pela
microporosidade elevada e pela maior retenção de água no solo. Associado a essa conjuntura
incluiu-se as temperaturas elevadas do ar e do solo e a porosidade do material solto do horizonte
B proporcionando condições ideais de maiores fluxos de CO2 em DS.

A temperatura do solo também obteve uma correlação positiva com as emissões de CO2,
cabendo ressaltar que de acordo com diversos autores, a temperatura do solo é um dos
parâmetros mais importantes nas emissões de CO2 (DAVIDSON et al., 2000; SUBKE et al.,
2003; USSIRI LAL, 2009; COSTA et al., 2008). Para Kang et al. (2003) os aumentos na

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ambiente, Volume 1.
temperatura do solo afetam a atividade metabólica dos microrganismos e a respiração das
raízes, gerando aumentos no efluxo de CO2.

Graf et al. (2012), utilizando a análise de componentes principais para analisar a


variabilidade espaço-temporal das emissões de CO2 em solos sem vegetação, observaram que,
na escala espacial, o fluxo de CO2 foi claramente relacionado com as propriedades físicas do
solo, sendo a temperatura do solo o fator mais importante associado à variação temporal da
respiração do solo.

Na direção oposta ao plano bidimensional de DS a área controle de CT se destaca,


podendo inferir que essas áreas são totalmente distintas e apresentam comportamentos
divergentes em relação aos parâmetros analisados. Em CT identifica-se uma relação forte e
inversa das emissões de CO2 com os parâmetros químicos, ou seja, quanto melhor foram os
indicadores químicos do solo (CTC, MO, V%, P), menor foi a taxa de emissão de CO2 do solo.
Durante o inverno, porém CT apresentou uma emissão mais elevada que no verão, sendo que
baseado na análise por componentes principais, quando os parâmetros químicos caem existe
um aumento das emissões de CO2 e neste sentido a queda de alguns indicadores químicos no
inverno na área controle seriam as responsáveis pelo aumento dos fluxos durante esta estação
do ano (Quadro 1).

Quadro 1: Química do solo.

DETERMINAÇÕES UNIDADES Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno
R15 R15 DS DS R03 R03 CT CT
pH_H2O _ 4,8 4,5 4,8 4,5 5,2 4,8 5,8 5,1
P Mehlich 1 mg.dm·³ 6,1 8,6 3,7 3 7,4 8,8 10,4 6,8
CTC cmolc.dm·³ 7,7 11 5,9 7,2 8,3 7,7 11,6 10,3
V % 19,5 16,4 15,3 4,2 36,1 32,5 66,4 58,3
M.O g.dm·³ 29,5 29,5 20,9 10,3 50,4 32,1 61 45,3
Legenda: R15 – ÁREA REFLORESTADA; DS- ÁREA DESMATADA; R03- ÁREA EM RECUPERAÇÃO;
CT- ÁREA CONTROLE. MO- Matéria orgânica; CTC- Capacidade de troca catiônica; V-Saturação por bases; P-
fósforo; pH- potencial hidrogeniônico.

Fonte: Dados da Pesquisa (2015).

Moitinho et al. (2014) em análise semelhante no interior de São Paulo demonstraram


também a relação negativa dos atributos SB (Soma de bases), V% (Saturação por bases), CTC,
pH e umidade do solo com as emissões de CO2, pois à medida que tais atributos aumentavam
no solo o fluxo de CO2 diminuíam. Dados semelhantes também foram encontrados na análise
de componentes principais desenvolvido por Brancaglione et al. (2016) e Loureiro (2012) sobre
as emissões de CO2 em áreas preservadas ou com bons indicadores de qualidade, destacando-

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ambiente, Volume 1.
se assim a importância da preservação das áreas de floresta para o equilíbrio do ciclo global do
carbono.

Nota-se também que R03 (área restaurada de 3 anos) esteve negativamente associada
aos parâmetros da CTC, fósforo, areia e umidade do solo. Neste caso também cabe destacar que
a areia se encontra em direção oposta a argila e aos fluxos de CO2, havendo, portanto, uma
relação inversa em R03. Esta área foi a que obteve maior percentual de areia de acordo com a
análise granulométrica (57,9%) .

Na área R15 os parâmetros que mais estiveram associados a este setor foram a pressão
atmosférica, a umidade relativa do ar e a porosidade. R15 foi a área que mais emitiu CO2 e foi
a que esteve mais influenciada pelos parâmetros atmosféricos. Além disso, a maior emissão em
R15 no verão e as menores durante o inverno coincidem com valores mais reduzidos da CTC
(7,7 cmolc.dm·³) e do fósforo (6,1 mg.dm·³) no verão e com os valores mais elevados no
inverno para o fósforo (8,6 mg.dm·³) e para a CTC (11 cmolc.dm·³).

É importante destacar que os aumentos de temperatura do ar estão intrinsecamente


associados a pressão atmosférica e a umidade do ar, de modo que conforme a temperatura se
eleva, menor é a pressão atmosférica e a umidade relativa (JARDIM, 2011), permitindo assim
que os fluxos por difusão sejam facilitados nesta condição de atmosfera menos densa.

A temperatura do solo possui uma relação inversa com a umidade do solo, sendo que
quanto mais elevada a temperatura do solo, menor será a umidade do solo, permitindo que haja
mais espaços porosos ocupados por ar e não por água. Assim sendo, a análise conjunta por
horário e estação do ano permitiu concluir que R15 e R03 foram às áreas mais influenciadas
por tal variação associada às condições atmosféricas e físicas do solo, sendo importante
salientar que ambas as áreas estão em processo de restauração embora em diferentes níveis de
regeneração.

Esta análise também permitiu identificar como os diferentes tipos de áreas estudadas se
relacionaram com os quinze parâmetros selecionados, identificando-se padrões de emissão de
acordo com as características de conservação e degradação das áreas selecionadas.

Os resultados demonstraram satisfazer os critérios propostos por Rencher (2002), de que


pelo menos 70% da variância total fosse explicado pelos três primeiros componentes principais,
demonstrando assim que a escolha dos parâmetros inseridos para esta análise foi satisfatória.

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ambiente, Volume 1.
A análise de componentes principais permitiu concluir que a CP1 respondeu
respectivamente a 40,5% da variância total do conjunto de dados, sendo que se somando a CP2
e a CP3 essa proporção aumentou para 85,4%.

A análise de componentes principais se demonstrou importante nesse estudo, pois,


permitiu identificar as três componentes principais no conjunto de dados, sendo que permitiu
concluir que das quinze variáveis selecionadas para a ACP, somente cinco (P, V%, MO, CTC
e argila) foram as mais significativas, já que a CP1 é a componente que explica a melhor a
maior variabilidade do conjunto de dados.

Assim sendo, ressalta-se a importância da restauração das áreas degradadas para que
estas não sejam apenas emissoras de CO2, mas também fonte de sequestro desta, destacando-se
também a importância das áreas de floresta nativa no equilíbrio do ciclo global do carbono e as
implicações negativas das áreas desmatadas nas emissões de CO2 para a atmosfera.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Hoje temos estimativas dos fluxos de CO2 nos diversos compartimentos terrestres,
incluindo neste saldo as emissões provenientes dos desmatamentos, queimadas e a queima de
combustíveis fósseis, contudo é sabido que é desconhecido o potencial das emissões do solo
para atmosfera assim como o seu potencial de estoque de carbono em diferentes tipos de
cobertura. Neste sentido, este estudo permitiu identificar uma sazonalidade das emissões de
CO2, demonstrando que os maiores fluxos de CO2 se estabeleceram no verão, e os menores
durante o inverno.

Os diversificados comportamentos das áreas de estudo no efluxo de CO2 são mais


facilmente compreendidos quando analisados conjuntamente as características das áreas
estudadas, proporcionando assim uma melhor interpretação da variabilidade dos fluxos de CO2
do solo.

Destaca-se através deste estudo a importância da preservação das florestas nativas que
ao se encontrarem em equilíbrio podem reduzir as concentrações CO2, retirando da atmosfera
mais CO2, do que foi por ela emitido a exemplo da área controle deste estudo. A conservação
das florestas nativas e a restauração de áreas degradadas contribuem para manter os estoques
de carbono nos solos, contribuindo do ponto de vista biológico para a redução da concentração
do CO2 na atmosfera conjuntamente com a fotossíntese. A área desmatada contribuiu mais para
as emissões do que para o sequestro de carbono, pois apesar de R15 ter sido responsável por

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ambiente, Volume 1.
maiores efluxos, esta também contribuía para a retirada de CO2 da atmosfera pela fotossíntese
e biomassa vegetal.

Este estudo também permite direcionar futuras pesquisas sobre a temática, uma vez que
a análise de componentes principais permitiu identificar os parâmetros mais importantes
associados ao efluxo de CO2, destacando-se de forma primária o papel da fertilidade dos solos
no equilíbrio das emissões e de forma secundária a influência das condições atmosféricas e
física do solo nos efluxos.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, J. P. E. Soil respiration. In: PAGE, A. L. et al. (Ed.). Methods of soil analysis.
Part 2. 2.ed. Madison, WI: ASA, 1982. p.837-871. (Agron Monogr 9).

BRANDÃO, C. B. et al. A Determinação do Perfil Climatológico do Município de Santo


Antônio de Pádua-RJ e Sua Aplicabilidade na Recuperação de Áreas Degradadas.
Anuário do Instituto de Geociências - UFRJ - Vol. 39 - 1 / p.05-12, 2016. Disponível em:
https://www.semanticscholar.org/paper/A-Determina%C3%A7%C3%A3o-do-Perfil-
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CAPÍTULO 30
DESAFIOS CLIMÁTICOS NA CAFEICULTURA:
UM OLHAR SOBRE A SECA E A PRODUÇÃO DE CONILON NO
ESPÍRITO SANTO

Luana Oliveira Lordes Natali


Dalila da Costa Gonçalves
Loiana Mançur Spalenza
Serli de Oliveira Cabral
Vanessa Sessa Dian
Wilian Rodrigues Ribeiro
Evandro Chaves de Oliveira

RESUMO
O café, sendo uma das principais commodities agrícolas, desempenha um papel crucial na economia de
comunidades agrícolas e no comércio global. O Brasil, liderando a produção mundial, tem no ES um papel
proeminente na produção de café Conilon, uma espécie notável por sua resistência e adaptabilidade a condições
climáticas adversas. As secas, é um dos eventos climáticos mais devastadores, impactam severamente diversas
regiões do globo, causando não apenas danos ambientais, mas também crises econômicas significativas. Os
impactos da seca na agricultura evidenciam a vulnerabilidade dos nossos cultivos às mudanças climáticas e
ascende uma alerta para o desenvolvimento de estratégias de resiliência e sustentabilidade para o futuro da
cafeicultura. Este estudo destaca a vulnerabilidade da produção de café, especialmente do café Conilon, diante de
adversidades climáticas. Este artigo examina a impacto das condições de seca na produção de Coffea canephora
no ES, explorando estratégias de adaptação e a necessidade de práticas sustentáveis e resiliência climática para
assegurar o futuro da cafeicultura na região. Através da análise de dados históricos e atuais, bem como entrevistas
com produtores locais, identificamos práticas agronômicas e inovações tecnológicas como meios cruciais para
combater os efeitos das mudanças climáticas e promover uma cafeicultura mais resiliente e sustentável.

