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Conselho Editorial
C569
CDD 630
Editora e-Publicar
Rio de Janeiro, Brasil
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www.editorapublicar.com.br
2023
Apresentação
Editora e-Publicar
Sumário
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 13
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
Rhaphiodon echinus CONTRA CEPAS DE Candida Albicans .............................................. 13
Maria de Fátima Vieira Alves
Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 20
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
Rhaphiodon echinus CONTRA CEPAS DO GÊNERO Candida Tropicalis .......................... 20
Maria de Fátima Vieira Alves
Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 28
IMPORTÂNCIA DA PASTAGEM BRS-ZURI (Panicum maximum) NA PECUÁRIA
LEITEIRA E DE CORTE ........................................................................................................ 28
Joyceara Rocha
Caroline Rack Vier
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 35
BIOFERTILIZANTE NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CAPIM PIATÃ E NOS
ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO .................................................................................... 35
DOI 10.47402/ed.ep.c231144300 Alana Dias de Souza
Alessandra Mayumi Tokura Alovisi
Willian Isao Tokura
Priscila Marques Kai
João Augusto Machado da Silva
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 54
MANEJO DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DE SOJA COM FERTILIZANTE
ORGANOMINERAL............................................................................................................... 54
DOI 10.47402/ed.ep.c231155300 Erich dos Reis Duarte
Matheus Hashimoto da silva
Eduardo Almeida Costa
Aline Vanessa Sauer
Camila Ferreira Miyashiro
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................... 61
EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
(Phakopsora pachyrhizi) NA CULTURA DE SOJA .............................................................. 61
DOI 10.47402/ed.ep.c231166300 Erich dos Reis Duarte
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida Costa
Marcos Yassuhiro Inoue
Aline Vanessa Sauer
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................... 77
ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL ..... 77
DOI 10.47402/ed.ep.c231177300 Francisco de Assis Gomes Junior
Meydison Renan Cardoso Mascarenhas
Bruno Laecio da Silva Pereira
José da Silva Cerqueira Neto
Marlei Rosa dos Santos
Clarice Souza Moura
Ariadna Faria Vieira
Fabrício Custódio de Moura Gonçalves
CAPÍTULO 8 ........................................................................................................................... 87
IMPLANTAÇÃO E MANEJO INICIAL DE SISTEMAS SILVIPASTORÍS (SSPs) EM
PROPRIEDADES RURAIS FAMILIARES NO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 87
DOI 10.47402/ed.ep.c231188300 Jean Lucas Poppe
Joney Cristian Braun
Gilmar Francisco Vione
Alexandre Hüller
Cassiana Maria Marin Krebs
Ezequiel Perini Pavelacki
RESUMO
A candidíase é uma doença comumente diagnosticada na cavidade bucal de pacientes usuários de prótese total.
Para seu tratamento são utilizados diversos agentes antifúngicos, porém as limitações terapêuticas, baixa eficácia
e a elevada toxicidade são fatores importantes para a busca por uma alternativa viável para o tratamento dessa
infecção. As pesquisas com plantas medicinais têm sido promissoras por apresentarem substâncias bioativas
capazes de inibir o crescimento ou causar a mortalidade de microrganismos. Sendo assim, o trabalho teve como
objetivo investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da Rhaphiodon echinus sobre cepas de
Candida Albicans. Foram utilizadas cepas de Candida albicans previamente isoladas onde foram mantidas em
ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas
em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado
de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato
de Raphiodon echinus da fase acetato de etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo. Obteve-se
uma CIM variando entre 512 μg/mL a 1024 μg/mL, considerado um efeito antifúngico forte, portanto o produto
apresentou alta efetividade para inibir o crescimento fúngico. Desta forma, sugere-se que este composto pode ser
utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, sobretudo no que
diz respeito a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.
1. INTRODUÇÃO
A candidíase é umas das principais infecções da cavidade bucal e uma das causas do
aumento de mortalidade, morbidade e tempo nas internações hospitalares em Unidade de
Terapia Intensiva, uma vez que esses pacientes normalmente são submetidos a tratamentos
imunossupressores. Além disso, a higiene bucal inadequada desses pacientes faz com que haja
2. METODOLOGIA
Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).
2.1 Micro-organismos
Foram utilizadas quatro cepas de Candida albicans (ATCC 76645, LM 106, LM 108 e
LM 111), previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de
Micologia do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal da Paraíba, sob a direção da Profª. Drª Edeltrudes de Oliveira Lima.
Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35 °C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1 -
5x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).
Foram utilizados os meios ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos microrganismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA) para
os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e
diversas cepas fúngicas (CLEELAND; SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998). A partir dessa
Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus contra
cepas de Candida albicans.
CEPA FÚNGICA CIM
Candida albicans
ATCC 76645 1024 μg/mL
LM 106 512 μg/mL
LM 108 512 μg/mL
LM 111 512 μg/mL
Legenda: (-) = Sem atividade
Fonte: Dados da pesquisa (2023).
Sartoratto et al. (2004) sugerem que uma atividade antimicrobiana é classificada como
forte quando possuem CIM de até 500 µg/mL, moderada para MIC de 600 a 1500 µg/mL e
fraca para CIM acima de 1500 µg/mL. No presente estudo, de acordo com os resultados da fase
acetato de etila de Raphiodon echinus, podem ser considerados fortes inibidores frente às cepas
Candida Albicans.
Estes dados estão de acordo com outros estudos onde os autores analisaram a capacidade
antifúngica do extrato hidroalcólico de Mentha arvensis, pertencente à família Lamiaceae,
contra cepas de Candida albicans realizando três ensaios com métodos diferentes (métodos de
difusão em ágar, macro e microdiluição em caldo). O autor em questão concluiu que o extrato
de Mentha arvensis foi capaz de inibir o crescimento das cepas fúngicas de Candida albicans
(LUND et al., 2012).
Duarte et al. (2016), por outro lado, testaram as propriedades moduladoras do óleo
essencial de R. echinus quando associado a antimicrobianos, contra cepas fúngicas de C.
albicans, C. krusei, C. tropicalis e cepas bacterianas de E. coli, S. aureus e Pseudomonas. No
estudo foi observada uma baixa atividade antifúngica e antibacteriana do óleo essencial, mas
um forte efeito modulador quando associado aos antimicrobianos. Segundo os pesquisadores,
o óleo essencial também apresenta uma forte atividade quelante de ferro.
Em um estudo realizado por Ferreira et al. (2019), por meio de uma comparação da
atividade antifúngica do extrato aquoso e do extrato etanólico de Rhaphiodon echinus
(lamiaceae) contra cepas Candida tropicalis observou-se que CIM50% do extrato aquoso e
etanólico de Rhaphiodon echinus contra as cepas de Candida topicalis foi de 512 μg/mL.
Concluiu-se que os extratos de Rhaphiodon echinus são eficazes contra as cepas de C.
tropicalis.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, com base nos resultados obtidos pode-se perceber que a fase acetato de etila
de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte efeito antifúngico contra cepas de C.
Albicans. Desta forma, sugere-se que este composto pode ser utilizado como uma alternativa
terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, sobretudo no que diz respeito
a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.
REFERÊNCIAS
DUARTE, A. et al. Antimicrobial Activity and Modulatory Effect of Essential Oil from the
Leaf of Rhaphiodon echinus (Nees; Mart) Schauer on Some Antimicrobial Drugs. Molecules,
v. 21, n.6, p. 743, jun. 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27338314/.
Acessado em: Jan. 2018.
ELOFF, J. N. A sensitive and quick microplate method to determine the minimal inhibitory
concentration of plant extracts for bacteria. Planta Med.. 64(8);711-713, dez. 1998. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9933989/. Acessado em: Jan. 2018.
GUIDO, R. V. C.; OLIVA, G.; ANDRICOPULO, A.D. Virtual screening and its integration
with modern drug design technologies. Curr Med Chem, v. 15, n. 1, p. 37-46, 2008. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18220761/. Acessado em: Fev. 2018.
LUND RG. et al. In vitro study on the antimicrobial effect of hydroalcoholic extracts from
Mentha arvensis L. (Lamiaceae) against oral pathogens. Acta Scientiarum. Biological
Sciences, Maringá, 34(4): 437-442, out-dez 2012. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/biblio-859615?src=similardocs. Acessado em:
Jan. 2018.
NIIMI, M.; FIRTH, N. A.; CANNON, R. D. Antifungal drug resistance of oral fungi.
Odontology, v. 98, p. 15-25, fev. 2010. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20155503/. Acessado em: Jan. 2018.
PASTER, B. J. et al. The breadth of the bacterial diversity in the human periodontal pocket and
other oral sites. Periodontol 2000, v. 42, p. 80-87, 2006. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16930307/. Acessado em: Out. 2017.
RESUMO
Introdução: A candidíase constitui um espectro de infecções causadas por fungos do gênero Candida, como o C.
Tropicalis. Para seu tratamento são utilizados diversos agentes antifúngicos, porém as limitações terapêuticas,
baixa eficácia, e a elevada toxicidade são fatores importantes para a busca por uma alternativa viável para o
tratamento dessa infecção. Objetivo: Investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da
Rhaphiodon echinus sobre cepas de Candida Tropicalis. Metodologia: Foram utilizadas cepas de Candida
tropicalis previamente isoladas. Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma
temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado
um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da
escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato de Raphiodon echinus da fase acetato
de etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo. Resultados: obteve-se uma CIM variando entre
512 μg/mL a 1024 μg/mL, significando que seu efeito antifúngico foi forte, portanto este produto apresentou alta
efetividade para inibir o crescimento fúngico. Conclusão: Portanto, foi encontrado forte atividade antifúngica da
fase acetato de etila, o que pode sugerir seu uso para o combate de candidoses orais ou mesmo como agente de
higiene das próteses dentárias.
1. INTRODUÇÃO
Dentre os fatores locais mais comuns, encontram-se: uso de próteses mal adaptadas, mal
higienizadas ou de uso contínuo, uso aparelhos ortodônticos, xerostomia, tabagismo, respiração
bucal e fatores mecânicos (JORGE, 1997; STRAMANDINOLI et al., 2010; TARCIN, 2011).
A estomatite protética é uma infecção comum em áreas subjacentes à prótese na maioria dos
Tendo em vista a necessidade da busca por novas terapêuticas a pesquisa com plantas
medicinais tem sido promissora. As substâncias liberadas pelas plantas medicinais durante o
seu metabolismo secundário são conhecidas por atuarem diretamente ou indiretamente sobre as
diversas células do organismo humano. O aumento pelo interesse nas plantas medicinais tem
crescido e uso popular medicinal tem guiado as pesquisas ao encontro de novas substâncias
com propriedades terapêuticas. Como qualquer outro medicamento, necessita de estudos que
esclareçam informações a respeito da eficácia, dos seus efeitos adversos, de sua
biodisponibilidade, etc (CALIXTO, 2005; ARAÚJO et al., 2007).
Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).
Foram utilizadas quatro cepas de Candida tropicalis (ATCC 76645, LM 106, LM 108
e LM 111), previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de
Micologia do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal da Paraíba, sob a direção da Profª. Drª Edeltrudes de Oliveira Lima.
Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35°C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5
x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).
Foram utilizados os meios ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos microrganismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA) para
os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e
diversas cepas fúngicas (CLEELAND; SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998). A partir dessa
metodologia foram obtidos os seguintes resultados, valores da CIM variando entre 1024 a 512
μg/mL para as cepas de Candida albicans (tabela 2) e Candida tropicalis (tabela- 2), e para a
Candida krusei variaram entre 1024 a 256 μg/mL, sendo que a CIM 50% foi de 512 μg/mL para
todas as cepas estudadas apresentando segundo as tabelas forte atividade atifungíca.
Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus
contra cepas de Candida tropicalis.
CEPA FÚNGICA: Candida tropicalis Rhaphiodon echinus: CIM
Segundo Sartoratto et al. (2004), produtos com CIM entre 50 e 500 µg/mL exibem forte
atividade antifúngica, entre 600 e 1500 µg/mL moderada atividade antifúngica, e acima de 1500
µg/mL fraca atividade antifúngica, o extrato das folhas de Rhaphiodon echinus contra cepas as
de Candida tropicalis apresentou uma CIM variando entre 1024 μg/mL a 512 μg/mL
demonstrando segundo esta classificação forte atividade antifúngica, para as cepas estudadas.
Em um estudo realizado por Ferreira et al. (2019), por meio de uma comparação da
atividade antifúngica do extrato aquoso e do extrato etanólico de rhaphiodon echinus
(lamiaceae) contra cepas candida tropicalis observou-se que CIM50% do extrato aquoso e
etanólico de Rhaphiodon echinus contra as cepas de Candida topicalis foi de 512 μg/mL.
Concluiu-se que os extratos de Rhaphiodon echinus são eficazes contra as cepas de C.
tropicalis.
Assim como Ferreira et al. (2019) encontrou resultados positivos frente à atividade da
Raphidon Echinus contra as cepas de C. Tropicalis, na presente pesquisa também foi
encontrado forte atividade antifúngica da fase acetato de etila, o que pode sugerir seu uso para
o combate de candidoses orais ou mesmo como agente de higiene das próteses dentárias.
Estudos com metodologias semelhantes foram registrados em pesquisas feitas por Lima
et al. (2006), onde revelaram que as cepas de Candida krusei e Candida tropicalis apresentava
susceptibilidade para o óleo essencial da Peumus boldus espécie vegetal pertencente à família
Lamiaceae. Porém, neste mesmo estudo observou-se que apenas uma cepa de C.krusei foi
inibida.
Em uma pesquisa relizada por Menezes et al. (1998), com a associção do oléo essencial
de R. echinus com alguns antifúngicos coma a nistatina e o fluconazol nas cepas de Candida
albicans, C. krusei e C. Tropicalis, houve uma associação antagônica significativa entre o óleo
essencial e a nistatina em comparação com a nistatina isolada. Nenhum efeito sinérgico foi
observado entre o óleo essencial e a nistatina contra C. Krusei e C. Tropicalis. Porém, na
presença do fluconazol mostrou ação sinérgica contra a C. krusei e C. tropicalis em comparação
com o fluconazol sozinho.
3. CONCLUSÃO
Sendo assim, com base nos resultados obtidos pode-se perceber que a fase acetato de
etila de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte efeito antifúngico contra cepas de
C. Tropicalis. Por isso, sugere-se que este composto pode ser utilizado como uma alternativa
terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, principalmente aplicadas
pacientes que fazem uso de próteses dentárias, ora totais, ora parciais removíveis.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, E. C. et al. Use of medicinal plants by patients with cancer of public hospitals in
João Pessoa (PB). Rev. Espaç Saúde, v. 8, n. 2, p. 44-52, jun. 2007. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-464830. Acessado em: Nov. 2017.
ASDADI, A. et al. Study on chemical analysis, antioxidant and in vitro antifungal activities of
essential oil from wild Vitex agnus-castus L. seeds growing in area of Argan Tree of Morocco
against clinical strains of Candida responsible for nosocomial infections. Journal de
Mycologie Médicale, v. 25, n. 4, p. e118-e127, dez. 2015. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26611404/. Acessado em: Nov. 2017.
ELOFF, J. N. A sensitive and quick microplate method to determine the minimal inhibitory
concentration of plant extracts for bacteria. Revista Planta Medica1, 64(8);11-713, dez. 1998.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9933989/. Acessado em: Nov. 2017.
Joyceara Rocha
Caroline Rack Vier
RESUMO
A pecuária de corte e de leite apresenta-se expressivo na economia do país, portanto, é de suma importância atender
adequadamente a demanda por alimentos desses animais, sendo este, um grande desafio, pois, a dieta deve atender
a necessidade metabólica do animal ao passo que potencialize a sua capacidade produtiva. A presente revisão
aborda a produção de bovinos a pasto, e a importância de produção de pastagem de qualidade para ser fornecida à
esses rebanhos. Sendo assim, o objetivo foi apresentar a importância da pastagem na pecuária de corte e leiteira,
em especifico a forrageira Panicum maximum – BRS Zuri, diversos resultados foram encontrados, como a alta
produtividade, qualidade nutricional e com grande resistência a doenças.
1. INTRODUÇÃO
Anualmente o agronegócio brasileiro se torna cada vez mais importante para a atividade
econômica, pois produz diversas vagas empregatícias nos mais variados setores, desde a
produção da matéria prima, até o beneficiamento dos produtos que chegam na mesa do
consumidor final, gerando renda e giro do comércio no país e no mundo. A pecuária vem se
desenvolvendo cada vez mais, produzindo rebanhos de alta qualidade para produção de carne
e leite.
De acordo com Cecato et al. (2002) e Cruz et al. (2020), a pastagem é o principal método
utilizado para alimentação de bovinos por todas as regiões e nos mais diversos tipos de sistemas.
Uma das pastagens muito utilizadas e que pode proporcionar alto rendimento na
produção de bovinos de corte e leite é a Panicum maximum – BRS Zuri. Segundo Jank et al.
(2022) a cultivar BRS Zuri foi lançada em 2014 com objetivo de suprir a necessidade por uma
cultivar da Panicum maximum que possua maior grau de resistência ao fungo Bipolaris maydis,
que vem afetando outras pastagens.
Jank et al. (2022), descreve a cultivar como sendo cerca de 10% mais produtiva
comparada a cv. Tanzânia. A BRS – Zuri foi selecionada com base na produtividade, vigor,
largura das folhas além da qualidade e resistência às cigarrinhas-das-pastagens e ao fungo B.
maydis. O autor ainda destaca que a forragem foi mais produtiva que as cvs. Tanzânia e
Mombaça nos biomas Cerrado e Amazônia.
Na avaliação sob pastejo no Acre, foi comprovado seu potencial para produção animal
pela maior capacidade de suporte, maior ganho em peso por animal, maior ganho em peso por
área na época das águas e na época seca, além de maior facilidade de manejo em relação à cv.
Tanzânia. Ela também se mostrou tolerante aos solos com drenagem deficiente na Amazônia
(JANK; SANTOS; BRAGA, 2022).
2. METODOLOGIA
2022 O capim-BRS Zuri (Panicum maximum JANK, L., SANTOS, M. F., Campo Grande – MG
Jacq.) na diversificação e intensificação BRAGA, G. J.
das pastagens
2022 Rendimento forrageiro e ganho de peso GALVAN, P. H., GAI, V. F., Cascavel – PR
de bovinos em capim BRS Zuri em SOARES, C.
sistemas de lotação rotacionada
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Jank et al. (2017), evidenciam a resistência a mancha foliar causada pelo fungo
Bipolaris maydis e à cigarrinha-das-pastagens, isso se torna uma grande vantagem no momento
do planejamento forrageiro, a forragem possui ainda rápida rebrota e tem um manejo mais fácil
e consequentemente menor custo. Dentre as outras cultivares das espécies a BRS Zuri se destaca
por suas folhas mais largas, além de alto teor proteico, o que se tonou um grande ponto positivo
para a alimentação e produção animal, ganho animal por dia e por área de 9 a 13% comparados
as cultivares Tanzânia e Mombaça.
Valote (2018), obteve resultados onde a cultivar BRS Zuri sobressaiu-se a cultivar BRS
Quênia no verão, em relação a maior altura média de pastejo, maior incremento de altura, dado
importante para ser estabelecido no planejamento forrageiro. Ressalta ainda que a pastagem
Zuri obteve maior altura pós-pastejo e seu teor de matéria seca foi 9% superior a Quênia. A
pesquisa afirma que a cultivar BRS Zuri é indicada para uso nos sistemas intensivos de gado
de leite sob pastejo rotacionado nos pastos de verão, devido ao aumento da produtividade
leiteira durante o pastejo.
Freitas (2019), ressalta em sua pesquisa que a cultivar BRS Zuri possui um bom teor de
proteína, além de uma boa digestibilidade pelo animal. Comparado a cultivar Quênia a BRS
Zuri possui maiores valores de carboidrato. No estudo é possível ser evidente que a BRS Zuri
consegue suportar uma taxa de lotação relevante, porém a cultivar Quênia se destacou na
maioria dos critérios avaliados. Entretanto, mesmo com a cultivar Quênia se sobressaindo a
cultivar Zuri, o autor ressalta que as duas cultivares demonstram ser adequadas para sistemas
intensivos para a produção de leite.
Baseado nos resultados observados, as massas de forragem e raízes mostram que o cv.
BRS Zuri é adaptado ao sombreamento proposto pelas condições experimentais. Essas massas,
somadas ao conteúdo de proteína bruta indica que o capim é adaptado a baixas precipitações,
inerentes a estação seca; a fertilização foliar aplicada no começo das estações não afeta os
parâmetros estruturais e de valor nutritivo do capim BRS Zuri (JANUSCKIEWICZ et al.,
2021). Com esse dado é possível observar sua capacidade na integração silvipastoril, que vem
expandindo cada vez mais em pequenas e grandes propriedades.
Resende (2021), destaca a produção de massa de forragem da BRS Zuri obtidas com
cortes aos 45 dias de crescimento, além da altura do dossel, sendo superior as outras pastagens
comparadas no experimento como a Mombaça e Tanzânia. A altura do dossel teve valores
crescentes. Destaca a cultivar Zuri apresentam colmo grosso, folhas largas e maior porte.
Para que a pastagem possa atingir o dossel forrageiro esperado, é necessário um manejo
adequado, dentre isso a adubação. A adubação nitrogenada auxilia na maior produtividade e na
4. CONSDERAÇÕES FINAIS
A cultivar BRS Zuri pode ser implantada nos diferentes sistemas, como rotacionado,
silvipastoril ou ainda de forma extensiva de maneira sustentável. Possui uma boa palatabilidade
e aceitação pelos animais, além de, excelente digestibilidade da forragem, refletindo assim, na
capacidade do animal em utilizar seus nutrientes em maior escala, o que afeta diretamente na
produção, seja no ganho de peso animal que será destinado para corte ou na produção de leite,
influenciando na lucratividade final do pecuarista. Com isso, destacasse a importância de um
planejamento forrageiro adequado, para que assim o animal possa consumir uma forragem de
qualidade e atingir seu ciclo produtivo com maior desempenho.
REFERÊNCIAS
JANK, L.; SANTOS, M. F.; BRAGA, G. J. O capim-BRS Zuri (Panicum maximum Jacq.)
na diversificação e intensificação das pastagens. 2022. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1149054/o-capim-brs-zuri-
panicum-maximum-jacq-na-diversificacao-e-intensificacao-das-pastagens. Acessado em: Mai.
2023.
VALOTE, P. D. Acúmulo de forragem e estrutura dos pastos das cultivares BRS Zuri e
BRS Quênia (Megathyrsus maximus) sob manejo rotacionado. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica – RJ, p. 19-36, 2018.
CAPÍTULO 4
BIOFERTILIZANTE NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CAPIM PIATÃ E NOS
ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO
RESUMO
As gramíneas forrageiras são as principais fonte de alimentos para os bovinos, entretanto, os solos tropicais, de
modo geral, apresentam-se ácidos e de baixa disponibilidade de nutrientes, e este fato prejudica o desenvolvimento
das plantas. Para contornar a situação é utilizado várias alternativas de manejos de adubação como a gessagem,
calagem, adubação química e orgânica. Entre a adubação orgânica tem o uso de biofertilizante. Assim, objetivou-
se avaliar o efeito da aplicação do biofertilizante nos atributos químicos do solo e produção e qualidade da
forrageira. O estudo foi realizado no município de Jateí - MS, em um Latossolo Vermelho Distrófico, cultivado
com Brachiaria brizantha (Syn. Urochloa brizantha) cv. BRS Piatã. O delineamento experimental utilizado foi o
em blocos ao acaso, em um esquema fatorial 2x2 (com e sem biofertilizante), com quatro repetições. Os
tratamentos foram: A1 - área de pastagem que se encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área
de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém
reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer adubação sendo consorciada com a plantação de melancia
sobre efeito de correção e A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado. Essa
área não recebeu qualquer tipo de adubação e correção. Foram realizadas três aplicações do biofertilizante nas
áreas A1 e A2, com intervalo de 90 dias. Foram colhidas amostras dos tratamentos para avaliação da produção de
massa seca e análises bromatológicas. A forragem foi cortada ao nível do solo observando os limites da periferia
do aro e colhida. Após o corte, as forrageiras foram pesadas para determinação de peso fresco e, posteriormente,
amostras representativas foram colocadas em estufa de circulação de ar forçada a 65ºC até peso constante.
Determinou-se o peso seco e em seguida o material foi moído em moinho tipo Wiley com peneira de 2 mm, para
as determinações bromatológicas: fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e proteína
bruta (PB). Para caracterização química do solo foram realizadas amostragens, amostrando-se cinco subamostras
aleatórias da área total, nas profundidades 0 a 20 e 20 a 40 cm. Os resultados foram submetidos à análise de
variância e aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade, para comparar as médias das variáveis analisadas.
De modo geral, em todos os tratamentos os atributos químicos do solo estavam abaixo da faixa considerada
adequada para o crescimento e desenvolvimento da forrageira. Fatores esses que acarretou a baixa produção de
fitomassa com baixo valor nutritivo.
1. INTRODUÇÃO
As gramíneas forrageiras são as principais fonte de alimentos para os bovinos, uma vez
que, no Brasil, os animais são criados, em sua maioria, em sistema extensivo, em pelo menos
uma das fases de crescimento.
A forrageira Urochloa brizantha (Syn. Brachiaria brizantha) cv. Piatã vem ganhando
espaço nas áreas destinadas ao cultivo de pastagens por ser considerada produtiva, apresentar
maior acúmulo de folhas, maior tolerância a solos com má drenagem (PIMENTA, 2009) e
Uma das alternativas, para contornar a situação da baixa produtividade das forrageiras,
é desenvolver fontes alternativas de nutrientes, para uso na agricultura brasileira. Uma
alternativa é o uso de biofertilizante. O biofertilizante é composto de nitrogênio, fósforo e
potássio, que são os principais nutrientes para as plantas, além da presença de micronutrientes.
Outra vantagem do biofertilizante é que na sua maioria são produzidos na própria propriedade,
o que reduz o custo, além de evitar a contaminação do meio ambiente e água, com o descarte
dos dejetos dos animais.
Nesse contexto, os resíduos passam a ser encarados como potenciais produtos e não
mais como materiais indesejáveis, pois normalmente lhes são atribuído valor econômico
negativo, embora possam conter componentes úteis e valiosos. Desta forma, as áreas de
pastagens poderiam ser beneficiadas com o aproveitamento racional do uso de estercos de
origem animal para adubação, garantindo maiores produções, economia e condições para a
proteção ambiental.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã é adaptada em solos de média e boa fertilidade,
principalmente, em zonas tropicais, por ser uma cultivar considerada de boa palatabilidade e
digestibilidade, sendo indicada exclusivamente para os sistemas de pastoreio, fenação ou
silagem (SILVEIRA, 2007).
