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Pesquisa e Tecnologia em Ciências Exatas, Agrárias e Do Meio Ambiente, Volume 1
Pesquisa e Tecnologia em Ciências Exatas, Agrárias e Do Meio Ambiente, Volume 1
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Os Autores
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convencionais ou eletrônicos citados nesta obra.
Conselho Editorial
P474
CDD 509
Editora e-Publicar
Rio de Janeiro, Brasil
contato@editorapublicar.com.br
www.editorapublicar.com.br
Apresentação
É com grande satisfação que a Editora e-Publicar apresenta a obra intitulada “Pesquisa
e tecnologia em ciências exatas, agrárias e do meio ambiente, Volume 1”. Neste livro engajados
pesquisadores contribuíram com suas pesquisas. Esta obra é composta por capítulos que
abordam múltiplos temas da área.
Editora e-Publicar.
Sumário
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 15
ANÁLISE SISTÊMICA AGROECOLÓGICA EM UMA PROPRIEDADE FAMILIAR NO
MUNICÍPIO DE IPÊ – RS – BRASIL...................................................................................... 15
DOI 10.47402/ed.ep.c240411061324 Nágila Aguiar
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 28
MANEJO DA ADUBAÇÃO DE BASE NA CULTURA DO TRIGO COM PRODUTOS
SUPERBAC E CORRETIVOS DE SOLO ............................................................................... 28
Erich dos Reis Duarte
Gonzalo Diego Peña
Marcos Augusto Alves
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida da Costa
Aline Vanessa Sauer
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 37
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL E REDUÇÃO DE ESGOTO POR
MEIO DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E ÁGUA CINZA: ESTUDO DE
CASO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO SUL DO BRASIL....................... 37
DOI 10.47402/ed.ep.c240411083324 Ana Kelly Marinoski
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 57
TÉCNICAS DE FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS SUBMETIDOS A METAIS
PESADOS.................................................................................................................................57
DOI 10.47402/ed.ep.c240411094324 Leticia Maria Viana Negrão
Anne Cristina Barbosa Alves
Vitor Resende do Nascimento
Ana Ecidia de Araújo Brito
Glauco André dos Santos Nogueira
Dayse Gonzaga Braga
Raphael Leone da Cruz Ferreira
Cândido Ferreira de Oliveira Neto
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 72
AVALIAÇÃO DA AÇÃO DA FERTIRRIGAÇÃO NO CRESCIMENTO DE MUDAS DE
MORANGUEIRO NOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA/RS .............................................. 72
DOI 10.47402/ed.ep.c240411105324 Thalles da Rosa Bueno
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................... 93
INTOXICAÇÃO DE BOVINOS A PASTO POR SAMAMBAIA (PTERIDIUM AQUILINUM):
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................. 93
DOI 10.47402/ed.ep.c240411116324 Caroline Rack Vier
Dalila Anzolin
Joyceara Rocha
CAPÍTULO 1
ANÁLISE SISTÊMICA AGROECOLÓGICA EM UMA PROPRIEDADE FAMILIAR
NO MUNICÍPIO DE IPÊ – RS – BRASIL
Nágila Aguiar
Eléia Righi
Bruna Bento Drawanz
RESUMO
Este artigo traz uma visão sistêmica acerca de uma pequena propriedade familiar, de base agroecológica, localizada
no município de Ipê - RS, Capela Santa Catarina, Vila Segredo. Assim é possível uma aproximação entre a
universidade e produtores, mesclando saberes empíricos e técnicos, culturais e inovadores. Assim, foi possível
caracterizar toda a propriedade e sugerir intervenções futuras. Portanto, as paisagens agrícolas compostas por
campos e explorações agrícolas seguindo a gestão agroecológica requer a compreensão dos padrões de
biodiversidade, das interações biológicas e dos mecanismos que determinam e impulsionam o funcionamento dos
ecossistemas para melhorar os serviços à escala da paisagem, envolvendo os agricultores numa abordagem
ascendente e específica ao contexto.
1 INTRODUÇÃO
Neste sentido, este artigo traz uma visão sistêmica acerca de uma pequena propriedade
familiar, de base agroecológica, localizada no município de Ipê - RS, Capela Santa Catarina,
Vila Segredo. Assim é possível uma aproximação entre a universidade e produtores, mesclando
saberes empíricos e técnicos, culturais e inovadores.
Hoje a propriedade familiar conta com a mão de obra de apenas 3 pessoas da própria
família, sendo a mãe que tem 82 anos, e o casal, atuais donos, sendo que a mulher tem 60 e seu
marido 64 anos, estes são os responsáveis pela propriedade e sua manutenção. O casal possui
um filho, que não reside na propriedade, e provavelmente a sucessão familiar fique prejudicada
para as próximas gerações.
Por sua produção ser totalmente orgânica de hortaliças, não utilizam produtos químicos
para a dessecação de espécies invasoras, sendo realizado a limpeza manualmente ou com
- Área de plantio: Possui no total uma área 25 hectares, nos quais apenas 5 hectares são
destinados ao cultivo, o restante não está sendo utilizado devido a topografia irregular que
dificulta o manejo, no entanto tem-se a criação de gado de corte que totaliza três animais e uma
vaca holandesa para criação e produção de leite no consumo próprio.
Por ser uma área de topografia irregular e dispondo de pequenos cursos de água,
incluindo banhado e açudes, dispõe de três bombas tratorizadas sendo uma acoplada a um motor
a diesel, para irrigação dispostas em áreas de plantio distintas. Os demais equipamentos
adquiridos foram conforme a necessidade.
Como os produtos são vendidos na feira ecológica, realizada todo sábado na cidade de
Porto Alegre, as hortaliças que possuem maior durabilidade são colhidas e lavadas ainda na
quinta-feira como: beterraba, cenoura e batata. As saladas folhosas, brócolis, couve-flor e
demais produtos são colhidos e preparados na sexta-feira.
Sabe-se que a agricultura orgânica é o processo de cultivo que possui por finalidade
garantir a saúde aos consumidores e à natureza. Em relação à produção, são utilizadas técnicas
específicas para cada região, considerando as características de solo, clima e biodiversidade.
Visa a produção livre de agrotóxicos garantindo alimentos mais saudáveis, saborosos e de maior
durabilidade.
A propriedade possui quatro áreas distintas para plantio das hortaliças, todas com
canteiros, que são revezados com outras culturas ao final do ciclo da produção. Para a adubação
- Cebola - quando colhidas são trançadas para ter uma maior durabilidade e permanecem no
galpão. Geralmente são limpas duas caixas de 20kg por semana que são separadas por tamanhos
e vendidas em redes de 1kg.
- Alface, brócolis, couve-flor e outras folhas - são colhidas na sexta-feira para não ocorrer o
murchamento.
- Sopão - constituído por cenoura, couve, chuchu, batatinha e moranga é muito vendido no
inverno para preparo de sopas. Sua preparação é feita na sexta-feira (Figura 03).
- Cenoura - colhidas na quinta-feira com sua parte área. Lavadas e vendidas em maço.
Os produtos são transportados por um único motorista que a muitos anos o faz. No
momento são levadas mercadorias de três produtores orgânicos da localidade. O valor cobrado
por ele corresponde a 12% sobre a venda total de cada produtor ao final da respectiva feira. A
seguir pode ser observado no Quadro 04, os valores de cada produto vendidos na propriedade
e o volume de produção mensal durante o período de realização do estágio.
Os preços dos produtos são determinados pelos próprios agricultores que mensalmente
se reúnem para determinação deles conforme a produção. Os valores obtidos ao final de cada
feira são variáveis e dependem de fatores climáticos. Segundo relato dos agricultores, os dias
mais bonitos e ensolarados fazem com que um número maior de pessoas tenha mais disposição
para ir às compras, tendo uma redução nos dias mais chuvosos. Os valores brutos variam de
R$1.500,00 a R$3.000,00 por fim de semana dependendo dos produtos disponíveis para a
venda.
Custo médio de R$ 0,45 por mudas compradas; - Redução de custo de R$ 0,20 pro
mudas produzidas; e, - Tempo de retorno do investimento 5 anos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CONTZEN, S.; FORNEY, J. Family farming and gendered division of labour on the move:
a typology of farming-family configurations. 2017. Disponível em: https://link.springer.co-
m/article/10.1007/s10460-016-9687-2. Acessado em: Dez. 2023.
GAGNÉ, M. et al. Family Business Succession: What’s Motivation Got to Do With It?. 2021.
Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0894486519894759. Acessado em:
Dez. 2023.
MEDINA, G. et al. Development Conditions for Family Farming: Lessons From Brazil.
2015, Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0305750X15-
001412. Acessado em: Dez. 2023.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica dos produtos SUPERBAC, calcário
de concha e óxido de cálcio na adubação de base na cultura do trigo, além de registrar possíveis efeitos de
fitotoxicidade dos tratamentos para a referida cultura. O experimento foi conduzido no município de Londrina-
PR, latitude S:23°24'11,386", longitude W:51°9'57,418", altitude de 480m. A cultivar utilizada foi a TBIO
AUDAZ, semeada em 10/04/2023, com as seguintes características: 75 plantas por metro, espaçamento de 0,17 m
entre linhas e densidade populacional de 4.411.764 plantas por hectare, e finalizando o ensaio com a colheita em
27/06/2023. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 18 tratamentos e 4 repetições.
Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas respectivas doses em kg/ha.
As épocas de aplicação utilizadas foram A: Plantio. As avaliações realizadas foram: altura de plantas (22/06/2023);
stand final (22/06/2023); produtividade (27/06/2023).
1 INTRODUÇÃO
O trigo é um dos cereais mais antigos cultivados pelo homem, e apresenta 30% da
produção mundial de grãos, sendo o segundo mais consumido no mundo (EMBRAPA, 2022).
A farinha de trigo é o ingrediente principal de diversas receitas culinárias, e seu consumo é
fundamental para uma alimentação saudável e equilibrada. Por ser caracterizado como uma
cultura de inverno, o trigo é produzido principalmente na região sul do Brasil, mas também
pode se adaptar a outras regiões. O plantio do cereal no Brasil deve seguir as recomendações
do zoneamento agrícola de risco climático (ZARC) para a cultura e varia de acordo com a região
do país.
Por meio do solo a planta faz o maior aporte de nutrientes para seu desenvolvimento, e
corrigi-lo é uma etapa fundamental que deve ser realizada pelos produtores, considerando a
acidez presente nos solos, que limitam o potencial produtivo das lavouras. A calagem é o
método mais comum no manejo de correção de solo, através dela é possível corrigir a acidez
do solo e neutralizar o efeito tóxico às plantas de elementos como alumínio e manganês, quando
em teores elevados. Além disso, melhora e estimula a vida microbiana, contribui para o
processo de fixação biológica de nitrogênio, e estimula o crescimento do sistema radicular da
cultura.
2 OBJETIVO
3.2 Tratamentos
T1 TESTEMUNHA
T2 04-30-10 300 (A)
T3 SUPERBAC 1 + calcário de concha 300 (A)
T4 SUPERBAC 1 + óxido de cálcio 300 (A)
T5 SUPERBAC 2 + calcário de concha 300 (A)
T6 SUPERBAC 2 + óxido de cálcio 300 (A)
T7 SUPERBAC 3 + calcário de concha 300 (A)
T8 SUPERBAC 3 + óxido de cálcio 300 (A)
T9 SUPERBAC 4 + calcário de concha 300 (A)
T10 SUPERBAC 4 + óxido de cálcio 300 (A)
T11 SUPERBAC 5 + calcário de concha 300 (A)
T12 SUPERBAC 5 + óxido de cálcio 300 (A)
T13 SUPERBAC 6 + calcário de concha 300 (A)
T14 SUPERBAC 6 + óxido de cálcio 300 (A)
T15 SUPERBAC 7 + calcário de concha 300 (A)
T16 SUPERBAC 7 + óxido de cálcio 300 (A)
T17 SUPERBAC 8 + calcário de concha 300 (A)
T18 SUPERBAC 8 + óxido de cálcio 300 (A)
Fonte: Autoria própria (2023).
Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:
Em que:
Na avaliação de stand final no realizada no dia 22/06/2023 (Tabela 4), verificou-se que
todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi
estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T2, T7, T8, T10.
O tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + Calcário de concha foi estatisticamente
inferior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05), aos tratamentos T13, T18. O tratamento 3 com o
produto testado SUPERBAC 1 + Calcário de concha foi estatisticamente semelhante, pelo teste
de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T4, T5, T6, T9, T11, T12, T14, T15, T16, T17. O
produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi superior ao tratamento padrão T1:
TESTEMUNHA pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado
SUPERBAC 1 + calcário de concha em sua dose alvo foi superior ao tratamento padrão T2: 04-
30-10 pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade.
4.3 Produtividade
Na avaliação de massa de mil grãos (M.M.G) (Tabela 5), verificou-se que todos os
tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O
tratamento 3 com o produto testado SUPERBAC 1 + calcário de concha foi estatisticamente
6 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
EMBRAPA. Trigo, uma safra para ficar na história. 2022. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/77085844/trigo-uma-safra-para-ficar-na-
historia. Acessado em: Nov. 2023.
CAPÍTULO 3
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL E REDUÇÃO DE ESGOTO
POR MEIO DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL E ÁGUA CINZA:
ESTUDO DE CASO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO
SUL DO BRASIL
RESUMO
Este artigo tem como objetivo apresentar a avaliação do potencial de economia de água potável e redução de esgoto
obtida por meio da implantação de sistema integrado de aproveitamento de água pluvial e água cinza em habitações
residenciais de interesse social. O desenvolvimento do estudo se deu por meio de levantamentos in loco em
habitações de interesse social na região metropolitana de Florianópolis, sul do Brasil, e também parcialmente por
meio de análise teórica. Os resultados da análise demonstraram que por meio da integração de aproveitamento de
água pluvial e água cinza, o potencial médio de economia de água potável seria de 41,9%, enquanto o máximo
potencial de economia, 53,4%. O potencial de economia de água potável obtido como o uso exclusivo de água
cinza seria 19,4% do consumo total de água, e o potencial de redução de esgoto 40%. Este estudo poderá contribuir
para o desenvolvimento de políticas públicas específicas para incentivo do uso de fontes alternativas de água em
habitações residenciais de interesse social, minimizando a demanda de água potável e também o consumo
energético associado tanto à água quanto ao esgoto.
1 INTRODUÇÃO
Com as mudanças climáticas globais, o cenário mundial revela ampla preocupação com
os recursos naturais. Nesse contexto, os recursos hídricos são recursos a serem preservados,
levando em conta a sua importância para a vida no planeta.
Dentre essas soluções para uso eficiente da água, o aproveitamento de água pluvial e
aproveitamento de água cinza, vêm sendo estudado por muitos pesquisadores em diferentes
países. Encontram-se na literatura especializada, por exemplo, estudos sobre o aproveitamento
de água cinza, isoladamente ou em combinação com água pluvial, que mostram o potencial de
economia de água potável em diversas tipologias de edificações (GOIS et al., 2015; ORON et
al., 2014), tais como residências unifamiliares e residências multifamiliares (GARCÍA-
MONTOYA et al., 2016; MOURAD et al., 2011; SANTOS; FARIAS, 2017; STOEBERL;
ONEDA, 2023).
Alguns estudos demonstram que a utilização de apenas uma fonte alternativa de água
isoladamente, água cinza ou água pluvial, não é suficiente para abastecer a demanda residencial
de água para fins não potáveis. Destaca-se que em muitas regiões onde ocorrem estiagens, a
eficiência de sistemas de captação de água pluvial diminui, pois é altamente dependente da
frequência e intensidade das chuvas (MUTHUKUMARAN et al., 2011). Em algumas
edificações verifica-se que as áreas de captação são insuficientes para captar a água pluvial
necessária para suprir a demanda existente (GHISI; FERREIRA, 2007). Nestes casos, o uso de
água pluvial e água cinza poderia possibilitar o abastecimento completo da demanda de água
não potável na edificação. Apesar de a água cinza apresentar qualidade inferior à da água
pluvial, a água cinza é gerada com maior regularidade, justificou a combinação destes tipos de
águas.
Além disso, a produção de água cinza varia conforme os hábitos dos usuários quanto à
utilização dos aparelhos sanitários, o tipo de equipamento adotado (com ou sem dispositivos
economizadores de água) e o clima local. Qualquer mudança nos hábitos e costumes dos
habitantes, do clima, ou trocas de equipamentos, influencia na quantidade de água cinza
produzida. Deste modo, por meio do uso de duas fontes alternativas de água é possível
economizar maior volume de água potável em comparação com a economia média obtida com
Este artigo tem como objetivo avaliar o potencial de economia de água potável e redução
de esgoto devido à implantação de sistemas integrados de aproveitamento de água pluvial e
água cinza em habitações de interesse social no sul do Brasil. Atualmente, a população de baixa
renda no Brasil equivale a 31,6% da população (IBGE, 2023). Com o aumento do poder
aquisitivo das populações de baixa renda poderá ocorrer uma elevação da demanda de água nas
cidades. Assim, com o desenvolvimento de novas políticas públicas habitacionais, o uso
racional de água em habitações de interesse social tem potencial para reduzir a demanda nos
sistemas públicos de água e esgoto.
2 METODOLOGIA
A escolha dessa tipologia de habitação se deve ao fato que ainda são poucos os estudos
sobre sistemas alternativos de água em habitações de interesse social no país (COHIM;
GARCIA; KIPERSTOK, 2008; FRANCI; GONÇALVES, 2012; VIEIRA, 2012; GARCIA et
al., 2013).
1
Os dados dos levantamentos in loco foram obtidos por meio de pesquisas realizadas em uma rede de pesquisa
financiada pela Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP – na Chamada Pública Saneamento Ambiental e
Habitação do edital 07/2009.
Vargem Grande
Jardim Eldorado
Brasil
Jardim Aquarius
• Residir em área de interesse social (ex.: área de interesse social (favelas) ou rua com diversas
residências de baixa renda);
• Possuir residência financiada pelo programa Minha Casa Minha Vida (BRASIL, 2011) ou
outro programa habitacional público para famílias de baixa renda.
Para representar de modo geral todas as residências analisadas (total de 48 casas), foi
definida uma habitação modelo. Assumiu-se como área construída e área de cobertura dessa
habitação a média das áreas encontradas nas habitações estudadas. Para a ocupação da habitação
modelo, adotou-se o número mediano de residentes verificado nas famílias da amostra
pesquisada, igual a quatro moradores. Considerou-se que a residência modelo está localizada
no Bairro Vargem Grande – norte da ilha de Florianópolis. A Figura 02 apresenta a planta baixa
da habitação modelo sem escala.
Foi considerado o uso de água pluvial para o suprimento da demanda dos seguintes fins
não potáveis: irrigação de jardim, lavação de calçadas e automóveis (torneira externa), limpeza
geral (torneira do tanque) e lavação de roupas (máquina de lavar). Foi considerado o uso de
água cinza exclusivamente em bacias sanitárias, porém, caso esta fonte não seja suficiente para
suprir toda a demanda deste aparelho sanitário, poderá ser utilizada água pluvial.
Assumiu-se que o abastecimento de água pluvial possui abastecimento auxiliar por água
potável, proveniente da concessionária de água. Desta forma, quando faltar água pluvial no
reservatório inferior, e o nível mínimo do reservatório for atingido, sendo este regulado pela
boia de fundo, a chave desta boia impedirá o funcionamento da motobomba. Para não faltar
água nos pontos de consumo não potável com a diminuição do nível de água do reservatório
superior de água pluvial, uma chave de nível – que comanda uma válvula solenóide – possibilita
o abastecimento suplementar proveniente do sistema de abastecimento de água potável.
Para definir a demanda de água não potável a ser adotada para a análise da habitação
modelo, os usos finais das 48 habitações avaliadas foram levantados por meio de entrevistas
com os moradores acerca das rotinas de uso de cada equipamento hidráulico e por meio de
medições ou estimativas da vazão de cada um dos equipamentos. Os usos finais de água foram
Onde: UFi é o uso final de cada equipamento i em uma habitação (%); Vi é o volume
consumido do equipamento i em uma mesma habitação (m³/ mês); n é o número de
equipamentos em uma mesma habitação.
C água
IC = (3)
AGc × ndias
O potencial de economia de água através da integração entre água cinza e água pluvial
foi calculado considerando o abastecimento da bacia sanitária com água cinza, e o
abastecimento da lavadora de roupa, tanque e torneira externa com água pluvial. Quando a
oferta de água cinza foi inferior à demanda de água em bacia sanitária, assumiu-se seu
abastecimento prioritariamente com o uso de água pluvial.
2.4 Potencial de economia de água potável por meio de aproveitamento de água pluvial
Utilizou-se uma série histórica de dez anos de precipitação com resolução temporal
diária para a cidade de Florianópolis, correspondente ao período de janeiro de 2002 a dezembro
de 2011. A Figura 03 ilustra os índices pluviométricos mensais neste período.
Figura 03: Índice pluviométrico mensal médio, máximo e mínimo no período entre janeiro de 2002 e dezembro
de 2011 em Florianópolis.
700
Precipitação pluviométrica mensal
600
500
400
(mm)
300
200
100
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Adotou-se como área de captação da habitação modelo a área média de cobertura das
residências avaliadas, igual a 78 m².
A demanda total de água potável per capita e o percentual da demanda total a ser
substituído por água pluvial foram verificados com base nos dados obtidos no diagnóstico de
água (indicador de consumo e usos finais de água). Considerou-se o volume do reservatório
superior como sendo o volume do reservatório disponível no mercado igual ou imediatamente
acima da demanda diária de água pluvial.
O volume ideal do reservatório inferior para captação de água pluvial foi determinado
pelo programa Netuno quando o volume subsequente apresentou acréscimo inferior a 2 % /m³
para o atendimento da demanda de água.
Para definir o potencial de economia de água potável obtido por meio do aproveitamento
de água cinza verificou-se primeiramente a geração de efluentes em aparelhos sanitários que
podem ofertar água cinza (Equação 4). Considerou-se que a produção de água cinza na
habitação objeto de estudo ocorre em chuveiro, lavatório, lavadora de roupas e tanque.
Onde: Gcinza bruta é a geração de água cinza bruta (L/dia); g é a geração de efluentes em
aparelhos sanitários que podem ofertar água cinza (L/dia); n é o número de aparelhos sanitários
que podem ofertar água cinza na edificação (aparelhos).
2.6 Potencial de economia de água potável por meio de aproveitamento de água pluvial e
água cinza integrados
Onde: Dcinza é a demanda de água não potável a ser suprida com água cinza (L/dia); Dnpot
é a demanda de água não potável da residência (L/dia); Vpluvial é o volume de água que poderia
ser abastecido com água pluvial (L/dia).
Para definir o volume de água que poderia ser suprido com água pluvial foi
primeiramente realizada uma simulação computacional para verificar o potencial de economia
de água obtido com o aproveitamento de água pluvial. Para estimar o potencial total de
economia de água obtido por meio da integração das duas fontes alternativas, somou-se o
potencial de economia obtido com uso de água pluvial ao potencial de economia decorrente do
uso de água cinza, considerando que a água pluvial tem uso prioritário no sistema integrado.
n
Eágua + p ∗ ∑ ES produtor i
E esg = i =1
(7)
Pesg
Onde:E esg é o potencial de redução de efluentes domésticos com o reuso de água cinza
(adimensional); E água é o potencial de economia de água potável com o reuso de água cinza
(m³/mês); p é a perda de água por evapotranspiração no tratamento de água cinza
(adimensional); ESprodutor é o volume de água cinza produzido em aparelhos sanitários
(m³/mês); Pesg é o volume total de esgoto produzido sem a adoção de aproveitamento de água
Definiu-se neste estudo que não haverá mistura da água pluvial com cinza. Desta forma,
foram dimensionados reservatórios distintos de armazenamento para cada fonte alternativa de
água (água pluvial e água cinza).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os usos não potáveis, definidos como descarga de bacias sanitárias, tanque, torneira
externa e lavadora de roupas, totalizaram 42,9% dos usos finais médios de água das residências.
O percentual mínimo de usos não potáveis verificado na pesquisa foi de 10,3%, e o máximo de
60,0%. Os usos não potáveis supracitados poderiam ser abastecidos por fontes alternativas de
água como água pluvial e água cinza. A demanda de água cinza seria representada pela demanda
de água para abastecer apenas a bacia sanitária. A oferta de água cinza poderia ser considerada
a partir dos efluentes do chuveiro, lavatório, lavadora de roupas e tanque. Nas habitações
avaliadas, a demanda média de água cinza foi igual a 19,4% do consumo total, enquanto a
oferta, igual a 54,7%. A demanda e oferta mínimas de água cinza verificadas na amostra foram
iguais a 5,1% e 17,3%, respectivamente. Enquanto que a demanda e oferta máximas foram
iguais a 52,9 % e 81,5%, respectivamente.
Por fim, com base no indicador de consumo de água e percentual de redução de efluentes
com o uso de água cinza verificou-se que o volume total de esgoto gerado no horizonte de
tempo de 20 anos para o cenário de fornecimento de água com sistema convencional de
abastecimento de água foi de 55.713,6 m³e para o cenário com sistema integrado de
aproveitamento de água pluvial e água cinza foi de 33.428,2 m³.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que por meio da integração de aproveitamento de água pluvial e água cinza
na habitação modelo, o potencial médio de economia de água potável seria de 41,9%, enquanto
o máximo potencial de economia, 53,4%. O potencial de economia de água potável obtido como
o uso exclusivo de água cinza seria 19,4% do consumo total de água, e o potencial de redução
de esgoto, 40%. O aproveitamento de água cinza promove tanto a redução da demanda de água
potável em bacias sanitárias, quanto diminui o volume de efluentes destinados à rede pública
de esgoto, minimizando o consumo energético associado tanto à água quanto ao esgoto.
Por fim, este estudo poderá contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas
específicas para incentivo do uso de fontes alternativas de água em habitações de interesse
social, minimizando a demanda de água potável e também o consumo energético associado
tanto à água quanto ao esgoto.
REFERÊNCIAS
ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5626: Instalação predial de água fria.
Rio de Janeiro. 1998.
CHIU, Y.-R.; LIAW, C.-H.; CHEN, L.-C. Optimizing Rainwater harvesting systems as an
innovative approach to saving energy in hilly communities. Renewable Energy, v. 34, n. 3, p.
492-498, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.renene.2008.06.016. Acessado em:
Jun. 2015.
GARCÍA-MONTOYA, M. et al. Environmental and economic analysis for the optimal reuse
of water in a residential complex. Journal of Cleaner Production, v. 130, p. 82-91. 2016.
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CAPÍTULO 4
TÉCNICAS DE FITORREMEDIAÇÃO EM SOLOS SUBMETIDOS A METAIS
PESADOS
RESUMO
O progresso da industrialização e urbanização contribuiu para o aumento expressivo da presença de metais pesados
no meio ambiente, gerando preocupações a nível global. A poluição decorre principalmente do descarte
inadequado de efluentes industriais, rejeitos de mineração e resíduos enriquecidos como metais pesados, os quais
persistem no solo, representando uma ameaça significativa ao ecossistema e à saúde humana. A fitorremediação é
um processo executado por plantas em colaboração com microrganismos, surge como uma solução eficaz para a
descontaminação ambiental. Essas plantas descomissionam, acumulam e estabilizam contaminantes, oferecendo
uma abordagem ecologicamente sensível. A reabilitação de solos contaminados por metais pesados é crucial para
evitar efeitos adversos e garantir um ambiente seguro para as gerações futuras. As plantas ideais para a
fitorremediação devem apresentar resistência, elevada produção de biomassa, tolerância aos metais e facilidade de
cultivo. Diversas técnicas, como fitoextração, fitovolatilização, fitodegradação e fitoestabilização, são empregadas
na fitorremediação.
1 INTRODUÇÃO
Fontes naturais de poluição por metais pesados incluem erosão, intemperismo de rochas
e erupção vulcânica. Segundo Asgari Lajayer et al. (2018), a poluição ambiental por metais
pesados é um problema sério na maioria dos países do mundo, que pode ser causada por
A entrada na cadeia alimentar é feita por várias vias, incluindo consumo de alimentos,
ingestão de partículas, inalação de partículas e absorção pela pele (KHAN et al., 2013; WU et
al., 2020d) (Figura 1). Em relação às plantas, os níveis anormais de metais pesados podem
interromper a germinação das sementes, o crescimento das plantas e a produção de biomassa
(BEZINI et al., 2019; RAKLAMI et al., 2019b).
Figura 1: Fonte de metais pesados e seus caminhos para o meio ambiente e como o homem é afetado.
A remediação de metais pesados por meio de plantas diminui o custo, além de suas
aplicações práticas de longo prazo, essa técnica também agrega valor estético (VAZIRI et al.,
2013; PLACEK et al., 2016). A fitorremediação é método ecologicamente sensível, que pode
ser usado para a recuperação de solo contaminado sem perturbar a fertilidade e a biodiversidade
do solo (ZŁOCH et al., 2017; AHMAD et al., 2016; XIAO et al., 2019). Portanto, a remediação
do solo é essencial para evitar o impacto adverso, reduzir o risco de metais tóxicos para o meio
ambiente e garantir um ambiente seguro para as gerações futuras (CRISTALDI et al., 2017).
Existem alguns critérios para a planta ser considerada como fitorremediadora. Portanto,
as espécies de plantas ideais para fins de fitorremediação devem apresentar características como
resistência na natureza, alta produtividade de biomassa, tolerância aos efeitos tóxicos de metais
e contaminantes, além de serem de fácil cultivo, com alta capacidade de absorção e não
atraentes para herbivoria (ADESODUN et al., 2010; SAKAKIBARA et al., 2011; SHABANI;
SAYADI, 2012).
As raízes recebem o metal por transporte simplástico (via membrana plasmática das
células endodérmicas das raízes) ou por transporte apoplástico (movimento via espaço livre
entre a parede celular) (LING et al., 2017; THAKUR et al., 2016). A planta usada para remover
o contaminante não está afetando a camada superficial do solo, portanto, este método não
perturba o ecossistema e é amigo do ambiente (CRISTALDI et al., 2017). Segundo Gomes et
al. (2016) a fitorremediação de metais pesados foi classificada em fitoextração,
fitotransformação, fitoestabilização e fitovolatilização (Figura 2).
2.1.1 Fitoextração
Figura 3: Técnica de fitoextração: As plantas absorvem os contaminantes (mostrados como pontos vermelhos)
de locais contaminados e são acumulados em brotos, folhas e outras partes da planta.
As espécies de plantas que podem produzir alta biomassa, mas acumulam menos,
também podem ser usadas para realizar a fitoextração (LI et al., 2018; NAKAJIMA et al.,
2019). O desempenho da fitoextração pode ser limitado pela baixa biodisponibilidade do metal
no solo e pela taxa reduzida de absorção do metal pelas plantas. Ademais, a eficácia da
fitoextração também será reduzida quando os metais forem retidos nas raízes em vez de serem
transportados para os brotos e folhas (BARMAN et al., 2000; CRISTALDI et al., 2017; HE et
al., 2018; SUMAN et al., 2018).
2.1.2 Fitovolatilização
Figura 3: Técnica de fitovolatilização: os metais pesados (mostrados como pontos vermelhos) são absorvidos
pelas plantas, degradados em compostos menos tóxicos e liberados na atmosfera durante o processo de
transpiração (mostrados como pontos azuis).
Essa técnica é utilizada principalmente para remover metais pesados com alta
volatilidade e baixa toxicidade, como Hg (mercúrio), As (arsênico) e Se (selênio)
(GUARINO et al., 2020; SHARMA et al., 2015; WANG et al., 2012). No entanto, Ali et al.
(2013) diz que ela não remove totalmente os contaminantes, pois os contaminantes são apenas
transformados em formas menos tóxicas e transferidos do solo para a atmosfera, onde os
compostos voláteis tóxicos são liberados para o ambiente, contaminando o ar. Além disso,
podem ser redepositados ao solo por precipitação (VANGRONSVELD et al., 2009).
Figura 4: A planta degrada os contaminantes absorvidos (mostrados como pontos vermelhos) em compostos
menos tóxicos, seja pelo processo metabólico da planta ou pela enzima produzida pela planta.
2.1.4 Fitoestabilização
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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2024.
CAPÍTULO 5
AVALIAÇÃO DA AÇÃO DA FERTIRRIGAÇÃO NO CRESCIMENTO DE MUDAS
DE MORANGUEIRO NOS CAMPOS DE CIMA DA SERRA/RS
RESUMO
O cultivo do morangueiro em substrato é amplamente difundido na região Sul do Brasil, a escolha de mudas de
boa qualidade é um dos fatores mais importantes para a alta produtividade e sucesso nesta atividade agrícola. Este
estudo teve como objetivo avaliar o efeito da fertirrigação na produção de mudas de morangueiro produzidas em
substrato nos Campos de Cima da Serra do Estado do Rio Grande do Sul (CCS/RS). O experimento foi conduzido
em três estufas de cultivo instaladas na Uergs Unidade em Vacaria/RS. As mudas produzidas foram submetidas
aos seguintes tratamentos: T1 (irrigação somente com água), T2 (ausência de irrigação) e T3 (oferta de água +
solução nutritiva), todas as mudas foram enraizadas por um período de 30 dias. Foram avaliados os seguintes
parâmetros: comprimento máximo de raízes (CR), diâmetro médio de coroa (DC), comprimento de pecíolo (CP)
e número de folhas (NF). Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidos de teste
Tukey 1% e também teste de correlação de Pearson. Os resultados mostraram que ao final do período de
enraizamento, foram produzidas mudas de morangueiro viáveis, havendo diferença estatística entre tratamentos
para todos os parâmetros avaliados. A correlação de Pearson entre DC, CR e CP mostrou-se positiva para T3 e
negativa para T2. As mudas submetidas à fertirrigação apresentaram melhores índices de qualidade, evidenciados
pelos maiores valores de diâmetro de coroa, comprimento de raízes, comprimento de pecíolo e número de folhas,
indicando a influência positiva da fertirrigação no desenvolvimento e nutrição das mudas. A produção de mudas
de morangueiro com uso de soluções nutritivas através da fertirrigação mostrou-se uma alternativa promissora
para melhorar as características fisiológicas das plantas.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEORICO
Por se tratar de uma cultura de clima temperado, as condições climáticas da região sul
do Brasil, demonstram-se bem favoráveis as cultivares de morangueiro, em especial as de dia
curto. Ademais, esta espécie é capaz de ser cultivada em diferentes condições e sistemas de
produção: com ou sem solo, em ambiente protegido ou não. Cada sistema apresenta suas
qualidades e limitações, sendo o cultivo em substrato, conhecido popularmente como sistema
semi-hidropônico o mais comum principalmente na região Sul do país (PEREIRA NETO et al.,
2022; OSTWALD et al., 2022).
Por ser uma planta perene, passa constantemente por transformações fisiológicas no
decorrer dos seus ciclos de desenvolvimento, que podem ser divididos em dois principais
estágios: reprodutivo (Figura 1-A) e vegetativo (Figura 1-B). De acordo com Gonçalves et al.
(2016), a fase vegetativa da cultura é marcada pelo crescimento vegetal, multiplicação celular
A B
A constante renovação das plantas produtoras, tanto pelo manejo de pragas e doenças,
quanto para renovação do dossel, requer um grande número de mudas, inclusive no caso Brasil,
Esta diferença de desempenho pode ser explicada pela diferença de latitude e altitude
dos viveiros e, consequentemente, nas horas de frio que as mudas recebem em seu
desenvolvimento ainda no campo de produção, fazendo com que seja acumulado um maior
índice de reservas em seus tecidos (OLIVEIRA, 2006). A capacidade de produção de uma
planta está associada diretamente a sua relação com o ambiente e os tratos culturais, podendo
haver diferença entre uma localidade e outra.
A fixação do estolão pode ser realizada utilizando um grampo de metal ou arame, sendo
a conexão junto à planta matriz, até então, a principal responsável pela nutrição da nova planta.
Após o desenvolvimento das raízes próprias e abertura de no mínimo 3 folhas compostas
completamente abertas, a muda encontra-se apta para o transplante (OLIVEIRA, 2006;
ANTUNES; REISSER JÚNIOR; SCHWENGBER, 2016; NUNES, 2018).
3 METODOLOGIA
A área do experimento foi composta por três estufas destinadas ao cultivo em substrato
de morangueiros da cultivar Pircinque. As estufas seguem o modelo de cobertura teto
convectivo retilíneo e possuem dimensões de 3 m de comprimento x 1 m de largura (Figura 3).
Cada estufa é composta por 16 plantas divididas em 2 fileiras com espaçamento de 70 cm entre
fileiras e 25 cm entre plantas, todas as plantas são cultivadas em slabs contendo substrato
próprio para cultivo semi-hidropônico (BUENO et al., 2022; DRAWANZ et al., 2022). As
plantas de morangueiro encontravam-se no segundo ano após o transplante e em boas condições
fitossanitárias e de produção, por isso foram utilizadas como matrizes para obtenção das mudas
avaliadas.
