Você está na página 1de 307

Editora Chefe

Patrícia Gonçalves de Freitas


Editor
2023 by Editora e-Publicar Roger Goulart Mello
Copyright © Editora e-Publicar Diagramação
Copyright do Texto © 2023 Os autores Patrícia Gonçalves de Freitas
Copyright da Edição © 2023 Editora e-Publicar Roger Goulart Mello
Direitos para esta edição cedidos Projeto gráfico e edição de arte
à Editora e-Publicar pelos autores Patrícia Gonçalves de Freitas

Revisão
Os Autores

Open access publication by Editora e-Publicar

CIÊNCIAS AGRÁRIAS: DEBATES HISTÓRICOS, EMERGENTES E


CONTEMPORÂNEOS, VOLUME 1.

Todo o conteúdo dos capítulos desta obra, dados, informações e correções são de
responsabilidade exclusiva dos autores. O download e compartilhamento da obra são
permitidos desde que os créditos sejam devidamente atribuídos aos autores. É vedada a
realização de alterações na obra, assim como sua utilização para fins comerciais.
A Editora e-Publicar não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços
convencionais ou eletrônicos citados nesta obra.

Conselho Editorial

Adilson Tadeu Basquerote Silva – Universidade Federal de Santa Catarina


Alessandra Dale Giacomin Terra – Universidade Federal Fluminense
Andréa Cristina Marques de Araújo – Universidade Fernando Pessoa
Andrelize Schabo Ferreira de Assis – Universidade Federal de Rondônia
Bianca Gabriely Ferreira Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Cristiana Barcelos da Silva – Universidade do Estado de Minas Gerais
Cristiane Elisa Ribas Batista – Universidade Federal de Santa Catarina
Daniel Ordane da Costa Vale – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Danyelle Andrade Mota – Universidade Tiradentes
Dayanne Tomaz Casimiro da Silva - Universidade Federal de Pernambuco
Deivid Alex dos Santos - Universidade Estadual de Londrina
Diogo Luiz Lima Augusto – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Edilene Dias Santos - Universidade Federal de Campina Grande
Edwaldo Costa – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Elis Regina Barbosa Angelo – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Érica de Melo Azevedo - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de
Janeiro
Ernane Rosa Martins - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás
Ezequiel Martins Ferreira – Universidade Federal de Goiás
Fábio Pereira Cerdera – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Francisco Oricelio da Silva Brindeiro – Universidade Estadual do Ceará
Glaucio Martins da Silva Bandeira – Universidade Federal Fluminense
Helio Fernando Lobo Nogueira da Gama - Universidade Estadual De Santa Cruz
Inaldo Kley do Nascimento Moraes – Universidade CEUMA
Jaisa Klauss - Instituto de Ensino Superior e Formação Avançada de Vitória
Jesus Rodrigues Lemos - Universidade Federal do Delta do Parnaíba
João Paulo Hergesel - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Jose Henrique de Lacerda Furtado – Instituto Federal do Rio de Janeiro
Jordany Gomes da Silva – Universidade Federal de Pernambuco
Jucilene Oliveira de Sousa – Universidade Estadual de Campinas
Luana Lima Guimarães – Universidade Federal do Ceará
Luma Mirely de Souza Brandão – Universidade Tiradentes
Marcos Pereira dos Santos - Faculdade Eugênio Gomes
Mateus Dias Antunes – Universidade de São Paulo
Milson dos Santos Barbosa – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
- IFPB
Naiola Paiva de Miranda - Universidade Federal do Ceará
Rafael Leal da Silva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rodrigo Lema Del Rio Martins - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Willian Douglas Guilherme - Universidade Federal do Tocantins

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

C569

Ciências agrárias: debates históricos, emergentes e


contemporâneos - Volume 1 / Organizadores Edilene Dias
Santos, Roger Goulart Mello. – Rio de Janeiro: e-Publicar,
2023.

Livro em Adobe PDF


ISBN 978-65-5364-230-0
Inclui Bibliografia

1. Ciências agrárias. I. Santos, Edilene Dias (Organizadora).


II. Mello, Roger Goulart (Organizador). III. Título.

CDD 630

Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166

Editora e-Publicar
Rio de Janeiro, Brasil
contato@editorapublicar.com.br
www.editorapublicar.com.br
2023
Apresentação

É com grande satisfação que a Editora e-Publicar apresenta a obra intitulada


“Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e Contemporâneos, Volume 1”. Neste
livro engajados pesquisadores contribuíram com suas pesquisas. Esta obra é composta por
capítulos que abordam múltiplos temas da área.

Desejamos a todos uma excelente leitura!

Editora e-Publicar
Sumário
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................... 13
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
Rhaphiodon echinus CONTRA CEPAS DE Candida Albicans .............................................. 13
Maria de Fátima Vieira Alves
Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho

CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................... 20
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
Rhaphiodon echinus CONTRA CEPAS DO GÊNERO Candida Tropicalis .......................... 20
Maria de Fátima Vieira Alves
Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho

CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................... 28
IMPORTÂNCIA DA PASTAGEM BRS-ZURI (Panicum maximum) NA PECUÁRIA
LEITEIRA E DE CORTE ........................................................................................................ 28
Joyceara Rocha
Caroline Rack Vier

CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................... 35
BIOFERTILIZANTE NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CAPIM PIATÃ E NOS
ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO .................................................................................... 35
DOI 10.47402/ed.ep.c231144300 Alana Dias de Souza
Alessandra Mayumi Tokura Alovisi
Willian Isao Tokura
Priscila Marques Kai
João Augusto Machado da Silva
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................... 54
MANEJO DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DE SOJA COM FERTILIZANTE
ORGANOMINERAL............................................................................................................... 54
DOI 10.47402/ed.ep.c231155300 Erich dos Reis Duarte
Matheus Hashimoto da silva
Eduardo Almeida Costa
Aline Vanessa Sauer
Camila Ferreira Miyashiro

CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................... 61
EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
(Phakopsora pachyrhizi) NA CULTURA DE SOJA .............................................................. 61
DOI 10.47402/ed.ep.c231166300 Erich dos Reis Duarte
Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida Costa
Marcos Yassuhiro Inoue
Aline Vanessa Sauer

CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................... 77
ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL ..... 77
DOI 10.47402/ed.ep.c231177300 Francisco de Assis Gomes Junior
Meydison Renan Cardoso Mascarenhas
Bruno Laecio da Silva Pereira
José da Silva Cerqueira Neto
Marlei Rosa dos Santos
Clarice Souza Moura
Ariadna Faria Vieira
Fabrício Custódio de Moura Gonçalves

CAPÍTULO 8 ........................................................................................................................... 87
IMPLANTAÇÃO E MANEJO INICIAL DE SISTEMAS SILVIPASTORÍS (SSPs) EM
PROPRIEDADES RURAIS FAMILIARES NO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 87
DOI 10.47402/ed.ep.c231188300 Jean Lucas Poppe
Joney Cristian Braun
Gilmar Francisco Vione
Alexandre Hüller
Cassiana Maria Marin Krebs
Ezequiel Perini Pavelacki

CAPÍTULO 9 ......................................................................................................................... 100


BIOSSÓLIDO: TRATAMENTOS E SUA INFLUÊNCIA NOS TEORES DE NUTRIENTES
PARA USO AGRÍCOLA....................................................................................................... 100
DOI 10.47402/ed.ep.c231199300 Karen Andreon Viçosi
Geovanni Andreon Viçosi
Giovanni de Oliveira Garcia
CAPÍTULO 10 ....................................................................................................................... 118
MORFOMETRIA DE FRUTOS E SEMENTES DE (LICANIA RIGIDA BENTH.) -
CHRYSOBALANACEAE ........................................................................................................ 118
DOI 10.47402/ed.ep.c2312010300 Maria do Socorro de Caldas Pinto
Danilo Dantas da Silva
Rayane Nunes Gomes
Kelina Bernardo Silva
Wiaslan Figueiredo Martins
Marília Gabriela Caldas Pinto
Luciano Campos Targino
Dannuta Luíza Cavalcanti de Caldas Pinto

CAPÍTULO 11 ....................................................................................................................... 127


BIOCONVERSÃO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS EM FARINHA DE INSETOS
PARA A NUTRIÇÃO ANIMAL: UMA POSSIBILIDADE A PARTIR DO USO DA BORRA
DE CAFÉ NA PRODUÇÃO DE Tenebrio Molitor............................................................... 127
Andressa Pelizari
Rodrigo Borille
Caren Paludo Ghedini
Tatiana Emanuelli
Camila Sant'Anna Monteiro
Rafael Lazzari

CAPÍTULO 12 ....................................................................................................................... 140


ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA DA PRODUÇÃO DE BANANA (Musa Spp.) NO
MUNICÍPIO DE PRESIDENTE DUTRA-MA ..................................................................... 140
DOI 10.47402/ed.ep.c2312212300 Adeval Alexandre Cavalcante Neto
Antonio Paiva Silva Filho
Antonia Rayssa Freitas dos Santos
Raabe Freitas dos Santos
Thiago Coelho Silveira

CAPÍTULO 13 ....................................................................................................................... 150


CLASSIFICAÇÃO PLUVIOMÉTRICA PARA OS MUNICÍPIOS ARAGUAÍNA E
PALMAS UTILIZANDO A TÉCNICA DOS QUANTIS .................................................... 150
DOI 10.47402/ed.ep.c2312313300 Oriana Livia Araújo Queiroz
Francisco de Assis Gomes Junior
Miguel Julio Machado Guimarães
Clarice Souza Moura
Ariadna Faria Vieira

CAPÍTULO 14 ....................................................................................................................... 171


PRECIPITAÇÃO, TEMPERATURA DO AR E UMIDADE RELATIVA NA
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS NO ESTADO DO MARANHÃO. ........................ 171
DOI 10.47402/ed.ep.c2312414300 Brenno Lawdropy Dedes Guimaraes
Francisco de Assis Gomes Junior
Ariadna Faria Vieira
Clarice Sousa Moura
CAPÍTULO 15 ....................................................................................................................... 187
ESTRATÉGIAS PARA SUPERAÇÃO DE DESAFIOS PARA INOVAÇÃO DO
PORTFÓLIO TEMÁTICO DE UMA EMPRESA PÚBLICA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA................................................................................................................. 187
DOI 10.47402/ed.ep.c2312515300 Ricardo Borghesi
Leandro Kanamaru Franco de Lima
Alexandre Barreto de Almeida

CAPÍTULO 16 ....................................................................................................................... 205


EPIGENÉTICA NO ESTRESSE ABIÓTICO VEGETAL ................................................... 205
DOI 10.47402/ed.ep.c2312616300 Kaoany Ferreira da Silva
Loren Cristina Vasconcelos
Aline dos Santos Bergamin
Jéssika Santos de Oliveira
Milene Miranda Praça Fontes

CAPÍTULO 17 ....................................................................................................................... 221


IMPACTO FISIOLÓGICO DE ESTRESSES AMBIENTAIS – INVESTIGAÇÃO E EFEITOS
RELATADOS NA LITERATURA ....................................................................................... 221
DOI 10.47402/ed.ep.c2312717300 Kaoany Ferreira da Silva
Loren Cristina Vasconcelos
Mayla Bessa Scotá
Gustavo Fernandes Mariano
Elias Terra Werner
Milene Miranda Praça Fontes

CAPÍTULO 18 ....................................................................................................................... 236


AÇÃO FITOTOXICOLÓGICA DO EXTRATO AQUOSO DE GENÓTIPOS DE Psidium
cattleyanum SABINE COM CONTEÚDO DE DNA CONTRASTANTES ......................... 236
DOI 10.47402/ed.ep.c2312818300 Larissa Carolina Lopes de Jesus
Isabelly da Silva Izidio
Lara Aparecida Nazareth Radael
Loren Cristina Vasconcelos
Thammyres de Assis Alves
Milene Miranda Praça Fontes

CAPÍTULO 19 ....................................................................................................................... 253


AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
Rhaphiodon echinus CONTRA CEPAS DO GÊNERO Candida Krusei .............................. 253
Maria de Fátima Vieira Alves
Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho
CAPÍTULO 20 ....................................................................................................................... 260
OS PROGRAMAS DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
COMO ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO SOCIAL ............................................................... 260
DOI 10.47402/ed.ep.c2313020300 Josileide Carmem Belo Gomes
Glicerinaldo de Sousa Gomes
Marcos Barros de Medeiros

CAPÍTULO 21 ....................................................................................................................... 271


EFEITO DO TOURO SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE FÊMEAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO............................... 271
DOI 10.47402/ed.ep.c2313121300 Mary Ana Petersen Rodriguez
Coralline Barbosa da Silva
Jairo Azevedo Júnior
Kristh Jacyara Pereira Dias
José Reinado Mendes Ruas
Maria Dulcinéia da Costa

CAPÍTULO 22 ....................................................................................................................... 278


FATORES INFLUENCIANDO A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE VACAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO COM REPASSE DE
TOURO .................................................................................................................................. 278
DOI 10.47402/ed.ep.c2313222300 Mary Ana Petersen Rodriguez
Breno Vitor Barbosa Santos
Kristh Jacyara Pereira Dias
Jairo Azevedo Júnior
Coralline Barbosa da Silva
José Reinado Mendes Ruas
Maria Dulcinéia da Costa

CAPÍTULO 23 ....................................................................................................................... 284


A DETERMINAÇÃO DA “RESPOSTA CURTA” PODE AJUDAR A MITIGAR OS
EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO LEITEIRA? .............................. 284
DOI 10.47402/ed.ep.c2313323300 Túllio Alexandre Mustafé da Cruz
Andressa Santanna Natel
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE
ETILA DA RHAPHIODON ECHINUS CONTRA CEPAS DE CANDIDA ALBICANS

Maria de Fátima Vieira Alves


Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho

RESUMO
A candidíase é uma doença comumente diagnosticada na cavidade bucal de pacientes usuários de prótese total.
Para seu tratamento são utilizados diversos agentes antifúngicos, porém as limitações terapêuticas, baixa eficácia
e a elevada toxicidade são fatores importantes para a busca por uma alternativa viável para o tratamento dessa
infecção. As pesquisas com plantas medicinais têm sido promissoras por apresentarem substâncias bioativas
capazes de inibir o crescimento ou causar a mortalidade de microrganismos. Sendo assim, o trabalho teve como
objetivo investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da Rhaphiodon echinus sobre cepas de
Candida Albicans. Foram utilizadas cepas de Candida albicans previamente isoladas onde foram mantidas em
ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas
em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado
de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato
de Raphiodon echinus da fase acetato de etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo. Obteve-se
uma CIM variando entre 512 μg/mL a 1024 μg/mL, considerado um efeito antifúngico forte, portanto o produto
apresentou alta efetividade para inibir o crescimento fúngico. Desta forma, sugere-se que este composto pode ser
utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, sobretudo no que
diz respeito a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.

PALAVRAS-CHAVE: Candidíase; Efeito Antifúngico; Odontologia; Plantas Medicinais.

1. INTRODUÇÃO

Cerca de 700 espécies de micro-organismos coabitam de forma harmônica a cavidade


bucal dos seres humanos. Dentro desta complexa comunidade microbiana encontra-se o gênero
Candida spp. Quando ocorre um desequilíbrio nessa relação, a Candida, que antes era
comensal, passa a ser um patógeno oportunista dando origem a chamada candidíase bucal,
doença comumente encontrada na rotina odontológica principalmente de indivíduos portadores
de prótese total (MCLNTYRE, 2001; PASTER et al., 2006).

A candidíase é umas das principais infecções da cavidade bucal e uma das causas do
aumento de mortalidade, morbidade e tempo nas internações hospitalares em Unidade de
Terapia Intensiva, uma vez que esses pacientes normalmente são submetidos a tratamentos
imunossupressores. Além disso, a higiene bucal inadequada desses pacientes faz com que haja

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 13


Contemporâneos, Volume 1.
o aumento da proliferação desses microrganismos oportunistas, afetando a sua recuperação
(PIRES et al., 2011).

Os principais fármacos utilizados no tratamento da candidíase são antifúngicos de uso


local e sistêmico dos grupos azóis como o fluconazol e os polienos como a nistatina, porém o
aumento da resistência devido ao uso indiscriminado, a baixa eficácia, o alto custo e a elevada
toxicidade são fatores importantes para a busca por uma nova alternativa para o tratamento
dessa infecção. Diante disso, o uso dos produtos naturais tem sido uma opção como substituto
das terapias convencionais (GUIDO; OLIVA; ANDRICOPULO, 2008; NIIMI; FIRTH;
CANNON, 2010).

Atualmente a Fitoterapia é bastante aplicada com finalidades de prevenção e tratamento


de diversas doenças. Diante deste contexto o conhecimento popular tem orientado os estudiosos
na busca por novas substâncias com atividade farmacológicas, a exemplo da Rhaphiodon
echinus, pertencente à família lamiaceae, única planta que representa o gênero Raphiodon,
típica da caatinga , ela é conhecida popularmente como flor de urubu ou betônica sendo
amplamente usada no tratamento de infecções do trato urinário e cavidade bucal (MENEZES
et al., 1998; MACHADO et al., 2003; ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007; TORRES et
al., 2009).

Sendo assim, é de fundamental importância a investigação sobre a atividade terapêutica


dos produtos naturais a fim de que possam ser utilizadas de forma adequada, com as corretas
indicações, posologia e via de administração para serem administradas com baixa toxicidade,
efeitos colaterais mínimos, alta biodisponibilidade e eficácia. Com base nessas informações
este trabalho objetivou-se investigar a atividade antifúngica da fase acetato de etila da
Rhaphiodon echinus sobre cepas de Candida albicans.

2. METODOLOGIA

Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).

2.1 Micro-organismos

Foram utilizadas quatro cepas de Candida albicans (ATCC 76645, LM 106, LM 108 e
LM 111), previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de
Micologia do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal da Paraíba, sob a direção da Profª. Drª Edeltrudes de Oliveira Lima.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 14


Contemporâneos, Volume 1.
2.2 Meios de Cultura

Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35 °C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1 -
5x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).

Foram utilizados os meios ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos microrganismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA) para
os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.

2.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

A Concentração inibitória mínima do extrato de Raphiodon echinus da fase acetato de


etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo (CLEELAND; SQUIRES, 1991;
HADACEK; GREGER, 2000). Foram utilizadas placas de 96 orifícios estéreis e com tampa.
Em cada orifício da placa, foram adicionados 100 μL do meio líquido caldo Sabouraud dextrose
duplamente concentrado. Em seguida, 100 μL do extrato na concentração inicial de 2048 μg/mL
(também duplamente concentrado), foram dispensados nas cavidades da primeira linha da
placa. E por meio de uma diluição seriada em razão de dois, foram obtidas as concentrações de
1024 a 4 μg/mL, de modo que na primeira linha da placa encontra-se a maior concentração e
na última, a menor concentração. Por fim, foi adicionado 10 μL do inóculo de aproximadamente
1-5 x 106 UFC/mL da espécie fúngica nas cavidades, onde cada coluna da placa referiu-se a
uma cepa fúngica, especificamente. As placas foram assepticamente fechadas e incubadas a
35°C por 24 - 48 horas para ser realizada a leitura. A CIM (concentração inibitória mínima)
para o extrato é definida como a menor concentração capaz de inibir visualmente o crescimento
fúngico verificado nos orifícios quando comparado com o crescimento controle. Os
experimentos foram realizados em duplicata.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e
diversas cepas fúngicas (CLEELAND; SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998). A partir dessa

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 15


Contemporâneos, Volume 1.
metodologia obteve-se os seguintes resultados, valores da CIM variando entre 1024 a 512
μg/mL para as cepas de Candida albicans (Tabela 1).

Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus contra
cepas de Candida albicans.
CEPA FÚNGICA CIM
Candida albicans
ATCC 76645 1024 μg/mL
LM 106 512 μg/mL
LM 108 512 μg/mL
LM 111 512 μg/mL
Legenda: (-) = Sem atividade
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Sartoratto et al. (2004) sugerem que uma atividade antimicrobiana é classificada como
forte quando possuem CIM de até 500 µg/mL, moderada para MIC de 600 a 1500 µg/mL e
fraca para CIM acima de 1500 µg/mL. No presente estudo, de acordo com os resultados da fase
acetato de etila de Raphiodon echinus, podem ser considerados fortes inibidores frente às cepas
Candida Albicans.

Estes dados estão de acordo com outros estudos onde os autores analisaram a capacidade
antifúngica do extrato hidroalcólico de Mentha arvensis, pertencente à família Lamiaceae,
contra cepas de Candida albicans realizando três ensaios com métodos diferentes (métodos de
difusão em ágar, macro e microdiluição em caldo). O autor em questão concluiu que o extrato
de Mentha arvensis foi capaz de inibir o crescimento das cepas fúngicas de Candida albicans
(LUND et al., 2012).

Dados da literatura apontam que o extrato de plantas medicinais como a Pogostemon


heyneanus pertencente à família Lamiaceae podem ser uma alternativa promissora no
tratamento da estomatite associada à prótese por apresentarem ação antifúngica, sendo
utilizados principalmente na descontaminação de próteses dentárias. Porém são necessários
mais estudos a respeito da toxicidade (BALLIANA, 2012).

Duarte et al. (2016), por outro lado, testaram as propriedades moduladoras do óleo
essencial de R. echinus quando associado a antimicrobianos, contra cepas fúngicas de C.
albicans, C. krusei, C. tropicalis e cepas bacterianas de E. coli, S. aureus e Pseudomonas. No
estudo foi observada uma baixa atividade antifúngica e antibacteriana do óleo essencial, mas
um forte efeito modulador quando associado aos antimicrobianos. Segundo os pesquisadores,
o óleo essencial também apresenta uma forte atividade quelante de ferro.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 16


Contemporâneos, Volume 1.
Costa et al. (2017) verificaram o potencial antifúngico dos extratos de R. echinus contra
cepas de diferentes espécies de Candida e observaram o efeito modulador destes extratos
quando associados a antifúngicos sintéticos.

Pio et al. (2018) realizaram um levantamento sobre os conhecimentos e usos de plantas


medicinais dos habitantes das ilhas do rio São Francisco. R. echinus apresentou-se como a
planta cujos efeitos e propriedades eram mais conhecidos e usados corretamente pela
população. No mesmo estudo foram avaliados os efeitos antimicrobianos dos extratos aquoso
e etanólico de R. echinus por meio da técnica de microdiluição, contra cepas bacterianas. Foi
possível observar que o extrato aquoso não apresentou efeito desejável sobre as cepas
bacterianas, entretanto o extrato etanólico de R. echinus apresentou efeito moderado. A fração
acetato de etila do extrato etanólico, apresentou forte potencial antibacteriano sobre as cepas
estudadas.

Corroborando com o estudo de Pio et al. (2018), a presente pesquisa demonstrou, a


partir da fase acetato de etila, uma boa atividade antifúngica, uma vez que segundo os resultados
obtidos representou forte efeito contra as cepas de C. Albicans conforme discorre Satoratto et
al. (2004).

Em um estudo realizado por Ferreira et al. (2019), por meio de uma comparação da
atividade antifúngica do extrato aquoso e do extrato etanólico de Rhaphiodon echinus
(lamiaceae) contra cepas Candida tropicalis observou-se que CIM50% do extrato aquoso e
etanólico de Rhaphiodon echinus contra as cepas de Candida topicalis foi de 512 μg/mL.
Concluiu-se que os extratos de Rhaphiodon echinus são eficazes contra as cepas de C.
tropicalis.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, com base nos resultados obtidos pode-se perceber que a fase acetato de etila
de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte efeito antifúngico contra cepas de C.
Albicans. Desta forma, sugere-se que este composto pode ser utilizado como uma alternativa
terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, sobretudo no que diz respeito
a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, S. F.; CARDOSO, L. G. V.; BASTOS, J. K. Anti-inflammatory and


antinociceptive activities of extract, fractions and populnoic acid from bark wood of

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 17


Contemporâneos, Volume 1.
Austroplenckia populnea. J Ethnopharmacol, v.109, n. 3, p. 464-471, 2007. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17055677/. Acessado em: Dez. 2017.

BALLIANA, R. C. S. Avaliação da atividade antifúngica de extratos vegetais e


antissépticos bucais em Candida albicans. 2012. 82 f. Dissertação (Mestrado em Doenças
Infecciosas) - Programa de Pós-Graduação em Doenças Infecciosas, Universidade Federal do
Espírito Santo, Vitória, 2012. Disponível em: http://repositorio.ufes.br/handle/10/4546.
Acessado em: Jun. 2022.

COSTA, A. R. et al. Rhaphiodon echinus (Nees; Mart.) Schauer: Chemical, toxicological


activity and increased antibiotic activity of antifungal drug activity and antibacterial. Microbial
Pathogenesis, v. 107, p. 280-286, jun. 2017. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28385578/. Acessado em: Dez. 2017.

CLEELAND, R.; SQUIRES, E. Evalution of new antimicrobials in vitro and in experimental


animal infections. In: LORIAN, V. M. D. Antibiotics in Laboratory Medicine. New York:
Willians e Wilkins, p. 739-788, 1991.

DUARTE, A. et al. Antimicrobial Activity and Modulatory Effect of Essential Oil from the
Leaf of Rhaphiodon echinus (Nees; Mart) Schauer on Some Antimicrobial Drugs. Molecules,
v. 21, n.6, p. 743, jun. 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27338314/.
Acessado em: Jan. 2018.

ELOFF, J. N. A sensitive and quick microplate method to determine the minimal inhibitory
concentration of plant extracts for bacteria. Planta Med.. 64(8);711-713, dez. 1998. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9933989/. Acessado em: Jan. 2018.

GUIDO, R. V. C.; OLIVA, G.; ANDRICOPULO, A.D. Virtual screening and its integration
with modern drug design technologies. Curr Med Chem, v. 15, n. 1, p. 37-46, 2008. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18220761/. Acessado em: Fev. 2018.

HADACEK F.; GREGER H. Testing of antifungal natural products: methodologies,


comparatibility of results and assay choice. Phytochemical Analyses,11; 137-147, abr. 2000.
Disponível em:
https://analyticalsciencejournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/(SICI)1099-
1565(200005/06)11:3%3C137::AID-PCA514%3E3.0.CO;2-I. Acessado em: Dez. 2017.

LUND RG. et al. In vitro study on the antimicrobial effect of hydroalcoholic extracts from
Mentha arvensis L. (Lamiaceae) against oral pathogens. Acta Scientiarum. Biological
Sciences, Maringá, 34(4): 437-442, out-dez 2012. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/biblio-859615?src=similardocs. Acessado em:
Jan. 2018.

MACHADO, T. B. et al. In vitro activity of Brasilian medicinal plants, naturally ocorring


naphthoquinones and their analougues, against methicilin-resistant Staphylococcus aureus. Int
J Antimicrob Agents, v. 21, p. 279-284, mar. 2003. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12636992/. Acessado em: Nov. 2017.

MENEZES, F.S. et al. Phytochemical and pharmacological studies on Raphiodon echinus.


Fitoterapia, v. 69, n.5, p. 459-460, 1998. Disponível em:
http://pascal-francis.inist.fr/vibad/index.php?action=getRecordDetail&idt=1621827. Acessado
em: Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 18


Contemporâneos, Volume 1.
MCLNTYRE, G. Oral candidosis. Dent. Update, v. 28, p. 132-9, mai. 2001. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/11540061_Oral_Candidosis. Acessado em: Dez.
2017.

NIIMI, M.; FIRTH, N. A.; CANNON, R. D. Antifungal drug resistance of oral fungi.
Odontology, v. 98, p. 15-25, fev. 2010. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20155503/. Acessado em: Jan. 2018.

PASTER, B. J. et al. The breadth of the bacterial diversity in the human periodontal pocket and
other oral sites. Periodontol 2000, v. 42, p. 80-87, 2006. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16930307/. Acessado em: Out. 2017.

PIRES, J. R. et al. Espécies de Candida e a condição bucal de pacientes internados em unidade


de terapia intensiva. Rev. APCD, v. 65, n.5, p. 332-337, set-ago 2011. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-620674. Acessado em: Jan. 2018.

SARTORATTO, A. et al. Composition and antimicrobial activity of essential oils from


aromatic plants used in Brazil. Braz. J. of Microbiol, 35(4): 275-280, dez. 2004. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/bjm/a/jCnKGdthXfczSBdb45WL4qP/?lang=en. Acessado em:
Out. 2017.

TORRES, M. C. M. et al. Chemical Composition of the Essential Oils of Raphiodon echinus


(Nees; Mart.) Schauer. J. Essent Oil Bearing. Plants, v. 12, n. 6, p. 674-677, mar. 2013.
Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0972060X.2009.10643773?journalCode=teop2
0. Acessado em: Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 19


Contemporâneos, Volume 1.
CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
RHAPHIODON ECHINUS CONTRA CEPAS DO GÊNERO CANDIDA TROPICALIS

Maria de Fátima Vieira Alves


Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho

RESUMO
Introdução: A candidíase constitui um espectro de infecções causadas por fungos do gênero Candida, como o C.
Tropicalis. Para seu tratamento são utilizados diversos agentes antifúngicos, porém as limitações terapêuticas,
baixa eficácia, e a elevada toxicidade são fatores importantes para a busca por uma alternativa viável para o
tratamento dessa infecção. Objetivo: Investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da
Rhaphiodon echinus sobre cepas de Candida Tropicalis. Metodologia: Foram utilizadas cepas de Candida
tropicalis previamente isoladas. Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma
temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado
um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da
escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato de Raphiodon echinus da fase acetato
de etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo. Resultados: obteve-se uma CIM variando entre
512 μg/mL a 1024 μg/mL, significando que seu efeito antifúngico foi forte, portanto este produto apresentou alta
efetividade para inibir o crescimento fúngico. Conclusão: Portanto, foi encontrado forte atividade antifúngica da
fase acetato de etila, o que pode sugerir seu uso para o combate de candidoses orais ou mesmo como agente de
higiene das próteses dentárias.

PALAVRAS-CHAVE: Candida Tropicalis; Atividade Antifúngica; Rhaphiodon Echinus.

1. INTRODUÇÃO

A cândida é um fungo oportunista encontrado na microbiota residente do ser humano.


Geralmente, a candidíase ocorre quando há um desequílibrio entre três fatores: a proteção do
hospdeiro, virulência do fungo e alterações locais (CORONADO-CASTELLOTE; JIMÉNEZ-
SORIANO, 2013). Quanto aos fatores predisponentes ao hospedeiro pode-se citar: depressão
no sistema imune, alterações metabólicas, antibioticoterapia prolongada, quimioterapia,
comprometimento da barreira cutânea ou mucosa, entre outros (PFALLER, 2007).

Dentre os fatores locais mais comuns, encontram-se: uso de próteses mal adaptadas, mal
higienizadas ou de uso contínuo, uso aparelhos ortodônticos, xerostomia, tabagismo, respiração
bucal e fatores mecânicos (JORGE, 1997; STRAMANDINOLI et al., 2010; TARCIN, 2011).
A estomatite protética é uma infecção comum em áreas subjacentes à prótese na maioria dos

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 20


Contemporâneos, Volume 1.
casos é assintomática. Entre os fatores locais associados estão à má adaptação, a má
higienização e o uso contínuo da prótese (GENDREAU; LOEWY, 2011).

Para o tratamento adequado da candidíase é necessária uma análise minuciosa da


história médica do paciente, pois além de auxíliar no diagnóstico, permite também a
identificação dos fatores predispontes, já que o diagnóstico correto e a remoção desses fatores
aumentam a chance de cura e reduz as recidivas. A escolha da droga é determinada por diversos
fatores que incluem história médica, gravidade, sintomas, etc. As principais classes de
antifúngicos utilizados para o tratamento das infecções fungícas são: polienos e os azóis
(TARCIN, 2011).

Tendo em vista a necessidade da busca por novas terapêuticas a pesquisa com plantas
medicinais tem sido promissora. As substâncias liberadas pelas plantas medicinais durante o
seu metabolismo secundário são conhecidas por atuarem diretamente ou indiretamente sobre as
diversas células do organismo humano. O aumento pelo interesse nas plantas medicinais tem
crescido e uso popular medicinal tem guiado as pesquisas ao encontro de novas substâncias
com propriedades terapêuticas. Como qualquer outro medicamento, necessita de estudos que
esclareçam informações a respeito da eficácia, dos seus efeitos adversos, de sua
biodisponibilidade, etc (CALIXTO, 2005; ARAÚJO et al., 2007).

Muitas espécies da família Lamiaceae, apresentam um grande número de metabólitos


secundários, sendo amplamente usados pela população devido suas propriedades terapêuticas.
Um representante da família Lamiaceae na Caatinga é o gênero Rhaphiodon, constituído de
uma única espécie, a Raphiodon echinus conhecida popularmente como “flor de urubu” é
comumente encontada na vegetação da caatinga nos estados do Nordeste brasileiro. É uma erva
com flores roxas e folhas longas de cabeça esférica. Na medicina popular a infusão das folhas
de Raphidon echinus são utilizadas para diversos fins terapêuticos como no tratamento da tosse,
inflamação da cavidade bucal, infecções no trato geniturinário. Estudos mostraram que o R.
echinus apresenta atividades antimicrobiana, antiinflamatória e analgésica e que suas
propriedades podem ser atribuidas a sua atividade antioxidante (MENEZES et al., 1998;
TORRES et al., 2009).

Diante da elevada frequência das candidoses orais objetivou-se avaliar in vitro a


atividade antifúngica da fase acetato de etila da Raphidon echinusis contra cepas de C.
Tropicalis.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 21


Contemporâneos, Volume 1.
2. METODOLOGIA

Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).

2.1 Espécie Bacteriana

Foram utilizadas quatro cepas de Candida tropicalis (ATCC 76645, LM 106, LM 108
e LM 111), previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de
Micologia do Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde,
Universidade Federal da Paraíba, sob a direção da Profª. Drª Edeltrudes de Oliveira Lima.

2.2 Meio de Cultura

Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35°C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5
x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).

Foram utilizados os meios ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos microrganismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA) para
os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.

2.3 Determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM)

A Concentração inibitória mínima do extrato de Raphiodon echinus da fase acetato de


etila foi determinada pela técnica de microdiluição em caldo (CLEELAND; SQUIRES, 1991;
HADACEK; GREGER, 2000). Foram utilizadas placas de 96 orifícios estéreis e com tampa.
Em cada orifício da placa, foram adicionados 100 μL do meio líquido caldo Sabouraud dextrose
duplamente concentrado. Em seguida, 100 μL do extrato na concentração inicial de 2048 μg/mL
(também duplamente concentrado), foram dispensados nas cavidades da primeira linha da
placa. E por meio de uma diluição seriada em razão de dois, foram obtidas as concentrações de
1024 a 4 μg/mL, de modo que na primeira linha da placa encontra-se a maior concentração e
na última, a menor concentração. Por fim, foi adicionado 10 μL do inóculo de aproximadamente
1-5 x 106 UFC/mL da espécie fúngica nas cavidades, onde cada coluna da placa referiu-se a
uma cepa fúngica, especificamente. As placas foram assepticamente fechadas e incubadas a
35°C por 24 - 48 horas para ser realizada a leitura. A CIM (concentração inibitória mínima)

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 22


Contemporâneos, Volume 1.
para o extrato é definida como a menor concentração capaz de inibir visualmente o crescimento
fúngico verificado nos orifícios quando comparado com o crescimento controle. Os
experimentos foram realizados em duplicata.

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e
diversas cepas fúngicas (CLEELAND; SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998). A partir dessa
metodologia foram obtidos os seguintes resultados, valores da CIM variando entre 1024 a 512
μg/mL para as cepas de Candida albicans (tabela 2) e Candida tropicalis (tabela- 2), e para a
Candida krusei variaram entre 1024 a 256 μg/mL, sendo que a CIM 50% foi de 512 μg/mL para
todas as cepas estudadas apresentando segundo as tabelas forte atividade atifungíca.

Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus
contra cepas de Candida tropicalis.
CEPA FÚNGICA: Candida tropicalis Rhaphiodon echinus: CIM

ATCC 13803 1024 μg/mL


LM 14 512 μg/mL
LM 31 512 μg/mL
LM 36 512 μg/mL
(-) = Sem atividade
Fonte: Dados da Pesquisa (2023).

Segundo Sartoratto et al. (2004), produtos com CIM entre 50 e 500 µg/mL exibem forte
atividade antifúngica, entre 600 e 1500 µg/mL moderada atividade antifúngica, e acima de 1500
µg/mL fraca atividade antifúngica, o extrato das folhas de Rhaphiodon echinus contra cepas as
de Candida tropicalis apresentou uma CIM variando entre 1024 μg/mL a 512 μg/mL
demonstrando segundo esta classificação forte atividade antifúngica, para as cepas estudadas.

A fase acetato de etila de Rhaphiodon echinus demonstrou forte atividade antifúngica


sobre as cepas de Candida tropicalis visto que obtiveram CIM50 igual a 512 μg/mL em maior
parte das diluições.

Sabzghabaee et al. (2012), em um estudo randomizado com 80 pacientes portadores de


estomatite protética sobre a aplicação clínica de extratos vegetais no tratamento de candidíase
bucal concluiu-se que o extrato de Satureia hortensis a 1% sob a forma de gel obtiveram
resultados satisfatórios no tratamento da estomatite protética por 14 dias seguidos. O grupo

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 23


Contemporâneos, Volume 1.
experimental apresentou melhora significativa dos sintomas e contagem de colônias de Candida
spp em relação ao grupo controle que recebeu placebo, revelando que essa substância pode ser
eficaz no tratamento desse tipo de candidose, assim como no presente estudo.

Asdadi et al. (2015) verificaram as propriedades antifúngica e antioxidante a dos extrato


de Vitex agnus castus (espécie vegetal pertencente à família Lamiaceae) contra cepas de
Candida, utilizando os métodos de microdiluição em caldo e DPPH e os resultados deste estudo
mostraram que estes óleos exibem atividade antifúngica significativa contra fungos
selecionados.

Em um estudo realizado por Ferreira et al. (2019), por meio de uma comparação da
atividade antifúngica do extrato aquoso e do extrato etanólico de rhaphiodon echinus
(lamiaceae) contra cepas candida tropicalis observou-se que CIM50% do extrato aquoso e
etanólico de Rhaphiodon echinus contra as cepas de Candida topicalis foi de 512 μg/mL.
Concluiu-se que os extratos de Rhaphiodon echinus são eficazes contra as cepas de C.
tropicalis.

Assim como Ferreira et al. (2019) encontrou resultados positivos frente à atividade da
Raphidon Echinus contra as cepas de C. Tropicalis, na presente pesquisa também foi
encontrado forte atividade antifúngica da fase acetato de etila, o que pode sugerir seu uso para
o combate de candidoses orais ou mesmo como agente de higiene das próteses dentárias.

Estudos com metodologias semelhantes foram registrados em pesquisas feitas por Lima
et al. (2006), onde revelaram que as cepas de Candida krusei e Candida tropicalis apresentava
susceptibilidade para o óleo essencial da Peumus boldus espécie vegetal pertencente à família
Lamiaceae. Porém, neste mesmo estudo observou-se que apenas uma cepa de C.krusei foi
inibida.

Em uma pesquisa relizada por Menezes et al. (1998), com a associção do oléo essencial
de R. echinus com alguns antifúngicos coma a nistatina e o fluconazol nas cepas de Candida
albicans, C. krusei e C. Tropicalis, houve uma associação antagônica significativa entre o óleo
essencial e a nistatina em comparação com a nistatina isolada. Nenhum efeito sinérgico foi
observado entre o óleo essencial e a nistatina contra C. Krusei e C. Tropicalis. Porém, na
presença do fluconazol mostrou ação sinérgica contra a C. krusei e C. tropicalis em comparação
com o fluconazol sozinho.

Duarte et al. (2016), contudo, testaram as propriedades moduladoras do óleo essencial


de R. echinus quando associado a antimicrobianos, contra cepas fúngicas de C. albicans, C.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 24


Contemporâneos, Volume 1.
krusei, C. tropicalis e cepas bacterianas de E. coli, S. aureus e Pseudomonas. No estudo foi
observada uma baixa atividade antifúngica e antibacteriana do óleo essencial, mas um forte
efeito modulador quando associado aos antimicrobianos. Segundo os pesquisadores, o óleo
essencial também apresenta uma forte atividade quelante de ferro.

Outrossim, Costa et al. (2017) verificaram o potencial antifúngico dos extratos de R.


echinus contra cepas de diferentes espécies de Candida e observaram o efeito modulador destes
extratos quando associados a antifúngicos sintéticos.

3. CONCLUSÃO

Sendo assim, com base nos resultados obtidos pode-se perceber que a fase acetato de
etila de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte efeito antifúngico contra cepas de
C. Tropicalis. Por isso, sugere-se que este composto pode ser utilizado como uma alternativa
terapêutica para o combate de infecções causadas por esse fungo, principalmente aplicadas
pacientes que fazem uso de próteses dentárias, ora totais, ora parciais removíveis.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, E. C. et al. Use of medicinal plants by patients with cancer of public hospitals in
João Pessoa (PB). Rev. Espaç Saúde, v. 8, n. 2, p. 44-52, jun. 2007. Disponível em:
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-464830. Acessado em: Nov. 2017.

ASDADI, A. et al. Study on chemical analysis, antioxidant and in vitro antifungal activities of
essential oil from wild Vitex agnus-castus L. seeds growing in area of Argan Tree of Morocco
against clinical strains of Candida responsible for nosocomial infections. Journal de
Mycologie Médicale, v. 25, n. 4, p. e118-e127, dez. 2015. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26611404/. Acessado em: Nov. 2017.

CORONADO-CASTELLOTE, L.; JIMÉNEZ-SORIANO Y. Clinical and microbiological


diagnosis of oral candidiasis. J Clin Exp Dent, v. 5, n. 5, p. 279-86, dez. 2013. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3892259/. Acessado em: Nov. 2017.

CALIXTO, J. B. Twenty-five years of research on medicinal plants in Latin America: a


personal view. J of Ethnopharmacology, v. 100, p. 131-134, ago. 2005. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16006081/. Acessado em: Dez. 2017.

CLEELAND R; SQUIRES; E. Evalution of new antimicrobials in vitro and in experimental


animal infections. In: LORIAN, V. M. D. Antibiotics in Laboratory Medicine. New York:
Willians e Wilkins, p. 739-788, 1991.

COSTA, A. R. et al. Rhaphiodon echinus (Nees; Mart.) Schauer: Chemical, toxicological


activity and increased antibiotic activity of antifungal drug activity and antibacterial. Microbial
Pathogenesis, v. 107, p. 280-286, jun. 2017. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28385578/. Acessado em: Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 25


Contemporâneos, Volume 1.
DUARTE, A. et al. Antimicrobial Activity and Modulatory Effect of Essential Oil from the
Leaf of Rhaphiodon echinus (Nees; Mart) Schauer on Some Antimicrobial Drugs. Molecules,
v. 21, n. 6, p. 743, jun. 2016. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27338314/.
Acessado em: Dez. 2017.

ELOFF, J. N. A sensitive and quick microplate method to determine the minimal inhibitory
concentration of plant extracts for bacteria. Revista Planta Medica1, 64(8);11-713, dez. 1998.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9933989/. Acessado em: Nov. 2017.

FERREIRA, J. L. S. et al. Comparação da atividade antifúngica do extrato aquoso e do extrato


etanolico de raphidon echinus (lamiaceae) contra cepas de cândida tropicalis. Revista da
Universidade Vale do Rio Verde | v. 17 | n. 1 | jan./jul. 2019. 1-8. Disponível em:
http://periodicos.unincor.br/index.php/revistaunincor/article/view/5041. Acessado em: Dez.
2017.

GENDREAU, L.; LOEWY, Z. G. Epidemiology and etiology of denture stomatitis. J. of


Prosthodont, v. 20, n. 4, p. 251–260, jun. 2011. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21463383/. Acessado em: Jan. 2018.

HADACEK F.; GREGER H. Testing of antifungal natural products: methodologies,


comparatibility of results and assay choice. Phytochemical Analyses, 11; 137-147 abr. 2000.
Disponível em:
https://analyticalsciencejournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/%28SICI%291099-
1565%28200005/06%2911%3A3%3C137%3A%3AAID-PCA514%3E3.0.CO%3B2-I.
Acessado em: Nov. 2017.

JORGE, A. O. C. et al. Presença de leveduras do gênero Candida na saliva de pacientes com


diferentes fatores predisponentes e de indivíduos controle. Rev Odontol Univ ,São
Paulo, v. 11, n. 4, p. 279-285, out./dez. 1997. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rousp/a/9wCxkTr5vxjFP9N4h5Lf37R/. Acessado em: Dez. 2017.

LIMA I. O. Atividade antifúngica de óleos essenciais sobre espécies de Candida. Rev.


Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy,16(2): 197-201, jun.
2006. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbfar/a/CSjMBzTNRVtPZHHrjxm9Qcd/abstract/?lang=pt. Acessado
em: Jan. 2018.

MENEZES, F. S. et al. Phytochemical and pharmacological studies on Raphiodon echinus.


Fitoterapia, v. 69, n.5, p. 459-460, 1998. Disponível em:
http://pascal-francis.inist.fr/vibad/index.php?action=getRecordDetail&idt=1621827. Acessado
em: Dez. 2017.

PFALLER, M. A.; DIEKEMA, D. A. Epidemiology of invasive candidiasis: a persistent public


health problem. Clin Microbiol Ver, v. 20, n.1, p. 133-163, jan. 2007. Disponível em:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1797637/. Acessado em: Jan. 2018.

STRAMANDINOLI, R. T. et al. Prevalência de candidose bucal em pacientes hospitalizados e


avaliação dos fatores de risco. Rev Sul-Bras Odontol, V.7, n. 1, p. 66-72, mar. 2010.
Disponível em: http://revodonto.bvsalud.org/pdf/rsbo/v7n1/a10v7n1.pdf. Acessado em: Dez.
2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 26


Contemporâneos, Volume 1.
SARTORATTO, A. et al. Composition and antimicrobial activity of essential oils from
aromatic plants used in Brazil. Braz. J. of Microbiology, 35 (4): 275-280, dez. 2004.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/bjm/a/jCnKGdthXfczSBdb45WL4qP/?lang=en.
Acessado em: Dez. 2017.

SABZGHABAEE, A. M. et al. Clinical evaluation of the essential oil of “Satureja Hortensis”


for the treatment of denture stomatitis. Dent Res J, 9 ( 2):198-202, mar. 2012. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22623938/. Acessado em: Jan. 2018.

TARCIN, B. G. Oral candidosis: aetiology, clinical manifestations, diagnosis and management.


J Marmara Univers Inst Health Sci, v, n. 2, p. 140-148, 2011. Disponível em:
https://dergipark.org.tr/en/pub/clinexphealthsci/issue/17845/187145. Acessado em: Jan. 2018.

TORRES, M. C. M. et al. Chemical Composition of the Essential Oils of Raphiodon echinus


(Nees; Mart.) Schauer. J. Essent Oil Bearing. Plants, v. 12, n. 6, p. 674-677, 2009. Disponível
em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0972060X.2009.10643773. Acessado em:
Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 27


Contemporâneos, Volume 1.
CAPÍTULO 3
IMPORTÂNCIA DA PASTAGEM BRS-ZURI (PANICUM MAXIMUM) NA
PECUÁRIA LEITEIRA E DE CORTE

Joyceara Rocha
Caroline Rack Vier

RESUMO
A pecuária de corte e de leite apresenta-se expressivo na economia do país, portanto, é de suma importância atender
adequadamente a demanda por alimentos desses animais, sendo este, um grande desafio, pois, a dieta deve atender
a necessidade metabólica do animal ao passo que potencialize a sua capacidade produtiva. A presente revisão
aborda a produção de bovinos a pasto, e a importância de produção de pastagem de qualidade para ser fornecida à
esses rebanhos. Sendo assim, o objetivo foi apresentar a importância da pastagem na pecuária de corte e leiteira,
em especifico a forrageira Panicum maximum – BRS Zuri, diversos resultados foram encontrados, como a alta
produtividade, qualidade nutricional e com grande resistência a doenças.

PALAVRAS-CHAVE: Zuri; Pecuária; Forragem; Produção animal.

1. INTRODUÇÃO

A presente revisão trata da produção de animais a pasto, e a importância de produção


de pastagem de qualidade para ser fornecida à esses rebanhos. Sendo assim, o objetivo da
revisão foi abordar sobre o papel da pastagem na pecuária de corte e leiteira, em especifico a
forrageira Panicum maximum – BRS Zuri, considerando a realização da revisão de literatura,
em 10 artigos.

Anualmente o agronegócio brasileiro se torna cada vez mais importante para a atividade
econômica, pois produz diversas vagas empregatícias nos mais variados setores, desde a
produção da matéria prima, até o beneficiamento dos produtos que chegam na mesa do
consumidor final, gerando renda e giro do comércio no país e no mundo. A pecuária vem se
desenvolvendo cada vez mais, produzindo rebanhos de alta qualidade para produção de carne
e leite.

Segundo Ferrazza e Castellani (2021), na pecuária leiteira, há uma grande diversidade


na produção, existindo uma heterogeneidade do processo em todo o território brasileiro, tanto
quanto na técnica utilizada na ordenha, processamento do leite e manejo dos animais, quanto
no rebanho utilizado e tipo de produtores podendo ser pequenos, médios e grandes
propriedades.

De acordo com Cecato et al. (2002) e Cruz et al. (2020), a pastagem é o principal método
utilizado para alimentação de bovinos por todas as regiões e nos mais diversos tipos de sistemas.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 28


Contemporâneos, Volume 1.
Mesmo com a pastagem sendo muito utilizada há poucas tecnologias relacionadas ao manejo
das forragens utilizando poucos recursos e investimentos. Cruz et al. (2020) destaca a
importância do recurso vegetal na atividade leiteira.

O manejo intensivo de pastagens preconiza o aumento da produção animal por área,


buscando aumentar a rentabilidade do produtor. Para tanto, além do maior investimento em
insumos, é necessário o uso de tecnologias respaldadas em conhecimentos específicos e de
forrageiras com alta capacidade de produção de matéria seca e bom valor nutritivo
(PACICULLO; GOMIDE, 2016).

Uma das pastagens muito utilizadas e que pode proporcionar alto rendimento na
produção de bovinos de corte e leite é a Panicum maximum – BRS Zuri. Segundo Jank et al.
(2022) a cultivar BRS Zuri foi lançada em 2014 com objetivo de suprir a necessidade por uma
cultivar da Panicum maximum que possua maior grau de resistência ao fungo Bipolaris maydis,
que vem afetando outras pastagens.

Jank et al. (2022), descreve a cultivar como sendo cerca de 10% mais produtiva
comparada a cv. Tanzânia. A BRS – Zuri foi selecionada com base na produtividade, vigor,
largura das folhas além da qualidade e resistência às cigarrinhas-das-pastagens e ao fungo B.
maydis. O autor ainda destaca que a forragem foi mais produtiva que as cvs. Tanzânia e
Mombaça nos biomas Cerrado e Amazônia.