A base da dieta dos ruminantes na grande maioria dos sistemas de produção é constituída
pelas pastagens. A qualidade nutritiva as forrageiras podem variar devido a fatores como:
Para se saber o valor nutritivo de uma determinada forrageira é prescindível fazer várias
avaliações químicas nutricionais, onde é destacados dois métodos principais a serem avaliados
como: 1) Método de Weende, onde neste método consiste ver a composição química dos
alimentos, sendo determinado pela técnica de Kjedahl, onde dentro desta método é divido em
várias analises como a determinação de matéria seca; matéria mineral ou teor de cinzas
(determinação teores como o de cálcio e fosforo); fibra bruta (fração CHO’S estruturais na
amostra); extrato etéreo (extração de alguns compostos como ácidos graxos, ésteres lectinas
entre outros); teor de proteína bruta e o teores de extrativo não nitrogenado. 2) Método de Van
Soest, onde que consiste em avaliar o conteúdo celular e a parede celular de plantas, sendo
dividido em três métodos químicos como o teor de fibra em detergente neutro (determinação
de lignina e hemicelulose); teores de fibra em detergente ácido (determinação de lignina e
celulose) e a determinação de minerais feita através da digestão nitroperclórica onde é avaliada
principalmente os teores de Ca e P.
Apesar da adubação responder melhor com a ajuda de influência sobre outras práticas
manejada ela possui algumas vantagens como a elevada capacidade de troca de cátions (CTC)
do solos, proporciona maior agregação das partículas melhorando a estrutura e infiltração da
água e reduzindo a erosão, redução da plasticidade e a coesão de nutrientes pela mineralização
e solubilização de minerais como os ácidos orgânicos por exemplo, diminuição da fixação do
fosforo, aumento da atividade de microrganismos como a fonte de nutrientes e energia, entre
outras vantagens (SOBRAL et al., 2007)
Uma fonte indispensável para a formação do biogás que pode ser trabalhada em média
ou grande escala dentro da propriedade é o esterco bovino. Orrico Júnior et al. (2012) relataram
que, das fontes de matéria orgânica, o esterco bovino é considerado um dos poucos com grande
potencial como fertilizante, podendo ser utilizado para incrementar a produção forrageira. Já o
outro autor Mueller et al. (2013) argumenta que a associação entre biofertilizante líquido de
esterco bovino e adubação química, proporcionou efeito positivo às plantas, aumentado à
produtividade de tomates (Solanum lycopersicum L.) Isso, em função do melhor
aproveitamento dos nutrientes, através do sincronismo de liberação ao longo de seu
desenvolvimento (SHEHATA et al., 2010).
3 MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo está localizada no município de Jateí, estado de Mato Grosso do Sul,
nas coordenadas geográficas: latitude: 22º32’52.3 Sul, Longitude: 54º19’20.8” altitude de 302
m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo subtropical úmido. Os
valores médios anuais de temperatura oscilam entre 27 e 30°C e as mínimas entre 0 e 10°C.
precipitação entre 1250 a 1500 mm.
Os tratamentos foram:
A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o
biofertilizante. Esta área difere das demais, pois a forrageira estava mais baixa e com topografia
mais íngreme em relação as outras áreas.
A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado. Essa área
não recebeu qualquer tipo de adubação e correção.
A aplicação do biofertilizante foi realizado com caminhão tanque. Foram realizadas três
aplicação do biofertilizante nas áreas A1 e A2, com intervalo de 90 dias.
3.4 Avaliações
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 2: Resumo da análise de variância, valores do Teste F para atributos químicos do solo, das camadas de 0-
20 e 20-40 cm, de Acidez do solo (pH), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Alumínio (Al),
Acidez potencial (H+Al), soma de Bases Trocáveis (SB), Capacidade de Troca Catiônica (CTC), Saturação por
Bases (V%), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) em diferentes áreas. Jatei – MS, 2023.
Fator de
pH (CaCl2) P K Ca Mg Al H+Al SB CTC m%
variação V% Cu Fe Mn Zn
mg dm- 3
---------------------------- cmolc dm -----------------------------------------
-3
----------% ---------- ---------------- mg dm-3 -------------------
Camada de 0 - 20 cm
Áreas (A) 0,03* 0,00** 0,00** 0,00** 0,97ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,12ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,00**
A1 4,40 a 56,17 a 0,27 a 0,57 b 0,30 a 0,475 b 0,85 ab 1,15 ab 3,45 b 33,50 a 29,3 b 2,90 a 38,72 a 159,05 a 3,20 a
A2 3,55 b 12,40 b 0,02 b 0,45 b 0,27 a 0,775 a 0,67 b 0,80 b 2,72 b 28,47 a 49,4 a 1,55 b 19,90 b 67,425 c 1,10 b
A3 3,92 ab 0,22 c 0,04 b 0,62 b 0,30 a 0,800 a 1,02 a 0,92 b 3,72 ab 24,82 a 46,5 a 0,75 b 10,50 b 119,05 ab 0,02c
A4 4,25 ab 8,80 b 0,30 a 0,87 a 0,30 a 0,250 b 1,17 a 1,50 a 4,77 a 32,35 a 14,3 c 1,50 b 39,05 a 86,30 bc 1,52 b
Média 4,03 19,40 0,14 0,63 0,29 0,57 0,93 1,09 3,67 29,8 34,9 1,67 108,0 27,0 1,46
C.V. (%) 8,7 17,5 21,0 17,2 24,2 20,9 16,8 16,0 13,3 16,4 15,4 29,1 20,8 24,4 30,0
Camada de 20 - 40 cm
Áreas (A) 0,34ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,04* 0,00** 0,32ns 0,00** 0,28ns 0,03* 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,00**
A1 3,59 a 31,48 a 0,22 b 0,42 b 0,27 a 0,57 bc 2,12 a 0,91 b 3,03 a 29,93 a 38,8 b 1,58 a 16,42 b 68,12 b 0,38 ab
A2 4,04 a 0,83 b 0,01 c 0,35 b 0,19 a 0,75 ab 2,14 a 0,56 c 2,69 a 20,71 ab 57,2 ab 1,24 ab 10,48 bc 75,29 b 0,40 a
A3 3,77 a 3,48 b 0,02 c 0,30 b 0,14 a 0,93 a 5,88 a 0,46 c 6,35 a 10,29 b 66,9 a 0,8 c 6,68 c 155,67 a 0,40 b
A4 4,21 a 13,3 b 0,280 a 0,82 a 0,28 a 0,30 c 5,94 a 1,4 a 7,32 a 29,93 a 17,8 c 1,16 bc 23,71 a 45,83 b 0,56 a
Média 3,90 12,3 0,13 0,48 0,22 0,64 4,02 0,83 4,85 22,5 45,2 1,20 86,2 14,3 0,34
C.V. (%) 12,6 52,4 13,5 20,9 30,11 22,2 94,0 12,83 78,2 36,9 17,8 14,9 26,2 19,0 45,9
**, *; ns: significativo a 1%, 5% e não significativo, respectivamente. A1 - área de pastagem que se encontrava
em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e
que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer adubação
sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção; A4 - área de pastagem sob pastejo,
contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Com relação a acidez do solo, representado pelos teores de Al e acidez potencial (H+Al),
os maiores teores de Al foram encontrados nos tratamentos A2 e A3, em ambas as camadas. E
para H+Al, na camada de 0-20 cm, maiores valores nos tratamentos A3 e A4, entretanto, não
diferindo do A1. A acidez potencial (H+Al), que representa a capacidade do solo de resistir a
mudanças no valor de pH (KAMINSKI et al., 2002), está relacionado com a quantidade de H+
e Al3+ adsorvidos aos grupos funcionais dos coloides do solo. Assim, os valores de H+Al se
encontram na faixa alta, segundo Souza e Lobato (2004).
A saturação por Al variaram entre os tratamentos (Tabela 2). Maiores teores foram
encontrados nos tratamentos A2 e A3, em ambas as camadas de solo avaliada. Teores de
saturação por alumínio acima de 30% causam limitações em culturas perenes, entre 30 e 50%
Considerando que todas as áreas estudadas não receberam nenhuma adubação com
micronutrientes, sugere que a disponibilidade de micronutrientes Cu, Fe, Mn e Zn nos solos
estão relacionados ao material de origem dos solos da região. Segundo Vendrame et al. (2007),
os teores disponíveis de Cu, Mn e Fe encontrados nos solos estão na faixa adequada para o
desenvolvimento das pastagens no Cerrado. Com relação ao Zn, verifica-se teor abaixo do nível
crítico no A3, o que reforça a ideia de ser o Zn um dos micronutrientes mais limitantes para o
aproveitamento agrícola dos solos do Cerrado (MAGALHÃES et al., 2002).
A1 - área de pastagem que se encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob
pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação
do biofertilizante ou quaisquer adubação sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção;
A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Tabela 3: Caracterização bromatologica da Brachiaria Brizantha cv.BRS Piatã. Jatei – MS, 2023.
Tratamentos PB% FDN% FDA%
A1 2,60 bc 66,51 b 18,72 b
A2 3,64 a 72,54 a 19,58 b
A3 3,05 ab 72,71 a 27,81 ab
A4 2,09 c 74,35 a 30,64 a
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05). A1 - área de pastagem que se
encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três
animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer
adubação sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção; A4 - área de pastagem sob
pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Os teores de proteína bruta devem ser adequados nas pastagens para que ocorra a
adequada fermentação (MAGALHÃES et al., 2009). De acordo com Mertens (1994), as
bactérias ruminais necessitam de 6 a 8% de PB na MS, para atender suas necessidades de
manutenção. Segundo De Bem et al. (2015), o avanço da maturidade nas gramíneas forrageiras
tropicais, proporciona lignificação precoce de seus tecidos, com alterações no citoplasma da
planta com o declínio dos teores de PB e outros nutrientes, devido ao aumento gradativo dos
constituintes da parede celular ou, a redução nos teores de PB pode estar associado ao maior
acumulo de MS, o que causa o efeito de diluição do nitrogênio. Apesar das diferenças
significativas entre os tratamentos, de uma forma geral, todos os tratamentos apresentam baixos
teores de PB.
A deficiência proteica pode causar a limitação da produção animal, não apenas pelo
decréscimo nas taxas de digestão e de passagem devido aos teores de proteínas bruta abaixo do
limite crítico (7%), como também devido ao aporte insuficiente de aminoácidos no duodeno,
em função da menor produção de proteína microbiana (MEDEIROS; MARINO, 2015). Nesse
sentido, pode se inferir que em todos os tratamentos estudados, o capim piatã não pode ser
utilizado em pastagens extensivas, se objetivo for atender de forma satisfatória às necessidades
básicas dos ruminantes.
Os maiores valores de FDN foram observados nos tratamentos A2, A3 e A4. Maiores
valores de FDN coincidiram com as áreas pastejadas, ou seja, no momento da coleta
provavelmente, foi coletado mais forragem com frações menos digeríveis, como lignina,
celulose, hemicelulose protegidas, cutícula e sílica, visto que, os animais preferem forragens
Para FDA, a maior média foi encontrada no tratamento A4, mas, não diferindo da A3 e,
as menores médias nos tratamentos A1 e A2. A FDA é os constituintes menos solúveis da
parede celular, sendo constituída basicamente por celulose, lignina e sílica, ou seja, o excesso
de FDA pode diminuir a digestibilidade da forragem.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para que ocorra um melhor desenvolvimento das pastagens é imprescindível que o solo
apresente boas condições químicas e físicas pra suprir as necessidade das plantas estabelecendo
um ambiente favorável para o bom desenvolvimento vegetal. Isso só é possível através do bom
manejo das pastagens.
Com isso, observa-se que a fertilização é de grande valor, não só para aumentar a
produção da forragem, mas também como uma maneira para suprir os nutrientes do solo, o que
irá refletir na qualidade da forragem, além de manter ou aumentar a viabilidade do sistema
produtivo.
CLAESSEN, M. E. C. (Org.). Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. rev. atual. Rio de
Janeiro: Embrapa CNPS, 1997. (Documentos, 1). Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/169149/1/Manual-de-metodos-de-
analise-de-solo-2-ed-1997.pdf>. Acessado em: Out. 2022.
MERTENS, D. R. Regulation of forage intake. In: FAHEY JR., G. C.; COLLINS, M.;
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(Ed.). Forage quality, evaluation, and utilization. Madison, WI: American Society of
Agronomy, Crop Science Society of America, Soil Science Society of America, 1994. p. 967-
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PIMENTA, L. Capim novo a caminho. Revista ABCZ, Uberaba, v.50, n. 2. p. 18-20, 2009.
Disponível em: https://issuu.com/revista_abcz/docs/abcz_50_baixa. Acessado em Jun. 2023.
SHEHATA, S. M. et al. Interactive effect of mineral nitrogen and biofertilization on the growth,
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<https://www.https//www.researchgate.net/publication/273121169_Interactive_Effect_of_Mi
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_Celeriac_Plantresearchgate.net/publication/273121169_Interactive_Effect_of_Mineral_Nitro
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VALLE, C. B. et al. Brachiaria brizantha cv. Piatã: Uma forrageira para diversificação de
pastagens tropicais. Seed News, Brasília, v.9, n. 2, p. 28-30, 2007. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/91592/1/capim-piata.pdf>. Acessado
em: Ago. 2022.
VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2nd Edition, Cornell University
Press, Ithaca, 476. 1994.
CAPÍTULO 5
MANEJO DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DE SOJA COM FERTILIZANTE
ORGANOMINERAL
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade da soja em função da aplicação de diferentes formas e doses
de fertilizantes fosfatados, com enfase na avaliação da viabilidade do formulado organomineral no manejo de
adubação para a cultura da soja. O experimento foi conduzido no Centro de Pesquisa Universitário, localizado no
município de Londrina-PR. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com 7 tratamentos e 4
repetições. As doses do fertilizante foram distribuídas em dois momentos: (A) primeira aplicação no sulco de
semeadura, realizada em 24/10/2022; (B) segunda aplicação realizada em cobertura, em 24/10/2022. Nos
resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas respectivas doses em kg/ha entre
parênteses. O experimento tem como objetivo potencializar a eficiência da adubação organomineral, visando trazer
maior rentabilidade da cultura.
1. INTRODUÇÃO
No contexto mundial, a soja está inserida economicamente como uma das principais
culturas agrícolas. No Brasil, a cultura da soja segue como um dos produtos com maior volume
colhido, fomentando e agregando de forma significativa a economia nacional. Na safra
2018/2019 apresentou área cultivada de aproximadamente 39,79 milhões de hectares e
apresentou uma produção estimada em 122,2 milhões de toneladas, com produtividade média
em torno de 3.322 kg/ha (CONAB, 2020).
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.3 Tratamentos
Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descripts abaixo:
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1 Produtividade
Na avaliação de massa de mil grãos (M.M.G) (Tabela 2), verificou-se que todos os
tratamentos foram superiores à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O
tratamento 3 com o produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
estatisticamente o tratamento mais produtivo, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos T2: MAP (300kg/ha) A; T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A; T5: MAP
(300kg/ha) B; T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B; T7: Organomineral 06-24-00
(350kg/ha) B. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
semelhante ao tratamento padrão T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A, pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose
alvo (600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T5: MAP (300kg/ha) B, pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade.
* Gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste
de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: Plantio; B: Lanço.
Fonte: Autoria própria (2023).
Não foi observado ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não foi
o objetivo deste estudo.
5. CONCLUSÕES
• O maior aumento de rendimento (23,30 Sacas de 60kg /ha) em relação à testemunha foi
observado para os tratamentos: T3: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) A.
REFERÊNCIAS
ENTENDA o que são fertilizantes organominerais e como usá-los – Publicado por Broto,
28 de juho de 2021 – Disponível em: https://blog.broto.com.br/fertilizantes-organominerais/.
Acessado em: Mai. 2023.
CAPÍTULO 6
EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
(PHAKOPSORA PACHYRHIZI) NA CULTURA DE SOJA
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica no manejo de doenças com
fungicidas, tendo como base os princípios ativos (Mefentrifluconazol+Piraclostrobina+fluxapiroxade), com o
foco em manejo de Ferrugem-da-soja (Phakopsora pachyrhizi) na cultura de soja, além de registrar possíveis
efeitos de fitotoxicidade dos tratamentos para a referida cultura. O experimento foi conduzido na cidade de
Londrina- PR, latitude S:23º19'11.03", longitude W:51º9'58.323", altitude de 480m. A Cultivar utilizada foi
DM66i68, semeada em 04/10/2022, com as seguintes características: espaçamento de 0,45 m entre linhas e
densidade populacional de 12 plantas por metro linear, sendo 266.666 plantas/ha, a primeira aplicação realizada
em 07/11/2022, a segunda aplicação realizada em 23/11/2022 e a terceira aplicação realizada em 03/12/2022 e
finalizando o ensaio com a colheita em 01/03/2023. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados com 10 tratamentos e 4 repetições. Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos
formulados com suas respectivas doses em ml/ha ou g/ha entre parênteses. As épocas de aplicação utilizadas foram
A: V7 Sexta folha trifoliolada completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da
formação de vagem. O Manejo de Doenças com o uso de fungicidas, associados com multissítios forem
fundamentais para o controle de Ferrugem da Soja.
1. INTRODUÇÃO
No cenário mundial, é notório que soja está inserida economicamente como uma das
principais commodities agrícolas. No Brasil, a cultura da soja na safra 2018/2019 apresentou
uma área cultivada de aproximadamente 39,79 milhões de hectares e apresentou uma produção
estimada em 122,2 milhões de toneladas, com produtividade média em torno de 3.322kg/ha
(CONAB, 2020).
Entre as razões que impedem que a cultura da soja atinja seu potencial produtivo estão
as doenças, que podem ocorrer desde a germinação até o enchimento de grãos. Sua importância,
em termos econômicos, pode variar dependendo das condições climáticas de cada safra e
região. As perdas anuais de produção, estimadas em relação as doenças, estão entre 15% a 20
%, no entanto, dependo das condições, pode chegar a 100% (EMBRAPA, 2020). Há,
catalogadas no Brasil, aproximadamente 50 doenças de soja e, dentre essas doenças, a ferrugem
asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Sydow, é a que tem maior potencial para
2. OBJETIVOS DO EXPERIMENTO
3. MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1: Tratamentos.
Trat. Produtos Ingrediente Ativo Dose kg-
l/ha
(Época)
T1 Test.
T2 Blavity fluxapiroxade+protioconazol 0,25 (A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Fox x pro bixafem+protioconazol+trifloxistrobina 500,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada a equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:
Em que:
4. RESULTADO E DISCUSSÃO
Tabela 3: Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e eficiência de controle (Cont.(%)).
Tratamentos Dose*mL AACPD Cont.(%)
ou g/ha
T1 Test. 0 2509,0 a 0
T2 Blavity (A) 0.25 1313,0 b 47,70
Mancozebe (A) 1500
Fox x pro(B) 500
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T3 Blavity (A) 0.25 611,50 c 75,60
Mancozebe (A) 1500
Belyan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
Avaliação de desfolha (tabela 5), 25 dias após terceira aplicação (DA3A), 40 dias após
terceira aplicação (DA3A).
4.1 Fitotoxicidade
4.2 Produtividade
5000
d d
e 3961
4000 e
f 2953
3000 2711 2561
g 2158 2130
2000 1583 1433
1000 751
0
0
Tratamentos
Massa em produtividade (Tabela 6), saca 60 kg/ha e aumento de rendimento em relação à testemunha (A.R.).
Fonte: Autoria própria (2023).
Não foi observado ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não foi
o objetivo deste estudo.
5. CONCLUSÕES
• A maior porcentagem de controle (91%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c/ha) B + Versatilis
(300ml p.c/ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de AACPD de ferrugem da soja no
dia, sendo estatisticamente superior à testemunha e estatisticamente superior ao tratamento
padrão T1 e estatisticamente superior ao segundo tratamento padrão T2.
• A maior porcentagem de controle (91,0%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B + Versatilis
(300ml p.c/ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de AACPD normalizada de ferrugem-
• A maior porcentagem de controle (94,20%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B + Versatilis
(300ml p.c./ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de no dia 28/12/2022, sendo
estatisticamente similar à testemunha e estatisticamente similar ao tratamento padrão T1 e
estatisticamente similar ao segundo tratamento padrão T2.
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 7
ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL
RESUMO
A análise espacial e temporal de bacias hidrográficas é uma ferramenta essencial no monitoramento e gestão de
bacias. Diversas atividades como planejamento e outorga dependem de estudos dessa natureza. Dessa forma, esse
trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição espaço-temporal da bacia do rio Parnaíba, estado do Piauí. Para
tanto, foram utilizadas imagens do acervo do projeto Mapbiomas referente ao período de 1985 a 2020, derivadas
dos satélites LANDSAT 5, 7 e 8, cuja resolução espacial é de 30 m (30x30). Nas imagens foram realizadas uma
classificação não-supervisionada afim de classificar os principais usos e cobertura da terra na bacia (floresta,
agricultura, agricultura irrigada, hidrografia, pastagem, infraestrutura urbana e solo exposto) e o cálculo do NDVI
– Normalized Difference Vegetation Index, no intuito de quantificar e analisar a condição vegetal natural ou
agrícola das imagens obtidas. Os dados climatológicos utilizados na pesquisa foram obtidos através da plataforma
BDMEP - Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto Nacional de
Meteorologia. Foram utilizados dados mensais de precipitação de 13 estações meteorológicas convencionais
gerenciadas pelo INMET no estado do Piauí. As áreas ocupadas com floresta natural diminuíram sensivelmente
em 12,35% no estado do Piauí no período de 1985 a 2019. As áreas ocupadas com culturas como a soja aumentaram
100% no estado do Piauí no período de 1985 a 2019. Conclui-se que, o processamento de imagens pode ser
utilizado como ferramenta para o acompanhamento climático de uma localidade ou uma bacia hidrográfica e o
acompanhamento das mudanças da vegetação das bacias hidrográficas.
1. INTRODUÇÃO
A maioria dos rios nas cidades brasileiras estão substancialmente degradados. Sendo
assim, as características físicas, químicas e biológicas de um curso d’água refletem tanto a
configuração geológica quanto os insumos da bacia hidrográfica circundante (POMPÊO et al.
2011; VOZA et al., 2015). Diversos estudos apontam a agricultura e outras atividades
agropecuárias, como uma atividade de alto potencial degradador, sendo responsáveis pela
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição espaço-
temporal da bacia do rio Parnaíba, estado do Piauí.
2. METODOLOGIA
O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) foi proposto por Rouse et
al. (1974) cujo cálculo é dado em função da relação entre a subtração e a soma das reflectâncias
das faixas do infravermelho próximo e do vermelho, conforme equação:
NDVI = (NIR-RED)/(NIR+RED)
Sendo:
O processamento das imagens foi realizado com o Software livre QGIS 3.8.0. Nesta fase
as imagens foram submetidas à correção atmosférica, necessária para eliminar interferências
atmosféricas. A fim de se observar os principais alvos da paisagem, foi realizada uma inspeção
visual, para isso, foram geradas composições coloridas (RGB) para as imagens obtidas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante ao longo dos anos observa-se um avanço considerável das práticas culturais
(Tabela 1 e Figura 1) localizadas na Bacia do Parnaíba (Piauí), este comportamento reflete a
necessidade de aumentar as áreas de produção para atender a demanda populacional.
Tabela 1: Uso e cobertura do solo (em km²) na Bacia do Parnaíba nos anos de 1985 a 2019.
Classe 1985 2019 Diferença
Floresta 37375766 32756609 -4619157
Formação Natural não Florestal 43032071 36955105 -6076966
Agricultura 10144,63 1631456 +1621311,37
Lavoura Temporária 10144.63 1631456
Soja 0 1385636 +1385636
Cana 0 9404,012 +9404,012
Outras Lavouras Temporárias 10144,63 236416,3
Lavoura Perene 0 0 0
Mosaico de Agricultura e Pastagem 8033,229 4067,048
Área não Vegetada 181384,3 236760
Corpos D'água 90392,15 81908.2
Não Observado 54,44822 54.00768
Fonte: MapBiomas (2019).
Com base nos dados apresentados é possível inferir que a expansão das áreas
agricultáveis próximo a bacia não acompanha o emprego de técnicas de manejo e conservação
do solo e água. Apesar da possibilidade de se obter uma maior produtividade quando as mesmas
são aplicadas de modo adequado (Tabela 1 e Figura 1).
Com base nas figuras 2 e 3 durante 36 anos o solo mais descoberto pode ser devido à
perda ou substituição de vegetação, que resultaria em maior refletividade da superfície.
1985
No entanto, faz-se necessário uma análise das condições hídricas para os dois períodos
em estudo. Sabendo-se que, os totais pluviométricos foram maiores para o ano de 1985 em
comparação com 2019 (Figura 4), pode-se concluir que houve degradação, já que a maior
disponibilidade de água no solo, tendo em vista que o comportamento observado está
provavelmente associado à cobertura do solo nessa região, sendo que em sua maior parte é
composta por Caatinga, que após o período chuvoso, apresenta rápido aumento da densidade
da vegetação e consequente cobertura do solo. Com a publicação da EMBRAPA (2002),
verifica-se que a precipitação é um dos elementos meteorológicos que exerce maior influência
sobre as condições ambientais.
Figura 5: Classes de uso e cobertura da terra no estado da Bacia do Alto Parnaíba, de 1985 e 2019
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
MENEZES, J. P. C. et al. Relação entre padrões de uso e ocupação do solo e qualidade da água
em uma bacia hidrográfica urbana. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v.21,
n.3, p. 519-534, 2016. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/308280170>.
Acessado em: Mai. 2020.
ROUSE, J. W. et al. Monitoring vegetation systems in the Great Plains with ERTS. In: EARTH
RESOURCES TECHNOLOGY SATELLITE SYMPOSIUM, 3., 1973, Washington.
Proceedings. Washington: NASA, Texas, 1974. p. 309-317. Disponível em:
<https://ntrs.nasa.gov/api/citations/19740022614/downloads/19740022614.pdf>. Acessado
em: Mai. 2020.
SINGH, K. P. et al. Multivariate statistical techniques for the evaluation of spatial and temporal
variations in water quality of Gomti River (India) – a case study. Water Research, Switzerland,
v.38, n.18, p. 3980-3992, 2004. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.watres.2004.06.011>. Acessado em: Mai. 2020.
STROBL, R. O.; ROBILLARD, P. D. Network design for water quality monitoring of surface
freshwaters: a review. Journal of Environmental Management, v.87, n.4, p. 639-648, 2008.
Disponível em:< https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2007.03.001>. Acessado em: Mai. 2020.
VAROL, M. et al. Spatial and temporal variations in surface water quality of the dam reservoirs
in the Tigris River basin, Turkey. Catena, v.92, p. 11-21, 2012. Disponível em:<
https://doi.org/10.1016/j.catena.2011.11.013>. Acessado em: Mai. 2020.
CAPÍTULO 8
IMPLANTAÇÃO E MANEJO INICIAL DE SISTEMAS SILVIPASTORÍS (SSPS) EM
PROPRIEDADES RURAIS FAMILIARES NO NOROESTE DO
RIO GRANDE DO SUL
RESUMO
Sistemas silvipastorís representam uma relação socioambiental mais sustentável. O presente estudo busca, pela
primeira vez, apresentar os processos de implantação destes sistemas no Noroeste do Rio Grande do Sul,
analisando os elementos positivos e as dificuldades socioambientais e técnicas impostas. Em cada área foram
plantadas 405 mudas florestais, em espaçamento intercalado de 17x2,50 metros, com distribuição equidistante das
espécies florestais com diferentes formatos de copadas e taxas de crescimento, sob acompanhamento técnico e
verificação do grau de engajamento dos produtores rurais para com a proposta de trabalho. Os sistemas propostos
estão consolidados, fortalecendo os laços socioambientais a partir da recuperação e valorização do meio ambiente
nativo e da promoção do bem-estar dos animais e dos trabalhadores rurais. Por outro lado, é importante destacar
que os processos iniciais de manejo dos sistemas silvipastorís são determinantes para a obtenção dos resultados
desejados.