PALAVRAS-CHAVE: Sustentabilidade Agrícola; Impactos climáticos; Cafeicultura;


Fisiologia do cafeeiro.

1 INTRODUÇÃO

A agricultura é fortemente dependente das condições ambientais e por isso as mudanças


no clima, tornam a produção agrícola vulnerável. Ademais, problemas como esgotamento do
solo; aumento na temperatura média; poluição do ar e da água; salinização; contribuem para a
escassez de água e têm impactos socioeconômicos negativos. O café é uma das commodities
agrícolas mais importantes em todo o mundo e sua produção enfrenta desafios significativos
devido às mudanças climáticas (MARTINS et al., 2018; FAO, 2023). Nos últimos anos, o
estado do Espírito Santo (ES) tem enfrentado adversidades significativas e essas alterações
estão afetando diretamente o cultivo de café na região. Neste artigo, exploraremos o impacto
dessas mudanças na vulnerabilidade do cultivo de café em uma região expressiva de produção.

O café é uma planta perene pertencente à família Rubiaceae, do gênero Coffea, no qual
mais de 90 espécies já foram descritas, com destaque para as mais cultivadas e comercializadas,

Editora e-Publicar – Pesquisa e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio 433


ambiente, Volume 1.
Coffea arabica e Coffea canephora (FERRÃO et al., 2020; ICO, 2020). Essa bebida, apreciada
globalmente, não apenas representa uma fonte crucial de renda para muitas comunidades
agrícolas, mas também desempenha um papel significativo no comércio nacional e
internacional. Com mais de 11 milhões de hectares dedicados à produção de café em todo o
mundo, a cultura é considerada um meio de subsistência importante para milhões de produtores,
principalmente pequenos agricultores familiares (LÄDERACH et al., 2017).

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, seguido pelo Vietnã e


Colômbia. Entre os principais estados produtores, destaca-se o ES, que, apesar de ocupar apenas
0,5% do território nacional, é responsável por 68% da produção do café Conilon (CONAB,
2023). O café Conilon é uma espécie de característica mais rústica, adaptada a regiões mais
quentes e úmidas, conforme mencionado por Ferrão et al. (2007). A maior resistência dessa
espécie pode ser explicada em grande parte pela sua origem nas florestas de terras baixas da
bacia do rio Congo, estendendo-se até o Lago Vitória, em Uganda, nessa região, a altitude varia
desde o nível do mar até 1200 metros em Uganda, e as temperaturas médias mantêm-se entre
24 e 26 °C, com poucas flutuações (FERRÃO et al., 2017).

Neste contexto, este estudo se concentra em descrever o impacto da condição de seca


na produção de C. canephora, no Espírito Santo, Brasil, e exploramos as estratégias adotadas
para enfrentar esses desafios e destacamos a importância de investir em práticas sustentáveis e
resiliência climática para garantir um futuro viável para a cafeicultura na região.

2 METODOLOGIA

Esta pesquisa foi dividida em dois momentos distintos. O primeiro deles se caracterizou
como um ensaio teórico de natureza qualitativa. Esse primeiro estágio consistiu em um estudo
de caso que teve como objetivo a síntese das informações relevantes acerca da origem e
importância da cafeicultura para o ES, os aspectos fisiológicos da planta e os impactos da seca
na produtividade do café conilon na região centro-oeste capixaba.

Os compilados foram acessados nas plataformas eletrônicas Google Acadêmico,


ScienceDirect e Wiley Online Library. Os termos utilizados para a pesquisa foram:"Café
Conilon", Climate change, "Precipitation", “climate AND coffee AND impact”. A pesquisa
limitou-se a artigos de pesquisa, incluindo os trabalhos de revisão. A partir dos achados foi
realizada uma leitura e os trabalhos mais importantes e convenientes para a proposta foram
então utilizadas nas discussões dos parâmetros propostos.

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ambiente, Volume 1.
Neste estudo adotamos uma estrutura organizativa que se inicia com uma abordagem
teórica, composta por cinco subseções: "Panorama da Cafeicultura Capixaba", que fornece uma
visão geral da cafeicultura no Espírito Santo; "Fisiologia do Cafeeiro", que explora os aspectos
fisiológicos das plantas de café; "Relação entre Clima e Produção de Café", que investiga como
as condições climáticas afetam a produção cafeeira; "Vulnerabilidade da Cafeicultura Capixaba
às Mudanças Climáticas", que avalia os desafios para a cafeicultura na região; e "Técnicas de
Mitigação dos Estresses Abióticos", que explora estratégias de redução dos impactos climáticos
na produção de café.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3. 1 Abordagem teórica

3.1.1 Panorama da cafeicultura capixaba

O café é uma das commodities de maior importância no comércio agrícola, ficando atrás
apenas do petróleo no quesito geração de riqueza do planeta (MISHRA; SLATER, 2012).
Mundialmente a cadeia produtiva de grãos emprega 500 milhões de pessoas e gera uma receita
de US $173 bilhões em torno de sua cadeia produtiva (ICO, 2019). O setor cafeeiro envolve
uma cadeia de produção complexa, desde o cultivo e colheita dos grãos até o processamento,
comercialização e consumo.

O C. canephora é originário do continente africano, mais especificamente de uma área


que se estende da Guiné ao Congo, predominando em regiões de baixa altitude e temperaturas
elevadas, típico de regiões quentes e úmidas. Foi introduzida no Brasil ainda no início do século
XX, cultivado predominantemente nos estados do Espírito Santo, Rondônia, Minas Gerais,
Mato Grosso, Bahia e Rio de Janeiro, regiões que se caracterizam por apresentar baixa altitude
e temperaturas mais elevadas (FERRÃO et al., 2017).

O Conilon é uma espécie conhecida por sua resistência às intempéries, o que atrai para
áreas onde outras variedades de café podem não ser viáveis devido às condições climáticas
adversas, sendo assim a introdução do cultivo dessa variedade em solo capixaba surgiu como
uma alternativa viável para os cafeicultores que enfrentavam condições de temperatura mais
elevada e clima mais seco em suas regiões (SILVA et al., 2017).

À espécie C. canephora é atribuída característica de sabor mais marcante, geralmente


mais amargo e encorpado e apresenta um aroma distinto de cereais torrados, com notas de
cacau, nozes e especiarias, além disso, ele também tem uma quantidade mais elevada de sólidos
solúveis e cafeína, em comparação com o café arábica o que justifica o sabor mais pronunciado

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ambiente, Volume 1.
e amargo (RIBEIRO et al., 2014). Estas características organolépticas justificam sua
participação cada vez mais frequente principalmente nos mercados emergentes dos blends, na
produção de café solúvel, além do surgimento de inúmeras formas e tipos de bebidas que
agregam maior rentabilidade e diversidade no mercado (FONSECA et al., 2015).

De acordo com informações da companhia nacional de abastecimento, o Brasil é líder


mundial em produção e exportação e o ES é o maior produtor nacional da espécie C. canephora
respondendo por aproximadamente 70% da produção nacional e 30% da produção mundial
(CONAB, 2022). Segundo o Incaper (2020) a cafeicultura é a principal atividade agrícola do
ES, desenvolvida em absolutamente todos os municípios capixabas. Além disso, é responsável
por gerar emprego e renda para milhares de pessoas, tanto para grandes empresas como
pequenos agricultores, 73% das propriedades cafeeiras no território estadual são provenientes
de base familiar com tamanho médio de 8 hectares (SILVA et al., 2017; INCAPER, 2020).

No último ano o ES registrou uma safra recorde de 16.721 mil sacas de café conilon
beneficiados, com uma produtividade média de 41,5 sc/ha, respondendo por aproximadamente
37% do Produto Interno Bruto (PIB), tornando-o o principal produto agrícola do estado
(CONAB, 2022).

As primeiras lavouras comerciais de café conilon foram implantadas no Brasil a partir


da década de 1950, na ocasião o principal objetivo era explorar áreas consideradas marginais
para o cultivo do café arábica. Atualmente, o conilon se encontra presente em 65 dos 78
municípios do ES, em uma área aproximada de 290 mil hectares, sendo na região norte do
estado a concentração dos principais produtores são Jaguaré, Sooretama, Vila Valério, São
Mateus, Rio Bananal e Pinheiros (SILVA et al., 2017). A cafeicultura tem um papel social
relevante para a cultura local, pois faz parte da história da colonização e da configuração
geográfica, e continua sendo uma atividade de grande importância para os cafeicultores que
trabalham em regime familiar (FERRÃO, 2017).

É notável o progresso tecnológico ocorrido nas lavouras de café conilon no Espírito


Santo ao longo das últimas duas décadas. Esse avanço tem sido fundamental para ampliar a
produtividade e a qualidade do produto final. Importante destacar que essas mudanças estão
intimamente ligadas ao aprimoramento da capacidade de transferência de tecnologia, além de
terem sido adaptadas e promovidas por instituições de ensino e pesquisa, como o Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), bem como diversos
parceiro (FERRÃO, 2017).

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ambiente, Volume 1.
O papel desempenhado pelo Incaper e seus colaboradores revela-se de extrema
importância nesse processo de modernização, uma vez que são os principais responsáveis pelo
desenvolvimento e disseminação dessas inovações entre os cafeicultores locais. Como resultado
desse esforço conjunto, a produção estadual de café conilon registrou um notável incremento
de mais de 310% nesse período, demonstrando os benefícios substanciais da integração de
pesquisa, extensão rural e adoção de tecnologias avançadas no setor cafeeiro capixaba
(CONAB, 2022).