Para realizar o enraizamento de estolões foi construída uma estrutura do tipo calha com
10cm de profundidade no centro de cada estufa (Figura 4) preenchida com substrato próprio
Nas calhas das estufas 1 e 3 foi instalado o sistema de irrigação com fita de gotejo nas
seguintes especificações: gotejadores espaçados em 20cm e vazão de cada gotejador de 2
L/hora.
Para facilitar a fixação das mudas nas respectivas calhas de tratamento (Figura 5) foi
utilizado um grampo de metal junto ao estolão, e após 7 dias este foi retirado, momento em que
as raízes oriundas no estolão já estavam estabelecidas realizando a fixação da nova planta.
A unidade amostral foi delimitada em uma estufa por tratamento, onde cada estufa foi
submetida a um regime nutricional correspondente a um tratamento distinto. Para se avaliar a
influência da fertirrigação diretamente no desenvolvimento das mudas de morangueiro, foi
estabelecido o seguinte esquema (Figura 6):
Através do uso do programa estatístico BioStat versão 5.0 os resultados coletados foram
submetidos à análise de variância (ANOVA), seguidos de teste Tukey com 1% de significância
e posteriormente nos tratamentos a relação entre as variáveis foi avaliada por meio do teste de
correlação de Pearson.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A B C
Tabela 2: Médias de diâmetro de coroa (DC), comprimento de raiz (CR), comprimento de pecíolo (CP) e número
de folhas (NF) de mudas fertirrigadas localmente (T3) e mudas de morangueiro com ausência de fertirrigação (T2),
submetidas a ANOVA seguido de Tukey 1%.
As médias para DC deste trabalho, aproximaram-se dos encontrados por Krause et al.
(2015), os quais objetivaram avaliar a influência do diâmetro de coroa na precocidade de
produção das cultivares de morangueiro Albion e Aromas. O acompanhamento das avaliações
ocorreu desde o momento do transplante das mudas importadas da Argentina até a produção de
frutos. O resultado apresentou que os maiores diâmetros de coroa (15-17 mm) impactaram
significativamente na precocidade de emissão de folhas e início da floração, resultando no
período de produção antecipado da cultura.
Estes resultados corroboram com outros pesquisadores (COCCO et al., 2012; NAVA et
al., 2016) sendo um ponto interessante economicamente para produtores, visto que se objetiva
A aplicação de solução nutritiva diretamente nas mudas pode ter contribuído para na
diferença dos parâmetros avaliados devido principalmente aos mecanismos fisiológicos de
absorção de nutrientes e a mobilidade destes no solo/substrato. Um nutriente como o fósforo,
em doses ideais, está diretamente ligado ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas,
tendo efeitos ampliados principalmente às raízes adventícias já que este nutriente apresenta
baixa mobilidade (SILVA; DELATORRE, 2009; SHEN et al., 2013). O uso de fertirrigação
durante o T3, pode ter apresentado maior desempenho através da disponibilidade localizada de
concentrações não somente de fósforo, mas também dos demais nutrientes essenciais para o
desenvolvimento radicular.
Figura 9: Gráfico de dispersão para mudas com ausência de fertirrigação submetidas a correlação de Pearson
entre A - Diâmetro de coroa (DC) e comprimento de raíz (CR) e B- comprimento de pecíolo (CP).
A B
Figura 10: Gráfico de dispersão para mudas fertirrigadas submetidas a correlação de Pearson entre A - Diâmetro
de coroa (DC) e comprimento de raiz (CR) e B- comprimento de pecíolo (CP).
A B
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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TIMM, L. C. et al. Manejo da Água. In: ANTUNES, L. E. C.; REISSER JÚNIOR, C.;
SCHWENGBER, J. E. (Org.). Morangueiro. Brasília: Embrapa Clima Temperado, 2016. p.
281-332. Disponível em: https://embrapa.br/busca-de-publicacoes//publicacao/1092843/mo-
rangueiro. Acessado em: Jun. 2023.
CAPÍTULO 6
INTOXICAÇÃO DE BOVINOS A PASTO POR SAMAMBAIA (PTERIDIUM
AQUILINUM): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
RESUMO
Grande parte do rebanho brasileiro tem sua como sua alimentação base a pastagem. No Brasil, parte significativa
das áreas compostas por pastos está em estado de degradação, o que favorece o aparecimento de plantas tóxicas,
dentre elas a samambaia (Pteridium aquilinum). De modo geral, a ingestão de plantas com potencial tóxico pode
resultar em sérios danos a saúde do gado, causando sintomas debilitantes e, em casos extremos, até a morte. Além
disso, a presença de plantas tóxicas nos pastos pode impactar a qualidade dos produtos de origem animal, como a
carne e o leite, afetando a segurança alimentar e a economia agrícola. O presente trabalho trata-se de revisão de
literatura a qual possui como objetivo abordar a intoxicação por samambaia (Pteridium aquilinum) de bovinos a
pasto, assim como o manejo adequado para controle das mesmas nas pastagens. Foi realizada busca por artigos
afins à pesquisa. Conclui-se que é necessário realizar manejos para controle da mesma, onde a técnica mais
eficiente é a utilização de herbicida que levam a planta à senescência, diminuindo o risco de intoxicação desses
animais a pasto.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a pesquisa de Sousa e Giongo (2022), é observado que uma considerável
porção das pastagens, distribuídas em diversos biomas, encontra-se em algum estágio de
degradação. Tal degradação é frequentemente decorrente de múltiplos fatores, os quais incluem
a inadequação das taxas de lotação, a ocorrência de superpastejo, o uso de forrageiras
inadequadas e a compactação do solo devido à sobrecarga de animais, sendo esta última uma
No estudo conduzido por Vieira et al. (2023), destaca-se a notável lacuna no que
concerne ao manejo apropriado de pastagens, a fim de manter um dossel forrageiro eficiente,
capaz de suportar um rebanho. É evidenciado que a degradação dessas pastagens, em grande
parte devido à ausência de práticas de manejo adequadas, culmina na proliferação de plantas
invasoras, das quais muitas apresentam características tóxicas para bovinos. Esse fenômeno de
degradação e subsequente infestação por plantas invasoras representa um desafio significativo
para a pecuária, uma vez que a presença de plantas tóxicas nas pastagens pode ocasionar uma
série de impactos adversos.
Nesse contexto, Nunes et al. (2022) expõem que nas áreas de pastagens, existe uma
assolação por plantas espontâneas, estas podem apresentar estruturas como espinhos e ramos
capazes de causar danos físicos, e até conter substâncias capazes de provocar intoxicações. Os
impactos vão desde o comprometimento da saúde e bem-estar do gado, resultando em sintomas
debilitantes e, em casos extremos, óbito dos animais, até consequências diretas na qualidade
dos produtos de origem animal, como carne e leite. Além disso, essa problemática tem
implicações para a segurança alimentar, pois a presença de resíduos tóxicos nos produtos de
origem animal pode representar um risco para a saúde humana.
Ainda, na pesquisa realizada por Vieira et al. (2023) observa-se, portanto, a necessidade
de implementar estratégias de manejo eficazes para preservar a qualidade e a produtividade das
pastagens, ao mesmo tempo em que se minimiza o risco de exposição do gado a plantas tóxicas,
consolidando assim uma produção pecuária sustentável e segura.
Dentre as plantas tóxicas presentes, a que pode ser encontrada nas mais diversas regiões
é a Pteridium aquilinum, popularmente conhecida como samambaia. Conforme Pessoa et al.
(2019), a samambaia é facilmente encontrada em solos ácidos, arenosos, com baixa fertilidade
2 METODOLOGIA
3 DESENVOLVIMENTO
O rizoma, caule que cresce horizontalmente, é a parte mais tóxica e, nas partes aéreas a
toxidez é maior na brotação pela maior concentração de ptaquilósidio (SOUTO et al., 2006).
Tokornia et al. (2012) afirmam que todas as partes da samambaia são tóxicas, onde a brotação
é a mais perigosa aos bovinos, a brotação após roçadas e queimadas é um ponto crítico no
Com isso, Mingotti (2019) e Pessoa et al. (2019), corroboram que o aparecimento de
intoxicação ocorre principalmente devido à falta de alimento. De acordo com Mingotti (2019),
há estudos em que a planta pode levar ao vicio, sendo assim, o animal acaba sendo condicionado
a consumir a planta, outra forma intoxicação seria a ingestão acidental como em alimentos
conservados contaminados, entretanto, a principal é devido a deficiência de fibra, onde o animal
acaba ingerindo a samambaia afim de suprir essa necessidade.
Rocha et al. (2020) explica que a intoxicação pode ter uma evolução aguda,
caracterizada por hemorragias, ou crônica, levando à hematúria, ou ainda juntamente formação
de neoplasias no trato digestivo superior ou vesícula urinária, onde a taxa de letalidade é de
100% em casos de intoxicação crônica, os autores ressaltam que não há tratamento eficaz.
Além disso, Ulian et al. (2010) apontam a possibilidade de transmissão dos princípios
tóxicos aos seres humanos por meio do consumo do leite, bem como, intoxicação dos animais
antes do desmame. Já Rassmussen (2003) e Vertter (2009), abordam sobre a contaminação
pelos compostos tóxicos no solo, os quais, podem lixiviar e atingir fontes de água potável.
Sabendo disso, é importante realizar a prevenção e controle para que não haja o
aparecimento da samambaia no pasto. Rocha et al. (2020) ressaltam que se a intoxicação dos
animais não estiver avançada, é necessário retirar o rebanho do pasto, realizar o tratamento
sintomático dos animais acometidos e realizar manejo da forragem e controle da samambaia
para que os animais não voltem a consumir.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabendo que todas as partes da samambaia são toxicas ao animal com destaque a
brotação, e sua erradicação no pasto é difícil, é necessário a realização do controle dessas
plantas tóxicas, sendo a técnica mais eficiente à aplicação de herbicidas como o glifosato, 2,4-
D + picloram e metsulfuron-methyl que possuem ação residual, levando a planta à senescência,
diminuindo o risco de intoxicação.
REFERÊNCIAS
MARRS, R. H.; JOHNSON, S. W.; LE DUC, M. G. Control of bracken and the restoration of
heathland. VI. The response of fronds to 18 years of continued bracken control or 6 years of
control followed by recovery. Journal of Applied Ecology, Oxford, v. 35, n. 4, p. 479–490,
1998. Disponível em: https://besjournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1046/j.1365-
2664.1998.3540479. Acessado em: Jan. 2024.
ROCHA. et al. Manejo sanitário. In: SALMAN, A. K. D.; PFEIFER, L. F. M. (Ed.). Pecuária
leiteira na Amazônia. Brasília, DF: Embrapa, 2020. Cap. 8. p. 143-202.
VERTTER, J. A biological hazard o four age: bracken fern (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn. A
review. Acta Veterinaria Hungarica, v. 57, n.1, p. 183-196, 2009.Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19457786/. Acessado em: Jan. 2024.
CAPÍTULO 7
METABOLISMO SECUNDÁRIO E SUA IMPORTÂNCIA NA FISIOLOGIA DO
ESTRESSE EM PLANTAS
RESUMO
As plantas, ao longo de sua evolução, desenvolveram uma complexa gama de metabólitos secundários como parte
de sua estratégia de sobrevivência. Esses compostos desempenham papéis diversos, incluindo defesa contra
patógenos, adaptação a condições de escassez de água, variações na luminosidade e outros estresses ambientais.
Os estudos analisados ressaltam a complexidade das respostas das plantas a condições adversas, fornecendo
informações valiosas para otimizar o cultivo em diferentes cenários. Além disso, destacam a relevância dos
metabólitos secundários, como flavonoides e óleos essenciais, como indicadores essenciais das respostas
adaptativas das plantas. Uma variedade de compostos, incluindo flavonóides, terpenóides e alcalóides, não apenas
atuam como um mecanismo de defesa direta contra agressores, mas também desempenha papéis fundamentais na
modulação do equilíbrio de oxirredução e na regulação do crescimento. Este capítulo visa enfatizar a importância
do metabolismo secundário e seus efeitos na fisiologia das plantas. A compreensão aprofundada dos metabólitos
secundários e sua relação com os estresses ambientais é crucial para desenvolver estratégias eficientes de cultivo,
manejo e melhoramento genético. A identificação e compreensão dessas substâncias não apenas proporcionam
uma visão mais profunda da biologia vegetal, mas também abrem caminho para a criação de plantas mais
resistentes e adaptáveis em ambientes desafiadores. O estudo dessas respostas é essencial para compreender como
as plantas se adaptam e se defendem contra as adversidades do meio ambiente.
1 INTRODUÇÃO
Sabe-se pouco sobre o impacto do estresse provocado pela interferência entre plantas
no metabolismo secundário (RIVOAL et al., 2011; SILVA et al., 2014). Porém, os efeitos de
estresses abióticos sobre a produção de metabólitos secundários já são conhecidos. Alguns
destes estresses abióticos podem ser feitos ou aumentados durante a competição interespecífica
entre plantas. A competição e a alelopatia entre plantas desencadeiam mecanismos de defesa
que modificam o metabolismo secundário. Uma resposta é o aumento na produção de
aleloquímicos, metabólitos secundários liberados no ambiente pelas plantas, que influenciam o
crescimento e desenvolvimento das plantas receptoras (SHAH et al., 2016).
Os metabólitos secundários das espécies vegetais foram usados para diversos fins em
benefício da sociedade ao longo dos anos, sendo cultivadas para a exploração das suas
características químicas (AVALOS; PÉREZ, 2009). Desta maneira, um exemplo disto são as
plantas medicinais, que realizam seu efeito curativo por conta das moléculas características de
sua composição química (MENDOZA; LUGO, 2010).
Os estresses abióticos não apenas interagem entre si, mas também se conectam com
estresses bióticos, criando uma dinâmica complexa. Por exemplo, quando uma cultura é
submetida a estresse abiótico, ela tende a tornar-se mais suscetível a ataques de insetos, fungos,
ácaros e viroses. Por outro lado, uma cultura que é naturalmente propensa a esses ataques pode
exibir maior sensibilidade ao estresse hídrico, uma vez que a regulação dos estômatos é afetada.
Essas interações destacam a importância de compreender as múltiplas influências que afetam a
saúde e a produtividade das culturas (MARIANI; FERRANTE, 2017).
2.2.1 Terpenos
Os hidrocarbonetos são compostos naturais gerados por uma ampla gama de seres vivos,
se tornando essenciais para múltiplas estruturas que desempenham funções diversas em
processos metabólicos especializados e primários. Variam desde moléculas muito pequenas e
voláteis (como os mono e sesquiterpenos) até desempenharem papéis como hormônios (tais
como brassinosteróides, ácido abscísico, giberelinas) e elementos estruturais celulares, como
os pigmentos carotenóides (KORTBEEK et al., 2019).
Mais de 55.000 moléculas de terpenos foram identificadas, formando a classe mais vasta
e complexa de compostos naturais. Estes compostos são categorizados com base em unidades
de cinco átomos de carbono (C5). Dentre os tipos de terpenos estão os hemiterpenos (C5),
monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), sesterpenos (C25), triterpenos
(C30), tetraterpenos (C40) e politerpenos (> C40) (BROCK; DICKSCHAT, 2013).
Os compostos fenólicos têm uma variedade de funções vitais nas plantas superiores. Em
primeiro lugar, são essenciais para a síntese das ligninas, que são componentes presentes em
todas as plantas e fornecem rigidez e suporte estrutural. Além disso, esses compostos possuem
características atrativas, como odor, sabor e coloração agradáveis, que não só cativam os seres
humanos, mas também atraem outros animais, desempenhando um papel fundamental na
polinização e dispersão de sementes, favorecendo o ciclo reprodutivo das plantas (CROTEAU
et al., 2000).
2.2.3 Alcalóides
Existem milhares de alcalóides conhecidos, mas apenas alguns deles são considerados
tóxicos. Os alcalóides mais tóxicos geralmente têm um sabor amargo, o que desempenha um
Plantas contendo substâncias anticolinérgicas têm sido utilizadas por muitos séculos em
medicamentos fitoterápicos, em cerimônias religiosas e, infelizmente, como venenos. Devido
à importância da acetilcolina como molécula mensageira essencial para a ativação muscular, a
secreção de fluidos corporais e inúmeras funções cerebrais, esses alcalóides interferem em
todos esses processos (GONZALES, 2010).
As plantas que produzem alcalóides são geralmente evitadas na dieta por animais e
insetos, provavelmente devido à toxicidade ou ao sabor amargo da maioria desses compostos.
No entanto, um grupo específico de borboletas utiliza esses alcalóides como mecanismo de
defesa contra predadores, e as aranhas, por sua vez, podem sintetizá-los como feromônios. Uma
possível função desses compostos para as plantas seria a proteção contra a radiação UV, uma
vez que seu núcleo aromático possui uma notável capacidade de absorção dessa
radiação (SIMÕES et al., 2016).
O estresse hídrico pode se manifestar pela escassez de água (déficit hídrico) ou pelo
excesso (inundação), sendo o déficit hídrico mais comum em regiões semiáridas (BIANCHI et
al., 2016). Para assegurar a disponibilidade de água por um período prolongado aos seus
tecidos, as plantas limitam sua taxa de transpiração, reduzindo sua taxa de expansão celular e,
por conseguinte, a área foliar. Isso resulta na perda de biomassa e na desaceleração do
crescimento da parte aérea (ANJUM et al., 2011).
A camada epidérmica das plantas atua como uma interface direta entre o ambiente
biótico e abiótico. A cutícula, que cobre a epiderme, desempenha um papel crucial, fornecendo
uma barreira física que controla a perda de água, a entrada de patógenos e a absorção de
compostos lipofílicos. Além disso, a epiderme pode possuir uma camada de tricomas, sejam
glandulares ou não, os quais oferecem uma defesa adicional, tanto química quanto mecânica, a
essas células. O padrão de expressão dos genes da epiderme permite respostas rápidas na
superfície celular. Foram identificados aproximadamente 1.900 genes com regulação superior
na epiderme do caule de Arabidopsis thaliana, evidenciando que cerca de 15% dos genes
presentes no caule são expressos de forma preferencial na epiderme, em comparação com outras
camadas celulares (SUH et al., 2005).
Pode-se afirmar que a maioria das espécies vegetais exibe imunidade ou resistência
completa (ausência de doença) à maioria dos fitopatógenos. Dois processos fundamentam a
resistência de uma cultivar contra a maioria dos fitopatógenos: 1) a planta pertence a um grupo
taxonômico naturalmente imune ao patógeno, caracterizando-se como resistência do tipo não
hospedeira; ou 2) a planta possui genes que conferem resistência ao patógeno, processo
denominado resistência verdadeira (AGRIOS, 2005).
A resistência genuína, conforme definida por Van der Plank (1963), pode ser dividida
em dois tipos: resistência específica (vertical) e resistência geral (horizontal). A resistência
vertical é específica para biótipos específicos, controlada por poucos genes, sendo mais
específica, mas menos estável, podendo tornar as plantas vulneráveis a novas raças de
patógenos. Já a resistência geral ou horizontal é uniforme contra todos os biótipos, influenciada
por vários genes (poligênica), não é específica, geralmente persistente e não apresenta interação
diferenciada entre raças de patógenos e variedades de hospedeiros (VAN DER PLANK, 1975).
As enfermidades nas plantas podem ser descritas como disfunções nas células do
hospedeiro e em seus tecidos, originadas por uma irritação contínua causada por um agente
patogênico ou por fatores ambientais (AGRIOS, 2004). A discrepância nas funções da planta é
prejudicial e resulta no surgimento de sintomas, causando danos ao hospedeiro nesse tipo de
interação (TEIXEIRA, 2011).
A interação entre hospedeiro e patógeno é uma batalha pela sobrevivência entre dois
organismos. A fisiologia do parasitismo busca entender as bases bioquímicas e fisiológicas
desse fenômeno. O patógeno utiliza armas químicas para atacar, enquanto o hospedeiro se
defende por meio de mecanismos estruturais e/ou bioquímicos. Essa interação é um sistema
único, dependendo da planta, do patógeno e do ambiente. O hospedeiro vence quando não
ocorre doença (resistência), enquanto os sintomas (suscetibilidade) indicam a vitória do
patógeno (PASCHOLATI, 1994).
Nos reinos vegetal e animal, a presença de metais pesados como chumbo (Pb), cádmio
(Cd) e cobre (Cu) interfere no crescimento e no desenvolvimento quando incorporados nos
sistemas biológicos (BAÑUELOS et al., 2015; SHARMA et al., 2015). Esses elementos são os
principais poluentes devido às elevadas concentrações presentes no solo e aos impactos que
exercem sobre as plantas, notadamente ao comprometerem o crescimento e desenvolvimento
do sistema radicular (SHAWAI et al., 2017; ZHANG et al., 2019).
3 RESULTADOS DE PESQUISAS
Estudos conduzidos por Alvarenga et al. (2011), avaliaram o efeito da suspensão hídrica
(0, 2, 4, 6 e 8 dias sem irrigação) no teor de óleos essenciais e flavonóides total em plantas de
alecrim-pimenta (Lippia sidoides), concluindo que a cultura apresenta alta sensibilidade à
deficiência hídrica, promovendo a redução de 50 e 60 % da concentração de óleos essenciais e
flavonóides, respectivamente.
Em seu estudo, Castro (2019) analisou o efeito do fotoperíodo, estresse salino e déficit
hídrico nos óleos essenciais da erva-cidreira (Lippia alba) cultivada in vitro. Os resultados
destacaram a notável plasticidade fisiológica da planta em diferentes fotoperíodos, com
desempenho superior em dias longos. Sob estresse salino severo (60 mM), ocorreu modulação
no metabolismo secundário, com aumento de linalol e redução de eucaliptol. Embora altas
concentrações de NaCl possam afetar a fisiologia das plantas in vitro, a espécie mostrou
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGUIAR, A. T. C.; VEIGA JÚNIOR, V. F. da. O jardim venenoso: a química por trás das
intoxicações domésticas por plantas ornamentais. Química Nova, Rio de Janeiro, n. 8, abr.
2021. Disponível em: scielo.br/j/qn/a/tsXSskBpTng3vBBFZ7s3MtK/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Out. 2023.
CASTRO, K. M. de. Fotoperíodo, défice hídrico e estresse salino no perfil de óleos essenciais
em Lippia alba L. cultivada in vitro. 2019. 98 f. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal).
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2019.
CAPÍTULO 8
AVALIAÇÃO DOS ELEMENTOS ARQUITETÔNICOS DE DUAS PRAÇAS EM
LAJEDO-PE
RESUMO
As praças constituem como ambientes destinados a população, tem objetivos bem definidos, como promover o
bem-estar e as interações entre pessoas, manifestações artísticas, políticas e sociais, dentre outras. Toda praça é
dotada de elementos arquitetônicos e/ou elementos florísticos, pois estes são responsáveis por harmonizar e
fornecer os recursos responsáveis para o bem-estar de seus frequentadores. A cidade de Lajedo-PE está situada no
agreste pernambucano e possui uma população de 39.582 habitantes, neste município está localizada as duas praças
de estudo deste trabalho, sendo elas: a praça Santo Antônio e a praça Joaquim Nabuco. O objetivo desse artigo foi
avaliar os elementos arquitetônicos de ambas as praças e, possivelmente, contribuir para melhorias nos ambientes
analisados. A pesquisa foi realizada durante os meses de abril a junho de 2021, sendo realizado um levantamento
quantitativo e qualitativo para determinar a quantidade de elementos arquitetônicos e a qualidade por meio de
notas avaliativas. A praça Joaquim Nabuco contém os seguintes elementos arquitetônicos: iluminação, caminhos,
palco, espelho d’água, edificação institucional ou municipal, vegetação, paisagismo, localização,
conservação/limpeza, segurança e conforto ambiental. Já a praça Santo Antônio é composta de bancos, iluminação,
caminhos, obra de arte (monumento), edificação institucional ou municipal, vasos de plantas, vegetação,
paisagismo, localização, conservação/limpeza, segurança e conforto ambiental. Os ambientes públicos são espaços
destinados ao convívio e as interações populacionais, assim compreende-se que a conservação dos elementos
arquitetônicos é fundamental para o funcionamento das praças. Devido a importância dos locais analisados neste
trabalho, verificou-se que são necessárias reformas estruturais e nos elementos arquitetônicos.
1 INTRODUÇÃO
Praças são definidas como espaços públicos, livres e urbanos, com intuito de fornecer
lazer, manifestações culturais, sociais e políticas, além de agregar ao convívio populacional
(GIMENES, 2010). As cidades necessitam de praças pois as mesmas oferecem bem-estar aos
seus viventes (JUNIOR et al., 2020). As praças, geralmente, são constituídas de arborização e
elementos arquitetônicos, sendo os cinco principais tópicos: edificações, rotas de circulação,
elementos urbanos, atividades e ajardinamentos (LYNCH, 2011).
Os componentes arquitetônicos são elementos que compõem uma edificação. Seus
componentes e efeitos devem ser satisfatórios e adequados para o ambiente em que estão
inseridos (REIS; BIAVATTI; PEREIRA, 2014). Para Hasse e Weber (2010) a composição
arquitetônica permite a avaliação estética e visual ao observador.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Lajedo
3 METODOLOGIA
O trabalho foi realizado nas duas principais praças do município de Lajedo-PE, sendo
elas: praça Santo Antônio e a praça Joaquim Nabuco, no período de abril a junho de 2021. Onde
foi realizado um levantamento quantitativo e qualitativo para determinar a quantidade de
elementos arquitetônicos e a qualidade que os mesmos oferecem a população.
A praça Santo Antônio possui coordenadas 8°39’42’’S 36°19’22’’W e uma área total
de 1148,25 m², já a praça Joaquim Nabuco possui coordenadas 8°39’39’’S 36°19’25’’W e
1427,09 m², ambas estão representadas nos croquis abaixo (figura 1 e 2).
Quadro 1: Pontos utilizados no levantamento quantitativo dos elementos arquitetônicos da Praça Joaquim
Nabuco e da Praça Santo Antônio.
LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO QUALI-QUANTITATIVO
Nome da praça e localização:_____
Forma Geométrica: ( ) quadrangular ( ) circular ( ) retangular ( ) outra
Data do levantamento ___/___/___
Levantamento efetuado por:________________________________________________
EQUIPAMENTOS/ESTRUTURAS Sim Não Quantidade Nota
01. Bancos
02. Iluminação: ( ) alta ( ) baixa
03. Lixeiras
04. Sanitários
05. Caminhos (formas, piso, rampas)
06. Palco/coreto/escultura/pergolado
07. Obra de arte: ( ) monumento ( ) estátua ( ) busto
08. Espelho d'água/chafariz
09. Cobertura (sombra)
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os bancos por serem feitos de concretos tem alta durabilidade, mas oferece baixo
conforto como explicam Silveira e Espindula (2019) em análise de lazer e convívio social de
Para Demattê (2006) os bancos devem ter localizações e posições distintas dentro de um
espaço público, dessa forma alguns devem estar expostos ao sol e outros sob sombra, virados
para as ruas ou de costas para as mesmas. Mantendo características que possibilitem conforto
ao usuário, ao mesmo tempo deve ser de material durável e resistente, fácil de realizar uma
limpeza e que possua aparência discreta.
Angelis e Angelis Neto (2008) explicitam que os bancos são fundamentais e essenciais
numa praça, tendo funções básicas e específicas para o usuário como sentar, descansar,
conversar e até mesmo tomar sol. Os bancos oferecem, além de descanso e conforto, maior
tempo de permanência no espaço e possibilitam a contemplação do local (JESUS, GIESE;
COLCHETE FILHO, 2017).
A praça Santo Antônio contém 5 postes de alta tensão e alinhados ao longo da área. Em
ambas as praças, no período noturno as luzes conseguem iluminar a maioria dos espaços, pois
apresenta distância adequada entre os postes. Porém, alguns pontos ficam sombreados por
árvores precisando de podas para adequação e algumas lâmpadas a vapor de sódio ainda não
foram substituídas por LED, acarretando em uma distribuição desuniforme da luminosidade.
A praça Joaquim Nabuco apresenta 10 caminhos retos, largos e com piso de cimento e
bem conservado, sendo apropriado para passeios aos pares, com animais, cadeirantes e pessoas
que necessitem de acessibilidade. Em análises quali-quantitativas de elementos arquitetônicos
Batista et al. (2013) verificou que a pavimentação de cimento possibilita a funcionalidade e a
segurança dos pedestres, sobretudo se alinhado e com boa conservação.
As vias de acesso da praça Santo Antônio contêm espaços livres no centro da lajota,
onde impossibilita o trânsito de pessoas cadeirantes ou poderá causar incidentes com crianças
e idosos. De acordo com Dischinger, Bins e Piardi (2013) os componentes arquitetônicos devem
ser ergonômicos e funcionais, sem obstáculos e barreiras em pisos e rampas, bem projetados e
que garantam segurança e conforto aos frequentadores, sobretudo as pessoas da terceira idade.
Foi notado que existem rampas em ambas os locais, na praça Joaquim Nabuco há 6
rampas e na praça Santo Antônio 4, presentes em todos os lados das áreas. As normas da NBR
9050/04 fixam valores de no máximo 8,33% de inclinação e de no mínimo 120 cm de largura
(ABNT, 2015), as rampas das praças possuem inclinação adequada, porém a largura é de 100
cm, estando abaixo do recomendado. As pinturas que sinalizam as rampas estão degradadas,
necessitando de renovação.
O chafariz da praça Joaquim Nabuco sofreu modificações ao longo dos anos, atualmente
ele se encontra desativado. Sua estrutura é completamente coberta por cerâmicas azul e branca
de maneira uniforme. As vantagens no uso de fontes d’água inclui o conforto térmico por meio
de microclima e o aumento da umidade relativa do ambiente (MASCARÓ; MASCARÓ, 2009).
Segundo Paiva (2001) as fontes apresentam elevado custo de funcionamento e esteticamente
estão caindo em desuso.
Ao lado do chafariz há um pequeno palco com escadaria, onde se encontra as hastes das
bandeiras. Diariamente as bandeiras são postas e retiradas ao cair da noite. Os palcos são
caracterizados por serem locais de apresentações e outros divertimentos (FERNANDES, 2016).
O Palácio da Prefeitura datado de 1957 situado na praça Joaquim Nabuco, sua estrutura
está conservada e possui a arquitetura inicial. Devido a esta construção a praça é popularmente
denominada de “Praça da Prefeitura”.
Estão presentes seis (6) vasos na praça Santo Antônio em bom estado de conservação e
neles estão contidas plantas ornamentais, situados em diversos pontos e contribuindo com o
paisagismo do ambiente. Os vasos são expostos às intempéries climáticas, portanto há marcas
de desgastes principalmente na pintura.
Os vasos possuem os mais variados tamanhos que são escolhidos de acordo com sua
forma de uso, são fabricados com os mais diversos materiais, os principais são argila, aço e
latão. Possuem funções estéticas e arquitetônicas, podendo ser utilizados como modo de
separação de ambientes contíguos, decoração de espaços e lugares e recipientes para um amplo
quantitativo de plantas (NIEMEYER, 2019).
A vegetação de ambas as praças é composta por árvores de médio e grande porte, como:
Pau-Brasil (Paubrasilia echinata), Figueira (Ficus benjamina), Violeteira (Duranta ereta L) e
espécies como: Palmeira (Copernicia alba) e Palmeira-de-Leque (Livistona chinensis), dentre
outras. As árvores fornecem sombra aos visitantes e os canteiros possuem grama verde e bem
cuidada.
As duas praças estão localizadas no centro da cidade, sendo rodeadas por locais, como:
lojas, lanchonetes, quiosques, pousadas, hotéis igrejas, instituições municipais e privadas, etc.
Ambos os locais são pontos de intenso tráfego de pessoas e veículos diariamente, pois as
mesmas estão situadas na região de maior valor comercial e social do município. A localização
das praças no meio urbano detém importância técnica e social, pois esses espaços são utilizados
para os mais variados usos (REMOLLI, 2016).
Os espaços livres urbanos quebram a monotonia que existe entre a casa e a rua, podendo
serem utilizados para ponto de encontro, lazer, recreação, manifestações culturas e artísticas e
melhoria na qualidade de vida dos citadinos (LOPES; SILVA; NOGUEIRA, 2020). Os mesmos
autores em análises de praças em Teresina-PI, verificaram que a praça Marechal Teodoro é uma
zona de intenso movimento social e comercial, sendo importante a conservação do espaço, visto
que agrega valores a tudo que está ao seu redor.
Angelis (2000, p. 65) explicita que: “sua presença demonstra o nível de civilidade de
uma comunidade e o respeito ao meio ambiente”. As lixeiras constituem de um mobiliário que
é imprescindível sua presença e distribuição em praças (REMOLLI, 2015).
Ambas as praças não oferecem segurança, pois não há guardas que permaneçam no local
nem patrulhas. As pessoas que residem nas proximidades ou frequentam, relatam medo de
permanecerem no local no período noturno. Analisando aspectos qualitativos de praças,
Oliveira, Lamano-Ferreira e Ruiz (2014) relataram que a segurança de uma praça está ligada a
fatores como localização, policiamento e iluminação adequada.
A percepção que o local não tem segurança ou que oferece um possível risco constitui
umas das principais barreiras que impede a socialização e frequência de pessoas em
determinados espaços e locais públicos, sobretudo os idosos, crianças e mulheres (CATTELL
et al., 2008). A OMS relata que a sensação de segurança ou a falta dela é um fator determinante
que afeta diretamente o fluxo de pessoas nas ruas, influenciando na interação social e de bem-
estar emocional dos indivíduos (WHO, 2008).
A praça Joaquim Nabuco oferece árvores que possibilitam sombras aos visitantes e
frequentadores. É um fator bem visto pelos os que ali transitam, pois aproveitam o conforto
para descanso ou lazer. Já a praça Santo Antônio somente 1 banco recebe sombra e conforto
ambiental, onde os demais ficam expostos aos raios solares e intempéries climáticas (chuvas,
ventania).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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SENAC, 2006. p. 201.
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CAPÍTULO 9
A PRODUÇÃO DE CAFÉ ORGÂNICO NO BRASIL:
SITUAÇÃO ATUAL, TENDÊNCIAS E CORRELAÇÕES COM OS
INSTITUTOS FEDERAIS (IFS)2
RESUMO
Do ponto de vista econômico, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, tendo como polos de destaque o sul
de Minas Gerais e o norte de São Paulo, uma vez que estas regiões apresentam condições favoráveis ao plantio.
Historicamente, durante o século XVIII, a maior parte do café era cultivado em áreas sombreadas e em florestas
diluídas. Entretanto, com a expansão do mercado de café no mundo, os cafeicultores passaram a produzir café de
forma intensiva, o que levou a supressão e devastação de matas nativas, e com o passar do tempo o uso de
agrotóxicos. Objetivando técnicas e metodologias mais sustentáveis e mercados diferenciados, alguns produtores
passaram a buscar práticas de cultivo que se desvinculem das técnicas convencionais. Dentre essas metodologias,
destaca-se a produção orgânica, que utiliza de técnicas que preservem o meio ambiente e a saúde do produtor rural.
Para tanto, nota-se também um intensivo intercâmbio entre o saber no campo e institutos educacionais, a fim de
estreitar vínculos e incorporar novas técnicas de plantio. Assim este estudo tem como objetivou georreferenciar a
cadeia produtiva de café orgânico do país, com informações relacionadas a sua distribuição territorial,
correlacionando-a aos cursos relacionados à produção agrícola oferecidos pelos Institutos Federais (IFs). Como
procedimento metodológico, foi realizada uma significativa pesquisa bibliográfica, seguida pelo levantamento do
cadastro dos produtores orgânicos de café do Brasil, juntamente com os cursos e números de matriculados em IFs
em cursos que têm relação com a agricultura. Os resultados mostram que a produção de café orgânico no país está
em franco desenvolvimento, e que os IFs fomentam a produção de café orgânico em regiões interioranas do país
– como na região norte – e no nordeste do país, o que denota a expansão da produção do mesmo em todo o país.
Além disso, o trabalho representa um importante passo no tocante ao mapeamento e entendimento da importância
do estreitamento desses vínculos.
1 INTRODUÇÃO
2
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mnas Gerais
(FAPEMIG) – Demanda Universal nº01/2021.
A fim de apresentar uma análise temporal referente ao café, o produto chega ao Brasil
no ano de 1727, na cidade de Belém (PA), doadas pelo Governador de Caiena (TAUNAY,
1939). Entretanto, devido a condições climáticas, a planta não se adaptou a região, e de lá foi
levada ao Estado da Bahia, no ano de 1770. Alguns anos depois, no ano de 1774, algumas
sementes foram cultivadas no Rio de Janeiro. No século seguinte, o café se espalhou ao longo
da Serra do Mar até o Vale da Paraíba – abrangendo os Estado de Minas Gerais, Espírito Santo
e Paraná (TAUNAY, 1939).