1. INTRODUÇÃO
Os SSPs agregam espécies arbóreas, forrageiras e animais em uma área sob manejo
sustentável, conservando a biodiversidade e as características físico-químicas dos solos,
promovendo o bem-estar animal e, consequentemente, aumentando a produtividade
(PACIULLO et al., 2011). Portanto, os SSPs representam uma ótima oportunidade para o
estabelecimento de uma relação socioambiental mais sustentável.
Nesse contexto, o presente estudo busca, pela primeira vez, apresentar os processos de
implantação de SSPs em propriedades rurais familiares na região Noroeste do Rio Grande do
Sul, analisando e debatendo os elementos positivos e as dificuldades socioambientais e técnicas
impostas à implantação de sistemas rurais mais sustentáveis.
2. METODOLOGIA
Os SSPs foram propostos para áreas de dois hectares. Em cada propriedade foi realizado
um diagnóstico das características fitofisionômicas do local para, juntamente com cada família,
ser selecionada a área mais adequada para a implantação do sistema silvipastoril.
Em cada área foram plantadas 405 mudas (Tabela 1), sendo 345 mudas florestais nativas
e 60 mudas de Eucalipto, havendo dois momentos de plantio: setembro de 2019 e de 2020. As
mudas foram plantadas em linhas com um espaçamento intercalado de, aproximadamente,
17x2,50 metros, com distribuição equidistante de espécies com diferentes formatos de copadas
e taxas de crescimento, tentando seguir, tanto quanto possível, os princípios da sucessão
(combinando espécies pioneiras e secundárias). A escolha destas espécies foi baseada em
análises prévias das taxas de sobrevivência de diversas espécies florestais em ambientes com
características semelhantes àquelas da região Noroeste do Rio Grande do Sul.
Após a definição das áreas de plantio nas propriedades foram realizadas análises
químicas de amostras dos solos para a verificação das necessidades de correção de pH e das
condições nutricionais dos mesmos. Cada amostra de solo foi coletada a uma profundidade de
20 centímetros, homogeneizada e encaminhada para análise laboratorial. Foram distribuídos
para cada beneficiário duas toneladas de calcário (cerca de quatro semanas antes do plantio),
30 quilogramas de NPK (5-20-20), 10 quilogramas de superfosfato triplo e 20 quilogramas de
cloreto de potássio.
Figura 1: Processo de implantação do SSP. a-b: preparação do solo, correção do pH com calcário e cercamento
das linhas de plantio; c: coroamento em torno das mudas; d: proteção contra o ataque de formigas; e: proteção
com taquara (Bambusoideae) contra o ataque de ovinos e lebres.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em setembro de 2019 foram entregues todas as mudas para o plantio nas áreas
previamente preparadas. Havendo dois momentos para a reposição de mudas perdidas em
campo, setembro de 2020 e agosto de 2021, totalizando 20% de reposição. Inicialmente, a
dificuldade esteve relacionada com o pequeno tamanho das mudas fornecidas pelo viveirista,
cerca de 15-20 centímetros. Estas mudas de menor tamanho apresentaram dificuldade no
desenvolvimento primário, em razão do volume pluviométrico abaixo do esperado nos 12
meses seguintes ao plantio, gerando um cenário de desmotivação dos agricultores e de
preocupação para a equipe técnica.
A estratégia de cercamento das linhas de plantio não foi eficaz para proteger as mudas
do ataque de todos os animais. Ovinos e lebres se alimentaram de diversas mudas em algumas
propriedades, sendo que em uma delas a família arquitetou uma proteção com taquara
(Bambusoideae) (Figura 1e) que se mostrou uma estratégia sustentável e eficaz para a resolução
do problema.
Algumas dificuldades foram apontadas, mesmo entre os produtores que cumpriram com
as metodologias propostas, destacando-se a falta de tempo dos membros das famílias para o
manejo (principalmente a rega) do sistema durante o longo período de estiagem, sendo esta
dificuldade agravada pela falta de mão de obra disponível para contratação na área rural,
comprometendo o plantio e o manejo das áreas nos períodos adequados, destacando que o
desbaste correto das mudas, além de otimizar o desenvolvimento, viabiliza o comércio e o uso
na propriedade.
Uma família optou por isolar toda a área do SSP, não apenas as linhas de plantio, para
facilitar o cuidado com os animais (ovinos e bovinos), evitando que os mesmos se alimentassem
Figura 2: Comparação entre a biomassa/pastagem disponível entre a área de campo ocupada pelos animais (a) e
a área isolada para sistema silvipastoril (SSP) (b).
No atual estágio de desenvolvimento dos SSPs implantados, ainda não é possível avaliar
os efeitos das árvores sobre o desenvolvimento das pastagens e no comportamento dos animais,
uma vez que os níveis de desenvolvimento das árvores estão irregulares em razão das
adversidades climáticas, da diversidade de espécies empregadas e, também, por variações nas
técnicas de manejo já mencionadas, não proporcionando, até este momento, um sombreamento
efetivo do campo. Apesar disso, já se percebe a procura de alguns animais por áreas sombreadas
(Figura 4). Portanto, conforme observado em diversos estudos sobre SSPs, são esperadas
Figura 4: Sistema silvipastoril (SSP) na conclusão do sexto semestre de desenvolvimento. Bovinos sob a sombra
de um Eucalipto.
4. CONCLUSÕES
DEISS, L. et al. Weed competition with soybean in no-tillage agroforestry and sole-crop
systems in subtropical Brazil. Planta Daninha, Londrina, n. 35, jan. 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pd/a/d97DyFnMtBmG68xtqwCqXLG/?format=pdf&lang=en.
Acessado em: Jan. 2021.
REIS, L. S. et al. Produção de leite em sistema silvipastoril: Revisão. Research, Society and
Development, [S. l.], n. 4, abr. 2021. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14043. Acessado em: Jun. 2022.
STRECK, E. V. (Org.). Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2008.
CAPÍTULO 9
BIOSSÓLIDO:
TRATAMENTOS E SUA INFLUÊNCIA NOS TEORES DE NUTRIENTES PARA
USO AGRÍCOLA 1
RESUMO
O lodo de esgoto é um resíduo proveniente do tratamento do esgoto. Quando submetido aos tratamentos de
higienização e estabilização, dá origem ao biossólido, material rico em nutrientes que pode ser aproveitado na
agricultura. De acordo com a Resolução CONAMA nº 498/2020, o biossólido pode passar por diversos
tratamentos, dentre eles os mais utilizados são a digestão aeróbica e anaeróbica, lagoas de estabilização, secagem
térmica, compostagem e estabilização química. Como cada um desses tratamentos age de maneira diferente no
biossólido, pode ocorrer modificações em sua composição, dentre elas do teor de matéria orgânica, nutrientes e
metais pesados. A digestão e secagem pode aumentar o teor de carbono orgânico, enquanto a compostagem o
reduz. A caleação aumenta o pH do biossólido, o que pode ocasionar na formação de compostos quelatos
indisponíveis para as plantas, além de perdas na forma de nitrogênio. A compostagem também pode ocasionar
perdas de nitrogênio amoniacal durante o processo, entretanto tem o potencial de reduzir a quantidade de metais
pesados no resíduo. Desse modo, o lodo de esgoto se mostra como um resíduo com grande potencial para uso na
agricultura, devido ao seu alto teor de matéria orgânica e presença de diferentes componentes inorgânicos
essenciais às plantas. Entretanto, para seu uso seguro nos solos, o lodo deve ser submetido a tratamentos de
estabilização e/ou higienização. Antes de ser aplicado ao solo, é essencial uma análise química do biossólido
tratado para assim poder definir a dose de aplicação de acordo com os teores de nutrientes, visto que podem variar
de acordo com o tratamento ao qual foi submetido.
1. INTRODUÇÃO
1
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.
O alto teor de matéria orgânica presente no lodo de esgoto faz com que o resíduo tenha
um grande potencial para utilização agrícola, especialmente quando aplicado em regiões
tropicais, cujos solos apresentam-se geralmente em estágio avançado de intemperismo, com
predomínio na fração argila de óxidos de ferro e alumínio e caulinita, com baixa capacidade de
troca catiônica (NACIMENTO et al., 2014). Desse modo, a aplicação controlada de lodo de
esgoto em áreas agrícolas é considerada sustentável, uma vez que o material é fonte de matéria
orgânica para o solo e de nutrientes para o desenvolvimento das plantas, proporcionando
benefícios à sociedade e ao meio ambiente, pois contribui para o cultivo agrícola e para
conservação do solo e da água (BITTENCOURT et al., 2016).
Quando o lodo de esgoto acaba de ser gerado no tratamento no esgoto, é composto por
uma grande quantidade de água, matéria orgânica e bactérias vivas. Nessa situação, quanto
mais o lodo se assemelhar à matéria orgânica “fresca”, maior será seu potencial de putrefação,
produção de odores desagradáveis e presença de microrganismos patogênicos, já que os esgotos
domésticos contêm esses microrganismos em alta concentração (FERNANDES; SOUZA,
2001). Isso ocorre porque durante tratamento do esgoto, a totalidade dos organismos
patogênicos não é inativada ou removida, o que resulta na transferência e concentração destes
patógenos para o lodo produzido, que pode oferecer risco tanto à saúde de trabalhadores do
serviço de saneamento e, como resultado do reuso agrícola, como aos trabalhadores rurais e aos
consumidores destes alimentos (OLIVEIRA et al., 2018).
Desse modo, o lodo de esgoto pois pode conter um grande número de cistos de
protozoários, óvulos parasitas, patógenos fecais como Salmonella spp., Shigella spp. e
Escherichia coli. Além disso, pode apresentar também metais pesados como zinco, cádmio,
mercúrio e cobre (SINHA et al., 2010) e uma gama de compostos orgânicos sintéticos, como
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas, furanos, pesticidas, hormônios sintéticos e
naturais etc (NASCIMENTO et al., 2014). Assim sendo, para utilização agrícola segura do
biossólido faz-se necessária a estabilização da matéria orgânica e higienização para sua
aplicação no solo. Os processos de estabilização do lodo têm por objetivo atenuar o odor e
conteúdo de patógenos do resíduo. Durante esse processo, o lodo de esgoto passa por processos
de biotransformação dos seus componentes orgânicos, que se torna mais estável, com
3. TRATAMENTOS
De acordo com Nguyen et al. (2021), a digestão anaeróbica ocorre em quatro estágios:
hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese (Figura 1). O estágio de hidrólise reduz a
matéria orgânica insolúvel e os compostos de alto peso molecular para compostos solúveis. No
segundo estágio, chamado acidogênese, as bactérias acidogênicas utilizam os componentes
formados durante a hidrólise e produzem ácidos graxos voláteis, dióxido de carbono, sulfeto de
hidrogênio, amônia e outros subprodutos. A acetogênese, o terceiro estágio, os ácidos orgânicos
e álcoois são digeridos para produzir ácido acético, dióxido de carbono e hidrogênio. Na etapa
final, a metanogênese, ocorre a produção do gás metano por dois grupos bacterianos
metanogênicos: o primeiro decompõe o acetato em CH4 e CO2, enquanto o segundo usa
hidrogênio e dióxido de carbono para produzir metano.
A secagem térmica é um método de secagem do lodo, que também pode ser considerada
uma forma de estabilização devido à eliminação térmica dos patógenos e ao bloqueio dos odores
emanados pelo lodo. Nesse processo, ocorre a elevação da temperatura, o que provoca a
evaporação da água e bloqueio da atividade biológica (FERNANDES; SOUZA, 2001).
O calor é um dos métodos mais empregados para inativar microrganismos, que ocorre
pela desnaturação de proteínas ou por oxidação. A ação da temperatura faz com que as enzimas,
principalmente a albumina, diminuam ou percam sua funcionalidade pois sua estrutura é
modificada pelo efeito térmico (ANDREOLI et al., 2001). Logo, quando uma população
microbiana é aquecida, ocorre a redução do número de organismos viáveis (FOGOLARI et al.,
2012). Entretanto, a relação entre o tempo e a temperatura de inativação é específica para cada
microrganismo, e depende das características do meio em que o organismo se encontra.
(FOGOLARI et al., 2018).
De acordo com Oliveira et al. (2018) secagem do lodo de esgoto desaguado pode ser
realizada em estufa agrícola, com piso em concreto, estrutura metálica e lona plástica
transparente, sendo o lodo disposto em leiras e revolvido periodicamente. Nesse caso, à medida
em que a exposição à radiação solar incidente sobre o filme plástico da estufa, ocorre a elevação
da temperatura interna e redução progressiva da umidade do resíduo, com consequente amento
do teor de sólidos e redução o volume da leira de lodo. Além disso, o método é capaz de reduz
a quantidade de E. coli, obtendo um biossólido Classe A, com, em média, 60 dias.
3.4 Compostagem
Para realizar a compostagem, o lodo deve ser misturado com materiais estruturais em
proporção adequada para obter uma relação C: N de cerca de 30:1, sendo recomendado
materiais ricos em celulose, como aparas de madeira, serragem, casca de árvore, palha e
serapilheira (KOSOBUCKI et al., 2000). Durante o processo de compostagem, ocorre a quebra
das as moléculas orgânicas, sendo que os elementos químicos presentes nessas moléculas
passam para formas mais fitodisponíveis para as plantas (NASCIMENTO et al., 2014). A
compostagem do lodo de esgoto resulta em consumo do carbono solúvel por microrganismos,
o que auxilia no processo de estabilização da matéria orgânica presente no resíduo
(CARVALHO et al., 2015).
A compostagem do lodo de esgoto pode ser aprimorada com o uso de minhocas, num
processo denominado vermicompostagem. Quando as minhocas são usadas para estabilização
de lodo de esgoto, ocorre a redução da quantidade de carbono orgânico e aumento do teor de
fósforo biodisponível (CIESLIK et al., 2015). Ademais, as minhocas decompõem a fração
orgânica presente no resíduo, mineralizam os nutrientes, ingerem os metais pesados e controlam
os patógenos, como bactérias, fungos, nematoides e protozoários (SINHA et al., 2010).
Podem ser utilizadas tanto a cal virgem (CaO) como a cal hidratada (Ca(OH)2). Esses
produtos são os mais utilizados em razão do baixo custo, simplicidade do processo e eficiência
na eliminação de patógenos (NACIMENTO et al., 2014). A cal, quando em contato com a água
contida no lodo, resulta em uma reação exotérmica com liberação de calor, até sua estabilização
(ANDREOLI et al., 2001). Entretanto, outros produtos alcalinos podem ser utilizados, dentre
eles o calcário (CaCO3) (PEREIRA et al., 2020) e escória de siderurgia (SAMARA et al.,
2017).
De acordo com o tratamento que o biossólido foi submetido, pode ocorrer modificações
da sua composição, dentre elas do teor de matéria orgânica, nutrientes e metais pesados. É
possível observar, na Tabela X, que a solarização obteve maior valor de N e S, enquanto a
caleação reduziu os valores de N e aumentou o teor de Ca e K. Os tratamentos não influenciaram
nos valores de P2O5 e Mg. Em relação aos metais pesados, a caleação aumentou os valores de
Zn, Ni, Cd e Pb (Tabela 3).
Carvalho et al. (2015) observaram que o lodo anaeróbio seco termicamente apresentou
maior teor de carbono solúvel 1,5 a 8,4, pois a secagem térmica conserva os compostos
orgânicos. Mattana et al. (2014) observaram que o lodo seco termicamente apresentou o maior
teor de matéria orgânica, entretanto, com menor grau de estabilidade, enquanto a compostagem
reduz o C, porém aumenta o percentual da fração orgânica resistente à hidrólise ácida. A
caleação pode aumentar maior teor de C-inorgânico, devido ao fato de que o condicionamento
químico utilizando cal hidratada propicia a formação de carbonatos, provavelmente
precipitados como carbonato de cálcio ao valor de pH do resíduo (ANDRADE et al., 2006).
Entretanto, a estabilização com cal reduz o potencial de fertilizante, principalmente porque a
maior parte do conteúdo de nitrogênio é perdida durante o processo (PEREIRA et al., 2020).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O lodo de esgoto é um resíduo com grande potencial para uso na agricultura, devido ao
seu alto teor de matéria orgânica e presença de diferentes componentes inorgânicos essenciais
às plantas. Entretanto, para seu uso seguro nos solos, o lodo deve ser submetido a tratamentos
de estabilização e/ou higienização. A escolha do método envolve o tamanho da Estação de
Tratamento de Esgoto, a quantidade de resíduo produzida, e sua finalidade.
No Brasil, é muito comum o emprego da secagem por energia solar associado à caleação
ou compostagem para produção do biossólido, dando origem a um material com odor reduzido,
livre de patógeno e de utilização segura à agricultura. Antes de ser aplicado ao solo, é essencial
uma análise química do biossólido tratado para assim poder definir a dose de aplicação de
acordo com os teores de nutrientes, visto que podem variar de acordo com o tratamento ao qual
foi submetido.
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em: Mai. 2023.
CAPÍTULO 10
MORFOMETRIA DE FRUTOS E SEMENTES DE
(LICANIA RIGIDA BENTH.) – CHRYSOBALANACEAE 2
RESUMO
Objetivou-se com esse estudo caracterizar morfometricamente frutos e sementes de (Licania rigida Benth.) –
Chrysobalanaceae. A seleção das matrizes da espécie foi realizada no segundo semestre de 2020 as margens do
Riacho Bruscas, no município de Boa Ventura, Paraíba. Para descrever e ilustrar morfologicamente utilizou-se
100 frutos e sementes selecionados aleatoriamente. As observações foram realizadas a olho nu, anotando-se
medidas de comprimento e largura, com paquímetro digital, expressas mm. O peso unitário do fruto, sementes e
pericarpo obtidos por pesagem em balança de precisão de 0,001g. Para os dados biométricos (comprimento e
largura), peso de frutos, sementes e pericarpo de frutos/sementes, utilizando-se o software Microsoft EXCEL. A
frequência com os números de classes obtidas segundo Sturges utilizando o programa estatístico BioEst versão
5.3. A oiticica (Licania rigida Benth.) pertence à família Crysobalanaceae, apresenta fruto do tipo drupa,
alongado-elipsoide ou fusiforme, com exocarpo verde (mesmo quando maduro) e endocarpo envolto por uma
massa de tom amarelo, de odor pouco agradável e indeiscentes. As sementes são únicas, um pouco menor que o
fruto, exalbuminosas, de forma elíptica, coloração marrom, composta por uma casca revestindo a amêndoa. Os
frutos apresentaram valores médios para as características biométricas de comprimento (37,40 ± 2,87 mm), largura
(13,67 ± 0,88mm) e pesos do fruto (2,43 ± 0,42g) e casca (0,93 ± 0,19g) respectivamente. Já as sementes os valores
médios referentes ao comprimento (27,06 ± 2,11mm), largura (3,30 ± 1,22mm) e peso da semente (0,70 ± 0,37g)
com maior coeficiente de variação 24,93% para o peso das mesmas. Os frutos e sementes de oiticica (Licania
rigida Benth.) apresentam homogeneidade para as características morfométricas avaliadas, exceto para o peso das
sementes.
1. INTRODUÇÃO
2
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – Brasil.
Licania rigida Benth. espécie conhecida regionalmente como oiticica, pertence à família
Crysobalanaceae, vegeta áreas de matas ciliares da caatinga, cresce em aluviões profundos das
bacias hidrográficas dos rios e riachos que se encontram nas regiões do Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte e Paraíba, principalmente no Sertão (SILVA FILHO, 2010). As plantas de
oiticicas atingem aproximadamente 20 metros de altura e o seu tronco grosso ramifica-se a
pouca distância do solo.
Esta planta é muito utilizada pela medicina popular em algumas regiões do Nordeste
Brasileiro, sendo as folhas utilizadas principalmente no tratamento da diabetes e inflamações
(ALBUQUERQUE et al., 2007). Além disso, o óleo de suas sementes é indicado como matéria
prima para produção de sabão (BEZERRA et al., 2009) e biodiesel (MACEDO et al., 2011).
Também é empregado na indústria farmacêutica e cosmética e na produção de borrachas, lonas
de freios, biolubrificantes, tintas e vernizes (LIMA et al., 2012).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Após coleta dos frutos, estes foram conduzidos ao Laboratório de Fisiologia Vegetal,
no Departamento de Agrárias e Exatas da Universidade Estadual da Paraíba, Campus IV em
Catolé do Rocha - PB, e submetidos à avaliação biométrica.
Para descrever e ilustrar, morfologicamente frutos e sementes foi utilizado 100 unidades
coletadas e escolhidas aleatoriamente. As observações foram realizadas a olho nu, anotando-se
as medidas de comprimento e largura, com auxílio de um paquímetro digital, expressas em
milímetro, com precisão de 0,1mm. O peso unitário de cada fruto, sementes e pericarpo foram
obtidos por pesagem em balança de precisão de 0,001g.
Na descrição dos frutos foram observados detalhes externos do pericarpo, como textura,
consistência, cor, forma e deiscência. Para as sementes foram analisadas as seguintes variáveis
externas: dimensões, cor, textura, consistência e forma.
Figura 1: Aspectos da morfologia externa de fruto (A), sementes e cascas (B) de oiticica (Licania rigida Benth)
pertence à família Crysobalanaceae, Catolé do Rocha-PB, 2020.
A B
Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis biométricas de frutos Oiticica (Licania rigida Benth.), Catolé do
Rocha-PB, 2020.
Estatística FRUTOS
Descritiva Comprimento Largura Peso do fruto Peso do Pericarpo (g)
(mm) (mm) (g)
Mínimo 26,2 11,90 1,60 0,50
Máximo 45,6 16,00 3,80 1,40
Média 37,40 13,67 2,43 0,93
Desvio-Padrão 2,89 0,88 0,42 0,19
C.V. % 7,71 6,41 17,34 20,17
C.V. = coeficiente de variação.
Fonte: Pinto et al. (2020).
Assim como observado nos frutos (Tabela 2), as sementes apresentaram variação no
comprimento (21, 30 a 32,80mm), largura (10,02 a 12,10mm) e peso (1,47 a 2,80g).
Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis biométricas de sementes de Oiticica (Licania rigida Benth.), Catolé
do Rocha-PB, 2020.
Estatística SEMENTES
Descritiva Comprimento (mm) Largura (mm) Peso da semente (g)
Mínimo 21,30 10,06 1,47
Máximo 32,80 12,10 2,80
Média 27,06 3,30 0,70
Desvio-Padrão 2,11 1,22 0,37
C.V. % 7,80 12,15 24,93
C.V. = coeficiente de variação.
Fonte: Pinto et al. (2020).
A maior parte dos frutos da oiticica (39%) apresentou comprimento com variação entre
35,90 a 38,33mm. A largura de 23% dos frutos variou entre 14,44 a 13,95mm. Para o peso do
fruto e da casca, 29% variaram de 2,43 a 2,70g e 28% entre 0,84 a 0,95g, respectivamente
(Figura 2A-D).
A B
C D
Figura 3: Frequência do comprimento (A), largura (B) e peso das sementes (C) de Oiticica (Licania rigida
Benth.), Catolé do Rocha-PB, 2020.
A B
4. CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, U. P. et al. Medicinal and magic plants from a public market in northeastern
Brazil. Journal of Ethnopharmacology, Shannon, 110(1), 76‐91. 2007. Disponível em:
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de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.5, n. 1, 2010. Disponível em:
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/251/1709. Acessado em:
Mai. 2023.
Andressa Pelizari
Rodrigo Borille
Caren Paludo Ghedini
Tatiana Emanuelli
Camila Sant'Anna Monteiro
Rafael Lazzari
RESUMO
Na nutrição animal, um dos grandes desafios é a busca por ingredientes alternativos para suprir a demanda proteica
e energética de diferentes espécies. Neste sentido, existe um crescente interesse na utilização de insetos na
alimentação animal e um número considerável de pesquisas tem avaliado o uso de insetos na composição das
rações para animais de produção, principalmente aves, suínos e peixes. O tenebrio (Tenebrio molitor) tem sido
apontado como uma das espécies com grande potencial para substituir ingredientes comumente utilizados na
alimentação animal, como o farelo de soja. Desta forma, o desenvolvimento e o aprimoramento de técnicas de
criação de tenébrio são de grande importância para a produção de larvas em larga escala, possibilitando a inclusão
do tenebrio na nutrição animal. Entre as grandes possibilidades na criação de insetos para a alimentação animal,
destaca-se o potencial de utilização de resíduos, devido à capacidade recicladora dos insetos. Assim, o
aproveitamento de resíduos, como a borra de café, na criação de tenebrio para a alimentação animal é de grande
interesse. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os efeitos da substituição do farelo de
trigo, fonte convencional usada como substrato na produção de tenebrio, por borra de café sobre o desempenho
das larvas, teor lipídico e perfil de ácidos graxos de larvas de tenebrio. As larvas foram criadas consumindo os
substratos durante 28 dias, em condições controladas. O farelo de trigo foi substituído por borra de café em níveis
crescentes: 5, 10, 15 e 20 %. Após 28 dias de criação o desempenho das larvas foi medido, e as mesmas foram
abatidas e encaminhadas para análise do teor total de lipídios e composição em ácidos graxos, por cromatografia
gasosa. A inclusão de níveis crescentes da borra de café em substituição do farelo de trigo diminuiu o desempenho
(consumo de substrato, ganho de peso, peso final, produção de fezes e eficiência alimentar) das larvas de tenebrio.
Foi observado efeito quadrático para o teor de lipídios totais das larvas de tenebrio com a inclusão de níveis
crescentes de borra de café. Entretanto, apesar do efeito sobre o teor total de lipídios, a substituição do farelo de
trigo por níveis crescentes de borra de café na alimentação de larvas de tenebrio não influenciou o perfil de ácidos
graxos das larvas de tenebrio de forma abrangente.
1. INTRODUÇÃO
Além disso, em relação aos seus valores nutricionais, a maioria dos insetos comestíveis
contêm altos teores de proteína bruta com bom perfil de aminoácidos (SANCHEZ-MUROS et
al., 2014), tornando-os bastante promissores para serem usados como ingredientes na
alimentação animal. Estas características destacam os insetos como uma fonte de proteína
alternativa e sustentável, podendo contribuir para segurança alimentar global (VELDKAMP et
al., 2012).
No mundo estima-se que existam mais 1900 espécies com potencial para a nutrição
animal, sendo que dentre estas, as dípteras HermetiaIlucens (soldado negro) e a Musca
Domestica (Mosca doméstica), o coleóptera Tenebrio molitor (besouro), e o Acrida Cinerea –
Thunberg (gafanhoto Grosshopper), além de diversos grilos, são os mais estudados atualmente
(FAO, 2015).