Em particular, as variedades clonais de café conilon lançadas a partir de 1993


possibilitaram um escalonamento da colheita e uma otimização na utilização da mão de obra,
além de melhorias nas estruturas físicas para secagem e beneficiamento dos grãos (FERRÃO,
2017). Recentemente, quatro variedades clonais mais produtivas, tolerantes à seca, com
amadurecimento diferenciado de frutas, resistentes à ferrugem e com qualidade superior de
bebida, como a BRS Ouro Preto, Diamante ES8112, ES8122 - Jequitibá e Centenária ES8132,
foram lançadas, consolidando ainda mais esses avanços (FERRÃO, 2020).

No Brasil, em 2020, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA,


2020) oficializou o registro de 30 variedades de C. canephora. Essas cultivares desempenham
um papel crucial na promoção de plantios e na renovação do setor cafeeiro nacional. Tais
melhorias perpassam por todas as etapas do ciclo de cultivo, contribuindo para aumento da
produção e na promoção da competitividade da cafeicultura nacional (PARTELLI et al., 2014;
FERRÃO et al., 2009; 2012; 2015b).

Uma das mais recentes iniciativas voltadas para o setor cafeeiro do ES foi o lançamento
do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura em maio de 2023. Este programa
tem como pilares centrais a promoção de um desenvolvimento sustentável na cafeicultura, com
ênfase na gestão produtiva equilibrada. Seu principal objetivo é fomentar uma produção de café
que priorize a conservação dos recursos naturais, a proteção do meio ambiente e a melhoria das
condições sociais e econômicas dos produtores (SEAG, 2023).

Para alcançar esses objetivos, o programa contempla uma série de ações estratégicas.
Entre elas, destaca-se o projeto de mapeamento do uso e controle das certificações, visando
ampliar a oferta de cafés certificados e rastreados. Além disso, há um foco especial na
capacitação dos cafeicultores em boas práticas agrícolas, incluindo a redução do uso de
agrotóxicos, a conservação do solo e da água, o manejo adequado da irrigação e a preservação
da biodiversidade.

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ambiente, Volume 1.
Nesta perspectiva, a assistência técnica e a transferência de tecnologia desempenham
um papel estratégico na busca por um produto de melhor qualidade e competitivo, com
iniciativas como a seleção de genótipos de café mais tolerantes à seca (SEAG, 2023; INCAPER,
2023).

Além disso, o programa está comprometido com projetos sociais cruciais, que incluem
o fortalecimento do associativismo e cooperativismo, a promoção da igualdade de gênero, o
incentivo à agricultura familiar e a melhoria das condições de vida das famílias produtoras.
Também faz parte dessas iniciativas facilitar o acesso a financiamentos e mercados
sustentáveis, promovendo, assim, uma abordagem abrangente para o desenvolvimento
sustentável da cafeicultura na região (SEAG, 2023). Essas medidas são de suma importância
para o setor cafeeiro, que busca elevar sua produtividade, promover inovações e expandir a
produção de cafés de alta qualidade, visando maior competitividade no mercado internacional.

O panorama da cafeicultura capixaba revela uma indústria em constante evolução,


adaptando-se a desafios significativos e oportunidades promissoras (VENANCIO et al., 2020).
Os cafeicultores estão enfrentando desafios cada vez maiores para adaptar suas técnicas de
cultivo para minimizar os impactos negativos em suas colheitas. Secas prolongadas ou chuvas
excessivas e inesperadas podem prejudicar a produtividade e a qualidade dos grãos, embora o
Conilon seja mais resistente, eventos climáticos extremos ainda representar desafios para a
indústria, por isso as regiões produtoras têm buscado aprimorar a sua produção por meio de
avanços tecnológicos, práticas agrícolas sustentáveis e a implementação de programas de
desenvolvimento.

A crescente conscientização em relação aos desafios resultantes das mudanças


climáticas tem sido um ponto central nas discussões do setor cafeeiro. A abordagem inclusiva
e sustentável está moldando uma cafeicultura resiliente, priorizando práticas de cultivo
aprimoradas, maior qualidade e produtividade do café, juntamente com medidas para enfrentar
os desafios climáticos (SEAG, 2023). Ademais, a revitalização das cadeias de produção com
potencial de expansão pode e deve abranger iniciativas voltadas para a diversificação da cultura
cafeeira. Produtores, pesquisadores e empresas estão investindo em soluções inovadoras e
sustentáveis para manter a qualidade do café e impulsionar o setor.

O compromisso com a inovação e a colaboração é crucial para promover uma


abordagem proativa na cafeicultura, tornando-a economicamente viável e sustentável, essa

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ambiente, Volume 1.
perspectiva não visa apenas à mera sobrevivência diante das adversidades climáticas, mas sim
à prosperidade em um cenário global altamente competitivo.

3.1.2 Fisiologia do cafeeiro

Os processos fisiológicos das plantas de café estão estreitamente relacionados ao seu


desenvolvimento, produção e capacidade de resposta a condições ambientais desfavoráveis. A
fisiologia do café conilon envolve processos metabólicos e fisiológicos complexos que
respondem pelo seu crescimento e desenvolvimento durante o ciclo (DAMATTA et al., 2007;
CAVATTE et al., 2012). Um dos aspectos fundamentais reside no crescimento e
amadurecimento das folhas e dos frutos, elementos determinantes para o sucesso das safras.

Durante o ciclo de crescimento, as folhas passam por várias etapas, incluindo a expansão
foliar, a formação de clorofila e a fotossíntese, processo vital para o crescimento saudável da
planta e a formação dos grãos de café. Além da fotossíntese, outros processos fisiológicos,
como a transpiração, respiração e distribuição eficiente de recursos, desempenham papéis
fundamentais (CAVATTE et al., 2012).

As condições climáticas e a disponibilidade e absorção de nutrientes também


influenciam a fenologia das plantas, variando sazonalmente de acordo com as oscilações do
clima, especialmente em relação aos regimes de chuva e temperatura. Essa complexa interação
entre fatores fisiológicos e ambientais é essencial para entender e otimizar a produção de café
em busca de altos rendimentos e qualidade consistente (PARTELLI et al., 2014).

O cafeeiro conilon atinge seu desempenho máximo dentro de uma faixa de temperatura
média anual de 17°C a 34°C, embora essa faixa possa variar dependendo do estágio fenológico
da planta. Assim como todos os vegetais a fotossíntese é o processo metabólico mais
importante para o crescimento e o desempenho do cafeeiro, onde ocorre a assimilação de CO2
e a transformação em compostos para a formação de energia. No entanto, com mecanismo de
fixação C3, como o cafeeiro, podem ser mais suscetíveis à perda de água e a altas temperaturas
(BELAN et al., 2011).

As taxas de fotossíntese líquida no café conilon são notavelmente reduzidas, indicando


uma eficiência fotossintética comparativamente menor em comparação com a maioria das
plantas lenhosas, possivelmente devido à alta resistência à difusão do CO2 desde a atmosfera
até o cloroplasto, desempenhando um papel preponderante nessa resposta (DAMATTA et al.,
2007; CAVATTE et al., 2012).

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O café conilon é conhecido por sua capacidade de adaptação a diversas condições
ambientais, devido aos seus mecanismos de fotoproteção e vias antioxidantes (CAVATTE et
al., 2012; PARTELLI et al., 2014). No entanto, temperaturas extremas podem afetar
negativamente o seu metabolismo, resultando em uma redução na produtividade (RAMALHO
et al., 2018). Segundo Taques e Dadalto (2017), as temperaturas médias anuais ideais para o
cultivo do café conilon estão na faixa de 22°C a 26°C.

As plantas de C. canephora têm mecanismos adaptativos para enfrentar a seca, embora


em condições prolongadas e intensas, esses mecanismos possam se tornar inadequados. Um
dos principais ajustes fisiológicos em resposta à seca é o fechamento dos estômatos, estruturas
nas folhas que regulam a troca gasosa (DAMATTA, 2007). Quando expostas a condições
moderada de seca e temperaturas extremas, o fechamento estomático é crucial para reduzir a
perda de água por transpiração, porém esses mecanismos restringe a entrada de CO2,
consequentemente afeta a taxa respiratória e reduz a eficiência da fotossíntese devido ao baixo
suprimento de CO2 para ribulose-1,5-bifosfato carboxilase/oxigenase (RuBisCO), afetando a
fotossíntese e, por conseguinte, a produção de energia e biomassa (TAIZ; ZEIGER, 2013). Em
outras palavras podemos dizer que, quanto maior for eficiência de assimilação de carbono e
transformação deste em fotoassimilado melhor a taxa de crescimento. Considerando que 90-
95% da massa seca da planta é derivada do carbono fixado fotossinteticamente, quedas na
produtividade podem estar associadas a um efeito indireto por meio do fechamento estomático
(DAMATTA, 2007).

As folhas das plantas de coffea apresentam uma condutância estomática relativamente


baixa, mesmo quando cultivadas sob condições ideais de crescimento. Na maioria das situações,
os impactos da seca em café conilon podem ser muito agravados por temperaturas extremas,
podendo causar diversos efeitos relacionados a danos celulares e estresses secundários, como
estresse osmótico e oxidativo relacionado à geração descontrolada de espécies reativas de
oxigênio (DAMATTA; RAMALHO, 2006; CAVATTE et al., 2012).

A seca e o aumento médio da temperatura são os principais fatores ambientais que


contribuem para o baixo rendimento das culturas, induzindo a senescência prematura nos
tecidos de origem fotossintética e reduzindo o número e o crescimento dos órgãos dreno
colhíveis, afetando o transporte e o uso de assimilados entre eles (CAVATTE et al., 2012; TAIZ
et al., 2017). As condições climáticas e a disponibilidade de nutrientes também podem
influenciar a fenologia das plantas, ou seja, os padrões da taxa de crescimento e
desenvolvimento do café ao longo do tempo, como por exemplo o crescimento dos ramos

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ortotrópicos e plagiotrópicos, formação de nós e expansão foliar que variam sazonalmente em
virtude das condições climáticas, particularmente dos regimes de chuva e de temperatura
(PARTELLI et al., 2013).

As reduções nas taxas de fotossíntese causadas pela seca são agravadas pela diminuição
no desenvolvimento das folhas e pela maior queda das mesmas, o que leva a redução da área
foliar ativa para a fotossíntese, o que, por sua vez, impacta o crescimento das plantas. Além
disso, a escassez de água durante a fase de expansão e enchimento dos frutos, resultando em
grãos menores e de menor peso, podendo ocorrer a sua queda prematura reduzindo ainda mais
a quantidade de café colhido. A falta de água durante o desenvolvimento dos frutos também
resulta em cafés com sabores e aromas indesejáveis, bem como uma maior incidência de
defeitos nos grãos (DAMATTA et al., 2007).