Vale ressaltar que todo esse plantio era pautado em uma sociedade totalmente
escravocrata, assim como seus meios de produção e exportação (ARTIAGA, 2020). Esse
cenário se mantém irretocável ao longo do século XIX, e algumas crises econômicas são
evidenciadas, como o fim do Pacto Colonial e a Abertura dos Portos (RAMOS, 2019), o que
demonstra uma quebra do paradigma econômico regente. O Brasil, a partir de então, se abre
economicamente para o mundo, e a produção e expansão do café emerge como uma economia
mercantil (BARBOSA; FERRÃO, 2020).
Para efeito de comparação, em 1850, cerca de 80% do território do Estado de São Paulo
era coberto por Mata Atlântica, enquanto os 20% restantes se caracterizavam como cerrado e
outros ecossistemas (LARANJEIRAS et al., 2016). Ainda conforme Laranjeiras et al. (2016),
em 1950, somente 18% de Mata Atlântica remanescia no estado paulista. Isso é reflexo,
principalmente, do formato de produção intensivo de café (TIBIRIÇÁ; FERREIRA; PEREIRA,
2020), a pleno sol – técnica implementada por holandeses e britânicos, primeiramente, na Índia
e em Ceilão (SMITH, 1985; CLARENCE; SMITH, 1998; THARAKAN, 1998).
Atualmente, o Brasil é o maior produtor de café do mundo, tendo destaque sua produção
na região do sul de Minas Gerais e norte de São Paulo, devido suas condicionantes climáticas
favoráveis ao plantio (SATURNI et al., 2016). Entretanto, o domínio da monocultura desse
produto acarretou em uma série de problemáticas negativas, com destaque a perda de
biodiversidade – da fauna e flora-, e a contaminação do solo e recursos hídricos, devido ao uso
de agroquímicos e a destruição de matas ciliares (MARCONDES, 2005; AVILA et al., 2018;
GONZALEZ; BÁEZ, 2018). Além disso, essa técnica de plantio causa um grande desequilíbrio
ambiental, visto o surgimento de pragas e doenças nas lavouras (LOPES et al., 2012; CERDA
et al., 2017).
Devido a isso, o presente estudo teve como objetivo georreferenciar a cadeia produtiva
do café orgânico do país, com informações relacionadas a sua distribuição territorial – obtidas
através de parceria com o Instituto Brasil Orgânico e o Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos - e correlacionar esses dados com cursos de agronomia, agricultura orgânica e
agroecologia e seu corpo discente, oferecidos pelos Institutos Federais no território brasileiro,
tema ainda inédito e pioneiro, que pode servir de subsídio para a sociedade civil, acadêmica e
outros produtores.
Partindo da premissa que o cultivo de produtos orgânicos são uma tendência e uma
alternativa ao modelo de produção convencional, é necessário entender essas questões do ponto
de vista legislativo. Assim, seu cultivo e comercialização estão submetidos a inúmeras leis e
regulamentações.
A primeira lei referente aos produtos orgânicos ocorreu mediante a Lei n. 10.831, de
23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), responsável por definir como sistema orgânico de
produção aqueles que adotam técnicas específicas, otimizando o uso dos recursos naturais e
socioeconômicos disponíveis, respeitando aspectos ambientais e sociais locais, buscando a
sustentabilidade, em seus mais variados conceitos – indo desde a utilização de energia não-
renovável ao uso de métodos cultuais e biomecânicos que se contrapõem ao uso de materiais
sintéticos.
3 METODOLOGIA
A penúltima etapa é responsável pela espacialização de todo material que foi produzido
e obtido nas etapas anteriores, a vista de condicionar uma análise holística do que foi obtida do
ponto de vista bibliográfico e empírico. Como ferramenta de geoprocessamento, foi utilizado o
software Qgis 3.10.1. Por fim, a última etapa é voltada a discussão dos resultados apresentados,
buscando propor alternativas e justificativas dos resultados obtidos.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em um primeiro momento, cabe ressaltar que os cafeicultores que ainda não obtém a
certificação de produtores orgânicos comumente questionam a dificuldade ao acesso de
insumos (SILVA et al., 2020) e, além disso, alguns já certificados sofrem da mesma carência.
Ademais, outra parcela de produtores de café espacializa-se na região Sul, com duzentos
e vinte e sete produtores – 24% da totalidade de produtores -, com destaque ao Estado do Paraná,
com cento e noventa, o que representa quase que toda a produção cafeeira orgânica regional.
Por outro lado, apenas sete municípios da região produzem insumos, diferentemente da região
sudeste (aproximadamente 13% do total).
10%
24%
13%
4%
49%
80%
Em escala nacional, os municípios que mais possuem produtores orgânico de café são
os municípios de Brasília, com quarenta e cinco, Adrianópolis (PR), com vinte e sete, Paraguaçu
(MG), com vinte e quatro e Nova Tebas (PR), com vinte e três. Contudo, municípios como
Figura 3: IFs que apresentam cursos relacionados à Sustentabilidade no Campo, Produção Agrícola e Produtores
Orgânicos de Café.
Observa-se que o curso de agricultura familiar é ofertado nos IFs de Juiz de Fora (MG),
Pouso Alegre (MG), São Luís (MA) e Fortaleza (CE) e Pouso Alegre (RS), conforme Figura 4,
enquanto o número de matriculados no curso em cada IF pode ser observado na Figura 5.
Dos cursos ofertados pelos IFs que servem como base para capacitação técnica de
cafeicultores e jovens que queiram ingressar em uma profissão que lhe permita trabalhar no
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No presente artigo foi possível observar que os IFs acompanhando a produção de café
orgânico em regiões interioranas do país – como na região norte – e no nordeste do país, através
da oferta de cursos. A concentração de produtores e cafeicultores, sejam orgânicos ou não, ainda
é presente nas regiões sul e sudeste do país.
Espera-se que esta publicação sirva como um material de referência tanto para a base
produtiva de café no Brasil, interessada nesse tipo de produção, como para as instituições de
ensino, no sentido de promover uma oferta formativa baseada na realidade produtiva. E que
novos trabalham surjam, para outros produtos agropecuários de interesse.
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CAPÍTULO 10
PANORAMA DA PRODUÇÃO DE LEITE BUBALINO (BUBALUS BUBALIS) NO
MUNICÍPIO DE VITÓRIA DO MEARIM - MA
RESUMO
A bubalinocultura é uma atividade pecuária que vem crescendo nas últimas décadas em todo oBrasil. Todos os
produtos gerados na atividade são aproveitados, porém, o leite é o que mais gera interesse dos produtores devido
sua crescente demanda e valorização in natura juntamentecom seus subprodutos. No Maranhão o maior efetivo de
bubalinos concentra-se na microrregiãoda Baixada Maranhense e, na sua maioria, criado nos campos alagadiços.
Esta pesquisa objetivou realizar um levantamento dados sobre a bubalinocultura leiteira no município de Vitória
do Mearim, estado do Maranhão. Foram usados dados primários e secundários, sendo que para obtenção dos dados
primários, foram aplicados questionários semiestruturado em oitoestabelecimentos produtivos dedicados a criação
de bubalinos. Já os dados secundários, foramobtidos por meio da revisão bibliográfica sobre o tema, dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Maranhão
(AGED) e Secretaria de Agricultura do Município. A utilização para a atividade bubalina leiteira de 35 a 80% do
total. 38% dos produtores utiliza sistema de criação extensivo e apenas62% definem como semi-intensivo. O
sistema de criação predominante na região é o extensivo.Ao total de 100% das propriedades a não administrarem
tal prática alimentar ao seu rebanho. 100% dos produtores são homens. Tendo sua escolaridade variando entre
fundamental incompleto e superior completo. 100% dos produtores são homens. Tendo sua escolaridade variando
entre fundamental incompleto e superior completo. A principal raça destinada para a produção leiteira do
município de Vitória do Mearim é a Murrah, tendo cruzamentos e em 35%do rebanho mestiços. Tendo em vista que
a propriedade A faz-se o uso de ordenha mecanizada, estábulos cobertos, currais com água a vontade para as
matrizes em lactação, diferente das outras propriedades que utilizam de currais a céu aberto. Todos os produtores
realizam a produção por meio de monta natural. os gastos mensais com a produção total da propriedade com a
atividade variam de 800 a 1 mil reais. Dos oito produtores, apenas quatro fazem beneficiamento do leite na
confecção de queijos, coalhadas e doces de leite.
1 INTRODUÇÃO
A produção leiteira destaca-se como uma das principais aptidões das búfalas, e é
considerada de grande importância em vários países. Na Ásia, o búfalo tem papel fundamental
na agricultura, podendo ser criado em pequenas propriedades, onde é considerado provedor de
alimentos (AMARAL et al., 2005). Os búfalos contribuem com 11% do total da produção
mundial de leite. A população de búfalos no mundo é de 201,1 milhões (FAO, 2018). Desse
montante, o continente asiático (Índia, Paquistão e China) é responsável por 96,9% do
contingente. Na Índia, 57% do leite produzido são de búfala.
Os búfalos foram introduzidos no Brasil no fim do século XIX inicialmente pela região
Norte do país em pequenos lotes com a finalidade de explorá-los para tração animal. Esses
animais eram oriundos da Ásia, Europa e Caribe. Segundo Bernardes (2007), a utilização dos
búfalos como animais de produção foi motivada principalmente pelo seu exotismo que por suas
qualidades zootécnicas, considerando sua grande adaptabilidade aos diferentes ambientes, alta
fertilidade e longevidade produtiva, permitindo que o rebanho experimentasse uma evolução
significativa.
Dados do IBGE (2021) mostram que o rebanho bubalino no Brasil atingiu o número de
1.551.618 milhões de cabeças. A maior concentração do rebanho está localizada na região Norte
do país reunindo cerca de 66,38% do efetivo, e o restante distribuídos entre as Regiões Sudeste
(13,86%), Nordeste (8,94%), Sul (6,98%) e Centro-Oeste (3,84%). Os Estados do Pará e
Amapá, juntos, concentram cerca de 58,92% do rebanho nacional no ano de 2019. Dando a
região Norte o status de maior rebanho bubalino do Brasil (IBGE, 2021).
A criação do búfalo na região gerou intensos conflitos por causa de terras devidas esse
tipo de criação ser extensivo, soltos, entrando em choque com as populações ribeirinhas e
lacustres em alguns territórios da Baixada. Devido ao desconhecimento sobre o animal e sua
criação, o início dessa atividade no município se tornou conflituosa, visto que os animais
adentravam nas áreas de produção de agricultores, assim como, lagos e açudes, causando alguns
danos. Com essa situação alguns camponeses que viviam da agricultura de subsistência
deixaram de produzir e passam se mudaram para a zona urbana do município, ocorrendo assim,
um aumento do êxodo rural (COSTA, 2013).
3 METODOLOGIA
O trabalho foi conduzido durante os meses maio de 2023 a julho de 2023, no município
de Vitória do Mearim – MA (Coordenadas 3º 28’00” S, 44º 53’00’’W) situado a 179 km de
distância da capital maranhense, fazendo parte da Mesorregião Norte Maranhense e da
Microrregião Baixada Maranhense. O município tem uma extensão territorial de 716,719 km²
e uma população de 30.805 pessoas segundo dados do IBGE (2022). Limita-se ao Norte com
os municípios de Cajari e Arari; ao Sul com Conceição do Lago Açu; a Leste com Arari e a
Oeste com Cajari e Igarapé do Meio.
4 RESULTADOS E DISCURSSÕES
Os dados mostraram que a bubalinocultura não é uma atividade recente na região, pois
quando questionados sobre o tempo de permanência na atividade variou média de 2 a 47 anos.
Tendo como principais motivos para estarem na atividade: a rentabilidade, herança familiar,
baixo investimento, rusticidade e facilidade de criação na região.
Tendo em vista que a propriedade “A” faz-se o uso de ordenha mecanizada, estábulos
cobertos, currais com água a vontade para as matrizes em lactação, diferente das outras
propriedades que utilizam de currais a céu aberto o que dificulta a extração do produto
interessado naquela propriedade.
Tabela 1: Produção leiteira (diária) das propriedades no município de Vitória do Mearaim -MA
PROPRIEDADES MÉDIA DIARIA DE LEITE
A (620 ha) 80-100 litros por dia (40~45 matrizes)
B(500 ha) 60-90 litros por dia (38~40 matrizes)
C (300 ha) 30-40 litros por dia (20~28 matrizes)
D (200 ha) 45-60 litros por dia (20~30 matrizes)
E (500 ha) 20-30 litros por dia (16 matrizes)
F (42 ha) 15-20 litros por dia (8 matrizes)
G (580 ha) 15-20 litros por dia (3~5 matrizes)
H (188 ha) 10-15 litros por dia (2 ~ 5 matrizes)
Fonte: Dados da pesquisa (2023).
No grupo das cultivadas foi citado o capim Mombaça (Panicum maximum cv.
Mombaça), Massai (Megathyrsus maximus), Tangola (Brachiaria arrecta). Entre as forrageiras
nativas foram citados o Capim de marreca (Paspalum conjugatum), Capim açú (Andropogon
minarum), Canarana (Echinochloa pyramidalis LAM) e o Capim de capivara (Hymenachne
Todos os produtores realizam a produção por meio de monta natural, porém há uma
procura de alguns pela inseminação artificial, contudo ainda não são uma realidade no
município atualmente, por falta de infraestrutura, profissionais capacitados na região e
dificuldade na aquisição de sêmen, o que também foi encontrado por Meneses (2021) e Bezerra
(2016).
Dados da entrevista mostra que todos das propriedades dizem estar em dia com a AGED,
tanto na vacinação de aftosa quanto brucelose. Das unidades produtivas visitadas, 100%
afirmam fazer vermifugação estratégica, seguindo planejamento de duas vezes ao ano. Quanto
ao teste de mastite (Figura 1), apenas uma (12%) propriedade realiza o teste diariamente, 75%
realiza mensalmente e 13% não realiza, tendo em vista que o único método que trás melhor
resultado é quando é feito diariamente. Quanto à limpeza, cinco afirmam fazer limpeza antes
da ordenha e três faz-se a limpeza antes e depois da ordenha.
Figura 1: Resultado de teste de mastite realizado em leite de fêmeas bubalinas no município de Vitória do
Mearim - MA
Durante entrevista, os proprietários citam que os gastos mensais com a produção total
da propriedade com a atividade variam de 800 a 1 mil reais, dependendo das estações (inverno
e verão), pois no começo do inverno aumenta os gastos com as cercas, pois tem que levantar o
arame nas áreas alagadas e abaixar no começo do verão (abaixamento). Alguns produtores
A lista de insumos e seus gastos é pequena, sendo eles apenas vacinas (preventivas e
vermífugas), sementes de capim, aparelhos elétricos, isoladores, pregos, grampos, arame e
estacas, basicamente para a formação de uma área para cercados grandes e piquetes,
corroborando com os dados de Meneses (2021).
Figura 2: Queijo artesanal produzido a partir do leite de bubalino no município de Vitória do Mearim-MA.
6 CONCLUSÃO
Para alcançar tal proposito é necessário mudanças como Melhorias a serem feitas para
maior produção e ganho dos produtores: criação de uma associação de produtores para melhorar
a busca por capacitações e assistência técnica, abrangendo todos os produtores, tendo em vista
que só alguns possuem melhoria das estradas vicinais para os povoados onde ocorre a produção,
inspeção municipal dos produtos agropecuários, dando selos e certificação para a produção,
visando melhorias na comercialização interestadual e regional, maior apoio dos órgãos públicos
com a bubalinocultura leiteira, sabendo sua importância econômica para o município e buscar
apresentar melhor seus produtos, extinguindo o preconceito que ainda há com subprodutos
advindos do búfalo em geral.
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CAPÍTULO 11
A CULTURA DO MILHO: RELAÇÃO ENTRE OS ÍNDICES DE PRECIPITAÇÃO E
A PRODUÇÃO DO GRÃO NO MUNICÍPIO DO CRATO - CE
RESUMO
O milho é um cereal muito consumido no Nordeste brasileiro e tem relevada importância cultural na vida do
sertanejo. Ele tem uma forte ligação com as chuvas e sua produção é caracterizada pela baixa tecnologia utilizada
pelos pequenos agricultores, que são os mais atingidos pela ausência de chuvas. Dada à importância do tema, o
presente estudo teve por objetivo analisar os impactos da seca, causados pelas mudanças climáticas no semiárido
brasileiro, na cultura do milho, na cidade do Crato – CE. Para levantamento dos dados foram realizadas pesquisas
bibliográficas e da plataforma MarkSim, e dados oficiais do governo brasileiro, para verificação da relação do
regime pluviométrico com a produção de milho no município do Crato. Como resultados conclui-se que escassez
de água, exemplificada pelo ano de 2010, não apenas reduziu a área cultivada, mas teve repercussões significativas
na produtividade total. Da mesma forma, o excesso de chuva em 2016, que se assemelhou à produção de 2010,
destaca os desafios de lidar com extremos climáticos, independentemente da direção.
1 INTRODUÇÃO
Apesar das adversidades climáticas, o semiárido possui uma riqueza ambiental e cultural
singular, expressa no seu bioma predominante: a caatinga. Ela é um bioma exclusivamente
brasileiro, que ocupa cerca de 11% do país. A caatinga apresenta uma flora diversificada e
adaptada às condições de seca, com mais de 11 mil espécies de plantas catalogadas, das quais
cerca de 40% são endêmicas, ou seja, só ocorrem nesse bioma. Entre as famílias botânicas mais
representativas da caatinga, estão as cactáceas, as euforbiáceas, as bromeliáceas, as
leguminosas e as gramíneas (BRASIL, 2021). Essa biodiversidade vegetal é fundamental para
a manutenção dos serviços ecossistêmicos, como a regulação do clima, a conservação do solo
e da água, e a provisão de alimentos e medicamentos. Além disso, a caatinga abriga uma fauna
diversa, com mais de 900 espécies de animais, muitos deles ameaçados de extinção.
Nas terras semiáridas residem perto de 28 milhões de habitantes, dos quais 62% em
cidades e 38% em zonas rurais (BRASIL, 2021). Isso faz do semiárido brasileiro um dos mais
populosos do mundo.
Essa população possui uma forte identidade cultural, marcada pela resistência e pela
criatividade diante das dificuldades impostas pelo clima. A agricultura é uma das principais
atividades econômicas e sociais da região, que se baseia na produção de culturas de sequeiro,
O milho é amplamente consumido tanto na zona rural quanto nos centros urbanos do
semiárido, por se tratar de alimento energético e acessível (CRUZ, 2011). Também é
ingrediente primordial na composição de ração animal, especialmente para aves e suínos
criados na região, que geram produtos de origem animal e movimentam a economia local
(ALVES; AMARAL, 2011).
A cultura do milho na cidade do Crato, foi escolhida como foco da pesquisa, pois esse
município, além de integrar a região onde vivem os discentes e autores, abrange uma extensa
zona rural e tem o milho como um de seus principais produtos agrícolas.
2 METODOLOGIA
Desse modo, a abordagem se caracteriza como uma leitura analítica, a qual é definida
por Gil (2002, p. 78) como de “natureza crítica”, visando a “ordenar e sumariar informações
contidas nas fontes, de forma que estas possibilitem a obtenção de respostas ao problema de
pesquisa”. Como será mais bem detalhado a seguir, os dados e sua respectiva interpretação
seguem abalizados e inter-relacionados conforme o olhar analítico a ser direcionado num
enfoque pesquisador com essa contextualização.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise do Gráfico 1 pode ser estendida para considerar a relação entre a produção
agrícola e fatores como área plantada e índices pluviométricos na região para o período em
questão. O Gráfico 2, que apresenta a área cultivada com milho no município do Crato – CE no
período de 2004 e 2021, evidencia o que acaba de ser dito.
Gráfico 2: Área, em hectares, cultivada com milho no município do Crato entre os anos de 2004 e 2021.
No período de 2004 a 2021 nem sempre há uma correlação entre a área plantada e a
produtividade do milho no município do Crato – CE. Se, por um lado, a pequena área cultivada
no ano de 2010 coincide com a baixa produtividade daquele mesmo ano, por outro lado, no ano
de 2016, essa relação não se mantém, pois, nesse momento, dentro da série considerada, a
produção do grão não acompanhou o aumento da área plantada com ele.
Para entender melhor essa relação é preciso incluir uma terceira variável nesse estudo:
os índices pluviométricos para os anos considerados na série histórica. Sob a perspectiva da
quantidade de chuva, o ano de 2010 foi um dos menos chuvosos dentro do período analisado.
Aqui, uma questão importante merece ser destacada: a baixa precipitação pode justificar
tanto a pouca área plantada nesse ano, quanto a baixa produtividade da cultura para o período.
No entanto, quando a área plantada atingiu seu ápice (Gráfico 2), entre os anos de 2016
e 2017, nota-se uma queda considerável nos índices de produção (Gráfico 1). Nesse sentido, é
crucial considerar não apenas a abundância de chuvas, destacadas pelos Gráficos 5 e 6, mas
também os potenciais desafios associados a essas condições climáticas. Os dados que delineiam
as linhas pluviométricas desses anos, revelam não apenas um aumento na precipitação, mas
também a importância de compreender as características específicas dessas chuvas, como
intensidade e distribuição temporal, para uma avaliação mais completa dos impactos na
produção de milho.
A escassez de água, exemplificada pelo ano de 2010, não apenas reduziu a área
cultivada, mas teve repercussões significativas na produtividade total. Da mesma forma, o
excesso de chuva em 2016, que se assemelhou à produção de 2010, destaca os desafios de lidar
com extremos climáticos, independentemente da direção.
A seca, fenômeno natural e cíclico que pontua a história de várias regiões do planeta,
tornou-se mais pronunciada e impactante devido ao aumento da temperatura média da Terra,
resultado direto das emissões dos gases do efeito estufa. Esse agravamento das condições
climáticas tem repercussões profundas nas áreas propensas à seca, especialmente no semiárido,
desencadeando consequências ambientais, sociais e econômicas que afetam de maneira
desproporcional as populações mais vulneráveis.
REFERÊNCIAS
BRASIL. INSA – Instituto Nacional do Semiárido. Semiárido Brasileiro, 2021. Brasília: 2021.
Disponível em: https://www.gov.br/insa/pt-br/semiarido-brasileiro. Acessado em: Jun. 2023.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
MARENGO, J. A. Águas e Mudanças climáticas. Estudos Avançados, ano 22, n. 63, 2008.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142008000200006. Acessado em: Jun. 2023.
CAPÍTULO 12
MÉTODO ÍNDICE DE QUALIDADE NA DETERMINAÇÃO DO
FRESCOR DA PESCADA BRANCA (PLAGIOSCION SQUAMOSISSIMUS) 3
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo descrever o desenvolvimento de um protocolo sensorial à pescada branca
(Plagioscion squamosissimus) baseado no Método Índice de Qualidade (MIQ). Para isso, amostras de pescada
branca foram submetidas a dois tratamentos (T): No T1 as amostras foram armazenadas em gelo e no T2, sem
refrigeração. Para cada amostra foram avaliados os parâmetros de aparência da pele, firmeza da carne, escamas,
limo, odor, olhos, brânquias e cavidade bucal, pontuados em valores de 0 a 1, de 0 a 2, ou de 0 a 3, onde os valores
mais elevados acumularam deméritos, que somados geraram o índice de Qualidade (IQ). As amostras do T1
sofreram alterações a partir do segundo dia após o começo das observações, apresentando valor de IQ de 0 a 7
pontos de demérito nos três primeiros dias e de 8 a 18 entre 4 e 10 dias. As alterações do T2 foram observadas a
partir de 4 horas após o começo das análises, chegando a um IQ de 21pontos de demérito em 12 h, apresentando
odor acentuado, limo excessivo, escamas soltas, aparência opaca, firmeza da carne macia e odor podre,
significando que a pescada estava inapta ao consumo. Essas características são indicadoras de falta de frescor,
implicando no risco ao consumo e rejeição por parte do consumidor. Assim sendo, pode-se afirmar, com base nos
resultados encontrados neste trabalho, que o consumo da pescada branca, mantida sob refrigeração, pode ser feito
até 10 dias e quando não refrigerada, até 12 horas após a captura.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com o State of The World Fisheries and Aquaculture (SOFIA), divulgado no
mês de junho de 2022, a pesca e a produção aquícola atingiram um recorde histórico de 214
milhões de toneladas. Já a aquicultura cresceu 5,7% no cultivo de organismos aquáticos,
alcançando um volume de 122,6 milhões de toneladas em todo o mundo (FAO, 2022). Ainda
de acordo com o relatório SOFIA, o consumo global de pescado atingiu cerca de 20,2 kg per
capita em 2020. Globalmente, os alimentos aquáticos fornecem cerca de 17% de proteína
animal, atingindo mais de 50% em vários países da Ásia e África. O setor emprega cerca de
58,5 milhões de pessoas em produção primária, aproximadamente 21% mulheres (FAO, 2022).
A pescada branca é um pescado pertencente à família Sciaenidae, que tem seu hábitat
em áreas profundas de lagos de várzea, e distribuição geográfica que vai desde o rio Parnaıb́ a,
3
FAPESPA.
2 METODOLOGIA
Firme 0
Escamas Levemente soltas 1
Soltas 2
Ausente 0
Leve presença 1
Limo
Presente 2
Excessivo 3
Peixe fresco 0
Amônia 1
Odor
Óleo de peixe 2
Podre 3
Convexo 0
Forma
Côncavo 1
Olhos Claro 0
Cor Levemente embaçado 1
Embaçado 2
Vermelho 0
Marrom avermelhada 1
Cor
Rosácea 2
Brânquias Branco esverdeado 3
Peixe fresco 0
Odor Amônia 1
Metálico 2
Fechada 0
Cavidade bucal
Aberta 1
Fonte: Adaptado de Oliveira et al. (2022).
2 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos neste trabalho, mostram a descrição dos atributos que mais se
alteraram em função do tempo. Foram observadas e anotadas todas as alterações dos atributos
propostos por Oliveira et al. (2022), no entanto, dois novos atributos foram inseridos, sendo
eles a cavidade bucal e o limo e excluído o atributo rigidez que havia sido proposto por Oliveira
et al. (2022).
Para os dois tratamentos, as alterações dos pescados puderam ser notadas pela perda da
coloração; desaparecimento do brilho e modificação na transparência das córneas; alteração da
coloração, odor e viscosidade do muco presente nas brânquias e na pele. Na aparência da pele,
as características sensoriais receberam notas de 0 a 3, sendo muito brilhante (nota 0), indicando
Observando os dados obtidos para o tratamento sem refrigeração pode-se inferir que as
alterações dos parâmetros analisados começaram a ser percebidas a partir de 4 horas após o
começo das observações, chegando ao Índice de Qualidade (IQ) de 21 pontos de demérito em
apenas 12 horas, tornando-se imprópria ao consumo (Gráfico 1). Foi possível analisar a amostra
de pescada branca do tratamento sem refrigeração por somente 40 horas, após isso a mesma
não pontuou mais escores e alcançou extremo grau de deterioração.
Gráfico 1: Comportamento temporal dos valores de IQ da pescada branca (Plagioscion squamsissimus) mantida
sem refrigeração durante o período de 1 dia.
25
20
15
10
0
0 5 10 15
Tempo (h)
Os resultados obtidos neste trabalho se assemelham aos observados por Teixeira et al.
(2009), quando desenvolveram o MIQ à pescada corvina (Micropogonias furnieri), onde
pontuaram um IQ máximo de 22 pontos de demérito em 14 dias. Os resultados também se
assemelharam aos encontrados por Santos (2011) quando desenvolveram o MIQ à pescada
amarela (Cynoscion acoupa) resultando num IQ de 19 pontos demérito em 17 dias.
REFERÊNCIAS
MARTINSDÓTTIR, E. et al. Reference manual for the fish sector: Sensory evaluation of fish
freshness. QIM-Eurofish, Svanspret ehf, Islândia. 58. 2001. Disponível em:
https://orbit.dtu.dk/en/publications/reference-manual-for-the-fish-sector-sensory-evaluationof-
fish-f. Acessado em: Jun. 2022.
CAPÍTULO 13
ANÁLISE E GESTÃO DO ARRANJO FÍSICO:
ESTUDO DE CASO NA TORRE ADMINISTRATIVA
RESUMO
O correto planejamento e gestão do arranjo físico incide diretamente na otimização de processos e na redução de
custos operacionais. Esse artigo traz um estudo de caso na Torre Administrativa da Universidade Estadual de Santa
Cruz para avaliar o arranjo físico atual e propor a otimização do fluxo de movimentação, considerando a disposição
das salas e suas dimensões. A metodologia utilizada envolveu revisão bibliográfica, coleta de dados da instituição,
e observações no local, uso de um método híbrido a partir da matriz de movimentação para controle e análise de
dados, além da utilização de ferramentas como a planilha eletrônica Microsoft Excel. Como resultado, foi possível
identificar oportunidades de melhorias a partir da realocação de alguns departamentos, o que sugere uma influência
positiva, não só na redução de movimentação, mas também na diminuição de custos relacionados ao tema.
1 INTRODUÇÃO
O planejamento do arranjo físico é benéfico às organizações, seja qual for o porte dessas,
tendo em vista que esse importante exercício pode promover produtividade, em razão da
redução de custos de operação e de tempo de movimentação (RODRIGUES, 2016; TOLEDO
JÚNIOR, 2007).
Corrêa e Corrêa (2012) destacam que, ainda que a empresa seja prestadora de serviços,
é essencial considerar a localização dos recursos, equipamentos, postos de trabalho, sobretudo
em atividades que requerem a presença do cliente. Afirmam que o uso correto dessa ferramenta
organizacional traz grandes vantagens à empresa, dentre elas está a redução ou extinção de
atividades que não agregam valor.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Zanotti Filho et al. (2013), existe uma série de consequências atreladas a
disposição incorreta do arranjo físico, os quais influenciam a formação de filas, altos lead times,
realização de operações desnecessárias e custos elevados de movimentação. Sendo assim, uma
adequação dos ambientes e dos recursos de forma coerente com as necessidades da organização
e com os movimentos para a execução das atividades, é extremamente importante para
estabelecer padrões de fluxo de movimentos e evitar desperdícios de energia, tempo e dinheiro.
A efetivação de uma mudança no arranjo físico pode ser considerada uma atividade de
difícil adaptação para os membros de uma organização e durante a sua implementação pode
Existem diferentes modelos de arranjos físicos que podem ser implementados dentro de
uma organização e essas diferenças têm origem principalmente na necessidade de cada setor,
departamento ou mesmo na organização como um todo. Um pressuposto básico apresentado
por Slack et al. (2009), diz que o arranjo físico é a forma de disposição geral dos ambientes e
dos recursos necessários para a realização do processo produtivo, os quais podem ser:
Este modelo de arranjo físico consiste em agrupar atividades que possuem processos e
funções semelhantes, assim como agrupar máquinas e equipamentos que possuem o mesmo
modelo de operação, em um mesmo ambiente.
Esse tipo de arranjo físico, é caracterizado pela definição do fluxo de operação dos
recursos antes da execução das atividades da operação, os quais são movimentados até uma
determinada célula e recebem ali as transformações necessárias. Portanto, os itens que requerem
processamentos semelhantes, devem estar dispostos no mesmo ambiente de trabalho para que
o processo de fabricação ou modificações seja eficaz.
Determinado pela ordem estabelecida das atividades envolvidas, o arranjo físico por
produto corresponde a adequação dos postos de trabalho no formato de uma linha de produção,
com intuito de otimizar o processamento dos materiais dentro do processo de produção.
O estudo do arranjo físico efetuado neste trabalho, foi realizado no Edifício José
Haroldo Castro Vieira, o qual é conhecido como Torre Administrativa, localizado na
Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que fica situado na região de Ilhéus na Bahia, o
prédio em questão possui seis andares e um pavimento térreo. A pesquisa realizada contou com
a observação da disposição dos departamentos mediante a utilização da planta baixa do espaço
e a coleta de informações dos fluxos de funcionários, discentes e visitantes na instalação do
prédio. Desta forma, foi possível evidenciar que o modelo de arranjo físico em processo, é o
que melhor condiz com a realidade da disposição das salas dos departamentos e com o fluxo de
movimentação das pessoas, sendo que este modelo de arranjo físico, requer o agrupamento das
atividades que possuem semelhança entre os seus processos e funções.
3 METODOLOGIA
Segundo Yin, o estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo (o “caso”) em profundidade e em seu contexto de mundo real e beneficia do
desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e a análise de dados
(YIN, 2014, p. 17-18).
A etapa de avaliar as dimensões prediais, foi caracterizada pela análise das dimensões
da área da Torre Administrativa, pois estas medidas não podem ser alteradas ou sofrer
modificações estruturais. Deste modo, foram avaliadas as dimensões do prédio através das
plantas baixas disponibilizadas pelo setor da Prefeitura da Universidade, em sequência foram
coletados dados em relação ao fluxo de movimentação de pessoas utilizando os elevadores do
prédio para acessar os setores. Estes dados foram tratados, em uma planilha da Microsoft Excel
com o objetivo de identificar os departamentos que possuem as maiores movimentações de
pessoas e realizando a sugestão de um novo arranjo físico para melhorar a disposição dos
departamentos de forma mais eficaz e eficiente e que reduza o fluxo de pessoas utilizando o
elevador.
O estudo foi realizado na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC),no Edifício José
Haroldo Castro Vieira, conhecido como Torre Administrativa. O prédio está localizado no
Campus Soane Nazaré de Andrade, Rodovia Jorge Amado, Km 16, Bairro Salobrinho, na
cidade de Ilhéus/BA. Em suas dependências encontra-se a área administrativa da UESC, possui
6 andares, dispostos por 42 salas, incluindo um auditório. As informações prediais utilizadas
neste estudo foram extraídas das plantas baixas, gentilmente fornecidas pelo setor da Prefeitura
do Campus.
De forma complementar, foi feita uma análise dimensional das salas distribuídas pelos
seis andares, organizadas em tabelas do Microsoft Excel onde foi realizado um tratamento de
dados das dimensões (m²) das salas para auxiliar no projeto de remanejamento dos
departamentos com dimensões semelhantes, evitando fluxo de pessoas desnecessários, de
forma a minimizar energia e custos com o uso de elevadores. Cabe a ressalva que foi descartado
do estudo o 6º andar por comportar a reitoria ,e o auditório. Espaços nobres, devidamente
planejados, de dimensões peculiares e que requerem segurança. Logo abaixo tem uma tabela
para melhor entendimento da disposição das salas nos andares.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos dados coletados, utilizou-se uma técnica de otimização em projetos de
layout por processos, para isso, foi elaborada uma matriz para cálculo da movimentação diária
de pessoas na torre, utilizando um método baseado na análise de fluxo e distância percorrida.
Nesta abordagem, a distância considerada é equivalente ao número de andares a serem
percorridos do térreo até cada departamento, tais fluxos estão apresentados na tabela 2. É
importante destacar que para elaboração desta matriz, optou-se por desconsiderar as
movimentações interdepartamentais, visto que elas são menos frequentes e não representam
uma tendência, por esse motivo, a análise foi restrita às movimentações iniciadas no térreo.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dos métodos e ferramentas dispostas na literatura, tais como, matriz de/para,
cálculo da movimentação diária, agrupamento por similaridade combinados aos dados
coletados e analisados, foi desenvolvida uma proposta de melhoria.
A proposta feita a partir deste artigo possui diversas limitações, relacionadas tanto a
poderes administrativos, dimensões de salas e impossibilidade de modificações na estrutura
física do prédio da Torre Administrativa da UESC. Mesmo assim, foram analisadas estas
limitações, classificados cada departamento a partir de análises dimensionais, elaboradas
tabelas, e a partir disto, foi feita a proposta de realocação de departamentos em diferentes
andares, resultando em melhorias que possibilitam reduções em, aproximadamente 20% nas
movimentações.
TOLEDO JR., I. F. B. Layout - arranjo físico. 9. ed. São Paulo: Itys Fides, 2007.
TOLEDO, I. F. B. J. Layout - Arranjo Físico. 9. ed. São Paulo: Itys Fides, 2007.
YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Editora Bookman,
2014. p. 320. ISBN 9781452242569.
YIN, R.K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 320
p. ISBN 9781452242569. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=EtOyBQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PR1&dq=estudo+de+caso+yin+2015&ots=ldn
ouD2su&sig=fHlEdtqTxfHzVs2E9xXMeWv6dxw#v=onepage&q=estudo%20de%20caso%2
0yin%202015&f=false. Acessado em: Set. 2023.