Grande parte das pesquisas avaliando o uso de larvas de tenebrio em dietas para animais
tem utilizado o tenebrio como fonte proteica. Pesquisas avaliando o potencial do tenebrio como
fonte lipídica na nutrição animal são ainda escassas. Neste sentido, a avaliação do teor lipídico
e perfil de ácidos graxos de insetos, incluindo o tenebrio, é de grande interesse para que estes
ingredientes alternativos possam ser empregados nas dietas de animais (de produção, de
companhia e ornamentais) como fonte lipídica.
Desta forma, este estudo foi desenvolvido para avaliar os efeitos da substituição do
farelo de trigo, fonte convencional usada como substrato na produção de T. molitor, por borra
de café sobre o desempenho produtivo, teor lipídico e perfil de ácidos graxos de larvas de
tenebrio.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A coleta de dados nas unidades amostrais desta fase foi realizada a cada 7 dias
(totalizando 28 dias) com o intuito de avaliar o desempenho produtivo das larvas em cada
tratamento. Neste nesta etapa, foram avaliadas as seguintes variáveis de desempenho das larvas:
peso vivo (PV, mg/larva), ganho de peso (GMD, mg/larva/dia), consumo de substrato (Cons.
Subst, mg/larva/dia), produção de fezes (Frass, mg/larva/dia), conversão alimentar (CA,
mg/mg), troca de ecdise (ESO, un/larva/dia) e a mortalidade (M, %).
2.3 Coleta, preparo das amostras, identificação e quantificação dos ácidos graxos
A fase de clorofórmio também foi utilizada para análise da composição de ácidos graxos
após ser saponificada em solução metanólica de KOH e esterificada em solução metanólica de
H2SO4 (HARTMANN; LAGO, 1973). Os ácidos graxos metilados foram analisados usando um
cromatógrafo a gás Agilent Technologies (HP 6890N) equipado com uma coluna capilar (DB-
23 60 m x 0,25 mm x 0,25 µm) e detector de ionização de chama. A temperatura da porta do
injetor foi ajustada em 250°C e o gás transportador era nitrogênio (0,6 mL/min). Após a injeção
(1 µL, proporção de divisão 50:1), a temperatura do forno foi mantida a 150°C por 1 min, foi
aumentada para 240°C a 4°C/min e mantida nessa temperatura por 12 min. Os ésteres metílicos
de ácidos graxos padrão (FAME Mix de 37 componentes da Sigma, Saint Louis, MO, EUA)
foram executados nas mesmas condições e os tempos de retenção subsequentes foram usados
para identificar os ácidos graxos. O teor de lipídeos totais foi expresso como percentual do total
de nutrientes das amostras (na matéria natural). Os ácidos graxos foram expressos como
percentual do total de ácidos graxos identificados.
A avaliação estatística de lipídeos totais, bem como dos ácidos graxos, foi realizada da
mesma forma que a avaliação do desempenho produtivo, onde os resultados obtidos nas análises
(lipídios totais e ácidos graxos) foram submetidos a testes de normalidade e, posteriormente,
ANOVA (P<0,05). Os resultados significativos na ANOVA foram submetidos a regressão
polinomial, onde os níveis de inclusão da borra de café foram considerados como variáveis
independentes. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software R.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo avaliou de forma inédita os efeitos do uso da borra de café como substrato
alternativo na criação de tenebrio. Os dados referentes aos efeitos da substituição do farelo de
A redução do peso vivo e ganho de peso das larvas com a inclusão da borra de café é
explicada pela redução no consumo de substrato (P<0,001; R2=0,91; Y=3,894-
0,2518X+0,007750X2), aumento da conversão alimentar (P<0,001; R2=0,64; r=+0,80;
Y=3,580+0,1707X), e pela diminuição na produção de fezes (Frass (mg/larva/dia), P<0,001;
R2=0,65; Y = 5,383-0,1454X+0,004124X2).
A taxa de troca de ecdises (ESO) diminuiu com pouca intensidade quando níveis
crescentes de borra de café foram adicionados em substituição ao farelo de trigo (P=0,020;
R2=0,30; Y=0,04396-0,002243X+0,000093X2). Entretanto, a inclusão de borra de café não
afetou a taxa de mortalidade das larvas até o nível máximo testado (P<0,05), mostrando que
apesar dos efeitos negativos da borra de café sobre o desempenho das larvas, a utilização da
borra de café não comprometeu a sobrevivência das larvas.
Foi observado efeito quadrático para o teor de lipídios das larvas de tenebrio com a
inclusão de níveis crescentes de borra de café (P = 0,007). Entretanto, apesar do efeito sobre o
teor total de lipídios, a substituição do farelo de trigo por níveis crescentes de borra de café na
alimentação de larvas de tenebrio não influenciou o perfil de ácidos graxos das larvas de
tenebrio de forma abrangente. A deposição dos ácidos graxos láurico (C12:0), mirístico
(C14:0), palmítico (C16:0), esteárico (C18:0), araquídico (C20:0), palmitoleico (C16:1n-7c),
oleico (C18:1n-9c), (C20:1n-9), total de linoléico (C18:2n-6c), a-linolênico (C18:3n-3) e
eicosadienóico (C20:2n-6) não diferiu entre larvas alimentadas com farelo de trigo e aquelas
alimentadas com borra de café (P > 0,05).
Tabela 2: Efeitos da substituição do farelo de trigo por borra de café sobre o teor lipídico (% MS) e perfil de
ácidos graxos (% lipídios totais) de larvas de Tenebrio molitor.
Nível de substituição (%)
P-
Variável 0 5 10 15 20 EPM
Valor
Lipídios totais, % MS 3.90 4.47 4.11 4.16 3.66 0,03 0,007*
C12:0 0.28 0.32 0.27 0.28 0.28 0,001 0.842
C14:0 5.58 5.00 4.99 4.84 5.28 0,02 0.74
C15:0 0.13 0.15 0.17 0.15 0.16 0,0002 0.041*
C16:0 14.40 14.93 14.98 14.76 15.23 2,23 0.708
C17:0 0.14 0.16 0.17 0.18 0.19 0,02 0.057
C18:0 2.58 2.44 2.62 2.65 2.69 0,03 0.509
C20:0 0.13 0.12 0.11 0.14 0.13 0,004 0.527
C16:1n-7c 2.78 2.92 2.66 2.70 2.66 0,03 0.587
C17:1n-5c 0.16 0.19 0.20 0.18 0.18 0,001 0.005*
C18:1n-9c 43.85 41.61 41.60 42.38 41.37 3,22 0.075
C18:2n-6c 29.00 30.94 31.08 30.68 30.77 2,88 0.083
C18:3n-3c 0.80 1.00 0.96 0.87 0.85 0,02 0.062
C20:1n-9c 0.10 0.11 0.10 0.11 0.11 0,01 0.889
C20:2n-6c 0.05 0.07 0.07 0.05 0.06 0,02 0.136
∑ Saturados 23.25 23.15 23.32 23.01 23.98 0,22 0.926
∑ PUFA 29.85 32.02 32.11 31.60 31.7 0,30 0.081
∑ Mono 46.90 44.83 44.56 45.40 44.33 0,27 0.058
∑ n-3 0.79 1.00 0.96 0.87 0,84 0,49 0,062
∑ n-6 29.05 31.01 31,15 30,73 30,84 1,20 0,083
Figura 1: Efeito da substituição do farelo de trigo por borra de café na alimentação das larvas de T. molitor
sobre o teor de lipídios totais e perfil do ácido graxo C17:1n5.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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CAPÍTULO 12
ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA DA PRODUÇÃO DE BANANA (MUSA SPP.) NO
MUNICÍPIO DE PRESIDENTE DUTRA-MA 3
RESUMO
A banana (Musa spp.) é uma das frutas frescas mais consumidas no Brasil. Além de ser uma fruta nutritiva e
importante para a dieta alimentar da população, contribui de forma significativa com a renda do trabalhador rural.
Ressalta-se que as condições climáticas nordestinas são bastante favoráveis à produção da frutífera, que é
explorada, com fins comerciais, em muitos municípios maranhenses. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou
avaliar o desenvolvimento da produção de banana e a rentabilidade proporcionada por esta, ao longo de uma série
histórica, que compreende os últimos 47 anos, no município de Presidente Dutra - MA. As informações da série
histórica em questão foram obtidas por meio da base de dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
– LSPA, integrado ao Sistema de Recuperação Automática – SIDRA do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE. Os resultados mostram que o pico produtivo da cultura da banana no município de Presidente
Dutra - MA ocorreu entre os anos de 1991 e 1995, com produção máxima de 339.000 cachos em 1995. O maior
rendimento médio foi também, nesse período, com rendimento de cerca de 2.800 cachos/ha. Já os maiores valores
obtidos com a produção, foram nos anos de 2002 e 2003, como valor bruto de R$ 1.820.000,00 e 1.708.000,00,
respectivamente.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil é uma nação de clima tropical com características favoráveis ao cultivo de uma
diversidade de culturas. Em decorrência disso, destaca-se com um país agroexportador, sendo
um dos maiores produtores de alimentos em escala global.
Atualmente, o país é o quarto maior produtor de banana em nível mundial, atrás da Índia,
China e Indonésia, nesta ordem. É importante destacar que, em sua maioria, a produção
brasileira atende o mercado interno, exportando apenas 1% da sua produção. O seguimento
fatura cerca de R$ 13, 8 bilhões por ano, ficando em segundo lugar, logo depois da laranja
(SALATI, 2021).
3
PIBIC/ENSINO MÉDIO IFMA.
Cabe aqui destacar que as condições climáticas nordestinas contribuem para o maior
volume produtivo, em termos nacionais. Corroborando com este entendimento, Maciel et al.
(2020) analisaram que, associada a uma irrigação adequada, as condições climáticas do Norte
e Nordeste do país, podem contribuir para a produção de frutos de qualidade, com uma oferta
regular ao longo do ano.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A bananeira (Musa spp.), pertence à família botânica Musaceae, e tem como centro de
origem o extremo Oriente, sendo a fruta in natura de maior consumo em nível mundial. Sua
exploração ocorre, principalmente, em países de clima tropical como a Índia, China e Brasil,
dentre outros, aonde possui considerável importância socioeconômica, gerando emprego e
renda para as famílias rurais (BARROS et al., 2016; RAMBO et al., 2015). Do ponto de vista
nutricional, a fruta é rica em carboidratos e potássio, sendo também fonte de proteínas e
vitaminas A, B e C (SAGRIMA, 2019).
Com relação ao Nordeste, Vidal e Ximenes (2016) ressaltam que fruticultura respondeu
no ano de 2014 a 25,6% da produção agrícola regional, sendo que a banana se figura como a
principal frutífera cultivada na maioria dos estados. Segundo os autores, a banana respondeu
por percentual de 22% do valor da produção de frutas da região e que uma das explicações para
os dados alcançados são as condições de temperatura, luminosidade e umidade relativa do ar,
peculiares do Nordeste que lhe confere vantagens, quanto ao cultivo de várias espécies, com
relação às regiões Sul e Sudeste.
3. MATERIAL E MÉTODOS
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 2: Quantidade produzida e rendimento médio da produção de banana em Presidente Dutra durante o
período de 1974 a 2000.
Produção Rendimento
Produção Rendimento
Pode-se relacionar o aumento produtivo na primeira década dos anos 2000 à criação,
por parte do Governo do Maranhão, da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural (AGERP), pois segundo Furtado e Santos (2019), em período próximo, foi criado ainda
o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural – DATER, no MDA, como ponto de
partida para a reestruturação destes serviços.
Nos últimos três anos da pesquisa (2018 a 2020) não foram apresentados dados pelo
IBGE. Ainda assim, pode-se relacionar o decréscimo da produção, a partir de 2011, as
sucessivas trocas de governo e não prosseguimento das ações desenvolvidas pelos antecessores.
No que diz respeito ao rendimento médio, este parâmetro alcançou bons índices durante
o pico dos anos de 2002 e 2010, sendo que o ano de 2002 apresentou o maior rendimento dentre
os anos da série apresentada na Figura 2, cerca de 15.384 kg/ha. A partir de 2010 o rendimento
médio decresceu consideravelmente, ficando abaixo de 7.500 kg/ha.
De acordo com a Figura 4, o período compreendido entre os anos de 1991 e 1996, foi o
que apresentou uma maior área colhida da banana em Presidente Dutra, chegando a ocupar uma
área de 121 ha, no ano de 1995.
A partir do ano de 1997 ocorreu um decréscimo na área colhida em relação aos 11 anos
anteriores, chegando-se a colher uma área de apenas 8 ha no ano de 2001, mas, recuperando-se
em 2002, onde foram colhidos 65 ha da fruta. A partir de 2012, houve, novamente, decréscimo
na área colhida, com apenas 12 ha, até chegar a 7 ha em 2017.
Acredita-se que a falta de dados de área colhida entre os anos de 2018 a 2020, se dá pela
falta de coleta de informações por parte do órgão de pesquisa. Em termos gerais, o decréscimo
na área colhida, observada nos últimos anos da pesquisa, deva-se à falta ou a deficiente
assistência técnica recebida pelos produtores, que não tiveram o devido incentivo por parte dos
órgãos governamentais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ano de 1995 foi o que ocupou maior área colhida da fruta no município, chegando a
ocupar uma área de 121 ha. Já os anos de 2002 e 2003 obteve-se os maiores valores com a
produção no período apresentado, com valor bruto de R$ 1.820.000,00 e 1.708.000,00,
respetivamente.
REFERÊNCIAS
SALATI, P. De onde vem o que eu como: Brasil é o 4º maior produtor de banana e está atento
à 'pandemia' no campo que afeta cultura, 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/agro-a-industria-riqueza-
dobrasil/noticia/2021/05/17/de-onde-vem-o-que-eu-como-brasil-e-o-4o-maior-produtor-de-
banana-e-esta-atento-a-pandemia-que-afeta-cultura.ghtml. Acessado em: Fev. 2022.
CAPÍTULO 13
CLASSIFICAÇÃO PLUVIOMÉTRICA PARA OS MUNICÍPIOS ARAGUAÍNA E
PALMAS UTILIZANDO A TÉCNICA DOS QUANTIS
RESUMO
Em um país com dimensões continentais como o Brasil, o estudo da variabilidade espacial e temporal da
precipitação é fundamental para o planejamento em diversos setores, principalmente o econômico. Dessa forma o
presente trabalho teve como objetivo identificar e discutir os valores normais e extremos da pluviosidade nos
municípios de Araguaína e Palmas, sua variabilidade temporal e espacial através da técnica dos quantis, buscando
sua relação com a produtividade das culturas. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Piauí, campus
de Uruçuí. Os dados de precipitação utilizados na pesquisa foram obtidos através da plataforma BDMEP-Banco
de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto Nacional de Meteorologia. Foram
utilizados dados mensais de precipitação e temperatura média condensada de 2 estações meteorológicas
convencionais gerenciadas pelo INMET no estado do Tocantins: Araguaína e Palmas. Os quantis utilizados para
caracterização climática da precipitação foram definidos nas categorias: muito seco (MS: 0-15%), seco (S: 15-
35%), normal (N: 35-65%), chuvoso (C:65-85%) e muito chuvoso (MC: 85-100%). Para os diferentes regimes
pluviométricos, os mesmos foram comparados com dados de produtividade média das principais culturas
cultivadas em sequeiro de cada região, sendo essas culturas as mais representativas (arroz, feijão, milho e soja). A
variável referente à produtividade média foi calculada a partir da razão entre a quantidade colhida (quilograma,
kg) e a área colhida (hectares, ha), portanto, são expressas em kg ha-1. As variabilidades das precipitações nos
municípios de Araguaína e Palmas afetaram a produtividade tanto indiretamente como diretamente; Houve
oscilação na produtividade de cada município de acordo com cada classificação quantilica, sendo que cada cultura
possui demanda hídrica diferente e sensibilidade ao estresse hídrico em cada fase fenológica.
1. INTRODUÇÃO
Segundo Santos (2017), a “mudança climática pode ser compreendida como sendo todas
as formas de inconstâncias climáticas, independentemente de sua natureza estatística ou causas
físicas”, podendo ser analisadas em diversas escalas temporais e em escalas espaciais. Com
essas mudanças climáticas os estudos sobre o clima tem se intensificado cada vez mais por
conta da sua importância sobre diversas áreas e para minimizar os efeitos sobre as diversas
formas de vida. O clima influencia basicamente em quase todos os setores, por isso é necessário
conhecimento sobre essas mudanças climáticas.
Os efeitos dos eventos extremos, tais como secas, inundações, ondas de calor, frio
intenso, aumento do nível do mar, mudança no regime de precipitação, aumento da temperatura,
Para Tundisí et al. (2014), o uso inadequado dos recursos hídricos no mundo despertou
discussões globais acerca da necessidade de planejamentos para proteção e manejo correto
desses recursos. Os recursos hídricos são de grande importância, além de ser essencial para a
conservação da vida e do meio ambiente. Vários setores dependem dos recursos hídricos, porém
nem sempre esse recurso tem sido usado de forma adequada. O uso excessivo de água é um dos
aspectos que mais trás consequência a esse recurso. A utilização correta dos recursos hídricos
requer planejamento, definir para qual setor será destinado esse recurso.
A técnica dos quantis utilizada é baseada na proposta de (XAVIER et al., 1987), por
meio dela é possível avaliar a ocorrência de períodos secos ou chuvosos de um total
pluviométrico em relação a um conjunto de dados. Os intervalores percentuais de cada quantil,
delimitados nos percentis representam as frequências de ocorrência dos eventos pluviométricos
extremos de chuva. O uso da técnica dos quantis permite uma representação objetiva de um
determinado evento climática. Tal técnica permite delimitar meses secos e chuvosos utilizando
dados de precipitação. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo identificar e discutir
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Piauí, campus de Uruçuí (07° 13’
46’’S, 44° 33’ 22’’W, 167 m). Os dados de precipitação utilizados na pesquisa foram obtidos
através da plataforma BDMEP-Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa,
gerenciada pelo Instituto Nacional de Meteorologia.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Araguaína
Os anos muito secos apresentaram uma média de 1090,65 mm ano-1, enquanto os muitos
seco, cerca de 1090,65 mm ano-1. Anos classificados como normais apresentaram média de
1581,475 mm ano-1, chuvosos 1754,66 mm ano-1 e muito chuvosos 2058,25 mm ano-1.
Os anos classificados como seco foram de 2010, 2012, 2015, 2016, 2019. Observou-se
oito anos considerado como normal, ou seja, anos que estão dentro da media climatológica, ano
de 1995, 1997,1999, 2000, 2002, 2003, 2008,2014. Os anos classificados como chuvoso foram
2001, 2006, 2009, 2013, 2018. Já os anos classificados como muito chuvoso foram 2004, 2005,
2011,2020.
Tabela 1: Estatística descritiva das classes quantílicas da precipitação anual (mm) do município de Araguaína no
estado do Tocantins no período de 1995 a 2020.
Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação
1996 1167,3 2010 1446,7 1995 1639,4 2001 1701,2 2004 1993
1998 1169 2012 1335,8 1997 1700,9 2006 1851,4 2005 2229,5
2007 877,5 2015 1270,8 1999 1541,2 2009 1750,4 2011 1983,8
2017 1148,8 2016 1278,6 2000 1502,7 2013 1714 2020 2026,7
2019 1206,6 2002 1518,2 2018 1756,3
2003 1667,5
2008 1448,1
2014 1633,8
Fonte: Autoria própria (2021).
Tabela 2: Classificação, Probabilidade e Intervalo Médio de Precipitação (mm) das ordens quantílicas do
período de 1990 a 2020 no município de Araguaína/TO.
Classificação Probabilidade Intervalo Médio de Precipitação (mm)
Mínimo Máximo
Muito Seco P < Q0,15 - 1197,2
Seco Q0,15≤ P < Q0,35 1197,2 1447,75
Normal Q0,35≤ P < Q0,65 1447,75 1700,975
Chuvoso Q0,65 ≤ P < Q0,85 1700,975 1884,5
Muito Chuvoso P > Q0,85 1884,5 -
Fonte: Autoria própria (2021).
Tabela 3: Resumo descritivo da precipitação anual total (mm) no período de 1990 a 2020 no município de
Araguaina-TO.
Variável descritiva Série Histórica Anos
Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Média (mm) 1559,969231 1090,65 1307,7 1581,475 1754,66 2058,25
Max (mm) 2229,5 1169 1446,7 1700,9 1851,4 2229,5
Min (mm) 877,5 877,5 1206,6 1448,1 1701,2 1983,8
Desvio (mm) 321,8916535 142,3941595 90,19457 90,53495 58,92935 115,6464872
CV (%) 20,63448735 13,05589873 6,897191 5,724716 3,358448 5,618680296
Frequência (%) 100
Fonte: Autoria própria (2021).
O ano de 2017 foi um ano considerado como muito seco, porém a cultura do arroz teve
alto índice de produtividade 6608 Kg ha, mesmo sendo um ano que teve uma baixa precipitação.
Destaca-se, como elemento principal para o aumento da produtividade o uso de novas cultivares
de arroz de terras altas recomendadas para o estado do Tocantins, resultado do Programa de
Melhoramento Genético em condições tropicais (TOCANTINS, 2008).
Os anos secos foram: 2010, 2012, 2015, 2016 e 2019. A produção do arroz no ano de
2010 foi: 1700 kg ha-1, com uma precipitação de: (1446,7 mm ano-1), 2012: 1830 kg ha-1,
(1335,8 mm ano-1), 2015: 1911 kg ha-1, (1270,8 mm ano-1), 2016: 2814 kg ha-1, (2814 mm ano-
1
), 2019: 2167 kg ha-1, (1206,6 mm ano-1). Observou-se que à medida que as precipitações
aumentaram a produtividade do arroz também aumentou por isso a importância das
precipitações serem bem distribuídas para que a cultura consiga produzir mesmo em anos secos.
Houve anos normais onde à precipitação foi adequada para a produtividade do arroz. É
possível observar na figura 1 que nos anos de 2003, 2008,2014 o arroz apresentou boa
produtividade, a precipitação conseguiu suprir a necessidade da cultura nos anos em que a
precipitação ocorreu de forma normal. O arroz é altamente dependente da oferta de água durante
praticamente todo ciclo, as maiores demandas são observadas no período reprodutivo da
cultura, sendo considerado um período crítico, compreendido cerca de 55% de toda oferta de
água à cultura (MEDEIROS et al., 2005).
Já nos anos chuvosos a cultura do arroz conseguiu produzir bem, quando as exigências
da cultura são satisfeitas, obtêm-se bons níveis de produtividade. A produtividade oscilou
conforme cada ano, um dos anos que mais teve produtividade foi o ano de 2009 com uma
produtividade de: (1700 kg ha-1), 2013 (1950 kg ha-1), 2018 (6837 kg ha-1) (Figura 1).
Nos anos que foram muito chuvosos a produtividade do arroz oscilou. No ano de 2004
o arroz teve uma produtividade de (1700 kg ha-1) com uma precipitação de 1993 mm ano-1. O
ano de 2005 o arroz apresentou produtividade de (1400 Kg ha-1) com uma precipitação de
Figura 1: Produtividade anual da Cultura do Arroz para o Município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.
Nos anos seco a produtividade do feijão variou. No ano de 2012 ocorreu baixa
precipitação (1335,8 mm ano-1) com isso a produtividade do feijão foi 651 kg ha-1.
A produtividade do feijão nos anos em que foram considerados anos chuvosos também
apresentou variação na produtividade, no ano de 2001 a produtividade foi de 356 kg ha-1, o ano
de 2001 teve uma precipitação de (1701,2 mm ano-1). Já nos de 2006, 2009, 2013 a produção
subiu para 600 kg ha-1; já no ano de 2018 a produção do feijão aumentou, com uma
produtividade de 1280 kg ha-1; e precipitação de (1756,3 mm ano-1) a cultura do arroz nesse
mesmo ano de 2018 teve altos índices de produtividade também. Conforme a precipitação foi
aumentando, pode-se perceber que a produtividade do feijão aumentou.
Já nos muitos chuvosos foi observado que a produtividade do feijão oscilou. No ano de
2020 a produtividade do feijão foi 600 kg ha-1 com uma precipitação de (2026,7 mm ano-1) foi
um ano que teve bastante precipitação, porém o feijão produziu menos do que nos outros anos;
assim também o ano de 2005 teve bastante precipitação (2229,5 mm ano-1) e uma produtividade
de 616 kg ha-1. As altas precipitações nesses anos fez com que a cultura do feijão produzisse
menos. Com base em estudo realizados por Figueiredo et al. (2007) o excesso de água pode
resultar em prejuízos para a cultura, o feijão é sensível ao excesso de água, especialmente na
fase de florescimento até o enchimento de grãos.
Figura 2: Produtividade anual da Cultura do Feijão para o Município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.
Os anos secos foram: 2010, 2012, 2015, 2016, 2019. Nos anos secos observou-se que a
produção do milho apresentou altos e baixos índices, mesmo sendo anos classificados como
muito secos em que a precipitação ocorreu de forma relativamente baixa. No ano 2012 a
produtividade do milho foi de 1850 kg ha-1, com uma precipitação de (1335,8 mm ano-1) e no
ano de 2010 a produtividade foi 2010 kg ha-1, mesmo sendo anos que tiveram uma maior
precipitação do que nos outros de 2015, 2016, 2019, não foi anos que produziram tão bem
quantos os outros anos que tiveram uma precipitação mais baixa. O ano de 2016 teve uma
produtividade alta com 4847 kg ha-1 e com uma precipitação baixa de 1278,6. O ano de 2019
apresentou produtividade de 3370 kg ha-1, e uma precipitação de (1206,6 mm ano-1). Anos que
tiveram altos índices de produtividade, porem com uma baixa precipitação.
Nos anos considerados como normal houve uma boa produtividade da cultura do milho,
de acordo com a tabela 1 das classes quantilicas houve muitos anos normal onde à precipitação
ocorreu de forma adequada. Observa-se que os anos de 1995, 1997, 1999, 2000, 2002, 2003,
2008, 2014 foram anos que apresentaram uma boa produtividade. O ano de 2008 teve uma
Nos anos muito chuvosos, 2004, e 2005 apresentaram produtividades parecidas, com
precipitações diferentes. 2004 teve uma precipitação de (1993 mm ano-1) e 2005 teve uma
precipitação mais elevada (2229,5 mm ano-1). O ano de 2020 foi o que apresentou produtividade
mais elevada 2253 kg ha-1 e uma precipitação de (2026,7 mm ano-1). O milho é exigente em
precipitação, mais em excesso pode prejudicar o seu desenvolvimento. No entanto se a
precipitação ocorrer durante os ciclos necessários para a cultura, pode-se obter altos
rendimentos, mesmo sobre clima muitos chuvosos. Segundo Albuquerque (2010) a exigência
hídrica do milho pode variar de 380 a 550 mm, depende das condições climáticas.
Figura 3: Produtividade anual da cultura do Milho para o município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.
3.2 Palmas
Na variável descritiva da serie histórica os anos muito seco tiveram uma media de
1052,25 mm ano-1, anos secos 1591,383 mm ano-1, anos normais 1777,329 mm ano-1, anos
chuvosos 1982,333 mm ano-1, anos muito chuvosos 2204,25 mm ano-1 (Tabela 4).