Outra característica do cafeeiro é a bienalidade, uma alternância de produção que ocorre


devido a fatores fisiológicos e ambientais que afetam o desenvolvimento das flores e dos frutos
do cafeeiro (RONCHI; DAMATTA, 2007). Durante o ano de alta produção, a planta investe
mais energia na formação de flores e frutos, resultando em uma safra mais abundante. No
entanto, esse processo exige muitos recursos da planta, como nutrientes e carboidratos
armazenados, o que pode levar a um esgotamento desses recursos no ano seguinte. Como
resultado, no ano de baixa produção, a planta terá uma menor quantidade de flores e frutos.

Nas lavouras irrigadas, a menor espessura dos ramos permite que ramos plagiotrópicos
invistam menos em estruturas lenhosas, direcionando mais energia para o crescimento
vegetativo. Isso resulta em ramos mais longos e com mais nós, melhorando a arquitetura da
planta, distribuindo mais biomassa e aumentando a produtividade dos genótipos. Essas
informações são cruciais para otimizar o manejo de fertilizações e podas, considerando a
utilização ou não da irrigação.

O manejo da irrigação durante o período pré-florada também pode ser a chave para
obterem-se floradas concentradas, excitando assim tamanha desuniformidade de maturação dos
grãos. A importância da fisiologia do cafeeiro para altos rendimentos reside na capacidade da
planta de otimizar seu metabolismo e desempenhar essas funções de maneira eficiente,
especialmente em condições de estresses hídricos, temperaturas extremas e outras condições
ambientais adversas previstas.

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3.1.3 O clima e a produção do café

Como as plantas são seres biológicos sésseis, estão contenciosamente expostos a


condições de estresse seja de origem abiótica e/ou biótica, sendo, portanto, consideradas seres
vulneráveis às mudanças climáticas. De acordo com o Sexto Relatório de Avaliação do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) a vulnerabilidade às mudanças
climáticas pode ser entendida como o grau pelo qual um sistema é suscetível ou incapaz de lidar
com os efeitos adversos ao longo do tempo, podendo ultrapassar os limites de adaptação e
resultar em perdas e danos (IPCC, 2022). Adversidades climáticas, como acentuada deficiência
hídrica e extremos de temperatura do ar, podem resultar em quedas de produtividade do cafeeiro
(DAMATTA; RAMALHO, 2006; VENACIO et al., 2021).

Prevê-se que as mudanças climáticas aumentem a frequência e gravidade eventos


extremos, como ondas de calor, inundações e episódios prolongados de seca, prevendo estresses
abióticos mais severos para as plantas e provavelmente os impactos deverão ser mais
significativos em termos quantitativos e qualitativos na agricultura (MARTINS et al., 2018),
assim o grande desafio da cafeicultura é encarar estas mudanças frente às demandas do setor.

Dentre os parâmetros climáticos, a precipitação é uma variável climática fundamental


porém sujeita a uma considerável variação tanto em termos de espaço quanto de tempo. Essa
variabilidade resulta de uma complexa interação de fatores, incluindo as condições climáticas
locais, os mecanismos de formação de chuvas, as características topográficas da região, o uso
do solo e a proximidade com o mar e outras fontes de água. Flutuações na precipitação afetam
todo o ciclo cafeeiro e sua falta pode acarretar eventos de seca, que é uma das principais
restrições ambientais que afetam o crescimento e a produção de C. canephora e o agravamento
do processo de aquecimento impedirá a capacidade máxima produtiva das lavouras
(RAMALHO et al., 2014; PHAM et al., 2019).

A seca é o fenômeno climático caracterizado pela falta de precipitação em uma


determinada região durante um período de tempo prolongado (MARTINS et al., 2018). A falta
de chuva resulta em um déficit de água, tanto no solo quanto na atmosfera, o que leva ao estresse
hídrico nas plantas, incluindo no seu estágio inicial. A baixa disponibilidade de água no solo
proporciona redução na condutância estomática, reduzindo significativamente as taxas
fotossintéticas, o crescimento e a produtividade dos cafeeiros (PHAM et al., 2019). A baixa
disponibilidade hídrica também restringe a absorção de nutrientes.

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A seca prejudica os cafeeiros durante todas as fases do seu ciclo de crescimento, mas os
prejuízos são muito mais pronunciados durante a fase de enchimento dos grãos. Durante a
produção de fotoassimilados, se houver diminuição na taxa líquida de absorção de CO2 e na
área foliar, juntamente com uma redução nas necessidades de fotoassimilados, os frutos se
tornam os principais e mais prioritários "sumidouros" de assimilados para o café (DAMATTA;
RAMALHO, 2006).

Os programas de melhoramento genético do cafeeiro têm gerado avanços significativos


relacionadas à produção, resistência a fatores bióticos e abióticos e qualidade do café. Esses
resultados atendem às demandas de produtores, indústrias e consumidores que buscam
cultivares com alta produtividade, adaptadas a diferentes altitudes, estabilidade, qualidade de
bebida, resistência e aprimorando características agronômicas essenciais (FERRÃO et al.,
2015b). No entanto, não devemos menosprezar o impacto, pois apesar dos avanços genéticos
em variedades de café melhoradas e altamente produtivas, a escassez de água pode resultar em
déficit hídrico, restringindo vários processos fisiológicos nas plantas de café (FONSECA et al.,
2015; DAMATTA et al., 2018).

Sendo o conilon uma cultura altamente responsiva a condições de água prontamente


disponíveis no solo, especialmente durante seu período de crescimento e desenvolvimento os
riscoS de perda de produtividade e qualidade dos grãos são altos (KATH et al., 2021). Já
durante o período de floração e maturação a restrição hídrica pode levar à queda de flores e
frutos, o que reduz a produção e qualidade dos grãos, e quando a restrição ocorrer em períodos
reprodutivos a planta pode direcionar seus recursos para a sobrevivência, em vez de produzir
grãos maiores e mais adocicados, resultando em uma bebida com baixos atributos
organolepticos, resultando em um café de qualidade inferior (KATH et al., 2021).

Bunn et al. (2015) projetaram uma adequação climática atual e futura para a produção
de café e previram perdas severas na produção de café conilon nos estados brasileiros de
Rondônia e ES. Embora o café conilon seja considerado uma espécie mais resistente a eventos
ambientais, o aumento das temperaturas pode impactar negativamente seu potencial de
produção. É viável atenuar tais impactos nas regiões de cultivo ao adotar medidas de adaptação
aos riscos climáticos na agricultura. Isso inclui a escolha de variedades mais adaptáveis, uso de
irrigação eficiente, tecnologias para gestão sustentável da água, práticas de conservação do solo,
integração de sistemas de sombreamento e diversificação das atividades agrícolas (OLIOSI et
al., 2016; DAMATTA et al., 2018; KATH et al., 2021; PIATO et al., 2020).

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3.1.4 Técnicas de mitigação aos estresses abióticos

As variações climáticas sazonais representam um desafio crescente para a agricultura,


especialmente para pequenos agricultores, podendo tornar inviáveis a produção cafeeira em em
várias regiões. Para promover a sustentabilidade das culturas, é essencial adotar estratégias
abrangentes de adaptação e mitigação, apesar dos esforços dos cafeicultores em ajustar práticas,
a eficácia das estratégias contra a seca é incerta no futuro, levando a considerar respostas
transformadoras, como a possível realocação para áreas com condições mais favoráveis.

Para mitigar esses efeitos e garantir o rendimento adequado das lavouras, muitos
produtores utilizam a irrigação, mas esta não é uma técnica disponível para todos os produtores
rurais, especialmente aqueles que não possuem recursos financeiros suficientes para investir
em infraestrutura de irrigação. Além disso, os fatores ambientais são preocupantes e podem
agravar as condições de estresse nas bacias hidrográficas, uma vez que o aumento da
produtividade dos cafeeiros irrigados exige maior consumo de água doce, e os cafeicultores de
algumas regiões já enfrentam sérios problemas com a disponibilidade de água doce e qualidade
da irrigação (DAMATTA et al., 2018).

Outra estratégia fundamental na cafeicultura é aprimorar plantas para resistir a estresses


sem comprometer os rendimentos. A engenharia genética e molecular desempenha um papel
crucial nesse desenvolvimento. Por exemplo, em cenários de escassez hídrica, ocorrem
inevitavelmente a perda de turgor das células foliares, restrição no alongamento celular e atraso
no desenvolvimento da planta, resultando na diminuição da produtividade da colheita (TAIZ,
et al., 2017).

Nesses contextos, fatores genéticos relacionados à identificação e caracterização de


genes que promovem raízes mais profundas tornam-se valiosos, permitindo que as plantas
acessem água subterrânea durante períodos de seca. Além disso, a regulação genética dos
estômatos, estruturas nas folhas que controlam a perda de água e a absorção de CO2,
desempenha um papel vital na melhoria da eficiência fotossintética das novas variedades. Além
disso, estudos genéticos podem revelar mecanismos de sinalização e proteção celular que
permitem que as plantas resistam ao estresse hídrico e apresentem maior plasticidade fenotípica.

Rodríguez-López et al. (2013), estudaram genótipos comumente cultivados no ES e


descobriram que, nas regiões brasileiras onde o café Conilon é cultivado a pleno sol, a
quantidade de luz solar disponível é aproximadamente 3,5 vezes maior do que o necessário para
a saturação da fotossíntese, tornando as plantas mais vulneráveis aos efeitos adversos da seca e

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do calor. Essa abordagem genética e molecular é essencial para fortalecer a resiliência da
cafeicultura diante dos desafios das mudanças climáticas, permitindo identificar e promover
características desejadas nas plantas, como maior resistência à seca ou maior eficiência no uso
da água. Essas tecnologias oferecem ferramentas poderosas para acelerar o processo de
melhoramento de culturas e criar variedades mais produtivas e resilientes, que aceitem serem
cultivadas em diferentes tipos de sistemas o que é de vital importância em um mundo onde a
segurança alimentar e a sustentabilidade agrícola são desafios crescentes.

Um fator crítico para o manejo da irrigação da lavoura cafeeira é quantificar com


precisão o volume de água a ser aplicado, pois isso afeta diretamente a produtividade da
lavoura. A produção de café sustentável e o manejo responsável dos recursos naturais nas
regiões produtoras é algo já bem consolidado na cadeia produtiva. A construção de pequenos
reservatórios para armazenamento de água de chuva, construção de barragens é uma estratégia
valiosa para a conservação de recursos hídricos e do solo, sistemas integrados, terraceamento
entre outros. Isso não apenas reduz a dependência de fontes externas de água, como também
permite que os agricultores utilizem a água armazenada para irrigação durante os períodos
secos, contribuindo para a estabilidade do cultivo.