Na avaliação sob pastejo no Acre, foi comprovado seu potencial para produção animal
pela maior capacidade de suporte, maior ganho em peso por animal, maior ganho em peso por
área na época das águas e na época seca, além de maior facilidade de manejo em relação à cv.
Tanzânia. Ela também se mostrou tolerante aos solos com drenagem deficiente na Amazônia
(JANK; SANTOS; BRAGA, 2022).

Pesquisadores da Embrapa (2022), em avaliação para a produção do material Embrapa


Gado de Leite, apresentou a BRS Zuri como de fácil adaptação ao manejo intensivo com alta
velocidade de rebrota, alta produtividade e como consequência elevada produção de leite por
hectare durante a estação chuvosa.

2. METODOLOGIA

A metodologia para a elaboração do presente artigo foi a revisão de literatura. Os


autores, integrantes do Laboratório de Sementes Forrageiras do Centro Mesoregional de
Excelência em Tecnologia do Leite, da Universidade Estadual do Centro-Oeste -
UNICENTRO, realizaram uma busca por artigos afins à pesquisa, no Google Academic e

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 29


Contemporâneos, Volume 1.
Scielo. Para compor a pesquisa foram selecionados 10 artigos que abordam a importância da
forrageira Panicum maximum – BRS Zuri, na pecuária leiteira e de corte. Artigos estes,
dispostos no Quadro 1, classificados por ano, título, autores e cidade da pesquisa.

Quadro 1: Descrição dos trabalhos.


ANO TÍTULO AUTORES CIDADE DA
PESQUISA
2016 As contribuições da Brachiaria e PICIULLO, D. S. C., GOMIDE, Brasília – DF
Panicum para a pecuária leiteira C. A. M.
2017 Novas alternativas de cultivares de JANK, L., SANTOS, M. F., Campo Grande – MS
forrageiras e melhoramento para a VALLE, C. B., BARRIOS, S. C,
sustentabilidade da pecuária SIMEÃO, R.

2018 Acúmulo de forragem e estrutura dos VALOTE, P. D. Seropédica – RJ


pastos das cultivares BRS Zuri e BRS
Quênia (Megathyrsus maximus) sob
manejo rotacionado

2019 Valor nutritivo, produção de leite e FREITAS, C. A. S. Viçosa – MG


dinâmica de serapilheira em pastos de
Megathyrsus maximus

2021 Características produtivas de pastagem MUNHOZ, H. R. Alegra – ES


de campim Panicum maximum cv. BRS
Zuri adubad com biofertilizante

2021 Estrutura e valor nutritivo do capim JANUSCKIEWICZ, E. R., Aquidauana – MS


BRS Zuri sob sombreamento PAIVA, L. M., FERNANDES,
H. J., FLEITAS, A. C.,
DUARTE, C. F. D., BISERRA,
T. T., GOMES, P. S.
2021 Análises estruturais e produtivas de RESENDE, H. A. Paripiranga – BH
gramíneas do gênero Panicum e
Brachiarias submetido a um intervalo de
corte em áreas de tabuleiros costeiros

2022 O capim-BRS Zuri (Panicum maximum JANK, L., SANTOS, M. F., Campo Grande – MG
Jacq.) na diversificação e intensificação BRAGA, G. J.
das pastagens

2022 Rendimento forrageiro e ganho de peso GALVAN, P. H., GAI, V. F., Cascavel – PR
de bovinos em capim BRS Zuri em SOARES, C.
sistemas de lotação rotacionada

2022 Características agronômicas, estruturais CUNHA, D. S. Araguaína – TO


e valor nutritivo de cultivares de
Megathyrsus maximus sob doses de
enxofre
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Paciullo e Gomide (2016), destacam a importância histórica da Panicum maximum por


seu grande número de ecótipos onde as seleções deram origem a diversas cultivares que estão
presentes no Brasil e no mundo. Apresentam a cultivar BRS Zuri que foi lançada em 2014 onde

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 30


Contemporâneos, Volume 1.
tem alta produtividade, valor nutritivo e proporção de folhas além da resistência às cigarrinhas
das pastagens, demostrando alta produção na atividade leiteira e ganho de peso animal.

Jank et al. (2017), evidenciam a resistência a mancha foliar causada pelo fungo
Bipolaris maydis e à cigarrinha-das-pastagens, isso se torna uma grande vantagem no momento
do planejamento forrageiro, a forragem possui ainda rápida rebrota e tem um manejo mais fácil
e consequentemente menor custo. Dentre as outras cultivares das espécies a BRS Zuri se destaca
por suas folhas mais largas, além de alto teor proteico, o que se tonou um grande ponto positivo
para a alimentação e produção animal, ganho animal por dia e por área de 9 a 13% comparados
as cultivares Tanzânia e Mombaça.

Valote (2018), obteve resultados onde a cultivar BRS Zuri sobressaiu-se a cultivar BRS
Quênia no verão, em relação a maior altura média de pastejo, maior incremento de altura, dado
importante para ser estabelecido no planejamento forrageiro. Ressalta ainda que a pastagem
Zuri obteve maior altura pós-pastejo e seu teor de matéria seca foi 9% superior a Quênia. A
pesquisa afirma que a cultivar BRS Zuri é indicada para uso nos sistemas intensivos de gado
de leite sob pastejo rotacionado nos pastos de verão, devido ao aumento da produtividade
leiteira durante o pastejo.

Freitas (2019), ressalta em sua pesquisa que a cultivar BRS Zuri possui um bom teor de
proteína, além de uma boa digestibilidade pelo animal. Comparado a cultivar Quênia a BRS
Zuri possui maiores valores de carboidrato. No estudo é possível ser evidente que a BRS Zuri
consegue suportar uma taxa de lotação relevante, porém a cultivar Quênia se destacou na
maioria dos critérios avaliados. Entretanto, mesmo com a cultivar Quênia se sobressaindo a
cultivar Zuri, o autor ressalta que as duas cultivares demonstram ser adequadas para sistemas
intensivos para a produção de leite.

Valote (2018) e Freitas (2019), acabaram tendo diferentes resultados em relação ao


comparativo das cultivares BRS Zuri e BRS Quênia. Na pesquisa de Valote (2018) a cultivar
Zuri se sobressaiu em no verão nos quesitos avaliados, onde no outono a cultivar Quênia se
sobressaiu, isso demonstrou a variação devido ao clima. Já na pesquisa de Freitas (2019), a
cultivar Quênia se destacou por proporcionar forragem com melhor valor nutritivo e maior taxa
de lotação, em virtude de sua melhor estabilidade produtiva, o que refletiu em maior produção
de leite no segundo ano de avaliação.

Munhoz (2021), descreve que a produtividade da forrageira ocorre devido a contínua


emissão de folhas e perfilhos, sendo um processo importante para que ocorra a restauração da

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 31


Contemporâneos, Volume 1.
área foliar após o pastejo, sendo assim a garantia da perenidade da forragem. Na pesquisa foi
observado a invasão de outras plantas, como capim colonião e algumas Brachiarias, com isso
foi observado que houve seletividade pelos animais, sendo o capim BRS Zuri foi o mais
consumido, com isso é possível observar a boa palatabilidade da forragem.

Baseado nos resultados observados, as massas de forragem e raízes mostram que o cv.
BRS Zuri é adaptado ao sombreamento proposto pelas condições experimentais. Essas massas,
somadas ao conteúdo de proteína bruta indica que o capim é adaptado a baixas precipitações,
inerentes a estação seca; a fertilização foliar aplicada no começo das estações não afeta os
parâmetros estruturais e de valor nutritivo do capim BRS Zuri (JANUSCKIEWICZ et al.,
2021). Com esse dado é possível observar sua capacidade na integração silvipastoril, que vem
expandindo cada vez mais em pequenas e grandes propriedades.

Resende (2021), destaca a produção de massa de forragem da BRS Zuri obtidas com
cortes aos 45 dias de crescimento, além da altura do dossel, sendo superior as outras pastagens
comparadas no experimento como a Mombaça e Tanzânia. A altura do dossel teve valores
crescentes. Destaca a cultivar Zuri apresentam colmo grosso, folhas largas e maior porte.

A carência de cultivares de P. maximum com resistência ao fungo patogênico, indicado


para intensificação dos sistemas de produção e de fácil manejo tornam a cultivar BRS Zuri uma
importante alternativa para diversificar áreas hoje implantadas por cultivares de P. maximum.
Todas estas características contribuem para a intensificação sustentável da pecuária no Brasil
(JANK et al., 2022). O autor salienta a relevância de uma pecuária sustentável e que possa gerar
custo-benefício ao pecuarista, para que isso corra de forma adequada, é necessário um
planejamento forrageiro, e a BRS Zuri é considerada como uma fonte de alimentação de
excelência.

Galvan, Gai e Soares (2022), analisaram diferentes doses de adubação nitrogenada em


busca de melhor rendimento forrageiro e ganho de peso de bovinos no capim Zuri, no
experimento nota-se que com doses de 50 kg ha -1 e 100 kg ha -1 tiveram as maiores produções
de matéria verde e matéria seca, atingindo maior rendimento forrageiro. Devido ao clima
chuvoso, a pastagem acabou ficando acamada favorecendo o pisoteio, o que promovendo
desinteresse dos animais, nesta avaliação não houve diferença de ganho de peso animal devido
as condições de clima e manejo.

Para que a pastagem possa atingir o dossel forrageiro esperado, é necessário um manejo
adequado, dentre isso a adubação. A adubação nitrogenada auxilia na maior produtividade e na

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 32


Contemporâneos, Volume 1.
qualidade da forragem, afetando diretamente na produção animal. Galvan, Gai e Soares (2022)
e Cunha (2022), possuem consenso sobre a importância da necessidade de um sistema de
manejo adequado para que a pastagem possa atingir maior potencial produtivo.

4. CONSDERAÇÕES FINAIS

Na presente revisão pode-se observar em diferentes estudos as vantagens de se optar


pelo capim BRS Zuri como pastagem nas propriedades, focando no objetivo de uma eficiente
produção, seja na pecuária de leite ou de corte. Importante ressaltar a resistência a doenças, sua
capacidade elevada de rebrota e qualidade do dossel forrageiro, pois é uma forragem com
adequado teor de proteína e carboidrato, que se torna imprescindível na dieta animal quando se
trata da produção.

A cultivar BRS Zuri pode ser implantada nos diferentes sistemas, como rotacionado,
silvipastoril ou ainda de forma extensiva de maneira sustentável. Possui uma boa palatabilidade
e aceitação pelos animais, além de, excelente digestibilidade da forragem, refletindo assim, na
capacidade do animal em utilizar seus nutrientes em maior escala, o que afeta diretamente na
produção, seja no ganho de peso animal que será destinado para corte ou na produção de leite,
influenciando na lucratividade final do pecuarista. Com isso, destacasse a importância de um
planejamento forrageiro adequado, para que assim o animal possa consumir uma forragem de
qualidade e atingir seu ciclo produtivo com maior desempenho.

REFERÊNCIAS

CECATO, U. et al. Pastagens Para Produção de Leite. 2002. Disponível em:


http://www.nupel.uem.br/pos-ppz/pastagens-08-03.pdf. Acessado em: Mai. 2023.

CRUZ, P. G.; MARCOLAN, A. L.; RIBEIRO, R. da S. Pastagens para produção leiteira.


2020. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/217366/1/cpafro-
18467.pdf. Acessado em: Mai. 2023.

CUNHA, D. S. Características agronômicas, estruturais e valor nutritivo de cultivares de


Megathyrsus maximus sob doses de enxofre. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) –
Universidade Federal do Tocantins. Araguaína – TO, p. 26, 2022.

FERRAZZA, R. de A.; CASTELLANI E. Análise das transformações da pecuária brasileira:


um enfoque na pecuária leiteira. 2021. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cab/a/4mK7LBmjZQrr5tCqwXbqHdC/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 33


Contemporâneos, Volume 1.
FREITAS, C. A. S. Valor nutritivo, produção de leite e dinâmica de serrapilheira em
pastos de Megathyrsus maximus. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Universidade
Federal de Viçosa. Viçosa – MG, p. 32-39, 2019.

GALVAN, P. H.; GAI, V. F.; SOARES, C. Rendimento forrageiro e ganho de peso de


bovinos em capim BRS Zuri em sistema de lotação rotacionada. 2022. Disponível em:
https://themaetscientia.fag.edu.br/ index.php/cityfarm/article/view/1683/1549. Acessado em:
Jun. 2023.

JANK, L. et al. Novas alternativas de cultivares de forrageiras e melhoramento para


sustentabilidade da pecuária. Campo Grande – MS. 2017. Disponível em:
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1082385/1/Novasalternativasdecultiv
aresdeforrageira.pdf. Acessado em: Jun. 2023.

JANK, L.; SANTOS, M. F.; BRAGA, G. J. O capim-BRS Zuri (Panicum maximum Jacq.)
na diversificação e intensificação das pastagens. 2022. Disponível em:
https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1149054/o-capim-brs-zuri-
panicum-maximum-jacq-na-diversificacao-e-intensificacao-das-pastagens. Acessado em: Mai.
2023.

JANK, L. et al. O capim-BRS Zuri (Panicum maximum Jacq.) na diversificação e intensificação


das pastagens. EMBRAPA, v. 163, p. 1. Campo Grande – MG. 2022. Disponível em:
https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/1149054. Acessado em: Jun.
2023.

JANUSCKIEWICZ, E. R. et al. Estrutura e valor nutritivo do capim BRS Zuri sob


sombreamento. Aquidauana – MS. 2021. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbspa/a/GcS3JPtprc7wFyJ87CGTWCp/?l ang=en#. Acessado em: Jun.
2023.

MUNHOZ, H. R. Características produtivas de pastagem de campim Panicum maximum


cv. BRS Zuri adubado com biofertilizante. Monografia (Bacharel em Zootecnia) –
Universidade Federal do Espirito Santo. Alegra – ES, p. 1-18, 2021.

PACIULLO, D. S. C.; GOMIDE, C. A. M. As contribuições da Brachiaria e Panicum para a


pecuária leiteira. In: VILELA, D. et al. Pecuária de leite no Brasil: Cenários e avanços
tecnológicos. 1ª edição. Brasília – DF: Embrapa, 2016. p. 168-187.

RESENDE, H. A. Análises estruturais e produtivas de gramíneas do gênero panicum e


brachiarias submetido a um intervalo de corte em áreas de tabuleiros costeiros.
Monografia (Bacharelado em Agronomia) – Centro Universitário AGES. Paripiranga – BH, p.
55-65, 2021.

VALOTE, P. D. Acúmulo de forragem e estrutura dos pastos das cultivares BRS Zuri e
BRS Quênia (Megathyrsus maximus) sob manejo rotacionado. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Seropédica – RJ, p. 19-36, 2018.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 34


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231144300

CAPÍTULO 4
BIOFERTILIZANTE NA PRODUÇÃO E QUALIDADE DE CAPIM PIATÃ E NOS
ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO

Alana Dias de Souza


Alessandra Mayumi Tokura Alovisi
Willian Isao Tokura
Priscila Marques Kai
João Augusto Machado da Silva

RESUMO
As gramíneas forrageiras são as principais fonte de alimentos para os bovinos, entretanto, os solos tropicais, de
modo geral, apresentam-se ácidos e de baixa disponibilidade de nutrientes, e este fato prejudica o desenvolvimento
das plantas. Para contornar a situação é utilizado várias alternativas de manejos de adubação como a gessagem,
calagem, adubação química e orgânica. Entre a adubação orgânica tem o uso de biofertilizante. Assim, objetivou-
se avaliar o efeito da aplicação do biofertilizante nos atributos químicos do solo e produção e qualidade da
forrageira. O estudo foi realizado no município de Jateí - MS, em um Latossolo Vermelho Distrófico, cultivado
com Brachiaria brizantha (Syn. Urochloa brizantha) cv. BRS Piatã. O delineamento experimental utilizado foi o
em blocos ao acaso, em um esquema fatorial 2x2 (com e sem biofertilizante), com quatro repetições. Os
tratamentos foram: A1 - área de pastagem que se encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área
de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém
reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer adubação sendo consorciada com a plantação de melancia
sobre efeito de correção e A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado. Essa
área não recebeu qualquer tipo de adubação e correção. Foram realizadas três aplicações do biofertilizante nas
áreas A1 e A2, com intervalo de 90 dias. Foram colhidas amostras dos tratamentos para avaliação da produção de
massa seca e análises bromatológicas. A forragem foi cortada ao nível do solo observando os limites da periferia
do aro e colhida. Após o corte, as forrageiras foram pesadas para determinação de peso fresco e, posteriormente,
amostras representativas foram colocadas em estufa de circulação de ar forçada a 65ºC até peso constante.
Determinou-se o peso seco e em seguida o material foi moído em moinho tipo Wiley com peneira de 2 mm, para
as determinações bromatológicas: fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e proteína
bruta (PB). Para caracterização química do solo foram realizadas amostragens, amostrando-se cinco subamostras
aleatórias da área total, nas profundidades 0 a 20 e 20 a 40 cm. Os resultados foram submetidos à análise de
variância e aplicado o teste de Tukey a 5% de probabilidade, para comparar as médias das variáveis analisadas.
De modo geral, em todos os tratamentos os atributos químicos do solo estavam abaixo da faixa considerada
adequada para o crescimento e desenvolvimento da forrageira. Fatores esses que acarretou a baixa produção de
fitomassa com baixo valor nutritivo.

PALAVRAS-CHAVE: Brachiaria brizantha; Fertilidade do solo; Fdn; Fda; Pb.

1. INTRODUÇÃO

As gramíneas forrageiras são as principais fonte de alimentos para os bovinos, uma vez
que, no Brasil, os animais são criados, em sua maioria, em sistema extensivo, em pelo menos
uma das fases de crescimento.

A forrageira Urochloa brizantha (Syn. Brachiaria brizantha) cv. Piatã vem ganhando
espaço nas áreas destinadas ao cultivo de pastagens por ser considerada produtiva, apresentar
maior acúmulo de folhas, maior tolerância a solos com má drenagem (PIMENTA, 2009) e

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 35


Contemporâneos, Volume 1.
apresentar boa aceitação pelos animais, dentre as diversas espécies do gênero (VALLE et al.,
2007). Contudo grande parte das mesmas encontra-se, atualmente, com produtividade abaixo
do potencial. Um dos motivos, para que isso ocorra, é o inadequado manejo nutricional das
plantas forrageiras.

Neste contexto, é importante elucidar que os índices de produtividade agrícolas são


totalmente dependentes do uso de fertilizantes, principalmente dos compostos nitrogenados,
pois eles são responsáveis pelo aumento da longevidade das pastagens e consequente aumento
na produtividade (REIS et al., 2013). Além disso, a maior parte dos fertilizantes contendo
nitrogênio, fósforo e potássio, usados na agricultura brasileira, é importada, diminuindo a
competitividade deste setor tão importante para o país.

Uma das alternativas, para contornar a situação da baixa produtividade das forrageiras,
é desenvolver fontes alternativas de nutrientes, para uso na agricultura brasileira. Uma
alternativa é o uso de biofertilizante. O biofertilizante é composto de nitrogênio, fósforo e
potássio, que são os principais nutrientes para as plantas, além da presença de micronutrientes.
Outra vantagem do biofertilizante é que na sua maioria são produzidos na própria propriedade,
o que reduz o custo, além de evitar a contaminação do meio ambiente e água, com o descarte
dos dejetos dos animais.

Essa prática contribui para a redução da demanda de insumos externos, como os


fertilizantes minerais e ainda propicia balanço econômico e ambiental favorável.

Nesse contexto, os resíduos passam a ser encarados como potenciais produtos e não
mais como materiais indesejáveis, pois normalmente lhes são atribuído valor econômico
negativo, embora possam conter componentes úteis e valiosos. Desta forma, as áreas de
pastagens poderiam ser beneficiadas com o aproveitamento racional do uso de estercos de
origem animal para adubação, garantindo maiores produções, economia e condições para a
proteção ambiental.

Assim, objetivou-se avaliar o efeito da aplicação do biofertilizante nos atributos


químicos do solo e produção e qualidade da forrageira.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Adubação de pastagens

As pastagens constituem a principal fonte de alimentação de animais ruminantes de


produção, normalmente providas de pastos nativos, de áreas extensivas em todo o mundo, sendo

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 36


Contemporâneos, Volume 1.
também a forma mais barata e menos trabalhosa de produção de volumoso para animais que
são mantidos em condições de campo, principalmente quando comparados aos gastos de
nutrição dos sistemas intensivos de produção (HOFFMANN et al., 2014), sendo necessária a
reposição de nutrientes ao solo, via fertilizantes (DANTAS; NEGRÃO, 2010).

O potencial de produção de uma planta forrageira é estabelecido geneticamente, no


entanto, para que ela possa expressar o máximo do potencial é necessário que haja manejo
correto e adequado do solo (COSTA et al., 2010). Para a obtenção de alta produção de forragem
é necessário realizar o manejo adequado do pasto, sendo, principalmente, o manejo nutricional
da planta, visando realizar a reposição de nutrientes, via adubação, porque a manutenção da
fertilidade dos solos é de total importância para se produzir com excelência (DIAS FILHO,
2014).

Para garantir elevada produtividade de biomassa das pastagens é indispensável também


a utilização da correta taxa de lotação, obedecendo a altura de entrada e saída dos animais nas
áreas a serem pastejadas. Como também é necessária fazer a reposição de nutrientes via
adubação, pois o manejo inadequado associado a falta da manutenção da fertilidade dos solos
são responsáveis, segundo alguns estudos, por 50 a 70% das pastagens brasileiras apresentarem
algum grau de degradação (DIAS FILHO, 2014).

A ausência de adubações de correção e manutenção nas pastagens constitui uma das


principais causas de sua degradação, somada ao manejo incorreto do pastejo, aos diversos erros
durante a escolha e ao estabelecimento da forrageira e da ocorrência de pragas e doenças na
área de pastagem (SANTOS, 2010).

Para que haja o desenvolvimento das plantas forrageiras e a redução de pastagens


degradadas é necessário que seja realizado o manejo correto destas, sendo necessária a correção
e adubações na pastagem (RIBEIRO JÚNIOR, 2015).

A Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã é adaptada em solos de média e boa fertilidade,
principalmente, em zonas tropicais, por ser uma cultivar considerada de boa palatabilidade e
digestibilidade, sendo indicada exclusivamente para os sistemas de pastoreio, fenação ou
silagem (SILVEIRA, 2007).

2.2 Qualidade e valor nutritivo de forragem

A base da dieta dos ruminantes na grande maioria dos sistemas de produção é constituída
pelas pastagens. A qualidade nutritiva as forrageiras podem variar devido a fatores como:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 37


Contemporâneos, Volume 1.
gênero, espécie e cultivar, parte da planta utilizada, estádio de maturidade, fertilidade do solo e
condições locais e estacionais.

Em sentido global, a qualidade da forragem é o resultado das espécies presentes e da


quantidade de forragem disponível, bem como da composição e da textura de cada espécie. A
caracterização do valor nutritivo de forragens é baseada, principalmente, em análises
laboratoriais que foram aperfeiçoadas como a proposta por Moore (1994).

O valor nutritivo é a proporção de nutrientes de uma dada forragem que se torna


disponível ao animal, de maneira que quanto maior a sua concentração na planta, maior a
resposta produtiva em carne, leite, lã, etc. A forragem de alta qualidade devem fornecer:
energia, proteínas, fibras (FDN e FDA), minerais e vitaminas.

Para se saber o valor nutritivo de uma determinada forrageira é prescindível fazer várias
avaliações químicas nutricionais, onde é destacados dois métodos principais a serem avaliados
como: 1) Método de Weende, onde neste método consiste ver a composição química dos
alimentos, sendo determinado pela técnica de Kjedahl, onde dentro desta método é divido em
várias analises como a determinação de matéria seca; matéria mineral ou teor de cinzas
(determinação teores como o de cálcio e fosforo); fibra bruta (fração CHO’S estruturais na
amostra); extrato etéreo (extração de alguns compostos como ácidos graxos, ésteres lectinas
entre outros); teor de proteína bruta e o teores de extrativo não nitrogenado. 2) Método de Van
Soest, onde que consiste em avaliar o conteúdo celular e a parede celular de plantas, sendo
dividido em três métodos químicos como o teor de fibra em detergente neutro (determinação
de lignina e hemicelulose); teores de fibra em detergente ácido (determinação de lignina e
celulose) e a determinação de minerais feita através da digestão nitroperclórica onde é avaliada
principalmente os teores de Ca e P.

2.3 Características dos solos da região centro oeste e alternativas de manejo

Os solos tropicais, de modo geral, apresentam-se ácidos e de baixa disponibilidade de


nutrientes, e este fato prejudica o desenvolvimento das plantas. Na região Centro Oeste, mais
precisamente no sul do Estado do Mato Grosso do Sul, como a região do município de Jateí, o
solo predominante é o Latossolo Vermelho Distrófico (LVd) (SANTOS et al., 2018).

O LVd possui teores elevados de minerais intemperizados, minerais 1:1 e os dióxidos


de ferro e alumínio. Apresentam característica física boa, como perfil considerado bem
desenvolvido, sendo solos profundos e bem drenados, porém com características químicas

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 38


Contemporâneos, Volume 1.
ruins, por serem ácidos e com baixa disponibilidade de nutrientes. Segundo Vieira (1988), os
solos tropicais possui uma microvida ativa que atua durante o processo de decomposição da
matéria orgânica de forma rápida, não acumulando húmus. Isto demonstra que com a ausência
de húmus no solo, favorece a baixa fertilidade e a retenção de água no solo.

A partir deste problema, surge a necessidade de aplicar corretivos e fertilizantes ao solo


para que o cultivo de culturas possa ser introduzido com sucesso. Para não submeter a insumos
que se perdem facilmente por meio da lixiviação, o uso do biofertilizante aparece como uma
opção muito promissora e que resolve diversas questões a respeito dos efeitos negativos dos
fertilizantes químicos convencionais (BRITO et al., 2019).

Em solo de baixo teor de nutrientes há exigência de adubação para que a produtividade


tornam viável sendo usadas tanto de forma de fertilizantes orgânicos ou químicos, levando em
consideração o monitoramento de todos os nutrientes afim de evitar o efeito limitante em
relação a ausência do outro. Para proporcionar o melhor atributo tanto físicos como químicos e
biológicos a aplicação de adubos orgânicos tem como resposta fisiológica positiva das plantas
mantendo o solo fértil e possibilitando a alcançar produções sustentáveis, porém para que isso
ocorra positivamente é necessário por outras práticas como a rotação de cultivas, uso de
biomassa vegetal, plantio de adubos verdes, uso de resíduos orgânicos de diversas fontes e a
fertilização feita com o pó de rocha (ALTIERI, 2002).

Apesar da adubação responder melhor com a ajuda de influência sobre outras práticas
manejada ela possui algumas vantagens como a elevada capacidade de troca de cátions (CTC)
do solos, proporciona maior agregação das partículas melhorando a estrutura e infiltração da
água e reduzindo a erosão, redução da plasticidade e a coesão de nutrientes pela mineralização
e solubilização de minerais como os ácidos orgânicos por exemplo, diminuição da fixação do
fosforo, aumento da atividade de microrganismos como a fonte de nutrientes e energia, entre
outras vantagens (SOBRAL et al., 2007)

A prática de aplicação do biofertilizante, que é originado a partir de restos dejetos de


animais, comida ou até mesmo de plantas. Esses materiais passam pela fermentação anaeróbica
formando produtos para a produção do biogás. É um material líquido, sendo absorvido de forma
rápida pelo solo. Apresenta em sua composição nutrientes as plantas como o nitrogênio e o
fosforo. Por ser produto alcalino, com pH acima de 7,0, exerce um papel fundamental na
regulação do pH, servindo como corretivo na correção do solo (RIBEIRO, 2011). Porém o uso
de forma inadequada, ou seja, aplicação em excesso, pode ocasionar inúmeros problemas, como

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 39


Contemporâneos, Volume 1.
desequilíbrios tanto químicos como físicos ou até mesmo biológicos tornando o solo
inapropriado para o cultivo.

Uma fonte indispensável para a formação do biogás que pode ser trabalhada em média
ou grande escala dentro da propriedade é o esterco bovino. Orrico Júnior et al. (2012) relataram
que, das fontes de matéria orgânica, o esterco bovino é considerado um dos poucos com grande
potencial como fertilizante, podendo ser utilizado para incrementar a produção forrageira. Já o
outro autor Mueller et al. (2013) argumenta que a associação entre biofertilizante líquido de
esterco bovino e adubação química, proporcionou efeito positivo às plantas, aumentado à
produtividade de tomates (Solanum lycopersicum L.) Isso, em função do melhor
aproveitamento dos nutrientes, através do sincronismo de liberação ao longo de seu
desenvolvimento (SHEHATA et al., 2010).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização e solo da área de estudo

A área de estudo está localizada no município de Jateí, estado de Mato Grosso do Sul,
nas coordenadas geográficas: latitude: 22º32’52.3 Sul, Longitude: 54º19’20.8” altitude de 302
m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo subtropical úmido. Os
valores médios anuais de temperatura oscilam entre 27 e 30°C e as mínimas entre 0 e 10°C.
precipitação entre 1250 a 1500 mm.

O experimento foi instalado no ano agrícola de 2022, conduzido em um solo classificado


como Latossolo Vermelho Distrófico (LVd) (SANTOS et al., 2018), de textura argilosa. O
pasto já estava estabelecido com Brachiaria brizantha (Syn. Urochloa brizantha) cv.
BRS Piatã, e encontrava-se com baixa produtividade, embora com bom estande de plantas
forrageiras.

Para caracterização química do solo foram realizadas amostragens, amostrando-se cinco


subamostras aleatórias da área total, nas profundidades 0 a 20 e 20 a 40 cm. As subamostras
foram então compostas para cada profundidade e homogeneizadas, sendo em seguida
encaminhadas ao Laboratório de Fertilidade do Solo da FCA/UFGD, para análise química
(Tabela 1), estas realizadas conforme descrito na metodologia de Claessen et al. (1997).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 40


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 1: Caracterização química do solo, na camada de 0-20 e 20-40 cm de profundidade, antes da aplicação
dos tratamentos.
Prof. pH pH P K Al Ca Mg H+Al SB CTC V
CaCl2 H2O
cm mg dm-3 -------------------------- cmolc dm-3 ----------------------- %
0-20 4,40 5,19 26,90 0,07 0,0 0,9 0,4 2,2 1,37 3,57 38,4
20-40 4,32 5,12 29,35 0,06 0,0 0,7 0,3 2,1 1,06 3,16 33,5
pH = acidez (água e CaCl2), P = fósforo, K = potássio, Ca = cálcio, Mg = magnésio, H+Al = acidez potencial,
SB = soma de bases, CTC = capacidade de troca de cátions e V = saturação por bases.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).

3.2 Delineamento estatístico

O delineamento experimental utilizado foi o em blocos ao acaso, em um esquema


fatorial 2x2 (com e sem biofertilzante), com quatro repetições.

Os tratamentos foram:

A1 - área de pastagem que se encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante;

A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o
biofertilizante. Esta área difere das demais, pois a forrageira estava mais baixa e com topografia
mais íngreme em relação as outras áreas.

A3 - área recém reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer adubação sendo


consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção.

A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado. Essa área
não recebeu qualquer tipo de adubação e correção.

O biofertilizante orgânico utilizado no experimento provém de esterco, urina e restos de


alimentos do barracão de alimentação das vacas leiteiras após ser fermentado anaerobicamente
em biodigestor. aplicado apresentava a seguinte composição: pH em água - 7,6 e condutividade
elétrica de 11,80 dS m-1.

3.3 Condução do experimento

A aplicação do biofertilizante foi realizado com caminhão tanque. Foram realizadas três
aplicação do biofertilizante nas áreas A1 e A2, com intervalo de 90 dias.

3.4 Avaliações

Foram colhidas amostras dos tratamentos para avaliação da produção de massa e


análises bromatológicas. Como critério para determinação da massa utilizou-se um aro de 0,25
m² para delimitar a área da colheita. A forragem foi cortada ao nível do solo observando os

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 41


Contemporâneos, Volume 1.
limites da periferia do aro e colhida. Após o corte, as forrageiras foram pesadas para
determinação de peso fresco e, posteriormente, amostras representativas foram colocadas em
estufa de circulação de ar forçada a 65ºC até peso constante. Determinou-se o peso seco e em
seguida o material foi moído em moinho tipo Wiley com peneira de 2 mm.

No extrato obtido por digestão nitroperclórica do materail vegetal, foram obtidos os


teores de P por colorimetria, de K por fotometria de chama, e de Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn por
spectofotometria de absorção atômica. O teor de N total foi determinado pelo método
semimicro Kjeldahl. Todos os nutrientes determinados seguiram a metodologia descrita por
Malavolta et al. (2006)

Os componentes bromatológicos: fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente


ácido (FDA) e proteína bruta (PB) foram determinados conforme metodologia sugerida por
Método de Van Soest (1994).

As coletas das amostras de solo foram realizadas em 01 de outubro 2022. Foram


realizadas as coletas de amostras compostas, formada por quatro amostras simples retirada em
cada parcela em cada camada, com o auxílio de trado caneco, nas profundidades de 0-20 e 20-
40 cm. Após a coleta as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificadas e
transportadas ao Laboratório de Fertilidade do solo da FCA/UFGD onde foram secar ao ar e
passadas em peneira de 2 mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA).

3.5 Análise estatística

Os resultados foram submetidos à análise de variância e aplicado o teste de Tukey a 5%


de probabilidade, para comparar as médias de produção de massa seca, teores de proteína bruta,
fibras e atributos químicos do solo. Utilizou-se o sistema de análise estatística SISVAR
(FERREIRA, 2014).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Atributos químicos do solo

Na tabela 2 está o resumo da análise de variância para os atributos químicos do solo,


das camadas de 0-20 e 20-40 cm. Houve diferença significativa para todos os atributos químicos
avaliados na camada de 0-20 cm, com exceção do teor de magnésio e saturação por bases, com
teores médios de 0,29 cmolc dm-3 de Mg e saturação por bases de 29,8%. Já na camada de 20-
40 cm, os tratamentos não diferiram para pH em CaCl2, acidez potencial e CTC, com valores

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 42


Contemporâneos, Volume 1.
médios de 3,9; 4,02 cmolc dm-3 e 4,85 cmolc dm-3, respectivamente. Valores esses considerados
baixos para o desenvolvimento das forrageiras, segundo Souza e Lobato (2004).

Na camada de 0-20 cm observa-se maior valor de pH no A1, entretanto, não diferindo


dos A3 e A4 (Tabela 2). Apesar das diferenças estatísticas, em todos os tratamentos os valores
de pH estão baixos da faixa adequada (4,9 a 5,5 pH em CaCl2). Normalmente observa-se
incremento nos valores do pH do solo após aplicação de composto de resíduos orgânicos
(HARGREAVES et al., 2008). Entretanto, no presente estudo não foi observado o aumento do
pH, apesar do bioertilizante ser alcalino (7,6), provavelmente, a quantidade adicionada nos
tratamentos A1 e A2 não foram suficientes para elevar o pH do solo. O pH indica o grau de
acidez do solo, bastante importante, pois pode determinar a disponibilidade dos nutrientes
contidos no solo ou a ele adicionados através da adubação, bem como à assimilação dos
nutrientes pelas plantas (ALCARDE et al., 1983).

Tabela 2: Resumo da análise de variância, valores do Teste F para atributos químicos do solo, das camadas de 0-
20 e 20-40 cm, de Acidez do solo (pH), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Alumínio (Al),
Acidez potencial (H+Al), soma de Bases Trocáveis (SB), Capacidade de Troca Catiônica (CTC), Saturação por
Bases (V%), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn) e Zinco (Zn) em diferentes áreas. Jatei – MS, 2023.
Fator de
pH (CaCl2) P K Ca Mg Al H+Al SB CTC m%
variação V% Cu Fe Mn Zn
mg dm- 3
---------------------------- cmolc dm -----------------------------------------
-3
----------% ---------- ---------------- mg dm-3 -------------------

Camada de 0 - 20 cm
Áreas (A) 0,03* 0,00** 0,00** 0,00** 0,97ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,12ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,00**
A1 4,40 a 56,17 a 0,27 a 0,57 b 0,30 a 0,475 b 0,85 ab 1,15 ab 3,45 b 33,50 a 29,3 b 2,90 a 38,72 a 159,05 a 3,20 a
A2 3,55 b 12,40 b 0,02 b 0,45 b 0,27 a 0,775 a 0,67 b 0,80 b 2,72 b 28,47 a 49,4 a 1,55 b 19,90 b 67,425 c 1,10 b
A3 3,92 ab 0,22 c 0,04 b 0,62 b 0,30 a 0,800 a 1,02 a 0,92 b 3,72 ab 24,82 a 46,5 a 0,75 b 10,50 b 119,05 ab 0,02c
A4 4,25 ab 8,80 b 0,30 a 0,87 a 0,30 a 0,250 b 1,17 a 1,50 a 4,77 a 32,35 a 14,3 c 1,50 b 39,05 a 86,30 bc 1,52 b
Média 4,03 19,40 0,14 0,63 0,29 0,57 0,93 1,09 3,67 29,8 34,9 1,67 108,0 27,0 1,46
C.V. (%) 8,7 17,5 21,0 17,2 24,2 20,9 16,8 16,0 13,3 16,4 15,4 29,1 20,8 24,4 30,0
Camada de 20 - 40 cm
Áreas (A) 0,34ns 0,00** 0,00** 0,00** 0,04* 0,00** 0,32ns 0,00** 0,28ns 0,03* 0,00** 0,00** 0,00** 0,00** 0,00**
A1 3,59 a 31,48 a 0,22 b 0,42 b 0,27 a 0,57 bc 2,12 a 0,91 b 3,03 a 29,93 a 38,8 b 1,58 a 16,42 b 68,12 b 0,38 ab
A2 4,04 a 0,83 b 0,01 c 0,35 b 0,19 a 0,75 ab 2,14 a 0,56 c 2,69 a 20,71 ab 57,2 ab 1,24 ab 10,48 bc 75,29 b 0,40 a
A3 3,77 a 3,48 b 0,02 c 0,30 b 0,14 a 0,93 a 5,88 a 0,46 c 6,35 a 10,29 b 66,9 a 0,8 c 6,68 c 155,67 a 0,40 b
A4 4,21 a 13,3 b 0,280 a 0,82 a 0,28 a 0,30 c 5,94 a 1,4 a 7,32 a 29,93 a 17,8 c 1,16 bc 23,71 a 45,83 b 0,56 a
Média 3,90 12,3 0,13 0,48 0,22 0,64 4,02 0,83 4,85 22,5 45,2 1,20 86,2 14,3 0,34
C.V. (%) 12,6 52,4 13,5 20,9 30,11 22,2 94,0 12,83 78,2 36,9 17,8 14,9 26,2 19,0 45,9

**, *; ns: significativo a 1%, 5% e não significativo, respectivamente. A1 - área de pastagem que se encontrava
em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três animais e
que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer adubação
sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção; A4 - área de pastagem sob pastejo,
contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Para o teor de P, em ambas as camadas avaliadas, o tratamento A1 apresentou os maiores


teores desse nutriente. Valores esses considerados altos para o desenvolvimento das forrageiras,
segundo Souza e Lobato (2004). Os maiores teores de P nos solos justificam-se pelo uso de
adubações fosfatadas nesses sistemas.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 43


Contemporâneos, Volume 1.
Os maiores teores de cátions básicos (K e Ca) foram encontrados no tratamento A4, em
ambas as camadas, e na camada de 0-20 cm também foi observado teor alto de K no A1. De
modo geral, teores altos de K no solo dos tratamentos A1 e A4 e baixos nos tratamentos A2 e
A3. Já para Ca, teor baixo no tratamento A2 e teores médios para os tratamentos A1, A3 e A4.
Provavelmente, essas diferenças entre os tratamentos estejam relacionadas aos manejos com
correção e adubação anterior a adição do biofertilizante. Segundo o autor Hejcmam et al.
(2013), a medida que as frações trocáveis e não trocáveis de K vão sendo exauridas e não
repostas, a produtividade da cultura tende a diminuir, prejudicando o agricultor especialmente
em épocas de elevação nos preços dos fertilizantes potássicos.

Com relação a acidez do solo, representado pelos teores de Al e acidez potencial (H+Al),
os maiores teores de Al foram encontrados nos tratamentos A2 e A3, em ambas as camadas. E
para H+Al, na camada de 0-20 cm, maiores valores nos tratamentos A3 e A4, entretanto, não
diferindo do A1. A acidez potencial (H+Al), que representa a capacidade do solo de resistir a
mudanças no valor de pH (KAMINSKI et al., 2002), está relacionado com a quantidade de H+
e Al3+ adsorvidos aos grupos funcionais dos coloides do solo. Assim, os valores de H+Al se
encontram na faixa alta, segundo Souza e Lobato (2004).

O Al3+ é outro componente importante da acidez potencial do solo e, quando na forma


de íon livre na solução do solo, é tóxico as plantas, inibindo o crescimento das raízes e reduzindo
a capacidade de absorção de água e nutrientes pelas plantas (VITORELLO et al., 2005). Assim
como ocorre com o H+, o Al3+ da solução é neutralizado por grupos OH-, formando Al(OH)3,
que não é tóxico as plantas, porém, como o pH do solo encontrava-se ácido em todos os
tratamentos, os íons H+ e Al3+ na solução do solo não foram neutralizados por grupos OH-,
permanecendo formas tóxicas de alumínio as plantas e, consequentemente, altos valores de
acidez potencial do solo.

Para os valores de SB, CTC e V%, de modo geral, o tratamento A4 apresentou os


maiores valores em ambas as camadas, o que está relacionado aos maiores teores de Ca, Mg e
K encontrados neste tratamento. Entretanto, em ambos os tratamentos, os valores desses
atributos estão abaixo dos considerados adequados para o crescimento e desenvolvimento das
forrageiras.

A saturação por Al variaram entre os tratamentos (Tabela 2). Maiores teores foram
encontrados nos tratamentos A2 e A3, em ambas as camadas de solo avaliada. Teores de
saturação por alumínio acima de 30% causam limitações em culturas perenes, entre 30 e 50%

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 44


Contemporâneos, Volume 1.
é considerado um grau médio de toxidez, acima de 50% o solo apresenta uma toxidade alta,
sendo necessário uma correção imediata do solo (VITORELLO et al., 2005). Somente o
tratamento A4 que não apresentam limitações quanto ao alumínio tóxico.

Os teores de micronutrientes variaram entre os tratamentos (Tabela 2), entretanto, foram


pouco influenciados pela realização da biofertilização. De modo geral, os maiores teores de Cu,
Mn, Fe e Mn foram encontrados no tratamento A1 (Tabela 1), teores esses se encontram na
faixa alta, segundo Souza e Lobato (2004). Para os demais tratamentos, altos teores de Cu
também foram encontrados nos tratamentos A2 e A4. Para Mn, em todos os tratamentos os
teores estão na faixa alta. Para Fe, teores altos foram encontrados em todos os tratamentos. E
para Zn teores médios em A2 e A4 e baixo no A3.

Considerando que todas as áreas estudadas não receberam nenhuma adubação com
micronutrientes, sugere que a disponibilidade de micronutrientes Cu, Fe, Mn e Zn nos solos
estão relacionados ao material de origem dos solos da região. Segundo Vendrame et al. (2007),
os teores disponíveis de Cu, Mn e Fe encontrados nos solos estão na faixa adequada para o
desenvolvimento das pastagens no Cerrado. Com relação ao Zn, verifica-se teor abaixo do nível
crítico no A3, o que reforça a ideia de ser o Zn um dos micronutrientes mais limitantes para o
aproveitamento agrícola dos solos do Cerrado (MAGALHÃES et al., 2002).

4.2 Fitomassa e composição bromatológica da forrageira

Na Figura 1 estão representados os gráficos comparando as produções de massa (kg


MS) entre os tratamentos. A análise de variância indicou diferença significativa (p<0,05) entre
os tratamentos. A produção de massa de forragem dos tratamentos A1 e A2 foram superiores a
produção dos tratamentos A3 e A4. Resultado semelhante obtido por Orrico Junior et al. (2014)
em áreas com diferentes doses de composto orgânico, cultivado com Capim Piatã. Entretanto,
valores esses abaixo da produção média do estado. Segundo Alves et al. (2022) em solos de
média fertilidade e sem adubação de reposição, em Mato Grosso do Sul, produziu em média
9,5 t/ha de matéria seca.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 45


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 1: Produção total de forragem nos diferentes tratamentos. Jatei – MS, 2023.
9000
a
8000
7000 b

Matéria seca (kg ha-1)


6000
5000
4000
3000 c
d
2000
1000
0
A1 A2 A3 A4
Áreas amostradas

A1 - área de pastagem que se encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob
pastejo, porém com apenas três animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação
do biofertilizante ou quaisquer adubação sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção;
A4 - área de pastagem sob pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).

A produção de forragem é resultante das condições climáticas e do solo, da frequência


e intensidade de corte ou pastejo (SANTOS et al., 1999). Além disso, essas variam também
com a aplicação de fertilizantes que podem promover rápido crescimento, com reflexos na
produção de colmos e de folhas.

Os tratamentos A1 e A2 receberam biofertilizante. Como o biofertilizante contém água


e nutrientes em sua formulação e a umidade do solo pode ter influenciado diversos processos
fisiológicos da planta, como crescimento e absorção dos nutrientes existentes na solução do
solo, culminando no aumento da produção de massa. A diferença entre os tratamentos A1 e A2,
provavelmente esteja relacionado a presença de animais (tratamento A2), diminuindo a
quantidade de forragem. Sabe-se que bovinos em pastejo preferem folhas a colmos e materiais
senescentes (CARVALHO et al., 2001). Portanto, não se pode utilizar a quantidade de MS
como única fonte de controle de oferta de forragem, visto que, podem induzir a erros, pois
pastagens com a mesma quantidade de MS disponível podem conter diferentes quantidades de
lâminas verdes (BARBOSA et al., 2006). O tratamento A4 apresentou a menor produção de
fitomassa, mas já era esperado, visto que, era uma área sob pastejo, com grande quantidade de
bovinos, refletindo na menor quantidade de forragem.

Os valores médios, para composição bromatológica da Brachiaria brizantha estão


apresentados na Tabela 3. A análise de variância indicou significância (p<0,05) dos tratamentos

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 46


Contemporâneos, Volume 1.
sobre os componentes nutricionais avaliados. O conteúdo de PB do A2 foi estatisticamente
superior aos A1 e A4.

Tabela 3: Caracterização bromatologica da Brachiaria Brizantha cv.BRS Piatã. Jatei – MS, 2023.
Tratamentos PB% FDN% FDA%
A1 2,60 bc 66,51 b 18,72 b
A2 3,64 a 72,54 a 19,58 b
A3 3,05 ab 72,71 a 27,81 ab
A4 2,09 c 74,35 a 30,64 a
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si, pelo teste de Tukey (P<0,05). A1 - área de pastagem que se
encontrava em descanso e que recebeu biofertilizante; A2 - área de pastagem sob pastejo, porém com apenas três
animais e que recebeu o biofertilizante; A3 - área recém reformada, sem aplicação do biofertilizante ou quaisquer
adubação sendo consorciada com a plantação de melancia sobre efeito de correção; A4 - área de pastagem sob
pastejo, contendo 155 animais, com pasto degradado.
Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Os teores de proteína bruta devem ser adequados nas pastagens para que ocorra a
adequada fermentação (MAGALHÃES et al., 2009). De acordo com Mertens (1994), as
bactérias ruminais necessitam de 6 a 8% de PB na MS, para atender suas necessidades de
manutenção. Segundo De Bem et al. (2015), o avanço da maturidade nas gramíneas forrageiras
tropicais, proporciona lignificação precoce de seus tecidos, com alterações no citoplasma da
planta com o declínio dos teores de PB e outros nutrientes, devido ao aumento gradativo dos
constituintes da parede celular ou, a redução nos teores de PB pode estar associado ao maior
acumulo de MS, o que causa o efeito de diluição do nitrogênio. Apesar das diferenças
significativas entre os tratamentos, de uma forma geral, todos os tratamentos apresentam baixos
teores de PB.

A deficiência proteica pode causar a limitação da produção animal, não apenas pelo
decréscimo nas taxas de digestão e de passagem devido aos teores de proteínas bruta abaixo do
limite crítico (7%), como também devido ao aporte insuficiente de aminoácidos no duodeno,
em função da menor produção de proteína microbiana (MEDEIROS; MARINO, 2015). Nesse
sentido, pode se inferir que em todos os tratamentos estudados, o capim piatã não pode ser
utilizado em pastagens extensivas, se objetivo for atender de forma satisfatória às necessidades
básicas dos ruminantes.

Os maiores valores de FDN foram observados nos tratamentos A2, A3 e A4. Maiores
valores de FDN coincidiram com as áreas pastejadas, ou seja, no momento da coleta
provavelmente, foi coletado mais forragem com frações menos digeríveis, como lignina,
celulose, hemicelulose protegidas, cutícula e sílica, visto que, os animais preferem forragens

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 47


Contemporâneos, Volume 1.
mais novas, mais ricas em componentes potencialmente digeríveis, como carboidratos solúveis,
proteínas e minerais.

A proporção de FDN em uma forragem é importante não só para a avaliação de sua


qualidade nutricional, mas também pelo fato da FDN estar relacionada com consumo máximo
de matéria seca (MERTENS, 1994). Desse modo, plantas com teores maiores de FDN, teriam
menor potencial de consumo. De acordo com van Soest (1994) valores acima de 60%
correlacionam-se negativamente com o consumo voluntário de MS pelos animais, e
consequentemente reduz o desempenho dos animais. O aumento nos teores de FDN podem
estar associados ao aumento da lignificação da parede celular bem como à maior atividade
metabólica da planta, que converte mais rapidamente o conteúdo celular em compostos
estruturais (DE BEM et al., 2015).

Para FDA, a maior média foi encontrada no tratamento A4, mas, não diferindo da A3 e,
as menores médias nos tratamentos A1 e A2. A FDA é os constituintes menos solúveis da
parede celular, sendo constituída basicamente por celulose, lignina e sílica, ou seja, o excesso
de FDA pode diminuir a digestibilidade da forragem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De modo geral, em todos os tratamentos os atributos químicos do solo estavam abaixo


da faixa considerada adequada para o crescimento e desenvolvimento da forrageira. Fatores
esses que contribuiu com as baixas produções de fitomassa e com baixo valor nutritivo.

Para que ocorra um melhor desenvolvimento das pastagens é imprescindível que o solo
apresente boas condições químicas e físicas pra suprir as necessidade das plantas estabelecendo
um ambiente favorável para o bom desenvolvimento vegetal. Isso só é possível através do bom
manejo das pastagens.

Com isso, observa-se que a fertilização é de grande valor, não só para aumentar a
produção da forragem, mas também como uma maneira para suprir os nutrientes do solo, o que
irá refletir na qualidade da forragem, além de manter ou aumentar a viabilidade do sistema
produtivo.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 48


Contemporâneos, Volume 1.
REFERÊNCIAS

ALCARDE, J. C. Características de qualidade dos corretivos de acidez do solo. In: RAIJ, B.


van: BATAGLIA, O. C.; SILVA N. M. da (Org.), ed. Acidez e calagem no Brasil. Campinas:
Editora Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1983. p. 11-22.