CAPÍTULO 14
EMERGÊNCIA E CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE ABRICÓ - DE -
MACACO EM DIFERENTES SUBSTRATOS
RESUMO
No Brasil, o abricó-de-macaco é uma árvore utilizada principalmente de forma ornametal e para o reflorestamento,
sendo empregada na arborização de ruas e praças em grandes centros urbanos e fazendas. Nesse contexto,
objetivou-se com esse trabalho avaliar a influência de diferentes substratos sobre a emergência e crescimento
inicial de plântulas de abricó-de-macaco (Couroupita guianensis Aubl.). O experimento foi realizado em casa de
vegetação pertencente ao Departamento de Agrárias e Exatas do Centro de Ciências Humanas e Agrárias (CCHA)
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), em Catolé do Rocha-PB. O delineamento experimental utilizado foi
inteiramente casualizado, com dez tratamentos e quatro repetições. As sementes foram semeadas em bandejas
plásticas, contendo os seguintes substratos e/ou combinações: S1 - areia lavada; S2 - terra de subsolo; S3 - areia +
húmus 1:1; S4 - areia + vermiculita 1:1; S5 - areia + pó de coco 1:1; S6 - areia + pó de madeira 1:1; S7 - terra de
subsolo + húmus 1:1; S8 - terra de subsolo + vermiculita 1:1; S9 - terra de subsolo + pó de coco 1:1 e S10 - terra de
subsolo + pó de madeira 1:1, em quatro repetições de 25 sementes. Para avaliar o efeito dos tratamentos foram
determinadas as seguintes características: porcentagem de emergência, índice de velocidade de emergência,
comprimento de parte aérea e raiz principal, massa seca de parte aérea e raízes de plântulas. Diante dos resultados,
constatou-se que a combinação dos substratos areia + vermiculita na proporção 1:1 (S4), bem como, o substrato
terra de subsolo (S2), são os mais eficientes para promover a emergência e o crescimento inicial de plântulas de
Couroupita guianensis.
1 INTRODUÇÃO
A espécie Couroupita guianensis Aubl. também conhecida vulgarmente por castanha-
de-macaco, abricó-de-macaco, cuia-de-macaco, macacarecuia, é uma árvore originária da
Floresta Amazônica, pertencente à família das Lecythidaceae (LORENZI, 1992). Sendo uma
planta típica de solos brejosos, possui um bom desenvolvimento em terrenos secos, se adapta
ao calor, a umidade e tolera o encharcamento, o que lhe propicia a condição de ser usada em
outras regiões do país (LORENZI, 2000; SOBRINHO, 1999).
Decorrido esse período as sementes foram semeadas em bandejas plásticas, com furos
na parte inferior para a drenagem da água, com dimensões de 49,0 x 33,0 x 7,0 cm de
comprimento, largura e profundidade, respectivamente, entre os seguintes substratos e/ou
combinações: S1 - areia lavada; S2 - terra de subsolo; S3 - areia + húmus na proporção 1:1; S4 -
areia + vermiculita na proporção 1:1; S5 - areia + pó de coco na proporção 1:1; S6 - areia + pó
de madeira na proporção 1:1; S7 - terra de subsolo + húmus na proporção 1:1; S8 - terra de
subsolo + vermiculita na proporção 1:1; S9 - terra de subsolo + pó de coco na proporção 1:1;
S10 - terra de subsolo + pó de madeira na proporção 1:1. A semeadura foi realizada a uma
profundidade de 2 cm e as bandejas foram postas em casa de vegetação, com incidência direta
da luz solar. Os substratos foram umedecidos diariamente com regadores manuais, e para
verificar o efeito dos tratamentos foram avaliadas as seguintes variáveis:
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Quadrados médios e coeficiente de variação (CV) referentes à porcentagem de emergência (E), índice
de velocidade de emergência (IVE), comprimento da parte aérea (CPA) e de raiz principal (CR), massa seca da
parte aérea (MSPA) e de raízes (MSR) de plântulas de Couroupita guianensis em diferentes substratos.
Quadrados médios
FV GL E IVE CPA CR MPA MSR
Trat. 9 406,400000* 0,117517* 0,786917* 1,557806* 0,000953* 0,000224*
Erro 30 43,200000 0,005398 0,236917 0,189917 0,000426 0,000029
CV - 7,86 9,35 6,95 8,41 10,95 16,29
(%)
Legenda: Valor de F significativo a 5% de probabilidade; Trat. = tratamento; FV = fonte de variação; GL = grau
de liberdade; CV (%) = Coeficiente de variação.
Fonte: Autoria própria (2023).
Atualmente, a maior parte dos substratos utilizados para produção de mudas é uma
combinação de dois ou mais componentes, com o intuito de alcançar propriedades químicas e
físicas adequadas às necessidades específicas de cada espécie. No entanto, é difícil encontrar
essas características num único substrato, assim, torna-se necessário a mistura de outros
materiais, como demonstrado no presente trabalho, para conseguir uma composição ideal.
Para Laviola et al. (2006) a emergência das plântulas pode acontecer em qualquer tipo
de substrato que proporcione reserva de água suficiente para que ocorra o processo germinativo,
entretanto, os resultados podem ser variados e de acordo com a metodologia empregada e/ou
ainda com o substrato ou a mistura utilizada.
De acordo com Dutra et al. (2012) as características físicas, porosidade que é a relação
entre o volume de poros, e o volume total de um certo material e a capacidade de
armazenamento de água presente nos substratos afetam positivamente a germinação, sendo
responsáveis por excelentes desempenhos no processo germinativo.
Tabela 3: Comprimento de parte aérea (CPA) e raiz (CR), massa seca de parte aérea (MPA) e raízes (MSR) de
plântulas de Couroupita guianensis, em função de diferentes substratos. Catolé do Rocha - PB.
Tratamentos CPA CR MPA MSR
(cm plântula1) (g plântula-1)
S1 - areia lavada 6,80 b 4,97 b 0,185 b 0,031 b
S2 - terra de subsolo 6,65 b 5,07 b 0,176 b 0,030 b
S3 - areia + húmus na proporção 1:1 7,35 a 5,72 a 0,187 b 0,029 b
S4 - areia + vermiculita na proporção 1:1 7,90 a 6,05 a 0,222 a 0,052 a
S5 - areia + pó de coco na proporção 1:1 7,30 a 5,97 a 0,195 b 0,034 b
S6 - areia + pó de madeira na proporção 1:1 7,10 a 5,57 a 0,178 b 0,034 b
S7 - terra de subsolo + húmus na proporção 1:1 6,90 b 4,72 b 0,176 b 0,029 b
S8 - terra de subsolo + vermiculita na proporção 1:1 7,05 a 4,77 b 0,206 a 0,037 b
S9 - terra de subsolo + pó de coco na proporção 1:1 6,35 b 4,12 c 0,180 b 0,027 b
S10 - terra de subsolo + pó de madeira na proporção 1:1 6,62 b 4,82 b 0,177 b 0,026 b
CV (%) 6,95 8,41 10,95 16,29
Legenda: Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott
Knott a 5% de significância.
Fonte: Autoria própria (2023).
4 CONCLUSÃO
A combinação dos substratos areia + vermiculita na proporção 1:1 (S4), bem como, o
substrato terra de subsolo (S2), são os mais eficientes para promover a emergência e o
crescimento inicial de plântulas de Couroupita guianensis.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO NETO, S. E. et al. Plantio direto de cebolinha sobre cobertura vegetal com efeito
residual da aplicação de composto orgânico. Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 40, n. 5, p.
1206-1209. maio 2010. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-84782010000500033.
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CAPÍTULO 15
ÁCIDOS HÚMICOS COMO ATENUADORES DE ESTRESSES CAUSADOS POR
METAIS PESADOS E SALINIDADE
RESUMO
Com o aumento da industrialização, problemas como a contaminação ambiental tem sido mais recorrente, afetando
ecossistemas terrestres e aquáticos. O solo apresenta extrema importância para diversas atividades, por exemplo
para a obtenção de alimentos, e sua contaminação ameaça a funcionalidade deste recurso natural. A contaminação
pode ser devido à metais pesados no solo, o qual ocorre principalmente por mineração, lixões, atividades agrícolas
e industriais, o contato com estas substancias toxicas pode causar risco à saúde humana, o solo e os vegetais,
influenciando no desenvolvimento e degradando a qualidade do solo. A exemplo disso, o cádmio tem influência
nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas, afeta a fotossíntese e interrompe a absorção e translocação
de nutrientes essenciais, e por ser um elemento altamente móvel, a planta apresenta dificuldade em não o acumular.
Ademais, o chumbo é um metal fácil de encontrar, estando presente em atividades de mineração, fertilizantes,
pesticidas e outras atividades, é um elemento não essencial e em altos níveis afeta a fisiologia, estrutura e
bioquímica das plantas. O Arsênio é encontrado nas rochas como resultado de atividades vulcânicas e industriais,
mas no solo é encontrado na forma de arsenato, afetando a biomassa, área radicular e causando distúrbios
fisiológicos. Sendo um micronutriente essencial para as plantas, o cobre ocorre naturalmente no ambiente, é um
metal poluente comum em estufas, devido ao uso de fungicidas com base de Cu, e causa redução no crescimento
foliar, inibe a fotossíntese e afeta a morfologia radicular. Além disso, há o excesso de sal no solo que é ocasionado
devido à má distribuição de água, uso de água em excesso ou de má qualidade e irrigação inadequada, acarretando
limitações na produção agrícola e prejudicando o crescimento das plantas. Em consequência disso, com o intuito
de mitigar a poluição dos solos e evitar qualquer dano ao meio ambiente e aos seres humanos, o uso de substancias
naturais, como os ácidos húmicos, está sendo mais requisitado. Os ácidos húmicos possuem ácidos carboxílicos e
nitrogênio, são compostos orgânicos provenientes da decomposição de restos vegetais e animais que podem ser
utilizados a favor das plantas, além de apresentar melhora nas funções do solo, como na fertilização e habilidade
anti-acidificante. Nos solos contaminados por metais pesados e salinidade, os ácidos húmicos auxiliam no
crescimento e desenvolvimento da planta, conseguem equilibrar a mobilização dos metais tóxicos, melhoram a
disponibilidade de nutrientes do solo e aprimoram o sistema de defesa para estresse na planta. Desta forma, a
revisão tem como objetivo informar a importância destas substancias como possíveis remediadoras dos efeitos dos
adversos em plantas sob estresse por metais pesados e salinidade.
1 INTRODUÇÃO
A industrialização tem aumentado em todo o mundo e com isso tem gerado diversos
problemas, principalmente sobre a contaminação ambiental. O solo é um recurso natural valioso
para os ecossistemas terrestres para obtenção de alimentos, e ecossistemas aquáticos servindo
como barreira para evitar contaminação das águas subterrâneas. A contaminação por metais
As substâncias húmicas (SH) são compostas de ácido húmico, ácido fúlvico, huminas e
ácidos himatomelânicos. Os ácidos húmicos são responsáveis pela maior parte das substâncias
húmicas, possuindo ácidos carboxílicos e nitrogênio, os fúlvicos são solúveis em água, ácidos
e alcalinos, as huminas por sua vez são insolúveis em soluções ácidas e alcalinas compondo a
menor fração das substâncias húmicas, e os ácidos himatomelânicos são formados por
partículas pequenas que ficam suspensas ao se misturar com a água (CARON; GRAÇAS;
CASTRO, 2015). São compostos orgânicos provenientes da decomposição de restos vegetais e
animais que podem ser utilizados para estimular a síntese dos hormônios vegetais, favorece a
germinação, o desenvolvimento e o crescimento dos vegetais, promovem ATP nas células das
raízes, auxiliam nas reações enzimáticas e aumentam os níveis de clorofila (CARON;
GRAÇAS; CASTRO, 2015). Possuem também uma troca catiônica elevada e são encontradas
em águas, solos e na matéria orgânica contínua (CANELLAS et al., 2005).
Além disso, o ácido húmico tem efeito de desintoxicação e pode aumentar a resistência
das plantas contra diferentes estresses abióticos e bióticos, como salinidade, toxicidade de
metais pesados, seca e patógenos (RANJBAR-FORDOEI; DEHGHANI-BIDGOLI, 2016;
SOFI et al., 2018).
Dias et al. (2023) observou no seu experimento como a aplicação de ácidos húmicos e
fúlvicos influenciaram na germinação de sementes de espécies de ipês, e foi analisado que os
ácidos húmicos obtiveram maior desenvolvimento radicular e maior tamanho total das mudas,
e esse crescimento se deve pela presença das substâncias húmicas que alteram o crescimento
desse vegetal (CANELLAS et al., 2015), sendo uma ação dos hormônios vegetais a exemplo
do hormônio auxina que incentivado pelas substâncias húmicas interferem no crescimento
radicular dessa planta (TREVISAN et al., 2010), como também pela absorção direta e indireta
das proteínas, ajudando nas estruturas químicas, físicas e biológicas do solo que auxiliam no
crescimento da raiz e na síntese dessas proteínas (DOBBS, 2016).
Noboa (2019) em seu estudo feito que avaliou o efeito da aplicação de três produtos à
base de ácidos húmicos e fúlvicos sobre o crescimento em plantas de Theobroma cacao L.
constatou um ótimo rendimento sobre o crescimento das mudas de cacau, um alto crescimento
foliar, um elevado desenvolvimento radicular e uma sobrevivência de 92,50% de plântulas ao
final do experimento, concordando com Melo (2006) que afirma que as SH influenciam de
forma direta na fixação das raízes, e também na resistência à condições ambientais.
O contato com os metais pesados pode causar riscos à saúde humana, ocorrendo por
inalação, pelo contato da pele e pela ingestão, sendo o mais grave, e podem ser cancerígenos
ou não cancerígenos. Nos solos e nos vegetais os metais pesados afetam o desenvolvimento, o
ciclo biogeoquímico e causam a degradação da qualidade do solo (SILVA, 2019).
2.2.1 Cádmio
O cádmio tem influência nos processos bioquímicos e fisiológicos das plantas pela
acumulação de espécies reagentes ao oxigênio (EROs), a inativação de enzimas, a inibição da
síntese de clorofila, redução de pigmentos fotossintéticos, destruição de aparatos
fotossintéticos, a redução da respiração e assimilação de carbono e a interrupção da absorção e
translocação de nutrientes elementares, os quais levam ao retardo do crescimento ou a morte da
planta (RONG et al., 2020). Este metal possui alta mobilidade, é solúvel em água e não
degradável, o que dificulta a prevenção das plantas em acumular este elemento, e a fácil
absorção, especialmente por se tratar de um elemento móvel.
Song et al. (2020) realizou uma pesquisa para analisar a influência da aplicação de
ácidos húmicos sob a toxicidade de cádmio em Pennisetum híbrido, no estudo foi possível notar
a redução da biomassa, crescimento foliar e número de folhas, porém com a aplicação do ácido
húmico os efeitos negativos do cádmio foram controlados, além de aumentar a biomassa da
planta e o número de pigmentos fotossintetizantes.
2.2.2 Chumbo
O chumbo (Pb²+) é tóxico para o meio ambiente e é produzido através de minérios como
anglesita (PbSO4), galena (PbS) o mais importante da fonte do chumbo e a cerusita (PbCO3)
(MAZUCCO, 2008), e está no ambiente presente em fabricação de tintas, atividades de
mineração, fabricação de louças e cerâmicas (CORPAS; BARROSO, 2016), recuperação de
baterias, fabricação de pigmentos, PVC, borrachas, vidros, cabos elétricos, soldas de peças
(GRIGOLETTO, 2011), projétil de armas, aditivos de combustíveis, fertilizantes e pesticidas
(SILVA, 2014). Nas plantas, ele pode provocar distúrbios na mitose, diminuição da biomassa,
alteração da permeabilidade da membrana, variação enzimática, e indução de micronúcleos
(CORPAS; BARROSO, 2016), pode ser acumulador nos tecidos radiculares e inibir o
O chumbo é um elemento não essencial para as plantas e em altos níveis podem atingir
de forma fisiológicas, estruturais e bioquímicas as plantas (MORAES, 2011), sendo eles clorose
foliar, diminuição da fotossíntese, limitação na germinação de semente, modificação na ação
enzimática, modifica o balanço hormonal e hídrico e pode causar um escurecimento nas raízes
(ROMEIRO et al., 2007).
2.2.3 Arsênio
De acordo com Wang et al. (2021), As é comumente encontrado nas rochas como
resultados de atividade vulcânicas e industriais, e, no solo e na água na forma de arsenato, o
qual pode acarretar sérios problemas fitotóxicos, como por exemplo, a redução de biomassa e
raízes, que escurecem, além de interferir diversos processos metabólicos, resultando em
distúrbios fisiológicos.
O estudo feito por Qi Wang et al. (2020) sobre a regulação da fitotoxicidade do arsenato
(As) com a adição de substâncias húmicas (HU) em plantas de alface, analisou o sistema
antioxidante das plantas, e verificou que os teores de peroxidação lipídica (MDA) nas raízes
mudaram significativamente quando o teor de arseniato da solução de cultivo foi superior 5,0
mg/L, onde os teores de MDA nas raízes sob o tratamento As-HA a 5mg/L foi 11,21% menor
do que no tratamento As 10 mg/L. Constatou também que o peso fresco da alface sob o
tratamento de As-HA a 10 mg/L aumentou 227,43% comparado ao alface sob o tratamento de
As a 10 mg/L, demonstrando que adição das substâncias húmicas reduziu os efeitos tóxicos do
As no desenvolvimento da planta.
Segundo Ali et al. (2020), quando as plantas são submetidas a ambientes estressantes,
espécies reagentes ao oxigênio (EROs) são geradas, as quais podem causar danos oxidativos
em muitos componentes celulares, devido sua alta afinidade de reagir com biomoléculas e
alteram sua estrutura e habilidade funcional , incluindo proteínas, ácidos nucléicos, degradação
da clorofila e a peroxidação da membrana lipídica, reduzindo a fluidez e seletividade da
membrana, essa ação é considerada um indicador de danos oxidativos. Dessa forma, para
controlar os níveis de EROs e proteger as células, as plantas possuem muitas enzimas
antioxidantes como, superóxido dismutase, catalase, peróxido e eliminação de ascorbato
peroxidase.
3 CONCLUSÃO
Portanto, conclui-se que os metais pesados Cd, Cu, Pb e As mostraram efeitos similares,
atingindo o desenvolvimento vegetal e os processos químicos e bioquímicos das plantas, com
a aplicação dos ácidos húmicos foi possível analisar os efeitos atenuadores destas substâncias.
No estresse salino as plantas têm seu crescimento afetado e danos oxidativos, porém os ácidos
húmicos se mostraram capazes de inibir os efeitos adversos.
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CAPÍTULO 16
POTENCIAL DE AÇÃO DO BIOCARVÃO NA MITIGAÇÃO DE METAIS PESADOS
EM SOLOS DA AMAZÔNIA
RESUMO
A contaminação do solo por metais pesados tem se tornado uma preocupação global iminente, e quando se trata
da Amazônia, os cuidados com a introdução de chumbo, mercúrio, cádmio e outros contaminantes têm elevada
preocupação. E o resíduo gerado em alguns processos como bagaço de cana-de-açúcar, casca de milho e caroço
de açaí são um problema de despejo, quando são depositados de maneira incorreta, causando danos à saúde de
animais e seres humanos. Com isso, o presente estudo tem o intuito de fazer uma abordagem sobre a produção de
biocarvão, com uso de resíduos de caroço de açaí, bagaço de cana-de-açúcar e casca de arroz, como estratégia
sustentável para uso como mitigador de metais pesados no solo. Nesse sentido, para o aproveitamento, a fabricação
de biocarvão, que também é conhecido como carvão vegetal ativado ou biochar, emerge como uma ferramenta
promissora na mitigação de metais pesados no solo. Suas propriedades adsorventes permitem que ele se ligue aos
metais pesados, diminuindo sua disponibilidade e mobilidade no solo. Além disso, a presença do biocarvão em
solos alcalinos desempenha um papel crucial ao elevar o pH em solos ácidos, reduzindo a mobilidade de metais
catiônicos. Este efeito é alcançado devido à competição reduzida entre íons H+ e íons metálicos nos sítios de troca
do biocarvão, atenuando assim a contaminação do solo e seus efeitos adversos sobre as plantas. A incorporação
estratégica de biocarvão em solos contaminados destaca-se não apenas por sua capacidade de adsorção, mas
também pela capacidade de modular as condições do solo, proporcionando uma abordagem abrangente e eficaz
para a remediação de áreas impactadas por metais pesados.
1 INTRODUÇÃO
A contaminação do solo por metais pesados é uma preocupação ambiental significativa,
resultado da introdução de elementos como chumbo, mercúrio, cádmio e outros no solo, muitas
vezes devido a atividades industriais, mineração, agricultura intensiva ou descarte de resíduos
(DIAS; BELOTTI, 2021; SOUZA; MORASSUTI; DEUS, 2018). Esses metais podem persistir
no solo, afetando negativamente a saúde humana, a flora e a fauna, além de infiltrar-se nas
águas subterrâneas, ampliando os danos ao meio ambiente (FERREIRA et al., 2021). Esse tipo
de poluição representa um desafio para a saúde pública e a sustentabilidade dos ecossistemas.
Nesse contexto, o biocarvão, também conhecido como carvão vegetal ativado e/ou
biochar, pode ser uma ferramenta eficaz na mitigação de metais pesados no solo. Ele possui
propriedades adsorventes que podem se ligar aos metais pesados, reduzindo sua disponibilidade
A presença do biocarvão no solo, por ser um meio alcalino, pode desempenhar um papel
crucial ao elevar o pH em solos ácidos, reduzindo a mobilidade de metais catiônicos, em
decorrência da competição reduzida entre íons H+ e íons metálicos nos sítios de troca do
biocarvão, atenuando a contaminação do solo e seus efeitos prejudiciais sobre as plantas
(PUGA, 2015; CANTONI et al., 2019; FONSECA, 2020).
Portanto, o presente estudo tem o intuito de fazer uma abordagem sobre a produção de
biocarvão, com uso de resíduos de caroço de açaí, bagaço de cana-de-açúcar e casca de arroz,
como estratégia sustentável para uso como condicionador, a fim de mitigar os metais pesados
presente no solo.
2 REVISÃO DE LITERATURA
Outro fator importante, está associado a otimização dos insumos agrícolas, tais como
adubação e a aplicação de compostos que controlam a incidência de competidoras em algumas
culturas exigentes do nutriente fósforo, isso se dá pela disponibilidade do biocarvão ter fósforo
natural, resultando em uma melhor eficiência da planta (OLIVEIRA, 2012). Diante do exposto,
sugere benefícios amplos para a recuperação de áreas degradadas e o aumento da eficiência
agronômica (IPPOLITO et al., 2015).
O estudo conduzido por Zhan et al. (2015) apresentou resultados significativos após
quatro anos de experimento com uso de biocarvão como condicionante do solo, destacando os
benefícios, observou-se um aumento notável de 27,5% no teor de nitrogênio total, um
expressivo acréscimo de 75,5% no teor de carbono do solo e uma melhoria substancial de 50,5%
Solos com alta qualidade física desempenham papel crucial no suporte à produtividade
agrícola, influenciando a retenção por capilaridade e fornecimento de água, trocas gasosas e
disponibilidade de nutrientes para as plantas. Nesse contexto, o biocarvão torna-se uma
alternativa para esses fins, sendo considerado um insumo de baixo custo para sistemas de
produção agrícola (ZEESHAN et al., 2020; SHAKOOR et al., 2021). Sua aplicação contribui
para melhorar as propriedades do solo, favorecendo o crescimento das plantas e a
sustentabilidade agrícola.
Omondi et al. (2016) observou uma redução significativa da densidade do solo com o
aumento das doses aplicadas, variando de 0 a 100 Mg ha‐¹. Essa relação é consistente com a
"curva de resistência do solo" proposta por Busscher (1997), indicando que a densidade do solo
desempenha um papel crucial na dinâmica dessas propriedades, conforme Peake, Reid e Tang
(2014).
Solos com característica textural arenosa, com aplicação do condicionante biochar tem
contribuído na estruturação do solo, já que esses solos são mais predispostos a fragilidade
estrutural, contribuindo para uma baixa retenção de água (BAIAMONTE et al., 2019) nas
primeiras camadas. A aplicação de biocarvão, especialmente com partículas finas, tem o
potencial de preencher os poros grandes desses solos, reduzindo o movimento da água e
aumentando a microporosidade, oferecendo uma abordagem promissora para melhorar a
qualidade física desses solos.
Estudos de Sun et al. (2013) em solo franco arenoso indicaram que o biocarvão
contribuiu para a formação de macroagregados, melhorando a estabilidade e a retenção de água.
Experimentos conduzidos por Ventura et al. (2012) em solos franco argilosos também
destacaram a influência positiva do biocarvão na redução da densidade do solo, especialmente
em doses mais elevadas, onde a aplicação de biocarvão ao solo revelou efeitos positivos nas
propriedades físicas, como a densidade do solo, capacidade de campo e ponto de murcha
permanente, com aumentos significativos de 32,9%, 23,9% e 22,2%, respectivamente.
Outro importante aspecto está ligada à simbiose de micorriza arbuscular, que é a relação
da coexistência de plantas e fungos, que gera um melhor aproveitamento do nutriente através
da simbiose bidirecional em proporções importantes para planta hospedeiras (GŁUSZEK et al.,
2017; GUJRE et al., 2021; CARNEIRO et al., 2022) já que atua no carbono da biomassa
microbiana, com aumento do pH do solo ou o declínio da toxicidade feita pelo Al, estimulando
a mineralização da matéria orgânica (TEUTSCHEROVA et al., 2018). Estudo realizado por
Mendonça et al. (2023) indica que o biocarvão apresenta potencial quando aplicado no solo
com intuito de favorecer a colonização micorrízica de fungos nativos do bioma cerrado, bem
como o aumento da densidade de esporos.
Metais pesados em altas concentrações no solo como cádmio, chumbo, níquel e zinco,
têm significativo risco, tendo efeitos tóxicos, consequentemente gerando toxidez e inibição do
crescimento vegetal (HEBER; FARIAS, 2023). As indústrias e as atividades agrícolas estão
intensificando os depósitos desses no ecossistema, afetando as culturas agrícolas, à saúde de
humanos e dos animais (OJHA; JAISWAL; THAKUR, 2022). E Rizvi et al. (2020) enfatiza
que quando o solo é contaminado com esses metais, há menor fertilidade do solo, por diversas
modificações, como na composição microbiana, mineralização do carbono e redução na
mineralização do elemento nitrogênio, essenciais para o estabelecimento e desenvolvimento
das culturas.
Uma técnica eficaz é a imobilização dos metais pesados, na qual esses elementos são
retirados da solução do solo por meio de adsorção, complexação ou precipitação. Essa
abordagem torna os metais indisponíveis para seres humanos, microbiota, absorção pelas
plantas e lixiviação no perfil do solo, contribuindo para a redução dos impactos negativos
associados à contaminação.
Estudos utilizou biocarvão produzido por pirólise lenta (700 °C e 400°C) a partir da
palha da cana-de-açúcar, caroço de açaí para avaliar sua eficácia na mitigação da toxicidade de
metais pesados (Cd, Pb e Zn) em solos de áreas de mineração. Os resultados revelaram que o
biocarvão foi capaz de reduzir as concentrações de metais pesados disponíveis no solo, ao
mesmo tempo em que promoveu o aumento das concentrações de macronutrientes como
fósforo (P), potássio (K) e magnésio (Mg) (RODRIGUES, 2022; CHAVES; NASCIMENTO,
2023).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sua aplicação nos solos amazônicos revela benefícios significativos, como a melhoria
na qualidade química, otimização de insumos agrícolas e recuperação de áreas degradadas,
enfatizando a importância desses condicionadores para práticas agronômicas sustentáveis.
A mitigação de metais pesados pelo biocarvão é um gargalo que precisa ser ainda mais
estudado, a fim de se entender o potencial de ação de diferentes resíduos que geram o biocarvão,
bem como suas características químicas e físicas na melhoria do solo.
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CAPÍTULO 17
AGROFLORESTA COMO ALTERNATIVA NA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS
DEGRADADAS NA AMAZÔNIA
RESUMO
O processo de degradação dos recursos naturais causa prejuízos sociais e econômicos, ocasionando perdas em
produtividade nas atividades agrícola, pecuária e florestal. Assim, a recuperação de áreas degradadas (RAD) é
fundamental para regeneração dos processos naturais do ambiente degradado, contribuindo para um retorno mais
próximo do ecossistema à sua condição original, antecedente à degradação. Dentre as estratégias que podem ser
adotadas para a RAD, o uso de sistemas agroflorestais é considerado uma alternativa sustentável a ser adotada,
uma vez que, promove a diminuição do desmatamento florestal, quebra ciclos de monocultivos, e proporciona
melhorias na qualidade química, física e biológica do solo cultivado dentro do sistema. Nesse sentido, o presente
estudo pretende apresentar como alternativa de produção o uso de sistemas agroflorestais, visando a recuperação
e manutenção de áreas degradadas pelo uso indiscriminado do recurso solo na Amazônia.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Brienza Júnior et al. (2009), algumas tecnologias são capazes de promover
melhorias na capacidade de produção em áreas alteradas, entre elas está o preparo de área sem
queima, o pastejo rotacionado, a integração lavoura-pecuária e os sistemas agroflorestais. Para
os autores supracitados, o uso de sistemas agroflorestais é considerado uma alternativa
sustentável a ser adotada, auxiliando em uma possível diminuição do desmatamento florestal,
quebra ciclos de monocultivos, e proporciona melhorias na qualidade química, física e
biológica do solo cultivado dentro do sistema.
Os SAFs são constituídos pelo uso e manejo do solo a partir da combinação de espécies
florestais a cultivos agrícolas e/ou pecuária, de modo simultâneo ou temporal em uma mesma
área, sendo planejado antecipadamente. Através do SAFs é possível diversificar a produção,
concomitantemente, aumentando a biodiversidade, gerando renda, reduzindo os riscos de
mercado para o produtor, diversificando e aumentando a oferta de alimentos, preservando o
solo e a água, além de promover desenvolvimento socioeconômico e ambiental (SENAR,
2017).
Uma área está em processo de degradação quando perde o vigor, reduz a produtividade
e sua capacidade de regeneração natural. De acordo com a Embrapa (2021) é preciso identificar
Assim, os fatores que causam a degradação do solo estão relacionados com a remoção
da cobertura vegetal; perda da fertilidade e compactação (COSTA et al., 2018; IMESON, 2006;
FAO, 2019), o superpastejo que induz a sua compactação; as atividades agrícolas sem o seu
manejo adequado; a exploração excessiva de vegetação para uso doméstico e atividades (bio)
industriais, entre outros (IMESON, 2006; FAO, 2019).
Os resultados de um estudo desenvolvido por Borrelli et al. (2017), que objetivou avaliar
o impacto global do uso da terra no século 21, indicam que as atividades humanas e as mudanças
relacionadas ao uso da terra são as principais causas da erosão acelerada do solo.
Em estudo sobre o efeito do fogo nas propriedades químicas do solo em duas áreas,
correspondendo a floresta nativa e plantio de cupuaçu em Porto Velho, Mercante et al. (2014)
observaram como resultado pequenas alterações nos atributos químicos do solo após o incêndio,
no qual os atributos pH, H+Al e CTC tiveram seus valores reduzidos quando avaliado dois
meses após a queima, retornaram aos seus valores de referência aos setenta e dois meses por
ocasião da última avaliação. Enquanto, Ca, Mg e MO, também apresentaram redução nos
valores dos atributos químicos, e mesmo após os setenta e dois meses do incêndio os valores
não alcançaram os níveis de referência das áreas que não foram atingidas pelo ocorrido.
Após estudos sobre os fluxos de mercúrio em uma floresta amazônica natural na bacia
hidrográfica de Serra do Navio, Fostier et al. (2000) inferiram que a degradação da cobertura
do solo em virtude das atividades antrópicas, mais especificamente a mineração, liberam
mercúrio no sistema aquático, principalmente através dos processos de lixiviação e erosão, após
o processo de degradação do solo.
Diante disso, evidencia-se que as ações antrópicas não sustentáveis geram impactos
negativos no sistema, a exemplo da interferência na dinâmica do fósforo que resulta nas perdas
deste nutriente do sistema terrestre para os ecossistemas aquáticos, causando a eutrofização
destes devido a elevação da concentração do P, salientando a relevância de atividades agrícolas
aliadas a práticas conservacionistas do solo.
Para estes autores, houve um enriquecimento nutricional nos três sistemas avaliados,
sendo o nitrogênio quantificado em maior proporção, além disso, os benefícios em seus
atributos químicos ocorreram em todos os SAFs avaliados, sendo um fator favorável o uso de
sistemas biodiversos para manutenção da fertilidade do solo.
Além disso, os teores de P no solo sob sistema agroflorestal foram seis e sete vezes
maiores do que na agricultura de corte e queima e na floresta nativa, respectivamente,
evidenciando a eficiência do SAF na ciclagem do P, que é considerado um nutriente limitante
para a produção vegetal, tendo em vista sua baixa concentração nos solos brasileiros. As bases
trocáveis, independentemente do período, apresentaram os maiores valores nos SAFs, e os
maiores valores de soma de bases em relação aos demais sistemas. Com o uso do SAFs foi
Dentro deste modelo de produção, o SAFs é uma alternativa viável aos agricultores, que
podem consorciar culturas com valor econômico de mercado na mesma área, sempre atendendo
o manejo adequado das espécies utilizadas. Assim, o SAFs se caracteriza como alternativa de
desenvolvimento ambiental e socioeconômico, melhorando o ambiente de produção e gerando
renda ao produtor (OLIVEIRA et al., 2010). Os mesmos autores, estudaram dois modelos de
SAFs, quanto aos seus índices técnicos e viabilidade financeira no Acre, sendo, SAF1:
castanheira x cupuaçu x café (Figura 1) e SAF2: seringueira x café x banana x flemíngia (Figura
2). Para estes modelos, houve viabilidade financeira, relação benefício-custo e remuneração da
mão de obra familiar, entretanto depende de uma elevada mão de obra na fase intermediária
dos sistemas.
Figura 1: Consórcio agroflorestal composto por café, cupuaçu e castanheira, destacando-se a disposição das
plantas, espaçamentos e densidade para uma área útil de 1 hectare do sistema.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atividades como o super pastejo, manejo inadequado das culturas, entrada excessiva de
maquinários para realização de atividade agrícolas, a agricultura convencional, entre outros,
vem contribuindo para elevar os níveis de compactação do solo em área plantada, assim, o uso
indiscriminado deste recurso é uma das principais causas de degradação dos solos agricultáveis.
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CAPÍTULO 18
SEMEADORA AGRÍCOLA MULTIFUNCIONAL
RESUMO
Com o apoio dos recursos solicitados realizar-se-á, a avaliação técnica, aprimoramento e melhoria da semeadora
agrícola multiculturas Tração animal, a citada inovação desenvolvida pela empresa Geramotos Autopeças LTDA
destaca-se principalmente, por ser direcionada para a agricultura familiar Cearense, sendo de grande relevância
para o referido setor e estado e para a região nordeste do Brasil. Pois, para o agricultor é de suma importância
possuir a máquina correta disponível no momento da semeadura, esse fato pode ser a diferença entre o sucesso
com o ganho na produção ou fracasso da atividade com perdas na produtividade, o que torna o planejamento
fundamental para o setor, diante do exposto a Geramotos desenvolveu uma máquina que é capaz de semear
diversos tipos de culturas, então com esse objetivo de levar a facilidade e inovação para o campo a empresa propõe
realizar a análise técnica, fazer testes de campo e melhorias necessárias para que se possa disponibilizar essa
inovação ao pequeno produtor em duas versões, uma de tração animal e outra com sistema autopropelido,
possibilitando ao agricultor familiar o aumente da sua produtividade de forma sustentável e econômica. A evolução
da tecnologia objeto deste projeto, bem como os resultados adquiridos até o momento só foram possíveis devido
à grande experiência do idealizador (Geraldo de Sousa Mota) em convivência no campo, devido apresentar origens
interiorana (é filho de agricultor) e na sua infância trabalhou no campo auxiliando seu pai. A empresa Geramotos
traz ao mercado regional e nacional uma inovação que permiti ao agricultor familiar acessibilidade na aquisição
de máquinas agrícolas, pois em relação as já existentes no mercado, os custos com aquisição e manutenção
apresenta-se muito menor. Assim, além de possibilitar ao agricultor familiar maior agilidade nas atividades de
campo, essa tecnologia acaba sendo um incentivo para as famílias permanecerem na zona rural.