Anos considerados como secos, foram os anos de 1996 com uma precipitação de (1686,6
mm ano-1), 1998 com uma precipitação de (1481,2 ano-1), ano de 2012 (1497,9 mm ano-1), 2017
(1689 mm ano-1). Ano de 2019 (1558,4 mm ano-1) e o ano de 2020 com uma precipitação de
(1635,2 ano-1) (Tabela 4).
Os anos normais foram 2002 com uma precipitação de (1696,8 mm ano-1), 2005 com
(1791,7 mm ano-1), 2007 com (1743,7 mm ano-1) e 2008 com (1710,3 mm ano-1). Já o ano de
2010 apresentou precipitação maior com (1805,6 mm ano-1) e 2013 com (1849,3 mm ano-1)
(Tabela 4).
Os anos classificados como chuvosos foram: 1997 com uma precipitação de (2107,2
mm ano-1) com destaque de maior precipitação, ano de 2003 com (2043,7 mm ano-1), 2004
(1895,2 mm ano-1), 2009 com (1921,3 mm ano-1) 2011 com (2005,7 mm ano-1) e 2018 com
(1920,9 mm ano-1). Já os anos muitos chuvosos foram: 1999 com (2290,2 mm ano-1) ano com
maior precipitação, 2000 (2206 mm ano-1), 2001 (2171,5 mm ano-1) e 2006 com (2149,3 mm
ano-1) (Tabela 4).
Na tabela 6 está descrito a variável descritiva da série histórica os anos muito secos
tiveram uma media de 1052,25 mm ano-1, anos secos 1591,38 mm ano-1, anos normais 1777,32
mm ano-1, anos chuvososs 1982,33 mm ano-1, anos muito chuvosos 2204,25 mm ano-1.
Tabela 5: Classificação, Probabilidade e Intervalo Médio de Precipitação (mm) das ordens quantílicas do
período de 1994 a 2020 no município de Palmas/TO.
Classificação Probabilidade Intervalo Médio de Precipitação (mm)
Mínimo Máximo
Muito Seco P < Q0,15 - 1468,7
Seco Q0,15≤ P < Q0,35 1468,7 1689,78
Normal Q0,35≤ P < Q0,65 1689,78 1890,61
Chuvoso Q0,65 ≤ P < Q0,85 1890,61 2111,41
Muito Chuvoso P > Q0,85 2111,41 -
Fonte: Autoria própria (2021).
Tabela 6: Resumo descritivo da precipitação anual total (mm) no período de 1994 a 2020 no município de
Palmas-TO.
Diante da figura 4, a produtividade do arroz nos anos de 1994 a 2020, variou conforme
a precipitação que ocorreu em cada ano. De acordo com a classe quantilica que classifica os
anos conforme a precipitação, os resultados para os anos muito secos mostraram que no ano de
1994 a precipitação foi de (544,9 mm ano-1) sendo assim um ano muito seco em que o arroz
apresentou produtividade de 1299 kg ha-1, sendo, dessa forma um dos anos que teve menor
produtividade. O ano de 1995 com precipitação de (1037,4 mm ano-1), ano de 2016 com
precipitação de (1270,5 mm ano-1) e uma produtividade de 1422 kg ha-1. Já o ano de 2015
apresentou ótima produtividade com 4261 kg ha-1, e uma precipitação superior aos outros anos
(1356,2 mm ano-1). Sendo assim não faltou água nos períodos críticos da cultura. Conforme em
Anos considerado como secos, apresentaram baixa produtividade do arroz, sendo o ano
de 1998 com uma produtividade de 1300 kg ha-1 e uma precipitação de 1481,2 mm ano-1,
ficando dessa forma evidente a sensibilidade da cultura do arroz ao déficit hídrico. Os anos que
apresentaram as maiores produtividades foram: 2019 (2471 kg ha-1) e 2020 (2473 kg ha-1). Essa
baixa produtividade é resultado da distribuição irregular de chuvas, o que compromete as fases
de desenvolvimento da cultura do arroz (Figura 4).
Os anos com totais pluviométricos considerados normais foram: 2002, 2005, 2007,
2008, 2010, 2013; sendo o ano de 2013 com maior produtividade de 2100 kg ha-1 e uma
precipitação de (1849,3 mm ano-1) sendo uma precipitação maior que os outros anos. 2002 e
2007 tiveram a mesma produtividade 1500 kg ha-1, com precipitações diferentes sendo 2002
com (1696,8 mm ano-1) e 2007 com 1500 kg ha-1. Os anos de 2005, 2008 e 2010 tiveram a
mesma produtividade de 1800 kg ha-1. O arroz produziu bem nos anos que foram classificados
como normais, a distribuição das chuvas foram homogêneas nesses anos, essa precipitação
normal fez com que o arroz tivesse uma boa produtividade. Conforme Oliveira (1994), o
aumento na produtividade do arroz em sequeiro, além de ser influenciado pela quantidade e
distribuição de chuvas durante o ciclo, varia com a cultivar utilizada (Figura 4).
A produtividade do arroz nos anos chuvosos teve uma oscilação, o ano de 1997 com
produtividade de 300 kg ha-1 e precipitação de (20107,2 mm ano-1) mesmo com uma
precipitação alta a produção do arroz nesse ano não foi satisfatória. Já os anos de 2003 e 2004
tiveram a mesma produtividade 1000 kg ha-1 e precipitações diferentes. Já o ano de 2009 teve
uma maior produtividade e uma menor precipitação comparada ao ano de 2011 que teve alta
precipitação e produção menor que 2009. O ano de 2018 apresentou produtividade de 1800 kg
ha-1, e precipitação de (1920,9 mm ano-1). A produtividade de arroz dos anos variou conforme
a precipitação que ocorreu em cada ano, sendo assim os anos que tiveram a melhor precipitação,
teve uma maior produtividade (Figura 4).
A análise de produtividade do arroz nos anos que foram muito chuvosos mostrou que
os anos de 1999, 2000, 2001 apresentaram a mesma produtividade 1500 kg ha-1, mas com
precipitações diferentes. O ano que apresentou a melhor produtividade foi 2006 com 1800 kg
ha-1 e menor precipitação do que os outros anos. O excesso de precipitação pode prejudicar o
crescimento da planta, e com isso redução na produtividade. Conforme (HEINEMANN;
Figura 4: Produtividade anual da Cultura do Arroz para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.
A produtividade do feijão nos anos de 1990 a 2020 variou conforme a precipitação que
ocorreu em cada ano. Nos anos classificados como muito secos, como por exemplo o ano de
1994 sua produtividade foi de 301 kg ha-1, e precipitação de (544,9 mm ano-1) sendo um ano
com uma precipitação mínima que afetou a produtividade do feijão; já o ano de 1995, com
produtividade de 343 kg ha-1 e precipitação de (1037,4 mm ano-1). 1995 apresentou precipitação
melhor que o ano de 1994 e também uma maior produtividade. O ano de 2015 com
produtividade de 632 kg ha-1 e precipitação de 1356,2 mm ano-1. Observa-se que nos anos em
que ocorreu estiagem severa houve uma redução na produtividade do feijão. Conforme
Guimarães (1996) O feijoeiro é considerado uma planta sensível ao estresse hídrico,
principalmente em virtude da baixa capacidade de recuperação após a ocorrência de déficit
hídrico (Figura 5 e Tabela 4).
Observa-se que nos anos secos a produtividade do feijão foi baixa. No ano de 1998 com
produtividade de 280 kg ha-1, e uma precipitação de 1481,2 mm ano-1, sendo um dos anos que
atingiu a menor precipitação. O ano de 1996 obteve produtividade de 588 kg ha-1, e precipitação
de 1686,6 mm ano-1, produtividade essa superior ao ano de 1998. O ano de 2017 com
produtividade de 561 kg ha-1 e precipitação de 1689 mm ano-1, O ano de 2012 apresentou maior
produtividade em relação aos outros anos, com valores próximos a 1918 kg ha-1 e precipitação
Verifica-se que os anos normais, ou seja, aqueles anos em que a precipitação ocorreu de
forma adequada, à produtividade do feijão foi regular. 2002 800 kg ha-1 com uma precipitação
mínima de 1696,8 mm ano-1, os anos de 2005 (1791,7 mm mm ano-1). O feijão apresentou
produtividade no ano de 2007 em torno de 1800 kg ha-1 e o ano de 2010 com 1788 kg h-1, e
uma precipitação de 1805,6 mm ano-1. Anos em que a precipitação se manteve estável a cultura
consegui ter uma boa produtividade e a precipitação conseguiu suprir as necessidades da
cultura, principalmente nas fases críticas do feijoeiro. De acordo com Dourado-neto e Fancelli
(2000) consideraram que o consumo hídrico da cultura do feijão está em torno de 300 a 600
mm ao longo de seus estádios de desenvolvimento, consumindo, em média, 3 a 4 mm por dia e
necessitando de uma disponibilidade mínima de 100 mm mensais.
Nos anos muito chuvosos houve uma redução na produtividade do feijão. No ano de
2000 a produtividade foi de 333 kg ha-1, com uma precipitação máxima de 2290,2 mm ano-1.
1999 com produtividade de 350 kg ha-1, e precipitação de 2290,2 mm ano-1. No entanto, o ano
de 2006 atingiu produtividades próximas a 1800 kg ha-1, e precipitação de 2149,3 mm ano-1.
2001 com produtividade de 650 kg ha-1, e precipitação média de 2171,5 mm ano-1. Observa-se
que nos anos em que ocorreram altas taxas de precipitação à produtividade do feijoeiro foi
relativamente baixa, e nos anos em que houve uma baixa precipitação a cultura conseguiu
produzir melhor (Figura 5 e Tabela 4). O excesso de água pode causar danos à cultura do feijão.
Segundo estudos realizados por Silva (1982), caso ocorram excesso de precipitação no período
de florescimento e frutificação, há uma redução de 48 a 68% na produção.
Nos anos classificados como chuvosos, observou-se que o ano que 2004 apresentou
bons índices produtivos, cerca de 3657 kg ha-1, e precipitação de (1895,2 mm ano-1). 2009 e
2011 apresentou produtividade de 1800 kg ha-1, mas com precipitações diferentes 2009 com
precipitação de (1921,3 mm ano-1) e 2011 (2005,7 mm ano-1). 2018 com produtividade de 3331
kg ha1 e precipitação de (1920,9 mm ano-1). Foi observado que nos anos em que ocorreu uma
grande quantidade de chuva a produtividade diminuiu, assim como também teve anos que teve
altos índices de produtividade mesmo com uma grande quantidade de chuvas.
Figura 6: Produtividade anual da Cultura do Milho para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.
Quando analisado produtividade da soja no período de 1990 a 2020, os anos muito secos
como o ano de 2015 a produtividade foi de 3199 kg ha-1, com uma precipitação de (1356,2 mm
ano-1). 2016 com produtividade de 2788 kg há-1, e precipitação de (1270,5 mm ano-1)
comparando a precipitação dos dois anos, mostrou que o ano em que ocorreram maiores índices
de precipitação, a cultura da soja apresentou melhor produtividade. Já o ano de 2016 com
precipitação menor e consequentemente uma menor produtividade (Figura 7).
Os anos normais foram 2002, 2005, 2007, 2008, 2010, e 2013. Sendo que foram anos
em que as chuvas aconteceram de adequada. 2013 apresentou excelente produtividade, cerca
de 3300 kg ha-1 e precipitação de (1849,3 mm ano-1). O ano de 2010 com produtividade de 3000
kg ha-1, e precipitação de (1805,6 mm ano-1) já o ano de 2008 apresentou produtividade de 2700
kg ha-1, e precipitação de (1710,3 mm ano-1) o ano de 2005 produziu 2500 kg ha-1, e precipitação
de (1791,7 mm ano-1) (Tabela 6).
Figura 7: Produtividade anual da Cultura da Soja para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.
REFERÊNCIAS
BRUNINI, O. et al. Riscos climáticos para a cultura de milho no estado de São Paulo. Revista
Brasileira de Agrometeorologia, Passo Fundo, v.9, n.3, (Nº Especial: Zoneamento Agrícola),
p. 519-526, 2001. Disponível em: http://sbagro.org/files/biblioteca/1489.pdf. Acessado em:
Abr. 2021.
SILVA, S. C. da. et al. Caracterização do risco climático para a cultura do arroz de terras
altas no Estado de Mato Grosso. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1997. p. 72 (EMBRAPA-
CNPAF. Documentos, 76).
STONE, L. F. Produtividade e utilização do nitrogênio pelo arroz (Oryza sativa L.): efeito
de deficiência hídrica, cultivares e vermiculita. 1982. p. 200 Tese (Doutorado em Nutrição
de Plantas) - Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Piracicaba, 1982.
THEISEN, G. et al. Manejo da Cultura da Soja em Terras Baixas em Safras com El-Niño.
Embrapa Clima Temperado/Circular Técnica 82 ISSN 1981- 5999. Pelotas/RS Dezembro de
2009. Disponível https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/746647/manejo-
da-cultura-da-soja-em-terras-baixas-em-safras-com-el-nino. Acessado em: Mai. 2021.
CAPÍTULO 14
PRECIPITAÇÃO, TEMPERATURA DO AR E UMIDADE RELATIVA NA
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS NO ESTADO DO MARANHÃO
RESUMO
O clima é o regulador do ambiente, sendo que todo o planeta está sujeito as mudanças do tempo, clima e suas
consequências. O ser humano produz seu alimento de grande parte da agricultura de sequeiro e neste tipo de
produção os agricultores esperam a janela de precipitação da região. Para produzir sem o uso da irrigação, os
produtores ficam dependentes de bons anos de precipitação, temperatura do ar e umidade relativa para ter uma boa
produção anual. As principais culturas de sequeiro produzidas na região do estado do Maranhão é arroz, feijão,
milho e soja. Dessa forma o referido trabalho teve como objetivo coletar, identificar e discutir os valores normais
e extremos da precipitação, temperatura média do ar e umidade relativa no estado Maranhão, sua variabilidade
temporal e espacial, buscando sua relação com a produtividade das culturas. Foram utilizados dados mensais de
precipitação, temperatura média do ar condensada e umidade relativa de 3 estações meteorológicas convencionais
gerenciadas pelo INMET no estado do Maranhão: Bacabal, Balsas e Barra do Corda. Os diferentes regimes
pluviométricos, temperatura média e umidade relativa foram comparados com dados de produtividade média das
principais culturas cultivadas em sequeiro de cada região (Milho, Soja, Arroz e Feijão). Diante das variáveis
estudadas verificou-se que a dependência do clima foi diminuindo, possivelmente devido à melhoria nas técnicas
de manejo e melhoramento genético. No entanto ainda há influência das irregularidades climáticas na
produtividade das culturas de sequeiro.
1. INTRODUÇÃO
O efeito estufa é um fenômeno considerado natural e por sua vez favorece a vida no
planeta terra tem sido acelerado ao longo dos anos. Dessa forma, impactos negativos têm sido
registrados pelas estações de monitoramento ao longo do planeta. Tais mudanças implicam
diretamente na intitulada e amplamente discutidas mudanças climáticas e aquecimento global
(JACOBI et al., 2011). Nesse contexto ocorrerão mudanças globais em função do aumento da
concentração de gases do efeito estufa. Tais gases como o gás carbônico (co2), metano (CH4),
oxido nitroso N2o) e o próprio vapor de água (H2o) estão intimamente associados a esses
fenômenos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A figura 2 evidencia que no ano 1992 a taxa média de temperatura foi em média de 28
°C. O ano de 1999 tiveram índices de temperatura ainda menores que o ano de 1992, com média
de 27 °C. O ano de 2001 teve uma temperatura média, com 27°C. A média de temperatura no
ano de 2009 fechou com 27 °C. O ano de 2011 teve uma média mais alta, acima dos 28 °C
(Figura 2).
Em Bacabal, não foram constatados dados de umidade no ano de 1992 (Figura 3). Já,
para o ano de 1999, os índices médios foram de cerca de 77 % de umidade. A umidade do ano
de 2001 teve uma média melhor em comparação aos anos anteriores, com 78 % de umidade. O
ano de 2006 teve uma umidade média em relação aos anos anteriores, com média de 76 % de
umidade e no ano de 2011 a umidade média concentrou em torno de 76%.
Figura 3: Umidade relativa do ar, no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2021.
O ano de 2011 teve uma produtividade regular, não atingindo os 1500 kg ha-1. A
produtividade média de feijão o ano de 1992 foi muito baixo, uma das mais baixas já
registradas. A produtividade ficou estagnada nos 200 kg ha-1de feijão produzido. No ano de
1999 teve uma melhor produtividade em comparação ao ano de 1992 e em 1999 ficou acima
dos 400 kg ha-1. O ano de 2001 teve uma excelente produtividade, cerca de 700 kg ha-1.
O ano de 2006 também teve uma excelente produtividade, um pouco melhor que o ano
de 2001, ficando próximos dos 800 kg ha-1. 2011 foi um ano de excelente produtividade de
feijão, ultrapassou a marca de mais de 900 kg ha-1 de produtividade, tendo melhor índice de
produtividade registrado. O ano de 1992 registrou na cidade de Bacabal uma produtividade
bastante baixa, não ultrapassando os 300 kg ha-1 de produtividade. O ano de 1999 foi mais
expressivo, chegando próximo à casa de 600 kg ha-1. O ano de 2001 teve um salto de
produtividade muito significativo, neste ano a produção chegou próxima aos 900 kg ha-1. O ano
de 2006 teve uma produção bastante expressiva, chegando à produtividade de 1500 kg ha-1. O
ano de 2011 teve uma boa produção, sendo uma produção expressiva, atingindo cerca de 1000
kg ha-1 (Figura 5).
A produtividade média de milho no ano de 1992 foi muito baixo, uma das mais baixas
já registradas. A produtividade ficou próxima aos 270 kg ha-1de milho produzido. No ano de
1999 teve uma melhor produtividade em comparação ao ano de 1992 em torno de 574 kg ha-1.
O ano de 2001 apresentou uma excelente produtividade, cerca de 948 kg ha-1. O ano de 2006,
2007 e 2008 também apresentaram excelentes produtividades, cerca de 1500 kg ha-1. A partir
de 2011, até os dias atuais a produtividade de milho no município de Bacabal apresentou
produtividade média acima de 1000 kg ha-1 (Figura 6).
O ano de 1992 na cidade de Balsas ficou caracterizado pelo bom índice de precipitação,
tendo bom volume de chuvas durante o ano, ultrapassando a marca de 1088 mm ano-1. O ano
de 1998 apresentou índice baixo de precipitação, sendo um dos piores anos de precipitação
registrada, chegando próximo de 722 mm ano-1. No entanto o ano de 2004 apresentou ótimos
índices de precipitação. Foi um ano atípico, com uma alta taxa de, ultrapassando os 1.400 mm
ano-1 (Figura 7).
O ano de 1992 apresentou temperatura amena, não sendo um ano com uma média de
temperatura muito alta, com uma média de 26 °C. O ano de 1998 já foi um ano um pouco mais
quente, chegando próximo dos 27°C. No ano de 2004 a temperatura foi um pouco mais elevada,
cerca de 27 °C. O ano de 2013 seguiu a mesma tendência de 2004, chegando a uma média de
27 °C. O ano de 2018 temperaturas mais elevadas que 2004 e 2013, chegando próximo a marca
dos 28 °C (Figura 8). Na região do polo turístico a estimativa das temperaturas máximas,
mínimas, médias mensais e anuais, pode ser realizada utilizando-se apenas a altitude, em vista
das pequenas alterações de latitude e longitude (BALDIN et al., 2010).
O ano, de 1992 foi um ano de produtividade muito baixa de arroz na cidade de Balsas,
alcançando no máximo 300 kg ha-1. O ano de 1998 não seguiu a mesma tendência do ano de
1992, foi um ano de excelente produtividade, chegando a ultrapassar a marca de 2100 kg ha-1.
O ano de 2004 apresentou produtividade mais baixa em comparação ao ano de 1998, atingindo
Figura 10: Produtividade do arroz, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.
O ano de 2018 foi marcado por uma produtividade alta na cidade de Balsas, sendo um
ano de recorde, ultrapassando os 2700 kg ha-1. O ano de 1992 apresentou produtividade muito
baixa de feijão, cerca de 250 kg ha-1. A produtividade de feijão no ano de 1998 foi muito baixa,
praticamente irrisória, próxima à zero. O ano de 2004 a produtividade ficou em torno de 500
kg ha-1. Em 2013 houve um salto produtivo quando comparado a alguns anos anteriores,
chegando a produzir cerca de 1000 kg ha-1. 2018 atingiu produtividade média de feijão, acima
dos 600 kg ha-1 (Figura 11).
Figura 11: Produtividade do feijão, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.
Figura 12: Produtividade do milho, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.
O ano de 1998 apresentou produtividade de soja, próxima aos 1950 kg ha-1. No ano de
2004 houve ótima produtividade, cerca de 2700 kg ha-1 de soja. No ano de 2013 a produtividade
foi um pouco menor que o ano anterior, chegando próximo aos 2800 kg ha-1. O ano de 2018
apresentou produtividade excelente, cerca de 2900 kg ha-1 uma das maiores produtividades da
série histórica (Figura 13).
Figura 15: Temperatura do ar no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2021.
O ano de 2016 foi um ano um pouco mais quente, fechando a média na casa dos 28 °C.
O ano de 1991 apresentou boa taxa de umidade, em torno 75 %. O ano de 1993 apresentou
diminuição na umidade relativa, quando comparado aos anos anteriores 72 %. O ano de 2000
foi um ano bom de umidade relativa, próximo aos 80 %. 2004 a taxa média de umidade relativa,
ficou próxima dos 75 %. Em 2016 a umidade relativa foi baixa, bem menor que o ano anterior,
aproximadamente 68 % (Figura 16).
Figura 17: Produtividade do arroz, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.
Figura 18: Produtividade do feijão, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.
Quando analisado a cultura do milho o ano de 1991 atingiu boa produtividade, cerca de
700 kg ha-1. O ano de 1993 apresentou uma péssima produtividade de milho, muito abaixo aos
demais anos, tendo o pior índice de produtividade registrado. O ano de 2000 apresentou boa
produtividade, chegando próximo dos 700 kg ha-1produzidos. O ano de 2004 apresentou uma
excelente produtividade de milho, o ano acompanhou o crescimento da produtividade dos anos
anteriores e se manteve instável, produzindo em torno de 1100 kg ha-1 de milho. O ano de 2016
foi um fracasso em produtividade de milho, ficando em torno de 500 kg ha-1de milho produzido
(Figura 19).
Figura 19: Produtividade do Milho, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.
4. CONCLUSÃO
Diante das variáveis estudadas verificou-se que a dependência do clima foi diminuindo,
possivelmente devido à melhoria nas técnicas de manejo e melhoramento genético. No entanto
ainda há influência das irregularidades climáticas na produtividade das culturas de sequeiro.
REFERÊNCIAS
CAPÍTULO 15
ESTRATÉGIAS PARA SUPERAÇÃO DE DESAFIOS PARA INOVAÇÃO DO
PORTFÓLIO TEMÁTICO DE UMA EMPRESA PÚBLICA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA
Ricardo Borghesi
Leandro Kanamaru Franco de Lima
Alexandre Barreto de Almeida
RESUMO
O cenário de limitação de recursos e de cobrança da sociedade por resultados, exige a adoção de processos
eficientes de priorização e planejamento estratégico pelas organizações para otimizar a alocação de recursos, a
tomada de decisão e a capacidade para responder aos desafios. Este trabalho teve como objetivo o uso de
ferramentas de gestão para priorizar e subsidiar estratégias para superação dos desafios para inovação (DI) do
Portfólio temático de uma empresa pública de pesquisa agropecuária. Para atender a esse objetivo, foram utilizadas
três ferramentas: priorização (ranqueamento) por dot voting junto aos stakeholders internos; avaliação por scoring
model da capacidade de resposta aos DI’s e uma matriz Boston Consulting Group (BCG), utilizada como matriz
de priorização, considerando a atratividade e a competitividade. Os DI´s priorizados para as cadeias de bovinos e
de caprinos e ovinos, independente da ordem, foram iguais. Porém, diferiram daqueles priorizados para suínos e
aves. Na avaliação pelo scoring model o critério Recursos financeiros foi o ponto fraco observado para todos os
DI’s. Na matriz BCG, dois DI’s ficaram alocados no quadrante em questionamento e, portanto, recursos e
estratégias devem ser direcionados para que esses DI’s aumentem sua competitividade e migrem para o quadrante
estrela. Por fim, foi possível afirmar que o conjunto das ferramentas utilizadas, forneceu subsídios para tomada de
decisão quanto aos desafios a serem priorizados e para definição de estratégias para aumento da competitividade
e superação desses desafios.
1. INTRODUÇÃO
Com participação no Produto Interno Bruto (PIB) total brasileiro, estimado em torno de
30% em 2021 (CEPEA, 2021), é inegável a importância do agronegócio para a economia
nacional. Setor de destaque e relevância dentre aqueles do agronegócio, o setor nacional de
carnes tem, de acordo com o documento intitulado “Projeções do Agronegócio - Brasil 2019/20
a 2029/2030” publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), produção estimada em 28,2 milhões
de toneladas em 2019/20 e projeção de produzir 34,9 milhões de toneladas ao final da próxima
década (MAPA, 2020). Esses números fazem do Brasil o terceiro maior produtor mundial de
carnes, atrás apenas de China e Estados Unidos (VIEIRA et al., 2021).
Para que se mantenha em uma posição de destaque no cenário mundial, como produtor
e exportador de carne, é importante compreender as mudanças que tem ocorrido em diversos
aspectos, nos diferentes elos e nas diferentes cadeias que compõem o setor de carnes
(FERREIRA; VIEIRA FILHO, 2019). As mudanças e evoluções do mercado, por exemplo, têm
Para cumprir sua missão e entregar valor à sociedade, a Embrapa, sempre antenada às
mudanças nos cenários nacional e mundial, implementou em 2018, um novo modelo de
inovação e gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), o Macroprocesso de
Inovação (MPI). O MPI é organizado em seis grandes etapas: (1) Inteligência Estratégica e
Planejamento; (2) Pesquisa; (3) Desenvolvimento e Validação; (4) Transferência de
Tecnologia; (5) Monitoramento da Adoção e (6) Avaliação de Impactos (EMBRAPA, 2018,
n.p.). É na primeira etapa, Inteligência Estratégica e Planejamento, que está contemplada a fase
de prospecção de demandas para PDeI. Nessa fase, são considerados diversos aspectos, como:
a visão de futuro da Empresa, as tendências de mercado, as diretrizes governamentais e as
oportunidades identificadas pelos pesquisadores, técnicos, gestores e demais stakeholders da
empresa.
A identificação dos desafios para inovação, que são problemas e oportunidades do setor
produtivo mapeados e priorizados pelos Comitês Gestores dos Portfólios (CGPorts), acontece
na etapa de Inteligência Estratégica e Planejamento. São esses desafios, separados dentro de
Portfólios temáticos, que vão induzir e orientar a programação de PDeI, para que, por meio de
projetos de pesquisa, sejam geradas as Soluções de Inovação para os problemas identificados
na fase de prospecção de demandas.