ALTIERRI, M. Agroecologia: Bases cientificas para uma agricultura sustentável. Guaíba:


Editora Agropecuária, 2002. p. 592.

ALVES, S. J. et al. Espécies forrageiras recomendadas para produção animal. 2008.


Disponível em:
https://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/zootecnia/ANACLAUDIARUGGIERI/espec
ies_forrageiras.pdf.. Acessado em: Mar. 2022.

BARBOSA, M. A. A. F.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; CECATO, U. Dinâmica da pastagem


e desempenho de novilhos em pastagem de capim-tanzânia sob diferentes ofertas de forragem.
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 35, n. 4, p. 1594-1600, Ago, 2006. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbz/a/yh8WSjq89Qq6tHkv99Y9BjF/?lang=pt>. Acessado em: Jun.
2023.

BRITO, R. S. de. Rochagem na agricultura: importância e vantagens para adubação


suplementar. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological,
Rio Branco, v. 6, n. 1, Jan/Jul. 2019. Disponível em:
<https://periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/view/2331>. Acessado em: Ago. 2022.

CANTARUTTI, R. B. et al. Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em


Minas Gerais: 5ª aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo de Minas Gerais,
1999. Cap.18.5, p. 332-341.

CARVALHO, P. C. F.; RIBEIRO, H. M. N.; POLI, C. H. E.C. Importância da estrutura da


pastagem na ingestão e seleção de dietas pelo animal em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba:
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001. 853 -871. Disponível em:
<https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/forragens/artigos/IMPORTANCIA%20DA%
20ESTRUTURA%20DA%20PASTAGEM%20NA%20INGESTAO%20E%20SELECAO%2
0DE%20DIETAS%20PELO%20ANIMAL%20EM%20PASTEJO.pdf>. Acessado em: Mai.
2022.

CLAESSEN, M. E. C. (Org.). Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. rev. atual. Rio de
Janeiro: Embrapa CNPS, 1997. (Documentos, 1). Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/169149/1/Manual-de-metodos-de-
analise-de-solo-2-ed-1997.pdf>. Acessado em: Out. 2022.

COSTA, N. L. et al. Efeito do diferimento sobre a produção de forragem e composição química


de Brachiaria Brizantha cv. Xaraés. Pubvet, Londrina, v.4, n. 10, ed. 115, art. 776, 2010.
Disponível em:
<https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/878557/1/PubVetCosta776.pdf.
Acessado em: Set. 2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 49


Contemporâneos, Volume 1.
DANTAS, C. C. O.; NEGRÃO, F. M. Adubação Orgânica Para Forrageiras Tropicais. Pubvet,
Londrina, v.4, n. 31 p. 917-923, Set. 2010. Disponível em:
https://ojs.pubvet.com.br/index.php/revista/article/view/2487?articlesBySameAuthorPage=2.
Acessado em: Set. 2022.

DE BEM, C. M. et al. Dinâmica e valor nutritivo da forragem de sistemas forrageiros


submetidos à produção orgânica e convencional. Revista Brasileira de Saúde e Produção
Animal, Salvador, v. 16, n. 3, p. 513–522, Jul/Set. 2015. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/283695720_Dinamica_e_valor_nutritivo_da_forra
gem_de_sistemas_forrageiros_submetidos_a_producao_organica_e_convencional>. Acessado
em: Ago. 2022.

DIAS FILHO, M. B. Diagnóstico das pastagens no brasil. Embrapa Amazônia Oriental,


Belém, Pa, Brasil. 2014. Disponível em:
<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/986147/1/DOC402.pdf>. Acessado
em: Set. 2022.

EUCLIDES, V. P. B. et al. Produção de forragem e características estruturais de três cultivares


de Brachiaria brizantha sob pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 12,
p. 1805-1812, Dez. 2008. Disponível em:
<https://seer.sct.embrapa.br/index.php/pab/article/view/1049/5595>. Acessado em: Ago. 2022.

FERREIRA, D. F. Sisvar: um guia dos seus procedimentos de comparações múltiplas bootstrap.


Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 38, n. 2, p. 109-112. 2014. Disponível em:
<http://repositorio.ufla.br/jspui/handle/1/15349>. Acessado em: Set. 2022.

FONTANELI, R. S. et al. Rendimento e valor nutritivo de cereais de inverno de duplo


propósito: forragem verde e silagem ou grãos. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 38,
n. 111, p. 2116-2120, 2009. Disponível em:
<https://www.scienceopen.com/document?vid=10fc0415-d2b1-4737-8bbf-3cf4334dff59>.
Acessado em: Set. 2022.

HARGREAVES, J. C.; ADL, M. S.; WARMAN, P. R. A review of the use of composted


municipal solid waste in agriculture. Agriculture, Ecosystems e Environment, Amsterdam,
v.123, p. 1-14, 2008. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/231181421_A_Review_of_the_Use_of_Composte
d_Municipal_Solid_Waste_in_Agriculture>. Acessado em: Jul. 2022.

HEJCMAN, M.; BERKOVÁ, M.; KUNZOVÁ, E. Effect of long-term fertilizer application on


yield and concentrations of elements (N, P, K, Ca, Mg, As, Cd, Cu, Cr, Fe, Mn, Ni, Pb, Zn) in
grain of spring barley. Plant, Soil and Environment, Replica Tcheca, v. 59, p. 329–334, 2013.
Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/297440322_Effect_of_long-
term_fertilizer_application_on_yield_and_concentrations_of_elements_N_P_K_Ca_Mg_As_
Cd_Cu_Cr_Fe_Mn_Ni_Pb_Zn_in_grain_of_spring_barley>. Acessado em: Jul. 2022.

HOFFMANN, A. et al. Produção de bovinos de corte no sistema de pasto-suplemento no


período da seca. Nativa, Sinop, v. 2, n. 2, p. 119-130, 2014. Disponível em:
<https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/nativa/article/view/1298>. Acessado em
Ago. 2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 50


Contemporâneos, Volume 1.
KAMINSKI, J. et al. Estimativa da acidez potencial em solos e sua implicação no cálculo da
necessidade de calcário. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.26, p. 1107-1113,
Dez. 2002.
Disponível<https://www.researchgate.net/publication/237026652_Estimativa_da_acidez_pote
ncial_em_solo_e_sua_implicacao_no_calculo_da_necessidade_de_calagem>. Acessado em:
Jul. 2022.

MAGALHÃES, J. A. et al. Eficiência do nitrogênio, produtividade e composição do capim-


andropogon sob irrigação e adubação. Archivos de zootecnia, Córdoba, v. 61, p. 577-588, Dez.
2012. Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/495/49525141006.pdf>. Acessado em:
Set. 2022.

MAGALHÃES, R. T.; OLIVEIRA, I. P.; KLIEMANN, H. J. Relações da produção de massa


seca e as quantidades de nutrientes exportados por Brachiaria brizantha em solos sob o manejo
pelo sistema “barreirão”. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v.32, p. 13-20, Jan/Jun.
2002. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/pat/article/view/2435>. Acessado em: Jun. 2022.

MALAVOLTA, E. Manual de nutrição de plantas. São Paulo: Ceres, 2006.

MEDEIROS, S. R.; MARINO, C. T. Proteínas na nutrição de bovinos de corte. Brasília:


Embrapa, 2015. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120161/1/Nutricao-Animal-
CAPITULO-03.pdf >. Acessado em: Ago. 2022.

MERTENS, D. R. Regulation of forage intake. In: FAHEY JR., G. C.; COLLINS, M.;
MERTENS, D. R. (Eds.). Forage quality, evaluation and utilization. Nebraska: American
Society of Agronomy, Crop Science of America, Soil Science of America, 1994. p. 450-493.

MOORE, J. E. Forage quality indices: development and applications. In: FAHEY JR., G. C.
(Ed.). Forage quality, evaluation, and utilization. Madison, WI: American Society of
Agronomy, Crop Science Society of America, Soil Science Society of America, 1994. p. 967-
998.

MUELLER, S. et al. Produtividade de tomate sob adubação orgânica e complementação com


adubos minerais. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 31, n. 1, p. 86 – 92, Mar. 2013.
Disponível em: <https://www.scienceopen.com/document?vid=4a3230fa-07e1-431f-b4cd-
97fe78af1aaf>. Acessado em: Ago. 2022.

PIMENTA, L. Capim novo a caminho. Revista ABCZ, Uberaba, v.50, n. 2. p. 18-20, 2009.
Disponível em: https://issuu.com/revista_abcz/docs/abcz_50_baixa. Acessado em Jun. 2023.

ORRICO JÚNIOR, M. A. P. et al. Potencial bromatológico do capim piatã cultivado em sistema


orgânico, Revista Agrarian, Dourados, v.7, n. 25, p. 447-453, 2014. Disponível em: <
https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/agrarian/article/view/2348>. Acessado em: Mai. 2022.

ORRICO JÚNIOR, M. A. P. et al. Biodigestão anaeróbia dos dejetos da bovinocultuta de corte:


influência do período, do genótipo e da dieta. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.41,
n.6, p. 1533-1538, 2012. disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbz/a/t9RmpgPQP9VVcYgTQ5zjszS/?lang=pt>. Acessado em Mai.
2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 51


Contemporâneos, Volume 1.
REIS, G. L. et al. Produção e composição bromatológica do capimmarandu, sob diferentes
percentuais de sombreamento e doses de nitrogênio. Revista Jornal Biosciência, Uberlândia,
v. 29, n. 5, p. 1606-1015, Nov. 2013. Disponível em:
<https://seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/17394>. Acessado em: Jun. 2022.

RIBEIRO, K. G.; GOMIDE, J. A.; PACIULLO, D. S. C. Adubação Nitrogenada do Capim-


elefante cv. Mott.2. Valor Nutritivo ao Atingir 80 e 120 cm de Altura. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v.28, n.6, p. 1194-1202, 1999. Disponível
em:<https://www.scielo.br/j/rbz/a/DRQ7T6pcXSVDJ4Wv3hwy5hs/?lang=pt>. Acessado em
Jun. 2023.

RIBEIRO JÚNIOR, M. R. R. et al. Desenvolvimento de Brachiaria Brizantha cv. Marandú


submetidas a diferentes tipos de adubação (química e orgânica). Revista Unimar Ciências,
Marília, v. 24. n. 1-2, p. 49-53, 2015. Disponível em:
<https://www.unimar.br/biblioteca/publicacoes/unimarciencias24.pdf>. Acessado em: Abr.
2022.

RODRIGUES, B. H. N.; MAGALHÃES, J. A.; LOPES, E. A. Irrigação e adubação nitrogenada


em três gramíneas forrageiras. Revista Ciência Agronômica, Ceará, v.36, n. 3, p. 274-278,
2005. Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/1953/195317500004.pdf>. Acessado em:
Mai. 2022.

SANTOS, H. G. et al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5. ed. Brasília, DF:


Embrapa, 2018. E-book: il. color. E-book, no formato ePub. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/solos/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1094003/sistema-
brasileiro-de-classificacao-de-solos>. Acessado em: Out. 2022.

SANTOS, M. E. R. Adubação de pastagens: possibilidade de utilização. Enciclopédia


Biosfera, Goiânia, Centro Cientifica Conhecer, v.6, n. 11, p. 1 - 13, 2010. Disponível em:
<https://www.conhecer.org.br/enciclop/2010c/adubacao%20de%20pastagens.pdf>. Acessado
em: Jun. 2022.

SANTOS, P. M.; CORSI, M.; BALSALOBRE, M. A. A. Efeito da frequência de pastejo e da


época do ano sobre a produção e a qualidade em Panicum maximum cvs. Tanzânia e Mombaça.
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.28, n.2, p. 244-249, Abr. 1999. Disponível em:
<https://www.rbz.org.br/pt-br/article/efeito-da-frequencia-de-pastejo-e-da-epoca-do-ano-
sobre-a-producao-e-a-qualidade-em-panicum-maximum-cvs-tanzania-e-mombaca/>.
Acessado em: Mai. 2022.

SHEHATA, S. M. et al. Interactive effect of mineral nitrogen and biofertilization on the growth,
chemical composition and yield of celeriac plant. European Journal of Scientific Research,
v. 47, n. 2, p. 248 -255, Nov. 2010. Disponível em:
<https://www.https//www.researchgate.net/publication/273121169_Interactive_Effect_of_Mi
neral_Nitrogen_and_Biofertilization_on_the_Growth_Chemical_Composition_and_Yield_of
_Celeriac_Plantresearchgate.net/publication/273121169_Interactive_Effect_of_Mineral_Nitro
gen_and_Biofertilization_on_the_Growth_Chemical_Composition_and_Yield_of_Celeriac_P
lant>. Acessado em: Jun. 2022.

SILVEIRA, M. C. T. et al. Morphogenetic and structural comparative characterization of


tropical forage grass cultivars under free growth. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 67, n. 2, p.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 52


Contemporâneos, Volume 1.
136-142, Marc/Abr. 2010. Disponível em:
<https://www.revistas.usp.br/sa/article/view/22559/24583>. Acessado em: Mai. 2022.

SOBRAL, L. F. et al. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes no Estado de


Sergipe. Aracaju: Embrapa Tabuleiros Costeiros, 2007. p. 251.

SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. 2.ed. Planaltina:


Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416 p. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/555355/cerrado-correcao-do-
solo-e-adubacao>. Acessado em: Ago. 2022.

VALLE, C. B. et al. Brachiaria brizantha cv. Piatã: Uma forrageira para diversificação de
pastagens tropicais. Seed News, Brasília, v.9, n. 2, p. 28-30, 2007. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/91592/1/capim-piata.pdf>. Acessado
em: Ago. 2022.

VAN SOEST, P. J. Nutritional ecology of the ruminant. 2nd Edition, Cornell University
Press, Ithaca, 476. 1994.

VENDRAME, P. R. S. et al. Disponibilidade de cobre, ferro, manganês e zinco em solos sob


pastagens na região do cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.42, n. 6, p. 859-
864, Jun, 2007. disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/262719394_Disponibilidade_de_cobre_ferro_man
ganes_e_zinco_em_solos_sob_pastagens_na_Regiao_do_Cerrado_Availability_of_copper_ir
on_manganese_and_zinc_in_soils_under_pastures_in_the_Brazilian_Cerrado>. Acessado em:
Mai. 2022.

VITORELLO, V. A.; CAPALDI, F. R.; STEFANUTO, V. A. Recent advances in aluminum


toxicity and resistance in higher plants. Brazilian Journal of Plant Physiology, Campos dos
Goytacazes, v.17, n. 1, p. 129-143, Mar. 2005. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/bjpp/a/BQFgbrchfL7FHcfDQtFpNhm/?lang=en> Acessado em: Ago.
2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 53


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231155300

CAPÍTULO 5
MANEJO DE ADUBAÇÃO NA CULTURA DE SOJA COM FERTILIZANTE
ORGANOMINERAL

Erich dos Reis Duarte


Matheus Hashimoto da silva
Eduardo Almeida Costa
Aline Vanessa Sauer
Camila Ferreira Miyashiro

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade da soja em função da aplicação de diferentes formas e doses
de fertilizantes fosfatados, com enfase na avaliação da viabilidade do formulado organomineral no manejo de
adubação para a cultura da soja. O experimento foi conduzido no Centro de Pesquisa Universitário, localizado no
município de Londrina-PR. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados, com 7 tratamentos e 4
repetições. As doses do fertilizante foram distribuídas em dois momentos: (A) primeira aplicação no sulco de
semeadura, realizada em 24/10/2022; (B) segunda aplicação realizada em cobertura, em 24/10/2022. Nos
resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas respectivas doses em kg/ha entre
parênteses. O experimento tem como objetivo potencializar a eficiência da adubação organomineral, visando trazer
maior rentabilidade da cultura.

PALAVRAS-CHAVE: Adubação fosfatada; Adubação organomineral; Produtividade; Solo.

1. INTRODUÇÃO

No contexto mundial, a soja está inserida economicamente como uma das principais
culturas agrícolas. No Brasil, a cultura da soja segue como um dos produtos com maior volume
colhido, fomentando e agregando de forma significativa a economia nacional. Na safra
2018/2019 apresentou área cultivada de aproximadamente 39,79 milhões de hectares e
apresentou uma produção estimada em 122,2 milhões de toneladas, com produtividade média
em torno de 3.322 kg/ha (CONAB, 2020).

Os fertilizantes organominerais, foram introduzidos no Brasil no início dos anos 1980,


e sua adoção tem crescido conforme estudos e resultados promissores que tem demonstrado em
diferentes lavouras. Seus efeitos tem sido positivos em relação ao solo e plantas, não se
limitando apenas a nutrir, mas aprimorar as condições do solo, melhorando a sua atividade
biológica (BROTO, 2021).

Para um melhor desempenho da lavoura, a qualidade do solo depende principalmente


da maneira como é preparada, devendo- se considerar suas condições físico-químicas, podendo
ser aperfeiçoadas por meio da adesão de técnicas e práticas agrícolas geridas pelo produtor

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 54


Contemporâneos, Volume 1.
rural. Dentre essas práticas, está a aplicação dos fertilizantes, mais especificamente, os
organominerais, basicamente constituídos de adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes na
sua forma mineral, ampliando a possibilidade de atender às necessidades de nutrição.
Grosseiramente, a simples mistura de um adubo mineral com matéria orgânica poderia compor
um fertilizante organomineral. Entretanto, O Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA), define em sua Instrução normativa SDA nº25, de 23 de julho de 2009,
o fertilizante organomineral como uma mistura física ou a combinação de fertilizantes minerais
e orgânicos que possuam no mínimo 8% de carbono orgânico, máximo de 30% de umidade e
uma capacidade de troca catiônica (CTC) mínima de 80 mmolc kg-1 (BROTO, 2021).

O manejo da fertilização organomineral, proporciona alguns benefícios nas


características do solo, como o aumento da capacidade do solo em trocar cátions (CTC), em
outras palavras, íons de carga positiva como os de cálcio, potássio e magnésio; os
microrganismos benéficos às plantas são estimulados com a incorporação de matéria orgânica;
a neutralização de substâncias tóxicas, como a formação de moléculas complexas de elementos
tóxicos, como alumínio e metais pesados; a formação de complexos de óxidos de ferro e
alumínio libera o fósforo do solo para ser aproveitado pela lavoura, ou seja, aumenta a
disponibilidade de fósforo; o solo consegue reter mais água em razão da matéria orgânica do
fertilizante (BROTO, 2021).

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 caracterização da área, tratamentos e delineamento experimental

O experimento foi conduzido no Centro de Pesquisa Universitário, localizado no


município de Londrina, pertencente à região norte do estado do Paraná, latitude S:
23°19’11.03”, longitude W: 51°9’58.323” e altitude: 480m. A cultivar utilizada foi a BMX
OLIMPO, semeada em 24 de outubro de 2022, com densidade de semeadura de 12 de sementes
por metro e espaçamento entre linhas de 45 cm. Os tratamentos foram organizados da seguinte
maneira: T1: Testemunha; T2: MAP (A); T3: Organomineral (A); T4: dose reduzida do
organomineral (A); T5: MAP (B); T6: organomineral (B) e T7: dose reduzida do organomineral
(B). Sendo as doses recomendadas de P, segundo a análise de solo e de acordo com Manual de
Adubação e Calagem para o Estado do Paraná. Onde os tratamentos acompanhados com “A”
receberam o fertilizante no sulco de semeadura e os tratamentos acompanhandos com a letra
“B” receberam em cobertura.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 55


Contemporâneos, Volume 1.
2.2 Objetivo

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica do


formulado organomineral 06-24-00, em diferentes doses e épocas de aplicação, no manejo de
adubação na cultura de soja.

2.3 Tratamentos

Tabela 1: Doses dos produtos formulados e épocas de aplicação.


Trat. Produtos Formulação (%) Dose (Época) Unidade
1 TESTEMUNHA
2 MAP Nitrogênio (10%) + Fósforo (50%) 300,00 (A) Kg/ha
3 Organomineral 06- Nitrogênio (6%) + Fósforo (24%) 600,00 (A) Kg/ha
24-00
4 Organomineral 06- Nitrogênio (6%) + Fósforo (24%) 350,00 (A) Kg/ha
24-00
5 MAP Nitrogênio (10%) + Fósforo (50%) 300,00 (B) Kg/ha
6 Organomineral 06- Nitrogênio (6%) + Fósforo (24%) 600,00 (B) Kg/ha
24-00
7 Organomineral 06- Nitrogênio (6%) + Fósforo (24%) 350,00 (B) Kg/ha
24-00
A: Plantio; B: Lanço.
Fonte: Autoria própria (2023).

2.4 Delineamento Experimental

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 7 tratamentos


e 4 repetições. Os tratamentos testados estão descritos na tabela 1. O Anexo 1 apresenta o nome
comercial, e formulação dos produtos em teste. A área experimental constituiu-se em parcelas
medindo 7 m de largura por 2 m de comprimento, totalizando 14 m2.

2.5 Metodologia e Épocas de Aplicação:

Quadro 1: Metodologia de Aplicação.


Forma de aplicação: N° de aplicação: 2 Intervalo de Volume de calda:
Aplicação no solo aplicação: A-B: 0 150 L/ha
Equipamento de N° de bico: 110º02 Espaç. Bico: 0,5 m
Aplicação: CO2
Fonte: Autoria própria (2023).

2.6 Metodologia das avaliações

Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada equação proposta por Abbott
(1925), conforme descripts abaixo:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 56


Contemporâneos, Volume 1.
em que:

%EF: Porcentagem de eficiência.

N1: Nota na parcela testemunha.

N2: Nota na parcela tratada.

Para todas as avaliações realizadas no experimento, consideraram-se as linhas centrais


de cada parcela, evitando o efeito negativo das bordaduras. A produtividade foi estimada
coletando-se as plantas da área útil da parcela (1,0 m2).

Produtividade: Ao final do ciclo da cultura, a produtividade deve ser calculada em


Kg/ha.

2.7 Análise Estatística

Os dados foram analisados pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. O teste de


homocedasticidade foi utilizado em todas as variáveis para verificar a necessidade de
transformação dos dados (Box; Cox, 1964). Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo
Software Syslaudo®.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas


respectivas doses em kg/ha entre parênteses. As épocas de aplicação utilizadas foram A:
Plantio; B: Lanço.

3.1 Produtividade

Na avaliação de massa de mil grãos (M.M.G) (Tabela 2), verificou-se que todos os
tratamentos foram superiores à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O
tratamento 3 com o produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
estatisticamente o tratamento mais produtivo, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos T2: MAP (300kg/ha) A; T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A; T5: MAP
(300kg/ha) B; T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B; T7: Organomineral 06-24-00
(350kg/ha) B. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
semelhante ao tratamento padrão T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A, pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose
alvo (600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T5: MAP (300kg/ha) B, pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 57


Contemporâneos, Volume 1.
Na avaliação de massa de mil grãos corrigida (M.M.G) (Tabela 2), verificou-se que
todos os tratamentos foram superiores à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose
alvo (600kg/ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos T2: MAP (300kg/ha) A; T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A; T5: MAP
(300kg/ha) B; T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B; T7: Organomineral 06-24-00
(350kg/ha) B. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
superior ao tratamento padrão T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A pelo teste de Scott-
Knott a 5% de probabilidade. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo
(600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T5: MAP (300kg/ha) B, pelo teste de Scott-Knott
a 5% de probabilidade.

Na avaliação de produtividade (Tabela 2), observando-se o aumento de rendimento em


relação à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo
teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado
Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi estatisticamente superior, pelo teste
de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T2: MAP (300kg/ha) A; T4: Organomineral 06-24-00
(350kg/ha) A; T5: MAP (300kg/ha) B; T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B; T7:
Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) B. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua
dose alvo (600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T4: Organomineral 06-24-00
(350kg/ha) A, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado
Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T5:
MAP (300) B pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O maior aumento de rendimento
(1397,0 kg/ha) em relação à testemunha foi observado para o tratamento: T3: Organomineral
06-24-00 (600kg/ha) A.

Na avaliação de saca/ha (Tabela 2), observando-se o aumento de rendimento em relação


à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste
de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 3 com o produto testado Organomineral
06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott
(p<0,05) aos tratamentos T2: MAP (300kg/ha) A; T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A;
T5: MAP (300kg/ha) B; T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B; T7: Organomineral 06-24-
00 (350kg/ha) B. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo (600kg/ha) foi
superior ao tratamento padrão T4: Organomineral 06-24-00 (350kg/ha) A, pelo teste de Scott-

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 58


Contemporâneos, Volume 1.
Knott a 5% de probabilidade. O produto testado Organomineral 06-24-00 em sua dose alvo
(600kg/ha) foi superior ao tratamento padrão T5: MAP (300kg/ha) B pelo teste de Scott-Knott
a 5% de probabilidade. O maior aumento de rendimento (23,30 sacas de 60kg/ha) em relação à
testemunha foi observado para os tratamentos: T3: Organomineral 06-24-00 (600 kg/ha) A.

Tabela 2: Massa de mil grãos, produtividade, sacas 60 kg/ha e A.R.


Trat. Dose M.M.G M.M.G. Produtividade A.R. Saca A.R.
kg/ha Corrigida (kg/ha) 60
kg/ha
1 Test. 0 145 a 145 a 2395,0 e 0 39,90 e 0
2 MAP (A) 300 158 c 158 c 3181,0 c 786,40 53,0 c 13,10
3 Organomineral 600 173 a 173 a 3792,0 a 1397,0 63,20 a 23,30
06-24-00 (A)
4 Organomineral 350 162 b 162 b 3094,0 c 699,80 51,60 c 11,70
06-24-00 (A)
5 MAP (B) 300 155 c 155 c 2884,0 d 489,90 48,10 d 8,16
6 Organomineral 600 171 a 171 a 3361,0 b 966,80 56,0 b 16,10
06-24-00 (B)
7 Organomineral 350 159 c 159 c 3207,0 c 812,50 53,50 c 13,50
06-24-00 (B)
C.V.(%) 0 0 0 3,64 3,64

D.M.S. 0 0 0 266,55 4,44

* Gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste
de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: Plantio; B: Lanço.
Fonte: Autoria própria (2023).

4. SELETIVIDADE A INIMIGOS NATURAIS

Não foi observado ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não foi
o objetivo deste estudo.

5. CONCLUSÕES

Com base no estudo realizado, pode-se concluir que:

• Na avaliação para determinação de produtividade notou-se que o maior aumento de


rendimento (1.397 kg/ha) em relação à testemunha foi observado para o tratamento: T3:
Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) A.

• O segundo maior aumento de rendimento (966,80 kg/ha) em relação a testemunha foi


observado para o tratamento: T6 Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B.

• O maior aumento de rendimento (23,30 Sacas de 60kg /ha) em relação à testemunha foi
observado para os tratamentos: T3: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) A.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 59


Contemporâneos, Volume 1.
• O segundo maior aumento de rendimento (16,10 sacas de 60kg/ha) em relação à
testemunha foi observado para os tratamentos: T6: Organomineral 06-24-00 (600kg/ha) B.

• Observou-se que a linha de fertilizantes organominerais proporcionou melhores condições


fisícas e químicas do solo, convertendo esse melhor potencial em produtividade.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of


Economic Entomology, v.18, p. 265-266, 1925. Disponivel em:
https://doi.org/10.1093/jee/18.2.265a. Acessado em: Fev. 2023.

AGROFIT. Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em


<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acessado em: Jul.
2020.

CAMPBELL, C. L.; MADDEN, L. V. Introduction to plant disease epidemiology. New


York: John Willey, 1990.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira


grão. 2020. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-
de-graos. Acessado em: Fev. 2020.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Soja em Números (safra


2017/2018). Londrina: Embrapa Soja. 2018. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acessado em: Out. 2018.

ENTENDA o que são fertilizantes organominerais e como usá-los – Publicado por Broto,
28 de juho de 2021 – Disponível em: https://blog.broto.com.br/fertilizantes-organominerais/.
Acessado em: Mai. 2023.

SILVA, M. G. F. et al. Syslaudo: Software de gerenciamento e automatização de


experimentos agrícolas. Versão 10.0.40.5 01/03/2019. Disponível em: https://syslaudo.com.
Acessado em: Mar. 2023.

TECNOLOGIAS de produção de soja – região central do Brasil 2014. Londrina: Embrapa


Soja, 2013. p. 268 (Sistemas de Produção / Embrapa Soja, ISSN 1677-8499; n° 16). Disponível
em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br. Acessado em: Fev. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 60


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231166300

CAPÍTULO 6
EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA FERRUGEM ASIÁTICA
(PHAKOPSORA PACHYRHIZI) NA CULTURA DE SOJA

Erich dos Reis Duarte


Matheus Hashimoto da Silva
Eduardo Almeida Costa
Marcos Yassuhiro Inoue
Aline Vanessa Sauer

RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica no manejo de doenças com
fungicidas, tendo como base os princípios ativos (Mefentrifluconazol+Piraclostrobina+fluxapiroxade), com o
foco em manejo de Ferrugem-da-soja (Phakopsora pachyrhizi) na cultura de soja, além de registrar possíveis
efeitos de fitotoxicidade dos tratamentos para a referida cultura. O experimento foi conduzido na cidade de
Londrina- PR, latitude S:23º19'11.03", longitude W:51º9'58.323", altitude de 480m. A Cultivar utilizada foi
DM66i68, semeada em 04/10/2022, com as seguintes características: espaçamento de 0,45 m entre linhas e
densidade populacional de 12 plantas por metro linear, sendo 266.666 plantas/ha, a primeira aplicação realizada
em 07/11/2022, a segunda aplicação realizada em 23/11/2022 e a terceira aplicação realizada em 03/12/2022 e
finalizando o ensaio com a colheita em 01/03/2023. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados com 10 tratamentos e 4 repetições. Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos
formulados com suas respectivas doses em ml/ha ou g/ha entre parênteses. As épocas de aplicação utilizadas foram
A: V7 Sexta folha trifoliolada completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da
formação de vagem. O Manejo de Doenças com o uso de fungicidas, associados com multissítios forem
fundamentais para o controle de Ferrugem da Soja.

PALAVRAS-CHAVE: Fungicida; Ferrugem da soja; Tratamento; Fitotoxidade.

1. INTRODUÇÃO

No cenário mundial, é notório que soja está inserida economicamente como uma das
principais commodities agrícolas. No Brasil, a cultura da soja na safra 2018/2019 apresentou
uma área cultivada de aproximadamente 39,79 milhões de hectares e apresentou uma produção
estimada em 122,2 milhões de toneladas, com produtividade média em torno de 3.322kg/ha
(CONAB, 2020).

Entre as razões que impedem que a cultura da soja atinja seu potencial produtivo estão
as doenças, que podem ocorrer desde a germinação até o enchimento de grãos. Sua importância,
em termos econômicos, pode variar dependendo das condições climáticas de cada safra e
região. As perdas anuais de produção, estimadas em relação as doenças, estão entre 15% a 20
%, no entanto, dependo das condições, pode chegar a 100% (EMBRAPA, 2020). Há,
catalogadas no Brasil, aproximadamente 50 doenças de soja e, dentre essas doenças, a ferrugem
asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi Sydow, é a que tem maior potencial para

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 61


Contemporâneos, Volume 1.
causar danos à cultura, em razão de sua alta capacidade disseminação e virulência (CANTERI,
2010 apud Yorinori, 2002),

O fungo Phakopsora pachyrhizi, é um fungo biotrófico que produz dois tipos de


esporos, teliósporos e uredinósporos. Teliósporos são os esporos sexuais do patógeno e são
produzidos em lesões mais antigas. Estes não parecem germinar em condições naturais e mesmo
com o estágio telial não funcional, e portando com falta da reprodução sexual, ainda existe uma
variabilidade considerável de P. pachyrhizi no que diz respeito à virulência. Assim, o estágio
uredinal é o responsável pelas epidemias desta doença. Uredinósporos são ovóides a elipsóides,
de coloração amarelo-amarronzadas, possuem uma superfície coberta por pequenos espinhos e
medem de 18 por 34 a 15 por 24 µm (CASSETARI NETO et al., 2010).

A principal forma de disseminação da doença é pelo vento. Os sintomas iniciais são


pequenas lesões foliares, de coloração castanha a marrom-escura. Na face inferior da folha,
pode-se observar urédias que se rompem e liberam os uredósporos. Plantas severamente
infectadas apresentam desfolha precoce, o que compromete a formação, o enchimento de grãos
nas vagens e o peso final do grão.

1.2 Nível de infestação ou infecção recomendada para controle

A recomendação para controle de ferrugem asiática da soja é de aplicações de fungicidas


na identificação dos primeiros sintomas de forma preventiva (TECNOLOGIAS, 2013).

1.3 Nível de dano econômico recomendado para controle

A utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época


recomendada, utilização de cultivares com genes de resistência, eliminação de plantas de soja
voluntárias e a ausência de cultivo de soja na entressafra por meio do vazio sanitário, o
monitoramento da lavoura desde o início do desenvolvimento da cultura e o controle químico
com a utilização de fungicidas no aparecimento dos sintomas ou preventivamente são medidas
de controle indicadas no manejo integrado da doença (TECNOLOGIAS, 2013).

2. OBJETIVOS DO EXPERIMENTO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência e praticabilidade agronômica no manejo


de doenças com fungicidas, tendo como base os princípios ativos
(Mefentrifluconazol+Piraclostrobina+fluxapiroxade), com o foco em manejo de Ferrugem-da-
soja (Phakopsora pachyrhizi) na cultura de soja, além de registrar possíveis efeitos de
fitotoxicidade dos tratamentos para a referida cultura. O experimento foi conduzido na cidade

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 62


Contemporâneos, Volume 1.
de Londrina- PR, latitude S:23º19'11.03", longitude W:51º9'58.323", altitude de 480m. A
Cultivar utilizada foi DM66i68, semeada em 04/10/2022, com as seguintes características:
espaçamento de 0,45 m entre linhas e densidade populacional de 12 plantas por metro linear,
sendo 266.666 plantas/ha, a primeira aplicação realizada em 07/11/2022, a segunda aplicação
realizada em 23/11/2022 e a terceira aplicação realizada em 03/12/2022 e finalizando o ensaio
com a colheita em 01/03/2023.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Caracterização da Área, Tratamentos e Delineamento Experimental:

O experimento foi conduzido no município de Londrina, pertencente à região de norte


do estado do Paraná, latitude S:23°19’11.03”, longitude W:51°9’58.323” e altitude de 480m. A
cultivar utilizada foi DM66i68, semeada em 04/10/2022, com espaçamento entre linhas de
0,45m e densidade de semeadura de 12 plantas por metro, buscando estabelecer uma população
média de 266.666 plantas/ha. A primeira aplicação foi realizada no estádio fenológico V7 (A),
seguida da segunda em R1 (B) e terceira aplicação no estádio fenológico R3 (C). O experimento
foi conduzido em delineamento em blocos casualizados, com 10 tratamentos e 4 repetições,
com quatro blocos. Os tratamentos estão descritos na tabela 1. As avaliações realizadas foram,
Ferrugem-da-soja: 14/11/2022; 21/11/2022; 30/11/2022; 07/12/2022; 10/12/2022; 17/12/2022;
24/12/2022. Desfolha: 28/12/2022; 12/01/2023.

Tabela 1: Tratamentos.
Trat. Produtos Ingrediente Ativo Dose kg-
l/ha
(Época)
T1 Test.
T2 Blavity fluxapiroxade+protioconazol 0,25 (A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Fox x pro bixafem+protioconazol+trifloxistrobina 500,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)

T3 Blavity fluxapiroxade+protioconazol 0,25 (A)


Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 63


Contemporâneos, Volume 1.
T4 Blavity fluxapiroxade+protioconazol 0,25 (A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Viovan picoxistrobina+Protioconazol 600,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T5 Blavity fluxapiroxade+protioconalzol 0,25 (A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Mitrion benzovindiflupir+protioconazol 450,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilles fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T6 Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Blavity fluxapiroxade+protioconazol 250,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T7 Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Fox x pro bixafem+protioconazol+trifloxistrobina 500,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T8 Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Viovan picoxistrobina+protioconazol 600,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T9 Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Mitrion benzovindiflupir+protioconazol 450,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Status oxicloreto de cobre 500,00(C)
T10 Belyan mefentrifluconazol+piraclostrobina+fluxapiroxad 600,00(A)
Mancozebe mancozebe 1500 (A)
Blavity fluxapiroxade+protioconazol 250,00(B)
Mancozebe mancozebe 1500 (B)
Versatilis fenpropimorfe 300,00(C)
Keyra 500,00(C)
gr.i.a./ha: gramas de ingrediente ativo por hectare. A: V7 sexta folha trifoliolada completamente desenvolvida;
B: R1 Início do florescimento; C: R3 Início da formação de vagem.
Fonte: Autoria própria (2023).

3.1 Delineamento experimental:

O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 10 tratamentos


e 4 repetições. Os tratamentos testados estão descritos na Tabela 1. O Anexo 1 apresenta o
nome comercial, nome comum, grupo químico, fabricante, formulação, classe toxicológica e
concentração dos produtos utilizados neste ensaio. A área experimental constituiu-se em
parcelas medindo 2 m de largura por 7 m de comprimento, totalizando 14 m2.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 64


Contemporâneos, Volume 1.
Quadro 1: Metodologia e épocas de aplicação.
Forma de N° de aplicação: 3 Intervalo de aplicação: Volume de
aplicação: A-B: 16 calda: 150 L/ha
Aplicação foliar B-C: 10

Equipamento de Tipo de bico: N° de bico: 110ºC Espaç. Bico:


Aplicação: co2 Leque 0,5 m
Descrição dos dados meteorológicos (Tabela 2) observados durante as aplicações de produtos para controle de
Ferrugem-da-soja (Phakopsora pachyrhizi) na cultura de soja. Londrina, Paraná. Safra 2022/2023.
Fonte: Autoria própria (2023).

Tabela 2: dados das condições no momento das aplicações.


Data Estádio Horário Horário Temp UR Vel. Nebulosidade
Fenológico Início Término . (%) do (%)
(ºC) Vento
(m/s)
7/11/2022 V7 8:00 11:00 22 60 7 20
23/11/2022 R1 8:00 11:00 25 60 8 5
3/12/2022 R3 8:00 11:00 28 65 8,5 10
Fonte: Autoria própria (2023).

3.2 Metodologia das avaliações:

Para calcular a eficiência dos tratamentos foi utilizada a equação proposta por Abbott
(1925), conforme descrito abaixo:

Em que:

% EF: porcentagem de eficiência.

N1: Nota na parcela testemunha.

N2: Nota na parcela tratada.

Para todas as avaliações realizadas no experimento, consideraram-se as linhas centrais


de cada parcela, evitando o efeito negativo das bordaduras. A produtividade foi estimada
coletando-se as plantas da área útil da parcela (1,0 m2).

Quadro 2: Avaliações e épocas.


Ferrugem-da-soja: 7 e 14 (DAA); 7 (DAB); 4, 7, 14 e 21 (DAC)
Desfolha: 25 e 40 (DAC)
Fitotoxicidade: 7 e 14 (DAA); 7 (DAB); 4, 7 e 14 (DAC)
Produtividade: Ao final do ciclo da cultura. A produtividade deve ser calculada em
Kg/ha.
Fonte: Autoria própria (2023).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 65


Contemporâneos, Volume 1.
3.3 Análise estatística:

Os dados foram analisados pelo teste de Scott-Knott a 5% de significância. O teste de


homocedasticidade foi utilizado em todas as variáveis para verificar a necessidade de
transformação dos dados (Box; Cox, 1964). Todas as análises estatísticas foram realizadas pelo
Software Syslaudo®.

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

Nos resultados a seguir, os tratamentos apresentam os produtos formulados com suas


respectivas doses em mL/ha ou g/ha entre parênteses. Os estádios de aplicação utilizadas foram
A: V7 Sexta folha trifoliolada completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C:
R3 Início da formação de vagem.

Nas avaliações de severidade (%) de ferrugem-da-soja realizadas nos dias 14/11/2022,


21/11/2022, 30/11/2022, 07/12/2022, 24/12/2022 (Tabela 8), observando-se a porcentagem de
controle e verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com o produto testado BELYAN em sua
dose alvo (600 ml p.c/ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos: T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9.

Na avaliação da AACPD de ferrugem-da-soja (Tabela 3), observando-se a porcentagem


de controle verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com o produto testado BELYAN em sua
dose alvo (600 p.c./ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos: T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9.

Tabela 3: Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e eficiência de controle (Cont.(%)).
Tratamentos Dose*mL AACPD Cont.(%)
ou g/ha
T1 Test. 0 2509,0 a 0
T2 Blavity (A) 0.25 1313,0 b 47,70
Mancozebe (A) 1500
Fox x pro(B) 500
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T3 Blavity (A) 0.25 611,50 c 75,60
Mancozebe (A) 1500
Belyan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 66


Contemporâneos, Volume 1.
T4 Blavity (A) 0.25 598,0 c 76,20
Mancozebe (A) 1500
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T5 Blavity (A) 0.25 598,0 c 76,20
Mancozebe (A) 1500
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T6 Belyan (A) 600 334,50 f 86,70
Mancozebe (A) 1500
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T7 Belyan (A) 600 511,0 d 79,60
Mancozebe (A) 1500
Fox x pro (B) 500
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T8 Belyan (A) 600 387,50 e 84,60
Mancozebe (A) 1500
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T9 Belyan (A) 600 311,0 f 87,60
Mancozebe (A) 1500
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
T10 Belyan (A) 600 224,60 g 91,0
Mancozebe (A) 1500
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Keyra (C) 500
C.V.(%) 0 3,07
D.M.S. 0 55,24
*Mililitros ou gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre
si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: V7 Sexta folha trifoliolada
completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da formação de vagem.
Fonte: Autoria própria (2023).

Na avaliação da AACPD Normalizada de ferrugem-da-soja (Tabela 4), observando-se


a porcentagem de controle verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha,
pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com o produto testado
BELYAN em sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-
Knott (p<0,05) aos tratamentos: T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 67


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 4: Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) e eficiência de
controle (Cont.(%)).

Tabela 4: Avaliação da AACPD normalizada.


Tratamentos Dose*mL AACPD Cont.(%)
ou g/ha Normalizada
1 Test. 0 62,80 a 0
2 Blavity (A) 0.25 32,80 b 47,70
Mancozebe (A) 1500
Fox x pro(B) 500
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
3 Blavity (A) 0.25 15,30 c 75,60
Mancozebe (A) 1500
Belyan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
4 Blavity (A) 0.25 14,90 c 76,20
Mancozebe (A) 1500
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
5 Blavity (A) 0.25 14,90 c 76,20
Mancozebe (A) 1500
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
6 Belyan (A) 600 8,36 f 86,70
Mancozebe (A) 1500
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
7 Belyan (A) 600 12,80 d 79,60
Mancozebe (A) 1500
Fox x pro (B) 500
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
8 Belyan (A) 600 9,69 e 84,60
Mancozebe (A) 1500
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
9 Belyan (A) 600 7,78 f 87,60
Mancozebe (A) 1500
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Status (C) 500

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 68


Contemporâneos, Volume 1.
1 Belyan (A) 600 5,62 g 91,0
0 Mancozebe (A) 1500
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1500
Versatilis (C) 300
Keyra (C) 500
C.V.(%) 0 3,07
D.M.S. 0 1,38
*Mililitros ou gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre
si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: V7 Sexta folha trifoliolada
completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da formação de vagem.
Fonte: Autoria própria (2023).

Na avaliação de desfolha no dia 28/12/2022 (Tabela 5), verificou-se que todos os


tratamentos foram estatisticamente semelhantes à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O grupo estatístico que apresentou a menor desfolha foi: T2.

Na avaliação de Desfolha no dia 12/01/2023 (Tabela 5), verificou-se que todos os


tratamentos foram estatisticamente inferiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de
probabilidade. O grupo estatístico que apresentou a menor desfolha foi: T10. O grupo estatístico
com a segunda menor desfolha foi: T6. O grupo estatístico com a terceira menor desfolha foi:
T8. Os grupos estatísticos com a quarta menor desfolha foram: T3, T4, T7. O grupo estatístico
com a quinta menor desfolha foi: T5.O grupo estatístico com a sexta menor desfolha foi T2.

Avaliação de desfolha (tabela 5), 25 dias após terceira aplicação (DA3A), 40 dias após
terceira aplicação (DA3A).

Tabela 5: Avaliação de desfolha.


Trat. Dose*mL 25 DA3A 40 DA3A
ou g/ha
1 Test. 0 52,0 a 66,20 a
2 Blavity (A) 0.25 28,0 a 28,0 b
Mancozebe (A) 1.5
Fox x pro (B) 500
Mancozebe(B) 1.5
Versatilis (C) 300
STATUS (C) 500
3 Blavity (A) 0.25 23,0 a 23,0 d
Mancozebe (A) 1.5
Belyan (B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis(C) 300
Status (C) 500
4 Blavity (A) 0.25 22,0 a 22,80 d
Mancozebe (A) 1.5
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 69


Contemporâneos, Volume 1.
5 Blavity (A) 0.25 22,0 a 25,20 c
Mancozebe (A) 1.5
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
6 Belyan (A) 600 8,0 a 10,0 f
Mancozebe (A) 1.5
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
7 Belyan (A) 600 20,0 a 23,80 d
Mancozebe(A) 1.5
Fox x pro (B) 500
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
8 Belyan (A) 600 15,0 a 15,0 e
Mancozebe (A) 1.5
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
9 Belyan (A) 600 10,0 a 10,0 f
Mancozebe (A) 1.5
Mitrion (B) 450
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
10 Belyan (A) 600 3,0 a 5,0 g
Mancozebe (A) 1.5
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1.5
Versatils (C) 300
Keyra(C) 500
C.V.(%) 0 0 4,51
D.M.S. 0 0 2,51
*Mililitros ou gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre
si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: V7 Sexta folha trifoliolada
completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da formação de vagem.
Fonte: Autoria própria (2023).

4.1 Fitotoxicidade

Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 14/11/2022 (7DA1A), verificou-se que


não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 21/11/2022 (14DA1A), verificou-se que


não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 30/11/202214 (7DA2A), verificou-se


que não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 70


Contemporâneos, Volume 1.
Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 07/12/2022 (4DA3A), verificou-se que
não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 10/12/2022 (7DA3A), verificou-se que


não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

Na avaliação de fitotoxicidade realizada no dia 17/12/2022 (14DA3A), verificou-se que


não foram observados sintomas visíveis de fitotoxicidade.

4.2 Produtividade

Na avaliação de massa (Tabela 6), verificou-se que todos os tratamentos foram


superiores à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com
o produto testado Belyan em sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi estatisticamente superior, pelo
teste de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8 e T9. O produto
testado Belyan em sua dose alvo (600 ml p.c./ha) foi superior ao tratamento padrão T1:
Testemunha (0) pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado Belyan em
sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi superior ao tratamento padrão T2 pelo teste de Scott-Knott a
5% de probabilidade.

Na avaliação de massa (Tabela 6), verificou-se que todos os tratamentos foram


semelhantes à testemunha pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10,
foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos tratamentos T2, T3, T4,
T5, T6, T7, T8 e T9. OS produtos testados no Tratamento 10, foram superiores ao tratamento
padrão T1: Testemunha (0) pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O produto testado
Belyan em sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi semelhante ao tratamento padrão T2: Blavity (A)
+ Mancozebe (A) + Fox x pro(B) + Mancozebe (B) + Versatilis (C) + Status (C) pelo teste de
Scott-Knott a 5% de probabilidade.

Na avaliação de Produtividade (Tabela 6), observando-se o aumento de rendimento em


relação à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo
teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com o produto testado Belyan em
sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05)
aos tratamentos T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8 e T9. O produto testado Belyan em sua dose alvo
(600ml p.c./ha) foi superior ao tratamento padrão T1: Testemunha (0) pelo teste de Scott-Knott
a 5% de probabilidade. O produto testado Belyan em sua dose alvo (600ml p.c./ha) foi superior
ao tratamento padrão T2: Blavity (A) + Mancozebe (A) + Fox x pro (B) + Mancozebe (B) +

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 71


Contemporâneos, Volume 1.
Versatilis (C) + Status (C) pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O maior aumento
de rendimento (3.961 kg/ha) em relação à testemunha foi observado para os tratamentos: T10:
Belyan (A) + Blavity (B) + Mancozebe (B) + Versatilis (C) + Keyra (C).

Na avaliação de saca/ha (Tabela 6), observando-se o aumento de rendimento em relação


à testemunha verificou-se que todos os tratamentos foram superiores à testemunha, pelo teste
de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O tratamento 10 com o produto testado BELYAN em
sua dose alvo (600) foi estatisticamente superior, pelo teste de Scott-Knott (p<0,05) aos
tratamentos T2, T3, T4, T5, T6, T7. T8 e T9. O produto testado Belyan em sua dose alvo (600ml
p.c./ha) foi superior ao tratamento padrão T1: Testemunha (0) pelo teste de Scott-Knott a 5%
de probabilidade. O produto testado Belyan em sua dose alvo (600 ml p.c./ha) foi superior ao
tratamento padrão T2: Blavity (A) + Mancozebe (A) + Fox x pro (B) + Mancozebe (B) +
Versatilis (C) + Status (C) pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. O maior aumento
de rendimento (66 sacas de 60kg /ha) em relação à testemunha foi observado para os
tratamentos: T10: Belyan (A) + Blavity (B) + Mancozebe (B) + Versatilis (C) + Keyra (C).

Gráfico 1: Comparação de produtiviade e aumento de rendimento em relação a testemunha.


Produtividade e Aumento de Rendimento
Produtividade A.R
7000
a
6000
c b
c
Produtividade (kg/hectare)

5000
d d
e 3961
4000 e
f 2953
3000 2711 2561
g 2158 2130
2000 1583 1433
1000 751
0
0

Tratamentos

A.R: Aumento de rendimento em relação a testemunha

Massa em produtividade (Tabela 6), saca 60 kg/ha e aumento de rendimento em relação à testemunha (A.R.).
Fonte: Autoria própria (2023).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 72


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 6: Resultados de produtividade (kg e saca/ha).
Tratamentos Dose* Produtividade A.R. Saca A.R.
mL (kg/ha) 60
kg/ha kg/ha
g/ha
1 Test. 0 2177,0 g 0 36,30 g 0
2 Blavity (A) 0.25 2928,0 f 751,20 48,80 f 12,50
Mancozebe (A) 1.5
Fox x pro(B) 500
Mancozebe(B) 1.5
Versatilis(C) 300
Status(C) 500
3 Blavity (A) 0.25 4335,0 d 2157,0 72,20 d 36,0
Mancozebe (A) 1.5
Belyan(B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
4 Blavity (A) 0.25 3760,0 e 1582,0 62,70 e 26,40
Mancozebe (A) 1.5
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
5 Blavity (A) 0.25 3610,0 e 1432,0 60,20 e 23,90
Mancozebe (A) 1.5
Mitrion(B) 450
Mancozebe(B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
6 Belyan (A) 600 4888,0 c 2711,0 81,50 c 45,20
Mancozebe (A) 1.5
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status(C) 500
7 Belyan (A) 600 4307,0 d 2130,0 71,80 d 35,50
Mancozebe (A) 1.5
Fox x pro (B) 500
Mancozebe(B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status(C) 500
8 Belyan (A) 600 4738,0 c 2561,0 79,0 c 42,70
Mancozebe (A) 1.5
Viovan (B) 600
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500
9 Belyan (A) 600 5130,0 b 2952,0 85,50 b 49,20
Mancozebe (A) 1.5
Mitrion(B) 450
Mancozebe(B) 1.5
Versatilis (C) 300
Status (C) 500

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 73


Contemporâneos, Volume 1.
10 Belyan (A) 600 6138,0 a 3961,0 102,30 66,0
Mancozebe (A) 1.5 a
Blavity (B) 250
Mancozebe (B) 1.5
Versatilis (C) 300
Keyra (C) 500
C.V.(%) 0 2,44 2,44
D.M.S. 0 249,71 4,16
*Mililitros ou gramas do produto formulado por hectare. Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem entre
si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de significância. Legenda das épocas: A: V7 Sexta folha trifoliolada
completamente desenvolvida; B: R1 Início do Florescimento; C: R3 Início da formação de vagem.
Fonte: Autoria própria (2023).