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa sobre a agricultura familiar aponta que, desde meados da década de 90, vem
ocorrendo um processo de reconhecimento e de criação de instituições de apoio a esta categoria,
e que políticas públicas específicas de estímulo aos agricultores familiares (como o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF), secretarias de governo
orientadas exclusivamente para trabalhar com a categoria. No âmbito do Ministério do
Desenvolvimento Agrário, criou-se e promulgou-se em 2006 a Lei da Agricultura Familiar,
reconhecendo oficialmente a agricultura familiar como profissão no mundo do trabalho (IBGE,
2012).
No Brasil desde 1998 foi institucionalizada uma abordagem dualista do seu setor
agrícola separando o apoio à agricultura familiar com a criação do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), do apoio à agricultura patronal, mantido mediante o
Ministério da Agricultura, da Pesca e da Alimentação (MAPA). Essa medida apenas cristalizou
a representação já forte no seio do governo e da sociedade de uma agricultura a duas velocidades
(SABOURIN, 2007).
Segundo o Censo Agropecuário, 20068 (IBGE, 2012) dos 80,25 milhões de hectares
ocupados pela agricultura familiar, apenas 17% desse total é destinado à lavoura, enquanto 49%
são destinados à pastagem.
Alves et al. 2005 relata que o agricultor quando equipado apenas com enxada, machado
e foice, uma família de seis trabalhadores não cultiva 3 ha. Por isso, os assentados da reforma
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Furlani et al. (2008) as semeadoras possuem mecanismos dosadores que são
acionados através de suas rodas motrizes que giram em função do contato com a superfície do
solo, estes mecanismos são responsáveis pelo acionamento da semeadora-adubadora para que
haja a correta adição das sementes solo.
Borsatto (2009) ressalta que as rodas motrizes acionam o sistema dosador de sementes
e de fertilizantes das semeadoras, por isso quando ocorre patinagem dessas rodas, os sistemas
Silva et al. (2000) afirma que as semeadoras adubadoras possuem diferentes mecanismo
dosadores de sementes, sendo os mais utilizados: disco perfurado, rotor acanalado, dedo
prensor, copo distribuidor e dosador pneumático. De acordo com os autores, estes mecanismos
ficam posicionados na máquina em uma distância do solo fazendo com que as sementes dosadas
percorram uma grande distância em queda livre, dentro de um tubo condutor, até o solo.
3 METODOLOGIA
Figura 1: Vista das áreas onde foram realizados os testes de campo com a semeadora, melhorada e auto
propelida em solo preparado.
A B C
Na área utilizada para realizar a distribuição longitudinal foi demarcado uma distância
de 20 m para a distribuição longitudinal das sementes pela semeadora. A cada passada da
semeadora durante o processo de distribuição de sementes havia uma área de estabilização para
a semeadora de 5 m no início da área de distribuição de sementes, ou seja, os primeiros 5m
foram desconsiderados durante a avaliação.
Foram utilizadas 4 repetições, sendo que as repetições foram representadas por cada
faixa de distribuição de 20 m. Cada 1 metro avaliado foi representado pelo número de sementes,
ou seja, cada semente representava uma amostra. Foi utilizado o método da escavação manual
proposto por Baker et al. (1997), ou seja, os sulcos feitos durante o processo de semeadura
foram desenterrados cuidadosamente com o auxílio de uma faca de forma a não mover a
semente do local onde foram depositadas, a cada 1 m ao acaso foi utilizado uma régua para
avaliar os dados da distribuição longitudinal (Figura 3A) e a profundidade de deposição das
sementes no sulco (Figura 33).
Figura 3: Distribuição longitudinal das sementes, A- espaçamento entre sementes, B- profundidade da semente.
A B
Onde:
Pt é a patinagem;
pr é o perímetro rodado pelo pneu acionado da máquina;
cl é o comprimento do espaço útil da linha experimental.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao avaliar o índice de patinagem no solo preparado observou-se que parte dos valores
obtido ficaram acima dos valores recomendado por Weber et al. (2001), que determinam uma
faixa de 3,2 a 8,8%. Quando se contabilizou a patinagem da semeadora de tração animal, foi
possível observa que em solo preparado 20 % dos valores obtido de patinagem foram superiores
ao recomendado. Quando foi avaliado a semeadora autopropelida, nas mesmas condições da
semeadora de tração animal, solo preparado, a mesma apresentou uma patinagem com 25% dos
valores coletado estão acima do recomendado. Esse fato pode esta associada ao teor de umidade
do solo, tendo em vista que o teste foi realizado no período chuvoso e com elevado índice
pluviométrico. Outro fator importante a semeadora ser leve.
Gráfico 5: Gráfico das médias de patinagem da Semeadora auto propelida A;semeadora tração animal B.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BAKER, C. J. et al. No-tillage Seeding in Conservation Agriculture. 2. ed. London:
Cromwell Press, 1997.
CAPÍTULO 19
A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO DA CANA-DE-AÇÚCAR NOS PREÇOS DAS
TERRAS DA MICRORREGIÃO DE UBERABA – MINAS GERAIS 4
RESUMO
O Triângulo Mineiro é a região com maior concentração de unidades industriais do setor sucroenergético do estado
de Minas Gerais. Ante o exposto, o presente estudo teve como objetivo verificar a influência do agronegócio da
cana-de-açúcar na variação dos preços das terras na região de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Os dados anuais
correspondem ao período entre 2001 e 2012. A estatística descritiva permitiu identificar as principais medidas de
tendência central e a dispersão das variáveis em estudo. A correlação linear de Pearson colaborou para a avaliação
do grau de associação entre elas. Para atingir o objetivo principal da pesquisa, optou-se por aplicar o modelo de
regressão linear múltiplo com o propósito de estimar a relação entre as variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar
e o preço da terra. Para tal, foi utilizado o software SPSS, que permitiu a efetivação de cálculos estatísticos de
forma que fossem excluídas as variáveis estatisticamente não significantes nas equações de regressão, o que foi
obtido pelo uso da técnica stepwise. Os resultados sugerem que a produção de açúcar e a produção de etanol anidro
são as variáveis que mais influenciam na variação dos preços das terras dos municípios de Conceição das Alagoas,
Água Comprida e Uberaba.
1 INTRODUÇÃO
Alguns fatores estimularam a expansão do setor sucroalcooleiro, dentre eles o aumento
da demanda por etanol e açúcar, tanto no mercado interno quanto externo, a crescente busca
por fontes alternativas de energias renováveis, assim como o potencial do etanol em substituir
os combustíveis classificados como não renováveis, e a evolução dos veículos automotores.
O primeiro choque de petróleo, resultado do conflito entre Israel, Síria e Egito, em 1973,
marca o início da busca por uma nova fonte energética. Com a consequente elevação do preço
do barril de petróleo, Brasil passou a buscar formas alternativas e, ao mesmo tempo, renováveis
para produção de combustível. Este processo se fez necessário devido à dependência do Brasil
na importação de 80% deste produto. Com isso, o governo brasileiro explorou meios para a
substituição do petróleo, incluindo o Programa Nacional do Óleo Vegetal (Proóleo), o
4
Essa pesquisa utilizou-se de recursos e apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais - FAPEMIG (Processo: APQ 00839-21), e apoio científico e tecnológico do Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (NEPACC-CTINFRA II-
UFU/FACES).
Guimarães e Vieira (2010) destaca que 0,5% da área destinada à produção de cana-de-
açúcar no Brasil encontra-se no estado de Minas Gerais, sendo cerca de 70% dessa área
localizada na região do Triângulo Mineiro. Dados do Sindicato da Indústria de Fabricação do
Álcool do Estado de Minas Gerais (SIAMG) mostram que, em 2012, o Triângulo Mineiro já se
destacava como a região com a maior concentração de Usinas Sucroalcooleiras em Minas
Gerais. Nessa conjuntura, é relevante ressaltar que a maioria dessas indústrias está situada nas
proximidades do município de Uberaba-MG, que também é um dos maiores produtores de leite
e carne bovina no estado.
O Projeto de Lei n° 6077 de 2009, do Poder Executivo Federal, proíbe o cultivo de cana-
de-açúcar em regiões da Amazônia, Pantanal e Bacia do Alto Paraguai, conforme o Zoneamento
Agroecológico da Cana-de-Açúcar, instituído pelo Decreto 6.961 de 2009, promovendo o
plantio dessa cultura em Minas Gerais (EMBRAPA, 2013). Segundo a Associação das
Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), o Triângulo Mineiro foi responsável
por 69% de toda a produção de cana-de-açúcar no estado de Minas Gerais na safra 2012/2013.
Destaca-se que a chegada de usinas na região contribui significativamente para esse cenário.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Impulsionado pelo primeiro choque do petróleo, ocorrido devido ao conflito entre Israel,
Síria e Egito (em 1973), e com o apoio de subsídios governamentais e financiamentos públicos,
foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool) em 1975. O objetivo era adicionar o
álcool, produto da destilação da cana-de-açúcar, à gasolina. Com a implementação do
Proálcool, a produção de cana-de-açúcar intensificou-se no país, dada a necessidade de se
reduzir a dependência de países produtores ou detentores dos direitos do petróleo. O programa
foi dividido em quatro fases.
No ano de 2012, último ano da série temporal de estudo, o estado de São Paulo liderava
o ranking brasileiro na produção de cana-de-açúcar, seguido pelos estados de Minas Gerais e
Goiás, respectivamente. Ao comparar os dois primeiros colocados, nota-se um crescimento
significativo em Minas Gerais (219%) e em São Paulo (58%) no intervalo de 2002 a 2012
(UNICA, 2013).
A busca por terras é crescente, o que pode emergir a problemática de que a oferta de
terras tende a diminuir, e o preço pago pelo arrendamento pode estar sujeito a aumentos
progressivos (FICARELLI; RIBEIRO, 2010). O preço da terra é determinado pelo
comportamento do mercado de comercialização de seus produtos e sua relação com o custo de
produção. A variação no preço também pode ser influenciada pela expansão territorial das
O preço passou por aumentos entre 2002 e 2004 em virtude do aumento dos preços
médios de commodities, principalmente soja, e ao avanço da perspectiva nos setores de
reflorestamento e sucroalcooleiro (FERRAZ; LOPES, 2006). Conforme o AGRIANUAL de
2009, a valorização do preço da terra a partir de 2006 foi impulsionada pela expectativa de
crescimento na demanda por etanol. Nesse período, observou-se a instalação de usinas, aumento
das vendas de carros flexfuel e a exportação do biocombustível, desencadeando uma corrida
por territórios ideais para o cultivo da cana-de-açúcar.
.
Fonte: Adaptado de UNICA (2013).
O primeiro carro a álcool, o Fiat 147, foi produzido em 1978, coincidindo com a
transição do Proálcool para sua segunda fase, que incentivava a produção de álcool hidratado.
Motivada pelas crises ambiental e econômica, que impuseram a necessidade de buscar fontes
renováveis em substituição ao petróleo, a produção de carros a álcool tornou-se mais evidente
após a segunda metade da década de 1990.
O primeiro carro flexfuel surgiu em 2003, e desde então a aquisição desses veículos tem
crescido continuamente. No entanto, os consumidores tendem a abastecer o carro com gasolina
quando percebem que o valor do etanol ultrapassa 70% do preço, conforme indicado por uma
pesquisa realizada pela AGRIANUAL em 2011. A Tabela 1 apresenta a quantidade de veículos
flexfuel produzidos, bem como as respectivas variações anuais ao longo de um intervalo de
doze anos, de acordo com dados da ANFAVEA.
Após a crise de 2001, houve uma redução na alíquota de impostos para veículos
classificados como médios e populares, resultando em um aumento na demanda por veículos
desse padrão. Em 2003, iniciou-se a produção de carros flexfuel, e a produção teve um
crescimento constante até 2010. No entanto, em 2011, a produção sofreu uma redução de 3%,
voltando a crescer 6% no ano seguinte, em 2012.
3 METODOLOGIA
Em que:
β 0 , é a constante da regressão;
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A apresentação dos resultados da pesquisa tem início com a exposição das estatísticas
descritivas dos preços das terras da região de Uberaba, no Triângulo Mineiro, considerando o
preço médio em reais por hectare por localidade (R$/ha), preço máximo (maior observação
encontrada) e preço mínimo (menor observação encontrada).
A Tabela 3 enfatiza a estatística descritiva dos preços das terras, e a Tabela 4 expõe as
medidas de tendência central e dispersão das principais variáveis relacionadas ao agronegócio
da cana-de-açúcar. Ambas as tabelas trazem também valores referentes à assimetria, curtose e
teste de Jarque-Bera, indicando que não há normalidade na distribuição dos dados temporais.
Neste contexto, a estatística descritiva dos preços das terras indica que o preço médio
das terras agrícolas com cana-de-açúcar de Uberaba, Conceição das Alagoas e Água Comprida
é significativamente superior ao preço da terra voltada para pecuária, denominada pastagem
formada de Uberaba (PFU).
Com base nos resultados da Tabela 5, pode-se notar que os preços das terras de Uberaba,
Conceição das Alagoas e Água Comprida são fortemente e positivamente correlacionados com
as variáveis relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar, com exceção da variável
"exportação de etanol" (EE), que não apresentou correlação estatisticamente significativa com
nenhuma das terras em estudo.
Os altos valores positivos da correlação entre a maior parte das variáveis do agronegócio
da cana-de-açúcar com os preços das terras de Uberaba, Conceição das Alagoas e Água
Comprida dão indícios de uma possível relação entre elas. Vale ressaltar que aproximadamente
93% das variáveis do agronegócio da cana-de-açúcar apresentaram associação positiva superior
a 0,80 com o preço das terras da região de Uberaba no Triângulo Mineiro.
Conforme pode ser observado, a variação do preço das terras de Conceição das Alagoas
e Água Comprida (TACCA) pode ser explicada pela volatilidade de três variáveis do
agronegócio da cana-de-açúcar. A partir da técnica stepwise, foram selecionadas as variáveis:
produção de açúcar (PA), produção de etanol hidratado (PEH) e produção de etanol anidro
(PEA). Assim sendo, os modelos 1, 2 e 3 explicam, respectivamente, em torno de 97%, 98% e
99% das variações dos preços das terras agrícolas de Conceição das Alagoas e Água Comprida
(TACCA). Verificou-se também, pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (K-S), que a frequência
esperada dos resíduos das equações de regressão é igual à observada, o que confere o bom ajuste
preditivo dos modelos da tabela 6.
Tabela 6: Modelos de regressão entre as variáveis dependentes – terras do município de Conceição das Alagoas
e Água Comprida e variáveis independentes relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar.
Nesta conjuntura, ressalta-se que a produção de açúcar e etanol anidro apresenta uma
relação positiva com a variável dependente, ou seja, o aumento na produção destas variáveis
impacta positivamente na variação do preço da terra, enquanto a produção de etanol hidratado
apresenta uma relação inversa com o preço destas terras.
O cerrado agrícola (CAU) teve seu modelo explicado por duas variáveis do agronegócio
da cana-de-açúcar, sendo estas, respectivamente, produção de etanol anidro (PEA) e produção
de cana-de-açúcar (PC). Somente a primeira variável é capaz de explicar em torno de 91% das
variações no preço do cerrado agrícola (ver modelo 4), enquanto que, ao incorporar a segunda
variável, eleva-se em 6% a explicação da variação dos preços do cerrado agrícola uberabense
(ver modelo 5). Diante deste fato, ressalta-se que há uma relação positiva entre a produção de
etanol anidro e a produção de cana-de-açúcar com o preço do cerrado agrícola de Uberaba, ou
seja, o aumento destas variáveis impacta positivamente na variação do preço deste tipo de terra.
Tabela 7: Modelos de regressão entre as variáveis dependentes – terras do município de Uberaba e variáveis
independentes relacionadas ao agronegócio da cana-de-açúcar.
CERRADO AGRÍCOLA
Modelo 4
Estatística F Estatística K-S Constante PEA - R² R²Ajustado DW
-2492,425 0,959 *
113,194 0,499
[-4,761] [10,639] 0,919 0,911 1,890
(0, 000) (0,964) -
(0,001) (0, 000)
Modelo 5
Estatística F Estatística K-S Constante PEA PC R² R²Ajustado DW
0,499 -1896,270 0,559 *
0,471 *
232,428
(0,964) [-6,570] [6,435] [5,428] 0,981 0,977 1,890
(0, 000)
(0, 000) (0, 000) (0, 000)
PASTAGEM FORMADA
Modelo 6
Estatística F Estatística K-S Constante PEA - R² R²Ajustado DW
-1932,208 0,954 *
100,781 0,544
[-2,557] [10,039] - 0,910 0,901 1,487
(0, 000) (0,929)
(0,029) (0, 000)
Para pastagem formada de Uberaba (PFU), foi verificado que a variação do preço é
explicada pelas variáveis: produção de etanol anidro (PEA) e produção de açúcar (PA).
Somente a produção de etanol é capaz de explicar 90% da variação dos preços da pastagem
formada de Uberaba (ver modelo 6). Porém, com a inclusão da variável produção de açúcar
(PA) no modelo, obteve-se uma evolução de 4% na explicação da variação do preço da
pastagem formada de Uberaba (PFU) (ver modelo 7). Nesta conjuntura, nota-se que a produção
de açúcar e etanol anidro apresentam uma relação positiva com a variável dependente, ou seja,
o aumento na destas variáveis impacta positivamente na variação do preço da terra da pastagem
uberabense.
Os resultados das estatísticas descritivas apontam que os preços das terras voltadas ao
plantio de cana-de-açúcar de modo geral superam os valores de pastagem formada. Em seguida,
o teste de correlação apresentou evidências de uma forte associação positiva entre o preço das
terras da região de Uberaba no Triângulo Mineiro e as principais variáveis do agronegócio da
cana-de-açúcar.
A correlação estimada indica que uma possível alteração positiva nas variáveis do
agronegócio da cana-de-açúcar pode contribuir diretamente para o aumento do preço das terras
na região estudada, com exceção da variável exportação de etanol. Porém, a capacidade de
resposta dos preços das terras às variações no agronegócio da cana-de-açúcar foi fundamentada
na análise de regressão linear.
Entre os modelos estimados, aquele que avalia a variação dos preços das terras agrícolas
para o cultivo de cana-de-açúcar nos municípios de Conceição das Alagoas e Água Comprida
foi o que apresentou maior poder de explicação para a variação dos preços do agronegócio da
cana-de-açúcar, com a equação de regressão sendo capaz de explicar 99,4% das alterações no
preço. Este modelo é constituído por três variáveis: produção de açúcar (PA), produção de
etanol hidratado (PEH) e produção de etanol anidro (PEA), conforme observado no modelo 3
da tabela 6.
Todavia, também merece destaque entre os modelos estimados o que se refere às terras
agrícolas voltadas para o cultivo de cana-de-açúcar no município de Uberaba. Neste caso, 98%
da variação do preço da terra se deve às alterações na produção de açúcar (PA) e produção de
etanol anidro (PEA), conforme pode ser observado no modelo 9 da tabela 7.
REFERÊNCIAS
FERRAZ, J. V.; LOPES, P. P. Hectare no Brasil custa menos e valoriza-se mais que nos EUA,
2006. In: AGRIANUAL 06. Anuário estatístico da agricultura brasileira. São Paulo: FNP,
2006, p. 48-49. 2006.
PRUSH, J. A. Muda o mapa das principais culturas brasileiras. In: AGRIANUAL 04.
Anuário estatístico da agricultura brasileira. São Paulo: FNP, 2004, p. 51-52. 2004.
CAPÍTULO 20
ATRIBUTOS FÍSICOS DO SOLO COMO INDICADORES DE DEGRADAÇÃO EM
NASCENTE URBANA1
RESUMO
Nascentes são pontos iniciais de água que afloram na superfície do solo através do processo de exfiltração,
movimento inverso da infiltração de água, dando origem a pequenos cursos d’água, os quais são responsáveis pela
formação e sustento dos rios que estão inseridos em uma bacia hidrográfica. A conservação de nascentes é
imprescindível devido à sua contribuição para o ciclo hidrológico, sustento dos corpos hídricos e todos os
ecossistemas deles dependentes. Assim, o ambiente em sua volta como a topografia, o tipo de uso e manejo do
solo, a geologia, o clima e a cobertura vegetal, quando mal manejados, podem interferir na qualidade destas. Com
enfoque na conservação de nascentes, o presente estudo baseou-se em analisar a presença de degradação do solo
no entorno de uma nascente urbana no município de Dourados/MS, localizada em um parque de recreação utilizado
pela população. Para o embasamento e desenvolvimento da pesquisa, adotou-se os atributos físicos do solo no
entorno da nascente como indicadores da presença de processos erosivos, como erosão hídrica. Estes atributos são
responsáveis por fornecer subsídio à identificação da má qualidade de infiltração de água no solo, acarretando
escoamento superficial. Desta forma, amostras indeformadas de solo foram coletadas em três diferentes
profundidades, três repetições, sete pontos amostrais e analisadas quanto à textura, densidade, porosidade,
umidade e resistência mecânica do solo à penetração. Mediante os dados obtidos, realizou-se uma análise
estatística em um DIC (delineamento inteiramente casualizado) com o software Genes envolvendo os atributos
adotados como variáveis. Com base nos resultados da avaliação, condições favoráveis foram detectadas a partir
da comparação dos dados com o recomendado por pesquisadores da área, não havendo no local, riscos e
nem a presença de degradação.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Crispim et al. (2021), nascentes são pontos iniciais dos cursos d’água
formadores dos pequenos e grandes rios, sendo conhecidos também como minas, fio d’água,
olhos d’água e fontes, caracterizadas como os pontos nos quais a água subterrânea aflora
naturalmente através da superfície do solo, mesmo que de forma intermitente. A água, advinda
principalmente das precipitações, ao acumular-se em uma região, inicia o seu processo de
infiltração, transportando-se até o subsolo, abastecendo as águas subterrâneas. Conforme as
altas taxas de infiltração, o lençol freático se sobrecarrega e dá início a um dinamismo
denominado exfiltração, onde ocorre um movimento mais lento da água subterrânea em direção
Portanto, é imprescindível que o solo que norteiam os locais que contam com a presença
de nascentes exerçam este processo com eficiência e apresente resistência ao impacto das gotas
das precipitações, evitando a desagregação e transporte de sedimentos (LOPES, 2021). Neste
contexto, a avaliação da qualidade com que as águas se infiltram no solo pode ser avaliada
através da quantificação dos atributos físicos do solo, pois atuam como indicadores de
compactação, destacando a densidade do solo (Ds), resistência à penetração e volume total de
poros (VTP) como estes indicadores.
Mediante o exposto, o presente trabalho teve por objetivo quantificar os atributos físicos
do solo no entorno de uma nascente situada em perímetro urbano e, de acordo com os
resultados, concluir a suscetibilidade e/ou presença de degradação do solo deste local a partir
do diagnóstico de possíveis processos erosivos presentes.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A qualidade física do solo está relacionada à sustentabilidade e a sua avaliação deve ser
realizada através de indicadores que reflitam o seu comportamento (PEREIRA et al., 2011).
Estes indicadores assumem grande importância frente à qualidade dos solos, pois estabelecem
relações fundamentais com os processos hidrológicos, principalmente em áreas de nascentes,
atuando na taxa de infiltração de água no solo, escoamento superficial, drenagem e erosão.
Possuem também função essencial no suprimento e armazenamento de água, de nutrientes e de
oxigênio no solo. Desta forma, os principais indicadores físicos propostos atualmente são:
textura; densidade do solo; porosidade total; umidade; resistência à penetração e velocidade de
infiltração básica de água no solo.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização das análises, amostras indeformadas de solo foram coletadas com um
amostrador de Uhland e anéis volumétricos de Kopecky nas profundidades de 0,00-0,20 m,
0,20-0,40m e 0,40-0,60m, com duas repetições e sete pontos. As variáveis analisadas foram
textura do solo (composição granulométrica), determinada a partir do método do densímetro de
Bouyoucos, densidade do solo (Ds), porosidade total (Pt) e umidade gravimétrica (Ug).
Realizou-se, também, ensaios de resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) com um
penetrômetro digital.
Em que:
2,65 foi o valor de densidade de partículas adotado (MIRANDA et al., 2015 apud MOURA;
VIEIRA; CARVALHO, 1992).
Em que:
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
RMSP - Nascente em estudo
De acordo com os resultados dos ensaios de RMSP que se encontram na tabela 01, a
profundidade compreendida entre 0,20 m e 0,40 m constatou uma resistência à penetração
significativamente maior, registrando 0,742 MPa e diferença significativa pelo teste de Tukey.
O C.V. apresentou um valor de 20,50%, fato este em concordância com o que diz Silva (2018)
adaptado de Warrick e Nielsen (1980), ao trabalhar a RMSP em diferentes sistemas, a RMSP
nas diferentes posições, profundidades e áreas, apresentaram C.V. médio entre 12 e 60%,
concordando com resultados obtidos por Hickmann et al. (2012). Lunas e Ribas (2013), em
seus estudos sobre parques urbanos na cidade de Dourados/MS, mencionaram que devido à
revitalização, muitos parques possuem solos que, em outros instantes, foram trazidos de outras
localidades das quais não se têm conhecimento, havendo a presença de resíduos clandestinos
como cacos de vidro e restos de concreto em seus perfis, confirmados nos momentos de coletas.
Consequentemente, é plausível inferir que tais resíduos contribuem para a elevada RMSP
observada na camada avaliada, o que justifica o maior valor detectado. Além disso, outro fator
que influenciou sobre este atributo foi o maior valor de densidade do solo na mesma
profundidade e, como já mencionado, a Ds é um atributo que resguarda influência direta nos
ensaios de RMSP, uma vez que quanto maior a Ds, maior resistência em ser penetrado o solo
apresentará. Klein (2007), destaca que valores de resistência do solo à penetração entre 2 e 3
MPa são críticos para Latossolos. No mesmo instante, Bono, Macedo e Tormena (2013),
relatam que um valor de 2,0 MPa de resistência à penetração do solo têm sido associados a
REFERÊNCIA
ANJOS, J. T. et al. Propriedades físicas do solo sob diferentes sistemas e usos de manejo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas – SP, v. 18, 1994. Disponível em:
biblioteca.epagri.sc.gov.br/cnsulta/busca?b=ad&id=34995&biblioteca=vazio&busca=anjos,
1994&qFacets=anjos, 1994&sort=&paginacao=t&paginaAtual=1. Acessado em: Nov. 2023.
BARROS, E. N. S. et al. Modelagem da erosão hídrica nas bacias hidrográficas dos rios Lontra
e Manoel Alves Pequeno, Tocantins. Revista Brasileira de Ciências Agrárias. Recife, v. 13.
2018. Disponível em: http://repositorio.ufla.br/handle/1/33526. Acessado em: Nov. 2023.
BRADY, N. C.; WEIL, R. R. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3. ed. Porto
Alegre – RS: Artmed, 2013.
ORI, P.; DIAS JÚNIOR, M. de S.; SILVA, R. B. da. Resistência do solo à penetração e ao
cisalhamento em diversos usos do solo em áreas de preservação permanente. Bioscience
Journal, Uberlândia, v. 28, n. 1, p. 185-195, Mar. 2012. Supplement 1. Disponível em:
http://repositorio.ufla.br/handle/1/39789?mode=full. Acessado em: Jan. 2024.
REINERT, D. J. et al. Qualidade física dos solos. 2006. Disponível em: https://www.research-
gate.net/publication/337869744_Qualidade_fisica_dos_solos. Acessado em: Dez. 2023.
TODD, D. K.; MAYS, L. W. Groundwater hydrology. John Willey and Sons, 2005
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/255948044_Groundwater_Hydro-
logy. Acessado em: Jan. 2024.
WARRICK, A. W.; NIELSEN, D. R. Spatial variability of soil physical properties in the field.
In: HILLEL, D. (Ed.). Applications of soil physics. New York: Academic Press, 1980.
Disponível em http://dx.doi. org/10.1016/B978-0-12-348580-9.50018-3. Acessado em: Nov.
2023.
CAPÍTULO 21
CARACTERIZAÇÃO BOTÂNICA, NUTRICIONAL E FÍSICO-QUÍMICA DAS
SEMENTES DE "MURICI-DE-VÁRZEA" (APTANDRA TUBICINA)
RESUMO
No Estado do Acre existem várias espécies vegetais cujas castanhas são ricas em óleo, sendo aproveitadas pelas
populações rurais para consumo como alimento ou aproveitamento do óleo para a fabricação de sabão. Uma
espécie oleaginosa nativa pouco conhecida, mas que já vem sendo explorada há muitos anos pelos habitantes do
interior do Estado do Acre, é o murici-de-várzea (Aptandra tubicina). Neste trabalho foram estudadas a ocorrência,
os usos e a descrição botânica da planta. Também foram realizadas análises físico-químicas da torta e do óleo
extraído do endosperma das sementes. Espera-se que os resultados desta pesquisa possibilitem no futuro o
estabelecimento de padrões para outros usos do murici-de-várzea. Para desengordurar a castanha foram utilizados
três tipos de solvente: éter de petróleo, etanol e hexano. A caracterização nutricional e físico-química do óleo e da
torta foram realizadas de acordo com as normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. O murici-de-várzea é
encontrado no Brasil (Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Amapá, Bahia), Bolívia e Peru. Ocorre em
florestas primárias ou secundárias de terra firme, quase sempre ao longo da margem de rios, ou campinas, sobre
solos arenosos brancos. No Acre, esta espécie já foi encontrada nos municípios de Cruzeiro do Sul, Tarauacá,
Bujari, Rio Branco e Brasiléia. Os frutos são do tipo drupa, com formato globoso e sub-globoso, creme-amarelado
quando maduro, medindo 2-2,5 cm de diâmetro. A análise nutricional da amêndoa desta castanha levou a seguinte
composição: torta engordurada: umidade 20,51%, cinzas 1,62%, proteínas 14,24%, lipídios 40,44%, fibras 4,15%;
torta desengordurada com etanol: umidade 34,75%, cinzas 1,94%, proteínas 17%, lipídios 28,94%, fibras 4,15%;
torta desengordurada com éter de petróleo: umidade 19,48%, cinzas 2,35%, proteínas 14,80%, lipídios 8,80%,
fibras 3,37%; torta desengordurada com hexano: lipídios 26,78%. As características do óleo extraído com etanol
são: acidez total 2,97, acidez em ácido oléico 14,9%, índice de saponificação 199, índice de iodo 94,3, índice de
refração 1,48, índice de peróxido 10,7. O ponto de fusão do óleo extraído com éter de petróleo, determinado por
calorimetria diferencial exploratória, é 2 °C. A estabilidade térmica do mesmo óleo foi avaliada pela análise da
sua curva termogravimétrica, mostrando que este óleo é estável até cerca de 330 °C, quando começa a sua
decomposição. Concluída a etapa de caracterização botânica, nutricional e físico-química do murici-de-várzea,
observa-se o potencial uso da amêndoa como fonte alimentícia e do óleo como base para a fabricação de sabão ou
também com finalidades alimentares.
1 INTRODUÇÃO
Após a segunda guerra, a demanda por óleos vegetais produzidos na Amazônia caiu
vertiginosamente até a completa extinção do complexo industrial existente em Belém.
Contribuíram para esse fato a massificação do uso de energia elétrica e o cultivo em larga escala
de espécies oleaginosas anuais tais como soja, milho e girassol, e de espécies perenes,
principalmente o dendê (CLAY; SAMPAIO; CLEMENT, 2000). Esta tendência se manteve
inalterada até o final do século XX, quando se verificou um crescente interesse pelos óleos
vegetais provenientes de sistemas de produção que causassem baixo impacto ambiental.
De fato, a maioria das espécies listadas por Pesce (1941) não apenas ficaram à margem
do mercado durante todos esses anos, mas permaneceram desconhecidas sob o ponto de vista
botânico e físico-químico no contexto tecnológico atual. Por essa razão, a Unidade de
Tecnologia de Alimentos - UTAL- e o Parque Zoobotânico PZ da Universidade Federal do
Acre - UFAC estão desenvolvendo atividades conjuntas para estudar os aspectos botânicos e as
características físico-químicas do óleo e da torta das espécies oleaginosas mais promissoras do
Acre e regiões adjacentes no Estado do Amazonas.
Uma espécie oleaginosa nativa pouco conhecida, mas que já vem sendo explorada há
muitos anos pelos habitantes do interior do Estado do Acre, é o murici-de-várzea (Aptandra
tubicina). Neste trabalho são apresentadas informações sobre a ocorrência, os usos, a descrição
O objetivo geral desta pesquisa foi realizar a caracterização do óleo e da torta extraídos
do endosperma das sementes do murici-de várzea, e como objetivos específicos a realização da
caracterização botânica da espécie, a caracterização das sementes, a análise nutricional da
amêndoa, análise dos métodos de extração do óleo e caracterização físico-química do óleo.
2 METODOLOGIA
2.1.1 Lipídios
2.1.2 Cinzas
2.1.3 Umidade
2.1.4 Proteínas
2.1.5 Fibras
O índice de iodo foi determinado usando-se o método de Hübl, em que 0,25 g da amostra
foram pesados em béquer de 50 ml sendo depois transferidos com o auxílio de clorofórmio para
um frasco de 500 ml com rolha esmerilda. Adicionou-se 20 ml de solução de iodo, ficando o
sistema em repouso por 30 minutos ao abrigo da luz. Após este tempo, adicionou-se 10 ml de
iodeto de potássio 15% e 100 ml de água. O excesso de iodo foi titulado com solução de
tiossulfato de sódio 0,1 N. Este procedimento de análise encontrasse de acordo com as normas
analíticas do (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985).
2.2.7 Termogavimetria
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.2.1 Lipídios
3.2.2 Umidade
3.2.3 Cinzas
Figura 3: Gráfico comparativo de teor de cinzas de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici engordurada,
2-Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4- Castanha-de-
caju, 5-Castanha-do-Brasil.
CINZAS%
A avaliação proteica de uma castanha é muito importante quando se estuda seu potencial
como fonte de alimento. Os teores de proteína encontrados nos três tipos de amostras foram
bem diferenciados, como pode ser observado na figura 4. A castanha engordurada apresentou
14,2% em massa de fibras, a desengordurada com etanol 17%, e a desengordurada com éter de
petróleo apresentou 14,8%. Observa-se também que o teor proteico da amêndoa do murici-de-
várzea é menor do que o da castanha-de-caju e o da castanha-do-brasil.
Figura 4: Gráfico comparativo dos teores de proteínas de algumas espécies oleaginosas: 1- Murici engordurada,
2- Murici desengordurada com etanol, 3- Murici desengordurada com éter-de-petróleo, 4-Castanha-de-caju, 5-
Castanha-do-Brasil.
PROTEÍNA %
3.2.5 Fibras
Os resultados do teor de fibra presente na torta de murici-de-várzea, quando comparados
com os das outras espécies comparadas, revela que o mesmo é maior do que o de castanha-de-
caju e menor do que o da castanha do Brasil (Figura 5).
O índice de acidez revela o estado de conservação do óleo, uma vez que a acidez de uma
gordura decorre da hidrólise parcial dos glicerídeos. Assim, o índice de acidez é uma variável
intimamente relacionada com a natureza e a qualidade da matéria prima, grau de pureza da
O murici-de-várzea índice de acidez total igual a 2,97 e acidez em ácido oléico igual
14,9%. O índice de acidez em ácido oléico encontra-se em concordância com o valor
encontrado na literatura (PESCE, 1941) para Aptandra spruceana — 13,69%.
O índice de iodo é a medida do grau de insaturação do óleo. Como cada dupla ligação
presente no ácido graxo pode incorporar dois átomos de halogênio, quanto maior a insaturação
de um ácido graxo, maior o índice de iodo. Os óleos comestíveis podem ser classificados de
acordo com o índice de iodo (II) como secativos: II = 130 a 200; não secativos: II < 100; e semi-
secativos: II de valor intermediário (ARAÚJO, 1999).
O índice de iodo encontrado para o óleo de murici-de-várzea foi igual a 94,3; valor
próximo ao encontrado na literatura (PESCE, 1941) para Aptandra spruceana - 127. O óleo de
murici-de-várzea pode ser classificado como não secativo, apresentando um grau de insaturação
não muito elevado.
O índice de peróxido indica o grau de oxidação do óleo, medindo, desta forma, o estado
de conservação do óleo. Os peróxidos orgânicos são formados no início da rancificação e atuam
sobre o iodeto de potássio liberando iodo que será utilizado na titulação com tiossulfato de
sódio. O método determina em moles por 1000 gramas de amostra todas as substâncias que
oxidam o iodeto de potássio. Estas substâncias são consideradas como sendo peróxidos ou
produtos similares provenientes da oxidação de gorduras. Foram obtidos nas amostras valor
médio de 10,7.
Figura 6: Curva da calorimetria diferencial exploratória de óleo de murici-de-várzea extraído com éter de
petróleo.