A técnica de cobertura morta envolve a aplicação de uma camada de materiais, como


galhos podados e folhas de cafeeiros ou outras árvores, sobre o solo próximo às plantas, seu
principal objetivo é preservar a umidade do solo e aprimorar suas condições, além disso ela tem
a capacidade de reduzir a competição com plantas daninhas e melhorar a textura do solo, a
cobertura morta também contribui para o aumento nos níveis de nutrientes do solo resultando
em melhoria na sua fertilidade (NZEYIMANA et al., 2020).

Uma opção para mitigar o estresse térmico do café é o cultivo em altitudes mais elevadas
acima de 500 m, no entanto quedas de temperatura abaixo de 13 ºC/8 ºC (dia/noite) induzem
diversas alterações metabólicas no café conilon, com impacto negativo na produtividade
(BARBOSA et al., 2014; PARTELLI et al., 2009; 2019).

O cultivo sombreado apresenta-se como uma opção de manejo para atenuar os estresses
ambientais do cafeeiro, envolvendo o uso de árvores consorciadas (OLIOSI et al., 2016). A
adoção de sistemas agroflorestais, que envolvem o cultivo de café junto com árvores e outras
culturas, pode melhorar a retenção de água no solo e reduzir a dependência da irrigação,
tornando as plantações mais resistentes à seca, além disso ajudam a regular a temperatura e
proporcionam um ambiente mais adequado para o cultivo (MOREIRA et al., 2018; SENRA et

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ambiente, Volume 1.
al., 2023). Estes sistemas agroflorestais podem atenuar os efeitos negativos do clima,
diminuindo a radiação excessiva, suavizando as variações extremas de temperatura e
melhorando a retenção de umidade no solo.

Quando em regiões de altitudes elevadas ou em latitudes mais baixas o sombreamento


evita significativas quedas nas temperaturas durante a noite, minimizando os prejuízos causados
pelo frio e, potencialmente, por geadas. Em lavouras cultivadas a exposição direta do sol, as
árvores diminuem a quantidade de radiação solar que atinge a parte superior da copa das plantas,
o que por sua vez reduz a ocorrência de danos fotooxidativos (ALVES et al., 2016). O manejo
das árvores de sombra deve ser ajustado ao tipo de clone para otimizar a ciclagem de nutrientes
e evitar a imobilização de nutrientes (OLIOSI et al., 2016; PIATO et al., 2020). Neste ponto é
fundamental aprofundar os estudos a fim de identificar as melhores opções de sombreamento e
a combinação mais apropriada de clones para se adequar às condições específicas de cada local.

Além disso, o acesso a informações meteorológicas precisas, bem como a promoção de


condições de mercado equitativas e o aproveitamento de avanços tecnológicos, representam
pilares essenciais para o fortalecimento da capacidade adaptativa dos agricultores às mudanças
climáticas. Por último, não menos significativo, está o desenvolvimento de políticas de
adaptação concretas e o contínuo aperfeiçoamento das práticas existentes, os quais
desempenham um papel fundamental no apoio aos pequenos agricultores na construção de
sistemas de produção de café resilientes às flutuações climáticas.

A produção de café sustentável e o manejo responsável dos recursos naturais nas regiões
produtoras são essenciais para garantir a continuidade da indústria do café em um mundo em
constante transformação. Essas práticas visam equilibrar a produção de café de alta qualidade
com a conservação do meio ambiente, o uso responsável da água, a resiliência às mudanças
climáticas, além dos aspectos ambientais, a produção de café sustentável também considera a
sustentabilidade econômica e social. Isso envolve a promoção de práticas que garantam renda
justa para os agricultores, condições de trabalho dignas e o bem-estar das comunidades rurais
envolvidas na produção de café.

3.1.5 Vulnerabilidade da cafeicultura capixaba frente às mudanças climáticas

As mudanças climáticas futuras representam um desafio significativo para a agricultura


e, consequentemente, para a produção de café. É amplamente esperado que as mudanças do
clima aumentem os riscos climáticos existentes e criem novos desafios para os cafeicultores em
todo o mundo (MARTINS et al., 2018).

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ambiente, Volume 1.
O conceito de vulnerabilidade às alterações climáticas, conforme definido pelo Painel
Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC, 2001), é fundamental para avaliar a
capacidade de um sistema em lidar com os efeitos adversos das mudanças climáticas,
abrangendo tanto eventos extremos quanto a variabilidade climática. No entanto, vale ressaltar
que a vulnerabilidade não é um atributo estático, mas sim dinâmico. A avaliação da
vulnerabilidade não se limita apenas a uma análise estática, mas exige uma compreensão
abrangente das interações complexas entre os elementos climáticos, os sistemas e as
comunidades afetadas (VENANCIO et al., 2020).

Aproximadamente 80% dos cultivos de café conilon são realizados em propriedades


relativamente pequenas e que dependem principalmente da mão de obra familiar (CONAB,
2022) o que torna o setor cafeeiro capixaba mais vulnerável aos efeitos das mudanças
climáticas, além disso as mudanças nos regimes de temperatura e balanço hídrico podem induzir
mudanças nas a sobrevivência e o crescimento de diferentes plantas em alta e baixa altitude. A
exposição de regiões vulneráveis produtoras de café às mudanças nos riscos climáticos pode
ocasionar perdas expressivas nos rendimentos das lavouras (VENANCIO et al., 2020).

Segundo Koh et al. (2020) as mudanças climáticas ocorridas entre 1974 a 2017 já
causaram uma queda na produção de café em mais de 20% na região do Sudeste do Brasil, e no
caso de regiões montanhosas do Brasil, onde os agricultores frequentemente têm menos
recursos econômicos e menor acesso aos mercados, esses riscos climáticos elevados são ainda
mais problemáticos devido à maior vulnerabilidade dessas comunidades. É importante ressaltar
que as mudanças climáticas não afetam uniformemente todas as regiões produtoras de café.
Algumas áreas podem experimentar um aumento nas chuvas, enquanto outras enfrentam uma
maior incidência de secas, essas variações regionais complicam ainda mais os desafios
enfrentados pelos agricultores de café, exigindo estratégias de adaptação específicas para cada
contexto, ademais as expectativas é de que as mudanças climáticas diminuam as áreas aptas
para a produção de café no Brasil. Algumas áreas já são apontadas como regiões de risco para
o cultivo devido a uma combinação de fatores climáticos e sociais.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cultivo do cafeeiro conilon é uma importante atividade econômica para o ES,


responsável por gerar empregos e renda para milhares de famílias. Devido a sua grande
importância social e econômica, o aumento da frequência e intensidade dos eventos extremos,
como a seca, representam um desafio para a sustentabilidade dessa cultura. A correlação direta

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ambiente, Volume 1.
entre os aspectos fisiológicos das plantas e as condições climáticas destacaram a necessidade
em compreender e antecipar os efeitos das mudanças climáticas na cafeicultura. Ao investigar
a inter-relação entre dados de precipitação, produção, produtividade e área plantada
evidenciamos uma significativa influência da seca no cultivo de café conilon na região.

No entanto, o setor tem respondido proativamente aos desafios, buscando estratégias de


adaptação e mitigação para enfrentar os desafios iminentes e fortalecer a resiliência do setor
cafeeiro na região, como resultado obtivemos safras mais produtivas por unidade de área
plantada, porém em todo caso, é crucial manter uma perspectiva cautelosa em relação às perdas
potenciais que poderão surgir no futuro. Algumas medidas de adaptação incluem, plantio de
variedades mais tolerantes à seca, implementação de sistemas de irrigação, utilização de
técnicas de manejo que conservem a água que favorece o microclima aumentando a eficiência
produtiva como a adubação verde, manejo de podas e sistemas agroflorestais do café.

REFERÊNCIAS

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Agricultural Science, v. 8, n. 11, p. 11-19, 2016. Disponível em:
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DOI 10.47402/ed.ep.c2404113631324

CAPÍTULO 31
HISTÓRIA DA BIOTECNOLOGIA NO RIO GRANDE DO NORTE:
UMA ANÁLISE DOS AVANÇOS E RETROCESSOS NO CONTEXTO DE
MODERNIZAÇÃO POTIGUAR - 1900-1945

Hélio Teodósio de Melo Filho


Filipe Moises Santos Teodosio de Melo
Daniele Medeiros da Silva

RESUMO
Este artigo analisa a História da Biotecnologia no Rio Grande do Norte entre 1900-1945, ou seja, desde o início
do século XX até o final da Segunda Guerra Mundial – 1939-1945, sob a perspectiva de análise de
desenvolvimentos e decadência da Biotecnologia ao longo da História Potiguar. Nesse contexto, o objetivo é
compreender os fatores que influenciaram os avanços e retrocessos dessa área no contexto de modernização
potiguar. Já referente a Metodologia, está consiste em uma revisão bibliográfica e documental, abordando cinco
dimensões: infraestrutura física, capital humano, produção científica, financiamento, e o quadro político-
institucional, para o desenvolvimento da Biotecnologia do Rio Grande do Norte. Tendo como aporte teórico
Eichholtz (1960), Souza (2008), Suassuna (2002). Referente aos resultados o Rio Grande do Norte apresentou um
desenvolvimento inicial promissor em biotecnologia entre 1908-1945, especialmente na agropecuária e na saúde,
que foi interrompido após a guerra entre 1945-1952, devido à falta de políticas públicas, de recursos financeiros e
de articulação entre os atores envolvidos. O artigo contribui para o debate sobre a importância da biotecnologia
para o desenvolvimento regional e nacional.

PALAVRAS-CHAVE: História; Tecnologia; Saúde; Primeira República.

1 INTRODUÇÃO

Inicialmente, estudar a História da Biotecnologia é importante para compreender como


o ser humano vem utilizando os organismos vivos para desenvolver produtos e processos que
beneficiam a sociedade em diversas áreas, como saúde, agricultura, indústria e meio ambiente;
logo que, este trabalho visa compreender a História da Biotecnologia no território do Estado do
Rio Grande Norte, objetivando explicar os avanços modernizadores e o decrescimento da área
da Biotecnologia, no Período da Primeira República – 1889-1930, e no Período da Era Vargas
– 1930-1945.