4.3 Seletividade a inimigos naturais

Não foi observado ocorrência de inimigos naturais ou organismos não alvos de forma
significativa, que permitissem a realização de avaliações, salientando também que este não foi
o objetivo deste estudo.

5. CONCLUSÕES

Com base no estudo realizado, pode-se concluir que:

• A maior porcentagem de controle de ferrugem da soja (89,40%) foi observada na Avalição


1 para o tratamento; T10

• A maior porcentagem de controle de AACPD (91%) foi observada na Avaliação 2 para o


tratamento; T10.

• A maior porcentagem de controle (97,80%) foi observada na Avaliação 3 para o tratamento


T10: Belyan (600 p.c .ml/ha) A + Blavity (250 p.c. ml/ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B
+ Versatilis (300ml p.c./ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de Ferrugem-da-soja no
dia 21/11/2022, sendo estatisticamente superior à testemunha e estatisticamente superior ao
tratamento padrão T1 e estatisticamente superior ao segundo tratamento padrão T2.

• A maior porcentagem de controle (91%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c/ha) B + Versatilis
(300ml p.c/ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de AACPD de ferrugem da soja no
dia, sendo estatisticamente superior à testemunha e estatisticamente superior ao tratamento
padrão T1 e estatisticamente superior ao segundo tratamento padrão T2.

• A maior porcentagem de controle (91,0%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B + Versatilis
(300ml p.c/ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de AACPD normalizada de ferrugem-

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 74


Contemporâneos, Volume 1.
da-soja no dia, sendo estatisticamente superior à testemunha e estatisticamente superior ao
tratamento padrão T1 e estatisticamente superior ao segundo tratamento padrão T2.

• A maior porcentagem de controle (94,20%) foi observada para o tratamento T10: Belyan
(600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B + Versatilis
(300ml p.c./ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C na avaliação de no dia 28/12/2022, sendo
estatisticamente similar à testemunha e estatisticamente similar ao tratamento padrão T1 e
estatisticamente similar ao segundo tratamento padrão T2.

• Observando-se o cálculo da AACPD de ferrugem-da-soja, todos os tratamentos foram


superiores à testemunha, pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. maior aumento de
rendimento (3961,0 kg/ha) em relação à testemunha foi observado para o tratamento: T10:
Belyan (600ml p.c./ha) A + Blavity (250ml p.c./ha) B + Mancozebe (1.500g p.c./ha) B +
Versatilis (300ml p.c/ha) C + Keyra (500ml p.c./ha) C.

REFERÊNCIAS

ABBOTT, W. S. A method of computing the effectiveness of an insecticide. Journal of


Economic Entomology, v.18, p. 265-266, 1925. Disponível em:
https://doi.org/10.1093/jee/18.2.265a. Acessado em: Jan. 2023.

AGROFIT. Sistemas de Agrotóxicos Fitossanitários. Disponível em:


<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acessado em: Jul.
2020.

CAMPBELL, C. L.; MADDEN, L. V. Introduction to plant disease epidemiology. New


York: John Willey, 1990.

CASSETARI N. D.; MACHADO, A. Q.; SILVA, R. A. Doenças da soja. Cheminova Brasil,


2010. p. 57.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento da safra brasileira


grão. 2020. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-
de-graos. Acessado em: Fev. 2020.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Soja em Números (safra


2017/2018). Londrina: Embrapa Soja. 2018. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/soja/cultivos/soja1/dados-economicos>. Acessado em: Out. 2018.

HARTMAN, G. L.; SIKORA, E. J.; RUPE, J. C. R. In: HARTMAN, G. L. et al. (Ed.).


Compendium of soybean diseases and pests. 5th ed. St. Paul: American Phytopathological
Society, 2015. p. 56‑58. Disponivel em: https://doi.org/10.1094/9780890544754 Acessado em:
10 de fevereiro de 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 75


Contemporâneos, Volume 1.
SILVA, M. G. F. et al. Syslaudo: Software de gerenciamento e automatização de
experimentos agrícolas. Versão 10.1.0.1 01/03/2019. Disponível em: https://syslaudo.com
Acessado em: Abr. 2023.

TECNOLOGIAS de produção de soja – região central do Brasil 2014. Londrina: Embrapa


Soja, 2013. p. 268 (Sistemas de Produção/Embrapa Soja, ISSN 1677-8499; n° 16). Disponível
em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/. Acessado em: Nov. 2022.

YORINORI, J. T. et al. Epidemics of soybean rust (Phakopsora pachyrhizi) in Brazil and


Paraguay. Plant Disease, v. 89, p. 675-677, 2005. Disponível em:
https://apsjournals.apsnet.org/. Acessado em: Dez. 2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 76


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231177300

CAPÍTULO 7
ANÁLISE TEMPORAL E ESPACIAL DA BACIA DO PARNAÍBA, PIAUÍ, BRASIL

Francisco de Assis Gomes Junior


Meydison Renan Cardoso Mascarenhas
Bruno Laecio da Silva Pereira
José da Silva Cerqueira Neto
Marlei Rosa dos Santos
Clarice Souza Moura
Ariadna Faria Vieira
Fabrício Custódio de Moura Gonçalves

RESUMO
A análise espacial e temporal de bacias hidrográficas é uma ferramenta essencial no monitoramento e gestão de
bacias. Diversas atividades como planejamento e outorga dependem de estudos dessa natureza. Dessa forma, esse
trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição espaço-temporal da bacia do rio Parnaíba, estado do Piauí. Para
tanto, foram utilizadas imagens do acervo do projeto Mapbiomas referente ao período de 1985 a 2020, derivadas
dos satélites LANDSAT 5, 7 e 8, cuja resolução espacial é de 30 m (30x30). Nas imagens foram realizadas uma
classificação não-supervisionada afim de classificar os principais usos e cobertura da terra na bacia (floresta,
agricultura, agricultura irrigada, hidrografia, pastagem, infraestrutura urbana e solo exposto) e o cálculo do NDVI
– Normalized Difference Vegetation Index, no intuito de quantificar e analisar a condição vegetal natural ou
agrícola das imagens obtidas. Os dados climatológicos utilizados na pesquisa foram obtidos através da plataforma
BDMEP - Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto Nacional de
Meteorologia. Foram utilizados dados mensais de precipitação de 13 estações meteorológicas convencionais
gerenciadas pelo INMET no estado do Piauí. As áreas ocupadas com floresta natural diminuíram sensivelmente
em 12,35% no estado do Piauí no período de 1985 a 2019. As áreas ocupadas com culturas como a soja aumentaram
100% no estado do Piauí no período de 1985 a 2019. Conclui-se que, o processamento de imagens pode ser
utilizado como ferramenta para o acompanhamento climático de uma localidade ou uma bacia hidrográfica e o
acompanhamento das mudanças da vegetação das bacias hidrográficas.

PALAVRAS-CHAVE: Análise não supervisionada; Mapbiomas; Processamento de imagens.

1. INTRODUÇÃO

As variações espaciais e temporais dos rios exigem programas de monitoramento


regulares para que informações confiáveis sobre a qualidade da água sejam disponibilizadas
(SIMEONOV et al., 2003; SINGH et al., 2004; SHRESTHA; KAZAMA, 2007). Dessa forma,
o monitoramento é uma ferramenta útil não só para avaliar os impactos nas fontes, mas,
também, para garantir uma gestão eficiente dos recursos hídricos (VAROL et al., 2012).

A maioria dos rios nas cidades brasileiras estão substancialmente degradados. Sendo
assim, as características físicas, químicas e biológicas de um curso d’água refletem tanto a
configuração geológica quanto os insumos da bacia hidrográfica circundante (POMPÊO et al.
2011; VOZA et al., 2015). Diversos estudos apontam a agricultura e outras atividades
agropecuárias, como uma atividade de alto potencial degradador, sendo responsáveis pela

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 77


Contemporâneos, Volume 1.
elevação da concentração de nutrientes nas águas superficiais, como por exemplo, fósforo e
nitrogênio, bem como o uso e o manejo do solo em áreas agrícolas acarretam alterações na
qualidade da água (MENEZES et al., 2016).

O monitoramento e a avaliação da qualidade das águas superficiais e subterrâneas são


fatores primordiais para a adequada gestão dos recursos hídricos. Esses procedimentos
permitem a caracterização e a análise de tendências em bacias hidrográficas, sendo essenciais
para várias atividades, tais como planejamento, outorga cobrança e enquadramento dos cursos
de água (ANA, 2011). Trata-se de estratégias importantes para o manejo sustentável do uso dos
recursos hídricos. A avaliação da qualidade da água inclui monitoramento, análise dos dados,
elaboração de relatórios e disseminação de informações sobre as condições do ambiente
aquático (BOYACIOGLU; BOYACIOGLU, 2008).

No Estado do Piauí, particularmente, o maior problema enfrentado consiste exatamente


na insuficiência de dados de qualidade de água superficiais das bacias hidrográficas (SEMAR,
2010). Na região norte do Estado do Piauí chama a atenção por estar em uma região de grande
importância social, econômica e ambiental, uma vez que, se encontra em uma área de transição
dos biomas Caatinga e Cerrado, tem como principais usos do solo o extrativismo vegetal
(carnaúba e babaçu), a pecuária de subsistência e a agricultura (BRASIL, 2002; ARAÚJO;
SOUSA, 2010; SEMAR, 2010). Conforme ressaltado por Strobl e Robillard (2008) e Finotti et
al. (2009), o acompanhamento periódico da condição dos recursos hídricos permite planejar
intervenções para melhorias, identificar lançamentos clandestinos, subsidiar a fiscalização, o
licenciamento ambiental e a formulação de políticas ambientais. Ademais, permite a
caracterização e análise de tendência em bacias hidrográficas, e auxilia em outras atividades,
tais como planejamento, outorga, cobrança e enquadramento dos cursos de água (ANA, 2014).

Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a distribuição espaço-
temporal da bacia do rio Parnaíba, estado do Piauí.

2. METODOLOGIA

2.1 Área de estudo e obtenção dos dados

Os dados foram levantados nas dependências da Universidade Estadual do Piauí,


campus de Uruçuí (07° 13’ 46’’ S, 44° 33’ 22’’ W, 167 m).

Foram utilizadas imagens do acervo do projeto Mapbiomas referente ao período de 1985


a 2020, derivadas dos satélites LANDSAT 5, 7 e 8, cuja resolução espacial é de 30 m (30x30).
O Mapbiomas utiliza processamento em nuvem e classificadores automatizados desenvolvidos

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 78


Contemporâneos, Volume 1.
e operados a partir da plataforma Google Earth Engine, tendo melhor aplicação em escalas de
até 1:100.000. A acurácia geral dos mapas utilizados é de 83,4%, a discordância de alocação é
de 4,4% e a discordância de área 12,2% (MAPABIOMAS, 2020).

2.2 Operacionalização na plataforma MAPBIOMAS versão Coleção 4.1

No ambiente da plataforma MAPBIOMAS, por meio da ferramenta de pesquisa, foram


selecionados a área da bacia hidrográfica. Posteriormente foi realizado a exportação dos dados
de cobertura do solo referente ao período trabalhado, afim de analisar o comportamento da
classificação automatizada pelo MAPBIOMAS e comparar com os resultados dos mapas.

Nas imagens foram realizadas uma classificação não-supervisionada afim de classificar


os principais usos e cobertura da terra na bacia (floresta, agricultura, agricultura irrigada,
hidrografia, pastagem, infraestrutura urbana e solo exposto) e o cálculo do NDVI – Normalized
Difference Vegetation Index, no intuito de quantificar e analisar a condição vegetal natural ou
agrícola das imagens obtidas.

O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) foi proposto por Rouse et
al. (1974) cujo cálculo é dado em função da relação entre a subtração e a soma das reflectâncias
das faixas do infravermelho próximo e do vermelho, conforme equação:

NDVI = (NIR-RED)/(NIR+RED)

Sendo:

NDVI = Índice de vegetação por diferença normalizada;

NIR = Banda do infravermelho próximo;

RED = Banda do vermelho.

O processamento das imagens foi realizado com o Software livre QGIS 3.8.0. Nesta fase
as imagens foram submetidas à correção atmosférica, necessária para eliminar interferências
atmosféricas. A fim de se observar os principais alvos da paisagem, foi realizada uma inspeção
visual, para isso, foram geradas composições coloridas (RGB) para as imagens obtidas.

O método de classificação não-supervisionada está fundamentado em obter uma


classificação padronizada, sem tendenciosidades. As classificações foram avaliadas por uma
matriz de confusão, exatidão global e índice kappa, os quais são utilizados para aferir a
veracidade da classificação de uma imagem (MOREIRA, 2001).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 79


Contemporâneos, Volume 1.
Os dados climatológicos utilizados na pesquisa foram obtidos através da plataforma
BDMEP - Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto
Nacional de Meteorologia. Foram utilizados dados mensais de precipitação de 13 estações
meteorológicas convencionais gerenciadas pelo INMET no estado do Piauí: Bom Jesus do
Piauí, Caldeirão, Caracol, Esperantina, Floriano, Luzilândia (Lag. Do Piauí), Parnaíba,
Paulistana, Picos, Piripiri, São João do Piauí, Teresina, Vale Do Gurgueia (Cristiano Castro).
Após a coleta dos dados foi realizada uma filtragem, onde o critério de utilização foi a
quantidade de observações para cada localidade. Com base nesse critério, foram processados
apenas os dados dentro de um período de 1985 - 2019 (35 anos de observações).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante ao longo dos anos observa-se um avanço considerável das práticas culturais
(Tabela 1 e Figura 1) localizadas na Bacia do Parnaíba (Piauí), este comportamento reflete a
necessidade de aumentar as áreas de produção para atender a demanda populacional.

Tabela 1: Uso e cobertura do solo (em km²) na Bacia do Parnaíba nos anos de 1985 a 2019.
Classe 1985 2019 Diferença
Floresta 37375766 32756609 -4619157
Formação Natural não Florestal 43032071 36955105 -6076966
Agricultura 10144,63 1631456 +1621311,37
Lavoura Temporária 10144.63 1631456
Soja 0 1385636 +1385636
Cana 0 9404,012 +9404,012
Outras Lavouras Temporárias 10144,63 236416,3
Lavoura Perene 0 0 0
Mosaico de Agricultura e Pastagem 8033,229 4067,048
Área não Vegetada 181384,3 236760
Corpos D'água 90392,15 81908.2
Não Observado 54,44822 54.00768
Fonte: MapBiomas (2019).

Com base nos dados apresentados é possível inferir que a expansão das áreas
agricultáveis próximo a bacia não acompanha o emprego de técnicas de manejo e conservação
do solo e água. Apesar da possibilidade de se obter uma maior produtividade quando as mesmas
são aplicadas de modo adequado (Tabela 1 e Figura 1).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 80


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 1: Uso e cobertura do solo na Bacia do Parnaíba nos anos de 1985 a 2019.
50,000,000.00
45,000,000.00
40,000,000.00
35,000,000.00
30,000,000.00
25,000,000.00
20,000,000.00
15,000,000.00
10,000,000.00
5,000,000.00
0.00
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Periodo (Anos)

Floresta Formação Natural não Florestal Agricultura


Lavoura Temporária Soja Cana
Outras Lavouras Temporárias Lavoura Perene Mosaico de Agricultura e Pastagem
Área não Vegetada Corpos D'água Não Observado

Fonte: Autoria própria (2020).

Com base nas figuras 2 e 3 durante 36 anos o solo mais descoberto pode ser devido à
perda ou substituição de vegetação, que resultaria em maior refletividade da superfície.

Figura 2: Uso e ocupação do solo no estado do Piauí no ano de 1985.

1985

Floresta Formação Natural não Florestal Agricultura


Lavoura Temporária Soja Cana
Outras Lavouras Temporárias Lavoura Perene Mosaico de Agricultura e Pastagem
Área não Vegetada Corpos D'água Não Observado

Fonte: Autoria própria (2020).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 81


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 3: Uso e ocupação do solo no estado do Piauí no ano de 2019.
2019

Floresta Formação Natural não Florestal Agricultura


Lavoura Temporária Soja Cana
Outras Lavouras Temporárias Lavoura Perene Mosaico de Agricultura e Pastagem
Área não Vegetada Corpos D'água Não Observado

Fonte: Autoria própria (2020).

No entanto, faz-se necessário uma análise das condições hídricas para os dois períodos
em estudo. Sabendo-se que, os totais pluviométricos foram maiores para o ano de 1985 em
comparação com 2019 (Figura 4), pode-se concluir que houve degradação, já que a maior
disponibilidade de água no solo, tendo em vista que o comportamento observado está
provavelmente associado à cobertura do solo nessa região, sendo que em sua maior parte é
composta por Caatinga, que após o período chuvoso, apresenta rápido aumento da densidade
da vegetação e consequente cobertura do solo. Com a publicação da EMBRAPA (2002),
verifica-se que a precipitação é um dos elementos meteorológicos que exerce maior influência
sobre as condições ambientais.

Figura 4: Precipitação pluviométrica no estado do Piauí de 1985 a 2019.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 82


Contemporâneos, Volume 1.
Fonte: Autoria própria (2020).

Os trabalhos publicados por Marcuzzo (2013), Marcuzzo e Goularte (2013), Marcuzzo


e Cardoso (2013) e Melati e Marcuzzo (2015) ressaltam que a informação dos períodos mais e
menos úmidos é importante para o planejamento dos recursos hídricos nas áreas urbanas e
rurais, visando à determinação do ano hidrológico local, que, segundo os dados utilizados neste
estudo, na bacia do rio Parnaíba, o ano hidrológico vai de dezembro a novembro.

Figura 5: Classes de uso e cobertura da terra no estado da Bacia do Alto Parnaíba, de 1985 e 2019

Fonte: Autoria própria

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 83


Contemporâneos, Volume 1.
Por fim, ressalta-se que a caracterização da precipitação realizada aqui pode servir de
instrumento para tomada de decisões no âmbito do gerenciamento dos recursos hídricos e assim,
um melhor direcionamento de recursos e políticas públicas voltadas para a gestão das sub-
bacias inseridas neste contexto. Neste trabalho foi verificado que o processamento de imagens
pode ser utilizado como uma ferramenta para o acompanhamento climático de uma localidade,
nesse caso uma bacia hidrográfica, além de ser utilizado para regionalização, podendo também,
através desse monitoramento gerar prognósticos e diagnósticos da climatologia local (Figuras
4 e 5).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As áreas ocupadas com floresta natural diminuíram de maneira discreta no estado do


Piauí no período de 1985 a 2019. Em contrapartida, as áreas ocupadas com culturas como a soja
aumentaram de forma significativas no estado do Piauí no período de 1985 a 2019.

O processamento de imagens pode ser utilizado como ferramenta para o


acompanhamento climático de uma localidade ou uma bacia hidrográfica.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA. Portal da Qualidade das Águas. 2014.


Disponível em: <http://portalpnqa.ana.gov.br/avaliacao.aspx>. Acessado em: Mai. 2020.

BOYACIOGLU, H.; BOYACIOGLU, H. Investigation of temporal trends in hydrochemical


quality of surface water in western Turkey. Bulletin of Environmental Contamination and
Toxicology, v.80, n.5, p. 469-474, 2008. Disponível em:
<https://link.springer.com/article/10.1007/s00128-008-9439-0>. Acessado em: Mai. 2020.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Zoneamento Ecológico-Econômico do


baixo rio Parnaíba: subsídios técnicos, relatório final. Brasília, 2002. p. 92.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro de Pesquisa Agropecuária


do Pantanal, Corumbá, Mato Grosso do Sul, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento. Análise
da Distribuição da Frequência Mensal de Precipitação para a Sub-região da Nhecolândia,
Pantanal, Mato Grosso do Sul, Brasil. 2002. Xp. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/37418/1/BP34.pdf>. Acessado em:
Mai. 2020.

FINOTTI, A. R. et al. Monitoramento de Recursos Hídricos em Áreas Urbanas. Caxias do


Sul: Educs., 2009. p. 272.

MARCUZZO, F. F. N. Ano hidrológico e espacialização da precipitação dos períodos úmido e


seco do Pantanal Sul-Mato-Grossense. In: Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 20.,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 84


Contemporâneos, Volume 1.
Bento Gonçalves. Anais... São Paulo: ABRH, 2013, p. 1-8. Disponível em:
<https://anais.abrhidro.org.br/works/1043>. Acessado em: Mai. 2020.

MARCUZZO, F. F. N.; CARDOSO, M. R. D. Determinação do ano hidrológico e


geoespacialização das chuvas dos períodos úmido e seco da sub-bacia 63. In: XVI Simpósio
Brasileiro de Sensoriamento Remoto, 2013, Foz do Iguaçu. Anais ... São José dos Campos:
INPE, 2013. v.1. p. 5612-5619. Disponível em:
<https://rigeo.cprm.gov.br/bitstream/doc/17443/5/evento_ano_hidrologico.pdf>. Acessado
em: Mai. 2020.

MARCUZZO, F. F. N.; GOULARTE, E. R. P. Caracterização do Ano Hidrológico e


Mapeamento Espacial das Chuvas nos Períodos Úmido e Seco do Estado do Tocantins. Revista
Brasileira de Geografia Física, Recife, v.6, p. 91 a 99, 2013. Disponível
em:<https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe/article/view/232828/26824>. Acessado em: Mai.
2020.

MELATI, M. D.; MARCUZZO, F. F. N. Influência da altitude na precipitação média anual nas


subbacias pertencentes à bacia do rio Uruguai. In: XXI Simpósio Brasileiro de Recursos
Hídricos, 2015, Brasília. Anais... Porto Alegre: ABRH, 2015. v.1. p. 1 a 8. Disponível em:<
https://rigeo.cprm.gov.br/jspui/bitstream/doc/15056/1/PAP018948.pdf>. Acessado em: Mai.
2020.

MENEZES, J. P. C. et al. Relação entre padrões de uso e ocupação do solo e qualidade da água
em uma bacia hidrográfica urbana. Engenharia Sanitária e Ambiental, Rio de Janeiro, v.21,
n.3, p. 519-534, 2016. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/308280170>.
Acessado em: Mai. 2020.

MOREIRA, M. A. Fundamentos de Sensoriamento Remoto e Metodologias de Aplicação.


1.ed. São José dos Campos: INPE, 2001. p. 250.

POMPÊO, C. A.; RIGOTTI, J. A.; FREITAS FILHO, M. D. Urban stream condition


Assessment. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON URBAN DRAINAGE, 12., 10-
15 set. 2011, Porto Alegre. Anais... Disponível em:
<https://web.sbe.hw.ac.uk/staffprofiles/bdgsa/temp/12th%20ICUD/PDF/PAP005432.pdf>.
Acessado em: Mai. 2020.

ROUSE, J. W. et al. Monitoring vegetation systems in the Great Plains with ERTS. In: EARTH
RESOURCES TECHNOLOGY SATELLITE SYMPOSIUM, 3., 1973, Washington.
Proceedings. Washington: NASA, Texas, 1974. p. 309-317. Disponível em:
<https://ntrs.nasa.gov/api/citations/19740022614/downloads/19740022614.pdf>. Acessado
em: Mai. 2020.

SEMAR - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Plano Estadual de Recursos


Hídricos do Piauí - Relatório Síntese. Teresina, 2010. p. 179.

SHRESTHA, S.; KAZAMA, F. Assessment of surface water quality using multivariate


statistical techniques: a case study of the Fuji River, Japan. Environmental Modeling e
software, Japan, v.22, n.4, p. 464-475, 2007. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.envsoft.2006.02.001>. Acessado em: Mai. 2020.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 85


Contemporâneos, Volume 1.
SIMEONOV, V. et al. Assessment of the surface water quality in northen Greece. Water
Research, Switzerland, v.37, n.17, p. 4119-4124, 2003. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/S0043-1354(03)00398-1>. Acessado em: Mai. 2020.

SINGH, K. P. et al. Multivariate statistical techniques for the evaluation of spatial and temporal
variations in water quality of Gomti River (India) – a case study. Water Research, Switzerland,
v.38, n.18, p. 3980-3992, 2004. Disponível em:
<https://doi.org/10.1016/j.watres.2004.06.011>. Acessado em: Mai. 2020.

ARAÚJO, J. L. L.; SOUSA, A. R. P. de. O rio longá e o povoamento do norte do


Piauí. História Revista, Goiânia, v. 14, n. 2, 2010. Disponível em:<
https://revistas.ufg.br/historia/article/view/9557>. Acessado em: Mai. 2020.

STROBL, R. O.; ROBILLARD, P. D. Network design for water quality monitoring of surface
freshwaters: a review. Journal of Environmental Management, v.87, n.4, p. 639-648, 2008.
Disponível em:< https://doi.org/10.1016/j.jenvman.2007.03.001>. Acessado em: Mai. 2020.

VAROL, M. et al. Spatial and temporal variations in surface water quality of the dam reservoirs
in the Tigris River basin, Turkey. Catena, v.92, p. 11-21, 2012. Disponível em:<
https://doi.org/10.1016/j.catena.2011.11.013>. Acessado em: Mai. 2020.

VOZA, D. et al. Application of multivariate statistical techniqhes in the water quality


assessment of Danube river, Serbia. Archives of Environmental Protection, Poland, v.41, n.4,
p. 96-103, 2015. Disponível em:<https://www.researchgate.net/publication/283686073>.
Acessado em: Mai. 2020.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 86


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231188300

CAPÍTULO 8
IMPLANTAÇÃO E MANEJO INICIAL DE SISTEMAS SILVIPASTORÍS (SSPS) EM
PROPRIEDADES RURAIS FAMILIARES NO NOROESTE DO
RIO GRANDE DO SUL

Jean Lucas Poppe


Joney Cristian Braun
Gilmar Francisco Vione
Alexandre Hüller
Cassiana Maria Marin Krebs
Ezequiel Perini Pavelacki

RESUMO
Sistemas silvipastorís representam uma relação socioambiental mais sustentável. O presente estudo busca, pela
primeira vez, apresentar os processos de implantação destes sistemas no Noroeste do Rio Grande do Sul,
analisando os elementos positivos e as dificuldades socioambientais e técnicas impostas. Em cada área foram
plantadas 405 mudas florestais, em espaçamento intercalado de 17x2,50 metros, com distribuição equidistante das
espécies florestais com diferentes formatos de copadas e taxas de crescimento, sob acompanhamento técnico e
verificação do grau de engajamento dos produtores rurais para com a proposta de trabalho. Os sistemas propostos
estão consolidados, fortalecendo os laços socioambientais a partir da recuperação e valorização do meio ambiente
nativo e da promoção do bem-estar dos animais e dos trabalhadores rurais. Por outro lado, é importante destacar
que os processos iniciais de manejo dos sistemas silvipastorís são determinantes para a obtenção dos resultados
desejados.

PALAVRAS-CHAVE: Agroecologia; Saúde Animal; Saf; Sustentabilidade.

1. INTRODUÇÃO

A relação mais sustentável entre sociedade e meio ambiente depende de estratégias e


instrumentos técnicos, políticos, legais e culturais capazes de manter a produtividade
econômica e, ao mesmo tempo, assegurar a manutenção das características ambientais
favoráveis à vida (CAPORAL et al., 2009). Nesse sentido, a Agroecologia é capaz de conduzir
ao desenvolvimento rural mais sustentável a partir de técnicas que agregam conhecimentos
sobre os ecossistemas naturais e a produtividade rural, tais como os sistemas silvipastorís
(SSPs).

Os SSPs agregam espécies arbóreas, forrageiras e animais em uma área sob manejo
sustentável, conservando a biodiversidade e as características físico-químicas dos solos,
promovendo o bem-estar animal e, consequentemente, aumentando a produtividade
(PACIULLO et al., 2011). Portanto, os SSPs representam uma ótima oportunidade para o
estabelecimento de uma relação socioambiental mais sustentável.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 87


Contemporâneos, Volume 1.
Porém, o êxito dos SSPs depende do equilíbrio entre todos os seus componentes
(principalmente, animais, espécies arbóreas e forrageiras) e da adoção de estratégias de gestão
adequadas à manutenção da sustentabilidade (NASCIMENTO et al., 2014).
Consequentemente, algumas dificuldades com relação à aceitação, entendimento e implantação
de sistemas produtivos mais sustentáveis são impostas, pois, além da necessidade de
conhecimentos agroecológicos, o elemento cultural é muito forte na relação entre sociedade e
meio ambiente e novas estratégias e modelos de produção nem sempre são aceitos pelas
comunidades rurais tradicionais (LIMA et al., 2013).

Ações que incentivem a manutenção da biodiversidade nativa e dos serviços


ecossistêmicos no Noroeste do Rio Grande do Sul são recomendadas por especialistas (MMA,
2007), considerando que a paisagem regional natural (transição entre os biomas Pampa e Mata
Atlântica) está bastante alterada por conta de processos históricos de interação entre sociedades,
meio ambiente e a matriz produtiva agrícola.

Nesse contexto, o presente estudo busca, pela primeira vez, apresentar os processos de
implantação de SSPs em propriedades rurais familiares na região Noroeste do Rio Grande do
Sul, analisando e debatendo os elementos positivos e as dificuldades socioambientais e técnicas
impostas à implantação de sistemas rurais mais sustentáveis.

2. METODOLOGIA

2.1 Caracterização do ambiente

Os SSPs foram implantados em propriedades rurais nos municípios de Bossoroca,


Garruchos e Pirapó, região Noroeste do Rio Grande do Sul, onde a paisagem natural está
bastante alterada por conta do desenvolvimento e intensificação da matriz produtiva agrícola
atual (sistemas de produção de grãos/commodities).

O ambiente natural na região é caracterizado por um Ecótono entre os biomas Mata


Atlântica (Floresta Estacional Decidual) e Pampa (gramíneas em maioria e vegetação arbórea
e arborescente nas margens de cursos de água). Em termos florestais, a região concentra muitos
exemplares de espécies arbóreas nativas e endêmicas da região, estando algumas sob ameaça
de extinção, como o endêmico Pau-ferro missioneiro (Myracrodruon balansae) (MCN/FZB-
RS, 2014).

As classes de solos predominantes na região são os Latossolos Vermelhos Distroférricos


e os Neossolos Litólicos e Regolíticos. Segundo Streck (2008), os Latossolos apresentam boa
aptidão agrícola devido às suas propriedades físicas (profundidade, boa drenagem, alta

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 88


Contemporâneos, Volume 1.
porosidade, friabilidade e boa estrutura) e às condições de relevo suavemente ondulado. Os
Neossolos Regolíticos, apesar de apresentarem certas restrições para culturas anuais, podem ser
cultivados mediante práticas intensivas de conservação, enquanto que os Neossolos Litólicos,
geralmente com pedregosidade e afloramento de rochas, apresentam restrições para o cultivo
de culturas anuais, devendo ser mantidos sob preservação permanente.

O clima local caracteriza-se como subtropical, com temperaturas mínimas em torno de


5ºC no inverno e máximas em torno de 35ºC no verão. O nível pluviométrico médio anual é de
1.300 mm, nos últimos anos sendo mal distribuídos mensalmente.

2.2 Seleção dos produtores rurais

Cinco famílias de produtores rurais participam da proposta de implantação dos SSPs.


As famílias foram escolhidas por manifestarem interesse em estratégias de produção mais
sustentáveis e que viabilizem o bem-estar animal.

2.3 Proposição de modelo de SSP

Os SSPs foram propostos para áreas de dois hectares. Em cada propriedade foi realizado
um diagnóstico das características fitofisionômicas do local para, juntamente com cada família,
ser selecionada a área mais adequada para a implantação do sistema silvipastoril.

Em cada área foram plantadas 405 mudas (Tabela 1), sendo 345 mudas florestais nativas
e 60 mudas de Eucalipto, havendo dois momentos de plantio: setembro de 2019 e de 2020. As
mudas foram plantadas em linhas com um espaçamento intercalado de, aproximadamente,
17x2,50 metros, com distribuição equidistante de espécies com diferentes formatos de copadas
e taxas de crescimento, tentando seguir, tanto quanto possível, os princípios da sucessão
(combinando espécies pioneiras e secundárias). A escolha destas espécies foi baseada em
análises prévias das taxas de sobrevivência de diversas espécies florestais em ambientes com
características semelhantes àquelas da região Noroeste do Rio Grande do Sul.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 89


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 1: Mudas florestais nativas (exceto Eucalyptus sp.) que compõem o sistema silvipastoril proposto para
áreas de dois hectares.
Espécie (Nome Popular) Espécie (Nome Científico) Quantidade
Angico vermelho Parapiptadenia rigida 35
Canafístula Peltophorum dubium 30
Caroba Jacaranda micrantha 25
Cedro Cedrela fissilis 35
Eucalipto* Eucalyptus sp. 60
Ipê-amarelo Hadroanthus albus 30
Ipê-roxo Handroanthus impetiginosus 30
Louro Cordia trichotoma 35
Marmeleiro Rupretchia laxiflora 25
Pau-ferro missioneiro Myracroduon balansae 100
Legenda: *: espécie exótica.
Fonte: Autoria própria (2020).

A inclusão de mudas exóticas de Eucalipto serve para promover o sombreamento inicial


do sistema, atuando como espécie pioneira no processo sucessional. Os recursos madeireiros
extraídos do sistema são utilizados na manutenção da propriedade.

2.4 Orientações técnicas para a implantação dos SSPs

Após a definição das áreas de plantio nas propriedades foram realizadas análises
químicas de amostras dos solos para a verificação das necessidades de correção de pH e das
condições nutricionais dos mesmos. Cada amostra de solo foi coletada a uma profundidade de
20 centímetros, homogeneizada e encaminhada para análise laboratorial. Foram distribuídos
para cada beneficiário duas toneladas de calcário (cerca de quatro semanas antes do plantio),
30 quilogramas de NPK (5-20-20), 10 quilogramas de superfosfato triplo e 20 quilogramas de
cloreto de potássio.

A gradagem do solo foi realizada para a incorporação do calcário (Figura 1a). A


adubação ocorreu após o plantio, sendo de superfície para reduzir o risco de morte das plantas
pelo contato do adubo com o sistema radicular, havendo a incorporação do adubo no solo,
manualmente, com o uso de enxadinha de mão, mas obedecendo uma distância segura de 7 cm
a partir do colo da muda. As linhas de plantio foram isoladas a partir da instalação de tutores
de ferros, e de fios condutores de eletricidade, eletrificados por eletrificador de 220V com
potência de 0,90W (Figuras 1a-b).

As ações de coroamento no entorno das mudas foram realizadas a partir da constatação


de necessidade pela equipe técnica, juntamente com o agricultor, utilizando enxadas e
roçadeiras (Figura 1c). Em alguns casos esta ação não foi realizada no primeiro ano, visando
proteger as mudas do ataque de formigas e dos excessos de insolação e vento. Tendo a formiga

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 90


Contemporâneos, Volume 1.
cortadeira como a principal praga, em algumas propriedades, iscas granuladas foram utilizadas
próximo às mudas para o controle das populações destes himenópteros (Figura 1d).

Figura 1: Processo de implantação do SSP. a-b: preparação do solo, correção do pH com calcário e cercamento
das linhas de plantio; c: coroamento em torno das mudas; d: proteção contra o ataque de formigas; e: proteção
com taquara (Bambusoideae) contra o ataque de ovinos e lebres.

Fonte: Autoria própria (2020).

A poda de formação e o desbaste de árvores foram realizadas a partir da constatação de


necessidade pela equipe técnica, juntamente com o agricultor, para maximizar o
desenvolvimento das árvores e das pastagens. Do mesmo modo, as atividades de replantio
foram realizadas a partir da verificação da sobrevivência/mortalidade das mudas em campo pela

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 91


Contemporâneos, Volume 1.
equipe técnica, juntamente com os agricultores, aproximadamente 11 e 20 meses após o
primeiro plantio.

Em razão da pandemia causada pela Covid-19, a manutenção destas instruções foi


realizada por meio do envio de vídeos por WhatsApp e por contato telefônico com os
agricultores.

2.5 Monitoramento e avaliação do engajamento familiar no desenvolvimento dos SSPs

O monitoramento do desenvolvimento dos SSPs foi realizado por meio de visitas


trimestrais às propriedades rurais para avaliação do crescimento e da taxa de sobrevivência das
mudas em campo, a partir da medição e contagem das mesmas.

Nestes momentos, o diagnóstico do grau de engajamento e do entendimento dos


produtores rurais familiares com relação aos processos de implantação dos sistemas
silvipastorís foram avaliados a partir dos resultados observados em campo, entre eles se: (i) os
solos haviam sido adequadamente preparados antes do plantio das mudas, (ii) as mudas haviam
sido plantadas e distribuídas no sistema em conformidade com o planejamento temporal e
estrutural, (iii) o cercamento das áreas foi realizado e mantido de maneira adequada e (iv) os
membros da família se envolveram com as ações de implantação do sistema proposto.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Implantação dos SSPs

Em setembro de 2019 foram entregues todas as mudas para o plantio nas áreas
previamente preparadas. Havendo dois momentos para a reposição de mudas perdidas em
campo, setembro de 2020 e agosto de 2021, totalizando 20% de reposição. Inicialmente, a
dificuldade esteve relacionada com o pequeno tamanho das mudas fornecidas pelo viveirista,
cerca de 15-20 centímetros. Estas mudas de menor tamanho apresentaram dificuldade no
desenvolvimento primário, em razão do volume pluviométrico abaixo do esperado nos 12
meses seguintes ao plantio, gerando um cenário de desmotivação dos agricultores e de
preocupação para a equipe técnica.

Para contornar a situação de escassez hídrica, os produtores foram instruídos a regar as


mudas sempre que possível e a reduzir a área foliar das mesmas para minimizar a perda hídrica
por evapotranspiração e evitar a morte das plantas, mesmo que às custas da redução das taxas
de fotossíntese e de crescimento (SOUZA et al., 2018), além disso, as ações de coroamento
foram reduzidas e quando eram realizadas a palhada era deixada sobre o solo para reduzir a

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 92


Contemporâneos, Volume 1.
exposição ao sol, retardando o estresse hídrico. Tais estratégias de cobertura dos solos e
proteção dos berços das mudas são reconhecidas pela função de resfriamento e manutenção da
umidade no solo (SANTOS et al., 2017), além de favorecer a sustentabilidade nos processos de
ciclagem e de aporte de nutrientes (SILVEIRA et al., 2007).

A estratégia de cercamento das linhas de plantio não foi eficaz para proteger as mudas
do ataque de todos os animais. Ovinos e lebres se alimentaram de diversas mudas em algumas
propriedades, sendo que em uma delas a família arquitetou uma proteção com taquara
(Bambusoideae) (Figura 1e) que se mostrou uma estratégia sustentável e eficaz para a resolução
do problema.

Nesse cenário, uma alternativa motivacional foi o envolvimento das famílias em


oficinas de manejo de meliponíneos e Apis mellifera (Hymenoptera, Apidae) com posterior
entrega de caixas e enxames às famílias, buscando valorizar a biodiversidade e favorecer os
processos naturais de regeneração de áreas adjacentes de preservação (APPs). A atuação destes
insetos nos processos de polinização de diversas culturas agrícolas plantadas pelas famílias está
diretamente vinculada à segurança alimentar das mesmas e à sustentabilidade do sistema
(ALVES et al., 2019).

3.2 Manutenção: dificuldades impostas

Ações educacionais qualificadas voltadas ao treinamento e ao convencimento dos


agricultores sobre a importância socioambiental dos SSPs, bem como da necessidade de
cumprimento das etapas de implantação e ações sugeridas pela equipe técnica, são de extrema
importância, pois, o entusiasmo e o engajamento dos membros das famílias de agricultores na
continuidade do processo produtivo mais sustentável estão diretamente ligados ao sucesso no
desenvolvimento dos SSPs recém implantados.

Algumas dificuldades foram apontadas, mesmo entre os produtores que cumpriram com
as metodologias propostas, destacando-se a falta de tempo dos membros das famílias para o
manejo (principalmente a rega) do sistema durante o longo período de estiagem, sendo esta
dificuldade agravada pela falta de mão de obra disponível para contratação na área rural,
comprometendo o plantio e o manejo das áreas nos períodos adequados, destacando que o
desbaste correto das mudas, além de otimizar o desenvolvimento, viabiliza o comércio e o uso
na propriedade.

Uma família optou por isolar toda a área do SSP, não apenas as linhas de plantio, para
facilitar o cuidado com os animais (ovinos e bovinos), evitando que os mesmos se alimentassem

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 93


Contemporâneos, Volume 1.
das mudas, e agilizando o deslocamento na área durante as atividades de rega. Porém, esta
estratégia resultou em acentuada diferença na quantidade de biomassa/pastagem disponível na
comparação entre a área de campo ocupada pelos animais e a área isolada para o SSP (Figura
2), consequentemente, a estiagem prolongada reduziu pastagem e os animais tiveram acesso ao
campo previamente isolado, pastejando as gramíneas e as mudas florestais, comprometendo a
sustentabilidade e a continuidade no desenvolvimento do sistema implantado. Mesmo assim,
muitos animais morreram de sede e de fome durante a estiagem.

Figura 2: Comparação entre a biomassa/pastagem disponível entre a área de campo ocupada pelos animais (a) e
a área isolada para sistema silvipastoril (SSP) (b).

Fonte: Autoria própria (2020).


Diante de tais dificuldades vivenciadas, sugere-se que em novas propostas de
implantação de SSPs seja realizada uma previsão de custeio e/ou de terceirização, de pelo

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 94


Contemporâneos, Volume 1.
menos parte, dos serviços iniciais de implantação e manejo dos sistemas. Ainda, durante os
processos de seleção do público alvo, o exaustivo detalhamento e a exemplificação acerca dos
sistemas propostos são fundamentais, uma vez que a escassez de informações faz com que
produtores e técnicos tomem decisões precipitadas de implantação e manejo dos sistemas, daí
a necessidade de acompanhamento e capacitação contínua dos envolvidos, no entanto, o
distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19 dificultou as atividades de
acompanhamento das ações em campo, sendo realizada indiretamente, de maneira remota, com
a utilização de aplicativos de mensagens e vídeos.

3.3 Consolidação dos SSPs propostos

Ao término do segundo ano de atividades, bons resultados são observados em campo


(Figura 3), onde todas as espécies propostas apresentaram satisfatórias taxas de sobrevivência,
cerca de 80%, embora as taxas de crescimento das espécies estejam irregulares por
consequência, provavelmente, de diferenças fisiológicas entre as espécies e, também, do
estresse hídrico sofrido pelas mudas (SOUZA et al., 2018).

O estresse hídrico é capaz de causar diferentes respostas metabólicas e fisiológicas nas


espécies florestais, alterando o vigor e a velocidade de desenvolvimento das plantas
(BOTELHO et al., 2001; DUARTE et al., 2018). Consequentemente, a escolha e o manejo
adequado das espécies florestais são fatores determinantes para o sucesso dos SSPs, o que, ao
longo do tempo, possivelmente irá assegurar a sustentabilidade no aporte de nutrientes e
estruturação dos solos (FREITAS et al., 2013), desenvolvimento adequado das pastagens em
torno das linhas de plantio (DEISS et al., 2017) e a viabilidade socioeconômica do SSP
(OLIVEIRA et al., 2000).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 95


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 3: Sistema silvipastoril (SSP) na conclusão do quarto semestre de desenvolvimento: vistas longitudinal
(a) e transversal (b) das linhas de plantio com as espécies florestais em desenvolvimento.

Fonte: Autoria própria (2020).

3.4 Qualidade da pastagem e o bem-estar animal

No atual estágio de desenvolvimento dos SSPs implantados, ainda não é possível avaliar
os efeitos das árvores sobre o desenvolvimento das pastagens e no comportamento dos animais,
uma vez que os níveis de desenvolvimento das árvores estão irregulares em razão das
adversidades climáticas, da diversidade de espécies empregadas e, também, por variações nas
técnicas de manejo já mencionadas, não proporcionando, até este momento, um sombreamento
efetivo do campo. Apesar disso, já se percebe a procura de alguns animais por áreas sombreadas
(Figura 4). Portanto, conforme observado em diversos estudos sobre SSPs, são esperadas

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 96


Contemporâneos, Volume 1.
melhorias nas taxas de desenvolvimento das forrageiras (PACIULLO et al., 2011), promoção
da saúde dos animais por redução do estresse térmico (NASCIMENTO et al., 2014),
favorecendo a produtividade de leite e carne (PACIULLO et al., 2011; REIS et al., 2021).

Figura 4: Sistema silvipastoril (SSP) na conclusão do sexto semestre de desenvolvimento. Bovinos sob a sombra
de um Eucalipto.

Fonte: Autoria própria (2022).

4. CONCLUSÕES

Os SSPs estão consolidados na paisagem das propriedades rurais, fortalecendo os laços


socioambientais a partir da conservação da biodiversidade nativa nas propriedades e da
promoção de debates e trocas de experiências sobre agricultura mais sustentável. Em âmbito
regional, houve uma divulgação dos SSPs como estratégia de recuperação e valorização do
meio ambiente nativo e promoção do bem-estar dos animais e dos trabalhadores rurais,
principalmente pela oferta de sombreamento nas pastagens (mesmo que ainda parcial e
fragmentado), amenizando o estresse térmico. Por outro lado, é importante destacar que os
processos iniciais de manejo de SSPs, principalmente com relação à disponibilidade de mão de
obra, são fundamentais durante o planejamento dos mesmos, pois podem comprometer a
viabilidade dos sistemas implantados.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 97


Contemporâneos, Volume 1.
REFERÊNCIAS

ALVES, J. C. et al. Sistemas agroflorestais biodiversos: segurança alimentar e bem-estar às


famílias agricultoras. Revista GeoPantanal, Corumbá, n. 26, jan, 2019. Disponível em:
https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/9351. Acessado em: Jan. 2021.

ANTONELLI, P. V. et al. Desenvolvimento de Cordia trichotoma em função da adubação, em


sistema silvipastoril no Sudoeste do Paraná-Brasil. Ecologia e Nutrição Florestal, Santa
Maria, n. 3, set. 2015. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/enflo/article/view/19054/pdf_1. Acessado em: Jan. 2021.

BOTELHO, B. A.; PEREZ, S. C. J. G. A. Estresse hídrico e reguladores de crescimento na


germinação de sementes de canafístula. Scientia Agricola, Piracicaba, n. 58, mar. 2001.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/sa/a/hCvJWMMSNqWd4h3TVv5RBHm/?lang=pt.
Acessado em: Jan. 2021.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A.; PAULUS, G. (orgs). Agroecologia: uma ciência do


campo da complexidade. Brasília, 2009.

DEISS, L. et al. Weed competition with soybean in no-tillage agroforestry and sole-crop
systems in subtropical Brazil. Planta Daninha, Londrina, n. 35, jan. 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/pd/a/d97DyFnMtBmG68xtqwCqXLG/?format=pdf&lang=en.
Acessado em: Jan. 2021.

DUARTE, M. M. et al. Influência do estresse hídrico na germinação de sementes e formação


de plântulas de angico branco. Advances in Forestry Science, Cuiabá, n. 3, set. 2018.
Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/afor/article/view/5521.
Acessado em: Jul. 2023.

FREITAS, E. C. S. et al. Deposição de serapilheira e de nutrientes no solo em sistema


agrossilvipastoril com eucalipto e acácia. Revista Árvore, Viçosa, n. 3, set. 2013. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rarv/a/BQnPxTSvdB75ptY6xwhmLYP/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Jan. 2021.

GOMES, C. L. S. et al. Implantação do meliponário como componente agroflorestal no campus


Picuí, Paraíba. Caderno Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Pombal, n.
7, out. 2019. Disponível em:
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/CVADS/article/view/6704. Acessado em: Jul.
2023.

LIMA, G. L. et al. Implicações socioambientais dos sistemas agroflorestais em unidades


produtivas na região do Vale do Guaporé mato-grossense. Revista Acadêmica Ciências
Agrárias Ambientais, Curitiba, n. 11, jan. 2013. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/272365227_Implicacoes_socioambientais_dos_siste
mas_agroflorestais_em_unidades_produtivas_na_regiao_do_Vale_do_Guapore_mato-
grossense. Acessado em: Jan. 2021.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Projeto de Conservação e Utilização


Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira: cobertura vegetal do bioma Pampa. Porto
Alegre, 2007.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 98


Contemporâneos, Volume 1.
MUSEU DE CIÊNCIAS NATURAIS (MCN)/ Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
(FZB-RS). Homologada a nova Lista da Flora Gaúcha Ameaçada de Extinção. Porto
Alegre, 2014.

NASCIMENTO, L. E. S. et al. Subsídios técnicos para gestão ambiental em sistemas


silvipastoris. PUBVET - Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia, Londrina, n. 6,
mar. 2014. Disponível em:
https://www.pubvet.com.br/uploads/f2249d03dfcf7dbf437490480abc2173.pdf. Acessado em:
Jan. 2021.

OLIVEIRA, A. D.; SCOLFORO, J. R.S.; SILVEIRA, V. de P. Análise econômica de um


sistema agro-silvo-pastoril com eucalipto implantado em região de cerrado. Ciência Florestal,
Santa Maria, n.1, jan. 2000. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cflo/a/S9Wv6TkKYLtbBpRvZZMLV9K/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Jun. 2022.

PACIULLO, D. S. C. et al. Performance of dairy heifers in a silvopastoral system. Livestock


Science, Villaviciosa, n. 141, mai. 2011. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1871141311001971. Acessado em: Jul.
2023.

REIS, L. S. et al. Produção de leite em sistema silvipastoril: Revisão. Research, Society and
Development, [S. l.], n. 4, abr. 2021. Disponível em:
https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/14043. Acessado em: Jun. 2022.

SANTOS, A. F.A. et al. Capacidade de retenção hídrica do estoque de serapilheira de Eucalipto.


Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, n. 24, jan. 2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/floram/a/zKScTxXJ9SDsfKKJW4P5FWn/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Jun. 2022.

SILVEIRA, N. D. et al. Aporte de nutrientes e biomassa via serrapilheira em sistemas


agroflorestais em paraty (RJ). Ciência Florestal, Santa Maria, n. 2, abr. 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cflo/a/T8WyWxHBZtMq9bbWtx6ZLFz/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Jan. 2021.