O óleo de murici-de-várzea mostra-se estável até temperatura próxima a 330 °C, quando
inicia a sua decomposição. A acentuada perda de massa observada no intervalo de temperatura
de 330 a 508 °C refere-se à decomposição e carbonização do material. A partir de 508 °C a
perda de massa é mais lenta, isto pode significar que as reações de decomposição do óleo a
partir desta temperatura têm velocidades menores. A 700 °C ainda não é terminada a
carbonização, restando cerca de 7% em massa de material. Este fato mostra que este óleo não
Figura 7: Curva de análise termogravimétrica de óleo de murici-de-várzea extraído com éter de petróleo.
Para a extração de lipídeos o melhor solvente dentre os utilizados neste trabalho foi o
éter-de-petróleo. No entanto, sugere-se mais estudos para determinar a melhor forma de
extração do óleo afim de aumentar o seu rendimento de obtenção. As características do óleo
obtido mostram que o mesmo também pode ser usado na alimentação. A partir do valor de
índice de saponificação percebe-se que o óleo pode ser usado na fabricação de sabão. O índice
de iodo revela tratar-se de óleo com baixo grau de insaturação; o que é interessante do ponto de
vista nutricional.
REFERÊNCIAS
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Lowrie B. Lowy, D. Coelho, M. Moreira e V.M. de Souza, 147.
Brasil, Acre, Município de Taraucá, rio Taraucá, margem esquerda do seringal Pacujá, 15 Nov
1995, M. Silveira, D. Daly, D. Costa, C. Ehrinqhaus, A.R.S. Oliveira, L. Lima e C.S.
Fiqueiredo, 962.
Brasil, Acre, Município de Bujari, Floresta Estadual do Antimari, colocação extrema, 01 Out
1991, c.A. Sothers e A.I.B. Santos, 46.
Brasil, Acre, Município de Cruzeiro do Sul, rio Juruá, margem direita, próximo a fazenda Calila
Sara, 17 Mar 1992, C.A. Cid Ferreira et al., 10844
RESUMO
A fisiologia vegetal e a nutrição de plantas são áreas de interesse e em constante expansão pois auxiliam na
compreensão das respostas das plantas aos diferentes manejos e tratos culturais que podem potencializar a
produção dos sistemas agrícolas e silviculturais. Além disso, as mudanças climáticas globais têm sido
preocupantes, uma vez que tem ocasionado aumento de temperatura e alterações na disponibilidade hídrica no
solo, o que tem agravado o metabolismo fotossintético e o crescimento das plantas. Assim, estratégias que possam
mitigar o efeito estressante do déficit hídrico, alagamento e estresse luminoso tem aumentado. Dentre as
possibilidades promissoras pode-se citar a aplicação exógena de ácido salicílico (AS), silício (Si), extrato de micro
e macroalga, inoculação de fungos micorrízicos arbusculares e polímero hidroretentor (hidrogel). Além disso,
outra linha de estudo é o de nutrição das plantas por meio de fertilizantes minerais ou resíduos orgânicos na
formulação de substratos. Observa-se que a adição de hidrogel mitigou o efeito estressante do déficit hídrico em
mudas de Schinus terebinthifolia e Campomanesia xanthocarpa, mas não teve papel promissor para Dipteryx alata
e Eugenia myrcianthes. No que se refere ao Si, sua aplicação via foliar em doses adequadas foi eficaz para mitigar
o efeito do estresse hídrico ou luminoso sobre o metabolismo foliar e o crescimento das plantas. Por outro lado, a
aplicação de AS foi eficaz em aliviar o efeito do estresse hídrico, mas variou de acordo com a dose e a espécie
com diferentes mecanismos de ação. O extrato de alga Ascophyllum nodosum contribuiu no aumento dos teores
de nitrogênio, fósforo, potássio e aminoácido prolina nas folhas e raízes de Inga edulis, induzindo a tolerância. Em
geral, todas as espécies descritas nesse estudo apresentaram potencial de recuperação no pós-estresse,
demonstrando resiliência por plasticidade fisiológica. Mudas de Alibertia sessilis e C. xanthocarpa foram
responsivas a adubação com nitrogênio e fósforo, respectivamente. A adição de cama de frango ao solo contribuiu
na fisiologia e crescimento das mudas de A. edulis e Anadenanthera peregrina se desenvolveu melhor em substrato
de baixa fertilidade e a pleno sol. Os estudos em ecofisiologia, nutrição e metabolismo de plantas são fundamentais
para mitigar os efeitos estressantes, conservar os recursos naturais renováveis e incitar a produção sustentável de
alimentos.
1 INTRODUÇÃO
5
Apoio do CNPq e a CAPES, pelas bolsas concedidas e a FUNDECT, pelo apoio financeiro para execução dos
trabalhos e custeio de publicações.
Nesse sentido, cada vez mais são necessários estudos visando conhecer as respostas
das plantas as condições estressantes e estabelecer estratégias de manejo que possam viabilizar
maior tolerância a esses fatores estressores. Assim, a ecofisiologia vegetal auxilia na
compreensão dos mecanismos de ajustes das plantas bem como o papel do manejo fisiológico
ou nutricional adotado para mitigar os efeitos estressantes e contribuir na nutrição e
metabolismo foliar. A propagação, fisiologia vegetal e a nutrição de plantas são áreas de suma
importância para compreender as respostas de cada espécie as condições de cultivo e
potencializar a produção vegetal.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Santos et al. (2020a) estudaram o efeito de dois substratos: S1) 100% Latossolo
Vermelho Distroférrico – LVD, com baixos valores de P (< 6.00 mg dm-3) e matéria orgânica
– M.O. (< 1.00%) e S2) 50% LVD + 50% substrato comercial Tropstrato® com altos valores (P
> 59 mg dm-3 e M.O. > 5,30%), cultivando as mudas sob quatro níveis de sombreamento: 0%
(pleno sol), 30%, 50% e 70% no crescimento de Anadenanthera peregrina (L.) Speg. (angico
preto). Em geral, observou-se que as mudas tiveram maior área foliar, comprimento de raiz,
massa seca da parte aérea e da raiz e qualidade no S1 e sob pleno sol. Nessas mesmas condições,
as mudas apresentaram maiores comprimentos e diâmetros de xilopódio, uma estrutura de
reserva, como mecanismo de ajuste para garantir sua sobrevivência nessa condição. Os autores
concluíram que a espécie pode ser indicada na recuperação de ambientes degradados em áreas
antropizadas ou bordas de matas com maior exposição a luz e solos com baixa fertilidade. Outro
ponto positivo é que para a produção de mudas não é necessário investir recursos financeiros
para obtenção de tela de sombreamento e substrato comercial, reduzindo os custos de produção.
Para mudas de Alibertia edulis (Rich.) A. Rich. (marmelo), o cultivo a pleno sol
prejudica os processos fotoquímicos no fotossistema II e reduziu a abertura estomática, mas
favoreceu o aumento da taxa fotossintética e eficiência de carboxilação da Rubisco. Além disso,
a adição de cama de frango (4,32 g kg solo-1) ao Latossolo Vermelho Distroférrico de textura
argilosa contribuiu no índice de clorofila e aspectos fotoquímicos da fotossíntese (SANTOS et
al., 2020b). Estudando a mesma espécie, Santos et al. (2023a) observaram que os maiores
valores de área foliar e radicular e as biomassas ocorreram nas mudas sob 50% de sombra e
com adição de cama de frango ao substrato. As mudas apresentaram plasticidade aos ambientes
contrastantes de luz. Em ambiente de pleno sol e sombreado a adição de 4,32 e 6,24 g kg solo-
1
de cama de frango, respectivamente, contribuiu na qualidade das mudas.
Para a propagação Mentha x villosa Huds. (hortelã), foram coletadas estacas, as quais
foram feitas a estaquia em substrato 50% LVD + 50% substrato comercial Tropstrato®. Após o
enterrio das estacas, realizou-se seu acondicionamento sob quatro níveis de sombreamento: 0%
(pleno sol), 30%, 50% e 70% (QUARESMA et al., 2021). Observou-se que as mudas
produzidas a pleno sol tiveram maiores valores de área foliar, ramos, biomassa fresca, enquanto
que aquelas nos demais sombreamentos foram menores. Além disso, as mudas produzidas em
70% de sombra apresentaram aspecto de estiolamento, no qual tiveram maior altura e menores
diâmetros. Os autores concluíram que para a hortelã, sua propagação apresenta melhor
desempenho quando realizada em ambiente pleno sol.
3.3 Ácido salicílico e silício aliviando o estresse hídrico e luminoso em mudas de Eugenia
myrcianthes, Schinus terebinthifolia, Inga vera, Talisia esculenta, Dipteryx alata, Hymenaea
courbaril e Alibertia edulis
Na busca por estratégias para aliviar o efeito estressante do déficit hídrico, alagamento
e estresse luminoso, a aplicação de fontes de silício e ácido salicílico tem sido promissor. Em
razão disso, tais compostos podem ser classificados como elicitores, pois atuam na indução de
mecanismos fisiológicos, bioquímicos ou morfológicos que contribuem na tolerância das
plantas a essas condições adversas.
Assim, concluiu-se que a aplicação exógena de AS é uma prática promissora para aliviar
o efeito estressante de maior período sem irrigação. Essa prática é interessante, pois é possível
reduzir a frequência de irrigação, especialmente em áreas com dificuldades de implementação
de sistemas de irrigação ou sujeitas a períodos curtos de seca. Avaliando esses mesmos
intervalos entre as irrigações sobre o crescimento das mudas de S. terebinthifolia, Saracho et
al. (2021) verificaram que a aplicação de 200 mg L-1 de AS contribuiu no aumento de área
foliar, massa seca total e qualidade das mudas, sugerindo efeito promotor de crescimento.
No trabalho de Santos et al. (2023c), testando doses de silício (0,84; 1,68 e 3,36 g L-1
de Si) em plantas jovens de Inga vera Will. (ingá) submetidas ao déficit hídrico e no pós-
estresse, verificou-se que as plantas que receberam aplicação de 0,84 e 1,68 g L-1 levam 9 e 11
dias para apresentar sintomas de déficit hídrico (folhas em ponto de murcha e ápice encurvado),
respectivamente. As plantas que receberam sem aplicação e com 3,36 g de Si levam 7 dias,
demonstrando que em doses adequadas o Si retarda os sintomas de falta de água. As plantas
sob déficit hídrico + 0,84 g de Si apresentaram maior taxa fotossintética, condutância
estomática, transpiração e eficiência de carboxilação, enquanto que sem e com 3,36 g Si os
valores foram inferiores. Na recuperação, as plantas retomam seu metabolismo fotossintético
de maneira mais eficiente quando tratadas com doses intermediárias de Si.
Além da escassez hídrica, algumas áreas são sujeitas ao encharcamento do solo por
determinados períodos de tempo, reduzindo a disponibilidade de O2 no solo, caracterizando
condição de hipoxia ou anoxia. Nesse sentido, Santos et al. (2023d) avaliaram o efeito de doses
de Si (1,0 e 2,0 mM) e AS (1,5 e 3,0 mM) em mudas de S. terebinthifolia a dois períodos de
alagamento: 15 e 30 dias. Em geral, todas as mudas sobreviveram e apresentaram lenticelas
hipertrofiadas como estratégia de ajuste a essa condição. Segundo os autores as mudas que
receberam aplicação de Si e AS emitiram lenticelas mais rápido do que as não tratadas com
esses elementos, o que pode estar associado a antecipação no aumento de mecanismos de
defesa, tal como da atividade de enzimas antioxidantes, embora não foram determinados no
trabalho relatado. Embora as mudas de S. terebinthifolia mantiveram a taxa fotossintética alta
mesmo sem aplicação dos agentes mitigadores, aos 30 dias os valores reduziram. Entretanto, as
mudas que receberam aplicação de 1,0 mM de Si e 1,5 mM de AS apresentaram valores mais
elevados aos 30 dias, demonstrando o potencial de mitigação desses elementos, mas em doses
adequadas. Isso, porque doses excessivas podem acentuar o efeito estressante.
3.4 Micro e macroalga influenciam a produção de mudas de Cedrela fissilis e Inga edulis
De acordo com Oliveira (2023) Cedrela fissilis Vell. (cedro) apresenta interesse de
cultivo ex situ, tornando-se necessário sua produção de mudas. Por isso, foi feita a semeadura
de sementes de cedro em seis substratos, provenientes da combinação de resíduos orgânicos
sem ou com aplicação de microalga Chlorella spp.: S1) Latossolo Vermelho Distroférrico –
LVD, de textura argilosa, S2) LVD + Chlorella, S3) LVD + esterco ovino (3:1, v/v) – LVDEO,
S4) LVDEO + Chlorella, S5) LVD + esterco bovino (3:1, v/v) – LVDEB e S6) LVDEB +
Chlorella. Nesse trabalho observou-se que as mudas produzidas no S3, S4, S5 e S5
apresentaram melhores desempenhos fisiológicos com aumento expressivo na taxa
fotossintética, eficiência no uso da água e instantânea de carboxilação da Rubisco,
especialmente em comparação as mudas produzidas em substrato sem adição de resíduo
Além disso, uso de macroalga tem sido uma estratégia promissora na mitigação do
déficit hídrico. Mudas de Inga edulis Mart. foram submetidas aos seguintes tratamentos:
controle, déficit hídrico (DH), DH + 15 mL de extrato de Ascophyllum nodosum – ANE, DH +
30 mL de ANE e DH + 45 mL de ANE durante e após a condição de estresse (SANTOS et al.,
2023f). As mudas de I. edulis são sensíveis ao déficit hídrico com redução drástica da eficiência
fotoquímica e crescimento das mudas. A aplicação de 30 e 45 mL de ANE favoreceu o aumento
dos teores de N, P e K, além do aminoácido prolina nas mudas durante o período de estresse,
tornando-se um mecanismo de indução da tolerância. No pós-estresse, o conteúdo de prolina
reduziu nas mudas previamente estressadas com 30 e 45 mL de ANE, indicando que o
metabolismo normalizou. A aplicação de 15 mL de ANE acentuou o efeito estressante do déficit
hídrico e as mudas não se recuperam de maneira semelhante as demais.
A nutrição mineral de plantas é umas áreas de interesse fitotécnico pois contribui nos
processos fisiológicos, bioquímicos e de crescimento das plantas, tornando-se necessários
estudos nessa modalidade. Os solos de regiões tropicais, tal como as encontradas no Cerrado
brasileiro são bem intemperizados, contendo elevados teores de óxidos de ferro (Fe) e alumínio
(Al) que além de prejudicar o metabolismo e crescimento das plantas quando em excesso, pode
tornar alguns nutrientes, dentre eles o fósforo (P), pouco disponíveis para as plantas devido a
sua fixação (SILVERIO et al., 2020; SILVERIO et al., 2021).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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Jan. 2024.
SILVERIO, J. M. et al. Phosphate fertilizer and shading on the growth and photochemical
efficiency of Campomanesia xanthocarpa O. Berg. Floresta, Curitiba, v. 50, n. 4, p. 1741-
1750, 2020. Disponível em: https://ojs.homologa.ufpr.br/floresta/article/view/64035. Acessado
em: Jan. 2024.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade na cultura do milho manejado com silício (Si), Bacillus spp.
e Ácido Salicílico. O experimento foi conduzido no centro de pesquisa universitário, latitude S:23º24'11.386",
longitude W:51º9'57.418", altitude de 480m, no município de Londrina, Paraná. O material utilizado foi um híbrido
de milho experimental, semeada em 16/08/2022, com as seguintes características: 2,5 plantas por metro,
espaçamento de 0,45 m entre linhas e densidade populacional de 55.555 plantas por hectare, a primeira aplicação
realizada em 09/09/2023, a segunda aplicação realizada em 25/09/2023 e a terceira aplicação realizada em
08/10/2023 e finalizando o ensaio com a colheita em 28/12/2022. O delineamento experimental utilizado foi o de
blocos casualizados com 5 tratamentos e 4 repetições. As aplicações foram realizadas com pulverizador costal a
CO2, equipado com barra de alcance de pulverização de 2 m contendo 4 pontas do tipo leque, espaçadas de 0,50
m. A pressão de trabalho foi de 20 lb/pol2, com volume de calda de 150 l/ha. As épocas de aplicação utilizadas
foram A: V4; B: V8; C: V10.
1 INTRODUÇÃO
No Brasil o milho é uma das culturas mais produzidas pelo setor agropecuário, perdendo
apenas para a soja. No cenário mundial o país ocupa a terceira posição na produção do cereal,
ficando atrás apenas de Estados Unidos e China. Sua grande produção é justificada pela alta
demanda do grão no mercado, já que é muito utilizado na alimentação humana e também como
matéria prima na produção de rações para nutrição de aves, suínos, bovinos e outros animais.
A cada safra a necessidade de buscar novas tecnologias para manejar pragas, doenças e
ervas daninhas é de extrema importância, pois o aumento de casos de resistência por esses
organismos aos produtos utilizados em seu manejo é cada vez maior, e a associação do controle
químico juntamente ao biológico pode aumentar o leque de opções no manejo, trazendo maior
economia e eficiência ao produtor. Objetivou-se com o presente estudo avaliar as características
fisiológicas e a produtividade de grãos, submetida a aplicação de diferentes bioestimulantes a
base de macronutrientes, micronutrientes, aminoácidos, extratos vegetais, complexos naturais
e outras substâncias, aplicadas de forma isolada e em associação nas condições edafoclimáticas
da região.
2 OBJETIVO
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Local e data de instalação do experimento
As aplicações foram realizadas com pulverizador costal a CO2, equipado com barra de
alcance de pulverização de 2 m contendo 4 pontas do tipo leque, espaçadas de 0,50 m. A pressão
de trabalho foi de 20 lb/pol2, com volume de calda de 150 l/ha.
Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nível de Proteção
Alto
Médio Observação: Uso Sempre os Fungicidas Protetores ou Biofungicidas Protetores
Baixo (Multissitios) associados aos Fungicidas de Sítio Específico: Evite uso isolado
Fonte: Autoria própria (2023).
4.1 Produtividade
PRODUÇÃO (KG/HA)
3000 2786 2850
2686
2531
2500 2281
2000
1500
1000
500
0
T1 T2 T3 T4 T5
T1: Testemunha. T2: Bacillus spp. T3: Silício + Ácido salicílico. T4: Silício. T5: Silício + Ácido Salicílico +
Bacillus spp.
Fonte: Autoria própria (2023).
Não foi observado a ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que não permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não
foi o objetivo deste estudo.
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
MAIS SOJA. Brasil é destaque na produção mundial de milho. 2023. Disponível em:
https://maissoja.com.br. Acessado em: Set. 2023.
CAPÍTULO 24
SISTEMAS AGROFLORESTAIS INTEGRADOS COM PLANTIO DIRETO:
AMENDOIM FORRAGEIRO (ARACHIS PINTOI K.) COMO
ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL
RESUMO
O uso de Sistemas Agroflorestais é uma alternativa benéfica para o ambiente produtivo, pois tenta reproduzir a
diversidade natural, sendo também uma alternativa rentável o ano inteiro para o produtor. Quando o Saf é associado
à técnica de Plantio Direto, beneficia devido às particularidades conservacionistas de manejo, potencializando a
eficiência do uso do solo e suas propriedades físico-químicas, diminuindo o uso de maquinário, reduzindo os
custos de produção, atuando também na incorporação hídrica no solo, baseando-se nos serviços ecossistêmicos e
também no modelo de produção mais sustentável. Quando se utiliza essa integração alguns pontos devem ser
avaliados, como por exemplo a capacidade produtiva das cultivares, o tipo de solo, as condições climáticas, o uso
de produtos químicos, a presença de plantas daninhas no local e as espécies a serem consorciadas. As plantas de
cobertura são de extrema importância pois atuam na formação de matéria orgânica para o solo, atuando também
como uma camada de proteção, minimizando os atritos causados por agentes externos. O trabalho teve como
objetivo o levantamento de informações, para recomendação de planta de cobertura para o sistema produtivo. A
metodologia consistiu na caracterização das condições da área e edafoclimáticas, no levantamento de informações
a respeito das culturas presentes, no método do quadrado para a coleta do material e na estimativa de matéria seca
produzida no sistema; para estimar as possibilidades de otimizar o sistema produtivo já bem desenvolvido, sendo
concluído com a recomendação do amendoim forrageiro como plantas de cobertura, devido a sua adaptabilidade
e alta produtividade.
1 INTRODUÇÃO
Os sistemas agroflorestais (SAFs) são formas de uso e manejo do solo que consiste em
árvores ou arbustos combinados, de maneira intencional e planejada, com cultivos agrícolas
e/ou animais em uma mesma área, ao mesmo tempo (associação simultânea) ou em uma
sequência de tempo (associação temporal), visando diversificar a produção, gerar renda,
proteger o solo e a água, além de promover o envolvimento da população local (SENAR, 2017).
No SAFs, a escolha de espécies adequadas é um fator chave para a estabilização dessas
espécies, sendo que espécies nativas podem ter maior probabilidade de êxito, por já estarem
adaptadas ao meio, principalmente aos fatores edafoclimáticos (DUBOC, 2004).
O sistema plantio direto (SPD) é reconhecido como uma prática inovadora, que desde o
seu surgimento tem demonstrado sustentabilidade na produção agrícola, trazendo benefícios
para o meio ambiente. Em contraste com o plantio convencional, onde o solo é completamente
Com isso, o objetivo desse trabalho foi realizar um levantamento de dados para
recomendação de planta de cobertura para o sistema produtivo em uma determinada área da
fazenda escola da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA.
2 METODOLOGIA
Situada entre as coordenadas geográficas 02º 35’ 04,0” S de latitude, 44º 12’ 33,3” de
longitude e 45 m ao nível do mar. Segundo a classificação climática de Koppen
(1936), é Aw Tropical com inverno seco com temperatura média anual de 31,5 ºC, e
uma média de precipitação de 2117,1 mm ano-1 (INMET, 2022).
A área total da Fazenda Escola da UEMA possui cerca de 56,12 há de área total. Há a
presença de policultivos e sistemas agroflorestais possuindo assim solo Argissolo Vermelho
Amarelo Distrófico Arênico, são caracterizados como solos com mudança textural abrupta e
com textura arenosa desde a superfície do solo até no mínimo 50 cm e no máximo 100 cm de
profundidade. Quanto à topografia do local, pode-se encontrar uma área plana de fácil trabalho.
O solo possui uma boa drenagem, devido a sua composição ser grande parte areia, o que
acaba facilitando a drenagem no local. Uma das principais vantagens da drenagem do solo é
que ela aumenta a fração do solo preenchida por ar, a drenagem do solo é de grande importância
para que todo o excesso de água residual – seja superficial ou subterrâneo – possa fluir do local
de plantação e chegar a tanques de retenção ou outras áreas de processamento. Solos muito
Podem ser adotados como um manejo para restauração em áreas florestais e recuperar
áreas degradadas. As cultivares instaladas no sistema SAF na Fazenda Escola são:
Açaí (Euterpe oleracea Mart.): O açaí possui populações naturais de açaí são
encontradas em solos de igapó e terra firme, porém com maior frequência e densidade em solos
de várzea (NASCIMENTO, 2008), podendo também ser encontrada em locais mais alagados,
com variedades adaptadas à essas condições.
Murici (Byrsonima verbasci folia. Rich Ex A. Juss): O Brasil concentra cerca de 50%
das espécies nas regiões Norte, Nordeste e Central, podendo também ser encontradas na região
Sudeste do país, em áreas do cerrado (SALDANHA; SOARES, 2015). Destacando-se entre as
espécies de seu grupo, devido à ampla distribuição em todo o Brasil (MENEZES FILHO, 2021).
Graviola (Annona muricata): A graviola é uma fruta tropical com grande destaque nos
mercados frutícolas da América do Sul, América Central e Caribe, o que justifica sua inclusão
entre as frutas tropicais brasileiras de alto valor comercial (SILVA, 1999).
Além de problemas nutricionais também foi possível notar problemas com pragas e
doenças. Grande parte das cultivares possui algum nível de dano por formigas. Foi possível
observar o ataque as culturas causando lesões nas folhas.
Na haste e nos pecíolos, as estruturas do fungo adquirem coloração que varia de branca
a bege e a epiderme da planta desenvolvem uma coloração arroxeada a negra. A colonização,
quando em estado severo e com variedades suscetíveis dificulta a ampliação do tecido cortical
e ocasiona o engrossamento do lenho e fissura das hastes e cicatrizes superficiais. Em casos
extremos, pode ocorrer a dispersão dos propágulos através do vento e a infecção se dá em todas
as fases de desenvolvimento da planta, sendo mais perceptível no início da floração. Quanto
mais cedo acometer o pomar, menor será o rendimento.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar do local conter uma cobertura de solo, é indicado o Amendoim forrageiro – Arachis
pintoi Krapov. e W.C. Gregory, pois diferente do capim-gengibre, o amendoim forrageiro é
uma espécie nativa do cerrado do Brasil, adaptada aos solos ácidos e de baixa fertilidade, possui
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBIERI, M.; GERALDINI, F.; BOTEON, M. Abacate: produção da fruta é uma das que
mais cresce no Brasil e no mundo! Revista Hortifruti Brasil, Piracicaba, v. 21, n. 232, abr. 2023,
p. 8- 15. Disponível em: https://www.hfbrasil.org.br/br/revista/acessar/completo/httpsissuu-
com-hfbrasil-docs-hf-232-flip.aspx. Acessado em: Jan. 2024.
DUBOC, E. Sistemas agroflorestais e o Cerrado. In: FALEIRO, F.; FARIAS NETO, A. L de.
(Ed.). Savana: desafios e estratégias para o equilíbrio entre sociedade, agronegócio e recursos
naturais. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2008. p. 965- 985.
OLIVEIRA, A.; CURTA, C. C. Cookie Isento de Glúten obtido com biomassa e farinha de
banana (Musa paradisíaca) verde. 2014. 44f. (Trabalho de Conclusão de Curso).
Universidade Federal Tecnológica do Paraná - Campus Francisco Beltrão, Paraná, 2014.
SOBRAL, M. et al. Myrtaceae. In: Lista de espécies da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim
Botânico, 2015. Disponível em: https://w.w.w.scielo.br/j/floram/a/Vd7H6zmDXjMjn4j8-
WYbxLHJ/. Acessado em: Jan. 2024.
CAPÍTULO 25
INVESTIGAÇÃO DO POTENCIAL DE ADSORÇÃO DO CORANTE AZUL DE
METILENO POR ACÍCULA DO PINUS
RESUMO
O descarte de corantes provenientes da indústria têxtil em corpos hídricos destaca uma preocupação ambiental
significativa. O despejo inadequado pode resultar em impactos prejudiciais nos ecossistemas aquáticos, afetando
a qualidade da água e da biodiversidade. Este problema mostra a necessidade urgente de práticas sustentáveis na
indústria, visando minimizar o impacto ambiental decorrente da produção têxtil e do descarte inadequado de
corantes nos corpos d'água. Biossorventes são materiais derivados de fontes biológicas, ou seja, biomassas que
apresentam a capacidade de remoção eficiente de substâncias nocivas como os poluentes orgânicos. Nesse sentido,
o presente estudo teve como objetivo investigar o potencial de adsorção do corante Azul de Metileno, utilizando
como biossorvente a folha do pinus (acícula) in natura e seca a 105 °C. Os resultados elucidam o melhor
desempenho da acícula seca (95,4%) na remoção do azul de metileno em relação à in natura (77%), e diante disto,
a biomassa pode ser considerada como mais uma alternativa eficiente de biossorvente, dentre os já existentes.
1 INTRODUÇÃO
A indústria têxtil destaca-se pela alta emissão de efluentes com diferentes tipos e
concentrações de poluentes orgânicos e inorgânicos, entre eles o corante azul de metileno. A
remoção dos corantes dos efluentes é uma das principais dificuldades do setor têxtil. O setor
utiliza em torno de 20 t ano-¹ de corantes, sendo estimado que 20% são descartados como
efluentes causando impactos no meio ambiente (COGO, 2011; VALENTE, 2018). Em 2021,
de acordo com a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o volume da
produção alcançou valores de 2,2 milhões de toneladas frente a 1,9 milhões em 2019. Além
disso, a indústria têxtil representa 11,5% do PIB nacional e um dos principais fabricantes do
mundo, não só pela quantidade, mas pela qualidade oferecida (ABIT, 2023).
Portanto, devido aos riscos ambientais e para a saúde humana apontados anteriormente,
é necessário que formas de tratamento sejam identificadas. Uma alternativa utilizada e que vem
ganhando destaque no meio científico, devido sua eficiência, simplicidade de preparo e
aquisição, é o método de adsorção. Este método permite a remoção de substâncias polares
hidrossolúveis, tal como os corantes (FELIZARDO; DOMINGUINI, 2013).
O uso de adsorventes para o tratamento de efluentes é uma forma que tem sido bastante
investigada, pois não necessita de uma alta carga de subproduto, e por isso inúmeros materiais,
geralmente biossorventes, já foram testados e comprovaram sua eficácia no processo de
adsorção (ARAÚJO et al., 2023).
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo investigar a adsorção do azul de
metileno, através de biossorvente sólido (folha do pinus sp), denominada como Acícula, in
natura e seca. Assim, investigando o potencial da acícula como mais uma alternativa de
adsorvente a partir de resíduos de biomassa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
A produção mundial dos corantes é estimada em 800.000 ton./ano e pelo menos 10-15%
destes entram no meio ambiente através dos efluentes (PEIXOTO et al., 2013). Os corantes
sintéticos são compostos orgânicos extensivamente usados em diversas áreas, nas quais pode
Devido à sua própria natureza, os corantes são detectáveis a olho nu, sendo visíveis em
alguns casos mesmo em concentrações tão baixas quanto 1 ppm (1 mg/L), entretanto, este
comportamento apresenta vantagens e desvantagens, pois uma pequena quantidade lançada em
efluentes aquáticos pode causar uma acentuada mudança de coloração dos rios, mas pode
também ser facilmente detectada pelo público e autoridades que controlam as tratativas
ambientais (GUARITINI; ZANONI, 1999; PIMENTEL et al., 2022).
Existem mais de 100 mil corantes comerciais, dos quais cerca de 2.000 estão disponíveis
para a indústria têxtil (TESSARO, 2015). O azul de metileno é um exemplo de corante
amplamente utilizado pelas indústrias que o manipulam, e é um potencial gerador de impactos
na qualidade e na ecologia da água. Uma das formas de retirar o azul de metileno do efluente é
por meio de biossorção, uma adsorção por organismos vivos ou seus produtos (DORNELAS,
2023).
N S N
Cl
Fonte: Autoria própria (2023).
2.2 Pinus
Sua invasão está associada diretamente à atividade da silvicultura e, também, pelo seu
uso para quebra-ventos e ornamentação. A silvicultura com Pinus spp. é uma atividade
econômica de grande relevância no Litoral Médio, tendo como principal produto a madeira em
tora e a produção de resina e de lenha (INSTRUÇÃO NORMATIVA 79, 2013).
Couto e Brito (1980), mostraram que árvores com oito anos de idade podem produzir
uma média de 17,5 kg de acículas por árvore, com 50% de umidade. Com isso, os solos com o
cultivo de Pinus apresentam uma tendência a possuírem pH ácido pelo acúmulo expressivo de
acículas na superfície do solo (CECCAGNO, 2016).
3 METODOLOGIA
Acícula Seca e Verde: A acícula seca foi cedida pelo Laboratório de Síntese Orgânica
catalítica- LSOcat da Universidade Federal de Rio Grande- FURG. O adsorvente foi retido em
estufa (Lucadema, 81/81) com uma temperatura controlada a 105 °C por aproximadamente 16
horas. Após a secagem, as folhas foram trituradas e armazenadas. Não houve definição de
granulometria. Já a acícula verde foi coletada no dia do experimento, triturada e armazenada.
A.S 40 0,112
A.S 60 0,099
A.V 40 0,424
A.V 60 0,493
Fonte: Dados da pesquisa (2023).
S.A.M-Padrão 0 5.54
A.S 20 4.95
A.V 20 4.98
Fonte: Dados da Pesquisa (2023).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A acícula seca apresentou potencial maior de adsorção em comparação a acícula in
natura, com um percentual de remoção de 93,1%. Entre 45 e 55 minutos, suponha-se que foi
atingida a capacidade máxima de adsorção pela acícula seca, pois evidenciou-se o
desprendimento de partículas do azul de metileno na solução e estabilidade na remoção.
Além disso, é uma alternativa para solucionar o passivo ambiental (acícula) e seus
malefícios para a natureza, tanto em questões de propagação de incêndios, abrigo de pragas,
quanto no decréscimo de espécies invasoras.
REFERÊNCIAS
GUARITINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B. Corantes Têxteis. Química Nova, 2000, 23(1), 71-
78.
PEIXOTO, F.; MARINHO, G.; RODRIGUES, K. Corantes têxteis: uma revisão. Holos, 2013,
5, 98-10. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.
Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/1239. Acessado
em: Dez. 2023.
CAPÍTULO 26
DETERMINAÇÃO DE MINOXIDIL EM SOLUÇÕES TÓPICAS UTILIZANDO
ELETRODO DE DIAMANTE DOPADO COM BORO
RESUMO
Esse trabalho descreve um procedimento eletroanalítico para a determinação de minoxidil em amostras de soluções
tópicas empregando um eletrodo de diamante dopado com boro pré-tratado catodicamente. Por meio da técnica
voltamétrica cíclica, observou-se que o fármaco apresentou um pico de oxidação irreversível em potencial de,
aproximadamente, 0,85 V. Adicionalmente, parâmetros e condições como pH, eletrólito suporte e velocidade de
varredura foram estudados e otimizados. O minoxidil foi determinado utilizando a técnica voltamétrica de pulso
diferencial e uma solução de tampão BR (pH 9,0) foi utilizada como eletrólito suporte. A faixa de concentração
linear da curva analítica foi de 2,49 a 49,9 µmol L-1, os valores de limites de detecção e de quantificação calculados
foram de 0,195 e 0,593 µmol L-1, respectivamente. As amostras de soluções tópicas foram analisadas pelo método
voltamétrico proposto e pelo método espectrofotométrico comparativo, foi realizado o teste t-pareado, o qual
indicou que não houve diferença significativa entre os resultados obtidos para a determinação da concentração de
minoxidil, a um nível de confiança de 95%. Portanto, o método eletroanalítico desenvolvido se mostrou viável
para a utilização no controle de qualidade do minoxidil em medicamentos, e pode ser atrativo para análises de
rotina em indústrias farmacêuticas, proporcionando uma análise mais econômica e ambientalmente mais
sustentável.
1 INTRODUÇÃO
Em vista do grande número de pessoas afetadas pela AAG, muitos medicamentos vêm
sendo utilizados com a promessa de aumentar a cobertura do couro cabeludo e retardar a queda
dos fios. Entre esses, pode-se citar: Dutasterida, Espironolactona, Finasterida, Flutamida e
Minoxidil (MX). De acordo com a literatura, dois dos fármacos citados se destacam por
apresentaram melhores resultados ao tratamento, Finasterida via oral e MX tópico (uso crônico)
(KRAUSE; FOITZIK, 2006; OLSEN et al., 2004).
Os métodos eletroanalíticos têm sido cada vez mais utilizados, em razão de seu baixo
custo relativo, não exigindo longos procedimentos de preparo de amostras ou elevado consumo
de reagentes, comparados aos métodos cromatográficos (FARIDBOD; GUPTA; ZAMANI,
2011; THAPLIYAL et al., 2016; YANG et al., 2018).
No caso dos eletrodos de trabalho mais utilizados, atualmente, são aqueles a base de
carbono, disponíveis em uma variedade de microestruturas, como: Eletrodo de Pasta de
Carbono (EPC), Eletrodo de Carbono Vítreo (ECV); eletrodo de grafite (EG); nanotubos de
carbono (NTC); fibras de carbono (FC) e o Eletrodo de Diamante Dopado com Boro (EDDB)
(FATIBELLO-FILHO, 2022; LAITINEN; KOLTHOFF, 1941).
Ademais, os EDDBs requerem remover o oxigênio gasoso das soluções aquosas devido
a sua baixa sensibilidade à presença desse. Por fim, o aspecto que permite o estudo de uma
grande variedade de espécies é a ampla janela de potencial deste material, o qual permite a
detecção de substâncias com potenciais mais positivos ou negativos sem a interferência da
eletrólise da água (ALPATOVA et al., 2005; FATIBELLO-FILHO, 2022; PECKOVÁ;
MUSILOVÁ; BAREK, 2009).
2 METODOLOGIA
2.2 Instrumentação
Figura 1: Esquema ilustrativo do potenciostato Autolab PGSTAT101 controlado pelo software NOVA 2.1,
acoplado a uma célula eletroquímica.