Esse novo modelo de inovação e gestão de PDeI, vem também para atender à crescente
cobrança da sociedade para que as instituições públicas de pesquisa justifiquem e prestem
contas acerca dos resultados dos investimentos feitos em pesquisa (MENDES, 2009), uma vez
que grande parte desses investimentos vem do governo federal (SCHIMIDT; SILVA, 2018) e,
como se sabe, existe no país, todo um contexto econômico de escassez de recursos e cortes
orçamentários (CAMILO, 2019). Todo esse cenário de limitação de recursos exige a adoção de
processos eficientes de priorização e planejamento estratégico pelas organizações (CONTINI
et al., 1998; MAGALHÃES, 2008; SCHIMIDT; SILVA, 2018) para otimizar a alocação de
recursos, a tomada de decisão e a capacidade para responder aos desafios.
2. METODOLOGIA
A pesquisa realizada para priorização dos desafios para inovação do Portfólio temático
Carnes pode ser tipificada como quantitativa, uma vez que a metodologia utilizada procurou
coletar e quantificar os dados de amostras representativas de respondentes e, posteriormente,
realizar cálculos numéricos com os resultados obtidos (HORNEAUX JUNIOR et al., 2014) e
do tipo survey, pois foi aplicada a um grupo com, pelo menos, uma característica em comum,
pertencer à mesma empresa (FLYNN et al., 1990). Pesquisas do tipo survey são bastante
utilizadas por serem de fácil explicação e entendimento (SAUNDERS et al., 2007).
Para consulta aos especialistas internos foi formulado um questionário do tipo dot
voting. O envio, por e-mail, dos convites para responder ao questionário e a coleta das respostas
foi realizada por meio do software LimeSurvey (ENGARD, 2009). É importante destacar que,
no início, o questionário continha os esclarecimentos iniciais sobre a pesquisa, incluindo o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a opção de concordar ou não em
participar.
Foram realizadas questões sobre o perfil profissional, tais como cargo, produto(s) foco
da atuação, área(s) de atuação e unidade da federação em que atua. Importante destacar que
para essas questões, com exceção do cargo em que ocupa na empresa, os stakeholders tinham
Para avaliar a capacidade de resposta da empresa aos desafios para inovação elencados
pelo Portfólio Carnes foi utilizado um scoring model, proposto por uma das unidades da
empresa em estudo, para subsidiar a elaboração do Plano de Execução da Unidade (PEU).
Resumidamente, este PEU liga a estratégia da Empresa ao trabalho da Unidade, sendo, portanto,
compromissos que a Unidade assume e que estão ligados às metas e aos objetivos do VII Plano
Diretor da Embrapa (PDE). O scoring model proposto considerou seis dimensões para avaliação
da capacidade de resposta aos desafios para inovação: equipe disponível, infraestrutura,
recursos financeiros, know-how, parceiros-chave e resultados existentes (Tabela 1).
Tabela 1: Scoring model para avaliação da capacidade de resposta aos desafios de inovação do Portfólio Carnes.
Equipe disponível
1 – Sem equipe para atender ao DI;
2 – Equipe insuficiente e sem possibilidade de reforço;
3 – Equipe insuficiente para atender ao DI, a curto prazo;
4 – Equipe insuficiente, mas com possibilidade de reforço;
5 – Equipe disponível e adequada
Infraestrutura
1 – Sem qualquer infraestrutura;
2 – Necessita de grandes adequações em equipamentos e/ou infraestrutura;
3 – Necessita de poucos equipamentos e/ou infraestrutura;
4 – Necessidade por equipamentos e/ou infraestrutura pode ser suprida sem investimentos (parcerias já
consolidadas ou avançado estado de negociação);
5 – Infraestrutura plenamente adequada no ambiente interno
Com base no scoring model proposto, foi formulado um questionário, via Google
Forms, e enviado, por e-mail, aos oito membros que compõem o CGPort Carnes, uma vez que
estes Comitês Gestores dos Portfólios têm importante papel na governança e na gestão da
programação de projetos de PDeI da empresa, para que avaliassem as seis dimensões
consideradas no scoring model. O questionário para avaliação da capacidade de resposta
também continha os esclarecimentos iniciais sobre a pesquisa, incluindo o TCLE e a opção de
concordar ou não em participar.
Os resultados das análises pelos métodos dot voting e scoring model, os DI’s foram
distribuídos dentro de uma matriz Boston Cosulting Group (matriz de priorização)
(AMBROSIO; AMBROSIO, 2005) para análise dos mesmos, tendo como base uma avaliação
Atratividade (total de moedas depositadas por DI) x Competitividade (equipe disponível ×
infraestrutura × recursos financeiros × “know-how” × parceiros-chave × resultados existentes
por DI).
Dos 254 nomes selecionados para envio do questionário de priorização (dot voting), 116
concordaram em participar, aceitando os termos estabelecidos no TCLE. Dentre esses, 96
responderam ao questionário de forma completa e 20 responderam de forma incompleta, ou
seja, começaram a responder, mas não finalizaram o preenchimento e envio do questionário,
sendo, portanto, desconsiderados na análise. A taxa de resposta foi igual a 37,8% (96 de 254
convidados a participar) e, embora não exista um consenso sobre a taxa ideal de resposta a
questionários, ficou acima da faixa relatada como sendo a esperada, entre 20 e 30% (CUNHA
et al., 2010). Com relação ao cargo, dos 96 respondentes, 70 eram pesquisadores e 26 eram
analistas, correspondendo a 73% e 27%, respectivamente.
20
Moedas depositadas
15
10
0
BA
CE
RJ
RN
RS
RO
RR
ES
AC
AL
AP
AM
DF
GO
MA
MT
MS
MG
TO
PA
PB
PR
PE
PI
SC
SP
SE
Unidades da Federação
Dentre aqueles que responderam ao questionário, a maior participação foi daqueles que
atuavam na área de sistemas de produção, seguido por melhoramento genético e reprodução
animal com 34, 21 e 18 moedas depositadas, respectivamente (Gráfico 2). Em “outros”, as áreas
de atuação mais citadas foram sanidade e pastagens/forrageiras. Mas, de maneira geral, os perfis
de atuação nesse item foram bem diversificados, com registros na área de socioeconomia,
tecnologia de alimentos, comunicação, biotecnologia, inovação, entre outros.
Gráfico 2: Área de atuação dos stakeholders internos do Portfólio Carnes que responderam ao questionário da
pesquisa.
Outros 45
Sistema de produção 34
Área de atuação
Melhoramento genético 21
Reprodução animal 18
Nutrição animal 10
0 10 20 30 40 50
Moedas depositadas
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
Quanto ao produto foco da atividade, “bovinos” foi o produto mais votado, seguido de
“caprinos e ovinos” e de “aves e suínos” com 87, 76 e 54 moedas depositadas, respectivamente
(Gráfico 3). Em “outros”, o produto foco mais citado foi “bubalinos”. Curiosamente, também
foi citado “peixes” que, apesar de não fazer parte do escopo do portfólio Carnes, pode estar
entre os produtos foco por stakeholders com área de atuação mais transversal, tal como,
tecnologia de alimentos.
Outros 15
Produtos foco da atividade
Aves e Suínos 54
Caprinos e Ovinos 76
Bovinos 87
0 20 40 60 80 100
Moedas depositadas
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
Tabela 2: Ranqueamento e total de moedas alocadas (dot voting) por desafio para inovação pelos stakeholders
internos do Portfólio Carnes.
Desafio para inovação Moedas depositadas Ranking
Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de
117 1
produção de bovinos, ovinos e caprinos.
Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos,
caprinos, bubalinos, suínos e aves produzidas em áreas marginais ou
101 2
em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste,
Norte e Nordeste.
Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos
98 3
sistemas de produção pecuários.
Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de
97 4
bovinos de corte, ovinos e caprinos.
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a
composição das dietas alimentares de sistemas de produção de suínos 92 5
e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos
dados genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, 77 6
suínos, aves, caprinos e ovinos.
Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes
56 7
e reprodutores de suínos e aves.
Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais
53 8
domésticos descartados da produção pecuária.
Minimizar os efeitos da sazonalidade e a baixa eficiência reprodutiva
de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, 52 9
Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
Os três desafios para inovação que receberam o maior número de moedas, foram, em
ordem decrescente: “Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de
produção de bovinos, ovinos e caprinos”, “Aumentar a competitividade da carne de bovinos de
No Gráfico 4, pode ser observada a distribuição de moedas por desafio para inovação e
para cada cadeia produtiva. Ao serem comparadas as informações apresentadas na Tabela 2 e
no Gráfico 4, é possível verificar que os três desafios que receberam o maior número de moedas,
independente da ordem de classificação, foram os mesmo para as cadeias de bovinos e de
caprinos e ovinos. Isso pode ser reflexo do número de respondentes (163 no total) que têm como
produto foco de sua atividade a cadeia de “bovinos” e “caprinos e ovinos”. No entanto, quando
foi avaliado o quantitativo de moedas destinadas pelos stakeholders que têm como produto foco
de sua atividade “aves e suínos”, houve grande discrepância, uma vez que essa cadeia tem
organização e problemas diferentes àqueles apresentados pela cadeia de ruminantes (bovinos,
caprinos e ovinos).
Gráfico 4: Distribuição de moedas (dot voting) por desafio para inovação e por cadeia produtiva pelos
stakeholders internos do Portfólio Carnes.
120
100
Moedas depositadas
80
60
40
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Desafios para inovação
Legenda: 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos e
caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e caprinos;
3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida
em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; 4 –
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas
de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da sazonalidade e a
baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes e
reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos.
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
Como opção para minimizar esse efeito e tornar representativas as demandas das
diferentes cadeias que compõem o Portfólio Carnes, recomenda-se avaliar a priorização dos
desafios para inovação por cadeia produtiva (bovinos, caprinos e ovinos e suínos e aves).
Vele a pena destacar que para priorização dos desafios para inovação nas Chamadas
Competitivas do Sistema Embrapa de Gestão (SEG), são considerados os seguintes critérios: a)
priorização pelo setor produtivo agropecuário (preferências dos stakeholders); b) atendimento
e apoio a políticas públicas; c) Prioridades das Unidades (Contribuições e Metas para Inovação
Tecnológica - MITs) e; d) as lacunas na programação de PDeI em execução (EMBRAPA,
2020).
Além dos desafios para inovação pontuados, outras 17 novas sugestões foram inseridas
no espaço aberto disponibilizado para que o respondente indicasse novos desafios para
inovação que julgasse importante para cadeia que representa.
Com base nas sugestões enviadas, acredita-se que a inclusão de desafios associados ao
bem-estar animal e responsabilidade ambiental, deva ser avaliada pelo Comitê Gestor do
Portfólio. Tais questões, como relatado por Vieira et al. (2021), podem utilizadas para estimular
a redução do consumo de carnes. Outras sugestões, como por exemplo, investimento em
equipamentos, sanidade, organização de cadeia, entre outros, não fazem parte do escopo do
Portfólio Carnes.
Na tabela 3, estão apresentadas as médias das notas dadas para os diferentes critérios e
desafios para inovação pelos membros do CGPORT Carnes
Tabela 3: Média das notas dadas aos critérios do scoring model para os desafios para inovação do Portfólio
Carnes.
Desafio
Equipe Recursos Know Parceiros-
para Infraestrutura Resultados Total1
disponível financeiros -how chave
inovação
1 4,14 3,57 2,00 4,00 3,20 3,14 1190,44
2 4,29 3,29 1,86 4,00 3,20 3,71 1243,32
3 3,57 3,00 1,86 3,57 3,20 3,00 682,22
4 3,50 3,00 3,25 3,50 4,00 3,25 1552,69
5 3,43 3,29 2,00 3,71 2,80 3,14 736,43
6 2,75 2,25 1,75 2,75 2,00 2,50 148,89
7 3,29 2,29 1,57 3,14 2,50 3,14 291,43
8 2,83 2,50 2,17 2,83 2,83 2,67 328,54
9 3,60 3,40 2,20 4,00 3,60 2,60 1008,18
Legenda: 1Total = (Equipe disponível × Infraestrutura × Recursos financeiros × Know-how × Parceiros-chave ×
Resultados); 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos
e caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e
caprinos; 3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves
produzida em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e
Nordeste; 4 – Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares
de sistemas de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da
sazonalidade e a baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões
Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes
e reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
No Gráfico 5, é possível verificar as médias das notas dadas para os diferentes critérios
e desafios para inovação pelos membros do CGPORT Carnes.
7 4
6 5
Como esperado, o critério “recursos financeiros” foi o que obteve menor nota em todos
os desafios para inovação, mostrando-se como sendo um ponto fraco a ser observado. Tal fato
pode ser explicado pela dependência de recursos vindos do governo, independente da esfera,
para o financiamento das pesquisas e dado ao contexto econômico de cortes e de orçamentários,
cada vez mais frequentes no Brasil (CAMILO, 2019). A Empresa Pública de Pesquisa
Agropecuária abordada nesse estudo tem lidado com esse cenário, incentivando o
desenvolvimento de projetos em inovação aberta. Como pontos fortes foi verificado que os
critérios “equipe disponível” e “know-how” tiveram as maiores notas, considerando a média de
todos os desafios. Isso demonstra a preocupação da Empesa Pública de Pesquisa Agropecuária
na capacitação de seus colaborares.
Após serem analisados pelos métodos dot voting e scoring model, os desafios para
inovação foram distribuídos dentro de uma matriz BCG (matriz de priorização) para serem
analisados tendo como base uma avaliação Atratividade × Competitividade (Gráfico 6).
Gráfico 6: Matriz de priorização (Matriz BCG) dos desafios para inovação, com base na Atratividade ×
Competitividade.
130,0
120,0
1
110,0
100,0 3
7 2
90,0 4
80,0
Atratividade
9
70,0
60,0
6
50,0 8 5
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700
Competitividade
Legenda: 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos e
caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e caprinos;
3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida
em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; 4 –
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas
de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da sazonalidade e a
baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes e
reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).
No eixo atratividade, seria pertinente e possível utilizar, por exemplo, valores dos
resultados de consulta de priorização junto aos stakeholders externos, resultados do cálculo dos
critérios utilizados para abertura de chamadas de projetos no Sistema Embrapa de Gestão ou
valores de priorização por cadeia produtiva do Portfólio Carnes. Para o eixo competitividade,
poderia ser aplicado o questionário junto às unidades com maior aderência ao Portfólio Carnes,
para que, somado à visão dos membros do Comitê Gestor do Portfólio Carnes, objetivando uma
amostragem maior e, provavelmente, uma visão mais precisa da capacidade de resposta da
empresa frente aos desafios para inovação.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O método dot voting utilizado para ranquear (priorizar) os desafios para inovação do
Portfólio Carnes, mostrou-se uma ferramenta simples e eficiente. No caso dos desafios do
Pode-se afirmar que o conjunto das ferramentas utilizadas no presente estudo, forneceu
subsídios para tomada de decisão quanto à definição dos desafios a serem priorizados e para
definição de estratégias para aumento da competitividade e superação desses desafios.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
AMBROSIO, A.; AMBROSIO, V. A matriz BCG passo a passo. Revista da ESPM, São Paulo,
v. 12, n. 4, p. 92-102, Jul./Ago., 2005. Disponível em: https://www.espm.br/bibliotecas-
espm/revista-da-espm/. Acessado em: Out. 2021.
FEDDERN, V. et al. Biocarnes: uma solução de futuro? Setor Agro e Negócios. 2020.
Disponível em: http://www.setoragroenegocios.com.br/editorias/biocarnes-umasolucao-de-
futuro. Acesso em: Out. 2021.
HORNEAUX JUNIOR, F. et al. Análise dos stakeholders das empresas industriais do estado
de São Paulo. Revista de Administração, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 158-170, 2014. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rausp/a/Vj3LnVkf6Y6cnchVMJhzKSB/. Acessado em: Out. 2021.
JURISTO, N. et al. A process for managing interaction between experimenters to get useful
similar replications. Information and Software Technology, Göteborg, Sweden, v. 55, p. 215-
225, Fev., 2013. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0950584912001425. Acessado em:
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KIM, J.; WEN, H.; RICH, J. A scoring method for prioritizing non-mutually-exclusive
information Technologies. Human Systems Management, Slovenia, v. 28, p. 1-17, Abr.,
2009. (cód. 88) Disponível em: https://content.iospress.com/articles/human-systems-
management/hsm691. Acessado em: Out. 2021.
PERINI, A.; RICCA, F.; SUSI, A. Tool-supported requirements prioritization: Comparing the
AHP and CBRank methods. Information and Software Technology, Göteborg, Sweden, v.
51, p. 1021-1032, Jun., 2009. Disponível em:
SAUNDERS, M.; LEWIS, P.; THORNHILL, A. Research methods for business students.
4ed. Harlow: Pearson Prentice Hall, 2007.
CAPÍTULO 16
EPIGENÉTICA NO ESTRESSE ABIÓTICO VEGETAL
RESUMO
As plantas vivem em ambientes em constante mudança que geralmente são desfavoráveis ou estressantes para o
crescimento e desenvolvimento. Os fatores ambientais estressantes podem ser abióticos que incluem
principalmente seca, salinidade, temperaturas extremas, deficiências de nutrientes, estresse de metais pesados e
radiação ultravioleta, que esses ambientes adversos ameaçam a produtividade agrícola. Um número crescente de
estudos tem mostrado importante participação de mecanismos epigenéticos na resposta de plantas a estresses
abióticos. A epigenética refere-se ao estudo das alterações hereditárias na função da cromatina que não envolvem
alterações na sequência do DNA. Mecanismos epigenéticos desempenham papéis críticos durante o ciclo de vida
de plantas e abrange vários processos, como metilação do DNA, modificações de histonas e regulação por RNAs
não codificantes. Os mecanismos epigenéticos participam da regulação de genes responsivos ao estresse nos níveis
transcricionais e pós-transcricionais, alterando o status da cromatina dos genes. Isso pode afetar a plasticidade
fenotípica, o que ajuda na adaptação das plantas a condições adversas. Os mecanismos epigenéticos também
podem fornecer uma base para a memória do estresse, o que permite que as plantas respondam de maneira mais
eficaz e eficiente ao estresse recorrente. Esses processos epigenéticos podem ser herdáveis de acordo com sua
estabilidade no genoma, podendo prover até a próxima geração uma tolerância ao estresse abiótico passado por
seus antecedentes. A herdabilidade destes mecanismos ocorre com maior chance meioticamente e essa
possibilidade de traços epigenéticos herdáveis são muito interessantes para o quadro ambiental mundial, porém, a
capacidade de transferência destas características ainda necessita de maior exploração ao longo de plantas modelo
e não modelo. O aprofundamento científico na correlação dos mecanismos epigenéticos com tolerância/resistência
de plantas é necessário, uma vez que é constantemente relatado como um assunto com muitas lacunas a serem
preenchidas. Este capítulo analisa os mecanismos epigenéticos que governam as respostas ao estresse abiótico das
plantas, especialmente a metilação do DNA, metilação/acetilação das histonas e remodelação da cromatina. Além
disso, é abordado o emprego da análise de fatores genéticos e epigenéticos na literatura.
1. INTRODUÇÃO
Figura 1: (A) Estruturas químicas representativas de nove classes de hormônios vegetais e suas atividades básicas
nas plantas, mostrando sua biossíntese, catabolismo, transporte, percepção por receptores e transdução de
sinal. Essas atividades desencadeiam processos fisiológicos que regulam o crescimento e o desenvolvimento das
plantas e as respostas aos estímulos do ambiente. (B) Uma breve descrição dos mecanismos epigenéticos, a
metilação da lisina 27 e lisina 9 na histona H3 (H3K9me e H3K27me) é uma marca de silenciamento da cromatina,
enquanto a metilação da lisina 4 e 36 e a acetilação da histona estão associadas à ativação transcricional. A
metilação do DNA desempenha um papel na repressão transcricional. Os RNAs não codificantes estão envolvidos
em vários processos, incluindo transcrição, pós-transcrição, tradução e remodelação da cromatina. Além de rotas
regulatórias independentes, os fitohormônios e os mecanismos epigenéticos regulam e se coordenam
reciprocamente para afetar os processos fisiológicos nas plantas.
Uma vez sob condições de estresse salino ou hídrico/osmótico, a planta dá início a uma
cadeia de sinais para a modulação fenotípica em resposta ao estímulo. Estes processos iniciados
funcionam de forma integrada para a manifestação de resposta vegetal, e dentre eles estão os
mecanismos epigenéticos (THIEBAUT et al., 2019; SHAIK et al., 2022). O desempenho de
genes relacionados, proteínas, fatores de transcrição e entre outros varia de acordo com a via
de sinalização que ocorre na planta. Os níveis de Ca2+ funcionam como indicativo de estresse,
visto que pode ocorrer em prol do acúmulo de íons Na+ por exemplo, ocorrendo a redução de
íons Ca2+ no citosol e afetando funções importantes como estrutura de membrana. O desfalque
nutricional reflete sobre a capacidade fotossintética da planta e sobre a cadeia transportadora
de elétrons na mitocôndria, momento em que se inicia a síntese de espécies reativas de oxigênio
(ROS), prejudiciais ao funcionamento celular vegetal. A partir daí, ocorre a ativação de
proteínas quinases como o calcium-dependent protein kinase (CDPK) e genes da família SOS,
os quais serão precursores das atividades enzimáticas como catalase, peroxidase e superóxido
As metilações de DNA de maior ocorrência nas plantas são 5-metilcitosina (5-mC), N6-
metiladenina (6mA) ou N4-metilcitosina (4-mC), sendo a mais estudada a ação de adição do
grupo metil no quinto carbono de anéis de citosina (5-mC). Este mecanismo exerce influência
sobre a transcrição de genes, tradução de proteínas, devido ao acesso ou não de RNA
polimerase, e estabilidade do genoma, devido ao silenciamento de transposons. Este mecanismo
tem direta correlação com os outros relatados anteriormente. Sua ligação com sRNAs por
exemplo se dá pela ocorrência de metilação de novo, onde regiões anteriormente metiladas que
retornaram ao seu estado original podem ser metiladas novamente. Além disto, existem estudos
que apontam ocorrências de heterocromatinas e eucromatinas ligadas aos níveis de metilação
do genoma (THIEBAUT et al., 2019; CASTANDER-OLARIETA et al., 2020; ALVES et al.,
2020).
Nesta pesquisa, foram observados altos níveis de metilação de DNA em plantas que já
foram expostas ao estresse na fase vegetativa, consequentemente apresentando maior
estabilidade genômica quando comparada às expostas ao estresse em fase reprodutiva (Figura
7). Além disto, os mesmos verificaram que o proteoma das células guarda apresentaram
correlação positiva entre o acúmulo de genes e proteínas e transcrição com altos índices de
metilação do DNA. Portanto, os níveis de metilação de DNA, assim como as regiões metiladas,
tem efeito diretamente sobre as etapas primárias da expressão gênica, podendo ter o efeito de
suprimi-las ou impulsioná-las. A partir deste raciocínio, é chegada a conclusão que em cada
fase do ciclo fenológico são metiladas diferentes regiões do DNA, promovendo efeitos
diferentes na transcrição e na tradução.
Figura 7: Níveis de metilação de DNA (%5-mC) verificados em células-guarda de arroz sob diferentes momentos
de estresse hídrico, sendo eles: C- Controle, V - défici hídrico em fase vegetativa, R - défict hídrico na fase
reprodutiva, V+R - défict hídrico em fase vegetativa e, posteriormente, em reprodutiva.
Após a promoção do estresse nas plantas, os níveis de metilação nos diferentes contextos
genômicos apresentaram alteração expressiva. A hipometilação apresentou maior frequência
genômica, ainda que a hipermetilação continuou apresentando altos níveis quanto a diferentes
citosinas metiladas (%). Além disto, foi notado o aumento de citosinas metiladas nos contextos
CHG e CHH, acontecendo de forma concomitante à redução quantitativa em CG (Figura 9).
De acordo com seus resultados, os mesmos notaram que o acúmulo de ROS tende a
promover a hipometilação do DNA, processo respaldado por outros estudos em sua discussão.
A grande frequência de hipometilação em sequências CHG e CHH é relatada de forma
correlacionada a resposta de defesa das plantas, fato que os pesquisadores comentam ser
observado em muitos trabalhos de estresse salino. Além disto, os mesmos avaliaram que existe
correlação negativa entre níveis de ROS e metilação do DNA, onde o acúmulo destes
compostos promove a hipometilação do DNA. Por fim, ao analisar de forma conjunta todas as
análises realizadas, verificou-se que a hipometilação manifesta-se relacionada a genes ligados
a fotossíntese e metabolismo de energia da planta. A partir deste raciocínio, é relatado que o
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, L. B. et al. Epigenetic variation in guava (Psidium guajava) genotypes during the
vegetative and reproductive phases of the production cycle. Genetics and Molecular
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CAPÍTULO 17
IMPACTO FISIOLÓGICO DE ESTRESSES AMBIENTAIS – INVESTIGAÇÃO E
EFEITOS RELATADOS NA LITERATURA
RESUMO
O estudo das condições ambientais e seus efeitos socioambientais tem sido uma preocupação recorrente, abordada
em diversos trabalhos. A segurança alimentar é um tema especialmente relevante para países economicamente
dependentes da comercialização de produtos agrícolas, uma vez que muitas lavouras são sensíveis a variações
bióticas e abióticas. Nesse contexto, o cenário ambiental e suas oscilações tornam-se de grande importância. A
salinização dos solos agrícolas também é um problema ambiental amplamente relatado, sendo mais acentuada em
regiões com baixa oferta de água de boa qualidade, agravando o processo de desertificação devido à alcalinização
e sodificação dos solos. O estresse salino e hídrico são estresses abióticos que afetam o crescimento e a
produtividade das plantas. Ambos têm em comum o efeito de estresse osmótico, reduzindo a disponibilidade de
água para absorção pelas plantas. O estresse hídrico ocorre quando a umidade do solo está baixa, resultando na
desidratação das células vegetais e limitando seu desenvolvimento e produção. O estresse salino, por sua vez,
promove um estresse iônico devido ao acúmulo de íons Na+ em altas concentrações, interferindo na fotossíntese
e limitando a expansão celular. Além disso, o estresse salino leva à produção de espécies reativas de oxigênio, que
danificam as células vegetais. O íon Cl- também pode ser tóxico para as plantas, prejudicando a absorção de
nutrientes e a eficiência fotossintética. Em resposta a esses estresses, as plantas podem adotar mecanismos de
sequestro de íons Na+ para o vacúolo ou controlar seu fluxo, além de sintetizar substâncias como a prolina para
reduzir o potencial osmótico e manter o turgor celular. O estudo dos efeitos do estresse nas plantas envolve
investigação de variáveis fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e moleculares, pois todas estão interconectadas
e contribuem para a expressão fenotípica das plantas. Em algumas espécies, o conhecimento sobre essas variáveis
ainda é limitado e requer mais pesquisas para compreender melhor a plasticidade fenotípica entre os genótipos.