SOUZA, N. S. et al. Crescimento e desenvolvimento de plantas jovens de ipê-amarelo


submetidas a diferentes regimes hídricos. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada,
Fortaleza, n. 7, nov. 2018. Disponível em:
http://www.inovagri.org.br/revista/index.php/rbai/article/view/982. Acessado em: Jun. 2022.

STRECK, E. V. (Org.). Solos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 99


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c231199300

CAPÍTULO 9
BIOSSÓLIDO:
TRATAMENTOS E SUA INFLUÊNCIA NOS TEORES DE NUTRIENTES PARA
USO AGRÍCOLA 1

Karen Andreon Viçosi


Geovanni Andreon Viçosi
Giovanni de Oliveira Garcia

RESUMO
O lodo de esgoto é um resíduo proveniente do tratamento do esgoto. Quando submetido aos tratamentos de
higienização e estabilização, dá origem ao biossólido, material rico em nutrientes que pode ser aproveitado na
agricultura. De acordo com a Resolução CONAMA nº 498/2020, o biossólido pode passar por diversos
tratamentos, dentre eles os mais utilizados são a digestão aeróbica e anaeróbica, lagoas de estabilização, secagem
térmica, compostagem e estabilização química. Como cada um desses tratamentos age de maneira diferente no
biossólido, pode ocorrer modificações em sua composição, dentre elas do teor de matéria orgânica, nutrientes e
metais pesados. A digestão e secagem pode aumentar o teor de carbono orgânico, enquanto a compostagem o
reduz. A caleação aumenta o pH do biossólido, o que pode ocasionar na formação de compostos quelatos
indisponíveis para as plantas, além de perdas na forma de nitrogênio. A compostagem também pode ocasionar
perdas de nitrogênio amoniacal durante o processo, entretanto tem o potencial de reduzir a quantidade de metais
pesados no resíduo. Desse modo, o lodo de esgoto se mostra como um resíduo com grande potencial para uso na
agricultura, devido ao seu alto teor de matéria orgânica e presença de diferentes componentes inorgânicos
essenciais às plantas. Entretanto, para seu uso seguro nos solos, o lodo deve ser submetido a tratamentos de
estabilização e/ou higienização. Antes de ser aplicado ao solo, é essencial uma análise química do biossólido
tratado para assim poder definir a dose de aplicação de acordo com os teores de nutrientes, visto que podem variar
de acordo com o tratamento ao qual foi submetido.

PALAVRAS-CHAVE: Lodo de esgoto; Nutrientes; Resíduo; Higienização Estabilização.

1. INTRODUÇÃO

O lodo de esgoto é um subproduto inevitável proveniente das estações convencionais


de tratamento de água e esgoto, que requer descarte seguro em aterros sanitários ou por
incineração, incorrendo em custos elevados (SINHA et al., 2010). É o principal tipo de resíduo
relacionado ao tratamento de esgoto, correspondendo entre 1-2% do volume de esgoto tratado
(YILMAZ et al., 2018). Quando o lodo é desidratado e seco, e submetido aos processos de
higienização e/ou estabilização, pode ser denominado como "biossólido".

O biossólido contém moléculas orgânicas e nutrientes essenciais para as plantas, como


nitrogênio, fósforo, potássio e vários oligoelementos (SINHA et al., 2010). Por causa da
presença desses nutrientes e de matéria orgânica, esse resíduo apresenta potencial para uso
agrícola, sendo considerada uma prática benéfica por promover o condicionamento do solo,

1
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 100


Contemporâneos, Volume 1.
aumentar o tempo de vida útil dos aterros sanitários e reduzir gastos da agricultura com insumos
químicos (OLIVEIRA et al., 2018). A fertilização de solos com lodo de esgoto é
economicamente benéfica e também necessária para restaurar e manter o equilíbrio ecológico,
pois fecha o ciclo de nutrientes em todo o ecossistema local (BARTKOWSKA et al., 2020).

O alto teor de matéria orgânica presente no lodo de esgoto faz com que o resíduo tenha
um grande potencial para utilização agrícola, especialmente quando aplicado em regiões
tropicais, cujos solos apresentam-se geralmente em estágio avançado de intemperismo, com
predomínio na fração argila de óxidos de ferro e alumínio e caulinita, com baixa capacidade de
troca catiônica (NACIMENTO et al., 2014). Desse modo, a aplicação controlada de lodo de
esgoto em áreas agrícolas é considerada sustentável, uma vez que o material é fonte de matéria
orgânica para o solo e de nutrientes para o desenvolvimento das plantas, proporcionando
benefícios à sociedade e ao meio ambiente, pois contribui para o cultivo agrícola e para
conservação do solo e da água (BITTENCOURT et al., 2016).

Quando o lodo de esgoto acaba de ser gerado no tratamento no esgoto, é composto por
uma grande quantidade de água, matéria orgânica e bactérias vivas. Nessa situação, quanto
mais o lodo se assemelhar à matéria orgânica “fresca”, maior será seu potencial de putrefação,
produção de odores desagradáveis e presença de microrganismos patogênicos, já que os esgotos
domésticos contêm esses microrganismos em alta concentração (FERNANDES; SOUZA,
2001). Isso ocorre porque durante tratamento do esgoto, a totalidade dos organismos
patogênicos não é inativada ou removida, o que resulta na transferência e concentração destes
patógenos para o lodo produzido, que pode oferecer risco tanto à saúde de trabalhadores do
serviço de saneamento e, como resultado do reuso agrícola, como aos trabalhadores rurais e aos
consumidores destes alimentos (OLIVEIRA et al., 2018).

Desse modo, o lodo de esgoto pois pode conter um grande número de cistos de
protozoários, óvulos parasitas, patógenos fecais como Salmonella spp., Shigella spp. e
Escherichia coli. Além disso, pode apresentar também metais pesados como zinco, cádmio,
mercúrio e cobre (SINHA et al., 2010) e uma gama de compostos orgânicos sintéticos, como
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, dioxinas, furanos, pesticidas, hormônios sintéticos e
naturais etc (NASCIMENTO et al., 2014). Assim sendo, para utilização agrícola segura do
biossólido faz-se necessária a estabilização da matéria orgânica e higienização para sua
aplicação no solo. Os processos de estabilização do lodo têm por objetivo atenuar o odor e
conteúdo de patógenos do resíduo. Durante esse processo, o lodo de esgoto passa por processos
de biotransformação dos seus componentes orgânicos, que se torna mais estável, com

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 101


Contemporâneos, Volume 1.
consequente redução do odor e menor concentração de microrganismos patogênicos
(FERNANDES; SOUZA, 2001).

Ademais, a concentração de compostos orgânicos e patógenos no biossólido depende


das características do esgoto afluente a uma estação de tratamento de esgoto, do processo de
tratamento empregado tanto na produção do esgoto quanto no lodo (BITTENCOURT et al.,
2016). Portanto, muitos tipos diferentes de lodo de esgoto podem ser processados e gerados,
sendo cada um deles tem uma composição química, propriedades físicas, consistência e
parâmetros como toxicidade ou estabilidade de poluentes diferentes (CIESLIK et al., 2015).

3. TRATAMENTOS

Segundo a Resolução CONAMA nº 498, de 19 de agosto de 2020, existem diferente


tratamentos para a redução de patógenos, com a finalidade de reduzir a quantidade de
Escherichia coli no biossólido, podendo ser enquadrado na Classe A ou B. Para a Classe A, o
limite máximo é de 10³ E. coli por grama de sólidos totais (g-1 de ST), proveniente de um desses
tratamentos, resumidamente: Em função do tempo e da temperatura; elevação do pH
(alcalinização) e temperatura; compostagem confinada ou em leiras aeradas; secagem térmica
direta ou indireta; tratamento térmico; digestão aeróbia termofílica; irradiação e pasteurização.
Para a obtenção do biossólido Classe B, que permite até 106 g-1 de ST de E. coli os seguintes
tratamentos podem ser realizados: digestão aeróbica; secagem em leito de areia ou bacias
(solarização); digestão anaeróbica; compostagem e estabilização com cal.

Dentre os diversos tratamentos citados capazes de promover a desinfecção do lodo, eles


são baseados em três mecanismos fundamentais: a temperatura, o pH e a radiação solar. Para
cada um desses fatores, existem faixas nas quais os organismos se mantêm presentes ou em
desenvolvimento, quando ultrapassadas, os mesmos são eliminados. Desse modo, a intensidade
e o tempo em que o lodo de esgoto é submetido ao tratamento determina a eficiência da
desinfecção (ANDREOLI et al., 2001). Na Tabela 1, estão descritos os mecanismos de
inativação de patógenos de diferentes tratamentos a que o lodo de esgoto pode ser submetido.
Outra exigência é que o biossólido a ser destinado para uso agrícola deverá atender, pelo menos,
a um dos critérios de redução de atratividade de vetores apresentados: reator de fluxo
ascendente e filtro anaeróbio; lagoas de estabilização; lodo ativado; digestão aeróbia e
anaeróbia; estabilização química do lodo; sistemas alagados construídos; compostagem;
secagem com ventilação forçada ou térmica; aplicação subsuperficial (forma líquida); e
incorporação no solo.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 102


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 1: Mecanismos de inativação de patógenos por diferentes processos de tratamento de lodo de esgoto.
Tratamento Mecanismo
Alta temperatura da fase termofílica
Compostagem Competição interespecífica de microrganismos
Desidratação
Atividade enzimática e microorganismos endossimbióticos de
Vermicompostagem minhocas
Humificação do lodo pela passagem intestinal das minhocas
Alta temperatura
Elevação do pH
Digestão aeróbica e anaeróbica
Competição interespecífica de entre patógenos e bactérias anaeróbicas
Produção de VFA e amônia livre
Elevação extrema do pH
Alta temperatura
Estabilização alcalina
Desidratação
Toxidade por amônia
Altas temperaturas
Secagem térmica
Desidratação
Fonte: Adaptado de Li et al. (2022).

Os processos considerados biológicos utilizam os mecanismos naturais de


biodegradação que transformam a parte orgânica do lodo, de modo anaeróbia ou aeróbia, sendo
os principais processos a digestão anaeróbia, digestão aeróbia e compostagem. Os processos
químicos ocorrem por meio da adição de substâncias químicas para inibir a atividade biológica
e/ou oxidar a matéria orgânica (FERNANDES; SOUZA, 2001). Os processos físicos são por
meio da ação da temperatura, como pasteurização, secagem térmica, secagem ao ar/solar
(RIGBY et al., 2016).

Os processos de estabilização e higienização mais utilizados a solarização,


compostagem, vermicompostagem e caleação (NASCIMENTO et al., 2014). Outros processos
de estabilização da matéria orgânica, como a digestão anaeróbia e aeróbia, calagem ou
compostagem, consorciado com processos de higienização térmica, também são uma opção
promissora para produção de material seguro à utilização agrícola (FOGOLARI et al., 2018).
Os principais processos de tratamento de lodo de esgoto incluem digestão aeróbia ou anaeróbia,
compostagem aeróbia, o tratamento alcalino ou estabilização química (PRICE et al., 2015). A
seguir serão descritos os principais tratamentos para a higienização e estabilização do lodo de
esgoto para obtenção do biossólido apto a utilização agrícola.

3.1 Digestão aeróbica e anaeróbica

O processo de estabilização por meio da digestão é desempenhado por microrganismos,


que possibilitam a decomposição dos compostos orgânicos contidos no lodo de esgoto
(BARTKOWSKA et al., 2020). Esse processo pode se dar na presença ou ausência de oxigênio,
dando origem a digestão aeróbica e anaeróbica, respectivamente.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 103


Contemporâneos, Volume 1.
A digestão ocorre quando o lodo de esgoto ainda apresenta alto teor de água e baixa
concentração de sólidos totais. A digestão anaeróbia é empregada em todo o mundo como o
processo mais antigo e importante para a estabilização de lodo, sendo utilizada em grandes
ETEs (estações de tratamento de esgoto) porque uma quantidade considerável de metano pode
ser recuperada, enquanto a digestão aeróbia é mais adequada para ETEs de médio e pequeno
porte, onde o tratamento anaeróbio não é mais econômico (LIU et al., 2012).

A digestão anaeróbica é um processo quimio-biológico pelo qual resíduos orgânicos


complexos são transformados em compostos solúveis simples em um ambiente anaeróbico,
devido a um diverso conjunto de microrganismos que degradam o material residual orgânico,
resultando na produção de biogás e outros compostos orgânicos ricos em energia (NGUYEN et
al., 2021). A digestão anaeróbica tem sido utilizada como um método de estabilização do lodo
de esgoto devido sua capacidade de reduzir a quantidade de sólidos, de transformar a matéria
orgânica em biogás e limitar possíveis problemas de odores e patógenos (LIAO et al., 2014).
Nesse caso, o lodo é colocado em digestores, feitos geralmente por tanques de concreto, no qual
a biodegradação anaeróbia leva à produção de metano, dióxido de carbono e lodo estabilizado
(FERNANDES; SOUZA, 2001).

De acordo com Nguyen et al. (2021), a digestão anaeróbica ocorre em quatro estágios:
hidrólise, acidogênese, acetogênese e metanogênese (Figura 1). O estágio de hidrólise reduz a
matéria orgânica insolúvel e os compostos de alto peso molecular para compostos solúveis. No
segundo estágio, chamado acidogênese, as bactérias acidogênicas utilizam os componentes
formados durante a hidrólise e produzem ácidos graxos voláteis, dióxido de carbono, sulfeto de
hidrogênio, amônia e outros subprodutos. A acetogênese, o terceiro estágio, os ácidos orgânicos
e álcoois são digeridos para produzir ácido acético, dióxido de carbono e hidrogênio. Na etapa
final, a metanogênese, ocorre a produção do gás metano por dois grupos bacterianos
metanogênicos: o primeiro decompõe o acetato em CH4 e CO2, enquanto o segundo usa
hidrogênio e dióxido de carbono para produzir metano.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 104


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 1: Etapas da digestão anaeróbica.

Fonte: Adaptado de Nguyen et al. (2021).

A digestão anaeróbica é capaz de reduzir significativamente o conteúdo de coliformes


e a eliminação completa de Salmonella spp. (SCAGLIA et al., 2014). Entretanto, em alguns
casos, a redução dos patógenos é considerada pequena, o que impõe limites ao uso do biossólido
por questões de segurança sanitária (FERNANDES; SOUZA, 2001), sendo necessário outro
tratamento posterior.

O lodo digerido anaerobicamente apresenta elevação do teor de sólidos, redução do teor


de carbono orgânico e, com isso, obtém-se um produto com menor relação C:N, podendo ser
utilizado para uso na agricultura e recuperação de solo (CIESLIK et al., 2015). No entanto, a
digestão anaeróbia pode gerar lotes de a biossólido lodo de esgoto com condições ácidas,
associados a altas concentrações de ácidos graxos voláteis e à redução de bactérias
metanogênicas (PEREIRA et al., 2020). Nesse caso, pode ser necessária adição de compostos
alcalinos para correção do pH do biossólido.

O processo de digestão aeróbia, realizado na presença de oxigênio, ocorre em duas


etapas. Primeiro, ocorre a oxidação direta da matéria orgânica biodegradável com aumento da
biomassa bacteriana, seguida da oxidação do material microbiano celular pelos próprios
microrganismos (FERNANDES; SOUZA, 2001). Atualmente, tem crescido o uso do processo
de digestão aeróbia autotérmica, no qual apresenta fase termófila, que aumenta o ritmo de
biodegradação da matéria orgânica e pode destruir os microrganismos patogênicos do lodo.
Nesse caso, após a oxidação exotérmica do C orgânico, ocorre a hidrólise de compostos
orgânicos complexos e de microrganismos, por meio das enzimas extracelulares produzidas por
bactérias, sendo que posteriormente os microrganismos termofílicos oxidam os produtos de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 105


Contemporâneos, Volume 1.
hidrólise solúveis em água em compostos de baixa energia, liberando energia na forma de calor
e gerando CO2, H2O e NH3 (Figura 2) (BARTKOWSKA et al., 2020).

Figura 2: Processo de digestão aeróbica termofílica.

Fonte: Adaptado de Bartkowska et al. (2020).

A digestão aeróbica permite a obtenção de biossólido estabilizado e higienizado, livre


de microrganismos patogênicos, parasitas e fungos, com potencial para ser utilizado como
fertilizante (BARTKOWSKA et al., 2020). Entretanto, apesar da digestão, tanto aeróbica
quanto anaeróbica, serem capazes de estabilizar e higienizar o lodo de esgoto, o mesmo pode
ser submetido a outros processos pós-digestão. A compostagem e a secagem térmica são
comumente usados para torná-lo adequado como condicionador de solo para uso na agricultura
(MATTANA et al., 2014).

3.2 Lagoas de estabilização

Os processos de desinfecção e estabilização do lodo de esgoto em leito de secagem tem


como função remover a flora bacteriana patogênica, promover a desidratação e preparar o lodo
para uso como fertilizante ou para outros tratamentos posteriores (CIESLIK et al., 2015). Em
geral, os leitos de secagem caracterizam-se por um tanque geralmente retangular com paredes
e fundo de concreto, no qual são instalados dispositivos para possibilitar a drenagem da água
presente no lodo (GONÇALVES et al., 2001).

As lagoas de estabilização retem os sólidos separados do excesso de lodo, enquanto a


água do lodo é removida por evapotranspiração e drenagem. A drenagem ocorre principalmente
nas 72 horas iniciais, no qual ocorre a eliminação da grande maioria da água. Após esse período,
o lodo assume uma consistência pastosa e a perda de líquido passa a ocorrer basicamente pela
evaporação superficial, até atingir em torno de 30% de sólidos (GONÇALVES et al., 2001).
Quando o leito de secagem é associado a solarização, injeção de calor ou estufas, ocorre um
maior aumento da temperatura do lodo de esgoto, o que pode reduzir a quantidade de patógenos
presente.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 106


Contemporâneos, Volume 1.
3.3 Secagem térmica

A secagem térmica é um método de secagem do lodo, que também pode ser considerada
uma forma de estabilização devido à eliminação térmica dos patógenos e ao bloqueio dos odores
emanados pelo lodo. Nesse processo, ocorre a elevação da temperatura, o que provoca a
evaporação da água e bloqueio da atividade biológica (FERNANDES; SOUZA, 2001).

O calor é um dos métodos mais empregados para inativar microrganismos, que ocorre
pela desnaturação de proteínas ou por oxidação. A ação da temperatura faz com que as enzimas,
principalmente a albumina, diminuam ou percam sua funcionalidade pois sua estrutura é
modificada pelo efeito térmico (ANDREOLI et al., 2001). Logo, quando uma população
microbiana é aquecida, ocorre a redução do número de organismos viáveis (FOGOLARI et al.,
2012). Entretanto, a relação entre o tempo e a temperatura de inativação é específica para cada
microrganismo, e depende das características do meio em que o organismo se encontra.
(FOGOLARI et al., 2018).

Desse modo, a inativação térmica de microrganismos é explorada de diversas formas no


tratamento de lodo, podendo ser um complemento a outros tratamentos, ou mesmo atuando
concomitantemente à estabilização da matéria orgânica em processos que envolvem
temperaturas termofílicas, como a digestão aeróbia e a compostagem (FOGOLARI et al.,
2018). A Tabela 2 mostra a relação entre a temperatura e o tempo para destruição de
microrganismos presentes no lodo de esgoto.

O lodo tratado via secagem térmica preserva melhor os nutrientes e as frações


biodegradáveis de carbono, aumentando seu potencial de uso como fertilizante orgânico do solo
(CARVALHO et al., 2015). A higienização do lodo de esgoto por secagem térmica proporciona
a obtenção de resíduo granulado, seco, com baixo volume e níveis de contaminação bacteriana
estabelecidos como seguros pela legislação para uso agrícola (OLIVEIRA et al., 2018).
Entretanto, no processamento térmico, altas temperaturas podem resultar na densificação do
lodo ou mesmo na transformação de toda a matéria orgânica em compostos inorgânicos
(CIESLIK et al., 2015).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 107


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 2: Temperatura e tempo de manutenção para a destruição de alguns organismos.
Organismo Tempo (minutos) Temperatura (ºC)
15-30 60
Salmonella spp.
60 55
Shigela 60 55
5 70
Escherichia coli 15-20 60
60 55
Estomoeba histolytyca (cistos) Instantâneo 68
Necator americanus 50 45
Estreptococos 60 70
Coliformes fecais 60 70
60 55
Ascaris spp. (ovos)
7 60
Fonte: Adaptado de Andreoli et al. (2021).

Assim sendo, a secagem é uma operação tecnológica relativamente simples de fornecer


energia ao sistema para evaporar a água e reduzir o teor de umidade (CIESLIK et al., 2015). A
secagem pode ser feita por contato, convecção ou radiação. Na secagem por contato, a energia
necessária é transferida para o lodo de esgoto por meio de uma superfície aquecida, sendo que
o lodo de esgoto tem apenas contato indireto com um meio de transferência de calor, enquanto
a secagem por convecção coloca o lodo de esgoto em contato direto com um meio de
transferência de calor. Os secadores por radiação transferem a energia térmica por meio da
radiação infravermelha ou de micro-ondas, sendo a radiação solar usada principalmente para
secagem do lodo de esgoto (SCHNELL et al., 2020).

A adoção de tecnologias simples e de baixo custo, como a solarização, reduz


efetivamente o volume de lodo, preservando suas principais características agronômicas e
reduzindo os níveis de contaminantes patogênicos (PEREIRA et al., 2020). O Brasil, por estar
situado em região tropical, apresenta altos valores de irradiação solar, sendo o aproveitamento
deste tipo de energia realizado em muitas Estações de Tratamento de Esgoto para secagem do
lodo de esgoto (FOGOLARI et al., 2018). A solarização pode ser realizada ao sol pleno, no
qual pode ocorrer influência de chuvas, ou em ambientes protegidos como estufas, ou em
reatores com aquecimento solar.

De acordo com Oliveira et al. (2018) secagem do lodo de esgoto desaguado pode ser
realizada em estufa agrícola, com piso em concreto, estrutura metálica e lona plástica
transparente, sendo o lodo disposto em leiras e revolvido periodicamente. Nesse caso, à medida
em que a exposição à radiação solar incidente sobre o filme plástico da estufa, ocorre a elevação
da temperatura interna e redução progressiva da umidade do resíduo, com consequente amento
do teor de sólidos e redução o volume da leira de lodo. Além disso, o método é capaz de reduz
a quantidade de E. coli, obtendo um biossólido Classe A, com, em média, 60 dias.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 108


Contemporâneos, Volume 1.
Caso se utilize a energia solar para a secagem, estabilização e/ou higienização do lodo
de esgoto, é necessário observar a irradiação média do local. A redução de E. coli e coliformes
totais. Em geral, valores de irradiação solar média acima de 700 W h m-2, capaz de elevar a
temperatura do lodo a 60ºC por aproximadamente 3 horas por dia, propiciou rápido decaimento
de E. coli, sendo que em aproximadamente 300 minutos não foram mais detectadas células
viáveis, enquanto irradiação solar média inferior a 500 W h m-2 diminuiu consideravelmente a
eficiência de inativar a bactéria (FOGOLARI et al., 2018). Logo, a inativação térmica dos
patógenos segue o modelo exponencial, de forma que quanto menor a temperatura, maior
deverá ser o tempo de exposição para ocorrer sua inativação (ANDREOLI et al., 2001).

3.4 Compostagem

A compostagem é um dos tratamentos mais eficientes para reduzir a quantidade de


resíduos orgânicos e contaminantes orgânicos potencialmente biodegradáveis presentes no lodo
de esgoto (KAPANEN et al., 2013). É um processo complexo e capaz de realizar a destruição
de organismos patogênicos, estabilizar a matéria orgânica e secagem do lodo de esgoto
(KOSOBUCKI et al., 2000). A compostagem é definida como uma bioxidação aeróbia
exotérmica de um substrato orgânico heterogêneo, no qual ocorre a produção de CO2, água,
liberação de substâncias minerais e formação de matéria orgânica estável (FERNANDES;
SOUZA, 2001).

Para realizar a compostagem, o lodo deve ser misturado com materiais estruturais em
proporção adequada para obter uma relação C: N de cerca de 30:1, sendo recomendado
materiais ricos em celulose, como aparas de madeira, serragem, casca de árvore, palha e
serapilheira (KOSOBUCKI et al., 2000). Durante o processo de compostagem, ocorre a quebra
das as moléculas orgânicas, sendo que os elementos químicos presentes nessas moléculas
passam para formas mais fitodisponíveis para as plantas (NASCIMENTO et al., 2014). A
compostagem do lodo de esgoto resulta em consumo do carbono solúvel por microrganismos,
o que auxilia no processo de estabilização da matéria orgânica presente no resíduo
(CARVALHO et al., 2015).

O processo de compostagem está descrito na figura X. A compostagem ocorre por duas


fases, sendo elas a fase termófila e mesófila. No início do processo, ocorre a elevação gradativa
da temperatura devido ao processo de biodegradação, no qual população de mesófilos diminui
e os microrganismos termófilos aumenta. Durante a fase termofílica, ocorre a intensa e rápida
degradação da matéria orgânica e elevação da temperatura. Quando a maior parte do substrato

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 109


Contemporâneos, Volume 1.
orgânico é transformado, a temperatura diminui e ocorre a redução da população termófila, com
o predomínio dos organismos mesófilos. A partir de então ocorre a fase mesófila, no qual ocorre
a maturação do composto durante o processo de humificação (FERNANDES; SOUZA, 2001).

A compostagem também é um processo de higienização, pois as altas temperaturas


alcançadas (acima de 55 ºC) durante o processo podem destruir virtualmente todos os patógenos
e parasitas (ALVARENGA et al., 2015). Entretanto, apresenta um custo energético inferior ao
do tratamento térmico, pois o processo produz seu próprio calor devido metabolismo
microbiano exotérmico (SCAGLIA et al., 2014).

Além disso, o processo de compostagem é capaz de reduzir a quantidade de diversas


substancias químicas por meio da sua degradação, dentre elas hidrocarbonetos, benzenos e
fenóis, reduzindo então o risco potencial de contaminação do ambiente pela aplicação do
biossólido (KAPANEN et al., 2013)

A compostagem do lodo de esgoto pode ser aprimorada com o uso de minhocas, num
processo denominado vermicompostagem. Quando as minhocas são usadas para estabilização
de lodo de esgoto, ocorre a redução da quantidade de carbono orgânico e aumento do teor de
fósforo biodisponível (CIESLIK et al., 2015). Ademais, as minhocas decompõem a fração
orgânica presente no resíduo, mineralizam os nutrientes, ingerem os metais pesados e controlam
os patógenos, como bactérias, fungos, nematoides e protozoários (SINHA et al., 2010).

O processo de compostagem a obtenção de um biossólido abundante em nitrogênio,


fósforo e matéria orgânica, além de seguro em termos sanitários (IGNATOWICZ, 2017). Além
disso, é capaz de aumentar a porosidade e reduzir a densidade do solo, promover maior
capacidade de retenção de água no solo e melhorar sua aeração (PARADELO et al., 2019).
Ademais, esse material pode ser utilizado como condicionador do solo, por ser composto de
matéria orgânica em estágio mais avançado de humificação (CARVALHO et al., 2015).

3.5 Estabilização química

A estabilização química do lodo de esgoto, ou alcalinização, consiste na adição de


produtos com a finalidade de oxidar a matéria orgânica e inibir a atividade biológica
(NACIMENTO et al., 2014). O processo consiste em adicionar uma base ao lodo até atingir pH
12 ou superior, no qual ocorre a destruição de microrganismos patogênicos, diminuição do odor
e a fixação de metais pesados (FERNANDES; SOUZA, 2001). Neste caso, três fatores
interferem no processo de desinfecção: a alteração da temperatura, a mudança do pH do

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 110


Contemporâneos, Volume 1.
biossólido e a ação da amônia formada a partir do nitrogênio do lodo em condições de
temperatura e pH elevados (ANDREOLI et al., 2001).

Podem ser utilizadas tanto a cal virgem (CaO) como a cal hidratada (Ca(OH)2). Esses
produtos são os mais utilizados em razão do baixo custo, simplicidade do processo e eficiência
na eliminação de patógenos (NACIMENTO et al., 2014). A cal, quando em contato com a água
contida no lodo, resulta em uma reação exotérmica com liberação de calor, até sua estabilização
(ANDREOLI et al., 2001). Entretanto, outros produtos alcalinos podem ser utilizados, dentre
eles o calcário (CaCO3) (PEREIRA et al., 2020) e escória de siderurgia (SAMARA et al.,
2017).

A alcalinização promove o saneamento químico devido ao aumento do pH do lodo, no


qual gera condições inadequadas para a sobrevivência do patógeno (SCAGLIA et al., 2014). A
caleação permite a elevação tanto da temperatura e do pH do resíduo, com consequente
inativação de microrganismos (NACIMENTO et al., 2014).

A composição de biossólidos tratados com alcalino são diferentes de outros biossólidos,


devido a mudança no pH para 12 e maior produção de amônia (PRICE et al., 2015). O uso do
biossólido caleado é capaz de promover aumento no pH do solo, precipitação do alumínio e
neutralização do H+, resultando em maior exposição das cargas negativas do solo e aumentado
a capacidade de troca catiônica (NASCIMENTO et al., 2014). Desse modo, esta pode ser uma
alternativa interessante para tanto para correção do solo quanto para melhorar a fertilidade de
solos ácidos (BARBOSA et al., 2017).

Contudo, para a recomendação do uso do lodo de esgoto alcalinizado, deve levar em


conta os resultados dos ensaios de elevação de pH provocados por este resíduo no solo
predominante da região, de modo que a dose de biossólido aplicado não eleve o pH do solo
para valores acima de sete (POGGERE et al., 2012). Ademais, outro fator importante na
aplicação do biossólido caleado é a quantidade e o tipo de argila, o conteúdo de matéria orgânica
e o pH do solo, pois interferem diretamente na capacidade tampão do solo e consequentemente
na dose a ser aplicada (ANDREOLI et al., 2001).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 111


Contemporâneos, Volume 1.
4. TRATAMENTO E A COMPOSIÇÃO DO BIOSSÓLIDO

De acordo com o tratamento que o biossólido foi submetido, pode ocorrer modificações
da sua composição, dentre elas do teor de matéria orgânica, nutrientes e metais pesados. É
possível observar, na Tabela X, que a solarização obteve maior valor de N e S, enquanto a
caleação reduziu os valores de N e aumentou o teor de Ca e K. Os tratamentos não influenciaram
nos valores de P2O5 e Mg. Em relação aos metais pesados, a caleação aumentou os valores de
Zn, Ni, Cd e Pb (Tabela 3).

Carvalho et al. (2015) observaram que o lodo anaeróbio seco termicamente apresentou
maior teor de carbono solúvel 1,5 a 8,4, pois a secagem térmica conserva os compostos
orgânicos. Mattana et al. (2014) observaram que o lodo seco termicamente apresentou o maior
teor de matéria orgânica, entretanto, com menor grau de estabilidade, enquanto a compostagem
reduz o C, porém aumenta o percentual da fração orgânica resistente à hidrólise ácida. A
caleação pode aumentar maior teor de C-inorgânico, devido ao fato de que o condicionamento
químico utilizando cal hidratada propicia a formação de carbonatos, provavelmente
precipitados como carbonato de cálcio ao valor de pH do resíduo (ANDRADE et al., 2006).
Entretanto, a estabilização com cal reduz o potencial de fertilizante, principalmente porque a
maior parte do conteúdo de nitrogênio é perdida durante o processo (PEREIRA et al., 2020).

Tabela 3: Formas de estabilização do lodo de esgoto e conteúdo de macronutrientes e metais pesados.


N P2O5 K 2O Ca Mg S
Estabilização
dag kg-1
Solarização 2,71 0,73 0,34 0,65 0,20 1,61
Compostagem 1,45 0,64 0,34 0,71 0,15 1,28
Vermicompostagem 1,39 0,68 0,48 0,49 0,15 0,92
Caleação 0,83 0,66 0,53 10,93 0,23 1,24
Zn Cu Ni Cd Pb Cr
mg kg-1
Solarização 526 80 46,49 1,21 92,68 700
Compostagem 403 63 46,49 1,40 117,07 900
Vermicompostagem 374 71 43,00 1,21 119,51 850
Caleação 454 71 62,00 2,51 285,37 825
Fonte: Adaptado de Nascimento et al. (2014); Nacimento et al. (2014).

Além disso, quando o lodo de esgoto é quimicamente estabilizados com produtos


alcalinos, seu valor de pH pode aumentar para 12, o que pode promover efeito alcalinizante
quando aplicado aos solos, principalmente quando estes apresentam baixa capacidade
tamponante (ALVARENGA et al., 2015). Essa alcalinização inicial pode reduzir a
disponibilidade de nutrientes, o crescimento e a adsorção de nutrientes das plantas, ocasionado
a formação de compostos quelatos indisponíveis para as plantas, o que pode ser prejudicial
temporariamente para as culturas (MELO et al., 2019).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 112


Contemporâneos, Volume 1.
A compostagem também pode ocasionar perdas de nitrogênio amoniacal durante o
processo, como consequência das matérias-primas utilizadas e das condições de manejo, que
devem ser tratadas para minimizar a perda de nitrogênio (ALVARENGA et al., 2015). Mattana
et al. (2014) observaram que o biossólido compostado apresentou o menor N total, N
hidrolisável e NH4+ quando comparado ao lodo fresco e termicamente seco. Entretanto, a
compostagem pode ser utilizada como meio para aumentar o teor de K, desde que seja escolhida
um material rico neste nutriente.

Alvarenga et al. (2015) observaram redução do teor de Cu e Zn devido a compostagem.


Mattana et al. (2014) observaram aumento do teor de Cr com a compostagem, no entanto, o
processo reduziu os teores de Cu, Hg, Ni e Pb. Os autores afirmam que o biossólido seco tem
maior à capacidade de retenção do metal que nas frações de lodo compostado e fresco.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O lodo de esgoto é um resíduo com grande potencial para uso na agricultura, devido ao
seu alto teor de matéria orgânica e presença de diferentes componentes inorgânicos essenciais
às plantas. Entretanto, para seu uso seguro nos solos, o lodo deve ser submetido a tratamentos
de estabilização e/ou higienização. A escolha do método envolve o tamanho da Estação de
Tratamento de Esgoto, a quantidade de resíduo produzida, e sua finalidade.

No Brasil, é muito comum o emprego da secagem por energia solar associado à caleação
ou compostagem para produção do biossólido, dando origem a um material com odor reduzido,
livre de patógeno e de utilização segura à agricultura. Antes de ser aplicado ao solo, é essencial
uma análise química do biossólido tratado para assim poder definir a dose de aplicação de
acordo com os teores de nutrientes, visto que podem variar de acordo com o tratamento ao qual
foi submetido.

REFERÊNCIAS

ALVARENGA, P. et al. Sewage sludge, compost and other representative organic wastes as
agricultural soil amendments: Benefits versus limiting factors. Waste Management, v.40, p.
44-52, 2015. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0956053X15000665>. Acessado em:
Mai. 2023.

ANDRADE, C. A. d.; OLIVEIRA, C. d.; CERRI, C. C. J. B. Cinética de degradação da matéria


orgânica de biossólidos após aplicação no solo e relação com a composição química inicial.
Bragantia, v.65, p. 659-668, 2006. Disponível em:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 113


Contemporâneos, Volume 1.
<https://www.scielo.br/j/brag/a/9R4sj9cpJTLvGqbgPPzYpBw/?lang=pt>. Acessado em: Mai.
2023.

ANDREOLI, C. V. et al. Higienização do Lodo de Esgoto. In: ANDREOLI, C. V. (Ed.).


Resíduos Sólidos do Saneamento: Processamento, Reciclagem e Disposição Final. Rio de
Janeiro: Rima, 2001. p. 87-127.

BARBOSA, J. Z. et al. Alkalinized sewage sludge application improves fertility of acid soils.
Ciencia e Agrotecnologia, v.41, n. 5, p. 483-493, Sep-Oct 2017. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/cagro/a/WmGJkB3gp7j6r3QYftgmWmG/?lang=en>. Acessado em:
Mai. 2023.

BARTKOWSKA, I.; BIEDKA, P.; TAŁAŁAJ, I. A. Production of Biosolids by Autothermal


Thermophilic Aerobic Digestion (ATAD) from a Municipal Sewage Sludge: The Polish Case
Study. Energies, v.13, n. 23, p. 6258, 2020. Disponível em: <https://www.mdpi.com/1996-
1073/13/23/6258>. Acessado em: Mai. 2023.

BITTENCOURT, S. et al. Sorção de poluentes orgânicos emergentes em lodo de esgoto.


Engenharia Sanitária e Ambiental, v.21, p. 43-53, 2016. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/esa/a/qCpWmW56dks7p8wvf43pzNS/?lang=pt>. Acessado em: Mai.
2023.

CARVALHO, C. S. et al. Composição química da matéria orgânica de lodos de esgoto. Revista


Brasileira de Ciências Agrárias, v.10, n. 3, p. 413-419, 2015. Disponível em:
<https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/137291/1/2015AP32.pdf>. Acessado
em: Mai. 2023.

CIESLIK, B. M.; NAMIESNIK, J.; KONIECZKA, P. Review of sewage sludge management:


standards, regulations and analytical methods. Journal of Cleaner Production, v.90, p. 1-15,
2015. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0959652614012116 >. Acessado em:
Mai. 2023.

CONAMA. Resolução nº 498, de 19 de agosto de 2020. Brasília, pp. 21.

FERNANDES, F.; SOUZA, S. Estabilização de lodo de esgoto. In: CLEVERSON e


ANDREOLI, V. (Ed.). Resíduos sólidos do saneamento: Processamento, reciclagem e
disposição final. Rio de Janeiro: Rima, 2001. v. 1, cap. Estabilização de Lodo de Esgoto, p.
29-55.

FOGOLARI, O.; REIS, C. Z. d.; PHILIPPI, L. S. Determinação de parâmetros cinéticos da


inativação térmica de Escherichia coli em lodo de esgoto. Engenharia Sanitária e Ambiental,
v.17, p. 255-262, 2012. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/esa/a/8GQNZS3ZQgRGsMnkDyNnGrG/?lang=pt. Acessado em: Mai.
2023.

FOGOLARI, O.; MAGRI, M. E.; PHILIPPI, L. S. Higienização de lodo de esgoto em reator


com aquecimento solar: inativação de coliformes totais e Escherichia coli. Engenharia
Sanitaria e Ambiental, v.23, p. 91-100, 2018. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/esa/a/fTs5ByVv4htKYqzLfGwsvCs/abstract/?lang=pt>. Acessado
em: Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 114


Contemporâneos, Volume 1.
GONÇALVES, R. F. et al. Desidratação de lodo de esgotos. In: ANDREOLI, C. V. (Ed.).
Resíduos sólidos do saneamento: processamento, reciclagem e disposição final. Rio de
Janeiro: Rima, 2001. p. 57-86.

IGNATOWICZ, K. The impact of sewage sludge treatment on the content of selected heavy
metals and their fractions. Environmental Research, v.156, p. 19-22, 2017. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0013935117303870>. Acessado em:
Mai. 2023.

KAPANEN, A. et al. Biotests for environmental quality assessment of composted sewage


sludge. Waste Management, v.33, n. 6, p. 1451-1460, Jun 2013. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0956053X13001104>. Acessado em:
Mai. 2023.

KOSOBUCKI, P.; CHMARZYŃSKI, A.; BUSZEWSKI, B. Sewage Sludge Composting.


Polish Journal of Environmental Studies, v.9, n. 4, p. 243-248, 2000. Disponível em:
<http://www.pjoes.com/pdf-8730521164?filename=Sewage%20Sludge%20Composting.pdf>.
Acessado em: Mai. 2023.

LI, M. et al. Inactivation and risk control of pathogenic microorganisms in municipal sludge
treatment: A review. Frontiers of Environmental Science and Engineering, v.16, n. 6, 2022.
Disponível em: <https://link.springer.com/article/10.1007/s11783-021-1504-5>. Acessado em:
Mai. 2023.

LIAO, X. C. et al. Process performance of high-solids batch anaerobic digestion of sewage


sludge. Environmental Technology, v.35, n. 21, p. 2652-2659, Nov 2014. Disponível em:
<https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09593330.2014.916756>. Acessado em: Mai.
2023.

LIU, S. G.; ZHU, N. W.; LI, L. Y. The one-stage autothermal thermophilic aerobic digestion
for sewage sludge treatment: Stabilization process and mechanism. Bioresource Technology,
v.104, p. 266-273, Jan 2012. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S096085241101652X>. Acessado em:
Mai. 2023.

MATTANA, S. et al. Sewage sludge processing determines its impact on soil microbial
community structure and function. Applied Soil Ecology, v.75, p. 150-161, Mar 2014.
Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0929139313002904>. Acessado em:
Mai. 2023.

MELO, R. M. et al. Calagem e textura do substrato afetam o desenvolvimento de


Campomanesia adamantium (Cambess.) O. Berg. v.42, n. 1, p. 99-108, 2019. Disponível em:
<https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/17023>. Acessado em: Mai. 2023.

NACIMENTO, A. L. et al. Atributos químicos do solo adubado com lodo de esgoto estabilizado
por diferentes processos e cultivado com girassol. Bioscience Journal, v.30, n. 1, 2014.
Disponível em: <https://seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/15142>.
Acessado em: Mai. 2023.

NASCIMENTO, A. L. et al. Metais pesados em girassol adubado com lodo de esgoto


submetido a diferentes processos de estabilização. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 115


Contemporâneos, Volume 1.
e Ambiental, v.18, p. 694-699, 2014. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/vhJknwgStV3sYkJTHM3VMxj/?lang=pt>. Acessado em:
Mai. 2023.

NGUYEN, V. K. et al. Review on pretreatment techniques to improve anaerobic digestion of


sewage sludge. Fuel, v.285, p. 119105, 2021/02/01/ 2021. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S001623612032101>. Acessado em:
Mai. 2023.

OLIVEIRA, J. F. d. et al. Avaliação da sobrevivência de indicadores bacterianos e vírus durante


higienização de lodo de esgoto por secagem térmica em estufa agrícola. Engenharia Sanitaria
e Ambiental, v.23, p. 1079-1089, 2018. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/esa/a/6zScgsDLvpBzGHXYjSr48cj/abstract/?lang=p>. Acessado em:
Mai. 2023.

PARADELO, R. et al. Soil physical properties of a Luvisol developed on loess after 15 years
of amendment with compost. Soil and Tillage Research, v.191, p. 207-215, 2019/08/01/ 2019.
Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0167198718311401>. Acessado em:
Mai. 2023.

PEREIRA, I. d. S. et al. Agricultural use and pH correction of anaerobic sewage sludge with
acid pH. Journal of Environmental Management, v.275, p. 111203, 2020. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301479720311282>. Acessado em:
Mai. 2023.

POGGERE, G. C. et al. Lodos de esgoto alcalinizados em solos do estado do Paraná: taxa de


aplicação máxima anual e comparação entre métodos para recomendação agrícola. Engenharia
Sanitária e Ambiental, v.17, n. 4, p. 429-438, 2012. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/esa/a/jnC5ngBvLtvZQWH5cdny3hv/abstract/?lang=pt>. Acessado
em: Mai. 2023.

PRICE, G. et al. Long-term influences on nitrogen dynamics and pH in an acidic sandy soil
after single and multi-year applications of alkaline treated biosolids. Agriculture, Ecosystems
e Environment, v.208, 10/01 2015. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0167880915001425>. Acessado em:
Mai. 2023.

RIGBY, H. et al. A critical review of nitrogen mineralization in biosolids-amended soil, the


associated fertilizer value for crop production and potential for emissions to the environment.
Science of the Total Environment, v.541, p. 1310-1338, 2016. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969715305921>. Acessado em:
Mai. 2023.

SAMARA, E. et al. Soil application of sewage sludge stabilized with steelmaking slag and its
effect on soil properties and wheat growth. Waste Management, v.68, p. 378-387, 2017.
Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0956053X17304567>. Acessado em:
Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 116


Contemporâneos, Volume 1.
SCAGLIA, B. et al. Sanitation ability of anaerobic digestion performed at different temperature
on sewage sludge. Science of the Total Environment, v.466, p. 888-897, Jan 2014. Disponível
em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S004896971300898X>. Acessado
em: Mai. 2023.

SCHNELL, M.; HORST, T.; QUICKER, P. Thermal treatment of sewage sludge in Germany:
A review. Journal of Environmental Management, v.263, Jun 2020. Disponível em:
<https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301479720303029>. Acessado em:
Mai. 2023.

SINHA, R. K. et al. Vermistabilization of sewage sludge (biosolids) by earthworms: converting


a potential biohazard destined for landfill disposal into a pathogen-free, nutritive and safe
biofertilizer for farms. Waste Management & Research, v.28, n. 10, p. 872-881, 2010.
Disponível em: <https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/0734242X09342147>. Acessado
em: Mai. 2023.

YILMAZ, E.; WZOREK, M.; AKCAY, S. Co-pelletization of sewage sludge and agricultural
wastes. Journal of Environmental Management, v.216, p. 169-175, Jun 2018. Disponível
em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301479717308733>. Acessado
em: Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 117


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312010300

CAPÍTULO 10
MORFOMETRIA DE FRUTOS E SEMENTES DE
(LICANIA RIGIDA BENTH.) – CHRYSOBALANACEAE 2

Maria do Socorro de Caldas Pinto


Danilo Dantas da Silva
Rayane Nunes Gomes
Kelina Bernardo Silva
Wiaslan Figueiredo Martins
Marília Gabriela Caldas Pinto
Luciano Campos Targino
Dannuta Luíza Cavalcanti de Caldas Pinto

RESUMO
Objetivou-se com esse estudo caracterizar morfometricamente frutos e sementes de (Licania rigida Benth.) –
Chrysobalanaceae. A seleção das matrizes da espécie foi realizada no segundo semestre de 2020 as margens do
Riacho Bruscas, no município de Boa Ventura, Paraíba. Para descrever e ilustrar morfologicamente utilizou-se
100 frutos e sementes selecionados aleatoriamente. As observações foram realizadas a olho nu, anotando-se
medidas de comprimento e largura, com paquímetro digital, expressas mm. O peso unitário do fruto, sementes e
pericarpo obtidos por pesagem em balança de precisão de 0,001g. Para os dados biométricos (comprimento e
largura), peso de frutos, sementes e pericarpo de frutos/sementes, utilizando-se o software Microsoft EXCEL. A
frequência com os números de classes obtidas segundo Sturges utilizando o programa estatístico BioEst versão
5.3. A oiticica (Licania rigida Benth.) pertence à família Crysobalanaceae, apresenta fruto do tipo drupa,
alongado-elipsoide ou fusiforme, com exocarpo verde (mesmo quando maduro) e endocarpo envolto por uma
massa de tom amarelo, de odor pouco agradável e indeiscentes. As sementes são únicas, um pouco menor que o
fruto, exalbuminosas, de forma elíptica, coloração marrom, composta por uma casca revestindo a amêndoa. Os
frutos apresentaram valores médios para as características biométricas de comprimento (37,40 ± 2,87 mm), largura
(13,67 ± 0,88mm) e pesos do fruto (2,43 ± 0,42g) e casca (0,93 ± 0,19g) respectivamente. Já as sementes os valores
médios referentes ao comprimento (27,06 ± 2,11mm), largura (3,30 ± 1,22mm) e peso da semente (0,70 ± 0,37g)
com maior coeficiente de variação 24,93% para o peso das mesmas. Os frutos e sementes de oiticica (Licania
rigida Benth.) apresentam homogeneidade para as características morfométricas avaliadas, exceto para o peso das
sementes.

PALAVRAS-CHAVE: Caatinga; Espécie Florestal; Oiticica.

1. INTRODUÇÃO

As caatingas em geral são caracterizadas como formações arbóreo-arbustivas,


hierarquicamente agrupadas em diversas tipologias, muitas das quais ainda são praticamente
desconhecidas do ponto de vista ecológico. Consta-se nessa região uma enorme variabilidade
de espécies vegetais que apresentam diferenças fisionômicas, densidade, composições e
aspectos fenológicos (MANERA; NUNES, 2001).

2
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – Brasil.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 118


Contemporâneos, Volume 1.
O avanço das fronteiras agropecuárias, das atividades madeireiras e da construção de
usinas hidrelétricas, as formações florestais do Brasil vêm sofrendo níveis cada vez mais
significativos de perturbação (PACHECO et al., 2013). Fazendo com que muitas espécies
lenhosas se encontrem ameaçadas de extinção (LORENZI, 2009).

Diante deste problema, surgiu a necessidade de preservação dos remanescentes


existentes e iniciativas para a execução de projetos de conservação, recuperação e uso
sustentável dessas espécies e áreas (SANTOS; QUEIROZ, 2011; PACHECO et al., 2013).

Licania rigida Benth. espécie conhecida regionalmente como oiticica, pertence à família
Crysobalanaceae, vegeta áreas de matas ciliares da caatinga, cresce em aluviões profundos das
bacias hidrográficas dos rios e riachos que se encontram nas regiões do Piauí, Ceará, Rio
Grande do Norte e Paraíba, principalmente no Sertão (SILVA FILHO, 2010). As plantas de
oiticicas atingem aproximadamente 20 metros de altura e o seu tronco grosso ramifica-se a
pouca distância do solo.

Esta planta é muito utilizada pela medicina popular em algumas regiões do Nordeste
Brasileiro, sendo as folhas utilizadas principalmente no tratamento da diabetes e inflamações
(ALBUQUERQUE et al., 2007). Além disso, o óleo de suas sementes é indicado como matéria
prima para produção de sabão (BEZERRA et al., 2009) e biodiesel (MACEDO et al., 2011).
Também é empregado na indústria farmacêutica e cosmética e na produção de borrachas, lonas
de freios, biolubrificantes, tintas e vernizes (LIMA et al., 2012).

A grande maioria das espécies lenhosas é propagada via sementes e as mesmas


representam a garantia de sobrevivência das culturas, apresentando papel biológico para a sua
conservação (SOUSA et al., 2010; DUARTE et al., 2015; SILVA et al., 2017). Mesmo sendo
constituídos pelo embrião, tecidos de reserva e envoltório, as sementes podem ter mudanças no
seu desenvolvimento devido a fatores que existem no ambiente (ABUD et al., 2010). Estes
autores ainda afirmam que estes fatores podem ocasionar variação entre espécies e dentro da
própria espécie, como em seu tamanho, forma e coloração. Objetivou-se com esse trabalho
caracterizar morfometricamente frutos e sementes da espécie lenhosa Licania rigida Benth.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Caracterização da área de estudo

Os frutos coletados para o estudo foram obtidos de matrizes no município de Boa


Ventura, localizado na região Oeste do Estado da Paraíba, a uma altitude de 300 m e
coordenadas geográficas de 38°12’57’’ longitude e 07°24’50’’ de latitude. As temperaturas são

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 119


Contemporâneos, Volume 1.
elevadas durante o dia, amenizando a noite, com variações anuais dentro de um intervalo 23 a
30º C, com ocasionais picos mais elevados, principalmente durante a estação seca. O regime
pluviométrico, além de baixo é irregular com médias anuais em torno de 942,6 mm anuais,
incluindo valores mínimos e máximos de 465,1 e 1587,7 mm anuais respectivamente (CPRM,
2005).