Nesse prisma de abordagem, este artigo tem como enfoque uma análise biográfica do
que foi produzido sobre a História da Biotecnologia Potiguar 6 mostrando como essa área
evoluiu ao longo do tempo, desde as primeiras tentativas e aplicações dela no Rio Grande do
Norte até as modernas técnicas de manipulação genética, posteriores a Primeira Guerra Mundial

6
O termo Potiguar significa “A Pessoa que nasceu ou habita o Estado brasileiro do Rio Grande do Norte; rio-
grandense-do-norte”.

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ambiente, Volume 1.
– 1914-1918. Além disso, esse trabalho visa mostrar como Biotecnologia impactou a sociedade
Potiguar no final da Primeira República; permitindo assim analisar os impactos sociais,
econômicos, éticos e ambientais das inovações biotecnológicas, bem como os desafios e as
oportunidades para a modernização tecnológica do Estado.

Na sequência, a justificativa deste trabalho, visa contribuir para os estudos sobre a


Biotecnologia, em especial sobre o estudo da História da Biotecnologia , como também, para
a História do Rio Grande do Norte, através dessa análise, é possível entender como o estado
se desenvolveu ao longo do tempo e como as pessoas viveram e trabalharam, e como a cultura
e a sociedade mudaram. Além disso, estudar a História do Rio Grande do Norte pode ajudar a
preservar a cultura e as tradições locais, bem como a identidade do Tecnológica do Estado.

Logo, a Biotecnologia, surgiu bem antes do próprio estado do Rio Grande do Norte
existir, sendo remonta a Idade Antiga, que segundo:

Produção de bebidas alcoólicas pela fermentação de grãos de cereais já era conhecida


pelos sumérios e babilônios antes do ano 6.000 a.C. Mais tarde, por volta do ano 2.000
a.C., os egípcios, que já utilizavam o fermento para fabricar cerveja, passaram a
empregá-lo também na fabricação de pão. Outras aplicações, como a produção de
vinagre, iogurte e queijos são, há muito tempo, utilizadas pelo ser humano
(VILLEN, 2002, p. 1).

Dessa maneira, a Biotecnologia, compõe uma História Milenar, que nesse artigo, será
abordada no período da Idade Contemporânea 7, em especial no início do século XX, e no
Governo de Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão no Rio Grande do Norte, iniciado em
1900, até o período do Governador José Georgino Alves e Sousa Avelino em 1945.

Sobretudo, estudar a História da Biotecnologia é fundamental para a vida cotidiana. Pois


a Biotecnologia está presente em quase todas as áreas, desde a comunicação até a medicina, e
é uma das principais responsáveis pelo progresso da humanidade. Além disso, estudar a
Biotecnologia ao longo da História ajudar a compreender como, ocorreu a evolução da
produtividade Potiguar, a qualidade de vida do cidadão Norte Riograndense, que segundo:

A história da Biotecnologia confunde-se com a história da humanidade e apresentasse


em um primeiro momento através da produção de alimentos. A fabricação de queijos,
presente desde a Pré-História, dependia da quimosina (enzima obtida do estômago de
bezerros e ovelhas). Cerveja, vinho, vinagre, pão, iogurte, produtos da soja e queijos
fazem parte da dieta humana desde a antiguidade, fato comprovado através de
registros arqueológicos em diferentes locais: Mesopotâmia, Egito, China e Europa
Central (EICHHOLTZ, 1960, p. 56).

7
Compreendido entre a Revolução Francesa de 1789 e os dias atuais, o período histórico conhecido como Idade
Contemporânea é marcado por transformações profundas na organização da sociedade e também por conflitos de
amplitude mundial.

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ambiente, Volume 1.
Certamente, ao relacionar essas duas áreas de estudo como a História e a Biotecnologia,
é possível obter uma compreensão mais profunda das relações entre as sociedades humanas e o
meio ambiente em que vivem. Por exemplo, pode-se estudar como as práticas agrícolas de uma
determinada região foram influenciadas por fatores biológicos, como a presença de
determinadas espécies de plantas ou animais. Além disso, a Biotecnologia pode ser utilizada
para preservar a biodiversidade de uma determinada região, o que pode ser de grande
importância Histórica.

Em resumo, a intersecção entre a História Regional e a Biotecnologia pode ser bastante


enriquecedora para os estudos acadêmicos, permitindo uma compreensão mais profunda das
relações entre as sociedades humanas e o meio ambiente em que vivem.

Logo, este artigo está estruturado em sete (5) partes: a primeira é a introdução, contendo
uma breve contextualização, problemática e objetivos da pesquisa. A segunda é o embasamento
teórico, fundamentado a partir de estudos de autores que debatem as temáticas. Posteriormente,
discute-se a metodologia do trabalho, detalhando os caminhos percorridos ao seu
desenvolvimento. Na quarta parte, apresentam-se os resultados e discussões e finalmente,
expressa-se as considerações finais e os anexos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A base fundamental deste trabalho, está em trabalhos diversificados de várias áreas, os


primeiros trabalhos, sejam eles artigos, livros, dissertações entre outros. Diante disso, tem-se,
o primeiro trabalho, foi a obra do Historiador e Sociológico Itamar de Souza (1989),
denominada “A República Velha no Rio grande do Norte”, que aborda o período após o período
imperial, porem fornecendo informações sobre o final da administração imperial no Rio Grande
do norte, com o governo dos respectivos presidentes da província do Império, como também os
aspectos econômicos e tecnológicos do Estado, na Primeira República.

O segundo trabalho, é do Professor de História Luiz Brandão, intitulado “História do


Rio Grande do Norte”, que aborda vários aspectos sanitários, educacionais, e econômicos do
Rio Grande do Norte, contribuindo para este trabalho no fornecimento de informações sobre as
escolas agrícolas do período, da Primeira República.

O terceiro trabalho, e bem antigo, mais tem um grande importante, sendo do


Biotecnologista alemão Eichholtz (1960) intitulado “Silagens e produtos similares de
fermentação”, que aborda importância histórica da Biotecnologia no campo da saúde, e a
biotecnologia no campo industrial no século XX.

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ambiente, Volume 1.
O Quarto trabalho, também importante, foi o do Biólogo e Professor Fonseca, intitulado
“Biotecnologia na escola: a inserção do tema nos livros didáticos”, mostrando quais são os
reflexos da Biotecnologia na sociedade e no meio ambiente.

Em resumo, os estudos teóricos desempenham um papel crítico na análise história da


Biotecnologia regional, permitindo uma compreensão mais profunda do passado e de suas
implicações nas comunidades locais. Na Biotecnologia, esses estudos ajudam a moldar
políticas, programas e estratégias de intervenção, promovendo uma abordagem mais eficaz para
melhorar a saúde das populações regionais. Ambos os campos se beneficiam da análise teórica
e do pensamento crítico para avançar em direção a soluções melhores e mais informadas,
visando uma melhor qualificação dos estudos sobre Biotecnologia ao longo da História do Rio
Grande do Norte.

3 METODOLOGIA

Em primeiro lugar, concernente a metodologia, utiliza-se a abordagem quanti-


qualitativa, por recorrer-se concomitantemente a tais métodos e técnicas para a coleta,
interpretação, análise e apresentação dos dados. Segundo Minayo (2007, p. 56) “[...] o método
quantitativo tem o objetivo de trazer à luz dados, indicadores e tendências observáveis ou
produzir modelos teóricos de alta abstração com aplicabilidade prática”.

Nessa pesquisa Biográfica obtida através de pesquisas realizadas em várias plataformas


como Plataforma de Periódicos da Capes 8, e o Google Acadêmico 9, visando aprimorar o
método qualitativo do trabalho, como também, para Minayo (2007) “o método qualitativo é o
que se aplica ao estudo das historiadas relações, das representações, das crenças, das percepções
e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem”.

Ainda segundo Minayo (2007, p. 57), concernente aos métodos qualitativo e


quantitativo, “[...] ambos podem conduzir a resultados importantes sobre a realidade social, não
havendo sentido de atribuir prioridade de um sobre o outro”. Dessa forma, entende-se que essas
duas abordagens não são excludentes, mas sim, complementares, e ajudaram a fornecer um
aporte biográfico e de seleção para essa pesquisa desse artigo, sobre a História da Biotecnologia
Potiguar.

8
Permite aos usuários localizar periódicos ou verificar todos os títulos disponíveis por ordem alfabética, por área
do conhecimento e editor/fornecedor.
9
O Google Acadêmico é uma forma simples de pesquisar literatura acadêmica. Pesquise dentre uma variedade de
disciplinas e fontes: artigos, teses, livros.

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ambiente, Volume 1.
Quanto à natureza das fontes, essa investigação se caracteriza como bibliográfica, com
a investigação de Livros sobre a História do Rio Grande do Norte, sobre História da Tecnologia,
e a História da Biotecnologia.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeiramente, para se entender a Biotecnologia no Rio Grande do Norte, é necessário


ver que a Biotecnologia no século XX, não era tão presente nos setores da economia Brasileira,
seja pela atraso tecnológico do país, seja também por sua fraca industrialização, embora em
outros países, como os países europeus, a Biotecnologia, tenha tido grandes avanços no século
XX, que segundo Eichholtz (1960, p. 89) “A presença da Biotecnologia no ramo industrial teve
uma de suas participações através da utilização de excrementos de aves e de cães para
tratamento de peles e couros até o início do século XX”.

Outrossim, as primeiras iniciativas referentes a Biotecnologia no Brasil, não surgiram


partir do aspecto nacional e unificado, mais por inciativas separadas, nas primeiras décadas do
século XX, mais com aspectos mais regionais, aplicados nos ramos da agricultura e da saúde,
que segundo:

No que se refere à importância histórica da Biotecnologia no campo da saúde, há


registros de que no século XVIII marinheiros europeus carregaram barris de repolho
fermentado a bordo de seus navios para prevenir o escorbuto durante suas longas
viagens de exploração (EICHHOLTZ, 1960, p. 178).

Nesse ponto, o contexto potiguar e bem específico referente a Biotecnologia, pois é


nesse enquadramento, que ocorre uma disputa entre as oligarquias interioranas e a aristocracia
da capital Natal 10, disputando valores modernizadores do Higienismo Urbano 11; em outras
palavras, é necessário observar que, embora com o fim do Brasil Império em 1889, com a
Proclamação da República, diversas heranças, como o Higienismo Urbano, também passaram
a ter mais força na Primeira República. Isso ocasionou novas mudanças na saúde pública, na
tecnologia aplicada à saúde pública, como também no investimento em Biotecnologia. Tais
mudanças terão impacto no Rio Grande do Norte, a partir da Oligarquia Maranhão., que
segundo:

A família Albuquerque Maranhão faz-se presente na administração estadual


novamente com Alberto Maranhão, que governou o estado de março de 1908 a
dezembro de 1913. Livre da tutela de Pedro Velho, realizou um governo pleno de
realizações do ponto de vista administrativo, associando à imagem de Alberto

Natal é a cidade mais antiga do Rio Grande do Norte, é também sua capital, atualmente.
10

O higienismo urbano era apontado como solução para problemas sociais durante o período imperial, criando
11

maiores condições para a repressão aos pobres no Império.