Figura 2: Voltamograma cíclico para obtido para o MX, na concentração de 9,9 × 10-5 mol L-1, utilizando um
EDDB e uma solução de tampão BR (pH 3,0) como eletrólito suporte, v = 50 mV s-1.
Figura 3: Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando (A) EDDB-PTA e EDDB-
PTC (B) EDDB-PTC aplicando-se diferentes densidades de corrente: -50; -100 e -200 mA cm-2. Eletrólito
suporte: solução de tampão BR (pH 3,0); v = 50 mV s-1.
Após avaliar o efeito dos PTs eletroquímicos, um parâmetro estudado foi a densidade
de corrente aplicada sob o EDDB, a fim de avaliar se diferentes densidades de correntes no PTC
podem influenciar na resposta voltamétrica obtida. Na Figura 3-(B) são apresentados os
voltamogramas cíclicos obtidos para o MX com o EDDB pré-tratado catodicamente sob
diferentes densidades de corrente (-50; -100 e -200 mA cm-2) mantendo o tempo do PT em 150
s.
3.2 Estudo do pH
Levando em consideração que o MX possui mais de um grupo amina (–NH) que pode
ser oxidado, o comportamento eletroquímico do analito pode variar de acordo com o pH do
eletrólito suporte, o qual poderá afetar a sensibilidade e o perfil do voltamograma. Assim, o
estudo do melhor pH do eletrólito suporte foi realizado sob uma região de 1,0 a 10,0. Os
Tal comportamento, obtido com o estudo de pH, pode estar relacionado com a
desprotonação da molécula em pH maiores, considerando que seu pKa é igual a 4,6, ou seja, a
molécula desprotonada se oxida mais facilmente na superfície do EDDB, o que diminui seu
potencial de oxidação. Portanto, considerando o perfil voltamétrico obtido, o pH selecionado
foi de 9,0, por apresentar maior intensidade de corrente de pico e menor potencial de oxidação
para o MX.
Figura 4: Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando o EDDB-PTC em soluções
dos eletrólitos suporte: (A) H2SO4 0,1 mol L-1 (pH ~ 1,0) e tampão BR sob uma faixa de pH de: 2,0 – 5,0 e (B)
tampão BR sob uma faixa de pH de: 6,0 – 10,0. v = 50 mV s-1.
Figura 5: Relação entre os valores de potencial do pico anódico de MX (9,9 × 10-5 mol L-1) e pH. Eletrólito
suporte: solução de tampão BR, pH: 1,0 a 10,0.
Figura 6: (A) Voltamogramas cíclicos obtidos para o MX (9,9 × 10-5 mol L-1) utilizando o EDDB-PTC em
diferentes velocidades de varredura de potencial: 10,0 – 300 mVs-1. Eletrólito suporte: solução de tampão BR (pH
9,0). (B) Relação linear entre os valores de corrente e a raiz quadrada da velocidade de varredura de potencial.
Inset:: Relação linear entre os valores de corrente e o logaritmo da velocidade de varredura de potencial.
Em outro estudo, um gráfico de log I vs. log v foi obtido (Inset da Figura 6-(B)), a
equação de reta obtida está apresentada na Equação 2. O coeficiente angular de 0,45 indica que
o processo de transferência de massa de MX para a superfície do EDDB-PTC é controlado
preferencialmente por difusão, considerando que de acordo com a literatura, o valor teórico
para esse coeficiente é 0,5 e confirmado os resultados discutidos anteriormente (GOSSER,
1993), esses resultados são concordantes aos apresentados acima.
Para selecionar a melhor técnica voltamétrica de pulso para a quantificação de MX, duas
técnicas foram estudadas: VOQ e VPD. Os parâmetros instrumentais de ambas as técnicas
foram otimizados, sendo eles: amplitude (A), frequência (f) e incremento de potencial (∆Es)
como os parâmetros da VOQ; e, amplitude (A), tempo de modulação (tm) e velocidade de
varredura (v) como os parâmetros da VPD. Esses estudos foram realizados por meio de uma
análise univariada, na qual variou-se um dos parâmetros enquanto outros dois foram mantidos
fixos. Para selecionar o valor ideal para cada parâmetro foram considerados os perfis
voltamétricos, bem como as intensidades de corrente de pico, além da repetibilidade entre as
medidas. Os intervalos estudados e os valores selecionados para cada parâmetro das técnicas
estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Valores dos parâmetros instrumentais das técnicas de VOQ e VPD investigados e selecionados para a
determinação de MX empregando o EDDB-PTC.
Parâmetros Intervalo Estudado Valor Selecionado
VOQ
Amplitude (a) / mV 10 – 60 50
Frequência (f) / Hz 10 – 90 60
Incremento de potencial (∆Es) / mV 1,0 – 5,0 2,0
VPD
Amplitude (a) / mV 10 – 100 80
Tempo de Modulação (tm) / ms 1,0 – 8,0 7,0
Velocidade de Varredura (v) / mV s-1 10 – 50 30
Fonte: Autoria própria (2024).
Figura 7: (A) Voltamogramas de onda quadrada obtidos em diferentes concentrações de MX: 2,99; 6,46; 12,4;
19,6; 31,5; 40,8 e 63,2 µmol L-1, sob os parâmetros: a = 50 mV; f = 60 Hz; ∆Es = 2,0 mV. Inset: Curva analítica
obtida para o MX por VOQ (n = 3). (B) Voltamogramas de pulso diferencial obtidos em diferentes concentrações
de MX: 2,49; 4,48; 7,44; 18,2; 29,1; 38,5; 45,3 e 49,9 µmol L -1, sob os parâmetros: a = 80 mV; t = 7,0 ms; v = 30
mV s-1. Inset: Curva analítica obtida para o MX por VPD (n = 3).
3𝑠𝑠
𝐿𝐿𝐿𝐿 = (5)
𝑏𝑏
10𝑠𝑠
𝐿𝐿𝐿𝐿 = (6)
𝑏𝑏
Tabela 3: Valores de DPR obtidos nos estudos de repetibilidade intra e entre-dias para o método eletroanalítico
proposto.
Concentração de MX (µmol L-1) Repetibilidade Intra – dia Repetibilidade Entre – dias
(N = 10) DPR % (N = 5) DPR %
18,2 2,48 2,52
38,5 2,81 2,45
Fonte: Autoria própria (2024).
Tabela 4: Comparação dos parâmetros analíticos e algumas características entre o método proposto e outros
métodos voltamétricos encontrados na literatura.
Técnica Eletrodo LD (µmol L- Faixa linear Características Referência
1
) (µmol L-1)
– Modificação da superfície do eletrodo (DEHDASHTIAN;
–Processo trabalhoso e demorado no HASHEMI, 2020)
VPD EPC-MIP a 3,0 10-4 1,0 10-3 – preparo do MIP
400,0 10-3
VC EGPU b
14,9 33,8 – 289,0 – Não há adsorção de MX na superfície (SOUSA et al.,
EBSG c 22,3 33,9 – 289,0 – Não há a formação de subprodutos de 2013)
EGPU 4,02 17,5 – 145,0 oxidação
VPD EBSG 1,35 2,7 – 22,8 – Determinação direta em cápsulas,
EGPU 4,97 26,8 – 136,0 plasma sintético e urina
VOQ
A fim de validar o método proposto, um dos estudos realizados foi a comparação dos
resultados obtidos nas análises das amostras de soluções tópicas com um método descrito na
literatura para a quantificação de MX. O método comparativo utilizado foi espectrofotmétrico
descrito por (BORDBAR et al., 2009), com algumas adaptações.
Para avaliar a concordância dos resultados obtidos pelos dois métodos, realizou-se um
estudo estatístico aplicando o teste-t pareado. O valor do tcalculado foi de 2,29 e o valor do ttabelado
para o nível de confiança de 95% e 2 graus de liberdade é de 4,30. Portanto, como o valor de
tcalculado é menor que o valor de ttabelado, pode-se concluir que não há diferença significativa entre
os resultados obtidos pelos dois métodos, indicando boa exatidão ao método voltamétrico. Vale
ressaltar que a concentração de MX na Amostra 3 (60,33 mg mL-1) apresentou uma diferença
significativa quando comparado ao valor indicado no rótulo (50 mg mL-1), no entanto, os
valores de concentração obtidos por ambos os métodos foram concordantes, com um erro
relativo de -0,71%.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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https://doi.org/10.1016/j.jpba.2004.06.007. Acessado em: Jan. 2024.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi identificar e quantificar os impactos do uso do solo da bacia hidrográfica do rio
Uberabinha nos parâmetros de qualidade da água, em específico na contaminação por pesticidas. Foram utilizadas
as imagens do satélite LANDSAT com resolução espacial de 30 m, com várias classes de uso da terra para o ano
de 2018. Os resultados indicaram a seguinte ocupação das classes de uso da terra na bacia em percentual da área
ocupada: 25,75% na mata nativa, com 0,51% hidrografia, 6,81% em infraestrutura 49,03% agricultura, 12,89%
pastagem, 5,01% ocupada por silvicultura. Em relação a contaminação da água por pesticidas acima do
estabelecido pela legislação brasileiro forma encontradas três moléculas. Foram encontradas 6 moléculas proibidas
na união europeia. A conclusão é que a legislação brasileira está atrasada quando comparada com a legislação
europeia e americana nos quesitos limite máximo permitido de pesticida na água e na proibição de pesticidas.
1 INTRODUÇÃO
Nas extensas áreas de monocultivos, pulverizam-se caldas desses tóxicos por meio de
tratores e aviões sobre as lavouras, que atingem não só as “pragas” nas plantas, mas também
matrizes ambientais como o solo, as águas superficiais, o ar, a chuva e os alimentos (PIGNATI
et al., 2017).
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar os impactos do uso do
solo da bacia hidrográfica do Rio Uberabinha nos parâmetros de qualidade da água, em
específico na contaminação por pesticidas.
2 METODOLOGIA
O estudo foi realizado na bacia hidrográfica do rio Uberabinha (Figura 1), localizado na
porção sudoeste do estado de Minas Gerais na Mesorregião do Triângulo Mineiro, entre as
coordenadas geográficas de 18º58’48’’ e 19º22’12’’ latitude Sul e 47º50’24’’ e 48º18’36’’
longitude Oeste do meridiano de Greenwich. Possui 218.925 hectares abrangendo parte dos
municípios de Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara.
A caracterização da bacia do rio Uberabinha foi realizada por meio do mapa de solos,
mapa de declividade e mapa hipsométrico como a menor altitude com 540 metros em sua foz e
a maior altitude com 990 metros na nascente. Os dados referentes aos tipos de solos foram
obtidos do Mapa de Solos do Estado de Minas Gerais, disponibilizado na escala de 1:650.000,
no formato raster (UFV/CETEC/UFLA/FEAM, 2010), forma localizados seis classes de solos
na área da bacia, a saber: argissolo vermelho- amarelo eutrófico, cambissolo háplico eutrófico,
gleissolo melânico distrófico, latossolo vermelho eutrófico, latossolo vermelho distrófico,
latossolo vermelho- amarelo distrófico para complementar a análise existente entre fatores
físicos e a qualidade da água do recurso hídrico. Para a delimitação da bacia hidrográfica, das
sub bacias de contribuição, assim como a extração das características topográficas, foi utilizado
um modelo digital de elevação (MDE), disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE, 2010) com resolução espacial de 30 m × 30 m. Além disso, para estudar ainda
mais o impacto das características topográficas sobre a relação entre tipo de uso da terra e água
qualidade, quatro categorias de declive foram extraídas do MDE, segundo classificação da
Embrapa (1999): categoria I (0-3%), categoria II (3-8%), categoria III (8-20%), categoria IV
(20-45%), categoria V (45-75%)., categoria VI (75-100%). Estes seis tipos de declive foram
considerados após a análise de correlação entre o uso do solo e a qualidade da água.
Para a análise da qualidade da água da bacia do rio Uberabinha, classificado como classe
2 e ambiente lótico. Foi selecionado o ponto de amostragem que está localizado na estação de
tratamento de água (ETA) Sucupira, antes da cidade de Uberlândia/ MG por meio da estação
do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano
(SISAGUA) de responsabilidade do Mistério da Saúde, no período de agosto de 2016 a 2019.)
Os efeitos do uso do solo na qualidade do recurso hídrico na bacia, foram testados por
meio da estatística descritiva. Em que foram comparados os valores de medida de dispersão,
valor mínimo, máximo e de amplitude, dos dados de qualidade da água em vários anos levando
em consideração o período seco. Foi utilizado o software estatístico R.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Classes de uso do solo e áreas ocupadas na bacia hidrográfica do rio Uberabinha.
Classes de uso do solo Área (ha) % da área
Infraestrutura 149818,36 6,81
Agricultura 107338,00 49,03
Pastagem 28222,46 12,89
Silvicultura 10959,00 5,01
Hidrografia 1113,14 0,51
Mata nativa 56374,04 25,75
Total 218925,00 100
Fonte: US. Geological Survey (USGS, 2018).
Glifosato, é um herbicida que foi introduzido pela Monsanto sob a Roundup em 1974 e,
na última década, tornou-se o mais utilizado pesticida agrícola em todo o mundo. O glifosato
vem de várias formas, incluindo um ácido e vários sais. Existem mais de 750 produtos contendo
glifosato à venda. Isto é registrado em 130 países e foi aprovado para controle de ervas daninhas
em mais de 100 cultivo (VALANAVIDIS, 2018).
Esses produtos químicos e seus metabólitos podem ser encontrados no solo, ar, água e
água subterrânea e produtos alimentares. Atualmente, a maioria agências que avaliam o risco
de exposição ao glifosato não o consideram cancerígeno humanos, mas o consenso entre a
comunidade científica em relação à segurança da glifosato ainda a ser estabelecido. Além disso,
os efeitos crônicos associados à exposição a longo prazo glifosato permanece praticamente
inexplorado (DONG et al., 2019).
Conclui-se, com base nos resultados obtidos, que a cobertura florestal é a mais
importante tipo LULC para manter a qualidade da água em rios e as áreas agrícolas e urbanas
são responsáveis pela água degradação da qualidade (MELLO et al., 2018).
Glifosato
80
60
40
20
0
μg/L Limite Limite Limite Limite
CONAMA Uniâo EUA OMS
Européia
E ainda é realizado teste na água para verificar a sua concentração, dessa forma está
desperdiçando dinheiro público.
Clordano
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Ao avaliar o uso de tebuconazol no controle de ácaro Panonychus ulmi que causa danos
às videiras, ocorreu uma alta taxa de mortalidade no predador natural Neoseiulus
californicus que é utilizado no controle biológico do ácaro Panonychus ulmi (SILVA et al.,
2019).
Pesquisas científicas já estabeleceram que pesticidas não estão sendo utilizados pelas
lavouras completamente, uma quantidade significativa permanece sem uso devido a vários
fatores limitantes, como a deriva, a lixiviação, resultando em um efeito na qualidade da água e
na saúde humana (SINGH et al., 2019).
Tebuconazol
35
30
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
A concentração de Atrazina, herbicida do grupo químico triazina na água (Figura 5), foi
em 2016 de 0,9 μg/L, no ano de 2017 e 2018 foi 0,10 μg/L inferior ao limite estabelecido por
todas as legislações analisadas, exceto na União europeia que é proibido. No caso, o limite
estabelecido pelo CONAMA e OMS a concentração é 2 μg/L, e nos EUA a concentração é 3
μg/L.
A atrazina foi proibida na União europeia em 3 de outubro de 2003, pelo fato dos testes
realizados com a atrazina não assegurou que o uso continuado na agricultura permitirá uma
recuperação satisfatória de qualidade da água subterrânea onde as concentrações já excedem
0,1 µg /L (EUROPEAN UNION, 2003).
Atrazina
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Clorpirifós + clorpirifós-oxon
35
30
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
2016 2017
Lindano
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Alaclor
25
20
15
10
5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Endrin
2,5
2
1,5
1
0,5
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Carbofurano
50
40
30
20
10
0
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
Na análise da água, de diversos pontos das bacias hidrográficas que drenam para o lago
Ontário no Canadá foram amplamente detectados a presença de 2,4-D na água com mais altas
concentrações no rio Tâmisa e McGregor (METCALFE et al., 2019).
Para uma efetiva redução do uso de pesticidas pelos agricultores, a adoção de uma
política agroambiental adequada é necessária. Sendo mais específico, são necessários
pagamentos suficientemente altos para compensar uma redução no uso de pesticidas, por três
razões principais. Os agricultores podem precisar i) incentivos significativos para superar a
aversão ao aumento do risco de grandes perdas de produção (“prêmio de risco à produção”) e
ii) prêmio de encargo ministerial” para aceitar mudar suas práticas atuais iii) as melhorias
ambientais e de saúde podem não ser uma motivação suficiente para alguns agricultores
(CHÈZE et al., 2020).
2,4 D + 2,4,5 T
140,00
120,00
100,00
80,00
60,00
40,00
20,00
0,00
μg/L Limite Limite Uniâo Limite EUA Limite OMS
CONAMA Européia
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Das dez moléculas de pesticidas analisadas neste estudo, seis estão proibidas o seu uso
na União europeia. O que demonstra o atrasado na pesquisa, a fim de determinar a qualidade
da água para consumo da população brasileira.
Dessa forma, a política de uso do solo em conjunto com a política de qualidade da água
deve ser atualizada urgentemente. Para que se tenha uma agricultura conservacionista de modo
a preservar a qualidade da água para a sociedade brasileira.
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CAPÍTULO 28
PESCA PREDATÓRIA:
IMPACTOS, DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS
RIOS NO MUNICÍPIO DE PEDRO DO ROSÁRIO-MA
RESUMO
A existência da presença humana no território brasileiro tem 12 mil anos, evidências arqueológicas demonstram
que a caça e a pesca eram as principais atividades de subsistência dos primeiros homens nômades. No decorrer
dos anos, o homem tornou sua atividade mais elaborada, porém, mantendo as atividades pesqueiras e de caça para
manutenção e desenvolvimento da sua própria espécie. Atualmente percebe-se que devido à falta de políticas
públicas, fiscalização, apoio e conscientização tanto da população ribeirinha que sobrevive da pesca, quanto
daqueles que praticam a pesca como atividade econômica, nota-se uma redução considerável das espécies
aquáticas, em especial dos peixes, ou seja, são as consequências da pesca predatória que ocorre continuamente o
ano todo e em todas as regiões onde o projeto foi desenvolvido. Este trabalho caracteriza-se pela abordagem
qualitativa juntamente com a pesquisa de campo, buscando atentar-se para a realidade e as dinâmicas sociais dos
pescadores da região do município de Pedro do Rosário–MA e sua atividade pesqueira. Como instrumento para
coleta de dados, foi utilizada uma entrevista semiestruturada acompanhada de gravação de vídeo, pois permite
maior flexibilidade durante as conversas, provocando narrativas da vivência e realidade dos entrevistados assim
como suas interpretações. A partir dos resultados obtidos, pode-se observar pelas narrativas que os estoques
pesqueiros no município têm diminuído, tanto em relação ao tamanho quanto à quantidade. A fiscalização tem
sido ineficaz e insuficiente, não atendendo às necessidades dos munícipes. As vozes dos pescadores locais,
embasada pelas suas experiências diárias, ressoam como um alerta urgente, suas narrativas destacam não apenas
a redução na abundância de peixes, mas também a complexidade dos desafios enfrentados pelas comunidades
dependentes desses recursos, sendo assim, este trabalho contribuiu para compreender os impactos da pesca
predatória no município e a necessidade de desenvolver ações que combatam essa prática, colaborando para as
discussões e buscas de melhorias no município, no estado e até mesmo no país.
1 INTRODUÇÃO
No instante que essas ocorrências acontecem surge a prática da pesca predatória, que se
caracteriza pela pesca excessiva, aliada a equipamentos inadequados, e que pode ser agravada
no período do defeso (piracema), causando desequilíbrio no ecossistema e diminuição dos
estoques pesqueiros. No Brasil existem leis, portarias, instruções normativas, decretos e
medidas provisórias que visam regulamentar a atividade pesqueira, estabelecer normas e
punições para aqueles que desobedecem aos critérios da pesca legal, na tentativa de inibir
práticas prejudiciais ao meio ambiente.
O município de Pedro do Rosário possui rica hidrografia formada pelos rios Turiaçu e
pelo rio Pericumã (mais conhecido na região como rio Capinima), que garantem uma rica
biodiversidade aquática. As atividades de pesca no município são artesanais, desenvolvidas por
famílias de pescadores para a subsistência e fonte de renda. Os rios do município ainda
desenvolvem um papel imprescindível para as espécies de peixes da região, os campos alagados
dos povoados Guanani e Forquilha do Campo são usados para desova e crescimento que,
posteriormente, vão dar continuidade a biodiversidade aquática da região de Pedro do Rosário
e dos municípios circunvizinhos.
O relatório intitulado The world’s forgotten fishes (Os peixes esquecidos do mundo),
organizado por 16 organizações de conservação, escrito por Hughes (2021) mostra que os dados
Mediante esta realidade, esta pesquisa buscou compreender os impactos causados pela
pesca predatória no período da piracema, nos rios Turiaçu, Capinima e nos campos alagados de
Forquilha do Campo e Guanani, analisando as ações dos órgãos fiscalizadores, bem como
fornecer subsídios para a preservação do ecossistema aquático no município de Pedro do
Rosário–MA.
2 METODOLOGIA
A pesquisa não surge ao acaso, segundo Minayo e Deslandes (2007, p. 16) “Toda
investigação se inicia por uma questão, por um problema, por uma pergunta, por uma dúvida”.
A partir das inquietações com a realidade e em consonância com os objetivos, é necessário
traçar os caminhos metodológicos que serão percorridos, em busca de alcançar uma resposta.
Esta pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa do tipo pesquisa de campo, que
segundo Lakatos e Marconi (2017, n.p.) “O interesse da pesquisa de campo está voltado para o
estudo de indivíduos, grupos, comunidades, instituições, visando à compreensão de vários
aspectos da sociedade”. Buscando atentar-se para a realidade e as dinâmicas sociais dos
pescadores da região do município de Pedro do Rosário–MA e sua atividade pesqueira.
A gravação de vídeo durante a entrevista, segundo Bauer e Gaskell (2010, p. 149) “tem
uma função óbvia de registros de dados sempre que algum conjunto de ações humanas é
complexo e difícil de ser descrito compreensivamente por um único observador, enquanto ele
se desenrola”.
O ser humano é um ser social que não é construído no mero nascer, mas sim das
interrelações que mantém com a família, com os vizinhos, amigos, com o trabalho, com o meio.
Esse movimento contínuo gera saberes tão puros e natos, que os tornam pesquisadores sem nem
mesmo perceber.
[...] diminuiu tudo, tudo, tudo! Tanto faz a questão, as espécies de peixes, o tamanho,
a classe.” A gente tem a questão, não acabou um tipo de peixe, mas diminuiu, pois,
nós ‘pegava’ muito cascudo no forjo, hoje a gente não pega mais assim, a gente pegava
era, no caso, muito jeju, era uma classe de peixe, a gente pegava muito aqueles acarás
que eram peixe bom que comia com leite de coco, mas hoje é mais difícil
(ENTREVISTADO 2, 2023, informação verbal concedida em 05 de dezembro de
2023).
Nesta narrativa percebe-se o alerta do pescador para a realidade atual dos rios do
município.
[...] o tempo desse o peixe além tá cheio de ova pra amanhã ou depois nós ter bilhões
e bilhões de peixe, aí pra matar tudinho, quando ser o ano que vem, cadê o peixe? E
agora eles arrumaram uma tal de... me esqueci o nome lá que eles arrastam tudo que
é tipo de madeira do rio, pra quê isso? Hoje não tem mais onde o peixe se esconder,
porque o peixe se esconde é nas coivaras, no buraco [...]
[...] esse negócio de tanta malhadeira, esse é outra coisa que acabou com o peixe, que
as vezes eles ‘bota’ de tarde e só vai tirar de manhã e chega lá e tá tudo podre e aí bota
fora, pra que isso aí? Não pode, não pode fazer isso aí! [...] cansamos de achar
malhadeira cheia de caveira de peixe no rio (ENTREVISTADO 3, 2023, informação
verbal concedida em 06 de dezembro de 2023).
E por fim, para o Entrevistado 4 (2023) destaca de maneira recorrente das práticas que
tem acontecido no período da piracema:
Mas a pesca predatória hoje, que é as redes menores que nós temos um limite na
configuração da lei nacional que é até 6 malhas, 6 milímetros de malha. Ai quando
chega nesse período assim eles baixam pro nível 4, 5, 3 né, que aí já começa, começa
já atingir a questão do crescimento do peixe, né? [...]
[...] Já no rio Turiaçu a grande questão predatória é os malhões e o foco de pescar a
tapiaca com... que é de rabeta, né? Mas só que eles cercam a coivara, aí coloca a rabeta
dentro e ficam acelerando e as tapiacas saem e se malham, então não é correto, é
predatório, mas aí eu te pergunto: o que a gente pode fazer pra não acontecer? Porque
é da onde tiram o sustento (ENTREVISTADO 4, 2023, informação verbal concedida
em 11 de outubro de 2023).
Este relato também traz um importante desabafo quanto à falta de políticas públicas de
assistência e apoio à população que sobrevive da pesca.
Mediante o uso desses equipamentos e de outras práticas como a pesca de rabeta para a
captura dos peixes tapiacas, mencionada pelo Entrevistado 4, e das percepções ao longo dos
anos, os pescadores da região alertam para o fato de algumas espécies mais comuns da região
ter diminuído tanto em questão do tamanho, quanto a quantidade do estoque pesqueiro.
O olhar atento dos que cotidianamente vivem e estão próximos a esses problemas
precisa ser considerado e investigado. O saber empírico, segundo Coulon (1995), é tão
importante e elaborado quanto o conhecimento científico, isso não significa que o científico
perca valor, a diferença está exatamente no olhar mais profundo das interrelações sociais,
podendo analisá-las conscientemente.
Uma dessas leis é a lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, que no artigo 7º, que dispõe
sobre o desenvolvimento sustentável, diz que a atividade pesqueira ocorre mediante sistemas
Diante dessa grande importância, buscou-se nos relatos dos atores a identificação de
como ocorre a fiscalização e regulamentações relacionadas à pesca no município de Pedro do
Rosário. Diante dos questionamentos, os pescadores entrevistados relataram as ações de
fiscalização ocorridas nas comunidades.
Segundo Entrevistado 1 (2023) “[...] já veio aqui já duas vezes, ano passado e retrasado,
ele veio fiscalizar, então se ele achasse algum pescando errado ele tinha o direito de levar né?”
(ENTREVISTADO 1, 2023, INFORMAÇÃO VERBAL CONCEDIDA EM 30 DE
NOVEMBRO DE 2023).
Não, não. O que eu vejo assim eles sempre falando na televisão, pra não pegar mais
de 5 kg, aquelas pessoas que são, que vivem da pesca, porque eu pesco pouco, assim
pego pouco peixe, mas a pessoa que vive da pesca que ele vende pra ele se
‘assustentar’ não é pra pegar mais de 5 kg de peixe.” Porque se pegar mais de 5 kg aí
já ultrapassou o limite, eu vejo, mas aqui mesmo eles não falam [...].
[...] não! não, não, não, não, não... nunca, nunca, nunca, esse Capinima mesmo aí,
acontece muitas coisas, porque... eles fizeram essa transferência de água do rio pro
açude e aí a gente fez uma abaixo-assinado aí, mandou pro IBAMA, ligou. Eles ‘disse’
que vieram aí, mas só que eles não fizeram nada, aonde tem isso daqui quem é morto
por dinheiro... não aconteceu nada! Tinha peixe morrendo lá no seco. Que ele pagava
pra pescar peixe deste tamanhinho aqui, ôôôh (se referindo ao tamanho do peixe,
alevino) (ENTREVISTADO 3, 2023, informação verbal concedida em 06 de
dezembro de 2023).
Existe uma lei federal, a 11.958 de 2008 que ela abrange todo esse sistema da pesca,
a industrial, a artesanal e a pesca profissional, né? E existe a pesca artesanal
embarcada e existe a pesca artesanal desembarcada, nós que somos da baixada e
somos amparados e existe muita portaria, muitas leis, né? [...] Mas hoje o que abrange
mesmo é essa que eu falei, que eu falei a 11.958 de 2008 e a 959 também, né? Existe
Outro ponto a ser observado nas narrativas é que as fiscalizações ocorrem por meio de
denúncias, mas nem sempre são resolvidas ou investigadas e até mesmo não são solucionadas.
Segundo o Relatório de Gestão da Ouvidoria do IBAMA (2022) os assuntos mais abordados
durante as manifestações recebidas correspondem a 10.966 no total. No ranking, a pesca
predatória é o 4º assunto mais abordado, totalizando 325 manifestações, ficando atrás somente
de assuntos como cativeiro de animais silvestres, desmatamento e degradação de área.
Assim, é provável que os dados apresentados sofram disparidades, não condizendo com
a realidade de todas as regiões do país, do estado ou mesmo do próprio município.
O ser humano é apenas seres dependentes daquilo que a natureza tem em abundância
para sobreviver. Assim, é necessário compreender como preservar, pois no futuro, sem o
cuidado desses recursos, perde-se a mesma fartura e a beleza de hoje.
Nos povoados Mucuripe, Minório e Olho D’água as margens do Rio Turiaçu, durante a
ação foram observados grande diversidade de equipamentos (Figura 5) utilizados na pesca
local, tais como canoas, motores de rabetas, tarrafas, malhadeiras, caixas térmicas entre outros
equipamentos utilizados pelos pescadores da região. Identificou-se também a presença de
alguns pescadores em atividade, porém, com quantidades mínimas de pescados, ou seja, nada
que estivesse em desacordo com as legislações vigentes, no que diz respeito à pesca no período
da piracema.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As vozes dos pescadores locais, embasada pelas suas experiências diárias, ressoa como
um alerta urgente. Suas narrativas destacam não apenas a redução na abundância de peixes, mas
Assim, mesmo com os objetivos dessa pesquisa terem sido alcançados, o município
carece de investigações mais profundas que englobem mais participantes. Espera-se que este
trabalho sirva de inspiração para novas pesquisas e contribua para compreender os impactos da
pesca predatória no município e a necessidade de desenvolver ações que combatam essa prática.
E ainda, cooperar para as discussões e buscas de melhorias no município, no estado e até mesmo
no país.
REFERÊNCIAS
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manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
BRASIL. Portaria Nº 83/03-N, de 31de dezembro de 2003. Dispõe sobre a proibição da pesca
em épocas de reprodução e estabelece que o Poder Executivo fixará os períodos de defeso da
piracema para proteção da fauna aquática, atendendo às peculiaridades regionais, podendo
adotar medidas necessárias ao ordenamento pesqueiro. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBMA. Ministério da Pesca e Aquicultura, Brasília,
2003. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/ptbr/assuntos/mpa/legislacao/de-
fesos/portaria-ibama-no-85_12_2003.pdf/view. Acessado em: Nov. 2023.
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LEIRA, M. H. et al. Piracema: período de preservação dos peixes nativos. Nutri Time Revista
Eletrônica, v. 15, n. 03, p. 8153-8163, 2018. Disponível em: https://www.nutri-
time.com.br/atigos/artigo-466-piracema-periodo-de-preservacao-dos-peixes-nativos/.
Acessado em: Out. 2023.
ENTREVISTA CONCEDIDA
CAPÍTULO 29
ANÁLISE MULTIVARIADA DAS EMISSÕES DE CO2 DO SOLO ATRAVÉS DO
USO DE CÂMARA FECHADA COM SENSOR INFRAVERMELHO
RESUMO
A análise das emissões de CO2 do solo nos últimos anos tem se tornado objeto de estudo relevante nos últimos
anos, sobretudo em florestas tropicais na tentativa de compreender a participação desses ecossistemas no ciclo
global do carbono. Neste sentido, este estudo propõe estimar os efluxos de CO2 em horizontes superficiais de
diferentes áreas sob o domínio da Mata Atlântica no município de Santo Antonio de Pádua-RJ. Para isso foi
utilizada a técnica da câmara fechada com sensor infravermelho durante três dias do verão e do inverno de 2015
em quatro diferentes tipos de áreas (área restaurada de 15 anos; área desmatada; área restaurada de 3 anos e área
controle) em análise simultânea nos períodos da manhã (08h) e da tarde (15h). Associado as análises do CO2 foram
coletadas informações meteorológicas e pedológicas das áreas selecionadas, visando estabelecer correlações
estatísticas através da análise multivariada de componentes principais. Nos resultados obtidos verificou-se uma
variação sazonal dos efluxos de CO2, predominando os maiores efluxos no verão e os menores durante o inverno,
assim como os maiores valores às quinze horas e os menores às oito da manhã. Os resultados da análise de
componentes principais demonstraram um comportamento oposto entre a área desmatada e a área controle, sendo
que conforme os parâmetros químicos estavam mais adequados, menores eram as emissões de CO2 e vice-versa.
Na ACP os três primeiros componentes juntos explicaram 85,4% da variância total do conjunto de dados, sendo
que das quinze variáveis selecionadas, apenas cinco foram mais importantes, destacando-se o papel do fósforo, da
saturação por bases, matéria orgânica, CTC e argila, sendo que a última em associação positiva com as emissões
e as demais em relação inversa. As áreas restauradas demonstraram-se mais influenciadas pelos parâmetros
atmosféricos e físicos do solo, sendo que a área desmatada esteve mais induzida pela temperatura do ar e do solo
e pelo teor de argila. Portanto, verifica-se que a caracterização dos tipos de cobertura da superfície é de suma
importância para a compreensão das trocas gasosas entre solo e atmosfera, sem a qual não seria possível entender
as complexas dinâmicas estabelecidas entre áreas próximas, porém diversas em termos de conservação. Assim
sendo, este estudo destaca a importância da preservação das florestas nativas, assim como a restauração de áreas
degradadas, tendo em vista que as áreas desmatadas contribuem mais para as emissões do que para o sequestro de
carbono e de que as mais preservadas a exemplo da área controle deste estudo contribuíram mais para o sequestro
do que para as emissões de CO2 para atmosfera.
1 INTRODUÇÃO
Para Lal (2005), as florestas tropicais ocupam 1,8 bilhão de hectares, sendo que os
estoques de carbono nas florestas tropicais correspondem em média a 120tC/hectare na
vegetação e 123tC/hectare no solo de até 1m de profundidade. Os solos de até 1m de
Segundo Sotta et al. (2004) e Salimon et al. (2004) o fluxo de CO₂ do solo é fortemente
correlacionado com a temperatura do solo e com a umidade do solo. Entretanto, outros fatores,
tais como teor de nutrientes no solo, matéria orgânica, aeração do solo, porosidade do solo,
disponibilidade de água podem interferir nas taxas de fluxo de CO₂ do solo.
As trocas gasosas entre o solo e a atmosfera ocorrem basicamente por dois mecanismos:
por difusão (movimento do gás de uma zona de maior concentração para outra de menor) e por
fluxo de massa que responde a um gradiente de pressão que varia em função de textura, estrutura
e teor de umidade no solo (KANG et al., 2000). O gradiente pode ser causado, por exemplo,
por uma variação na pressão barométrica, pela elevação do lençol freático, por mudanças de
temperatura ou pelo deslocamento do ar do solo por causa de infiltração de água (LIER, 2010).
Esta diferença de potencial entre o solo e a atmosfera cria um fluxo ascendente de CO2 (BALL;
SMITH, 1991).
As proporções dos gases podem variar rapidamente, a exemplo do que ocorre após uma
chuva prolongada, onde a maioria dos poros estará preenchida com água, sendo, portanto,
mínima a quantidade de ar presente neste momento no solo. Algumas horas após a chuva, se a
drenagem do terreno for boa, a água se infiltra e escoa em profundidade, voltando o ar a ocupar
uma porção dos poros.
Demais estudos como os de Zanchi et al. (2002), Dias (2006), Scala et al. (2000) e Scala
et al. (2005) foram realizados nas florestas tropicais do Brasil, identificando-se a variabilidade
sazonal das emissões de CO2. As áreas desprovidas de vegetação ou campos agrícolas em
pousio também foram objetos de estudos de Panosso et al. (2009) e Scala et al. (2009).
2 METODOLOGIA
Santo Antônio de Pádua está localizado na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro
(Figura 1), sendo banhado pelos rios Paraíba do Sul, Pomba e Pirapetinga. Sua área territorial
é de 603 km² e segundo Brasil et al. (2013) o município se encontra com menos de 14% de sua
cobertura original de Mata Atlântica semidecídua. Tal cenário é justificado pela devastação da
Mata Atlântica para a implantação da monocultura cafeeira no início do século XX, por
pastagens subaproveitadas e pelo atual desmatamento nos maciços montanhosos e nas zonas
dos alinhamentos serranos.