2.2 Seleção das matrizes e coleta de frutos/sementes das espécies

A seleção das matrizes de Licania rigida Benth. – Chrysobalanaceae, foi realizada no


segundo semestre de 2020 as margens do Riacho Bruscas, em Boa Ventura, PB. Os frutos foram
coletados em área de ocorrência natural da espécie, quando apresentavam-se com maturidade
fisiológica para serem colhidos.

2.3 Descrição morfológica de frutos e sementes

Após coleta dos frutos, estes foram conduzidos ao Laboratório de Fisiologia Vegetal,
no Departamento de Agrárias e Exatas da Universidade Estadual da Paraíba, Campus IV em
Catolé do Rocha - PB, e submetidos à avaliação biométrica.

Para descrever e ilustrar, morfologicamente frutos e sementes foi utilizado 100 unidades
coletadas e escolhidas aleatoriamente. As observações foram realizadas a olho nu, anotando-se
as medidas de comprimento e largura, com auxílio de um paquímetro digital, expressas em
milímetro, com precisão de 0,1mm. O peso unitário de cada fruto, sementes e pericarpo foram
obtidos por pesagem em balança de precisão de 0,001g.

Na descrição dos frutos foram observados detalhes externos do pericarpo, como textura,
consistência, cor, forma e deiscência. Para as sementes foram analisadas as seguintes variáveis
externas: dimensões, cor, textura, consistência e forma.

2.4 Avaliação dos dados biométricos

Para os dados biométricos (comprimento e largura), peso de frutos, sementes e pericarpo


de frutos e sementes, foram calculadas a média, máxima, mínima, desvio padrão, coeficiente
de variação e frequência relativa, utilizando-se o software Microsoft EXCEL.

A frequência com os números de classes foram obtidas pela fórmula de Sturges e o


intervalo das classes por meio do método das variáveis contínuas utilizando o programa
estatístico BioEst versão 5.3 (AYRES, 2007).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 120


Contemporâneos, Volume 1.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A oiticica (Licania rigida Benth.) pertence à família Crysobalanaceae, apresenta fruto


do tipo drupa, alongado-elipsoide ou fusiforme, com exocarpo verde (mesmo quando maduro)
e endocarpo envolto por uma massa de tom amarelo, de odor pouco agradável e indeiscentes
(Figura 1A). As sementes são únicas, um pouco menor que o fruto, exalbuminosas (sementes
maduras desprovidas de endosperma), forma elíptica de coloração marrom, composta por uma
casca revestindo a amêndoa (Figura 1B).

Figura 1: Aspectos da morfologia externa de fruto (A), sementes e cascas (B) de oiticica (Licania rigida Benth)
pertence à família Crysobalanaceae, Catolé do Rocha-PB, 2020.
A B

Fonte: Pinto et al. (2020).

Os frutos apresentaram homogeneidade para as características físicas comprimento


(26,20 a 45,60 mm) e largura (11,90 a 16,00 mm). Em se tratando do peso do fruto e do
pericarpo, verificou-se maior heterogeneidade para essas variáveis. Os valores médios
referentes às características biométricas dos frutos comprimento (37,40 ± 2,87 mm), largura
(13,67 ± 0,88mm) e pesos do fruto (2,43 ± 0,42g) e casca (0,93 ± 0,19g), estão apresentados na
(Tabela 1).

Tabela 1: Estatística descritiva das variáveis biométricas de frutos Oiticica (Licania rigida Benth.), Catolé do
Rocha-PB, 2020.
Estatística FRUTOS
Descritiva Comprimento Largura Peso do fruto Peso do Pericarpo (g)
(mm) (mm) (g)
Mínimo 26,2 11,90 1,60 0,50
Máximo 45,6 16,00 3,80 1,40
Média 37,40 13,67 2,43 0,93
Desvio-Padrão 2,89 0,88 0,42 0,19
C.V. % 7,71 6,41 17,34 20,17
C.V. = coeficiente de variação.
Fonte: Pinto et al. (2020).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 121


Contemporâneos, Volume 1.
É possível verificar que os maiores coeficientes de variação foram observados para os
pesos do fruto e pericarpo. Para classificação proposta por Gomes (1985), as variáveis
biométricas apresentam um coeficiente de variação médio quando se encontram entre 10 a 20%
e baixo quando os valores forem inferiores a 10%. Portanto, para a variável peso do pericarpo
(20,17%), esta encontra-se para o CV superior a 20%.

As variações nos pesos do fruto e pericarpo podem estar relacionadas as variações


fenotípicas que sofre influência de componentes ambientais não controlados, tais como fatores
edafoclimáticos, idade da planta e diferenças genéticas (SILVA et al., 2001). Além disso, as
condições de estresse hídrico ocasionadas pelas secas nas regiões semiáridas desencadeiam em
espécies da Caatinga alterações funcionais nas plantas, assim, acredita-se que a modificação
em tamanho de frutos esteja não apenas relacionada ao patrimônio genético, mas às condições
determinada pelo meio.

Assim como observado nos frutos (Tabela 2), as sementes apresentaram variação no
comprimento (21, 30 a 32,80mm), largura (10,02 a 12,10mm) e peso (1,47 a 2,80g).

Os valores médios referentes ao comprimento (27,06 ± 2,11mm), largura (3,30 ±


1,22mm) e peso da semente (0,70 ± 0,37g) com maior coeficiente de variação 24,93 para o peso
das sementes (Tabela 2).

Tabela 2: Estatística descritiva das variáveis biométricas de sementes de Oiticica (Licania rigida Benth.), Catolé
do Rocha-PB, 2020.
Estatística SEMENTES
Descritiva Comprimento (mm) Largura (mm) Peso da semente (g)
Mínimo 21,30 10,06 1,47
Máximo 32,80 12,10 2,80
Média 27,06 3,30 0,70
Desvio-Padrão 2,11 1,22 0,37
C.V. % 7,80 12,15 24,93
C.V. = coeficiente de variação.
Fonte: Pinto et al. (2020).

A maior parte dos frutos da oiticica (39%) apresentou comprimento com variação entre
35,90 a 38,33mm. A largura de 23% dos frutos variou entre 14,44 a 13,95mm. Para o peso do
fruto e da casca, 29% variaram de 2,43 a 2,70g e 28% entre 0,84 a 0,95g, respectivamente
(Figura 2A-D).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 122


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 2: Frequência do comprimento (A), largura (B), pesos dos frutos (C) e pericarpo (D) de sementes de
Oiticica (Licania rigida Benth.), Catolé do Rocha-PB, 2020.

A B

C D

Fonte: Pinto et al. (2020).

Os resultados indicaram que a classe de frequência mais representativa das sementes


foram de 27,05 a 28,49mm (35%) para o comprimento. Para largura, a maioria das sementes
pertence à frequência 9,90 a 11,00mm, com (38%). O peso de 35% das sementes encontrava-
se na faixa de 1,48 a 1,75g (Figura 3A-C).

Figura 3: Frequência do comprimento (A), largura (B) e peso das sementes (C) de Oiticica (Licania rigida
Benth.), Catolé do Rocha-PB, 2020.

A B

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 123


Contemporâneos, Volume 1.
C

Fonte: Pinto et al. (2020).

4. CONCLUSÃO

Os frutos e sementes de oiticica (Licania rigida Benth.) apresentam homogeneidade


para as características morfométricas avaliadas, exceto para o peso das sementes.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq - Conselho Nacional de


Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil.

REFERÊNCIAS

ABUD, H. F. et al. Morfologia de sementes e plântulas de cártamos. Revista Ciência


Agronômica, v. 41, n. 2, p. 259-265, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rca/a/Y7nxjVHM8x4D3R5HHVSTRXw/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Jan. 2023.

ALBUQUERQUE, U. P. et al. Medicinal and magic plants from a public market in northeastern
Brazil. Journal of Ethnopharmacology, Shannon, 110(1), 76‐91. 2007. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0378874106004594?via%3Dihub.
Acessado em: Abr. 2023.

AYRES, A. A. S. BioEstat: aplicações estatísticas nas áreas de ciências biométricas. Versão


5.3. Belém: Sociedade Civil Mamirauá, MCT-CNPq, 2007. Disponível em:
https://www.scienceopen.com/book?vid=485fe6d7-7c13-4d78-ac5e-2b0bb735b26c. Acessado
em: Ago. 2022.

BEZERRA, J.N.S. et al. Constituintes químicos isolados das raízes de Licania rígida Benth.
In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE QUIMICA, 32, 2009, Fortaleza.
Anais... Fortaleza: SBQ, 2009. Disponível em:
https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2773/pdf. Acessado em: Mai.
2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 124


Contemporâneos, Volume 1.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Instruções e procedimentos de padronização no
tratamento digital de dados para projetos de mapeamento da CPRM: manual de
padronização. Rio de Janeiro, v.2. 2005.

DUARTE, M.M. et al. Germinação e morfologia de sementes e plântulas de Albizia edwallii


(Hoehne) Barneby e J. W. Grimes. Revista Caatinga, v. 28, n. 3, p. 166-173, 2015. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rcaat/a/skS4x8JQpCFztkdXyYN7XFH/?lang=pt&format=pdf.
Acessado em: Mar. 2023.

GOMES, F. P.; Curso de Estatística Experimental. São Paulo: Nobel, 1985. p. 467.

LIMA, M.J.S.L. et al. Avaliação térmica e espectroscópicos do biodiesel de oiticica. In:


BRAZILIAN CONGRESS and PAN-AMERICAN CONGRESS ON THERMAL ANALYSIS
AND COLORIMETRY, VIII, III, 2012, Campo do Jordão. Anais... Campos do Jordao: TACS,
2012. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/2773/pdf.
Acessado em: Dez. 2022.

LORENZI, H.; SOUZA, H.M. Plantas ornamentais no Brasil: arbustivas, herbáceas e


trepadeiras. 2 ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 1999. p. 1088.

MACEDO, F.L. et al. Thermal characterization of oil and biodiesel from oiticica (Licania
rigida Benth). Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, 106(2), 531-534. 2011.
Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/251197704_Thermal_characterization_of_oil_and_
biodiesel_from_oiticica_Licania_rigida_Benth. Acessado em: Mai. 2023.

MANERA, G.; NUNES, W. Convivendo com a seca: plantas forrageiras. Ed. UEFS: Feira
de Santana, Brasil, 2001, p. 7-8.

PACHECO, F.V. et al. Crescimento inicial de Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex. Benth.
(FABACEAE) E Chorisia speciosa A.St.-Hil (MALVACEAE) sob diferentes níveis de
sombreamento. Revista Árvore, v. 37, n. 5, p. 945-953, 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rarv/a/jv9GLxxHhJctg8jMWLbrtmc/?lang=pt&format=pdf. Acessado
em: Abr. 2023.

SANTOS, J.J.; QUEIROZ, S.É.E. Diversidade de espécies nativas arbóreas produzidas em


viveiros. Enciclopédia biosfera, centro científico conhecer, v. 7, n. 12, p. 1–8, 2011.
Disponível em:
https://www.conhecer.org.br/enciclop/2011a/ambientais/diversidade%20de%20especies.pdf.
Acessado em: Abr. 2023.

SILVA, R.B. et al. Germinação e vigor de plântulas de Parkia platycephala Benth. em


diferentes substratos e temperaturas. Revista Ciência Agronômica, v. 48, n. 1, p. 142-150,
2017. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rca/a/VV7JgZCvhT5zhxn9SxszkHs/?lang=pt&format=pdf. Acessado
em: Mai. 2023.

SILVA FILHO, J. P.; SILVA, R. A.; SILVA, M. J. S. da. Potencial apícola para Apis mellifera
L. em área de caatinga no período da floração da oiticica (Licania rigida Benth). Revista Verde
de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, v.5, n. 1, 2010. Disponível em:
https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RVADS/article/view/251/1709. Acessado em:
Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 125


Contemporâneos, Volume 1.
SOUSA, D. et al. Caracterização morfológica de frutos e sementes e desenvolvimento pós-
seminal de Tamarindus indica L. Leguminosae: Caesalpinioideae. Revista Árvore, v. 34, n. 6,
p. 1009-1015, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rarv/a/D5X4PsZZpDhvPSDTVJcsyrk/?lang=pt. Acessado em: Abr.
2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 126


Contemporâneos, Volume 1.
CAPÍTULO 11
BIOCONVERSÃO DE RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS EM FARINHA DE
INSETOS PARA A NUTRIÇÃO ANIMAL:
UMA POSSIBILIDADE A PARTIR DO USO DA BORRA DE CAFÉ NA PRODUÇÃO
DE TENEBRIO MOLITOR

Andressa Pelizari
Rodrigo Borille
Caren Paludo Ghedini
Tatiana Emanuelli
Camila Sant'Anna Monteiro
Rafael Lazzari

RESUMO
Na nutrição animal, um dos grandes desafios é a busca por ingredientes alternativos para suprir a demanda proteica
e energética de diferentes espécies. Neste sentido, existe um crescente interesse na utilização de insetos na
alimentação animal e um número considerável de pesquisas tem avaliado o uso de insetos na composição das
rações para animais de produção, principalmente aves, suínos e peixes. O tenebrio (Tenebrio molitor) tem sido
apontado como uma das espécies com grande potencial para substituir ingredientes comumente utilizados na
alimentação animal, como o farelo de soja. Desta forma, o desenvolvimento e o aprimoramento de técnicas de
criação de tenébrio são de grande importância para a produção de larvas em larga escala, possibilitando a inclusão
do tenebrio na nutrição animal. Entre as grandes possibilidades na criação de insetos para a alimentação animal,
destaca-se o potencial de utilização de resíduos, devido à capacidade recicladora dos insetos. Assim, o
aproveitamento de resíduos, como a borra de café, na criação de tenebrio para a alimentação animal é de grande
interesse. O presente estudo foi desenvolvido com o objetivo de avaliar os efeitos da substituição do farelo de
trigo, fonte convencional usada como substrato na produção de tenebrio, por borra de café sobre o desempenho
das larvas, teor lipídico e perfil de ácidos graxos de larvas de tenebrio. As larvas foram criadas consumindo os
substratos durante 28 dias, em condições controladas. O farelo de trigo foi substituído por borra de café em níveis
crescentes: 5, 10, 15 e 20 %. Após 28 dias de criação o desempenho das larvas foi medido, e as mesmas foram
abatidas e encaminhadas para análise do teor total de lipídios e composição em ácidos graxos, por cromatografia
gasosa. A inclusão de níveis crescentes da borra de café em substituição do farelo de trigo diminuiu o desempenho
(consumo de substrato, ganho de peso, peso final, produção de fezes e eficiência alimentar) das larvas de tenebrio.
Foi observado efeito quadrático para o teor de lipídios totais das larvas de tenebrio com a inclusão de níveis
crescentes de borra de café. Entretanto, apesar do efeito sobre o teor total de lipídios, a substituição do farelo de
trigo por níveis crescentes de borra de café na alimentação de larvas de tenebrio não influenciou o perfil de ácidos
graxos das larvas de tenebrio de forma abrangente.

PALAVRAS-CHAVE: Alimentos alternativos; Energia; Insetos; Nutrição animal;


Aproveitamento de resíduos.

1. INTRODUÇÃO

A indústria de rações para animais vem constantemente sofrendo efeitos de


disponibilidade e custos de matérias-primas para atender à crescente demanda mundial. No
Brasil, são produzidas mais de 80 milhões de toneladas de rações, principalmente para aves
(44,2 milhões de toneladas) e suínos (20,4 milhões de toneladas), juntas detém mais de 75% da
produção total de ração (SINDIRAÇÕES, 2022). Os ingredientes utilizados na alimentação

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 127


Contemporâneos, Volume 1.
animal devem possuir um bom valor nutricional a fim de atender as exigências nutricionais e
energéticas dos animais possibilitando a expressão do nível máximo de desempenho animal.

Neste cenário, a busca por alternativas viáveis aos ingredientes tradicionalmente


utilizados na produção de rações, vem ganhando cada vez mais importância, bem como, tem se
tornado foco de estudos nos centros de pesquisa espalhados pelo mundo, pois o custo da matéria
prima e a sua disponibilidade são considerados fatores determinantes na lucratividade da
produção animal.

A utilização de insetos na alimentação animal emerge como uma alternativa promissora


no século XXI para o enfrentamento de questões importantes relacionadas à segurança
alimentar como: o alto custo da proteína animal, instabilidade na oferta de alimentos para
alimentação humana e animal, pressões ambientais e crescimento populacional (VELKAMP et
al., 2014). Nos últimos anos, os insetos têm sido considerados como recursos alimentares
alternativos promissores, especialmente como fontes de proteína.

Com relação à alimentação e produção, os insetos possuem uma série de vantagens em


comparação aos ingredientes alimentares padrões de origem vegetal e animal, como: 1) baixa
emissão de gases de efeito estufa e amônia durante o processo produtivo (baixo impacto
ambiental), 2) excelente conversão alimentar, 3) baixo risco de infecção zoonótica, 4) baixo
uso de água e, de forma bastante significante, o uso de insetos como alimentos destaca-se
também pela 5) capacidade que os insetos possuem para converter de forma eficiente biomassa
de baixo valor nutricional em proteína de alta qualidade dentro de um curto período de tempo
(VAN HUIS, 2013).

Além disso, em relação aos seus valores nutricionais, a maioria dos insetos comestíveis
contêm altos teores de proteína bruta com bom perfil de aminoácidos (SANCHEZ-MUROS et
al., 2014), tornando-os bastante promissores para serem usados como ingredientes na
alimentação animal. Estas características destacam os insetos como uma fonte de proteína
alternativa e sustentável, podendo contribuir para segurança alimentar global (VELDKAMP et
al., 2012).

Em maio de 2013 a Organizações das Nações Unidas (ONU) sugeriu o consumo de


insetos no combate à fome, como uma prática que poderia ser alternativa para melhorar o estado
nutricional de populações carentes de proteína. Entretanto, no Ocidente a prática do consumo
direto de insetos não é tão difundida e apreciada, em função de razões culturais, caracterizando
um mercado pouco atraente (KELLERT, 1993). No agronegócio, porém, já existe uma quebra

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 128


Contemporâneos, Volume 1.
destes paradigmas que circundam a utilização dos insetos como fonte de renda e alimento, onde
são utilizados em sua maioria, para controle biológico, desenvolvimento da seda, no setor
apícola e, em alguns casos, em produção com sistemas alternativos no fornecimento como
alimentação animal. Desta forma, o uso de insetos na alimentação animal em países ocidentais,
incluindo o Brasil, possivelmente é mais promissor do que o uso destes de forma direta na
alimentação humana.

Países do continente europeu investem a algum tempo em pesquisas com a produção de


insetos para a fabricação de rações com o objetivo de encontrar alternativas aos ingredientes
proteicos que compõem a alimentação animal (farelo de soja, farinha de peixes e de outros
resíduos de processamento de animais, etc.). A maior parte das pesquisas estão voltadas para a
produção de farinhas, óleos, proteínas, minerais e quitina, proveniente de insetos e que são
destinados tanto para o consumo humano direto, como indireto (quando adicionado na dieta
dos animais). Estes estudos tentam viabilizar a tecnologia de produção de ingredientes a partir
de insetos produzidos com biomassa de baixa qualidade (valor comercial quase nulo).

No mundo estima-se que existam mais 1900 espécies com potencial para a nutrição
animal, sendo que dentre estas, as dípteras HermetiaIlucens (soldado negro) e a Musca
Domestica (Mosca doméstica), o coleóptera Tenebrio molitor (besouro), e o Acrida Cinerea –
Thunberg (gafanhoto Grosshopper), além de diversos grilos, são os mais estudados atualmente
(FAO, 2015).

Uma das espécies iminentes é o T. molitor (Tenebrio molitor, da classe Coleoptera e


família Tenebrionidae), besouro de hábito alimentar onívoro considerado uma praga de grãos
armazenados e de produtos de moagem (YANG et al., 2017). Nativos da Europa e agora
distribuídos em todo o mundo, o T. molitor é conhecido por infestar grãos de trigo armazenados
em celeiros ou moinhos de beneficiamento deste cereal. Existe um crescente interesse na
utilização do tenebrio na alimentação animal e um número considerável de pesquisas tem
avaliado o uso do tenebrio na composição das rações para animais de produção, principalmente
aves, suínos e peixes (VELDKAMP; BOSCH, 2015; MAKKAR et al., 2014; RUMPOLD;
SCHLÜTER, 2013a; 2013b; VAN HUIS et al., 2013; VELDKAMP et al., 2012; HWANGBO
et al., 2009; WANG et al., 2007; NEWTON et al., 2005). Estas pesquisas, indicam um alto
potencial do tenebrio na alimentação animal, sendo que o fator preponderante, além do aporte
nutricional, seria uma matéria prima com menor custo de aquisição quando gerado em larga
escala, para a fabricação de rações, com um forte apelo para a preservação dos recursos naturais.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 129


Contemporâneos, Volume 1.
Geralmente o Tenebrio molitor é criado em condições em que o substrato mais
convencional é o farelo de trigo. Entretanto, entende-se a necessidade de se testar substratos
alternativos na criação de tenebrio, visando também reduzir custos e verificar impactos que
possam ocorrer na produção e composição química das larvas. Neste sentido, existe um grande
interesse na utilização de resíduos na criação de tenebrio para alimentação animal, devido alta
capacidade de reciclagem de resíduos por estes insetos. A borra de café, resíduo agroindustrial
de baixo valor comercial, pode ser potencialmente utilizada como substrato alternativo na
criação de tenebrio por possuir características nutricionais relevantes.

Grande parte das pesquisas avaliando o uso de larvas de tenebrio em dietas para animais
tem utilizado o tenebrio como fonte proteica. Pesquisas avaliando o potencial do tenebrio como
fonte lipídica na nutrição animal são ainda escassas. Neste sentido, a avaliação do teor lipídico
e perfil de ácidos graxos de insetos, incluindo o tenebrio, é de grande interesse para que estes
ingredientes alternativos possam ser empregados nas dietas de animais (de produção, de
companhia e ornamentais) como fonte lipídica.

Diante das grandes demandas, do ponto de vista de qualidade nutricional e


disponibilidade, avaliar possibilidades de melhoria na composição de larvas de T. molitor frente
a diferentes substratos é de grande relevância. Com estas informações, possibilitariam, por
exemplo, planificar condições de manejo das larvas para direcionar a produção de acordo com
demanda da indústria de rações. Sobre esta perspectiva, avaliar o uso de resíduos como
substratos alternativos ao farelo de trigo na criação de tenebrio é de grande valia.

Desta forma, este estudo foi desenvolvido para avaliar os efeitos da substituição do
farelo de trigo, fonte convencional usada como substrato na produção de T. molitor, por borra
de café sobre o desempenho produtivo, teor lipídico e perfil de ácidos graxos de larvas de
tenebrio.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Geração das larvas para utilização no experimento

Para a geração de larvas, como procedimento inicial, realizou-se a montagem de uma


bandeja (45,0 x 27,0 x 14,0 centímetros; largura x comprimento x altura) com a inclusão de
400g de farelo de trigo (como substrato) e, colonização desta bandeja com 2000 unidades de
besouros de Tenebrio molitor, não sexados, durante 7 dias, onde ocorreu o acasalamento e
consequente postura de ovos dos besouros sobre o substrato. No último dia do acasalamento
todos os besouros foram recolhidos da bandeja, e a mesma foi acondicionada, com o substrato

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 130


Contemporâneos, Volume 1.
e os respectivos ovos, em sala climatizada, até ocorrer o nascimento das microlarvas e o seu
crescimento subsequente, até atingirem o peso médio aproximado de 0,04 g/larva.

Todas as etapas de desenvolvimento das larvas deste estudo, tanto de reprodução e


postura dos ovos, bem como de crescimento das larvas, foram realizadas em sala climatizada
(26,5±2°C de temperatura e 67±3% de umidade relativa do ar), pertencente ao Laboratório de
Nutrição Animal da UFSM, campus Palmeira das Missões, e teve a duração total de 131 dias,
contando o período experimental (com 28 dias de consumo das dietas experimentais).

2.2 Avaliação do desempenho produtivo das larvas

Nesta etapa experimental, que consistiu da substituição do substrato farelo de trigo


(alimento tradicional das larvas do Tenebrio molitor) por 5 níveis crescentes de borra de café
(resíduo de cafeteria, sendo: 0 %, 5 %, 10 %, 15 % e, 20 % de substituição), 1750 larvas de
Tenebrio molitor, com peso médio inicial de 0,040±0,002 g/larva, foram distribuídas
aleatoriamente em um delineamento inteiramente casualizado, com 5 tratamentos (350
larvas/tratamento) e 5 repetições (70 larvas por unidade amostral), por um período de 4 semanas
(28 dias). As unidades experimentais consistiam em recipientes plásticos idênticos, com
dimensões de 5,5 x 9,5 x 4,0cm (largura x comprimento x altura), contendo 10 gramas de
substrato para alimentação (tratamentos).

A coleta de dados nas unidades amostrais desta fase foi realizada a cada 7 dias
(totalizando 28 dias) com o intuito de avaliar o desempenho produtivo das larvas em cada
tratamento. Neste nesta etapa, foram avaliadas as seguintes variáveis de desempenho das larvas:
peso vivo (PV, mg/larva), ganho de peso (GMD, mg/larva/dia), consumo de substrato (Cons.
Subst, mg/larva/dia), produção de fezes (Frass, mg/larva/dia), conversão alimentar (CA,
mg/mg), troca de ecdise (ESO, un/larva/dia) e a mortalidade (M, %).

Os resultados obtidos nas análises de desempenho produtivo das larvas foram


submetidos a testes de normalidade, posteriormente ANOVA (P<0,05). Os resultados
significativos na ANOVA foram submetidos a regressão polinomial, onde os níveis de inclusão
da borra de café foram considerados como variáveis independentes. As análises estatísticas
foram realizadas utilizando-se o software R.

2.3 Coleta, preparo das amostras, identificação e quantificação dos ácidos graxos

Ao final do período experimental de desempenho produtivo (28 dias), as larvas foram


separadas dos substratos, contadas e pesadas em suas unidades amostrais, e devolvidas para os
recipientes plásticos por 24 horas para realizarem o jejum, com objetivo de limpeza do trato

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 131


Contemporâneos, Volume 1.
digestivo. Após passado este período, as larvas foram recolhidas e embaladas em sacos
plásticos, e em seguida, foram acondicionadas em freezer para efetuar a eutanásia por meio de
congelamento.

Três dias após o congelamento, as larvas foram encaminhadas para identificação e


quantificação dos ácidos graxos no laboratório de análise de alimentos, onde a gordura (lipídeos
totais, % na matéria natural) das amostras de larvas de Tenebrio molitor foi extraída usando
clorofórmio e metanol, a frio, pelo método de Bligh-Dyer (1959), e quantificada por análise
gravimétrica. Para prevenir a oxidação lipídica das amostras durante e após a extração, foi
utilizado 0.02% de Butil-hidróxi-tolueno (BHT) junto ao clorofórmio.

A fase de clorofórmio também foi utilizada para análise da composição de ácidos graxos
após ser saponificada em solução metanólica de KOH e esterificada em solução metanólica de
H2SO4 (HARTMANN; LAGO, 1973). Os ácidos graxos metilados foram analisados usando um
cromatógrafo a gás Agilent Technologies (HP 6890N) equipado com uma coluna capilar (DB-
23 60 m x 0,25 mm x 0,25 µm) e detector de ionização de chama. A temperatura da porta do
injetor foi ajustada em 250°C e o gás transportador era nitrogênio (0,6 mL/min). Após a injeção
(1 µL, proporção de divisão 50:1), a temperatura do forno foi mantida a 150°C por 1 min, foi
aumentada para 240°C a 4°C/min e mantida nessa temperatura por 12 min. Os ésteres metílicos
de ácidos graxos padrão (FAME Mix de 37 componentes da Sigma, Saint Louis, MO, EUA)
foram executados nas mesmas condições e os tempos de retenção subsequentes foram usados
para identificar os ácidos graxos. O teor de lipídeos totais foi expresso como percentual do total
de nutrientes das amostras (na matéria natural). Os ácidos graxos foram expressos como
percentual do total de ácidos graxos identificados.

A avaliação estatística de lipídeos totais, bem como dos ácidos graxos, foi realizada da
mesma forma que a avaliação do desempenho produtivo, onde os resultados obtidos nas análises
(lipídios totais e ácidos graxos) foram submetidos a testes de normalidade e, posteriormente,
ANOVA (P<0,05). Os resultados significativos na ANOVA foram submetidos a regressão
polinomial, onde os níveis de inclusão da borra de café foram considerados como variáveis
independentes. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software R.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Efeitos sobre o desempenho do T. molitor

Este estudo avaliou de forma inédita os efeitos do uso da borra de café como substrato
alternativo na criação de tenebrio. Os dados referentes aos efeitos da substituição do farelo de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 132


Contemporâneos, Volume 1.
trigo por borra de café sobre o desempenho das larvas são apresentados na Tabela 1. A inclusão
de níveis crescentes da borra de café em substituição do farelo de trigo diminuiu o desempenho
das larvas de tenebrio. Houve redução no peso final das larvas com a inclusão de níveis
crescentes da borra de café (P<0,001; R2=0,91; Y=74,23-2,130X+0,05351X2). Da mesma
forma, a inclusão de níveis crescentes de borra de café diminui o ganho de peso das larvas
(P<0,001; R2=0,0,92; Y=1,013-0,07782X+0,002064X2).

A redução do peso vivo e ganho de peso das larvas com a inclusão da borra de café é
explicada pela redução no consumo de substrato (P<0,001; R2=0,91; Y=3,894-
0,2518X+0,007750X2), aumento da conversão alimentar (P<0,001; R2=0,64; r=+0,80;
Y=3,580+0,1707X), e pela diminuição na produção de fezes (Frass (mg/larva/dia), P<0,001;
R2=0,65; Y = 5,383-0,1454X+0,004124X2).

O efeito negativo da borra de café sobre o consumo de substrato e subsequente menor


eficiência no ganho de peso das larvas de tenébrio, está possivelmente associado à presença de
compostos com efeitos anti-nutricionais, como taninos, cafeína e fenóis nos resíduos do café
(Fan; Soccol, 2005; Ulloa e Verreth, 2002). Pesquisas avaliando a utilização de resíduos do café
na alimentação de coelhos, ovinos, bovinos, peixes e aves reportaram limitações na utilização
dos resíduos do café na alimentação animal decorrente da presença de fatores anti-nutricionais
que impactam o consumo de alimentos (DONKOH et al., 1988; MAZZAFERA, 2002;
RATHINAVELU; GRAZIOSI 2005; ULLOA; VERRETH, 2002). Desta forma, é possível que
a presença de taninos, cafeína e fenóis na borra de café tenha impactado, de forma negativa, o
consumo de substrato e a conversão alimentar em lavas de tenebrio.

A taxa de troca de ecdises (ESO) diminuiu com pouca intensidade quando níveis
crescentes de borra de café foram adicionados em substituição ao farelo de trigo (P=0,020;
R2=0,30; Y=0,04396-0,002243X+0,000093X2). Entretanto, a inclusão de borra de café não
afetou a taxa de mortalidade das larvas até o nível máximo testado (P<0,05), mostrando que
apesar dos efeitos negativos da borra de café sobre o desempenho das larvas, a utilização da
borra de café não comprometeu a sobrevivência das larvas.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 133


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 1: Efeito da substituição do farelo de trigo por níveis crescentes de borra de café sobre o desempenho de
larvas de Tenebrio Molitor.
Nível de substituição (%)
P-
Variável 0 5 10 15 20 EPM
Valor
PV final (mg/larva) 74,68 64,06 58,17 55,34 52,56 1,18 0,000*
GMD (mg/larva/dia) 1,02 0,65 0,42 0,34 0,26 0,03 0,000*
Cons. Subst.
3,96 2,67 2,16 1,99 1,88 0,10 0,000*
(mg/larva/dia)
CA (mg/mg) 3,90 4,13 5,16 6,00 7,23 0,43 0,000*
Frass (mg/larva/dia) 5,41 4,69 4,35 4,18 4,09 0,17 0,000*
ESO (un/larva/dia) 0,04 0,02 0,03 0,03 0,03 0,00 0,010*
Mortalidade (%) 1,33 2,33 1,00 1,33 2,33 0,98 0,808
P-
Modelo r r2
Valor
PV final
Y = 74,23 - 2,130 X + 0,05351 X2 - 0,91 <0,001
(mg/larva)
GP
Y = 1,013 - 0,07782 X + 0,002064 X2 - 0,92 <0,001
(mg/larva/dia)
Cons. Subst.
Y = 3,894 - 0,2518 X + 0,007750 X2 - 0,91 <0,001
(mg/larva/dia)
CA (mg/mg) Y = 3,580 + 0,1707 X 0,80 0,64 <0,001
Frass
Y = 5,383 - 0,1454 X + 0,004124 X2 - 0,65 <0,001
(mg/larva/dia)
ESO
Y = 0,04396 - 0,002243X + 0,000093X2 - 0,30 0,020
(un/larva/dia)
Legenda: epm=erro padrão da média
Fonte: Pelizari (2023, elaboração conjunto de dados).

3.2 Efeitos sobre o teor e perfil lipídico das larvas

O mercado de animais de companhia e ornamentais (cães, gatos, peixes) apresentam


grande demanda de fontes de lipídeos, pois estes animais dependem, em grande parte, de ácidos
graxos para produção de energia, formação de membranas e manutenção de pelos ou coloração
adequada (NRC, 2006; BAUER, 2008; SARGENT et al., 1999; WATANABE, 1982). Assim,
buscar ingredientes com qualidade e disponibilidade torna-se imperioso, visto que a
dependência de milho e soja e de algumas farinhas de origem animal muitas vezes limitam a
expansão da indústria de rações.

Neste contexto, o conhecimento do teor de lipídios e do perfil de ácidos graxos do


tenebrio, bem como a investigação sobre a possibilidade de alteração e melhoria do perfil de
ácidos graxos da larva de tenebrio através da utilização de diferentes substratos, incluindo
resíduos, apresenta grande relevância para subsidiar a inclusão do tenebrio nas rações de
animais de companhia e ornamentais, visto a relevância de fontes de lipídios na nutrição destes
animais.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 134


Contemporâneos, Volume 1.
Os efeitos da substituição do farelo de trigo por borra de café sobre o teor de lipídios e
perfil de ácidos graxos das larvas de tenebrio são apresentados a seguir (Tabela 2; Figura 1).

Foi observado efeito quadrático para o teor de lipídios das larvas de tenebrio com a
inclusão de níveis crescentes de borra de café (P = 0,007). Entretanto, apesar do efeito sobre o
teor total de lipídios, a substituição do farelo de trigo por níveis crescentes de borra de café na
alimentação de larvas de tenebrio não influenciou o perfil de ácidos graxos das larvas de
tenebrio de forma abrangente. A deposição dos ácidos graxos láurico (C12:0), mirístico
(C14:0), palmítico (C16:0), esteárico (C18:0), araquídico (C20:0), palmitoleico (C16:1n-7c),
oleico (C18:1n-9c), (C20:1n-9), total de linoléico (C18:2n-6c), a-linolênico (C18:3n-3) e
eicosadienóico (C20:2n-6) não diferiu entre larvas alimentadas com farelo de trigo e aquelas
alimentadas com borra de café (P > 0,05).

De forma semelhante, a substituição do farelo de trigo por borra de café na alimentação


não alterou o somatório (total) de ácidos graxos: saturados (∑ saturados), monoinsaturados (∑
mono), poli-insaturados (∑ PUFA), ômega 3 (∑ n-3) e ômega 6 (∑ n-6) das larvas de tenebrio.

Tabela 2: Efeitos da substituição do farelo de trigo por borra de café sobre o teor lipídico (% MS) e perfil de
ácidos graxos (% lipídios totais) de larvas de Tenebrio molitor.
Nível de substituição (%)
P-
Variável 0 5 10 15 20 EPM
Valor
Lipídios totais, % MS 3.90 4.47 4.11 4.16 3.66 0,03 0,007*
C12:0 0.28 0.32 0.27 0.28 0.28 0,001 0.842
C14:0 5.58 5.00 4.99 4.84 5.28 0,02 0.74
C15:0 0.13 0.15 0.17 0.15 0.16 0,0002 0.041*
C16:0 14.40 14.93 14.98 14.76 15.23 2,23 0.708
C17:0 0.14 0.16 0.17 0.18 0.19 0,02 0.057
C18:0 2.58 2.44 2.62 2.65 2.69 0,03 0.509
C20:0 0.13 0.12 0.11 0.14 0.13 0,004 0.527
C16:1n-7c 2.78 2.92 2.66 2.70 2.66 0,03 0.587
C17:1n-5c 0.16 0.19 0.20 0.18 0.18 0,001 0.005*
C18:1n-9c 43.85 41.61 41.60 42.38 41.37 3,22 0.075
C18:2n-6c 29.00 30.94 31.08 30.68 30.77 2,88 0.083
C18:3n-3c 0.80 1.00 0.96 0.87 0.85 0,02 0.062
C20:1n-9c 0.10 0.11 0.10 0.11 0.11 0,01 0.889
C20:2n-6c 0.05 0.07 0.07 0.05 0.06 0,02 0.136
∑ Saturados 23.25 23.15 23.32 23.01 23.98 0,22 0.926
∑ PUFA 29.85 32.02 32.11 31.60 31.7 0,30 0.081
∑ Mono 46.90 44.83 44.56 45.40 44.33 0,27 0.058
∑ n-3 0.79 1.00 0.96 0.87 0,84 0,49 0,062
∑ n-6 29.05 31.01 31,15 30,73 30,84 1,20 0,083

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 135


Contemporâneos, Volume 1.
Modelo r r2
Valor
Y = 3.971 + 0.08321 X + 0,004949
Lipídios totais, % MS - 0,68 0,018
X2
C15:0 Y = 0,1393 + 0,001205 X 0,54 0,29 0,105
Y = 0,1664 + 0,005130 X -
C17:1n-5c - 0,75 0,007
0,000215 X2
Legenda: epm=erro padrão da média.
Fonte: Pelizari (2023, elaboração conjunto de dados).

Ao substituir farelo de trigo por resíduo de cafeteria na alimentação, observou-se


maiores níveis (P<0,05) de deposição de ácido graxos de cadeia impar, tanto saturados, como
o pentadecanoico (C15:0) e o isômero ácido graxo insaturado heptadecenoico (C17:1n-5C) nas
larvas de tenébrio, quando comparados com o grupo que consumiu somente farelo de trigo
(Tabela 1).

Figura 1: Efeito da substituição do farelo de trigo por borra de café na alimentação das larvas de T. molitor
sobre o teor de lipídios totais e perfil do ácido graxo C17:1n5.

Fonte: Pelizari (2023, elaboração conjunto de dados).

Importante destacar que a utilização de substratos na produção de tenebrios depende,


além do custo, de disponibilidade e oferta constante, para implementar a produção. Estudos
futuros devem ser desenvolvidos no sentido de elucidar os mecanismos como o tenébrio
transforma o substrato de cultivo para seu desenvolvimento e sua composição.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A substituição do farelo de trigo por borra de café alterou o desempenho e o perfil


lipídico corporal das larvas de Tenebrio molitor, implicando na qualidade final do produto como
ingrediente na alimentação animal.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 136


Contemporâneos, Volume 1.
REFERÊNCIAS

BAUER, J.; JOHN, E. Essential fatty acid metabolism in dogs and cats. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v.37, p. 20-27, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-
35982008001300004. Acessado em: Mai. 2023.

BLIGH, E. G.; DYER, W. J. A rapid method of total lipid extraction and purification. Can. J.
Biochem. Physiol., 37, 911–917. 1959. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/13671378/. Acessado em: Mar. 2023.

CASE, L. P. et al. Canine and feline nutrition. Amsterdan, Elsevier, 2011.

DONKOH, A. et al. The nutritional value of dried coffee pulp (DCP) in broiler chickens diets.
Animal Feed Science and Technolgy, 22, 139-146, 1988. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0377840188900818. Acessado em: Abr.
2023.

FAN, L.; SOCCOL, C. Shiitake Bag Cultivayion. Parte I Shiitake. Coffee Residues.
Mushroom Grower´s Handbook. Mushworld All 2, 92-94. (2005).

FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. A contribuição dos insetos
para a segurança alimentar, subsistência e meio ambiente. Roma, Itália, I3264P/1/03.15. 2015.

LIMA, J. S. Uso de larva de Tenebrio molitor na nutrição de jundiá. Dissertação (Mestrado


em Produção Animal). Programa de Pós-graduação em Zootecnia, Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, 2022.

MAKKAR, H. P. et al. State-of-the-art on use of insects as animal feed. Animal Feed Science
and Technology, 197, 1-33. 2014. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0377840114002326. Acessado em
Mai. 2023.

MAZZAFERA, P. Degradation of caffeine by microorganisms and potential use of


decaffeinated coffee husk and pulp in animal feeding. Scientia Agrícola, Piracicaba, v.54, p.
815-821, 2002. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sa/a/MnqZKgZ6tydyNVc9FN6sBvg/.
Acessado em: Mai. 2023.

NRC. Nutrient requirements of dogs and cats. Washington, D.C: The National Academies
Press, 2006.

RIBEIRO, G. O. Farinha da larva de Tenebrio molitor na alimentação de tilápia do Nilo.


Dissertação (Mestrado em Produção Animal). Programa de Pós-graduação em Zootecnia,
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Minas Gerais, MG, 2019.

RUMPOLD, B. A.; SCHLÜTER, O. K. Nutritional composition and safety aspects of edible


insects. Molecular Nutrition e Food Research, v.57(5), p. 802–823. 2013a. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23471778/. Acessado em: Abr. 2023.

RUMPOLD, B. A.; SCHLÜTER, O. K. Potential and challenges of insects as an innovative


source for food and feed production. Innovative Food Science e Emerging Technologies, 17,
1–11. 2013b. Disponível em:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 137


Contemporâneos, Volume 1.
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1466856412001452. Acessado em:
Mai. 2023.

RATHINAVELU, R.; GRAZIOSI, G. Posibles usos alternativos de los resíduos y


subproductos del café. Organización Internacional del Café ED 1967/05. 2005.

SÁNCHEZ, T. C. I.; BURGOS, Y. V. Determinácion de antocianinas y valor nutricional de


los tenebrios (Tenebrio molitor) alimentados com dietas enriquecidas com maíz morada
(Zean mays L.). Trabalho de conclusão de curso (Engenharia em Biotecnologia dos Recursos
Naturais). Universidad Politécnica Salesiana Sede Quito – Quito, Equador, 2014.

SARGENT, J. et al. Recent developments in the essential fatty acid nutrition of fish.
Aquaculture, Amsterdan, 177(1-4), 1999. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0044848699000836. Acessado em:
Mar. 2023.

SINDIRAÇÕES. Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, (2022). Custo de


produção comprometeu a rentabilidade da cadeia produtiva de proteína animal.
https://sindiracoes.org.br/produtos-e-servicos/boletim-informativo-do-setor/. Acessado em:
Ago. 2022.

SPANG, B. Insects as food: assessing the food conversion efficiency of the mealworm
(Tenebrio molitor). Environmental study master thesis: The Evergreen State College, 2013.
Disponível em:
http://collections.evergreen.edu/files/original/52a2180f9f5319fbad2c697861fcc2b6edf56396.
pdf. Acessado em: Mai. 2023.

ULLOA, J. B.; VERRETH, J. A. J. Growth, feed utilization and nutrient digestibility in tilapia
fingerlings (Oreochromis aureus Steindachner) fed diets containing bacteria-treated coffee
pulp. Aquaculture Research, 33, 3, 189-195, 2002. Disponível em:
https://www.wur.nl/de/Publicatie-details.htm?publicationId=publication-way-333732383030.
Acessado em: Abr. 2023.

VAN HUIS, A. et al. Edible Insects – Future Prospects for Food and Feed Security. Roma:
FAO Forestry Paper, 2013. p. 171.

VELDKAMP, T.; BOSCH, G. Insects: a protein-rich feed ingredient in pig and poultry
diets. Animal Frontier, 5. p45-50, 2015.

VELDKAMP, T. et al. Insects as a sustainable feed ingredient in pig and poultry diets: a
feasibility study. Wageningen UR Livestock Research. 638, p. 48. 2012. Disponível em:
https://www.wur.nl/upload_mm/2/8/0/f26765b9-98b2-49a7-ae43-
5251c5b694f6_234247%5B1%5D. Acessado em: Mar. 2023.

ZORAN, D. L. The carnivore connection to nutrition in cats. Journal of the American


Veterinary Medical Association, 221(11), 1559–1567, 2002. Disponível em:
https://doi.org/10.2460/javma.2002.221.1559. Acessado em: Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 138


Contemporâneos, Volume 1.
WATANABE, T. Lipid nutrition in fish. Comparative Biochemistry and Physiology Part
B: Comparative Biochemistry, 73(1), 3-15., 1982. Disponível
em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/0305049182901961. Acessado em:
Abr. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 139


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312212300

CAPÍTULO 12
ANÁLISE DA SÉRIE HISTÓRICA DA PRODUÇÃO DE BANANA (MUSA SPP.) NO
MUNICÍPIO DE PRESIDENTE DUTRA-MA 3

Adeval Alexandre Cavalcante Neto


Antonio Paiva Silva Filho
Antonia Rayssa Freitas dos Santos
Raabe Freitas dos Santos
Thiago Coelho Silveira

RESUMO
A banana (Musa spp.) é uma das frutas frescas mais consumidas no Brasil. Além de ser uma fruta nutritiva e
importante para a dieta alimentar da população, contribui de forma significativa com a renda do trabalhador rural.
Ressalta-se que as condições climáticas nordestinas são bastante favoráveis à produção da frutífera, que é
explorada, com fins comerciais, em muitos municípios maranhenses. Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou
avaliar o desenvolvimento da produção de banana e a rentabilidade proporcionada por esta, ao longo de uma série
histórica, que compreende os últimos 47 anos, no município de Presidente Dutra - MA. As informações da série
histórica em questão foram obtidas por meio da base de dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola
– LSPA, integrado ao Sistema de Recuperação Automática – SIDRA do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE. Os resultados mostram que o pico produtivo da cultura da banana no município de Presidente
Dutra - MA ocorreu entre os anos de 1991 e 1995, com produção máxima de 339.000 cachos em 1995. O maior
rendimento médio foi também, nesse período, com rendimento de cerca de 2.800 cachos/ha. Já os maiores valores
obtidos com a produção, foram nos anos de 2002 e 2003, como valor bruto de R$ 1.820.000,00 e 1.708.000,00,
respectivamente.

PALAVRAS-CHAVE: Musa spp.; Comercialização; Nordeste; Cultivo; Frutífera.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é uma nação de clima tropical com características favoráveis ao cultivo de uma
diversidade de culturas. Em decorrência disso, destaca-se com um país agroexportador, sendo
um dos maiores produtores de alimentos em escala global.

Atualmente, o país é o quarto maior produtor de banana em nível mundial, atrás da Índia,
China e Indonésia, nesta ordem. É importante destacar que, em sua maioria, a produção
brasileira atende o mercado interno, exportando apenas 1% da sua produção. O seguimento
fatura cerca de R$ 13, 8 bilhões por ano, ficando em segundo lugar, logo depois da laranja
(SALATI, 2021).

3
PIBIC/ENSINO MÉDIO IFMA.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 140


Contemporâneos, Volume 1.
A banana é uma das frutas mais consumidas do Brasil, apresentando um consumo per
capita/ano de 25 kg. Assim, a produção da banana é um segmento dos mais importantes do
agronegócio brasileiro (BROTO, 2021).

Cabe aqui destacar que as condições climáticas nordestinas contribuem para o maior
volume produtivo, em termos nacionais. Corroborando com este entendimento, Maciel et al.
(2020) analisaram que, associada a uma irrigação adequada, as condições climáticas do Norte
e Nordeste do país, podem contribuir para a produção de frutos de qualidade, com uma oferta
regular ao longo do ano.

Em relação ao cultivo da banana, o município de Presidente Dutra destaca-se na


produção na região central do Maranhão e tem contribuído consideravelmente na renda dos
produtores rurais. Frente a importância da cultura no município, esta pesquisa teve por fim
verificar o desenvolvimento da produção de banana e a rentabilidade que a mesma proporciona
ao longo de uma série histórica, que compreende os últimos 47 anos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A bananeira (Musa spp.), pertence à família botânica Musaceae, e tem como centro de
origem o extremo Oriente, sendo a fruta in natura de maior consumo em nível mundial. Sua
exploração ocorre, principalmente, em países de clima tropical como a Índia, China e Brasil,
dentre outros, aonde possui considerável importância socioeconômica, gerando emprego e
renda para as famílias rurais (BARROS et al., 2016; RAMBO et al., 2015). Do ponto de vista
nutricional, a fruta é rica em carboidratos e potássio, sendo também fonte de proteínas e
vitaminas A, B e C (SAGRIMA, 2019).

Apesar de ser uma planta tipicamente tropical, a frutífera adapta-se, satisfatoriamente,


ao clima subtropical, tendo bom desenvolvimento em locais com chuvas bem distribuídas ao
longo do ano e umidade relativa alta. Propaga-se, especialmente, de forma vegetativa
(LANDAU; SILVA, 2020).

A produção de banana vem se destacando a nível mundial, em comparação com outras


frutíferas, dado ao investimento em todas as etapas produtivas, seja no plantio, no uso de
tecnologias utilizadas no cultivo, na comercialização e pós-colheita, que tem amenizado as
perdas produtivas e melhorado a qualidade dos frutos (SOUSA et al., 2017).

O Brasil destaca-se, no cenário mundial, como um dos principais produtores no


segmento frutas, com produção que supera a ordem de 40 milhões de toneladas, em uma área
de cerca de 2,3 milhões de hectares e promove, aproximadamente, 5 (cinco) milhões de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 141


Contemporâneos, Volume 1.
empregos diretos. Neste contexto, a banana destaca-se como a segunda fruta em volume de
produção no país (aproximadamente 6,7 milhões de toneladas), o que equivale a 16,5% do
volume de frutas (ANDRADE, 2020).

De acordo com Landau e Silva (2020), os valores recebidos pelos agricultores


brasileiros pelo do quilograma da fruta, tem apresentado aumento nas últimas décadas, fato
constatado em todas as regiões do país.

Com relação ao Nordeste, Vidal e Ximenes (2016) ressaltam que fruticultura respondeu
no ano de 2014 a 25,6% da produção agrícola regional, sendo que a banana se figura como a
principal frutífera cultivada na maioria dos estados. Segundo os autores, a banana respondeu
por percentual de 22% do valor da produção de frutas da região e que uma das explicações para
os dados alcançados são as condições de temperatura, luminosidade e umidade relativa do ar,
peculiares do Nordeste que lhe confere vantagens, quanto ao cultivo de várias espécies, com
relação às regiões Sul e Sudeste.