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ambiente, Volume 1.
Maranhão realizações socioculturais, nas áreas da saúde e educação públicas
(MEDEIROS, 1973, p. 151).

Á vista disso, o marco inicial deste trabalho gira em torno de Primeiro Governo de
Alburquerque Maranhão, que vai de 1900-1904, e seu segundo mandato de 1908-1913. Além
do mais, será no governo de Albuquerque Maranhão, que as primeiras iniciativas
biotecnológicas, serão implantadas no Rio Grande do Norte, em especial com a criação de
campos de demonstração, que segundo:

O Decreto Federal n°8.786, de 14 de junho de 1911, autorizou a criação de campos


de demonstração em todo território nacional subordinados ao Ministério da
Agricultura. Era a transposição da experiencia francesa para a nossa agricultura. Em
consonância com essa política, o governador Alberto Maranhão baixou o Decreto
n°249, de 19 de julho de 1911, cedendo ao Governo da União, o domínio útil da
propriedade Jundiaí, no município de Macaíba, para ser instalado um campo de
demonstração (SOUZA, 2008, p. 65).

Nessa condição, as primeiras realizações referentes a Biotecnologia, no Rio Grande do


Norte visaram a agricultura, pois nesse período, os campos de demonstração 12, eram espécies
produtores de conhecimento sobre a Biotecnologia, com a finalidade de divulgar
conhecimentos práticos, visando ao aumento da produção agrícola.

Porém, essas iniciativas não atingiram fortemente, a indústria pois o Rio Grande do
Norte, possuía, até os dias atuais, uma produção industrial franca e insignificante, que segundo:

Para desenvolver a economia potiguar, contratou com o Sr.Julios Von Sohsten, grande
comerciante em Natal e representante de bancos ingleses e alemães, a instalação de
uma Usina Central de Açucar; mas, na prática, nada foi realizado. Idealizou uma
indústria de beneficamente de coco, contratando esse empreendimento os Srs. Manuel
Lopes da Silva e o Dr. Joaquim de Castro Fonseca. Infelizmente, nada foi realizado
(SOUZA, 2008. p. 330).

Embora, em termos industrias os governantes da Oligarquia Albuquerque Maranhão


tenham fracassado em trazer incentivos e investimentos estrangeiros para Biotecnologia no Rio
Grande do Norte; isso, mudou a partir da década de 1920, o estudo sobre a Biotecnologia segue
um novo rumo, em especial ligado as pesquisas sobre Farmacologia 13, pois uma parte da Elite
Letrada Natalense, tinha a intenção de criar uma escola de Farmácia no Rio Grande Norte, outro
fator também crucial nessa questão e que estado até 1923, não possuía nenhum estabelecimento
de ensino superior, que segundo:

12
As estações experimentais foram criadas pelo decreto n. 8.319, de 20 de outubro de 1910, com a finalidade de
estudar os fatores da produção agrícola regional, visando fornecer aos agricultores dados para o aperfeiçoamento
dos métodos de cultura e melhoramentos das plantas, animais domésticos e indústrias rurais.
13
A farmacologia é a ciência que estuda os efeitos de uma substância química sobre a função dos sistemas
biológicos, fundamentalmente dependente da interação droga/organismo.

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ambiente, Volume 1.
Ainda no setor educacional o governador e Doutor Antônio de Melo Souza, que
governou de1921 até 1924, notabilizou-se por ter organizado a Escola de Farmácia,
mediante a Decreto n°192, de 8 de janeiro de 1923. Esse foi o primeiro
estabelecimento de ensino superior do Rio Grande do Norte (SOUZA, 2008, p. 336).

Nessa circunstância, a Elite Letrada Potiguar tentou investir na Farmacologia, na década


de 1920, o Brasil ainda não possuía um sistema público de saúde, sendo que a Farmacologia
possuía relação direta com a Biotecnologia pois oferece ferramentas e métodos inovadores para
a pesquisa e o desenvolvimento de novos fármacos, como os biofármacos, que são produzidos
por meio de organismos geneticamente modificados.

Nesse quadro, a importância do investimento na Farmacologia e na Biotecnologia é


enorme, pois essas áreas podem contribuir para a melhoria da saúde humana, animal e
ambiental, além de gerar benefícios econômicos e sociais. Nesse sentido, as primeiras
iniciativas no Rio Grande do Norte, visavam a valorização da farmacologia em interação com
a Fiocruz 14, que segundo:

Através do Decreto n°137, de 28 de março de 1921, criou o Serviço de Profilaxia das


Moléstias Venéreas com atuação em todo o Estado. Fundou também o Serviço de
Profilaxia Rural, que funcionou no Rio Grande do Norte, em convenio com Governo
Federal. Logo no Primeiro ano de atividade, esse órgão constatou que, de cada 100
pessoas residentes na capital Natal, 86 estavam contaminadas com verminoses
(SOUZA, 2008, p. 337).

Certamente, isso mostra a situação lastimável de doenças verminoses no estado e como


a farmacologia, seria importante para a mudança deste quadro penoso, ligado a boas políticas
de saúde pública para a população vulnerável, coisa que não ocorreu, pois segundo:

José Augusto não foi um grande administrador. Apesar de ser um paladino da


educação, este setor não progrediu muito no seu governo. O fechamento da Escola de
Farmácia por disputas políticas é um ato inadmissível. Brilhou mais pelo aspecto
político, por ser um governo liberal e tolerante com os adversários. Por isso, até hoje
é lembrado como um democrata (SOUZA, 1989, p. 250).
Nesse ambiente, como os interesses políticos, estavam acima dos interesses do Estado,
criava-se um forte Patrimonialismo Brasileiro 15, e enfraquecendo assim as instituições públicas,
e seus financiamentos, reforçando o baixo investimento em Biotecnologia, e os fracassos dos
aspectos modernizadores no Rio Grande do Norte, que segundo Suassuna (2002, p. 213) “O
Estado do Rio Grande do Norte, basicamente de economia agrícola, respaldado numa estrutura

14
A história da Fundação Oswaldo Cruz começou em 25 de maio de 1900, com a criação do Instituto Soroterápico
Federal, na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Inaugurada originalmente para
fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica.
15
O Patrimonialismo é a confusão entre o público e o privado, afirma Darcy Ribeiro em sua obra O Povo
Brasileiro. Acontece quando um político trata o patrimônio público e sua administração como um bem privado,
como algo próprio.

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agrária de grandes propriedades, a estratificação social, necessariamente, vai ser o reflexo dessa
estrutura”.

Por consequente, uma prova do atraso tanto do Brasil como do Rio Grande do Norte, é
que a Rússia e Alemanha mesmo com destruição causada pela Primeira Guerra Mundial, já
possuíam grandes avanços em relação a Biotecnologia, que segundo:

Em 1912, Ostromislensky na Rússia, descobre e patenteia o processo de


polimerização do cloreto de vinila para obtenção do PVC. Já em 1927, Otto Rohm, na
Alemanha, desenvolve o polimetilmetacrilato (PMNA), iniciando a sua produção
neste mesmo ano. Também conhecido como acrílico ou plexigas, o
polimetilmetacrilato ou polimetacrilato de metila foi obtido através da reação de
polimerização do metacrilato de metila (FONSECA, 2010, p. 99).

Logo, o baixo investimento em biotecnologia, estava atrelado ao problema educacional


e econômico, pois grande parte da população potiguar era analfabeta, e segundo Suassuna
(2002, p. 213) “A reduzida Classe média se constituía de pequenos proprietários rurais,
pequenos comerciantes, e a burocracia estatal, que compunham um todo heterógeno, disperso
e inexpressivo, que apenas procurava seus interesses”.

Ademais na década de 1940, a situação do contexto potiguar será bem diferente, das
décadas de 1900-1930, em virtude de um fator crucial, que foi a Segunda Guerra Mundial –
1939-1945, que levou grande parte do globo e um conflito em escala gigantesca, que ocasionou
grandes avanços tecnológicos e militares imensos.

Nessa conjuntura o Brasil, entre 1939-1942, mantinha um posição neutra em relação ao


conflito, até que em 1942, o Brasil declara Guerra a Alemanha Nazista, e passar a ceder as
cidades do Nordeste, como bases áreas para os Aliados, em especial aos Estados Unidos da
América; as bases americanas no Brasil localizadas nas cidades do nordeste brasileiro, em
especial a Base américa de Parnamirim, localizada na Região Metropolitana de Natal, passou a
ter um grande problema, que era a falta de alimentos, e o fornecimento de suprimentos, como
também de armas, um exemplo disso a Cidade de Natal, sofria com o abastecimento de
alimentos esses problemas foram solucionados segundo:

Foi comprada a fazenda milharada, em São Gonçalo, que sob a direção de um oficial
e um engenheiro agrônomo, transformou-se em um estabelecimento agrícola modelo,
recebendo o nome de Fazenda Nelson Rockfeller. Também foi instalado um aviário
na Lagoa Manoel Filipe, com capacidade para criação de 3.000 mil galetos, que
podiam ser abatidos a cada 40 dias (SUASSUNA, 2002, p. 325).

Os americanos bem avançados no que se refere aos estudos da Biotecnologia, trouxeram


para a cidade de Natal, e para base área de Parnamirim, os primeiros profissionais militares

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especializados na área de Biotecnologia, pois na sociedade americana da década de 1940, os
primeiros vestígios dos aspectos biotecnológicos chegaram nas décadas de 1930, em virtude
dos avanços no setor agrícola e de serviços, já no Brasil década de 1940, esses estudos ainda
eram incipientes e fracos, porém o Brasil já tinha inicia atividades precursoras à biotecnologia
moderna a partir da década de 1940.