Segundo Zanchi et al. (2002), Costa et al. (2006), Neu (2009), Tarazona (2010) e
Brandão (2015) existem variadas metodologias de avaliação dos efluxos de CO₂ no sistema
A medição do efluxo de CO₂ do solo foi realizada através de uma câmara constituída
por um anel e uma tampa de cloreto de polivinil (PVC), acoplado a um medidor de CO₂ portátil
ITMCO2-535, com faixa de medição de 0 a 9999ppm e com resolução de 1ppm. Este aparelho
utiliza raio infravermelho não dispersivo que garante confiabilidade e maior estabilidade nas
medições, fazendo medições do nível de CO2 no interior da câmara por 5 minutos.
Os valores de CO₂ posteriormente foram convertidos em µmol CO2 m-2 s-1 através da
seguinte equação:
R = ΔCO₂ x V
A x 0, 0224
Onde:
V= Volume da câmara (m ᵌ)
Quatro áreas diferenciadas foram selecionadas para este estudo para abarcar a maior
variedade possível de tipos de cobertura do solo. Os critérios de escolha foram baseados em
áreas que fossem completamente distintas em termos de cobertura vegetal e que fossem
relativamente próximas umas das outras para facilitar a comunicação simultânea entre as áreas.
Com relação aos tratamentos estatísticos realizados por este estudo utilizou-se o
programa Minitab 18 para a análise multivariada de análise de componentes principais.
De acordo com Rencher (2002), pelo menos 70% da variância total devem ser
explicadas pelo primeiro e o segundo componente principal.
Como parâmetros selecionados para ACP neste estudo inclui-se: a umidade do solo,
temperatura do solo (2cm e 5cm), temperatura do ar, umidade do ar, pressão atmosférica,
textura (excluindo apenas a quantidade de silte), porosidade total, fósforo, CTC (Capacidade
de Troca Catiônica), V% (Saturação por Bases), matéria orgânica e pH.
3 RESULTADOS
De acordo com a Figura 7, que demonstra a média das emissões de CO2 durante o verão,
constata-se que houve uma maior emissão de CO2 em R15 (Área restaurada de 15 anos), sendo
que em CT (Área controle) permaneceu com os menores valores. Os valores encontrados tanto
em DS (Área desmatada) quanto em R03 (Área restaurada de 3 anos) foram semelhantes,
havendo, porém, em todas as áreas um aumento das emissões durante as medições realizadas
as 15h.
De acordo com a Figura 8 é possível observar que houve queda das emissões durante
o inverno quando comparado ao verão, sendo que as únicas exceções se referem a CT e ao valor
das 15h de DS que foram maiores do que as apresentadas durante o verão.
Segundo Panosso et al. (2006) em seus estudos em solos tropicais, os valores médios
das emissões de CO2 do solo no período de verão foram, em geral, 33% maiores que aqueles
encontrados no período de inverno.
Os dados gerados pelo estudo de Brandão (2015) demonstraram haver durante o verão
as maiores médias de emissões (0,46 µmol CO2 m-2 s-1) e no inverno as menores médias (0,19
µmol CO2 m-2 s-1). O outono e o inverno foram marcados por valores medianos (0,25 µmol CO2
m-2 s-1) (0,30 µmol CO2 m-2 s-1) respectivamente.
A justificativa dada para as menores emissões de CO2 do solo durante o inverno estaria
associada à redução da atividade biológica dos microrganismos em decorrência da diminuição
da temperatura do solo neste período, em contrapartida, no verão, as altas temperaturas e a
umidade mais elevada estariam associadas à maior atividade destes que consequentemente
produziriam mais CO2 (SOTTA et al., 2004; SCALA et al., 2005; EPRON et al., 2006).
Dentre todos os parâmetros analisados por Brandão (2015) na região de Santo Antônio
de Pádua, a temperatura foi a que deteve maior correlação com as emissões de CO2,
corroborando com os resultados de outros estudos realizados em clima tropical por diversos
autores.
De acordo com a tabela 1 que representa os dados do verão e inverno (08h e 15h)
observa-se que a componente principal 1 (CP1) explica 40,5% da variância total dos dados
enquanto a CP2 explica 33,3% e a CP3 11,5%. O número de componentes foi determinado de
acordo com o critério de Kaiser (1958) de λi >1, sendo que desta forma, as três primeiras
componentes principais resumem efetivamente a variância amostral total do conjunto de dados.
De acordo com a tabela 1 pode-se observar que a partir da terceira componente com
valor de λi igual a 1,72, os autovalores passaram a diminuir e atingiram valores inferiores a 1.
De acordo com Kaiser (1958) as componentes com valores inferiores a 1 devem ser excluídas
da análise. Assim sendo, atendem ao objetivo deste estudo a primeira, segunda e a terceira
componente principal somente.
Na CP3 os autovalores de maior peso foram a argila e a areia, demonstrando uma relação
inversa entre eles que pode ser verificado inclusive na figura 9 através dos direcionamentos
opostos das setas, sendo estes responsáveis por explicar apenas um pequeno percentual da
variabilidade dos dados.
Tabela 2: Combinação linear das componentes principais - Verão e Inverno (08h e 15h).
Variável CP1 CP2 CP3
CO2 -0,218 0,049 0,390
T. 2 CM -0,218 0,354 0,067
T. 5 CM -0,225 0,355 0,040
T. AR -0,141 0,389 0,139
UR 0,145 -0,386 -0,051
P. ATM -0,056 -0,350 0,394
pH 0,258 0,306 -0,171
P 0,352 0,055 0,090
CTC 0,322 -0,013 -0,293
V% 0,339 0,191 -0,165
MO 0,339 0,236 -0,011
ARGILA -0,320 -0,024 -0,449
AREIA 0,281 0,039 0,530
US 0,181 -0,298 -0,067
POROSIDADE -0,267 -0,207 -0,163
Legenda: T.2cm: temperatura a 2cm; T.5cm: temperatura a 5cm; T.AR: Temperatura do ar; UR: umidade relativa;
P.ATM: pressão atmosférica; P: fósforo; CTC: capacidade de troca catiônica; V%: Saturação por bases; MO:
Matéria orgânica; US: umidade do solo.
Pode-se afirmar que os parâmetros químicos do solo junto a argila foram os mais
importantes na análise de componentes principais, evidenciando-se uma relação inversa nas
emissões de CO2 com os parâmetros químicos e uma relação positiva com relação a argila. As
variações sazonais e horárias foram identificadas na CP2, onde R15 e R03 de acordo com a
figura 9 apresentaram influencias dos parâmetros atmosféricos e físicos do solo, destacando-se
neste sentido que os maiores fluxos ocorreram no verão e nos horários das 15h para ambas as
estações e os menores fluxos durante o inverno e no horários das 8h para ambas as estações do
ano, sendo tal registro associado as influências dos parâmetros da temperatura do ar e do solo
com os elementos da pressão atmosférica, umidade relativa do ar e do solo.
Legenda: T.2cm: temperatura a 2cm; T.5cm: temperatura a 5cm; T.AR: Temperatura do ar; UR: umidade relativa;
P.ATM: pressão atmosférica; P: fósforo; CTC: capacidade de troca catiônica; V%: Saturação por bases; MO:
Matéria orgânica; US: umidade do solo. CT: Área controle; DS: Área desmatada; R15: Área restaurada de 15 anos;
R03: Área restaurada de 3 anos.
Ainda de acordo com o gráfico da figura 9 é possível observar que os maiores efluxos
de CO2 para atmosfera estiveram mais relacionadas aos parâmetros físicos do solo como a
argila, a porosidade e temperatura do solo, sobretudo em DS (área desmatada). A área
desmatada no que se refere à temperatura do solo foi a área com maior variação na temperatura
entre manhã e tarde (variação de até 18,7°C) e com os valores mais extremos durante o verão,
cabendo também ressaltar que esta é uma área com 52,2% de argila e com horizonte B exposto
e mais baixa fertilidade. De acordo com Loureiro (2012) a argila obteve alta correlação com as
emissões de CO2 em área degradada, pois apesar da argila possuir um caráter protetor a matéria
orgânica esta favorece boas condições para criação de micro-habitat a microrganismos pela
microporosidade elevada e pela maior retenção de água no solo. Associado a essa conjuntura
incluiu-se as temperaturas elevadas do ar e do solo e a porosidade do material solto do horizonte
B proporcionando condições ideais de maiores fluxos de CO2 em DS.
A temperatura do solo também obteve uma correlação positiva com as emissões de CO2,
cabendo ressaltar que de acordo com diversos autores, a temperatura do solo é um dos
parâmetros mais importantes nas emissões de CO2 (DAVIDSON et al., 2000; SUBKE et al.,
2003; USSIRI LAL, 2009; COSTA et al., 2008). Para Kang et al. (2003) os aumentos na
DETERMINAÇÕES UNIDADES Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno Verão Inverno
R15 R15 DS DS R03 R03 CT CT
pH_H2O _ 4,8 4,5 4,8 4,5 5,2 4,8 5,8 5,1
P Mehlich 1 mg.dm·³ 6,1 8,6 3,7 3 7,4 8,8 10,4 6,8
CTC cmolc.dm·³ 7,7 11 5,9 7,2 8,3 7,7 11,6 10,3
V % 19,5 16,4 15,3 4,2 36,1 32,5 66,4 58,3
M.O g.dm·³ 29,5 29,5 20,9 10,3 50,4 32,1 61 45,3
Legenda: R15 – ÁREA REFLORESTADA; DS- ÁREA DESMATADA; R03- ÁREA EM RECUPERAÇÃO;
CT- ÁREA CONTROLE. MO- Matéria orgânica; CTC- Capacidade de troca catiônica; V-Saturação por bases; P-
fósforo; pH- potencial hidrogeniônico.
Nota-se também que R03 (área restaurada de 3 anos) esteve negativamente associada
aos parâmetros da CTC, fósforo, areia e umidade do solo. Neste caso também cabe destacar que
a areia se encontra em direção oposta a argila e aos fluxos de CO2, havendo, portanto, uma
relação inversa em R03. Esta área foi a que obteve maior percentual de areia de acordo com a
análise granulométrica (57,9%) .
Na área R15 os parâmetros que mais estiveram associados a este setor foram a pressão
atmosférica, a umidade relativa do ar e a porosidade. R15 foi a área que mais emitiu CO2 e foi
a que esteve mais influenciada pelos parâmetros atmosféricos. Além disso, a maior emissão em
R15 no verão e as menores durante o inverno coincidem com valores mais reduzidos da CTC
(7,7 cmolc.dm·³) e do fósforo (6,1 mg.dm·³) no verão e com os valores mais elevados no
inverno para o fósforo (8,6 mg.dm·³) e para a CTC (11 cmolc.dm·³).
A temperatura do solo possui uma relação inversa com a umidade do solo, sendo que
quanto mais elevada a temperatura do solo, menor será a umidade do solo, permitindo que haja
mais espaços porosos ocupados por ar e não por água. Assim sendo, a análise conjunta por
horário e estação do ano permitiu concluir que R15 e R03 foram às áreas mais influenciadas
por tal variação associada às condições atmosféricas e físicas do solo, sendo importante
salientar que ambas as áreas estão em processo de restauração embora em diferentes níveis de
regeneração.
Esta análise também permitiu identificar como os diferentes tipos de áreas estudadas se
relacionaram com os quinze parâmetros selecionados, identificando-se padrões de emissão de
acordo com as características de conservação e degradação das áreas selecionadas.
Assim sendo, ressalta-se a importância da restauração das áreas degradadas para que
estas não sejam apenas emissoras de CO2, mas também fonte de sequestro desta, destacando-se
também a importância das áreas de floresta nativa no equilíbrio do ciclo global do carbono e as
implicações negativas das áreas desmatadas nas emissões de CO2 para a atmosfera.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Hoje temos estimativas dos fluxos de CO2 nos diversos compartimentos terrestres,
incluindo neste saldo as emissões provenientes dos desmatamentos, queimadas e a queima de
combustíveis fósseis, contudo é sabido que é desconhecido o potencial das emissões do solo
para atmosfera assim como o seu potencial de estoque de carbono em diferentes tipos de
cobertura. Neste sentido, este estudo permitiu identificar uma sazonalidade das emissões de
CO2, demonstrando que os maiores fluxos de CO2 se estabeleceram no verão, e os menores
durante o inverno.
Destaca-se através deste estudo a importância da preservação das florestas nativas que
ao se encontrarem em equilíbrio podem reduzir as concentrações CO2, retirando da atmosfera
mais CO2, do que foi por ela emitido a exemplo da área controle deste estudo. A conservação
das florestas nativas e a restauração de áreas degradadas contribuem para manter os estoques
de carbono nos solos, contribuindo do ponto de vista biológico para a redução da concentração
do CO2 na atmosfera conjuntamente com a fotossíntese. A área desmatada contribuiu mais para
as emissões do que para o sequestro de carbono, pois apesar de R15 ter sido responsável por
Este estudo também permite direcionar futuras pesquisas sobre a temática, uma vez que
a análise de componentes principais permitiu identificar os parâmetros mais importantes
associados ao efluxo de CO2, destacando-se de forma primária o papel da fertilidade dos solos
no equilíbrio das emissões e de forma secundária a influência das condições atmosféricas e
física do solo nos efluxos.
REFERÊNCIAS
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CAPÍTULO 30
DESAFIOS CLIMÁTICOS NA CAFEICULTURA:
UM OLHAR SOBRE A SECA E A PRODUÇÃO DE CONILON NO
ESPÍRITO SANTO
RESUMO
O café, sendo uma das principais commodities agrícolas, desempenha um papel crucial na economia de
comunidades agrícolas e no comércio global. O Brasil, liderando a produção mundial, tem no ES um papel
proeminente na produção de café Conilon, uma espécie notável por sua resistência e adaptabilidade a condições
climáticas adversas. As secas, é um dos eventos climáticos mais devastadores, impactam severamente diversas
regiões do globo, causando não apenas danos ambientais, mas também crises econômicas significativas. Os
impactos da seca na agricultura evidenciam a vulnerabilidade dos nossos cultivos às mudanças climáticas e
ascende uma alerta para o desenvolvimento de estratégias de resiliência e sustentabilidade para o futuro da
cafeicultura. Este estudo destaca a vulnerabilidade da produção de café, especialmente do café Conilon, diante de
adversidades climáticas. Este artigo examina a impacto das condições de seca na produção de Coffea canephora
no ES, explorando estratégias de adaptação e a necessidade de práticas sustentáveis e resiliência climática para
assegurar o futuro da cafeicultura na região. Através da análise de dados históricos e atuais, bem como entrevistas
com produtores locais, identificamos práticas agronômicas e inovações tecnológicas como meios cruciais para
combater os efeitos das mudanças climáticas e promover uma cafeicultura mais resiliente e sustentável.
1 INTRODUÇÃO
O café é uma planta perene pertencente à família Rubiaceae, do gênero Coffea, no qual
mais de 90 espécies já foram descritas, com destaque para as mais cultivadas e comercializadas,
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi dividida em dois momentos distintos. O primeiro deles se caracterizou
como um ensaio teórico de natureza qualitativa. Esse primeiro estágio consistiu em um estudo
de caso que teve como objetivo a síntese das informações relevantes acerca da origem e
importância da cafeicultura para o ES, os aspectos fisiológicos da planta e os impactos da seca
na produtividade do café conilon na região centro-oeste capixaba.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3. 1 Abordagem teórica
O café é uma das commodities de maior importância no comércio agrícola, ficando atrás
apenas do petróleo no quesito geração de riqueza do planeta (MISHRA; SLATER, 2012).
Mundialmente a cadeia produtiva de grãos emprega 500 milhões de pessoas e gera uma receita
de US $173 bilhões em torno de sua cadeia produtiva (ICO, 2019). O setor cafeeiro envolve
uma cadeia de produção complexa, desde o cultivo e colheita dos grãos até o processamento,
comercialização e consumo.
O Conilon é uma espécie conhecida por sua resistência às intempéries, o que atrai para
áreas onde outras variedades de café podem não ser viáveis devido às condições climáticas
adversas, sendo assim a introdução do cultivo dessa variedade em solo capixaba surgiu como
uma alternativa viável para os cafeicultores que enfrentavam condições de temperatura mais
elevada e clima mais seco em suas regiões (SILVA et al., 2017).
No último ano o ES registrou uma safra recorde de 16.721 mil sacas de café conilon
beneficiados, com uma produtividade média de 41,5 sc/ha, respondendo por aproximadamente
37% do Produto Interno Bruto (PIB), tornando-o o principal produto agrícola do estado
(CONAB, 2022).
Uma das mais recentes iniciativas voltadas para o setor cafeeiro do ES foi o lançamento
do Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura em maio de 2023. Este programa
tem como pilares centrais a promoção de um desenvolvimento sustentável na cafeicultura, com
ênfase na gestão produtiva equilibrada. Seu principal objetivo é fomentar uma produção de café
que priorize a conservação dos recursos naturais, a proteção do meio ambiente e a melhoria das
condições sociais e econômicas dos produtores (SEAG, 2023).
Para alcançar esses objetivos, o programa contempla uma série de ações estratégicas.
Entre elas, destaca-se o projeto de mapeamento do uso e controle das certificações, visando
ampliar a oferta de cafés certificados e rastreados. Além disso, há um foco especial na
capacitação dos cafeicultores em boas práticas agrícolas, incluindo a redução do uso de
agrotóxicos, a conservação do solo e da água, o manejo adequado da irrigação e a preservação
da biodiversidade.
Além disso, o programa está comprometido com projetos sociais cruciais, que incluem
o fortalecimento do associativismo e cooperativismo, a promoção da igualdade de gênero, o
incentivo à agricultura familiar e a melhoria das condições de vida das famílias produtoras.
Também faz parte dessas iniciativas facilitar o acesso a financiamentos e mercados
sustentáveis, promovendo, assim, uma abordagem abrangente para o desenvolvimento
sustentável da cafeicultura na região (SEAG, 2023). Essas medidas são de suma importância
para o setor cafeeiro, que busca elevar sua produtividade, promover inovações e expandir a
produção de cafés de alta qualidade, visando maior competitividade no mercado internacional.
Durante o ciclo de crescimento, as folhas passam por várias etapas, incluindo a expansão
foliar, a formação de clorofila e a fotossíntese, processo vital para o crescimento saudável da
planta e a formação dos grãos de café. Além da fotossíntese, outros processos fisiológicos,
como a transpiração, respiração e distribuição eficiente de recursos, desempenham papéis
fundamentais (CAVATTE et al., 2012).
O cafeeiro conilon atinge seu desempenho máximo dentro de uma faixa de temperatura
média anual de 17°C a 34°C, embora essa faixa possa variar dependendo do estágio fenológico
da planta. Assim como todos os vegetais a fotossíntese é o processo metabólico mais
importante para o crescimento e o desempenho do cafeeiro, onde ocorre a assimilação de CO2
e a transformação em compostos para a formação de energia. No entanto, com mecanismo de
fixação C3, como o cafeeiro, podem ser mais suscetíveis à perda de água e a altas temperaturas
(BELAN et al., 2011).
As reduções nas taxas de fotossíntese causadas pela seca são agravadas pela diminuição
no desenvolvimento das folhas e pela maior queda das mesmas, o que leva a redução da área
foliar ativa para a fotossíntese, o que, por sua vez, impacta o crescimento das plantas. Além
disso, a escassez de água durante a fase de expansão e enchimento dos frutos, resultando em
grãos menores e de menor peso, podendo ocorrer a sua queda prematura reduzindo ainda mais
a quantidade de café colhido. A falta de água durante o desenvolvimento dos frutos também
resulta em cafés com sabores e aromas indesejáveis, bem como uma maior incidência de
defeitos nos grãos (DAMATTA et al., 2007).
Nas lavouras irrigadas, a menor espessura dos ramos permite que ramos plagiotrópicos
invistam menos em estruturas lenhosas, direcionando mais energia para o crescimento
vegetativo. Isso resulta em ramos mais longos e com mais nós, melhorando a arquitetura da
planta, distribuindo mais biomassa e aumentando a produtividade dos genótipos. Essas
informações são cruciais para otimizar o manejo de fertilizações e podas, considerando a
utilização ou não da irrigação.
O manejo da irrigação durante o período pré-florada também pode ser a chave para
obterem-se floradas concentradas, excitando assim tamanha desuniformidade de maturação dos
grãos. A importância da fisiologia do cafeeiro para altos rendimentos reside na capacidade da
planta de otimizar seu metabolismo e desempenhar essas funções de maneira eficiente,
especialmente em condições de estresses hídricos, temperaturas extremas e outras condições
ambientais adversas previstas.
Bunn et al. (2015) projetaram uma adequação climática atual e futura para a produção
de café e previram perdas severas na produção de café conilon nos estados brasileiros de
Rondônia e ES. Embora o café conilon seja considerado uma espécie mais resistente a eventos
ambientais, o aumento das temperaturas pode impactar negativamente seu potencial de
produção. É viável atenuar tais impactos nas regiões de cultivo ao adotar medidas de adaptação
aos riscos climáticos na agricultura. Isso inclui a escolha de variedades mais adaptáveis, uso de
irrigação eficiente, tecnologias para gestão sustentável da água, práticas de conservação do solo,
integração de sistemas de sombreamento e diversificação das atividades agrícolas (OLIOSI et
al., 2016; DAMATTA et al., 2018; KATH et al., 2021; PIATO et al., 2020).
Para mitigar esses efeitos e garantir o rendimento adequado das lavouras, muitos
produtores utilizam a irrigação, mas esta não é uma técnica disponível para todos os produtores
rurais, especialmente aqueles que não possuem recursos financeiros suficientes para investir
em infraestrutura de irrigação. Além disso, os fatores ambientais são preocupantes e podem
agravar as condições de estresse nas bacias hidrográficas, uma vez que o aumento da
produtividade dos cafeeiros irrigados exige maior consumo de água doce, e os cafeicultores de
algumas regiões já enfrentam sérios problemas com a disponibilidade de água doce e qualidade
da irrigação (DAMATTA et al., 2018).
Uma opção para mitigar o estresse térmico do café é o cultivo em altitudes mais elevadas
acima de 500 m, no entanto quedas de temperatura abaixo de 13 ºC/8 ºC (dia/noite) induzem
diversas alterações metabólicas no café conilon, com impacto negativo na produtividade
(BARBOSA et al., 2014; PARTELLI et al., 2009; 2019).
O cultivo sombreado apresenta-se como uma opção de manejo para atenuar os estresses
ambientais do cafeeiro, envolvendo o uso de árvores consorciadas (OLIOSI et al., 2016). A
adoção de sistemas agroflorestais, que envolvem o cultivo de café junto com árvores e outras
culturas, pode melhorar a retenção de água no solo e reduzir a dependência da irrigação,
tornando as plantações mais resistentes à seca, além disso ajudam a regular a temperatura e
proporcionam um ambiente mais adequado para o cultivo (MOREIRA et al., 2018; SENRA et
A produção de café sustentável e o manejo responsável dos recursos naturais nas regiões
produtoras são essenciais para garantir a continuidade da indústria do café em um mundo em
constante transformação. Essas práticas visam equilibrar a produção de café de alta qualidade
com a conservação do meio ambiente, o uso responsável da água, a resiliência às mudanças
climáticas, além dos aspectos ambientais, a produção de café sustentável também considera a
sustentabilidade econômica e social. Isso envolve a promoção de práticas que garantam renda
justa para os agricultores, condições de trabalho dignas e o bem-estar das comunidades rurais
envolvidas na produção de café.
Segundo Koh et al. (2020) as mudanças climáticas ocorridas entre 1974 a 2017 já
causaram uma queda na produção de café em mais de 20% na região do Sudeste do Brasil, e no
caso de regiões montanhosas do Brasil, onde os agricultores frequentemente têm menos
recursos econômicos e menor acesso aos mercados, esses riscos climáticos elevados são ainda
mais problemáticos devido à maior vulnerabilidade dessas comunidades. É importante ressaltar
que as mudanças climáticas não afetam uniformemente todas as regiões produtoras de café.
Algumas áreas podem experimentar um aumento nas chuvas, enquanto outras enfrentam uma
maior incidência de secas, essas variações regionais complicam ainda mais os desafios
enfrentados pelos agricultores de café, exigindo estratégias de adaptação específicas para cada
contexto, ademais as expectativas é de que as mudanças climáticas diminuam as áreas aptas
para a produção de café no Brasil. Algumas áreas já são apontadas como regiões de risco para
o cultivo devido a uma combinação de fatores climáticos e sociais.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CAPÍTULO 31
HISTÓRIA DA BIOTECNOLOGIA NO RIO GRANDE DO NORTE:
UMA ANÁLISE DOS AVANÇOS E RETROCESSOS NO CONTEXTO DE
MODERNIZAÇÃO POTIGUAR - 1900-1945
RESUMO
Este artigo analisa a História da Biotecnologia no Rio Grande do Norte entre 1900-1945, ou seja, desde o início
do século XX até o final da Segunda Guerra Mundial – 1939-1945, sob a perspectiva de análise de
desenvolvimentos e decadência da Biotecnologia ao longo da História Potiguar. Nesse contexto, o objetivo é
compreender os fatores que influenciaram os avanços e retrocessos dessa área no contexto de modernização
potiguar. Já referente a Metodologia, está consiste em uma revisão bibliográfica e documental, abordando cinco
dimensões: infraestrutura física, capital humano, produção científica, financiamento, e o quadro político-
institucional, para o desenvolvimento da Biotecnologia do Rio Grande do Norte. Tendo como aporte teórico
Eichholtz (1960), Souza (2008), Suassuna (2002). Referente aos resultados o Rio Grande do Norte apresentou um
desenvolvimento inicial promissor em biotecnologia entre 1908-1945, especialmente na agropecuária e na saúde,
que foi interrompido após a guerra entre 1945-1952, devido à falta de políticas públicas, de recursos financeiros e
de articulação entre os atores envolvidos. O artigo contribui para o debate sobre a importância da biotecnologia
para o desenvolvimento regional e nacional.
1 INTRODUÇÃO
Nesse prisma de abordagem, este artigo tem como enfoque uma análise biográfica do
que foi produzido sobre a História da Biotecnologia Potiguar 6 mostrando como essa área
evoluiu ao longo do tempo, desde as primeiras tentativas e aplicações dela no Rio Grande do
Norte até as modernas técnicas de manipulação genética, posteriores a Primeira Guerra Mundial
6
O termo Potiguar significa “A Pessoa que nasceu ou habita o Estado brasileiro do Rio Grande do Norte; rio-
grandense-do-norte”.
Logo, a Biotecnologia, surgiu bem antes do próprio estado do Rio Grande do Norte
existir, sendo remonta a Idade Antiga, que segundo:
Dessa maneira, a Biotecnologia, compõe uma História Milenar, que nesse artigo, será
abordada no período da Idade Contemporânea 7, em especial no início do século XX, e no
Governo de Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão no Rio Grande do Norte, iniciado em
1900, até o período do Governador José Georgino Alves e Sousa Avelino em 1945.
7
Compreendido entre a Revolução Francesa de 1789 e os dias atuais, o período histórico conhecido como Idade
Contemporânea é marcado por transformações profundas na organização da sociedade e também por conflitos de
amplitude mundial.
Logo, este artigo está estruturado em sete (5) partes: a primeira é a introdução, contendo
uma breve contextualização, problemática e objetivos da pesquisa. A segunda é o embasamento
teórico, fundamentado a partir de estudos de autores que debatem as temáticas. Posteriormente,
discute-se a metodologia do trabalho, detalhando os caminhos percorridos ao seu
desenvolvimento. Na quarta parte, apresentam-se os resultados e discussões e finalmente,
expressa-se as considerações finais e os anexos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
3 METODOLOGIA
8
Permite aos usuários localizar periódicos ou verificar todos os títulos disponíveis por ordem alfabética, por área
do conhecimento e editor/fornecedor.
9
O Google Acadêmico é uma forma simples de pesquisar literatura acadêmica. Pesquise dentre uma variedade de
disciplinas e fontes: artigos, teses, livros.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Natal é a cidade mais antiga do Rio Grande do Norte, é também sua capital, atualmente.
10
O higienismo urbano era apontado como solução para problemas sociais durante o período imperial, criando
11
Á vista disso, o marco inicial deste trabalho gira em torno de Primeiro Governo de
Alburquerque Maranhão, que vai de 1900-1904, e seu segundo mandato de 1908-1913. Além
do mais, será no governo de Albuquerque Maranhão, que as primeiras iniciativas
biotecnológicas, serão implantadas no Rio Grande do Norte, em especial com a criação de
campos de demonstração, que segundo:
Porém, essas iniciativas não atingiram fortemente, a indústria pois o Rio Grande do
Norte, possuía, até os dias atuais, uma produção industrial franca e insignificante, que segundo:
Para desenvolver a economia potiguar, contratou com o Sr.Julios Von Sohsten, grande
comerciante em Natal e representante de bancos ingleses e alemães, a instalação de
uma Usina Central de Açucar; mas, na prática, nada foi realizado. Idealizou uma
indústria de beneficamente de coco, contratando esse empreendimento os Srs. Manuel
Lopes da Silva e o Dr. Joaquim de Castro Fonseca. Infelizmente, nada foi realizado
(SOUZA, 2008. p. 330).
12
As estações experimentais foram criadas pelo decreto n. 8.319, de 20 de outubro de 1910, com a finalidade de
estudar os fatores da produção agrícola regional, visando fornecer aos agricultores dados para o aperfeiçoamento
dos métodos de cultura e melhoramentos das plantas, animais domésticos e indústrias rurais.
13
A farmacologia é a ciência que estuda os efeitos de uma substância química sobre a função dos sistemas
biológicos, fundamentalmente dependente da interação droga/organismo.
14
A história da Fundação Oswaldo Cruz começou em 25 de maio de 1900, com a criação do Instituto Soroterápico
Federal, na bucólica Fazenda de Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro. Inaugurada originalmente para
fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica.
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O Patrimonialismo é a confusão entre o público e o privado, afirma Darcy Ribeiro em sua obra O Povo
Brasileiro. Acontece quando um político trata o patrimônio público e sua administração como um bem privado,
como algo próprio.
Por consequente, uma prova do atraso tanto do Brasil como do Rio Grande do Norte, é
que a Rússia e Alemanha mesmo com destruição causada pela Primeira Guerra Mundial, já
possuíam grandes avanços em relação a Biotecnologia, que segundo:
Ademais na década de 1940, a situação do contexto potiguar será bem diferente, das
décadas de 1900-1930, em virtude de um fator crucial, que foi a Segunda Guerra Mundial –
1939-1945, que levou grande parte do globo e um conflito em escala gigantesca, que ocasionou
grandes avanços tecnológicos e militares imensos.
Foi comprada a fazenda milharada, em São Gonçalo, que sob a direção de um oficial
e um engenheiro agrônomo, transformou-se em um estabelecimento agrícola modelo,
recebendo o nome de Fazenda Nelson Rockfeller. Também foi instalado um aviário
na Lagoa Manoel Filipe, com capacidade para criação de 3.000 mil galetos, que
podiam ser abatidos a cada 40 dias (SUASSUNA, 2002, p. 325).
Nesse prisma de abordagem, os trabalhos que podem ser considerados como bases para
a futura biotecnologia agrícola foram realizados no Instituto Agronômico de Campinas (IAC)
com o melhoramento genético de café, milho e outras espécies. Além disso, na Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), um grupo de geneticistas realizava trabalhos de
melhoramento genético de milho e hortaliças com métodos matemáticos aplicados à biologia,
já no Rio Grande do Norte, os investimentos em educação biotecnológica só chegaram na
década de 1960, que segundo:
Outro fator crucial, e também importante, será que na década de 1940, a maioria dos
Biotecnólogos, que vieram para o Rio Grande do Norte, eram de origem estrangeira em especial
Americana, e vieram em virtude da guerra.
Diante disso, nos séculos XIX e XX, o Rio Grande do Norte, mesmo com os campos de
demonstração da década de 1910-1920, não conseguiu progredir sua produção
de algodão efetivamente, pois o que ocorreu foram surtos de produção, em que houve
uma alta na produção de algodão potiguar decorrente, de vários fatores entre eles a Guerra de
Secessão 16 Americana, que forçou a produção de algodão Americana, parar fazendo com que
os Americanos recorressem ao algodão Brasileiro, em especial o algodão Potiguar; já na
Segunda Guerra Mundial no século XX, está também forçou as tropas americanas recorrer ao
algodão Potiguar.
Porém, esses surtos, não refletiram progressos na Biotecnologia potiguar, visto que nas
décadas posteriores aos anos 1940, os investimentos em biotecnologias e combate as pragas
não foi realizado, gerando o ambiente perfeito, para o ataque da praga do Bicudo, que destruiu
a produção potiguar na década de 1980, que segundo:
São muitas as causas, que vão desde a precária estrutura de produção e as más
condições de comercialização, resultado das bruscas oscilações dos preços. A praga
do bicudo foi, também, outro fator desestabilizador da cultura algodoeira. Os
prolongados períodos de seca têm frequentemente desestruturado a produção da
malvácea. Técnicos têm procurado desenvolver sementes resistentes à seca e à praga
do bicudo, procurando restabelecer a antiga soberania do algodão nos sertões do
estado. Mas talvez um dos maiores males seja a inoperância dos sucessivos governos
estaduais que não investem num setor que poderia trazer bons recursos financeiros
para o estado (SANTOS, 1994, p. 203).
Em resumo, os resultados obtidos, mostraram que o Rio Grande do Norte, passou nas
primeiras, décadas do século XX, por várias tentativas de modernização na área da
Biotecnologia, que não tiveram êxito, porém a partir da década de 1940, as primeiras iniciativas
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"A Guerra de Secessão foi o conflito entre o Norte o Sul dos Estados Unidos entre 1861 e 1865. Também
conhecido como Guerra Civil Americana".
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, foi concluído, que o Rio Grande do Norte, referente a Biotecnologia, passou
por inúmeras fases que vão desde uma tentativa de modernização forçada, a um período inverno
da Biotecnologia no Rio Grande do Norte que durou de 1925-1942, além disso, ocorreu uma
falsa modernização que é um processo de mudança social e econômica que não leva em conta
os riscos e as incertezas que podem afetar a sociedade e o meio ambiente.
Por consequência, essa forma de modernidade que não é reflexiva, ou seja, que não
questiona os seus próprios pressupostos e efeitos, gera as consequências da falsa modernização
a longo prazo podem ser graves, pois podem gerar problemas como: desindustrialização, e a
perda de competitividade e de empregos na indústria, que pode afetar o desenvolvimento
econômico e social de um país.
Por certo, é importante que a sociedade busque uma modernização reflexiva, que seja
capaz de avaliar criticamente os seus próprios processos e resultados, e que busque soluções
sustentáveis e democráticas para os desafios do mundo contemporâneo.
Certamente, outro fator crucial que afetou o Rio Grande do Norte, na década de 1920,
foi o fechamento da Escola de Farmácia em 1925, que apenas formou dois alunos, isso causou
na década de 1930 e 1940, uma enfraquecimento do Ensino Superior no Rio Grande do Norte,
como também um baixo investimento em Biotecnologia, por parte do Estado Brasileiro, essa
inexistência do Universidade no Rio Grande do Norte, em comparação a outros estados do
Nordeste, e os grandes estados do Sudeste, causou inúmeras consequências negativas, como
um atraso no desenvolvimento Econômico e Social, pois a educação superior é mencionada
como um dos motores do desenvolvimento econômico, cultural e científico. Sem universidades,
esse desenvolvimento pode ser prejudicado. Como também, uma queda na Qualidade da
Educação, e a ausência de universidades levou o estado a uma educação de baixa qualidade,
Por fim, foi chegado à conclusão que, outro fator crucial, para o atraso industrial e
tecnológico do Rio Grande do Norte, foi a falta de Profissionais formados em Biotecnologia,
Nesse ponto as consequências negativas da falta de Biotecnólogos são muitas entre elas
a falta de combate as pragas em especial a praga do bicudo, que destruiu grande parte da
produção algodoeira do Rio Grande do Norte nas décadas de 1980-1990.
Pois a falta de Biotecnólogos no combate às pragas nas fazendas de algodão teve várias
consequências negativas, como as Perdas de produção, e a falta de profissionais especializados
pode levar a um manejo inadequado das pragas, resultando em perdas significativas na
produção. Além da falta do Desenvolvimento de novas tecnologias, pois sem os Biotecnólogos
desempenhando um papel crucial no desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de
pragas, como a engenharia genética, o estado permaneceria atrasado tecnologicamente, e
biotecnologicamente.
REFERÊNCIAS
SANTOS, P. Evolução Econômica do Rio Grande do Norte (do século XVI ao século XX).
Natal: Clima, 1994.
SOUZA, I. A República Velha no Rio Grande do Norte. Natal, RN: EDUFRN. p. 151–293,
2008.
SUASSUNA, L. E. História do Rio Grande do Norte. Natal: CDF- Gráfica e Editora, 2002.