3. MATERIAL E MÉTODOS

A princípio é importante ressaltar que esta proposta de pesquisa se classifica com


pesquisa aplicada quanto à natureza do trabalho, nos termos do que Prodanov e Freitas (2013)
apontam, uma vez que se dedica a elucidar questões de uma realidade específica ou local.
Seguindo ainda os parâmetros elencados pelos autores, o trabalho se apresenta como pesquisa
exploratória e descritiva quanto aos objetivos, uma vez que os dados permitirão conhecer uma
pouco mais sobre a produção de banana (Musa spp.) no município de Presidente Dutra - MA
(Figura 1).

Figura 1: Localização do município de Presidente Dutra-MA.

Fonte: Adaptado de Maranhão (2008).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 142


Contemporâneos, Volume 1.
Desta forma, a pesquisa passou por uma etapa de pesquisa bibliográfica em que se
buscou produções que permitissem compreender o contexto da produção agrícola do município
e que foram úteis no processo de interpretação das informações encontradas. Em seguida,
procedeu-se a fase de coleta dos dados que compreendeu o período entre 1974 e 2020,
abrangendo uma faixa de 47 anos. As informações da série histórica foram obtidas por meio da
base de dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – LSPA, integrado ao
Sistema de Recuperação Automática – SIDRA do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE.

Foram analisados os seguintes parâmetros: área colhida (hectare), quantidade produzida


(toneladas), rendimento médio e valor da produção (R$). Os dados obtidos por meio do
Levantamento Sistemático da Produção Agrícola foram tabulados e submetidos à análise
exploratória e descritiva. Em seguida, foram dispostos em tabelas e gráficos, utilizando-se do
software Microsoft Excel®.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 2 são apresentados os dados referentes à quantidade produzida e rendimento


médio da produção durante o período de 1974 a 2000.

Figura 2: Quantidade produzida e rendimento médio da produção de banana em Presidente Dutra durante o
período de 1974 a 2000.

Produção de Banana em Mil Cachos e redimento médio


(cachos/ha)
350 3000
2850
2700
300 2550
2400
2250
250 2100
1950
1800
200 1650
1500
150 1350
1200
1050
100 900
750
600
50 450
300
150
0 0
1974
1975
1976
1977
1978
1979
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000

Produção Rendimento

Fonte: Autoria própria (2023).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 143


Contemporâneos, Volume 1.
Convém destacar que os dados de produção da banana apresentados na Figura 2 são
expressos em mil cachos e o rendimento médio é expresso em cachos/ha. Desta forma, os dados
da produção e rendimento médio foram divididos em dois gráficos (Figuras 2 e 3), pois a partir
do ano 2001 as quantidades produzidas da banana passam a ser expressas em toneladas, já o
rendimento médio passa a ser expresso em Kg/ha (Figura 3).

Conforme visualizado na Figura 2, verificou-se que nos primeiros 17 anos da série


histórica (1974 a 1990) a produção de banana no município manteve-se abaixo dos 100.000
cachos. Entretanto, entre os anos de 1991 e 1995 houve um pico produtivo, com a produção
variando de 280.000 cachos (1991) a 339.000 cachos (1995).

Se analisarmos o crescimento da produção de banana em Presidente Dutra nos primeiros


17 anos da pesquisa (1974 a 1990), com o período do pico produtivo (1991 a 1995), chega-se a
um expressivo aumento da ordem de 457%. Contudo, é possível observar que após esse período
de pico, a produção decresceu nos dois anos consecutivos (1996 e 1997) e teve um leve aumento
em 1998 e uma estabilização nos anos de 1999 e 2000, com uma produção de 76 mil cachos
anuais.

De acordo com Furtado e Santos (2019), historicamente, há uma precária assistência


técnica realizada no estado, uma vez que os pequenos agricultores maranhenses sempre
estiveram à margem, nesse quesito. Para os autores, a situação foi acentuada na década de 1990,
após a extinção da Embrater e filiadas, a exemplo da Emater-MA, que já apresentava uma
estrutura precária. Desta forma, entende-se que as baixas produções se devam em grande parte,
ao problema da ínfima ou ausente assistência técnica aos produtores.

Quanto ao rendimento médio, constata-se que o primeiro ano pesquisado (1974)


apresentou um rendimento de 2553 cachos/ha. Entretanto, esse rendimento ficou abaixo dos
1400 cachos/ha nos anos posteriores, permanecendo neste patamar até o ano de 1990.

Da mesma forma que ocorreu com a quantidade produzida, ocorreu um pico do


rendimento médio da banana entre os anos de 1991 e 1995, onde se alcançou um rendimento
de cerca de 2800 cachos/ha nesse período. Nos anos de 1996 a 2000, o rendimento ficou abaixo
dos 1300 cahos/ha.

Os dados referentes à quantidade produzida e rendimento médio dos anos de 2001 e


2020 se encontram apresentados na Figura 3.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 144


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 3: Quantidade produzida e rendimento médio da produção de banana em Presidente Dutra durante o
período de 2001 a 2020.

Produção de Banana em Toneladas e Rendimento médio em Kg/ha


1100 16000
1050 15000
1000
950 14000
900 13000
850 12000
800
750 11000
700 10000
650
600 9000
550 8000
500 7000
450
400 6000
350 5000
300 4000
250
200 3000
150 2000
100
50 1000
0 0

Produção Rendimento

Fonte: Autoria própria (2023).

Observando a Figura 3 verifica-se uma baixa produção de banana no município de


Presidente Dutra no ano de 2001, apenas 86 toneladas. Entretanto, apresentou um aumento
considerável no ano de 2002 (1000 toneladas) e permaneceu com valores próximos a esse até
o ano de 2010. Já nos anos seguintes, a produção foi decrescendo até chegar o baixo nível de
apenas 45 toneladas nos anos de 2016 e 2017.

Pode-se relacionar o aumento produtivo na primeira década dos anos 2000 à criação,
por parte do Governo do Maranhão, da Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão
Rural (AGERP), pois segundo Furtado e Santos (2019), em período próximo, foi criado ainda
o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural – DATER, no MDA, como ponto de
partida para a reestruturação destes serviços.

Nos últimos três anos da pesquisa (2018 a 2020) não foram apresentados dados pelo
IBGE. Ainda assim, pode-se relacionar o decréscimo da produção, a partir de 2011, as
sucessivas trocas de governo e não prosseguimento das ações desenvolvidas pelos antecessores.

No que diz respeito ao rendimento médio, este parâmetro alcançou bons índices durante
o pico dos anos de 2002 e 2010, sendo que o ano de 2002 apresentou o maior rendimento dentre
os anos da série apresentada na Figura 2, cerca de 15.384 kg/ha. A partir de 2010 o rendimento
médio decresceu consideravelmente, ficando abaixo de 7.500 kg/ha.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 145


Contemporâneos, Volume 1.
Na Figura 4, constata-se que ente os anos de 1974 a 1985 a área colhida de banana no
município apresentou valores que variaram de 38 a 45 ha, entretanto, houve um aumento
significativo entre os anos de 1986 e 1990, os quais ocuparam uma área anual de 70 ha.

Figura 4: Área colhida de banana no município de Presidente Dutra-MA.

Fonte: Autoria própria (2023).

De acordo com a Figura 4, o período compreendido entre os anos de 1991 e 1996, foi o
que apresentou uma maior área colhida da banana em Presidente Dutra, chegando a ocupar uma
área de 121 ha, no ano de 1995.

A partir do ano de 1997 ocorreu um decréscimo na área colhida em relação aos 11 anos
anteriores, chegando-se a colher uma área de apenas 8 ha no ano de 2001, mas, recuperando-se
em 2002, onde foram colhidos 65 ha da fruta. A partir de 2012, houve, novamente, decréscimo
na área colhida, com apenas 12 ha, até chegar a 7 ha em 2017.

Acredita-se que a falta de dados de área colhida entre os anos de 2018 a 2020, se dá pela
falta de coleta de informações por parte do órgão de pesquisa. Em termos gerais, o decréscimo
na área colhida, observada nos últimos anos da pesquisa, deva-se à falta ou a deficiente
assistência técnica recebida pelos produtores, que não tiveram o devido incentivo por parte dos
órgãos governamentais.

Na Figura 5 são apresentados os dados do valor da produção de banana no município


entre o período de 1994 e 2000. Importante frisar que devido às constantes trocas da moeda
brasileira desde o início da pesquisa, optou-se por apresentar apenas os dados disponibilizados
na moeda atual, já que de 1974 a 1993, como várias moedas existentes, e os altos valores

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 146


Contemporâneos, Volume 1.
inflacionários, tornou-se inviável a comparação de todo o período. Desta forma, os dados
apresentados na Tabela 5, nos mostram que os maiores valores obtidos com a produção no
período apresentado, foram os anos de 2002 e 2003, como valor bruto de R$ 1.820.000,00 e
1.708.000,00, respetivamente.

Figura 5: Valor da produção de banana do município de Presidente Dutra-MA.

Valor da Produção em Mil Reais


1800
1700
1600
1500
1400
1300
1200
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Fonte: Autoria própria (2023).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O pico produtivo da cultura da banana no município de Presidente Dutra-MA ocorreu


entre os anos de 1991 e 1995, com produção variando de 280.000 cachos no primeiro ano a
339.000 cachos, no último. Da mesma forma, o pico do rendimento médio da produção de
banana ocorreu no período supracitado, onde se alcançou um rendimento de cerca de 2.800
cachos/ha.

O ano de 1995 foi o que ocupou maior área colhida da fruta no município, chegando a
ocupar uma área de 121 ha. Já os anos de 2002 e 2003 obteve-se os maiores valores com a
produção no período apresentado, com valor bruto de R$ 1.820.000,00 e 1.708.000,00,
respetivamente.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, P. R. S. Fruticultura: análise da conjuntura. Departamento de Economia Rural


do Estado do Paraná – DERAL, 2020.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 147


Contemporâneos, Volume 1.
BROTO. Produção de banana no Brasil: cenário e expectativas, 2021. Disponível em:
https://blog.broto.com.br/producao-de-banana-no-brasil/. Acessado em: Mar. 2022.

FURTADO, C. A. O.; SANTOS, I. J. P. Mudanças na política de assistência técnica e extensão


rural no Maranhão no período de 1985 a 2006. In: Congresso da Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural: desenvolvimento, segurança alimentar e
políticas públicas para o nordeste, XIV, 2019, Bacabal. Anais. Disponível em:
https://sober.org.br/wp-content/uploads/2020/09/e-ebook-anais-sober-nordeste-2019.pdf.
Acessado em: Dez. 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Levantamento


Sistemático da Produção Agrícola. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9201-levantamento-
sistematico-da-producao-agricola.html?=&t=series-historicas. Acessado em: Fev. 2022.

LANDAU, E. C.; SILVA, G. A. Evolução da produção de banana (Musa spp., Musaceae).


In: LANDAU, E. C. et al. (Ed.). Dinâmica da produção agropecuária e da paisagem natural no
Brasil nas últimas décadas: produtos de origem vegetal. Brasília, DF: Embrapa, 2020. v. 2, cap.
14, p. 409-433. Acessado em: Dez. 2022.

MACIEL, W. M. et al. Análise da Evolução da Área Colhida, Produção e Produtividade da


Cultura da Banana em Iguatu–CE. Brazilian Journal of Development, v. 6, n. 9, p. 70046–
70056, 2020. DOI: 10.34117/bjdv6n9-450. Disponível em:
https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/16892. Acessado em:
Nov. 2022.

MARANHÃO. Regiões de Planejamento do Estado do Maranhão / Secretaria de Estado do


Planejamento e Orçamento, Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos,
Universidade Estadual do Maranhão. São Luís: SEPLAN, 2008.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e


técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

RAMBO, J. R. et al. Análise financeira e custo de produção de banana-maçã: um estudo de


caso em Tangará da Serra, Estado do Mato Grosso. Informações econômicas, v. 45, n. 5, p.
29-39, 2015. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/ie/2015/tec4-
1015.pdf. Acessado em: Nov. 2022.

SALATI, P. De onde vem o que eu como: Brasil é o 4º maior produtor de banana e está atento
à 'pandemia' no campo que afeta cultura, 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/economia/agronegocios/agro-a-industria-riqueza-
dobrasil/noticia/2021/05/17/de-onde-vem-o-que-eu-como-brasil-e-o-4o-maior-produtor-de-
banana-e-esta-atento-a-pandemia-que-afeta-cultura.ghtml. Acessado em: Fev. 2022.

SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E PESCA - SAGRIMA.


Perfil da agricultura maranhense, 2019.

SOUSA, S. G.; ALENCAR, G. S. S; ALENCAR, F. H. Análise socioambiental da produção de


banana no município de Cariús (CE), Brasil. Ciência e Sustentabilidade, v. 3, n. 2, p. 119-
144, 2017. Disponível em:
https://periodicos.ufca.edu.br/ojs/index.php/cienciasustentabilidade/article/view/222.
Acessado em: Acessado em: Nov. 2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 148


Contemporâneos, Volume 1.
VIDAL, M. F.; XIMENES, L. J. F. Comportamento recente da fruticultura nordestina: área,
valor da produção e comercialização. Caderno Setorial ETENE. Ano 1, n. 2, outubro, 2016.
Disponível em: https://g20mais20.bnb.gov.br/s482-dspace/handle/123456789/1141. Acessado
em: Jan. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 149


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312313300

CAPÍTULO 13
CLASSIFICAÇÃO PLUVIOMÉTRICA PARA OS MUNICÍPIOS ARAGUAÍNA E
PALMAS UTILIZANDO A TÉCNICA DOS QUANTIS

Oriana Livia Araújo Queiroz


Francisco de Assis Gomes Junior
Miguel Julio Machado Guimarães
Clarice Souza Moura
Ariadna Faria Vieira

RESUMO
Em um país com dimensões continentais como o Brasil, o estudo da variabilidade espacial e temporal da
precipitação é fundamental para o planejamento em diversos setores, principalmente o econômico. Dessa forma o
presente trabalho teve como objetivo identificar e discutir os valores normais e extremos da pluviosidade nos
municípios de Araguaína e Palmas, sua variabilidade temporal e espacial através da técnica dos quantis, buscando
sua relação com a produtividade das culturas. O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Piauí, campus
de Uruçuí. Os dados de precipitação utilizados na pesquisa foram obtidos através da plataforma BDMEP-Banco
de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto Nacional de Meteorologia. Foram
utilizados dados mensais de precipitação e temperatura média condensada de 2 estações meteorológicas
convencionais gerenciadas pelo INMET no estado do Tocantins: Araguaína e Palmas. Os quantis utilizados para
caracterização climática da precipitação foram definidos nas categorias: muito seco (MS: 0-15%), seco (S: 15-
35%), normal (N: 35-65%), chuvoso (C:65-85%) e muito chuvoso (MC: 85-100%). Para os diferentes regimes
pluviométricos, os mesmos foram comparados com dados de produtividade média das principais culturas
cultivadas em sequeiro de cada região, sendo essas culturas as mais representativas (arroz, feijão, milho e soja). A
variável referente à produtividade média foi calculada a partir da razão entre a quantidade colhida (quilograma,
kg) e a área colhida (hectares, ha), portanto, são expressas em kg ha-1. As variabilidades das precipitações nos
municípios de Araguaína e Palmas afetaram a produtividade tanto indiretamente como diretamente; Houve
oscilação na produtividade de cada município de acordo com cada classificação quantilica, sendo que cada cultura
possui demanda hídrica diferente e sensibilidade ao estresse hídrico em cada fase fenológica.

PALAVRAS-CHAVE: Demanda hídrica; Pluviometria; Produtividade das culturas;


Mudanças climáticas.

1. INTRODUÇÃO

Segundo Santos (2017), a “mudança climática pode ser compreendida como sendo todas
as formas de inconstâncias climáticas, independentemente de sua natureza estatística ou causas
físicas”, podendo ser analisadas em diversas escalas temporais e em escalas espaciais. Com
essas mudanças climáticas os estudos sobre o clima tem se intensificado cada vez mais por
conta da sua importância sobre diversas áreas e para minimizar os efeitos sobre as diversas
formas de vida. O clima influencia basicamente em quase todos os setores, por isso é necessário
conhecimento sobre essas mudanças climáticas.

Os efeitos dos eventos extremos, tais como secas, inundações, ondas de calor, frio
intenso, aumento do nível do mar, mudança no regime de precipitação, aumento da temperatura,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 150


Contemporâneos, Volume 1.
dentre outros, estão cada vez mais presentes atualmente e vem causando impactos por vezes,
desastrosos à humanidade, com perdas econômicas enormes, além de perdas de vidas. Esses
eventos geralmente têm sido noticiados nos mais diversos meios de divulgação, como por
exemplo, jornais escritos e televisionados, internet e revistas, e isto desperta o interesse pelo
assunto da sociedade em geral, além da comunidade científica que cada vez mais trabalha na
investigação de tais eventos (KOSTOPOULO; JONES, 2007). As mudanças climáticas vêm
causando efeitos bruscos, tanto direto quanto indiretamente para diversos setores como:
agricultura, economia, saúde, pecuária, entre outros.

Para Tundisí et al. (2014), o uso inadequado dos recursos hídricos no mundo despertou
discussões globais acerca da necessidade de planejamentos para proteção e manejo correto
desses recursos. Os recursos hídricos são de grande importância, além de ser essencial para a
conservação da vida e do meio ambiente. Vários setores dependem dos recursos hídricos, porém
nem sempre esse recurso tem sido usado de forma adequada. O uso excessivo de água é um dos
aspectos que mais trás consequência a esse recurso. A utilização correta dos recursos hídricos
requer planejamento, definir para qual setor será destinado esse recurso.

Em um país com dimensões continentais como o Brasil, o estudo da variabilidade


espacial da precipitação é fundamental para o planejamento em diversos setores, principalmente
o econômico, que envolve a indústria, a pecuária, a agricultura, e a construção civil. A
influência da precipitação nas diversas áreas da atividade humana faz com que seja
indispensável seu conhecimento. Entretanto, devido a grande aleatoriedade e variabilidade
espacial e temporal dessa variável, torna-se difícil a sua identificação e quantificação. Para
monitorar a precipitação, os principais instrumentos são: os pluviômetros, os pluviógrafos, os
radares e os sensores que operam a bordo de satélites (MOL, 2005). Existem várias fontes de
dados que podem ser usadas para obtenção de informações que podem auxiliar no perfil da
variação espacial da precipitação pluviométrica no Brasil (MASSAGLI et al., 2011).

A técnica dos quantis utilizada é baseada na proposta de (XAVIER et al., 1987), por
meio dela é possível avaliar a ocorrência de períodos secos ou chuvosos de um total
pluviométrico em relação a um conjunto de dados. Os intervalores percentuais de cada quantil,
delimitados nos percentis representam as frequências de ocorrência dos eventos pluviométricos
extremos de chuva. O uso da técnica dos quantis permite uma representação objetiva de um
determinado evento climática. Tal técnica permite delimitar meses secos e chuvosos utilizando
dados de precipitação. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo identificar e discutir

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 151


Contemporâneos, Volume 1.
os valores normais e extremos da pluviosidade nos municípios Araguaína e Palmas, sua
variabilidade temporal e espacial através da técnica dos quantis, buscando sua relação com a
produtividade das culturas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Piauí, campus de Uruçuí (07° 13’
46’’S, 44° 33’ 22’’W, 167 m). Os dados de precipitação utilizados na pesquisa foram obtidos
através da plataforma BDMEP-Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa,
gerenciada pelo Instituto Nacional de Meteorologia.

Foram utilizados dados mensais de precipitação e temperatura média condensada de 4


estações meteorológicas convencionais gerenciadas pelo INMET no estado do Tocantins:
Araguaína, Palmas. Após a coleta dos dados foi realizada uma filtragem, onde o critério de
utilização foi a quantidade de observações para cada localidade. Com base nesse critério, foram
processados apenas os dados das estações que continham mais de 30 anos de observações,
conforme recomendação da Organização Meteorológica Mundial (WMO, 1989), a qual relata
que são necessários pelo menos 30 anos de dados climáticos para que se tenha maior
confiabilidade na caracterização climática de uma localidade (BLAIN; BRUNINI, 2007).

Posteriormente, os dados foram acumulados anualmente para definição dos quantis


climatológicos para o período estudado. A Técnica dos Quantis baseia-se na frequência
acumulada e foi descrita por (XAVIER; XAVIER 1987; XAVIER 2001) e proposta por
Pinkayan em 1966, para avaliar a ocorrência dos anos secos e chuvosos sobre áreas extensas.
Os quantis utilizados para caracterização climática da precipitação foram definidos nas
categorias: muito seco (MS: 0-15%), seco (S: 15-35%), normal (N: 35-65%), chuvoso (C: 65-
85%) e muito chuvoso (MC: 85-100%).

Para os diferentes regimes pluviométricos, os mesmos foram comparados com dados de


produtividade média das principais culturas cultivadas em sequeiro de cada região, sendo essas
culturas as mais representativas, em se tratando de área plantada e retorno econômico. A
variável referente à produtividade média foi calculada a partir da razão entre a quantidade
colhida (quilograma, kg) e a área colhida (hectares, ha), portanto, são expressas em kg ha-1.

Os dados de produtividade agrícola foram obtidos através do Sistema IBGE de


Recuperação Automática-SIDRA, plataforma PAM-Produção Agrícola Municipal

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 152


Contemporâneos, Volume 1.
(www.sidra.ibge.gov.br), a qual dispõe de dados históricos referentes à produção agrícola de
todo o território do Brasil.

Como parâmetro de avaliação para verificar a influência da precipitação no cultivo em


sistema sequeiro foi verificado os aumentos e/ou reduções da produtividade média em função
da classificação pluviométrica do ano, obtida através da classificação quantílica, a qual
classificou-se os anos agrícolas como muito seco, seco, normal, chuvoso e muito chuvoso.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Araguaína

Na tabela 1 é apresentado os dados da estatística descritiva das classes quantílicas e


classificação, para o município representativo do estado do Tocantins. A região que
compreende o município de Araguaína- TO apresenta uma precipitação anual variando entre
mínima 877,5 mm, máxima 2229,5 mm, com média de 1559,96 mm.

Os anos muito secos apresentaram uma média de 1090,65 mm ano-1, enquanto os muitos
seco, cerca de 1090,65 mm ano-1. Anos classificados como normais apresentaram média de
1581,475 mm ano-1, chuvosos 1754,66 mm ano-1 e muito chuvosos 2058,25 mm ano-1.

Ao avaliar o perfil histórico da precipitação no período de 1995 a 2020 na região


estudada (tabela 1) observa-se que os anos classificados como muito seco foram os anos de
1996, 1998, 2007, 2017 sendo 1996 com precipitação de (1167,3 mm), 1998 (1169 mm), 2007
(877,5 mm).

Os anos classificados como seco foram de 2010, 2012, 2015, 2016, 2019. Observou-se
oito anos considerado como normal, ou seja, anos que estão dentro da media climatológica, ano
de 1995, 1997,1999, 2000, 2002, 2003, 2008,2014. Os anos classificados como chuvoso foram
2001, 2006, 2009, 2013, 2018. Já os anos classificados como muito chuvoso foram 2004, 2005,
2011,2020.

Na tabela 2 estão expostos os dados de probabilidade e intervalo médio de precipitação


do município de Araguaina no período de 1990 a 2020. Após a utilização da técnica estatística
dos quantis, foram obtidos valores em (mm) estimados para os quantis Q (0,15), Q(15,35),
Q(35,65), Q(65,85) e Q(85,100), dispostos nas cinco classes quantilicas. (MS: 0-15%), seco (S:
15-35%), normal (N: 35-65%), chuvoso (C: 65-85%) e muito chuvoso (MC: 85-100%).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 153


Contemporâneos, Volume 1.
Na tabela 3 estão descritos as variável descritiva da serie histórica. Os anos muito seco
tiveram uma média de 1090,65 mm ano-1, anos secos 1307,7 mm ano-1, anos normal 1581,475
mm ano-1, anos chuvoso 1754,66 mm ano-1, anos muito chuvoso 2058,25 mm ano-1.

Tabela 1: Estatística descritiva das classes quantílicas da precipitação anual (mm) do município de Araguaína no
estado do Tocantins no período de 1995 a 2020.
Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação
1996 1167,3 2010 1446,7 1995 1639,4 2001 1701,2 2004 1993
1998 1169 2012 1335,8 1997 1700,9 2006 1851,4 2005 2229,5
2007 877,5 2015 1270,8 1999 1541,2 2009 1750,4 2011 1983,8
2017 1148,8 2016 1278,6 2000 1502,7 2013 1714 2020 2026,7
2019 1206,6 2002 1518,2 2018 1756,3
2003 1667,5
2008 1448,1
2014 1633,8
Fonte: Autoria própria (2021).

Tabela 2: Classificação, Probabilidade e Intervalo Médio de Precipitação (mm) das ordens quantílicas do
período de 1990 a 2020 no município de Araguaína/TO.
Classificação Probabilidade Intervalo Médio de Precipitação (mm)
Mínimo Máximo
Muito Seco P < Q0,15 - 1197,2
Seco Q0,15≤ P < Q0,35 1197,2 1447,75
Normal Q0,35≤ P < Q0,65 1447,75 1700,975
Chuvoso Q0,65 ≤ P < Q0,85 1700,975 1884,5
Muito Chuvoso P > Q0,85 1884,5 -
Fonte: Autoria própria (2021).

Tabela 3: Resumo descritivo da precipitação anual total (mm) no período de 1990 a 2020 no município de
Araguaina-TO.
Variável descritiva Série Histórica Anos
Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Média (mm) 1559,969231 1090,65 1307,7 1581,475 1754,66 2058,25
Max (mm) 2229,5 1169 1446,7 1700,9 1851,4 2229,5
Min (mm) 877,5 877,5 1206,6 1448,1 1701,2 1983,8
Desvio (mm) 321,8916535 142,3941595 90,19457 90,53495 58,92935 115,6464872
CV (%) 20,63448735 13,05589873 6,897191 5,724716 3,358448 5,618680296
Frequência (%) 100
Fonte: Autoria própria (2021).

A produtividade das culturas de sequeiro no município de Araguaína tem oscilado ao


longo dos anos, sendo considerada a quantidade e a distribuição de chuvas o principal elemento
climático responsável por esta oscilação.

Diante da figura 1, a análise dos dados de produtividade na cidade de Araguaina mostrou


uma oscilação na produtividade do arroz entre os anos de 1990 a 2020. De acordo com a tabela

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 154


Contemporâneos, Volume 1.
1 das classes quantilicas os anos considerados como muito secos foram: 1996, 1998, 2007 e
2017. Houve uma baixa precipitação, os anos de 1996, 1998, 2007. Esses respectivos anos em
que o arroz apresentou baixa produtividade devido a uma menor precipitação. Segundo STONE
(1982), em condições de estresse hídrico, a cultura de arroz de sequeiro apresenta redução no
número de grãos cheios por panícula, no peso de grãos, no rendimento total de matéria seca, na
altura de planta, numero de perfilhos, e aumento na porcentagem de grãos vazios.

O ano de 2017 foi um ano considerado como muito seco, porém a cultura do arroz teve
alto índice de produtividade 6608 Kg ha, mesmo sendo um ano que teve uma baixa precipitação.
Destaca-se, como elemento principal para o aumento da produtividade o uso de novas cultivares
de arroz de terras altas recomendadas para o estado do Tocantins, resultado do Programa de
Melhoramento Genético em condições tropicais (TOCANTINS, 2008).

Os anos secos foram: 2010, 2012, 2015, 2016 e 2019. A produção do arroz no ano de
2010 foi: 1700 kg ha-1, com uma precipitação de: (1446,7 mm ano-1), 2012: 1830 kg ha-1,
(1335,8 mm ano-1), 2015: 1911 kg ha-1, (1270,8 mm ano-1), 2016: 2814 kg ha-1, (2814 mm ano-
1
), 2019: 2167 kg ha-1, (1206,6 mm ano-1). Observou-se que à medida que as precipitações
aumentaram a produtividade do arroz também aumentou por isso a importância das
precipitações serem bem distribuídas para que a cultura consiga produzir mesmo em anos secos.

Houve anos normais onde à precipitação foi adequada para a produtividade do arroz. É
possível observar na figura 1 que nos anos de 2003, 2008,2014 o arroz apresentou boa
produtividade, a precipitação conseguiu suprir a necessidade da cultura nos anos em que a
precipitação ocorreu de forma normal. O arroz é altamente dependente da oferta de água durante
praticamente todo ciclo, as maiores demandas são observadas no período reprodutivo da
cultura, sendo considerado um período crítico, compreendido cerca de 55% de toda oferta de
água à cultura (MEDEIROS et al., 2005).

Já nos anos chuvosos a cultura do arroz conseguiu produzir bem, quando as exigências
da cultura são satisfeitas, obtêm-se bons níveis de produtividade. A produtividade oscilou
conforme cada ano, um dos anos que mais teve produtividade foi o ano de 2009 com uma
produtividade de: (1700 kg ha-1), 2013 (1950 kg ha-1), 2018 (6837 kg ha-1) (Figura 1).

Nos anos que foram muito chuvosos a produtividade do arroz oscilou. No ano de 2004
o arroz teve uma produtividade de (1700 kg ha-1) com uma precipitação de 1993 mm ano-1. O
ano de 2005 o arroz apresentou produtividade de (1400 Kg ha-1) com uma precipitação de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 155


Contemporâneos, Volume 1.
2229,5 (Figura 1 e Tabela 3). Segundo Stone, (2004) o excesso de água na cultura do arroz em
estádios iniciais pode causar redução nas percentagens de germinação, afogamento de plântulas
e aborto de perfilhos.

Figura 1: Produtividade anual da Cultura do Arroz para o Município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

De acordo com a figura 2 a produtividade do feijão durante os anos de 1990 a 2020 a


teve altos e baixos índices de produtividade. A baixa precipitação ocorreu nos anos 1996 com
uma precipitação de (1167,3 mm ano-1), 1998 (1669 mm ano-1), 2007 (877,5 mm ano-1), 2017
(1148,8 mm ano-1), foram considerados anos muito seco, sendo que 1998 teve uma precipitação
de 1169 mm, foi o ano em que o feijão produziu menos com uma produtividade de 155 kg ha-
1
; o ano de 1996 teve uma precipitação de 1167,3 mm ano-1 sendo um ano também em que a
cultura do feijão produziu menos com uma produtividade de 291 kg ha-1.

Conforme Back (2001), a cultura do feijão é exigente em chuvas mensais de 100 mm


de forma distribuída. O feijão é muito sensível ao estresse hídrico, com reduzida capacidade de
recuperação, com isso ocorre uma baixa produtividade.

Nos anos seco a produtividade do feijão variou. No ano de 2012 ocorreu baixa
precipitação (1335,8 mm ano-1) com isso a produtividade do feijão foi 651 kg ha-1.

Analisando a figura 2 a produtividade do feijão, percebe-se que teve anos que a


produtividade foi baixa, mesmo sendo considerado ano normal, em que a precipitação ocorreu
de forma adequada. No ano de 1997 a produção do feijão foi 150 kg ha-1 sendo assim uma
produtividade baixa; no ano de 1995 a produtividade também foi baixa com uma produção de
216 kg ha-1; nos anos de 1999, 2000, 2002, 2003, 2008 e 2014 a produção foi aumentando aos

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 156


Contemporâneos, Volume 1.
poucos. Conforme (FIGUEIREDO et al., 2007), discute que baixas produtividades do feijão é
devido à utilização de tecnologias inadequadas.

A produtividade do feijão nos anos em que foram considerados anos chuvosos também
apresentou variação na produtividade, no ano de 2001 a produtividade foi de 356 kg ha-1, o ano
de 2001 teve uma precipitação de (1701,2 mm ano-1). Já nos de 2006, 2009, 2013 a produção
subiu para 600 kg ha-1; já no ano de 2018 a produção do feijão aumentou, com uma
produtividade de 1280 kg ha-1; e precipitação de (1756,3 mm ano-1) a cultura do arroz nesse
mesmo ano de 2018 teve altos índices de produtividade também. Conforme a precipitação foi
aumentando, pode-se perceber que a produtividade do feijão aumentou.

Já nos muitos chuvosos foi observado que a produtividade do feijão oscilou. No ano de
2020 a produtividade do feijão foi 600 kg ha-1 com uma precipitação de (2026,7 mm ano-1) foi
um ano que teve bastante precipitação, porém o feijão produziu menos do que nos outros anos;
assim também o ano de 2005 teve bastante precipitação (2229,5 mm ano-1) e uma produtividade
de 616 kg ha-1. As altas precipitações nesses anos fez com que a cultura do feijão produzisse
menos. Com base em estudo realizados por Figueiredo et al. (2007) o excesso de água pode
resultar em prejuízos para a cultura, o feijão é sensível ao excesso de água, especialmente na
fase de florescimento até o enchimento de grãos.

Figura 2: Produtividade anual da Cultura do Feijão para o Município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).


.
Analisando a figura 3 da produtividade do milho, observa-se que a produção do milho
nos anos de 1990 a 2020 teve altos e baixos índices de produtividade.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 157


Contemporâneos, Volume 1.
Os anos que foram classificados como muito seco foram 1996, 1998, 2007, 2017. O
ano de 1998 foi ano em que o milho apresentou produtividade de 1200 Kg ha-1 considerando
assim uma baixa produtividade nesse ano. Foi um ano bastante seco que com precipitação de
(1090,65 mm ano-1) com relação aos outros anos, 1998 teve uma precipitação de (1169 mm
ano-1) e uma produtividade de 1200 kg ha-1, e 2007 uma precipitação de (877,5 mm ano-1) e
uma produção de 1300 kg ha-1; com isso foi observado uma redução na produtividade do milho
quando ocorreu a deficiência hídrica. Sendo que a cultura do milho necessita de 400 a 700 mm
de água em seu ciclo completo, dependendo das condições climáticas. Conforme o trabalho de
(BERGAMASCHI et al., 2004). O milho expressa alta sensibilidade a déficit hídrico, com isso
ocorre períodos críticos nas fases do milho que vai desde o florescimento à maturação
fisiológica, podendo assim ocasionar redução direta no rendimento final. Já no ano de 2017 o
milho atingiu altos índices de produtividade com 5088 Kg ha-1, e com uma precipitação de
(1148,8 mm ano-1) mesmo com uma baixa precipitação o milho teve um bom rendimento. Com
bases em estudos realizados por Bergamaschi et al. (2004) mesmo que o milho esteja em um
período de seca, mas receba a quantidade correta de chuva nos períodos de desenvolvimento
critico (emissão florescência masculina até enchimento do grão), o milho irá ter uma boa
produtividade.

Os anos secos foram: 2010, 2012, 2015, 2016, 2019. Nos anos secos observou-se que a
produção do milho apresentou altos e baixos índices, mesmo sendo anos classificados como
muito secos em que a precipitação ocorreu de forma relativamente baixa. No ano 2012 a
produtividade do milho foi de 1850 kg ha-1, com uma precipitação de (1335,8 mm ano-1) e no
ano de 2010 a produtividade foi 2010 kg ha-1, mesmo sendo anos que tiveram uma maior
precipitação do que nos outros de 2015, 2016, 2019, não foi anos que produziram tão bem
quantos os outros anos que tiveram uma precipitação mais baixa. O ano de 2016 teve uma
produtividade alta com 4847 kg ha-1 e com uma precipitação baixa de 1278,6. O ano de 2019
apresentou produtividade de 3370 kg ha-1, e uma precipitação de (1206,6 mm ano-1). Anos que
tiveram altos índices de produtividade, porem com uma baixa precipitação.

Nos anos considerados como normal houve uma boa produtividade da cultura do milho,
de acordo com a tabela 1 das classes quantilicas houve muitos anos normal onde à precipitação
ocorreu de forma adequada. Observa-se que os anos de 1995, 1997, 1999, 2000, 2002, 2003,
2008, 2014 foram anos que apresentaram uma boa produtividade. O ano de 2008 teve uma

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 158


Contemporâneos, Volume 1.
produtividade de 2100 kg ha-1 e uma precipitação de (1448,1 ano-1). Conforme a Embrapa
(2004), o milho requer no mínimo 350 a 500 mm de chuva por ciclo.

Para anos considerados como chuvosos a produtividade do milho variou conforme a


precipitação que ocorreu em cada ano. No ano de 2006 a produtividade foi 1350 kg ha-1 com
uma precipitação de (1851,4 mm ano-1). O ano de 2009 teve uma precipitação menor, porem a
produtividade foi maior do que no ano de 2006 que teve maior precipitação. O ano de 2018 a
produtividade do milho apresentou altos índices com 2123 kg ha-1 e com uma precipitação de
1756,3, precipitação menor comparado com o ano de 2006, mais com uma boa produção.

Nos anos muito chuvosos, 2004, e 2005 apresentaram produtividades parecidas, com
precipitações diferentes. 2004 teve uma precipitação de (1993 mm ano-1) e 2005 teve uma
precipitação mais elevada (2229,5 mm ano-1). O ano de 2020 foi o que apresentou produtividade
mais elevada 2253 kg ha-1 e uma precipitação de (2026,7 mm ano-1). O milho é exigente em
precipitação, mais em excesso pode prejudicar o seu desenvolvimento. No entanto se a
precipitação ocorrer durante os ciclos necessários para a cultura, pode-se obter altos
rendimentos, mesmo sobre clima muitos chuvosos. Segundo Albuquerque (2010) a exigência
hídrica do milho pode variar de 380 a 550 mm, depende das condições climáticas.

Figura 3: Produtividade anual da cultura do Milho para o município de Araguaína comparadas com a
classificação quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

3.2 Palmas

Na tabela 4 estão expostos os dados da estatística descritiva das classes quantílicas e


classificação, para o município representativo do estado do Tocantins. A região que

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 159


Contemporâneos, Volume 1.
compreende o município de Palmas-TO apresenta uma precipitação anual variando entre
mínima 544,9 mm, máxima 2290,2 mm, com média de 1737,39 mm.

Na variável descritiva da serie histórica os anos muito seco tiveram uma media de
1052,25 mm ano-1, anos secos 1591,383 mm ano-1, anos normais 1777,329 mm ano-1, anos
chuvosos 1982,333 mm ano-1, anos muito chuvosos 2204,25 mm ano-1 (Tabela 4).

Ao avaliar a tabela 4, da precipitação dos anos de 1994 a 2020 no município de Palmas-


To, observou-se que os anos muito secos foram 1994 com uma precipitação de (544,9 mm ano-
1
), 1995 com uma precipitação de (1037,4 mm ano-1), ano de 2015 com uma precipitação de
(1356,2 mm ano-1) e o ano de 2016 com uma precipitação de (1270,5 mm ano-1).

Anos considerados como secos, foram os anos de 1996 com uma precipitação de (1686,6
mm ano-1), 1998 com uma precipitação de (1481,2 ano-1), ano de 2012 (1497,9 mm ano-1), 2017
(1689 mm ano-1). Ano de 2019 (1558,4 mm ano-1) e o ano de 2020 com uma precipitação de
(1635,2 ano-1) (Tabela 4).

Os anos normais foram 2002 com uma precipitação de (1696,8 mm ano-1), 2005 com
(1791,7 mm ano-1), 2007 com (1743,7 mm ano-1) e 2008 com (1710,3 mm ano-1). Já o ano de
2010 apresentou precipitação maior com (1805,6 mm ano-1) e 2013 com (1849,3 mm ano-1)
(Tabela 4).

Os anos classificados como chuvosos foram: 1997 com uma precipitação de (2107,2
mm ano-1) com destaque de maior precipitação, ano de 2003 com (2043,7 mm ano-1), 2004
(1895,2 mm ano-1), 2009 com (1921,3 mm ano-1) 2011 com (2005,7 mm ano-1) e 2018 com
(1920,9 mm ano-1). Já os anos muitos chuvosos foram: 1999 com (2290,2 mm ano-1) ano com
maior precipitação, 2000 (2206 mm ano-1), 2001 (2171,5 mm ano-1) e 2006 com (2149,3 mm
ano-1) (Tabela 4).

Na tabela 5 estão expostos os dados de probabilidade e intervalo médio de precipitação


do município de palmas no período de 1990 a 2020. Após a utilização da técnica estatística dos
quantis, foram obtidos valores em (mm) estimados para os quantis dispostos nas cinco classes
quantilicas. (MS: 0-15%), seco (S: 15-35%), normal (N: 35-65%), chuvoso (C: 65-85%) e
muito chuvoso (MC: 85-100%).

Na tabela 6 está descrito a variável descritiva da série histórica os anos muito secos
tiveram uma media de 1052,25 mm ano-1, anos secos 1591,38 mm ano-1, anos normais 1777,32
mm ano-1, anos chuvososs 1982,33 mm ano-1, anos muito chuvosos 2204,25 mm ano-1.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 160


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 4: Estatística descritiva das classes quantílicas da precipitação anual (mm) do município de Palmas no
estado do Tocantins no período de 1994 a 2020.
Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação Ano Precipitação
1994 544,9 1996 1686,6 2002 1696,8 1997 2107,2 1999 2290,2
1995 1037,4 1998 1481,2 2005 1791,7 2003 2043,7 2000 2206
2015 1356,2 2012 1497,9 2007 1743,7 2004 1895,2 2001 2171,5
2016 1270,5 2017 1689 2008 1710,3 2009 1921,3 2006 2149,3
2019 1558,4 2010 1805,6 2011 2005,7
2020 1635,2 2013 1849,3 2018 1920,9
Fonte: Autoria própria (2021).

Tabela 5: Classificação, Probabilidade e Intervalo Médio de Precipitação (mm) das ordens quantílicas do
período de 1994 a 2020 no município de Palmas/TO.
Classificação Probabilidade Intervalo Médio de Precipitação (mm)
Mínimo Máximo
Muito Seco P < Q0,15 - 1468,7
Seco Q0,15≤ P < Q0,35 1468,7 1689,78
Normal Q0,35≤ P < Q0,65 1689,78 1890,61
Chuvoso Q0,65 ≤ P < Q0,85 1890,61 2111,41
Muito Chuvoso P > Q0,85 2111,41 -
Fonte: Autoria própria (2021).

Tabela 6: Resumo descritivo da precipitação anual total (mm) no período de 1994 a 2020 no município de
Palmas-TO.

Variável descritiva Série Histórica Anos


Muito Seco Seco Normal Chuvoso Muito Chuvoso
Média (mm) 1737,392593 1052,25 1591,383 1777,329 1982,333 2204,25
Max (mm) 2290,2 1356,2 1689 1849,3 2107,2 2290,2
Min (mm) 544,9 544,9 1481,2 1696,8 1895,2 2149,3
Desvio (mm) 380,1763871 364,0711 92,17649 61,54404 83,6599 61,8668732
CV (%) 21,88200806 34,59929 5,792224 3,462727 4,220274 2,80670855
Frequência (%) 100
Fonte: Autoria própria (2021).

Diante da figura 4, a produtividade do arroz nos anos de 1994 a 2020, variou conforme
a precipitação que ocorreu em cada ano. De acordo com a classe quantilica que classifica os
anos conforme a precipitação, os resultados para os anos muito secos mostraram que no ano de
1994 a precipitação foi de (544,9 mm ano-1) sendo assim um ano muito seco em que o arroz
apresentou produtividade de 1299 kg ha-1, sendo, dessa forma um dos anos que teve menor
produtividade. O ano de 1995 com precipitação de (1037,4 mm ano-1), ano de 2016 com
precipitação de (1270,5 mm ano-1) e uma produtividade de 1422 kg ha-1. Já o ano de 2015
apresentou ótima produtividade com 4261 kg ha-1, e uma precipitação superior aos outros anos
(1356,2 mm ano-1). Sendo assim não faltou água nos períodos críticos da cultura. Conforme em

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 161


Contemporâneos, Volume 1.
estudos realizados por Heinemann e Stone (2009); Guimarães et al. (2015); Menezes et al.
(2011).

Anos considerado como secos, apresentaram baixa produtividade do arroz, sendo o ano
de 1998 com uma produtividade de 1300 kg ha-1 e uma precipitação de 1481,2 mm ano-1,
ficando dessa forma evidente a sensibilidade da cultura do arroz ao déficit hídrico. Os anos que
apresentaram as maiores produtividades foram: 2019 (2471 kg ha-1) e 2020 (2473 kg ha-1). Essa
baixa produtividade é resultado da distribuição irregular de chuvas, o que compromete as fases
de desenvolvimento da cultura do arroz (Figura 4).

Os anos com totais pluviométricos considerados normais foram: 2002, 2005, 2007,
2008, 2010, 2013; sendo o ano de 2013 com maior produtividade de 2100 kg ha-1 e uma
precipitação de (1849,3 mm ano-1) sendo uma precipitação maior que os outros anos. 2002 e
2007 tiveram a mesma produtividade 1500 kg ha-1, com precipitações diferentes sendo 2002
com (1696,8 mm ano-1) e 2007 com 1500 kg ha-1. Os anos de 2005, 2008 e 2010 tiveram a
mesma produtividade de 1800 kg ha-1. O arroz produziu bem nos anos que foram classificados
como normais, a distribuição das chuvas foram homogêneas nesses anos, essa precipitação
normal fez com que o arroz tivesse uma boa produtividade. Conforme Oliveira (1994), o
aumento na produtividade do arroz em sequeiro, além de ser influenciado pela quantidade e
distribuição de chuvas durante o ciclo, varia com a cultivar utilizada (Figura 4).

A produtividade do arroz nos anos chuvosos teve uma oscilação, o ano de 1997 com
produtividade de 300 kg ha-1 e precipitação de (20107,2 mm ano-1) mesmo com uma
precipitação alta a produção do arroz nesse ano não foi satisfatória. Já os anos de 2003 e 2004
tiveram a mesma produtividade 1000 kg ha-1 e precipitações diferentes. Já o ano de 2009 teve
uma maior produtividade e uma menor precipitação comparada ao ano de 2011 que teve alta
precipitação e produção menor que 2009. O ano de 2018 apresentou produtividade de 1800 kg
ha-1, e precipitação de (1920,9 mm ano-1). A produtividade de arroz dos anos variou conforme
a precipitação que ocorreu em cada ano, sendo assim os anos que tiveram a melhor precipitação,
teve uma maior produtividade (Figura 4).

A análise de produtividade do arroz nos anos que foram muito chuvosos mostrou que
os anos de 1999, 2000, 2001 apresentaram a mesma produtividade 1500 kg ha-1, mas com
precipitações diferentes. O ano que apresentou a melhor produtividade foi 2006 com 1800 kg
ha-1 e menor precipitação do que os outros anos. O excesso de precipitação pode prejudicar o
crescimento da planta, e com isso redução na produtividade. Conforme (HEINEMANN;

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 162


Contemporâneos, Volume 1.
STONE, 2009; MARINI et al., 2012; PIRES, 2008) a precipitação pluvial é caracterizada pela
quantidade e distribuição das chuvas durante o ciclo da cultura, sendo estes os fatores limitantes
à produtividade.

Figura 4: Produtividade anual da Cultura do Arroz para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

A produtividade do feijão nos anos de 1990 a 2020 variou conforme a precipitação que
ocorreu em cada ano. Nos anos classificados como muito secos, como por exemplo o ano de
1994 sua produtividade foi de 301 kg ha-1, e precipitação de (544,9 mm ano-1) sendo um ano
com uma precipitação mínima que afetou a produtividade do feijão; já o ano de 1995, com
produtividade de 343 kg ha-1 e precipitação de (1037,4 mm ano-1). 1995 apresentou precipitação
melhor que o ano de 1994 e também uma maior produtividade. O ano de 2015 com
produtividade de 632 kg ha-1 e precipitação de 1356,2 mm ano-1. Observa-se que nos anos em
que ocorreu estiagem severa houve uma redução na produtividade do feijão. Conforme
Guimarães (1996) O feijoeiro é considerado uma planta sensível ao estresse hídrico,
principalmente em virtude da baixa capacidade de recuperação após a ocorrência de déficit
hídrico (Figura 5 e Tabela 4).

Observa-se que nos anos secos a produtividade do feijão foi baixa. No ano de 1998 com
produtividade de 280 kg ha-1, e uma precipitação de 1481,2 mm ano-1, sendo um dos anos que
atingiu a menor precipitação. O ano de 1996 obteve produtividade de 588 kg ha-1, e precipitação
de 1686,6 mm ano-1, produtividade essa superior ao ano de 1998. O ano de 2017 com
produtividade de 561 kg ha-1 e precipitação de 1689 mm ano-1, O ano de 2012 apresentou maior
produtividade em relação aos outros anos, com valores próximos a 1918 kg ha-1 e precipitação

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 163


Contemporâneos, Volume 1.
de 1479,9 mm ano-1. Percebe-se que nos anos secos a produtividade oscilou, bastante, sendo a
causa dessa oscilação a variação das precipitações (Figura 5 e Tabela 4).

Verifica-se que os anos normais, ou seja, aqueles anos em que a precipitação ocorreu de
forma adequada, à produtividade do feijão foi regular. 2002 800 kg ha-1 com uma precipitação
mínima de 1696,8 mm ano-1, os anos de 2005 (1791,7 mm mm ano-1). O feijão apresentou
produtividade no ano de 2007 em torno de 1800 kg ha-1 e o ano de 2010 com 1788 kg h-1, e
uma precipitação de 1805,6 mm ano-1. Anos em que a precipitação se manteve estável a cultura
consegui ter uma boa produtividade e a precipitação conseguiu suprir as necessidades da
cultura, principalmente nas fases críticas do feijoeiro. De acordo com Dourado-neto e Fancelli
(2000) consideraram que o consumo hídrico da cultura do feijão está em torno de 300 a 600
mm ao longo de seus estádios de desenvolvimento, consumindo, em média, 3 a 4 mm por dia e
necessitando de uma disponibilidade mínima de 100 mm mensais.

Os anos chuvosos que se destacaram em produtividade do feijão foram 2009 com


produtividade de 1890 kg ha-1, e uma precipitação de 1921,3 mm mm ano-1. 2011 com uma
produtividade de 1707 kg ha-1, e uma precipitação de 2005,7 mm mm ano-1. O ano de 1997
atingiu valores máximos de precipitação com 20107,2 mm mm ano-1), porém com uma
produtividade baixa de 300 kg ha-1. Talvez essa baixa produtividade pode está associa a algum
problema no manejo da cultura. Os anos de 2003 e 2004 obtiveram a mesma produtividade,
mas com precipitações diferentes. Percebe-se que anos que tiveram altos índices de
precipitações, a cultura do feijoeiro teve uma baixa produtividade.