Nesse prisma de abordagem, os trabalhos que podem ser considerados como bases para
a futura biotecnologia agrícola foram realizados no Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
com o melhoramento genético de café, milho e outras espécies. Além disso, na Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), um grupo de geneticistas realizava trabalhos de
melhoramento genético de milho e hortaliças com métodos matemáticos aplicados à biologia,
já no Rio Grande do Norte, os investimentos em educação biotecnológica só chegaram na
década de 1960, que segundo:

Já não se trata de promessas ou de perspectivas futuras; os produtos e processos


biotecnológicos fazem parte de nosso dia a dia, trazendo oportunidades de emprego
e investimentos. Trata-se de plantas resistentes a doenças, plásticos
biodegradáveis, detergentes mais eficientes, biocombustíveis, e também processos
industriais menos poluentes, menor necessidade de pesticidas, biorremediação de
poluentes, centenas de testes de diagnóstico e de medicamentos novos
(MALAJOVICH, 2011, p. 03).

Decerto, até os dias atuais as escolas públicas, pouco discutem a importância da


Biotecnologia, sendo pouco discutida no conteúdo do Ensino Médio Brasileiro, e quase
inexistente no conteúdo de ciências do Ensino Fundamental II, que segundo:

Advertem que Devido ao grande desenvolvimento da Biotecnologia e ao notável


reflexo na sociedade e no meio ambiente, é indispensável a sua inserção no currículo
escolar, principalmente na disciplina de Biologia. Também é importante frisar que as
propostas incluídas no livro didático devem desempenhar a função determinante de
estimular o senso crítico do aluno e a sua capacidade de investigação e interpretação
acerca do conhecimento científico (FONSECA; BOBROWSKY, 2015, p. 499).

Em suma, a falta de investimento em Biotecnologia pode ter várias consequências


negativas, pois o Brasil é fraco na produção de insumos, o que destaca o contraste entre a
qualidade da ciência nacional e o investimento insuficiente na área de biotecnologia para
permitir seu pleno exercício.

Desse modo, os cientistas brasileiros tornam-se dependentes dos insumos e


equipamentos do exterior para poder realizar suas pesquisas científicas, isso vêm desde a falta
de parcerias, pois como foi mostrado nesse artigo, e Rio Grande do Norte, não conseguia atrair
investimento na área industrial e de Biotecnologia, desde a Primeira República. Além disso, a

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falta de investimento em biotecnologia pode retardar o progresso científico e tecnológico do
país, prejudicar a competitividade internacional do Brasil, desperdiçar recursos naturais,
impactar a saúde pública e limitar a agricultura. Para corrigir a disparidade existente entre a
produção científica no Brasil e a disponibilidade de insumos, é necessário implementar políticas
públicas de incentivo.

Outro fator crucial, e também importante, será que na década de 1940, a maioria dos
Biotecnólogos, que vieram para o Rio Grande do Norte, eram de origem estrangeira em especial
Americana, e vieram em virtude da guerra.

Diante disso, nos séculos XIX e XX, o Rio Grande do Norte, mesmo com os campos de
demonstração da década de 1910-1920, não conseguiu progredir sua produção

de algodão efetivamente, pois o que ocorreu foram surtos de produção, em que houve
uma alta na produção de algodão potiguar decorrente, de vários fatores entre eles a Guerra de
Secessão 16 Americana, que forçou a produção de algodão Americana, parar fazendo com que
os Americanos recorressem ao algodão Brasileiro, em especial o algodão Potiguar; já na
Segunda Guerra Mundial no século XX, está também forçou as tropas americanas recorrer ao
algodão Potiguar.

Porém, esses surtos, não refletiram progressos na Biotecnologia potiguar, visto que nas
décadas posteriores aos anos 1940, os investimentos em biotecnologias e combate as pragas
não foi realizado, gerando o ambiente perfeito, para o ataque da praga do Bicudo, que destruiu
a produção potiguar na década de 1980, que segundo:

São muitas as causas, que vão desde a precária estrutura de produção e as más
condições de comercialização, resultado das bruscas oscilações dos preços. A praga
do bicudo foi, também, outro fator desestabilizador da cultura algodoeira. Os
prolongados períodos de seca têm frequentemente desestruturado a produção da
malvácea. Técnicos têm procurado desenvolver sementes resistentes à seca e à praga
do bicudo, procurando restabelecer a antiga soberania do algodão nos sertões do
estado. Mas talvez um dos maiores males seja a inoperância dos sucessivos governos
estaduais que não investem num setor que poderia trazer bons recursos financeiros
para o estado (SANTOS, 1994, p. 203).

Em resumo, os resultados obtidos, mostraram que o Rio Grande do Norte, passou nas
primeiras, décadas do século XX, por várias tentativas de modernização na área da
Biotecnologia, que não tiveram êxito, porém a partir da década de 1940, as primeiras iniciativas

16
"A Guerra de Secessão foi o conflito entre o Norte o Sul dos Estados Unidos entre 1861 e 1865. Também
conhecido como Guerra Civil Americana".

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na biotecnologia, tiveram, o êxito, mais apenas como o surto modernizador, pois a partir do fim
da guerra, os investimentos novamente, diminuíram.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, foi concluído, que o Rio Grande do Norte, referente a Biotecnologia, passou
por inúmeras fases que vão desde uma tentativa de modernização forçada, a um período inverno
da Biotecnologia no Rio Grande do Norte que durou de 1925-1942, além disso, ocorreu uma
falsa modernização que é um processo de mudança social e econômica que não leva em conta
os riscos e as incertezas que podem afetar a sociedade e o meio ambiente.

Por consequência, essa forma de modernidade que não é reflexiva, ou seja, que não
questiona os seus próprios pressupostos e efeitos, gera as consequências da falsa modernização
a longo prazo podem ser graves, pois podem gerar problemas como: desindustrialização, e a
perda de competitividade e de empregos na indústria, que pode afetar o desenvolvimento
econômico e social de um país.

Por certo, é importante que a sociedade busque uma modernização reflexiva, que seja
capaz de avaliar criticamente os seus próprios processos e resultados, e que busque soluções
sustentáveis e democráticas para os desafios do mundo contemporâneo.

Em síntese, a Segunda Guerra Mundial acelerou o desenvolvimento de várias


tecnologias, como as Biotecnologias Agrícolas e Armamentistas. Além de que a necessidade
de vencer o conflito levou a avanços importantes na tecnologia potiguar; como também, a
guerra transformou o mundo, levando uma era de rápida inovação e crescimento em diversas
áreas. Essas tecnologias continuaram a evoluir e impactar a ciência, a indústria e a sociedade
nas décadas seguintes, moldando a vida moderna como a conhecemos.

Certamente, outro fator crucial que afetou o Rio Grande do Norte, na década de 1920,
foi o fechamento da Escola de Farmácia em 1925, que apenas formou dois alunos, isso causou
na década de 1930 e 1940, uma enfraquecimento do Ensino Superior no Rio Grande do Norte,
como também um baixo investimento em Biotecnologia, por parte do Estado Brasileiro, essa
inexistência do Universidade no Rio Grande do Norte, em comparação a outros estados do
Nordeste, e os grandes estados do Sudeste, causou inúmeras consequências negativas, como
um atraso no desenvolvimento Econômico e Social, pois a educação superior é mencionada
como um dos motores do desenvolvimento econômico, cultural e científico. Sem universidades,
esse desenvolvimento pode ser prejudicado. Como também, uma queda na Qualidade da
Educação, e a ausência de universidades levou o estado a uma educação de baixa qualidade,

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pois não haveria instituições dedicadas à pesquisa e ao ensino avançado, em especial na
Biotecnologia.

Em suma, outro fator crucial, dessas consequências da falta de universidades no Rio


Grande do Norte, foi o enfraquecimento do trabalho formal e do Mercado de Trabalho, pois
sem universidades, muitos jovens podem enfrentaram dificuldades para se inserir no mercado
de trabalho nas década de 1950 e 1960 no Estado, pois não teriam a formação necessária, para
trabalhar na áreas de Infraestrutura, pois a falta de universidades resultou em falta de
infraestrutura para o ensino superior, dificultando o acesso à educação de qualidade.

Além disso, afetou os recursos do Estado, pois sem as universidades públicas, os


recursos para obras, compra de equipamentos, manutenção e pagamento de bolsas na área de
Biotecnologia foram inexistentes; portanto, as universidades desempenham um papel crucial
na promoção do desenvolvimento econômico e social, fornecendo educação de qualidade e
contribuindo para a formação de uma força de trabalho qualificada.

Finalizando, outro fator para o fraco desenvolvimento Biotecnológico do Estado, foi a


corrupção no governo pode ter várias consequências negativas para o desenvolvimento
tecnológico de um país, pois o desvio de Recursos gerou uma má aplicação de fundos
destinados ao desenvolvimento econômico e social, do Estado Potiguar na década de 1920,
afetando as pesquisas sobre Biotecnologia que ficaram dependentes da Fiocruz, isso levou, a
que o investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico fosse atraso, ligado a uma falta
de Infraestrutura, que desencorajou o aparecimento de novas indústrias e empresas de se
expandirem em áreas corruptas.

Portanto, isso causou e parou completamente o processo de crescimento tecnológico de


uma região entre 1930-1942; gerando assim, um forte impacto na Sociedade potiguar, seja ela
urbana ou rural, pois a corrupção pode destruir a capacidade dos governos de oferecer serviços
básicos à população, causando uma descrença em vários governantes potiguares da Primeira
República, em especial os Governadores do Período. Certamente, é crucial combater a
corrupção para promover o crescimento econômico, gerar empregos, diminuir a desigualdade
social, melhorar a distribuição de renda e fortalecer o estado de direito. Isso, por sua vez, pode
criar um ambiente mais propício para o desenvolvimento tecnológico.

Por fim, foi chegado à conclusão que, outro fator crucial, para o atraso industrial e
tecnológico do Rio Grande do Norte, foi a falta de Profissionais formados em Biotecnologia,

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atuantes no estado, tendo o primeiro curso de graduação em Biotecnologia, surgido apenas em
2007 na UFERSA – Universidade Federal do Semiárido.

Nesse ponto as consequências negativas da falta de Biotecnólogos são muitas entre elas
a falta de combate as pragas em especial a praga do bicudo, que destruiu grande parte da
produção algodoeira do Rio Grande do Norte nas décadas de 1980-1990.

Pois a falta de Biotecnólogos no combate às pragas nas fazendas de algodão teve várias
consequências negativas, como as Perdas de produção, e a falta de profissionais especializados
pode levar a um manejo inadequado das pragas, resultando em perdas significativas na
produção. Além da falta do Desenvolvimento de novas tecnologias, pois sem os Biotecnólogos
desempenhando um papel crucial no desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de
pragas, como a engenharia genética, o estado permaneceria atrasado tecnologicamente, e
biotecnologicamente.

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