1. INTRODUÇÃO
O estresse ambiental causado pelos seres humanos refere-se ao impacto negativo que as
atividades humanas têm sobre o meio ambiente. Á medida que a população mundial cresce e a
demanda por recursos naturais aumenta, as atividades humanas, como a industrialização,
urbanização e agricultura intensiva exercem uma pressão, no geral ruim, significativa sobre os
ecossistemas (SANCHEZ, 2020). As alterações ambientais têm gerado grandes estresses,
mudanças e impactos no desenvolvimento de inúmeras espécies de plantas, dificultando dessa
forma a sobrevivência de algumas delas. E, considerando-se as lacunas existentes sobre os
conhecimentos que preveem as respostas adaptativas das plantas frente a cenários de mudanças
O estudo das condições ambientais não é uma novidade. A preocupação com relação as
oscilações temporais, condições pedológicas de áreas e seus efeitos socioambientais têm sido
apresentado em diversos trabalhos (ZHANG; SHI, 2013; DARELHA-FILHO et al., 2016;
TOMAZ et al., 2020). Uma vez que estamos falando de segurança alimentar, países
economicamente dependentes de comercialização de produtos agrícolas e grande parte das
lavouras com sensibilidade a variações bióticas e abióticas, o cenário ambiental e suas
oscilações tornam-se assunto de grande relevância (DARELHA-FILHO et al., 2016; FISCHER
et al., 2019).
Figura 1: Projeções de futuras mudanças de temperatura a partir de conjunto multi-modelo no período de 2046-
2065 desenvolvido por Avila-Diaz et al. (2020), onde: TX10p (%) - Dias frios; TX90p (%) - Dias quentes.
Outro problema ambiental amplamente relatado nos artigos atuais é a salinização dos
solos agrícolas. A ocorrência deste caso tem se estendido em muitas áreas agrícolas no mundo,
e apresentam-se de forma ainda mais acentuada em regiões com baixa oferta de água coligados
a falta de percolação destes elementos no solo (Tabela 1; BUTCHER et al., 2016; TOMAZ et
al., 2020). Áreas irrigadas também apresentam problemas com salinização dos solos, uma vez
que não há um montante hídrico para lixiviação dos sais, os quais ficam localizados na área
radicular afetando diretamente o potencial osmótico. Este problema acentua-se ainda mais
quando se utiliza água de baixa qualidade que, em maioria, apresenta altas taxas de sais
(BUTCHER et al., 2016; IIZUMI et al., 2020).
Figura 4: Mudanças internas ocorrentes na planta em função de disponibilidade de água em diferentes épocas.
Figura 6: Conteúdo de prolina em parte aérea (a) e raiz (b) de plântulas de Psidium guajava L. sob condições de
estresse osmótico e de temperatura, onde as sementes foram submetidas de forma prévia a tratamentos com água,
HCL e GA3.
Neste, os autores verificaram aumento dos níveis de prolina sob os dois estresses
propostos e sob diferentes tratamentos de sementes para a mitigação do efeito de temperaturas
negativas sobre germinação e desenvolvimento inicial de goiaba. Através dos resultados
obtidos, verificaram que este osmólito foi efetivo para sinalizar tanto os estresses em si como o
melhor tratamento para mitigar o estresse de temperatura (HOSSEINI et al., 2020).
Figura 7: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: Tch -
temperatura foliar; Ci - CO2 sub-estomatal; E - transpiração; gs - Condutância estomatal por vapor d'água; A -
fotossíntese; WUE - eficiência do uso de água, CC - conteúdo de clorofila; PH - altura de planta (1) após estresse
hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LN - número de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas
de recuperação; LA - área foliar (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LFW - peso fresco
de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LDW - peso seco de folhas (1) após estresse
hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação.
Figura 8: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: SOD -
superoxidase dismutase, POD - peroxidase, CAT - catalase, TFC - conteúdo total de flavonóides, TPC - conteúdo
total de fenólicos, TSP - conteúdo total de proteínas solúveis, DPPH - eliminação de radicais, PRO - Prolina, PH
- altura de planta (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LN - número de folhas (1) após
estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LA - área foliar (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas
de recuperação; LFW - peso fresco de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LDW
- peso seco de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação.
Figura 9: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: Tch -
temperatura foliar; Ci - CO2 sub-estomatal; E - transpiração; gs - Condutância estomatal por vapor d'água; A -
fotossíntese; WUE - eficiência do uso de água, CC - conteúdo de clorofila, SOD - superoxidase dismutase, POD -
peroxidase, CAT - catalase, TFC - conteúdo total de flavonóides, TPC - conteúdo total de fenólicos, TSP -
conteúdo total de proteínas solúveis, DPPH - eliminação de radicais, PRO - Prolina.
Figura 10: Regressão linear de número de folhas (a), transpiração (b) e fotossíntese (c) de plantas da cultivar
'Paluma' de Psidium guajava L. sob tratamento de água salina.
Fonte: Montagem de autoria própria a partir de imagens coletadas em Veloso et al. (2018, p. 1882; 1884).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
AVILA-DIAZ, A.; BENEZOLI, V.; JUSTINO, F. Assessing current and future trends of
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wilting responses to drought. Proceedings of the National Academy of Sciences, 113(46),
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108(6), nov. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.2134/agronj2016.06.0368. Acessado em:
Jan. 2023.
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This Family and a New Set of Abiotic Stress Resistance Biomarkers. Agronomy, 10(295), fev.
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new set of IPCC climatic projections affect their relevance for policy? Climatic Change, 136,
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HASANUZZAMAN, M. et al. (Org.). Plants Tolerance to Environmental Stress: Role of
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Crop Plant Development? Frontiers in Plant Science, 11, jul. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2020.01127. Acessado em: Jan. 2023.
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TORRES, R. R. et al. Socio-climatic hotspots in Brazil. Climatic Change, 115, maio 2012.
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9813-6. Acessado em: Jan. 2023.
CAPÍTULO 18
AÇÃO FITOTOXICOLÓGICA DO EXTRATO AQUOSO DE GENÓTIPOS DE
PSIDIUM CATTLEYANUM SABINE COM CONTEÚDO DE DNA
CONTRASTANTES 4
RESUMO
Diferenças cromossômicas em Psidium cattleyanum Sabine indicam que a espécie seja um autopoliploide,
característica que pode favorecer a produção diferenciada de metabólitos secundários, tanto qualitativa quanto
quantitativamente. Os metabólitos secundários são uma alternativa aos herbicidas sintéticos no manejo de plantas
invasoras, visto que são sustentáveis ao meio ambiente e à saúde humana. Diante disso, o objetivo deste trabalho
foi analisar a relação entre o conteúdo de DNA e o efeito do extrato aquoso de três genótipos de P. cattleyanum
(CAT3, CAT4 e CAT8) sobre o desenvolvimento inicial e ciclo celular de alface. A germinação, o índice de
velocidade de germinação e o crescimento aéreo de alface foram afetados negativamente, demonstrando o
potencial promissor dos extratos aquosos para o desenvolvimento de bioherbicidas. O ciclo celular também sofreu
danos. A alta frequência de alterações cromossômicas indicam a atividade citogenotóxica e o mecanismo de ação
clastogênico e aneugênico dos extratos. O conteúdo de DNA e atividade biológica dos extratos aquosos não
apresentaram uma relação direta. O genótipo de maior conteúdo de DNA (CAT3) causou os menores danos à
alface quando comparado aos outros genótipos. Dessa forma, acredita-se que a autopoliploidia não influenciou na
produção dos metabólitos secundários presentes no extrato aquoso das folhas dos três diferentes genótipos de P.
cattleyanum.
1. INTRODUÇÃO
A família Myrtaceae vem sendo descrita como fonte de diferentes eventos de poliploidia
e hibridização (COSTA; FORNI-MARTINS, 2006b) e, por isso, se tornou foco de estudos
evolutivos que descreveram o número cromossômico para cerca de 50 espécies em nove
gêneros (COSTA, 2004; COSTA, 2009; FORNI-MARTINS, 2006a). Para o gênero Psidium,
os valores de conteúdo 2C de DNA nuclear se relacionam diretamente com o número básico x
=11 e aumentam de acordo com o nível de ploidia (COSTA, 2009).
4
Apoio financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES).
2.1 Poliploidia
3. METODOLOGIA
Para o preparo das lâminas foram utilizadas duas raízes fixadas em cada tratamento.
Estas foram lavadas três vezes por dez minutos, em água destilada, em seguida inseridas em
solução de HCl 5N por 18 minutos em temperatura ambiente, para a hidrólise dos meristemas.
Após essa etapa, os meristemas foram separados das raízes com o auxílio de um bisturi e
corados com Orceína acética 2%. O material foi então coberto com lamínula e dissociado
através de esmagamento. As lâminas foram vedadas com esmalte incolor e armazenadas em
câmara úmida e fria até a análise, para conservação do material. Foram avaliadas 5 lâminas por
tratamento e 1000 células de cada lâmina, totalizando 5000 células por tratamento. O índice
mitótico (IM) foi obtido dividindo-se o número de células em divisão (prófase, metáfase,
anáfase e telófase) pelo total de células analisadas em cada tratamento. O mesmo processo foi
Todos os dados coletados, foram tabulados e seus valores expressos como média ±
desvio padrão. Foram submetidos a ANOVA (análise de variância) e pelo Teste de Dunnett (p
≤ 0,05) pelo software Genes (CRUZ, 2013).
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por meio das análises dos bioensaios foi observado que os genótipos de P. cattleyanum
possuem alta atividade fitotóxica (Tabela 2). Os resultados mostraram que a maior concentração
de CAT3, CAT4 e CAT8 (100 µg mL-1) inibiu a germinação de alface em 87.81%, 97.56% e
87.81%, respectivamente, em relação ao controle da água. A concentração 50 µg mL-1 dos
extratos também diferiu dos controles, causando uma pequena redução na germinação. Em
relação ao IVG, todas as concentrações dos extratos reduziram esse parâmetro em comparação
aos controles (Tabela 1).
Tabela 1: Efeito do extrato aquoso de folhas dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum sobre a
porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG) e crescimento da parte aérea de L.
sativa.
Genótipo Concentração Germinação IVG CA (mm)
(µg mL-1) (%)
CAT3 12.5 99.2 ab 10.34 5.18
25 92 ab 9.55 4.21
50 79.2 5.69 1.82 b
100 12 0.62 2.04 b
CAT4 12.5 93.6 ab 10.51 5.94 a
25 93.6 ab 9.82 b 5.83 a
50 83.6 7.12 1.98 b
100 2.4 0.19 0.78 b
CAT8 12.5 93.6 ab 9.82 b 10.29
25 92.8 ab 9.70 b 7.90
50 82.4 6.24 3.97 b
100 3.2 0.16 0.63 b
Água destilada 98.4 a 11.67 a 8.21 a
Glifosato 94.4 b 11.33 b 2.27 b
Fonte: Autoria própria (2023).
Com relação às fases do ciclo mitótico, foi observado uma diminuição das células em
metáfase e telófase expostas à concentração de 100 µg mL-1 de CAT3 (Tabela 2). O IM, a
frequência de alterações nucleares e a frequência de alterações cromossômicas não foram
afetados pelas concentrações dos extratos (Tabela 3).
Tabela 2: Efeito do extrato aquoso de folhas dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum sobre a
divisão mitótica de células meristemáticas de L. sativa.
Genótipo Concentração Interfase Prófase Metáfase Anáfase Telófase
(µg mL-1)
CAT3 12.5 81.66 a 49.91 a 32.03 a 10.98 a 7.05 a
25 82.52 a 56.33 a 26.91 a 11.62 a 5.13 a
50 81.82 a 62.04 a 22.77 a 8.78 a 6.40 a
100 86.94 a 74.93 a 10.58 14.22 a 0.26
CAT4 12.5 85.8 a 52.13 a 29.66 a 14.55 a 6.15 a
25 82.72 a 52.61 a 28.85 a 12.38 a 3.68 a
50 87.80 a 59.07 a 26.98 a 9.81 a 4.12 a
100 - - - - -
CAT8 12.5 85.08 a 55.85 a 27.43 a 11.85 a 4.85 a
25 76.7 a 61.11 a 24.00 a 11.11 a 3.78 a
50 82.26 a 61.18 a 24.85 a 8.27 a 5.68 a
100 - - - - -
Água destilada 82.66 a 47.05 a 33.78 a 13.63 a 5.52a
Nota: As médias seguidas da letra 'a' são estatisticamente idênticas à água pelo Teste de Dunnett (p<0,05).
Fonte: Autoria própria (2023).
A segunda alteração mais frequente foi as pontes em anáfase e telófase. As pontes são
formadas por alterações na estrutura do DNA por substâncias clastogênicas. Elas estão
relacionadas a quebras nas regiões terminais (telômeros) das cromátides de um cromossomo
seguida pela união das mesmas (FERNANDES et al., 2007). Os cromossomos aderentes ou
pegajosos, foi a terceira alteração mais observada. Esta alteração ocorre pela ação de agentes
aneugênicos e como visto anteriormente é um indicativo de morte celular (ANDRADE et al.,
2008; ANDRADE et al., 2010; ANDRADE-VIERA et al., 2014; ARAGÃO et al., 2015).
Cromossomos perdidos ou não orientados também foram observados em grande quantidade.
Esta é uma alteração aneugênica relacionada ao não reconhecimento dos cromossomos pelo
fuso mitótico durante a divisão, causando a sua perda durante a anáfase e telófase
(FERNANDES et al., 2007; LEME; MARIN-MORALES, 2009). Quebras cromossômicas
também foram observadas, porém em menor número. Esta alteração clastogênica indica
quebras no DNA e podem ser resultado dos fragmentos causados durante a formação das pontes
(FERNANDES et al., 2007). Os fragmentos não conseguem se ligar ao fuso e ficam à deriva
durante a divisão.
Com base nos resultados podemos observar que o conteúdo de DNA e a atividade
fitotóxica e citogenótóxica dos acessos de P. cattleyanum não apresentam uma relação direta.
Os efeitos mais fortes foram causados pelo acesso com conteúdo de DNA mediano CAT8
(conteúdo de DNA=4.71), seguido do acesso de menor conteúdo de DNA CAT4 (conteúdo de
DNA= 3.23 pg). Esses resultados indicam que possivelmente a produção de metabólitos
secundários não foi favorecida quantitativamente pela duplicação dos cromossomos pela
autopoliploidia, um padrão diferente do encontrado na literatura. Spadeto (2022) observou um
aumento do rendimento dos óleos essenciais nas plantas P. cattleyanum com maiores conteúdos
de DNA. Três quimiotipos também foram identificados entre os sete acessos de P. cattleyanum,
tendo estes conteúdos de DNA, rendimentos e compostos produzidos semelhantes (SPADETO,
2022).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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RESUMO
A candidíase bucal é uma doença comumente encontrada na rotina odontológica. Seu tratamento baseia-se na
utilização diversos agentes antifúngicos, todavia há fatores significativos que auxiliam na procura por alternativas
viáveis para o tratamento dessas infecções, tais como as limitações terapêuticas, baixa eficácia e a elevada
toxicidade. Diante disso, o uso dos produtos naturais tem sido uma opção como substituto das terapias
convencionais, mostrando eficácia por meio das investigações cientificas. Sendo assim, o trabalho teve como
objetivo investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da Rhaphiodon echinus sobre cepas
de Candida krusei. Foram utilizadas cepas de Candida krusei previamente isoladas onde foram mantidas em
ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas
em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado
de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato
de Raphiodon echinus da fase acetato de etila foi determinada pela técnica de microdiluição emcaldo. Obteve-se
uma CIM variando entre 512 μg/mL a 1024 μg/mL, considerado um efeito antifúngico forte. Assim, o produto em
teste apresentou alta efetividade para inibir o crescimento fúngico. Desta forma, sugere-se que este composto pode
ser utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas poresse fungo, sobretudo no
que diz respeito a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Substância-teste
Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).
Foram utilizadas quatro cepas de Candida krusei (LM 978; LM 656; LM 08 e LM 13),
previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de Micologia do
Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35 °C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1 -
5 x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).
Foram utilizados os meio ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos micro-organismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA)
para os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.
2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e
Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus contra
cepas de Candida krusei.
Candida krusei
LM 978 256 μg/mL
LM 656 1024 μg/mL
LM 08 512 μg/mL
LM 13 -
(-) = Sem atividade
Fonte: Dados da pesquisa (2023).
Segundo Sartoratto et al. (2004), produtos com CIM entre 50 e 500 µg/mL exibem forte
atividade antifúngica, entre 600 e 1500 µg/mL moderada atividade antifúngica, e acima de 1500
µg/mL fraca atividade antifúngica, o extrato das folhas de Rhaphiodon echinus contracepas as
de Candida krusei apresentou uma CIM variando entre 1024 μg/mL a 256 μg/mL demonstrando
segundo esta classificação forte atividade antifúngica, para as cepas estudadas.
Estudos com metodologias semelhantes foram registrados em pesquisas feitas por Lima
et al. (2006), onde revelaram que as cepas de Candida krusei e Candida tropicalis apresentava
susceptibilidade para o óleo essencial da Peumus boldus espécie vegetal pertencente à família
Lamiaceae. Porém, neste mesmo estudo observou-se que apenas uma cepa de C.krusei foi
inibida.
Castro (2010), em seus resultados mostram que os ensaios para a determinação da CIM
dos óleos essenciais de C. zeylanicum, C. limon, E. citriodora, Eugenia uniflora, P. boldus e R.
officinalis frente a diversas espécies do gênero Candida, incluindo a Candida krusei. Observa-
se que todos os óleos essenciais apresentaram efetividade de inibição de pelo menos uma cepa
fúngica ensaiada, caracterizado pela formação de halos de inibição do crescimento
microbiano com diâmetro igual ou superior a 10 mm. Entre os resultados obtidos, ressalta-se a
atividade anti-Candida mostrada pelos óleos essenciais de C. zeylanicum e P. boldus, esta
última pertencente à família Lamiaceae, mostram que inibirem o crescimento da maioria das
cepas ensaiadas (58%). Esta destacável propriedade de inibição pode ser verificada quando
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nas condições desse estudo, conclui-se que, com base nos resultados obtidos pode-se
perceber que a fase acetato de etila de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte
efeito antifúngico contra cepas de C. krusei. Por isso, sugere-se que este composto pode ser
utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas por esse
fungo, principalmente aplicadas pacientes que fazem uso de próteses dentárias, ora totais, ora
parciais removíveis.
REFERÊNCIAS
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de Candida. Rev Odontol Bras Central. João Pessoa. 2011;20(52). Disponível
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https://www.researchgate.net/publication/11540061_Oral_Candidosis. Acessado em: Dez.
2017.
CAPÍTULO 20
OS PROGRAMAS DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO SOCIAL
RESUMO
A alimentação escolar constitui uma contribuição importantíssima para a educação, porem para que se efetive há
a necessidade de seguir algumas normas e diretrizes. Assim, o presente trabalho apresenta de forma sucinta a
execução do Programa de Aquisição de Alimentos e do Programa Nacional de Alimentação Escolar no Município
de Arara – PB, com vistas a sua forma de execução bem como os possíveis resultados obtidos a partir da
implementação dos mesmos. A metodologia utilizada constituiu de pesquisas bibliográficas e uma entrevista com
o secretário de educação do município. Aofinal do trabalho é possível perceber que a Lei 11.947/2009 está sendo
cumprida beneficiando a agricultura familiar, bem como a alimentação escolar.
1. INTRODUÇÃO
Todos os cidadãos têm, por lei, assegurados na Constituição Federal, direitos sociais
fundamentais a sua vida e integridade que são: ter acesso a educação, saúde, alimentação,
trabalho, moradia, entre outros, que são essenciais para que o ser humano possa viver com
dignidade e desenvolver suas atividades cotidianas.
Tendo por base esses direitos e trazendo-os para o campo educacional, a escolatambém
se constitui como um espaço de promoção desses direitos, desenvolvendo ações que
ultrapassam a mera transmissão de conteúdos, com destaque ao cuidado com uma alimentação
saudável e de qualidade, que é disponibilizada aos alunos em forma de merenda escolar.
Mas, para que a merenda escolar fosse, de fato, uma garantia mínima de alimentação
saudável com valor nutricional mínimo adequado para os alunos foi necessário o
desenvolvimento de políticas públicas nessa área. E tal preocupação transformou-se em ação
através dos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e também o Programa Nacional de
Alimentação Escolas (PNAE) que, além de, favorecem aos alunos, também, incluem e dão
muita importância ao pequeno produtor rural, sobretudo, o agricultor familiar.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
É importante um conhecimento prévio sobre a temática, ao menos, uma noção das bases
e fundamentos da política pública alimentar e, também, agrícola atual. Todo esse esforço
começa a tomar corpo entre as décadas de 70 e 80, quando o governo deu grandes incentivos à
produção em larga escala e modernização dos processos produtivos nas grandes fazendas e às
empresas agrícolas, por meio de serviços de extensão rural, crédito, assistência técnica,
formação. Eram intervenções individualizadas, tendo por base a competitividade, a
É a partir dessas articulações e busca por soluções, melhoria das condições de vida e
da qualidade dos produtos adquiridos que mais recentemente surgiu o PAA durante a
formulação do Programa Fome Zero, criado através da Lei nº 10.696/03, sendo, portanto, uma
ação do Governo Federal para colaborar com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil
e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar.
Segundo Dias et al. (2013), o objetivo PAA sintetiza a inserção dos agricultores
familiares de baixa renda no mercado de consumo de massa via ampliação da renda e, ao mesmo
tempo, possibilita o crescimento do produto agrícola em função do aumento nademanda, e à
formação de estoques estratégicos.
Assim, o PAA tem como viés garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade
e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional e
por outro lado contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar (DIAS et al., 2013).
De acordo com Grisa et al. (2011), o PAA, adquire os produtos dos agricultores
familiares visando: (i) o suporte da rede pública de equipamentos de alimentação e nutrição e
da rede de instituições sócioassistenciais; (ii) a estruturação de circuitos locais de
abastecimento; (iii) a formação de estoques para oferecer assistência alimentar a populações
escolares em situação de insegurança alimentar.
Por sua vez, o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, surgiu como forma
de somar positivamente no desenvolvimento da alimentação das escolas, com vistas a promover
uma alimentação de qualidade nas escolas. Criado posteriormente ao PAA, através da Lei nº
11.947/2009. Sobre os princípios que regulamentam e norteiam o Programa Nacional de
Alimentação Escolar, se faz importante destacar o seu Artigo 14:
Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do
PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de
gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar
rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas (BRASIL, 2009).
Art. 14. § 1o A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizada dispensando-se
o procedimento licitatório, desde que os preços sejam compatíveis com os vigentes
no mercado local, observando-se os princípios inscritos no art. 37 da Constituição
Federal, e os alimentos atendam às exigências do controle de qualidade estabelecidas
pelas normas que regulamentam a matéria (BRASIL, 2009).
Em seus estudos Baccarin et al. (2012), evidencia que a compra dos produtos dos
agricultores familiares realiza-se através de Chamadas Públicas, que estabelecem, previamente,
uma tabela de preços. Estes não devem ser maiores que os praticados no atacadoe no varejo
alimentício, para não onerar as compras públicas em relação às licitações convencionais de
produtos para a alimentação escolar. Ao mesmo tempo, a diminuição dos elos de
comercialização pela compra direta e local podem possibilitar aos agricultores familiares o
recebimento de valores acima dos constatados em seus canais tradicionais de venda.
Ainda com as últimas modificações, o PAA foi substituido pelo Programa Alimenta
Brasil, a Medida Provisória n°1.061 faz a retirada de três objetivos do PAA que podem ser
comparados com o Decreto n°7.775: i) a valorização da biodiversidade e a produção orgânica
e agroecológica de alimentos, e incentivar hábitos alimentares saudáveis em nível local e
regional; ii) constituição de estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores
familiares; iii) estímulo ao cooperativismo e o associativismo (TEIXEIRA, 2022 apud
BRASIL, 2021).
Logo, o presente estudo pode ser caracterizado como sendo uma pesquisa bibliográfica
e também de campo, através da aplicação de um questionário para obter informações
específicas sobre a execução do PAA e do PNAE no município.
Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construção de hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições
(Gil, 2002, p. 41).
Segundo Dellagnelo e Silva (2005), através dos dados qualitativos adquiridos foi
utilizado a avaliação dos conteúdos na intenção de entender, e também compreender para assim,
dar significado a complexidade do tema, a dinâmica socioeconômica com o foco em analisar o
desempenho da agricultura familiar no contexto escolar.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para a obtenção dos resultados foi realizada uma entrevista com a aplicação de
questionário estruturado com o atual secretário de educação do município de Arara-PB, que em
função do importante cargo que ocupa, dispõe de informações e contribui para a implementação
das políticas públicas de alimentação e educação. Com destaque a aquisição dos alimentos
destinados a merenda escolar, e o cumprimento da Lei 11.947/2009, queenvolve os agricultores
familiares.
A primeira pergunta, indagou sobre como funciona as políticas públicas para aquisição
de alimentos no município? O entrevistado respondeu que “o processo de aquisição dealimentos
ocorre através de processo licitatório, no caso de gêneros alimentícios industrializados ou de
A segunda questão buscava saber, com relação a merenda escolar, qual o valor
disponibilizado por aluno, de acordo cm o nível de escolaridade e se o mesmo é suficiente para
atender a demanda. A resposta obtida foi, que “o valor diário por aluno na educação básica
é de R$0,30. Para as crianças em fase de creche é de R$ 1,00. Valores que não são suficientes
para atender a demanda, fazendo-se necessário a complementação desses valores pela
Prefeitura Municipal”. No entanto, o valor dessa complementação não foi revelado.
O terceiro questionamento foi sobre quais os produtos que geralmente são adquiridos
pela prefeitura para compor a merenda escolar. Obteve-se como resposta, que “geralmente são:
arroz, feijão, frango, carne, ovos, macarrão, verduras, polpa de frutas”. Indo de encontro com o
que propõe a Lei nº 11.947/2009 (Lei do PNAE), ao propor que os produtos adquiridos devem
valorizar a identidade regional, pela aquisição de produtos que façam parte da cultura e da
identidade local.
Pois, a medida em que o produtor percebe que sua produção é bem aceita é que há quem
a adquira a um preço mais adequado, ou seja, há a possibilidade de escoar sua produçãocom
dignidade, por conseguinte, ele passará a ampliar a variedade de gêneros produzidos. Além de
contribuir para a alimentação de crianças e jovens que consumirão alimentos de fazem parte de
sua identidade, com valor nutricional adequado através das merendas preparadas nas diversas
escolas do município.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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SONNINO, R.; MARSDEN, T. Beyond the divide: rethinking relationships between alternative
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abstract/6/2/181/909370?redirectedFrom=fulltext. Acessado em: Dez. 2022.
CAPÍTULO 21
EFEITO DO TOURO SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE FÊMEAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO
RESUMO
O Brasil se consolida a cada ano como um dos principais produtores de carne bovina do mundo, porém, em relação
aos índices reprodutivos do rebanho o país ainda se encontra muito aquém do desejável sendo este um fator que
impacta drasticamente na eficiência produtiva. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
influência do efeito de reprodutor sobre a ocorrência de prenhez de matrizes de corte submetidas à biotecnologia
da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em propriedades localizadas na região Norte de Minas Gerais.
Os dados utilizados neste estudo foram cedidos por uma empresa de prestação de serviços veterinários em 33
propriedades localizadas na região Norte do Estado de Minas Gerais e analisadas 3774 informações. As fêmeas
submetidas à IATF pertenciam às raças Brahman, Caracu, Guzerá, Nelore, Red Angus e animais cruzados. Os
touros cujos sêmens foram utilizados eram das raças Aberdeen Angus, Guzerá, Nelore, Senepol e Simental. Na
data da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição corporal, recebendo escores que variaram
de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda). Foram seguidos nove diferentes protocolos de sincronização para IATF e esta técnica
foi realizada por dez diferentes inseminadores. O efeito do proprietário foi obtido concatenando-se as variáveis
fazenda, município e lote; e o efeito da época de reprodução foi considerado o mês da IATF (janeiro a maio). O
diagnóstico de gestação foi feito pelo método de palpação retal. O efeito do touro sob a ocorrência de prenhez foi
analisado por meio de modelo misto utilizando o procedimento PROC GLM do pacote estatístico SAS 9.3®. Neste
trabalho os efeitos que impactaram a ocorrência de prenhez foram o touro, a época de reprodução, o protocolo de
sincronização e a variável denominada efeito do proprietário. Assim como a raça do touro, as variáveis ordem de
parto, escore de condição corporal e inseminador não influenciaram na ocorrência de prenhez do rebanho desse
estudo. Constatou-se efeito individual dos touros sob a ocorrência de prenhez nas fêmeas zebuínas submetidas à
IATF. Além desse efeito aditivo, observou-se também alguns efeitos relacionados ao ambiente (proprietário,
protocolo e época de reprodução). Juntas, essas variáveis determinam a eficiência reprodutiva do rebanho
analisado e especial atenção deve ser dada a elas já que são fatores que impactam consequentemente na eficiência
da cadeia produtiva de carne bovina, sendo importante para que o sistema se torne mais lucrativo e continue
suprindo a demanda de consumo crescente da população.
1. INTRODUÇÃO
O Brasil se consolida a cada ano como um dos principais produtores de carne bovina do
mundo, porém, em relação aos índices reprodutivos do rebanho o país ainda se encontra muito
aquém do desejável sendo este um fator que impacta drasticamente na eficiência produtiva.
Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do efeito de
reprodutor sobre a ocorrência de prenhez de matrizes de corte submetidas à biotecnologia da
IATF em propriedades localizadas na região Norte de Minas Gerais.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os dados utilizados neste estudo foram cedidos por uma empresa de prestação de
serviços veterinários em 33 propriedades localizadas na região Norte do Estado de Minas
Gerais. O arquivo inicial consistia em 5761 informações coletadas em fêmeas em reprodução,
durante os meses de janeiro a maio, da estação de monta do ano de 2013. O manejo desses
animais durante a estação de monta foi realizado em dois períodos, manhã e tarde.
Foram avaliados os efeitos de touro sobre a ocorrência de prenhez das vacas. Essa
característica foi analisada por meio de modelo misto utilizando o procedimento PROC GLM
do pacote estatístico SAS 9.3® .
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O modelo utilizado para analisar o efeito do touro (efeito genético aditivo) sobre a
ocorrência de prenhez neste estudo foi adequado para a análise proposta (P˂0,0001).
Neste trabalho os efeitos que impactaram a ocorrência de prenhez foram o touro, a época
de reprodução, o protocolo de sincronização e a variável denominada efeito do proprietário
(Tabela 1).
Não houve diferenças entre as diversas raças de touros utilizadas nos rebanhos no norte
de Minas Gerais, porém constatou-se um efeito individual do touro (P<0,05). Esse fator
influencia significativamente a ocorrência de prenhez das fêmeas. Segundo Fonseca (2000)
existe grande variação na habilidade reprodutiva dos touros utilizados nos rebanhos brasileiros,
o que se confirma nesse trabalho. Em levantamentos feitos no estado de Mato Grosso do Sul
foi encontrado efeito individual dos touros sendo estas diferenças definidas através de
diferenças de fertilização entre os touros utilizados e sob a diferença de prenhez das fêmeas de
acordo com as partilhas de sêmen de cada touro na IATF (PENTEADO, 2005 apud SÁ-FILHO,
2012). É indicado fazer-se uso de touros com alto potencial reprodutivo (capazes de imprimir
as características desejáveis a sua prole) (FONSECA, 2000) e para que o fator individual dos
touros não impacte os índices de prenhez do rebanho torna-se primordial a análise laboratorial
de cada partilha do sêmen do touro a ser utilizado (SÁ-FILHO, 2012). Martins Junior e
colaboradores (dados não publicados), avaliando quatro diferentes touros, encontraram
diferença entre eles de até 15,6% na taxa de prenhez das matrizes.
Apesar de o touro ser um fator importante na taxa de prenhez das fêmeas deve-se
esclarecer que ele não o único a impactar no processo reprodutivo. O efeito do proprietário
(PROP: fazenda, município e lote) também teve influência sobre a ocorrência de prenhez. Esse
efeito é oriundo de diferenças quanto ao ano de nascimentos entre os lotes (sendo expostos a
condições ambientais diferentes), entre o manejo dos animais nas diferentes fazendas e variação
das condições climáticas de cada município.
Outro fator que impactou a ocorrência prenhez nesse estudo foi a época de reprodução
(ER). Os períodos ou anos, considerando as diferenças quanto à sanidade, clima,
O manejo reprodutivo adequado deve ser um ponto crítico do sistema. Nesse trabalho
houve efeito do protocolo sob a ocorrência de prenhez. Em experimentos realizados por Silva
et al. (2004) comparando o uso da Gonadotrofina Coriônica Equina (ECG) no protocolo de
sincronização (G1: Crestar+ECG; G2: Crestar) encontrou-se diferenças na prenhez do rebanho
com o uso do ECG conseguindo ao final uma taxa de prenhez de 33,8% sem a utilização do
ECG e 51,7% com o uso do mesmo. Esse mesmo autor, também com animais nelore, comparou
o uso e o não uso do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) no protocolo de
sincronização do cio das vacas, nesse trabalho também se constatou que o uso do GnRH
melhora os índices de prenhez, sendo respectivamente 37,6% (sem GnRH) e 48% (com GnRH).
O uso dos hormônios auxilia na manipulação do ciclo estral das fêmeas (agindo de diferentes
maneiras na fisiologia dos animais) e consequentemente nos índices do rebanho.
Assim como a raça do touro, as variáveis ordem de parto, escore de condição corporal
e Inseminador não influenciaram na ocorrência de prenhez do rebanho desse estudo.
Sabe-se que existem diferenças entre os índices de prenhez de acordo com a categoria
das fêmeas. Em experimento realizado no Rio Grande do Sul, Pfeifer (2005) compara a
influência da condição corporal sob a taxa de prenhez de fêmeas mestiças (com predominância
de Aberdeen-Angus) notou que animais com escore maior ou igual a três demonstraram maior
índice de prenhez (81,5%) quando comparados a animais com escore menor que 3 (17,7%).
Esse mesmo autor, comparando três categorias animais do mesmo rebanho encontrou
diferenças de prenhez de acordo com as categorias testadas, sendo que vacas solteiras
apresentaram prenhez de 93,4%, 81,2% para novilhas e 53,4% para vacas com cria ao pé. Vacas
solteiras apresentarem melhor prenhez por terem menores exigências energéticas do que as
demais categorias, e por não estarem se recuperando de parto posterior, vacas paridas obtiveram
pior desempenho entre as três categorias devido a sua alta demanda nutricional por energia, o
que também influi no escore corporal e na reprodução. McManus et al. (2002) destacam que
manter o escore corporal dos animais em torno de 3 (três) auxilia na melhoria da eficiência
reprodutiva. Possivelmente não houve efeito neste estudo pelas condições das fazendas da
região manter o seu manejo alimentar adequado aos animais para entrada na estação de monta,
auxiliando assim na manutenção do escore corporal dos animais e minimizando o efeito das
categorias sob a prenhez.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse estudo constatou-se efeito individual dos touros sob a ocorrência de prenhez nas
fêmeas zebuínas. Além desse efeito aditivo, observou-se também alguns efeitos relacionados
ao ambiente (proprietário, protocolo e época de reprodução). Juntas, essas variáveis
determinam a eficiência reprodutiva do rebanho analisado e especial atenção deve ser dada a
elas já que são fatores que impactam consequentemente na eficiência da cadeia produtiva de
carne bovina, sendo importante para que o sistema se torne mais lucrativo e continue suprindo
a demanda de consumo crescente da população.
REFERÊNCIAS
GALVANI, F. Desempenho reprodutivo de touros de alta libido da raça Nelore. 1998. 69f.
Dissertacão (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG.
VAN ARENDONK, J. A. M.; HOVENIER, R.; BOER, W. Phenotypic and genetic association
between fertility and production in dairy cows. Livestock Production Science, v. 21, p. 1-2.
1989.
CAPÍTULO 22
FATORES INFLUENCIANDO A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE VACAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO COM REPASSE
DE TOURO
RESUMO
A demanda por carne no mundo está em constante crescimento e por isso os produtores tem como desafio aumentar
a produção com qualidade e sem prejudicar o meio ambiente, sempre lutando contra as condições climáticas de
cada região que afetam a produção e reprodução dos animais. Diversas biotecnologias são utilizadas associadas ao
manejo e a nutrição, para esquivar-se das dificuldades reprodutivas, e a mais utilizada é a inseminação artificial.
A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) tem uma grande vantagem sobre a tradicional por não ser preciso
observar cio, e tem se tornado uma importante ferramenta para os produtores por ajudar a controlar os fatores que
podem gerar uma variação na resposta reprodutiva da vaca. O repasse ao touro no lote das vacas que não
emprenharam quando submetidas à IATF é uma tática que vem sendo usada para tentar aumentar a taxa de prenhez
dos rebanhos durante a estação de monta. Assim sendo, objetivou-se com este trabalho avaliar, utilizando modelos
lineares generalizados, os efeitos do lote, da raça da vaca e do touro, da ordem de parição, protocolo de
inseminação, inseminador e do manejo dos animais sobre a ocorrência de prenhez de vacas de corte submetidas à
IATF e posterior repasse de touro. Foram utilizadas 4159 observações do arquivo zootécnico cedido pela empresa
de prestação de serviços veterinários de 33 fazendas da região Norte do Estado de Minas Gerais, referentes às
estações de monta dos anos 2012 e 2013. No dia da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição
corporal, recebendo escores que variaram de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda). Foram seguidos nove diferentes protocolos
de sincronização para IATF, e a IATF foi realizada por 11 diferentes inseminadores. O diagnóstico de gestação
foi realizado aos 100 dias após a inseminação artificial, por palpação retal para determinar a ocorrência de prenhez,
observando também o retorno ao estro. Os animais que não apresentaram prenhez foram submetidos a repasse do
touro. A ocorrência de prenhez das vacas submetidas ao repasse (OPRe), foi classificada como 1 (vacas prenhas)
e como 0 (vacas vazias). A verificação de quais efeitos estariam influenciando a característica OPRe foi realizada
por meio do procedimento PROC GLIMMIX do pacote computacional SAS®. A variável-resposta OPRe foi
assumida por apresentar distribuição binomial (1 = prenhe; 0 = vazia). As fêmeas submetidas à IATF apresentaram
taxa de prenhez de 18,08%. Neste trabalho os efeitos de lote, ordem de parição, o protocolo, o inseminador e a
raça do touro exercem efeito sobre a ocorrência de prenhez das fêmeas de bovino de corte submetidas ao repasse
de touro. Sendo assim deve-se dar maior ênfase a estas variáveis, pois estas influenciam na reprodução que é um
dos mais importantes fatores para se ter sucesso na produção.
1. INTRODUÇÃO
A demanda por carne no mundo está em constante crescimento e por isso os produtores
têm como desafio aumentar a produção com qualidade e sem prejudicar o meio ambiente,
sempre lutando contra as condições climáticas de cada região que afetam a produção e
reprodução dos animais.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
As vacas pertenciam a 20 lotes. O manejo desses animais era realizado em dois períodos,
manhã e tarde. Com relação à ordem de parição, havia vacas nulíparas, multíparas e vacas
“solteiras”.
1
µ = −Y
1+ e
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fêmeas submetidas à IATF apresentaram taxa de prenhez de 18,08% (Tabela 2). Este
resultado difere do encontrado por Ereno et al. (2007) no qual se observou uma taxa de 50,6%
de prenhez em vacas nelore aos 54 a 60 dias pós-parto. A divergência nos percentuais pode ser
explicada devido aos fatores como o clima da região, tipos de protocolos e forma de aplicação
dos mesmos.
Tabela 2: Número de dados (N), valores mínimos (MIN), máximos (MAX), média e desvio-
padrão (DP) e porcentagem (%) para a característica ocorrência de prenhez após repasse (OPRe).
Característica N MIN MAX Média± DP Escore N %
OPRe 4159 0 1 0,18± 0,384 0 3407 81,92
1 752 18,08
Fonte: Autoria própria (2015).
A média e o desvio padrão para ocorrência de prenhez das vacas submetidas ao repasse
foi, respectivamente, 0,18 e 0, 384 (Tabela 2) para a característica OPRe.
Tabela 3: Efeitos do lote (LOT), das raças da vaca (Rvaca) e dos touros (Rtouro), e da ordem de parição (OP),
do protocolo de inseminação (Protoc), inseminador (Inse) e do manejo sobre a ocorrência de prenhez,
considerando 5% de significância.
Efeito GL F value Pr> F
LOT 19 7,45 ˂0,0001*
Rvaca 6 0,46 0,8393ns
OP 3 7,64 ˂0,0001*
Rtouro 5 3,81 0,0019*
Protoc 6 6,14 ˂0,0001*
Inse 10 5,94 ˂0,0001*
Manejo 1 3,68 0,0550ns
*afetou significativamente a ocorrência de prenhez após repasse; ns: não afetou a ocorrência de prenhez (P>0,05)
Fonte: Autoria própria (2015).
Pode-se observar na tabela 3 que a raça da vaca não teve efeito significativo sobre a
OPRe dessas fêmeas (P>0,05), assim como o manejo (P>0,05). Quando o manejo é inadequado,
Com relação a raça dos animais, Freitas et al. (2010) avaliando vacas de diferentes
genótipos enfatizaram que a raça afeta pelo menos uma das características reprodutivas de
importância para a produção. No presente estudo, em relação à raça do touro foi possível
observar influência sobre a OPRe (P˂0,05). Na literatura há trabalhos que indicam diferenças
na prenhez com a utilização de touros de diferentes potenciais reprodutivos.
Sá Filho et al. (2009), após análise dos resultados de 64.033 vacas utilizando IATF,
concluiu que o inseminador exerce influência significativa na taxa de prenhez. Os resultados
do trabalho dependem, em grande parte, de sua habilidade e de seu comprometimento
profissional. Somente com responsabilidade, eficiência, interesse e equipamentos adequados o
inseminador desempenha corretamente essa função.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ERENO, R. L. et al. Taxa de prenhez de vacas Nelores lactantes tratadas com progesterona
associada à remoção temporária de bezerros ou aplicação de gonadotrofina coriônica equina.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p. 1288-1294, 2007.
GOTTSCHALL, C. S.; SILVA, L. R. da. Resposta Reprodutiva de Novilhas de Corte aos Dois
e Três Anos de Idade Submetidas a Diferentes Protocolos para Inseminação Artificial em
Tempo Fixo (IATF). Veterinária em Foco, Canoas, v.10, n.1, p. 1616-25, 2012.
SÁ FILHO, O. G. et al. Fixed-Time artificial insemination with estradiol and progesterone for
Bosindicus cows II: Strategies and factors affecting fertility. Theriogenology. v. 72, n. 2, p.
210-218, 2009.
VIANA, W. de A. et al. Taxa de Prenhez de Vacas Zebuínas com uso da Inseminação Artificial
em Tempo Fixo (IATF) em Fazendas do Norte de Minas Gerais. Revista Científica de
Medicina Veterinária. Ano Xiii n. 24. Janeiro de 2015. Periódico Semestral.
CAPÍTULO 23
A DETERMINAÇÃO DA “RESPOSTA CURTA” PODE AJUDAR A MITIGAR OS
EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO LEITEIRA? 5
RESUMO
A pecuária de leite desempenha um papel de suma importância tanto no campo econômico, quanto no social, sendo
uma das atividades que mais gera emprego no Brasil. Frente as novas condições climáticas do planeta, como o
aumento de temperatura, os produtores tem encontrado dificuldades para manter a produtividade do rebanho, uma
vez que o conforto térmico é essencial para garantir os bons índices produtivos da pecuária leiteira. O estresse
térmico (ET), principalmente pelo calor, vem sendo umas das maiores preocupações para a garantia do bem estar
animal (BEA), pois provoca alterações nas funções fisiológicas dos bovinos de leite (BL), resultando em menores
produções diárias e trazendo problemas a saúde dos animais. O presente trabalho teve como objetivo propor uma
revisão bibliográfica exploratória sobre os efeitos do ET na produção de leite em animais confinados no Brasil e
no mundo, analisar as principais metodologias empregadas para aferição do ET, além de compreender qual o
conceito envolvido por trás do termo “resposta curta” (RC), que é o intervalo entre o início do ET e a queda efetiva
na produção de leite. Foram analisadas publicações nacionais e internacionais relacionadas à determinação e
avaliação dos efeitos do ET em BL, com ênfase nos principais estressores térmicos, nos tipos de ET existentes,
nos indicadores fisiológicos, nas metodologias empregadas para aferição, na influência da temperatura sobre os
parâmetros produtivos, no índice de temperatura e umidade (ITU) e na resposta de atraso em si. As analises
resultaram em importantes conceitos que podem nortear pesquisas futuras com BL criados em sistemas de
confinamento. Além disso, evidenciou-se que metodologias invasivas podem alterar os resultados para aferição
do ET, uma vez que podem acionar outros tipos de estresse aos animais, como o psicológico e o físico, sendo
inclusive métodos à contramão do BEA. Em relação a RC, é fundamental que os produtores tenham em mãos
ferramentas capazes de determinar qual o intervalo para que o animal sinta, efetivamente, o ET, afim de conhecer
qual o momento certo para tomar as medidas necessárias para evitar a queda na produção diária de leite. Assim,
conclui-se que é, além de necessário, urgente que os produtores tenham condições de avaliar não só o ET, mas
também como esse estresse pode ocasionar uma série de distúrbios fisiológicos, que, em um curto espaço de tempo,
podem resultar em uma queda drástica na produção diária de leite, gerando prejuízo ao pecuarista.
1. INTRODUÇÃO
Em frente as mudanças climáticas, atrelar o manejo e a produção à prática da
sustentabilidade são peças fundamentais para a contínua expansão do setor agropecuário, em
especial à pecuária do leite (BALDOTTO et al., 2015). As perdas econômicas anuais das
indústrias pecuárias, como resultado do estresse térmico (ET), estão entre 1,69 e 2,36 bilhões
5
Programa fomentador da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da
Educação através do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP);
Programa fomentador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais através do
afastamento para qualificação (IFSULDEMINAS/campus Muzambinho).
Os objetivos do presente artigo são compreender como o ET pode afetar a produção de leite no
cenário nacional, elucidar as principais metodologias (invasivas e não invasivas) empregadas
para determinação do ET em BL e compreender como a RC pode ser uma importante
ferramenta para tomada de decisões nas unidades produtivas de leite do Brasil.
O ET ocorre quando o animal produz mais calor do que seu corpo consegue dissipar, ou
seja, um fator de resposta fisiológica não específica em relação ao ambiente térmico
(FOURNEL; OUELLET; CHARBONNEAU, 2017; LIU et al., 2019). Islam et al. (2020)
definiram que o ET ocorre através da soma de forças externas que agem sobre as condições
fisiológicas do animal, resultando em aumento da temperatura corporal. Esse aumento ativa
uma resposta fisiológica, causando desequilíbrio entre a produção de calor metabólico (corpo)
e sua dissipação para o meio externo (ambiente).
O ET ambiental é o tipo mais comum experimentado pelos BL. O mesmo ocorre quando
o ambiente ao qual o animal está sendo submetido é muito quente e úmido, impedindo a
dissipação efetiva do calor corporal, principalmente durante a fase do cio (fêmeas). Isso pode
acontecer em ambientes internos ou externos (RICCI; ORSI; DOMINGUES, 2013).
4. INDICADORES FISIOLÍGICOS
Falar em produção leiteira significa pensar em BEA. O setor da pecuária de leite ainda
carece de métodos de medição mais precisos, menos invasivos aos animais e, ao mesmo tempo,
menos dispendiosos aos produtores de leite (NEETHIRAJAN, 2020).
Vizzotto et al. (2015) em seus estudos com BL confinados e não confinados durante a
estação do verão em regiões tropicais apresentaram, respectivamente, frequências cardíacas
médias de 84, e 90,3 batidas por minuto. Já para Rejeb et al. (2016) que avaliaram BL criados
sob confinamento em clima mediterrâneo/árido (Tunísia) os valores foram significativamente
diferentes, sendo 78,1 (verão) e 62,0 (inverno). Fica evidente que é necessário conhecer as
condições do ambiente, microclima e forma de criação (confinamento ou pasto), uma vez que
os requisitos para a homeostase dos BL dependem de múltiplos fatores (SHU et al., 2021).
Entre as principais medições realizadas para aferir a temperatura corporal central estão
as temperaturas: retal, vaginal, subcutânea, ruminal, do retículo, do tímpano e superfície
corporal. Além da medição, é importante verificar se a metodologia utilizada pode ocasionar
danos ou estresse físico adicionais aos BL (DAVISON et al., 2020).
As pesquisas de Burfeind et al. (2012) e Burdick et al. (2012) concluíram que além do
estresse adicional, a aferição da temperatura vaginal pode aumentar os riscos de contaminação
por infecção e irritação, resultando em modificações na tensão do cio e no estado de prenhez
dos BL. A medição da temperatura vaginal pode ocasionar, ainda, maior estresse ao animal,
causando variações dos resultados, pois o sucesso depende quase exclusivamente da habilidade
do responsável pela medição (MADER; JOHNSON; GAUGHAN, 2010).
Para Chung et al. (2020) a temperatura subcutânea também pode ser utilizada para
avaliar o ET, devido ao fato dos organismos dos BL (homeotérmicos) conduzirem mais sangue
nas partes periféricas do corpo em situações de desconforto térmico. Entretanto, este tipo de
método também é considerado como invasivo, pois na maioria dos casos, são necessárias
cirurgias de implante para a colocação de transmissores (REID et al., 2012). Além disso, a falta
7. TEMPERATURA DO PELAME
A medição da temperatura do pelame pode ser utilizada para aferir o ET em BL. Tal
medição é definida a partir de uma fórmula que considera as temperaturas da cabeça, do dorso,
da canela e do úbere do animal (PINHEIRO et al., 2005).
Segundo Shu et al. (2021) a aferição da temperatura do leite tem sido um parâmetro
utilizado como método potencial para determinação do ET, principalmente com a evolução e
aplicação de sistemas de ordenha automática. Quando atrelada a temperatura do pelame, a
temperatura do leite também é um importante parâmetro para aferir a evolução temperatura
corporal de BL (NABENISHI et al., 2011; LEE et al., 2015).
Além da temperatura do leite ser uma prática mais precisa de ser monitorada, apresenta
ainda a praticidade do método, mas há de se considerar que a medição só pode ser utilizada em
BL em período de lactação (LEE et al., 2015).
O ET foi comprovado por Islam et al. (2020) em temperaturas entre 29ºC e 32ºC e
podendo chegar até 37ºC, a temperatura natural da pele. O estresse foi desencadeado devido
aos mecanismos de ação se apresentarem menos eficientes diante dessas temperaturas,
resultando em menores taxas de dissipação do calor evaporativo.
Atualmente, o ITU pode ser calculado utilizando a temperatura de bulbo seco (°C), a
temperatura do bulbo úmido (°C) e a umidade relativa do ar (%) (LEGRAND; SCHÜTZ;
TUCKER, 2011). Por outro lado, também é possível determinar o ITU através da temperatura
corporal (°C), a temperatura ambiente (°C) e a umidade relativa do ar (%) (PERETTI et al.,
2010). A soma destas três variáveis permite a avaliar o grau do ET, e quais as consequências
para a saúde e o BEA (LIU et al., 2019).
Para West, Mullinix e Bernard (2003) quando a temperatura do leite atinge 39°, o ITU
está em72. Para os autores, este é o ponto em que começam a aparecer os sintomas do ET, tais
como o menor consumo de ração e as variações negativas na produção diária de leite.
Outra pesquisa mostrou que os valores de ITU em estações como a primavera e o verão
podem atingir o índice de 72, limiar para o animal desenvolver o ET, resultando na queda da
produção. Tal pesquisa ainda comprovou que durante estações mais amenas, como outono e
primavera, os valores de ITU chegavam próximos ao limite de 72 (GANTNER et al., 2011).
Para Liu et al. (2019), uma mudança na série de entrada pode não ter um efeito imediato
(RC) na série de entrada. Neste caso, a mudança resulta numa resposta defasada em relação a
série de saída, fazendo com que o sistema alcance um equilíbrio. A relação da correlação entre
as séries de entrada e saída é conhecida como correlação cruzada.
A RC, portanto, pode revelar a relação entre a produção de leite e o ET em BL. Para
mitigar a perda de leite devido ao ET, é recomendado implementar medidas de manejo
adequadas, como melhorar a ventilação e sombreamento nas instalações, fornecer água fresca
e em quantidade suficiente, ajustar a nutrição dos animais e otimizar os horários de ordenha
para evitar os períodos de maior ET. Além disso, é importante monitorar regularmente os
indicadores de ET e a produção de leite para identificar os momentos críticos e adotar ações
preventivas ou corretivas de forma proativa. Fato é que a RC é uma ferramenta fundamental,
que se aplicada com técnicas estatísticas (inteligência artificial) pode resultar em grandes
avanços no combate ao ET em BL submetidos a alta produção.
O ponto chave é que os produtores compreendam que não é simplesmente uma questão
de determinar se o ET está ou não ocorrendo, mas sim, propor ferramentas para que os mesmos
possam saber o momento de agir para evitar as quedas na produção e garantir as melhores
condições para que seus animais produzam de forma confortável, garantido um produto de
qualidade e em volume adequado.
Por fim, é importante salientar que pesquisadores e produtores precisam ter consciência
e dar importância a mensuração das metodologias não invasivas para o acompanhamentos do
ET. O uso das metodologias que não provocam nenhum tipo de estresse ou dano aos animais,
podem ser empregadas com sucesso no emprego da RC como ferramenta para combate ao ET.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G. L. P. de. et al. Investimento em climatização na pré-ordenha de vacas girolando
e seus efeitos na produção de leite. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,
Campina Grande, v. 14, p. 1337–1344, dez. 2010. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1415-43662010001200013. Acessado em: Jul. 2023.
AMMER, S. et al. Impact of diet composition and temperature-humidity index on water and
dry matter intake of high-yielding dairy cows. Journal of Animal Physiology and Animal
Nutrition, China, v. 102, n. 1, p. 103–113, fev. 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.1111/jpn.12664. Acessado em: Jul. 2023.