Nos anos muito chuvosos houve uma redução na produtividade do feijão. No ano de
2000 a produtividade foi de 333 kg ha-1, com uma precipitação máxima de 2290,2 mm ano-1.
1999 com produtividade de 350 kg ha-1, e precipitação de 2290,2 mm ano-1. No entanto, o ano
de 2006 atingiu produtividades próximas a 1800 kg ha-1, e precipitação de 2149,3 mm ano-1.
2001 com produtividade de 650 kg ha-1, e precipitação média de 2171,5 mm ano-1. Observa-se
que nos anos em que ocorreram altas taxas de precipitação à produtividade do feijoeiro foi
relativamente baixa, e nos anos em que houve uma baixa precipitação a cultura conseguiu
produzir melhor (Figura 5 e Tabela 4). O excesso de água pode causar danos à cultura do feijão.
Segundo estudos realizados por Silva (1982), caso ocorram excesso de precipitação no período
de florescimento e frutificação, há uma redução de 48 a 68% na produção.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 164


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 5: Produtividade anual da Cultura do Feijão para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

No município de Palmas observou-se uma oscilação na produtividade do milho. Os anos


muito secos foram 1994, 1249 kg ha-1, e uma precipitação de mínima de (544,9 mm ano-1) sendo
assim um ano que teve uma baixa precipitação, já o ano de 1995 com precipitação media de
(1037,4 mm ano-1) e produtividade de 1302 kg ha-1. O ano de 2016 com produtividade de 2757
kg ha-1, e precipitação de (1270,5 mm ano-1). 2015 produziu 2728 kg ha-1, e uma precipitação
(1356,2 mm ano-1) foi o ano apresentou o maior índice pluviométrico, quando comparado aos
anos anteriores. Observa-se que os anos que tiveram maior precipitação, o milho produziu mais
(Figura 6). Segundo estudos realizados por Morizet e Togola (1984), o milho é considerado
uma cultura relativamente sensível ao déficit hídrico, principalmente se ocorre durante o
período crítico de pré-floração e floração.

Os anos normais apresentaram as melhores produtividades na cultura do milho. Sendo,


2005, 2007, 2013, e com destaque o ano de 2008 com 5160 kg ha-1, e com uma precipitação de
(1710,3 mm ano-1). O ano de 2010 com precipitação máxima de (1805,6 mm ano-1), maior que
2008, porém com produtividade de 1600 kg ha-1, menor do que o ano de 2008. O ano de 2005
com produtividade de 4707 kg ha-1 e precipitação de (1791,7 mm ano-1). 2007 com
produtividade de 4885 Kg ha-1, e precipitação de (1743,7 mm ano-1). 2013 produziu mais que
os anos de 2005 e 2007 que tiveram maior precipitação. Nesse contexto observou-se que nem
sempre a precipitação será o principal agente influenciador na produtividade. Segundo Embrapa
(2004), Para ter uma máxima produtividade, o milho necessita de uma quantidade de chuva que

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 165


Contemporâneos, Volume 1.
gira em torno de 500 mm a 800 mm durante todo o ciclo, mas é possível obter uma boa
produtividade com uma quantidade de chuvas que varie de 350 mm a 500 mm por ciclo.

Nos anos classificados como chuvosos, observou-se que o ano que 2004 apresentou
bons índices produtivos, cerca de 3657 kg ha-1, e precipitação de (1895,2 mm ano-1). 2009 e
2011 apresentou produtividade de 1800 kg ha-1, mas com precipitações diferentes 2009 com
precipitação de (1921,3 mm ano-1) e 2011 (2005,7 mm ano-1). 2018 com produtividade de 3331
kg ha1 e precipitação de (1920,9 mm ano-1). Foi observado que nos anos em que ocorreu uma
grande quantidade de chuva a produtividade diminuiu, assim como também teve anos que teve
altos índices de produtividade mesmo com uma grande quantidade de chuvas.

Os dados mostraram que alguns anos apresentaram grandes quantidades de chuvas,


porém nesses anos a produtividade foi baixa, quando comparada aos anos em que choveu de
forma razoável. O excesso de precipitação em determinadas fases do desenvolvimento pode
comprometer a produtividade final da cultura.

Figura 6: Produtividade anual da Cultura do Milho para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

Quando analisado produtividade da soja no período de 1990 a 2020, os anos muito secos
como o ano de 2015 a produtividade foi de 3199 kg ha-1, com uma precipitação de (1356,2 mm
ano-1). 2016 com produtividade de 2788 kg há-1, e precipitação de (1270,5 mm ano-1)
comparando a precipitação dos dois anos, mostrou que o ano em que ocorreram maiores índices
de precipitação, a cultura da soja apresentou melhor produtividade. Já o ano de 2016 com
precipitação menor e consequentemente uma menor produtividade (Figura 7).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 166


Contemporâneos, Volume 1.
Conforme Franke (2000) Para obter uma produtividade considerável na cultura da soja
durante o ciclo depende de uma demanda hídrica entre 450 a 850 mm, levando em conta as
variações do clima durante o crescimento da cultura.

Os anos normais foram 2002, 2005, 2007, 2008, 2010, e 2013. Sendo que foram anos
em que as chuvas aconteceram de adequada. 2013 apresentou excelente produtividade, cerca
de 3300 kg ha-1 e precipitação de (1849,3 mm ano-1). O ano de 2010 com produtividade de 3000
kg ha-1, e precipitação de (1805,6 mm ano-1) já o ano de 2008 apresentou produtividade de 2700
kg ha-1, e precipitação de (1710,3 mm ano-1) o ano de 2005 produziu 2500 kg ha-1, e precipitação
de (1791,7 mm ano-1) (Tabela 6).

O ano de 2001 atingiu produtividade de 2475 kg ha-1, e uma precipitação máxima de


(2171,5 mm ano-1), o ano de 2006 com cerca de 2280 kg ha-1, e uma precipitação de (2149,3
mm ano-1). A análise da produtividade nos anos de 2001 e 2006 mostrou que houve uma
precipitação máxima para os anos, sendo que a soja teve altas produtividades, mesmo com
precipitações máximas (Tabela 6). Segundo Theisen et al. (2009). Para a cultura da soja,
excesso hídrico causa prejuízos prejudicando as plantas e o aparecimento de doenças. No
entanto para o referido município esses prejuízos não foram notados em função do excesso de
precipitação. Talvez esse processo também esteja ligado à boa distribuição das chuvas no
referido município e período.

Figura 7: Produtividade anual da Cultura da Soja para o Município de Palmas comparadas com a classificação
quantílica.

Fonte: Autoria própria (2021).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 167


Contemporâneos, Volume 1.
4. CONCLUSÃO

A variabilidade das precipitações nos municípios de Araguaína, Palmas, afetou a


produtividade tanto indiretamente como diretamente;

Houve oscilação na produtividade de cada município de acordo com cada classificação


quantílica, sendo que cada cultura possui demanda hídrica diferente e sensibilidade ao estresse
hídrico em cada fase fenológica.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, P. E. P. Manejo de irrigação na cultura do milho. 2006. Disponível em:


https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPMS/19629/1/Circ_85.pdf. Acessado em:
Fev. 2021.

BACK, A. J. Necessidade de irrigação da cultura de feijão no sul do estado de Santa Catarina.


Rev. Tecnol. Ambiente, Criciúma, v.7, n.1, p. 35-44, jan/jun. 2001. Disponível em:
https://biblioteca.epagri.sc.gov.br/consulta/busca?b=ad&busca=(autoria:%22BACK,%20%C3
%81.%20J.%22)&qFacets=(autoria:%22BACK,%20%C3%81.%20J.%22)&biblioteca=vazio
&sort=autoria-sort&paginacao=t&paginaAtual=4. Acessado em: Fev. 2021.

BERGAMASCHI, H. et al. Distribuição hídrica no período crítico do milho e produção de


grãos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.39, n.9, p. 831-839, set. 2004. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/pab/a/rkfY676L3qKKHBZCLySRDYR/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Abr. 2021.

BRUNINI, O. et al. Riscos climáticos para a cultura de milho no estado de São Paulo. Revista
Brasileira de Agrometeorologia, Passo Fundo, v.9, n.3, (Nº Especial: Zoneamento Agrícola),
p. 519-526, 2001. Disponível em: http://sbagro.org/files/biblioteca/1489.pdf. Acessado em:
Abr. 2021.

DOURADO NETO, D.; FANCELLI, A. L. Produção de feijão. Guaíba: Agropecuária, 2000,


p. 385.

FIGUEIREDO, M. G. et al. Lâmina ótima de irrigação para o feijoeiro considerando


restrição de terra e aversão ao risco. Maringá, v. 29, supl., p. 593- 598, 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/asagr/a/58HXJsQpDQjqqg5nFzkxycG/abstract/?lang=pt. Acessado
em: Abr. 2021.

FRANKE, A. E. Necessidade de irrigação suplementar em soja nas condições edafoclimáticas


do Planalto Médio e Missões, RS. Pesq. Agropec. Bras. Vol.35 n.8 Brasília, Agosto. 2000.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/pab/a/n4ctCk9TxLG7SCb6dScYSjr/abstract/?lang=pt.
Acessado em: Abr. 2021.

GUIMARÃES, C. M.; STONE, L. F.; BRUNINI, O. Adaptação do feijoeiro (Phaseolus


vulgaris L.) à seca. II. Produtividade e componentes agronômicos. Pesq. Agropec. Bras. v.31,
n.7, p. 481-488, 1996. Disponível em:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 168


Contemporâneos, Volume 1.
https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/nnDQYjZpGMxxNRDfjxR3vHK/?lang=pt Acessado em: Fev.
2021.

GUIMARÃES, J. M.; LOPES, I. Análise da precipitação do município de Cruz das Almas


através da técnica de Quantis. In: Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem. São
Cristovão-XXV. Anais...São Cristovão: 2015. Pag. 62-66. Disponível em:
https://docplayer.com.br/81203793-Analise-da-precipitacao-do-municipio-de-cruz-das-almas-
atraves-da-tecnica-de-quantis-m-j-m-guimaraes-1-i-lopes-2.html. Acessado em: Fev. 2021.

HEINEMANN, A. B.; STONE, L. F.; SILVA, S. C. Feijão. In: MONTEIRO, J. E.


Agrometeorologia dos cultivos: o fator meteorológico na produção agrícola. INMET,
Brasília, p. 182-201, 2009.

KOSTOPOULO, E.; JONES, P. D. 2005. Assesment of climate extremes in the Eastern


Mediterrenean. Meteorology and Atmospheric Physics, v. 89, Londrina: Embrapa Soja, 2007.
Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s00703-005-0122-2. Acessado em:
Fev. 2021.

MASSAGLI, G. O.; VICTORIA, D. C.; ANDRADE, R. G. Comparação entre precipitação


medidads em estações pluviométricas e estimada pelo satélite TRMM. In: 5º Congresso
Interinstitucional de Iniciação Científica. Campinas, SP. 2011. Pag. 1-8. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/53060/1/RE11507.pdf. Acessado em:
Fev. 2021.

MASSOQUIM, N. G.; AZEVEDO, T. R. Interferência de fenômenos climáticos em culturas


temporárias na microrregião de campo mourão. GEOMAE, Campo Mourão, v.1, n.1, p. 13-28,
2010. Disponível em: https://periodicos.unespar.edu.br/index.php/geomae/article/view/5750.
Acessado em: Fev. 2021.

MEDEIROS, R. D. et al. Efeitos da compactação do solo e do manejo da água sobre os


componentes de produção e a produtividade de arroz. Ciência e Agrotecnologia. Vol.29 n.5,
Lavras, Set/Out 2005. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/cagro/a/jwrKD7gnDdPFMGWjbvhtDzR/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Fev. 2021.

SANTOS, F. A. dos.; AQUINO, C. M. S. de. Análise da precipitação pluviométrica no


município de Castelo do Piauí, Nordeste do Brasil. GEOUSP Espaço e Tempo, São Paulo,
v.21, n.2, p. 619- 633, 2017. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/geousp/article/view/123154. Acessado em: Fev. 2021.

SANTOS, P. P. et al. Precipitação cidade de Salvador:Variabilidade temporal e classificação


em quantis. Revista Brasileira de Meteorologia, v.31, n.4, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbmet/a/mGXD3Vw9vdhtxM3QnhHQBLh/abstract/?lang=pt.
Acessado em: Fev. 2021.

SILVA, E. L. Suscetibilidade do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) cv. goiano precoce a


inundações temporárias do sistema radicular em diferentes fases do seu ciclo vegetativo.
1982. Tese – ESALQ, Piracicaba – SP. p. 76.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 169


Contemporâneos, Volume 1.
SILVA, G. B.; BOTELHO, M. I. V. O processo histórico da modernidade da agricultura no
Brasil (1960-1979). Campo-território, v. 9, n. 17. 2014. Disponível em:
https://seer.ufu.br/index.php/campoterritorio/article/view/23084. Acessado em: Fev. 2021.

SILVA, S. C. da. et al. Caracterização do risco climático para a cultura do arroz de terras
altas no Estado de Mato Grosso. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF, 1997. p. 72 (EMBRAPA-
CNPAF. Documentos, 76).

SILVA, V. P. R. et al. Análise da pluviometria e dias chuvosos na região Nordeste do Brasil.


Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, vol.15, n.2, p. 131-138, 2011.
Disponível https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/ryWxrp97zJyjVKJ4ySyhq9d/?format=pdf.
Acessado em: Mai. 2021.

STONE, L. F. Produtividade e utilização do nitrogênio pelo arroz (Oryza sativa L.): efeito
de deficiência hídrica, cultivares e vermiculita. 1982. p. 200 Tese (Doutorado em Nutrição
de Plantas) - Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz,
Piracicaba, 1982.

THEISEN, G. et al. Manejo da Cultura da Soja em Terras Baixas em Safras com El-Niño.
Embrapa Clima Temperado/Circular Técnica 82 ISSN 1981- 5999. Pelotas/RS Dezembro de
2009. Disponível https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/746647/manejo-
da-cultura-da-soja-em-terras-baixas-em-safras-com-el-nino. Acessado em: Mai. 2021.

TOCANTINS. Sistema Estadual de Planejamento e Meio Ambiente. Tocantins em dados.


Palmas, TO, 2008. p. 41.

TUNDISI, J. G.; SCHEUENSTUHL, M. C. B. Recursos hídricos no Brasil: problemas,


desafios e estratégias para o futuro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 2014.
p. 76 Disponível http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-5923.pdf. Acessado em: Mai. 2021.

WMO - World Meteorological Organization. Guide to Agricultural Meteorological


Practices. 2010 Edition. n. 134, 2010. Disponível em:
http://www.wmo.int/pages/prog/wcp/agm/gamp/documents/WMO_No134_en.pdf. Acessado
em: Mar. 2015.

XAVIER, T. M. B. S.; XAVIER, A. F. S. Classificação e monitoração de períodos secos ou


chuvosos e cálculo de índices pluviométricos para a região Nordeste do Brasil, Revista
Brasileira de Engenharia -Caderno de Recursos Hídricos, v. 5, n. 2, p. 7-31, 1987.
Disponível em: http http://www.sbagro.org/files/biblioteca/393.pdf. Acessado em: Mai. 2021.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 170


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312414300

CAPÍTULO 14
PRECIPITAÇÃO, TEMPERATURA DO AR E UMIDADE RELATIVA NA
PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS NO ESTADO DO MARANHÃO

Brenno Lawdropy Dedes Guimaraes


Francisco de Assis Gomes Junior
Ariadna Faria Vieira
Clarice Sousa Moura

RESUMO
O clima é o regulador do ambiente, sendo que todo o planeta está sujeito as mudanças do tempo, clima e suas
consequências. O ser humano produz seu alimento de grande parte da agricultura de sequeiro e neste tipo de
produção os agricultores esperam a janela de precipitação da região. Para produzir sem o uso da irrigação, os
produtores ficam dependentes de bons anos de precipitação, temperatura do ar e umidade relativa para ter uma boa
produção anual. As principais culturas de sequeiro produzidas na região do estado do Maranhão é arroz, feijão,
milho e soja. Dessa forma o referido trabalho teve como objetivo coletar, identificar e discutir os valores normais
e extremos da precipitação, temperatura média do ar e umidade relativa no estado Maranhão, sua variabilidade
temporal e espacial, buscando sua relação com a produtividade das culturas. Foram utilizados dados mensais de
precipitação, temperatura média do ar condensada e umidade relativa de 3 estações meteorológicas convencionais
gerenciadas pelo INMET no estado do Maranhão: Bacabal, Balsas e Barra do Corda. Os diferentes regimes
pluviométricos, temperatura média e umidade relativa foram comparados com dados de produtividade média das
principais culturas cultivadas em sequeiro de cada região (Milho, Soja, Arroz e Feijão). Diante das variáveis
estudadas verificou-se que a dependência do clima foi diminuindo, possivelmente devido à melhoria nas técnicas
de manejo e melhoramento genético. No entanto ainda há influência das irregularidades climáticas na
produtividade das culturas de sequeiro.

PALAVRAS-CHAVE: Clima; Culturas de sequeiro; Produtividade média; Série histórica.

1. INTRODUÇÃO

O efeito estufa é um fenômeno considerado natural e por sua vez favorece a vida no
planeta terra tem sido acelerado ao longo dos anos. Dessa forma, impactos negativos têm sido
registrados pelas estações de monitoramento ao longo do planeta. Tais mudanças implicam
diretamente na intitulada e amplamente discutidas mudanças climáticas e aquecimento global
(JACOBI et al., 2011). Nesse contexto ocorrerão mudanças globais em função do aumento da
concentração de gases do efeito estufa. Tais gases como o gás carbônico (co2), metano (CH4),
oxido nitroso N2o) e o próprio vapor de água (H2o) estão intimamente associados a esses
fenômenos.

A precipitação pluviométrica, bem como sua falta ou excesso está diretamente


relacionada com os diferentes fenômenos meteorológicos pertencentes a diferentes escalas
temporais e espaciais. Essas irregularidades climáticas podem não estar diretamente ligadas a
excessos ou ausências de determinados elementos meteorológicos e sim em função da
distribuição temporal (RIBEIRO et al., 2014).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 171


Contemporâneos, Volume 1.
No contexto desse padrão climático em mudança, a temperatura do ar é uma das
variáveis atmosféricas mais utilizadas no desenvolvimento de estudos sobre o impacto das
mudanças na metrologia e nos processos hidrológicos no meio ambiente (VAZ, 2010). A
temperatura é um dos elementos meteorológicos mais importantes porque transforma o estado
energético e dinâmico da atmosfera e revela a circulação atmosférica, podendo facilitar e/ou
impedir fenômenos atmosféricos (DANTAS et al., 2000). Diante disso esse trabalho teve como
objetivo coletar, identificar e discutir os valores normais e extremos da precipitação,
temperatura média do ar e umidade relativa no estado Maranhão, sua variabilidade temporal e
espacial, buscando sua relação com a produtividade das culturas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi realizado na Universidade Estadual do Piauí, campus Cerrados do Alto


Parnaíba em Uruçuí (07° 13’ 46’’S, 44° 33’ 22’’W, 167 m). Os dados de precipitação utilizados
na pesquisa foram obtidos através da plataforma BDMEP -Banco de Dados Meteorológicos
para Ensino e Pesquisa, gerenciada pelo Instituto Nacional de Meteorologia.

Foram utilizados dados mensais de precipitação, temperatura média condensada e


umidade relativa de 3 estações meteorológicas convencionais gerenciadas pelo INMET no
estado do Maranhão: Bacabal, Balsas e Barra do Corda. Após a coleta dos dados foi realizada
uma filtragem, onde o critério de utilização foi a quantidade de observações para cada
localidade. Com base nesse critério, foi processado apenas os dados das estações que
apresentavam mais de 30 anos de observações, conforme recomendação da Organização
Meteorológica Mundial (WMO, 1989), a qual relata que são necessários pelo menos 30 anos
de dados climáticos para que se tenha maior confiabilidade na caracterização climática de uma
localidade (BLAIN; BRUNINI, 2007).

Os diferentes regimes pluviométricos, temperatura média e umidade relativa foram


comparados com dados de produtividade média das principais culturas cultivadas em sequeiro
de cada região (Milho, Soja, Arroz e Feijão), sendo essas culturas as mais representativas, em
se tratando de área plantada e retorno econômico. A variável referente à produtividade média
foi calculada a partir da razão entre a quantidade colhida (quilograma, kg) e a área colhida
(hectares, ha), portanto, são expressas em kg ha-1.

Os dados de produtividade agrícola foram obtidos através do Sistema IBGE de


Recuperação Automática-SIDRA, plataforma PAM -Produção Agrícola Municipal

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 172


Contemporâneos, Volume 1.
(www.sidra.ibge.gov.br), a qual dispõe de dados históricos referentes à produção agrícola de
todo o território brasileiro.

Como parâmetro de avaliação para verificar a influência da precipitação, temperatura


média e umidade relativa no cultivo em sistema sequeiro foram verificados aumentos e/ou
reduções da produtividade média em função da classificação pluviométrica do ano, obtida
através da classificação climática (precipitação, temperatura média e umidade relativa), a qual
classificará os anos agrícolas como muito seco, seco, normal, chuvoso e muito chuvoso.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No ano de 1992, a precipitação média no município de Bacabal foi próxima a 1.172 mm


ano-1 (Figura 1). Em 1999 o referido município apresentou as melhores médias de precipitação,
atingindo cerca de 2.115 mm ano-1. O ano de 2001 atingiu uma das melhores medias já
registrados com precipitação acima de 1.800 mm ano-1. O ano de 2006 teve uma precipitação
média de 1.200 mm ano-1. O ano de 2011 teve bons índices de precipitação, alcançando uma
média anual acima dos 2.000 mm ano-1.

Figura 1: Precipitação no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

A figura 2 evidencia que no ano 1992 a taxa média de temperatura foi em média de 28
°C. O ano de 1999 tiveram índices de temperatura ainda menores que o ano de 1992, com média
de 27 °C. O ano de 2001 teve uma temperatura média, com 27°C. A média de temperatura no
ano de 2009 fechou com 27 °C. O ano de 2011 teve uma média mais alta, acima dos 28 °C
(Figura 2).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 173


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 2: Temperatura do ar no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

Em Bacabal, não foram constatados dados de umidade no ano de 1992 (Figura 3). Já,
para o ano de 1999, os índices médios foram de cerca de 77 % de umidade. A umidade do ano
de 2001 teve uma média melhor em comparação aos anos anteriores, com 78 % de umidade. O
ano de 2006 teve uma umidade média em relação aos anos anteriores, com média de 76 % de
umidade e no ano de 2011 a umidade média concentrou em torno de 76%.

Figura 3: Umidade relativa do ar, no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

A figura 4 mostrou que na cidade de Bacabal, no ano de 1992, a produtividade de arroz


foi abaixo do esperado para a cultura, não chegando aos 500 kg ha-1 na safra. Com relação ao
ano de 2002, a produtividade foi superior aos anos anteriores, ultrapassando os 2000 kg ha-1. O
ano de 2016 alcançou a menor média de produtividade em todos os anos considerados, com
média abaixo 500 kg ha-1 de arroz.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 174


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 4: Produtividade do arroz, no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: autoria própria (2022).

O ano de 2011 teve uma produtividade regular, não atingindo os 1500 kg ha-1. A
produtividade média de feijão o ano de 1992 foi muito baixo, uma das mais baixas já
registradas. A produtividade ficou estagnada nos 200 kg ha-1de feijão produzido. No ano de
1999 teve uma melhor produtividade em comparação ao ano de 1992 e em 1999 ficou acima
dos 400 kg ha-1. O ano de 2001 teve uma excelente produtividade, cerca de 700 kg ha-1.

O ano de 2006 também teve uma excelente produtividade, um pouco melhor que o ano
de 2001, ficando próximos dos 800 kg ha-1. 2011 foi um ano de excelente produtividade de
feijão, ultrapassou a marca de mais de 900 kg ha-1 de produtividade, tendo melhor índice de
produtividade registrado. O ano de 1992 registrou na cidade de Bacabal uma produtividade
bastante baixa, não ultrapassando os 300 kg ha-1 de produtividade. O ano de 1999 foi mais
expressivo, chegando próximo à casa de 600 kg ha-1. O ano de 2001 teve um salto de
produtividade muito significativo, neste ano a produção chegou próxima aos 900 kg ha-1. O ano
de 2006 teve uma produção bastante expressiva, chegando à produtividade de 1500 kg ha-1. O
ano de 2011 teve uma boa produção, sendo uma produção expressiva, atingindo cerca de 1000
kg ha-1 (Figura 5).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 175


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 5: Produtividade de feijão, no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

A produtividade média de milho no ano de 1992 foi muito baixo, uma das mais baixas
já registradas. A produtividade ficou próxima aos 270 kg ha-1de milho produzido. No ano de
1999 teve uma melhor produtividade em comparação ao ano de 1992 em torno de 574 kg ha-1.
O ano de 2001 apresentou uma excelente produtividade, cerca de 948 kg ha-1. O ano de 2006,
2007 e 2008 também apresentaram excelentes produtividades, cerca de 1500 kg ha-1. A partir
de 2011, até os dias atuais a produtividade de milho no município de Bacabal apresentou
produtividade média acima de 1000 kg ha-1 (Figura 6).

Figura 6: Produtividade de milho, no município de Bacabal nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

As culturas de sequeiro são muito dependentes do clima e sofrem com as variações


climáticas constantes, quando o ano apresenta bons índices de temperatura, umidade e
precipitação. Quando essa influência é positiva no desenvolvimento das culturas a tendência é
que a produtividade seja boa, dois bons exemplos positivos são os anos 2001 e 2006 na cidade
de Bacabal, esses anos apresentaram boa precipitação e consequente a produtividade de arroz,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 176


Contemporâneos, Volume 1.
feijão foram muito boas, negativamente ficou evidente o ano de 1992, que apresentou baixa
lamina d’água influenciando uma produtividade negativa tanto de arroz, feijão e milho.

O ano de 1992 na cidade de Balsas ficou caracterizado pelo bom índice de precipitação,
tendo bom volume de chuvas durante o ano, ultrapassando a marca de 1088 mm ano-1. O ano
de 1998 apresentou índice baixo de precipitação, sendo um dos piores anos de precipitação
registrada, chegando próximo de 722 mm ano-1. No entanto o ano de 2004 apresentou ótimos
índices de precipitação. Foi um ano atípico, com uma alta taxa de, ultrapassando os 1.400 mm
ano-1 (Figura 7).

Figura 7: Precipitação no município de Balsa nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 1992 apresentou temperatura amena, não sendo um ano com uma média de
temperatura muito alta, com uma média de 26 °C. O ano de 1998 já foi um ano um pouco mais
quente, chegando próximo dos 27°C. No ano de 2004 a temperatura foi um pouco mais elevada,
cerca de 27 °C. O ano de 2013 seguiu a mesma tendência de 2004, chegando a uma média de
27 °C. O ano de 2018 temperaturas mais elevadas que 2004 e 2013, chegando próximo a marca
dos 28 °C (Figura 8). Na região do polo turístico a estimativa das temperaturas máximas,
mínimas, médias mensais e anuais, pode ser realizada utilizando-se apenas a altitude, em vista
das pequenas alterações de latitude e longitude (BALDIN et al., 2010).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 177


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 8: Temperatura do ar no município de Balsas nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

Quando analisado a umidade relativa o ano de 1992 apresentou índices de umidade


muito baixa, fechando numa média de 66 %. O ano de 1998 foi um pouco parecido ao ano de
1992, mas com taxas de umidade um pouco mais baixas, e não alcançando a casa dos 66 %. O
ano de 2004 foi um bom ano de umidade relativa do ar, chegando a ultrapassar a casa dos 68
%. O ano de 2013 apresentou uma umidade com bom índice, alcançando cerca de 70 %. Em
2018 média anual de umidade relativa foi muito baixa, cerca de 58 % (Figura 9).

Figura 9: Umidade relativa no município de Balsas nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano, de 1992 foi um ano de produtividade muito baixa de arroz na cidade de Balsas,
alcançando no máximo 300 kg ha-1. O ano de 1998 não seguiu a mesma tendência do ano de
1992, foi um ano de excelente produtividade, chegando a ultrapassar a marca de 2100 kg ha-1.
O ano de 2004 apresentou produtividade mais baixa em comparação ao ano de 1998, atingindo

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 178


Contemporâneos, Volume 1.
aproximadamente os 1800 kg ha-1. No ano de 2013 a produtividade foi melhor em relação ao
ano de 2004, chegando próximo aos 2000 kg ha-1 9 (Figura 10).

Figura 10: Produtividade do arroz, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 2018 foi marcado por uma produtividade alta na cidade de Balsas, sendo um
ano de recorde, ultrapassando os 2700 kg ha-1. O ano de 1992 apresentou produtividade muito
baixa de feijão, cerca de 250 kg ha-1. A produtividade de feijão no ano de 1998 foi muito baixa,
praticamente irrisória, próxima à zero. O ano de 2004 a produtividade ficou em torno de 500
kg ha-1. Em 2013 houve um salto produtivo quando comparado a alguns anos anteriores,
chegando a produzir cerca de 1000 kg ha-1. 2018 atingiu produtividade média de feijão, acima
dos 600 kg ha-1 (Figura 11).

Figura 11: Produtividade do feijão, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 179


Contemporâneos, Volume 1.
O ano de 1992 teve uma queda da produção de milho em relação ao ano anterior, o ano
de 1992 teve uma produtividade muito baixa, ficando próximo dos 500 kg ha-1. O ano de 1998
houve aumento de produtividade considerável em relação ao ano de 1992, chegando à produção
próxima aos 1700 kg ha-1. O ano de 2004 a produtividade chegou próximo aos 5000 kg ha-1.
2013 apresentou boa produtividade, muito parecida com a produtividade de 2004. 2018 atingiu
uma produtividade média, próxima aos 3690 kg ha-1 (Figura 12). Quando analisado a cultura
da soja o ano de 1992 apresentou produtividade média a boa, chegando a produzir
aproximadamente 1200 kg ha-1.

Figura 12: Produtividade do milho, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 1998 apresentou produtividade de soja, próxima aos 1950 kg ha-1. No ano de
2004 houve ótima produtividade, cerca de 2700 kg ha-1 de soja. No ano de 2013 a produtividade
foi um pouco menor que o ano anterior, chegando próximo aos 2800 kg ha-1. O ano de 2018
apresentou produtividade excelente, cerca de 2900 kg ha-1 uma das maiores produtividades da
série histórica (Figura 13).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 180


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 13: Produtividade da soja, no município de Balsas nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

Durante os 30 anos analisados na série histórica a cidade de Balsas sempre apresentou


variações em seu clima, apesar da cidade ser um polo agrícola do Maranhão, e grandes empresas
voltadas para a agricultura e apresentarem constantemente novas tecnologias para as culturas
serem cada vez menos dependentes do clima e se adaptarem melhor as variações climáticas, as
culturas de sequeiro são extremamente dependentes do clima. Um bom exemplo que as culturas
estão se adaptando as variações climáticas é o ano de 2018, que apresentou umidade relativa
média de somente 58%, mas as culturas tiveram boas produtividades. O arroz atingiu safra
recorde, o milho e soja uma produtividade muito boa, mostrando que além da adversidade
climáticas as novas tecnologias conseguem mostrar seu potencial maximizando a produtividade
em algumas situações extremas.

O ano de 1991 apresentou índices medianos de precipitação na cidade de Barra do


Corda, chegando a ultrapassar a pouco mais de 800 mm ano-1 de lamina d’água. O ano de 1993
atingiu bons índices de precipitação, acima dos 1.000 mm ano-1 de precipitação. 2000 a média
de precipitação foi acima dos 1.400 mm ano-1. O ano de 2004 apresentou índice de precipitação
excelente um dos melhores índices registrados, tendo resultado acima dos 1.400 mm ano-1. O
ano de 2016 atingiu cerca de 800 mm ano-1 (Figura 14).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 181


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 14: Precipitação no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

Em 1991 a temperatura foi amena, em média de 26 °C. O ano de 1993 apresentou


temperatura média próxima ao ano de 1991, chegando próximo dos 26 °C. 2000 em torno de
25 °C. O ano de 2004 apresentou temperaturas um pouco maiores em relação ao ano de 2000,
cerca de 27 °C (Figura 15).

Figura 15: Temperatura do ar no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 2016 foi um ano um pouco mais quente, fechando a média na casa dos 28 °C.
O ano de 1991 apresentou boa taxa de umidade, em torno 75 %. O ano de 1993 apresentou
diminuição na umidade relativa, quando comparado aos anos anteriores 72 %. O ano de 2000
foi um ano bom de umidade relativa, próximo aos 80 %. 2004 a taxa média de umidade relativa,
ficou próxima dos 75 %. Em 2016 a umidade relativa foi baixa, bem menor que o ano anterior,
aproximadamente 68 % (Figura 16).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 182


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 16: Umidade relativa no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2021.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 1991 apresentou boa produtividade de arroz na cidade de Barra do Corda,


valores próximos a 1500 kg ha-1. Em 1993 a produtividade foi muito baixa, quase que irrisória
não passando dos 170 kg ha-1 produzidos. 2000 atingiu excelente produtividade, uma das
maiores já registradas no município, chegando a produzir 1800 kg ha-1 de arroz. O ano de 2004
seguiu um crescente junto com os anos anteriores, neste ano, próximo aos 1500 kg ha-1. O ano
de 2016 apresentou uma produtividade muito baixa, produzindo muito próximo ao ano de 1993
(Figura 17).

Figura 17: Produtividade do arroz, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

O ano de 1991 apresentou produtividade de feijão próxima a 500 kg ha-1. Em 1993


houve produtividade muito baixa, em comparação a produtividade do ano de 1991, em 130 kg
ha-1. Entretanto no ano 2000 a produtividade foi excelente, 560 kg ha-1de feijão. O ano de 2004
teve um crescimento na produtividade em relação ao ano anterior. O ano de 2016 teve uma

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 183


Contemporâneos, Volume 1.
produtividade média, mas não conseguiu acompanhar as boas produtividades dos anos
anteriores e decresceu, cerca de 330 kg ha-1 (Figura 18).

Figura 18: Produtividade do feijão, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

Quando analisado a cultura do milho o ano de 1991 atingiu boa produtividade, cerca de
700 kg ha-1. O ano de 1993 apresentou uma péssima produtividade de milho, muito abaixo aos
demais anos, tendo o pior índice de produtividade registrado. O ano de 2000 apresentou boa
produtividade, chegando próximo dos 700 kg ha-1produzidos. O ano de 2004 apresentou uma
excelente produtividade de milho, o ano acompanhou o crescimento da produtividade dos anos
anteriores e se manteve instável, produzindo em torno de 1100 kg ha-1 de milho. O ano de 2016
foi um fracasso em produtividade de milho, ficando em torno de 500 kg ha-1de milho produzido
(Figura 19).

Figura 19: Produtividade do Milho, no município de Barra do Corda nos anos de 1990 a 2020.

Fonte: Autoria própria (2022).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 184


Contemporâneos, Volume 1.
A cidade de Barra do Corda vem crescendo no cenário estadual em relação a agricultura
com grandes culturas, assim como em outras cidades do estado apresenta variações climáticas
em diferentes anos, essas variações interferem no desenvolvimento das plantas em cultivo. Os
anos de 1993 e 2016 tiveram destaque negativo em produção nas culturas de arroz, feijão e
milho, essa baixa produtividade passa muito pelo clima, em 1993 que apresentou lamina d’água
de 1000 mm ano-1. Em 2016 a precipitação de 810 mm ano-1, considerada baixa atrapalha a
fisiologia da planta, no que se refere as reações bioquímicas. Positivamente o ano de 2000 teve
boa produtividade com as culturas de arroz, feijão e milho, o ano de 2000 teve uma boa
influência do clima, apresentou uma boa precipitação com mais de 1400 mm ano-1 e uma
umidade acima dos 80%.

4. CONCLUSÃO

Diante das variáveis estudadas verificou-se que a dependência do clima foi diminuindo,
possivelmente devido à melhoria nas técnicas de manejo e melhoramento genético. No entanto
ainda há influência das irregularidades climáticas na produtividade das culturas de sequeiro.

REFERÊNCIAS

BALDIN, L. et al. Estimativa das temperaturas máximas e mínimas do ar para a região do


Circuito das Frutas. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina
Grande, v.14, n.6, p. 618-624.2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/5GTcc9Kgqm59HRbbwXHktFx/?format=pdf&lang=pt.
Acessado em: Fev. 2021.

JACOBI, P. R. et al. Mudanças climáticas globais: a resposta da educação. Revista Brasileira


de Educação, v.16, n.46, p. 135-278,2011. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbedu/a/NpT7tTmr66dmNprkstjvspG/abstract/?lang=pt#:~:text=Clima
te%20changes%3A%20the%20response%20of%20education&text=Entende%2Dse%20que%
20o%20maior,sobre%20clima%20e%20mudan%C3%A7as%20globais. Acessado em: Fev.
2021.

MELLO, C. R. de.; SILVA. A. M. da. Modelagem estatística da precipitação mensal e anual e


no período seco para o estado de Minas Gerais. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, v. 13, p. 68-74, 2009. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/dcb9xn9SVzKyN4VjgNLm97z/?lang=pt. Acessado em: Fev.
2021.

PELLEGRINO, G. Q.; ASSAD, E. D.; MARIN, F. R. Mudanças climáticas globais e a


agricultura no Brasil. Revista Multiciência, v.1, n.8, p. 139-162, 2007. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbeaa/a/dcb9xn9SVzKyN4VjgNLm97z/?lang=pt. Acessado em: Mai.
2021.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 185


Contemporâneos, Volume 1.
RIBEIRO, E. P. et al. Análise da tendência nas séries temporais de temperatura e precipitação
de Tucuruí-Pará. Revista Brasileira de Geografia Física, Campina Grande, v.07, n. 05, p. 798-
807. 2014. Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/rbgfe/article/viewFile/233341/27113. Acessado em: Fev.
2021.

VAZ, D. S. Breves considerações sobre alterações climáticas, riscos ambientais e problemas de


saúde/brief observations on climate change, environmental risks and health problems. Hygeia-
Revista Brasileira de Geografia Médica e da Saúde, v. 6, n. 10, 2010. Disponível em:
https://oasisbr.ibict.br/vufind/Record/UFU-7_30382a9812dc2c80bcba7d386b53ac68.
Acessado em: Fev. 2021.

VIANELLO, R. L.; ALVES, A. R. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: UFV


Imprensa Universitária, 2000.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 186


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312515300

CAPÍTULO 15
ESTRATÉGIAS PARA SUPERAÇÃO DE DESAFIOS PARA INOVAÇÃO DO
PORTFÓLIO TEMÁTICO DE UMA EMPRESA PÚBLICA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA

Ricardo Borghesi
Leandro Kanamaru Franco de Lima
Alexandre Barreto de Almeida

RESUMO
O cenário de limitação de recursos e de cobrança da sociedade por resultados, exige a adoção de processos
eficientes de priorização e planejamento estratégico pelas organizações para otimizar a alocação de recursos, a
tomada de decisão e a capacidade para responder aos desafios. Este trabalho teve como objetivo o uso de
ferramentas de gestão para priorizar e subsidiar estratégias para superação dos desafios para inovação (DI) do
Portfólio temático de uma empresa pública de pesquisa agropecuária. Para atender a esse objetivo, foram utilizadas
três ferramentas: priorização (ranqueamento) por dot voting junto aos stakeholders internos; avaliação por scoring
model da capacidade de resposta aos DI’s e uma matriz Boston Consulting Group (BCG), utilizada como matriz
de priorização, considerando a atratividade e a competitividade. Os DI´s priorizados para as cadeias de bovinos e
de caprinos e ovinos, independente da ordem, foram iguais. Porém, diferiram daqueles priorizados para suínos e
aves. Na avaliação pelo scoring model o critério Recursos financeiros foi o ponto fraco observado para todos os
DI’s. Na matriz BCG, dois DI’s ficaram alocados no quadrante em questionamento e, portanto, recursos e
estratégias devem ser direcionados para que esses DI’s aumentem sua competitividade e migrem para o quadrante
estrela. Por fim, foi possível afirmar que o conjunto das ferramentas utilizadas, forneceu subsídios para tomada de
decisão quanto aos desafios a serem priorizados e para definição de estratégias para aumento da competitividade
e superação desses desafios.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão; Setor Público; Pontos Fracos; Ranqueamento; Carne.

1. INTRODUÇÃO

Com participação no Produto Interno Bruto (PIB) total brasileiro, estimado em torno de
30% em 2021 (CEPEA, 2021), é inegável a importância do agronegócio para a economia
nacional. Setor de destaque e relevância dentre aqueles do agronegócio, o setor nacional de
carnes tem, de acordo com o documento intitulado “Projeções do Agronegócio - Brasil 2019/20
a 2029/2030” publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), produção estimada em 28,2 milhões
de toneladas em 2019/20 e projeção de produzir 34,9 milhões de toneladas ao final da próxima
década (MAPA, 2020). Esses números fazem do Brasil o terceiro maior produtor mundial de
carnes, atrás apenas de China e Estados Unidos (VIEIRA et al., 2021).

Para que se mantenha em uma posição de destaque no cenário mundial, como produtor
e exportador de carne, é importante compreender as mudanças que tem ocorrido em diversos
aspectos, nos diferentes elos e nas diferentes cadeias que compõem o setor de carnes
(FERREIRA; VIEIRA FILHO, 2019). As mudanças e evoluções do mercado, por exemplo, têm

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 187


Contemporâneos, Volume 1.
se ajustado não só ao aumento de renda e da população, que leva ao aumento da demanda, mas
também à redução do consumo motivado por fatores culturais, ambientais, de saúde humana,
religiosos e ligados ao bem-estar animal (FEDDERN et al., 2020) e do trabalhador. Além disso,
é imprescindível identificar os principais problemas que atrapalham ou podem vir atrapalhar o
crescimento do setor.

Para cumprir sua missão e entregar valor à sociedade, a Embrapa, sempre antenada às
mudanças nos cenários nacional e mundial, implementou em 2018, um novo modelo de
inovação e gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PDI), o Macroprocesso de
Inovação (MPI). O MPI é organizado em seis grandes etapas: (1) Inteligência Estratégica e
Planejamento; (2) Pesquisa; (3) Desenvolvimento e Validação; (4) Transferência de
Tecnologia; (5) Monitoramento da Adoção e (6) Avaliação de Impactos (EMBRAPA, 2018,
n.p.). É na primeira etapa, Inteligência Estratégica e Planejamento, que está contemplada a fase
de prospecção de demandas para PDeI. Nessa fase, são considerados diversos aspectos, como:
a visão de futuro da Empresa, as tendências de mercado, as diretrizes governamentais e as
oportunidades identificadas pelos pesquisadores, técnicos, gestores e demais stakeholders da
empresa.

A identificação dos desafios para inovação, que são problemas e oportunidades do setor
produtivo mapeados e priorizados pelos Comitês Gestores dos Portfólios (CGPorts), acontece
na etapa de Inteligência Estratégica e Planejamento. São esses desafios, separados dentro de
Portfólios temáticos, que vão induzir e orientar a programação de PDeI, para que, por meio de
projetos de pesquisa, sejam geradas as Soluções de Inovação para os problemas identificados
na fase de prospecção de demandas.

Esse novo modelo de inovação e gestão de PDeI, vem também para atender à crescente
cobrança da sociedade para que as instituições públicas de pesquisa justifiquem e prestem
contas acerca dos resultados dos investimentos feitos em pesquisa (MENDES, 2009), uma vez
que grande parte desses investimentos vem do governo federal (SCHIMIDT; SILVA, 2018) e,
como se sabe, existe no país, todo um contexto econômico de escassez de recursos e cortes
orçamentários (CAMILO, 2019). Todo esse cenário de limitação de recursos exige a adoção de
processos eficientes de priorização e planejamento estratégico pelas organizações (CONTINI
et al., 1998; MAGALHÃES, 2008; SCHIMIDT; SILVA, 2018) para otimizar a alocação de
recursos, a tomada de decisão e a capacidade para responder aos desafios.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 188


Contemporâneos, Volume 1.
Este trabalho tem como objetivo o uso de ferramentas de gestão para priorizar e
subsidiar estratégias para superação dos desafios para inovação do Portfólio temático Carnes
de uma empresa pública de pesquisa agropecuária.

2. METODOLOGIA

A pesquisa realizada para priorização dos desafios para inovação do Portfólio temático
Carnes pode ser tipificada como quantitativa, uma vez que a metodologia utilizada procurou
coletar e quantificar os dados de amostras representativas de respondentes e, posteriormente,
realizar cálculos numéricos com os resultados obtidos (HORNEAUX JUNIOR et al., 2014) e
do tipo survey, pois foi aplicada a um grupo com, pelo menos, uma característica em comum,
pertencer à mesma empresa (FLYNN et al., 1990). Pesquisas do tipo survey são bastante
utilizadas por serem de fácil explicação e entendimento (SAUNDERS et al., 2007).

O questionário foi submetido a stakeholders internos que tiveram ou ainda possuem


participação em projetos de pesquisas ou ações ligadas ao Portfólio Carnes, justificando assim,
a escolha do universo de pesquisa. Outra justificativa quanto à escolha da aplicação do
questionário aos stakeholders internos deve-se ao fato de evitar retrabalho ou duplicação de
esforços, uma vez que no futuro, a empresa pública de pesquisa agropecuária, de maneira
institucional, consultará stakeholders externos para pesquisa de priorização, com formulário
semelhante ao aplicado nesta pesquisa.

A relação dos especialistas com contribuição em projetos ligados ao Portfólio Carnes


foi disponibilizada pelo seu CGPort. Como a amostragem foi do tipo intencional, ou seja,
atendeu a critérios determinados pelo autor (COOPER; SCHINDLER, 2003), foram
selecionados apenas pesquisadores e analistas, totalizando 254 nomes, sendo 175 pesquisadores
e 79 analistas.

Para consulta aos especialistas internos foi formulado um questionário do tipo dot
voting. O envio, por e-mail, dos convites para responder ao questionário e a coleta das respostas
foi realizada por meio do software LimeSurvey (ENGARD, 2009). É importante destacar que,
no início, o questionário continha os esclarecimentos iniciais sobre a pesquisa, incluindo o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e a opção de concordar ou não em
participar.

Foram realizadas questões sobre o perfil profissional, tais como cargo, produto(s) foco
da atuação, área(s) de atuação e unidade da federação em que atua. Importante destacar que
para essas questões, com exceção do cargo em que ocupa na empresa, os stakeholders tinham

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 189


Contemporâneos, Volume 1.
a possibilidade de indicar mais de um produto foco da atividade, unidade da federação em que
atua e área de atuação. Além das questões relacionadas ao perfil profissional, o questionamento
sobre a importância dos desafios para inovação elencados pelo Portfólio Carnes foi apresentado
da seguinte forma: “Considere que você possui nove moedas, todas de mesmo valor imaginário
($1), para investir em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Distribua as nove moedas como
tomador de decisão, priorizando a distribuição de moedas nos desafios de maior
interesse/importância. Para tal, você pode investir as moedas de diversas formas: uma moeda
em cada desafio (todos os desafios possuem a mesma prioridade); todas as moedas em apenas
um desafio (esse desafio reflete o seu principal problema); alguns desafios podem ficar sem
moeda (esses desafios não refletem problemas prioritários); quaisquer outras combinações de
distribuição das moedas ou nenhuma moeda investida (nenhum dos desafios é prioridade)”.
Também foi disponibilizado espaço aberto para que, caso o participante do questionário não
tenha alocado todas as moedas nos desafios apresentados como alternativa, sugerisse desafios
para inovação que julgasse importante para cadeia que representa.

O período de coleta de dados foi de 8 a 22 de setembro de 2021. Os dados coletados por


meio do LimeSurvey foram exportados para o formato de planilha Excel e, posteriormente,
analisados pela equipe deste trabalho.

Para avaliar a capacidade de resposta da empresa aos desafios para inovação elencados
pelo Portfólio Carnes foi utilizado um scoring model, proposto por uma das unidades da
empresa em estudo, para subsidiar a elaboração do Plano de Execução da Unidade (PEU).
Resumidamente, este PEU liga a estratégia da Empresa ao trabalho da Unidade, sendo, portanto,
compromissos que a Unidade assume e que estão ligados às metas e aos objetivos do VII Plano
Diretor da Embrapa (PDE). O scoring model proposto considerou seis dimensões para avaliação
da capacidade de resposta aos desafios para inovação: equipe disponível, infraestrutura,
recursos financeiros, know-how, parceiros-chave e resultados existentes (Tabela 1).

Tabela 1: Scoring model para avaliação da capacidade de resposta aos desafios de inovação do Portfólio Carnes.
Equipe disponível
1 – Sem equipe para atender ao DI;
2 – Equipe insuficiente e sem possibilidade de reforço;
3 – Equipe insuficiente para atender ao DI, a curto prazo;
4 – Equipe insuficiente, mas com possibilidade de reforço;
5 – Equipe disponível e adequada
Infraestrutura
1 – Sem qualquer infraestrutura;
2 – Necessita de grandes adequações em equipamentos e/ou infraestrutura;
3 – Necessita de poucos equipamentos e/ou infraestrutura;
4 – Necessidade por equipamentos e/ou infraestrutura pode ser suprida sem investimentos (parcerias já
consolidadas ou avançado estado de negociação);
5 – Infraestrutura plenamente adequada no ambiente interno

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 190


Contemporâneos, Volume 1.
Recursos financeiros
1 – Necessita de grande volume de recursos financeiros (> R$ 250 mil/ano);
2 – Necessidade média de recursos financeiros (R$ 50 a 249 mil/ano);
3 – Necessita de poucos recursos financeiros (< R$ 50 mil/ano);
4 – Já possui os recursos financeiros que necessita;
5 – Não necessita de recursos financeiros
“Know-how”
1 – Inexistente;
2 – Em construção;
3 – Parcial;
4 – Existente, mas carece de atualização;
5- Existente em sua completude (estado da arte)
Parceiros-chave
1 – Não há;
2 – Não há, mas já estão prospectados;
3 – Parceria em início de negociação;
4 – Parceria em processo de formalização;
5 – Parceria já formalizada ou não é necessária
Resultados
1 – Inexistentes;
2 – Existente, mas descontinuados;
3 – Existentes, mas em baixo grau de maturidade (TRL <5);
4 – Existente, em grau intermediário de maturidade (TRL 5 a 7);
5 – Existentes e prontos para adoção e/ou transferência (TRL 8 e 9)
Fonte: Embrapa (2020).

Com base no scoring model proposto, foi formulado um questionário, via Google
Forms, e enviado, por e-mail, aos oito membros que compõem o CGPort Carnes, uma vez que
estes Comitês Gestores dos Portfólios têm importante papel na governança e na gestão da
programação de projetos de PDeI da empresa, para que avaliassem as seis dimensões
consideradas no scoring model. O questionário para avaliação da capacidade de resposta
também continha os esclarecimentos iniciais sobre a pesquisa, incluindo o TCLE e a opção de
concordar ou não em participar.

O período de coleta de dados foi de 8 a 22 de setembro de 2021. Os dados coletados por


meio do Google Forms foram exportados para o formato de planilha Excel e, posteriormente,
analisados pela equipe deste trabalho.

Os resultados das análises pelos métodos dot voting e scoring model, os DI’s foram
distribuídos dentro de uma matriz Boston Cosulting Group (matriz de priorização)
(AMBROSIO; AMBROSIO, 2005) para análise dos mesmos, tendo como base uma avaliação
Atratividade (total de moedas depositadas por DI) x Competitividade (equipe disponível ×
infraestrutura × recursos financeiros × “know-how” × parceiros-chave × resultados existentes
por DI).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 191


Contemporâneos, Volume 1.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Apesar do método Analytical Hierarchy Process (AHP) ser considerado altamente


preciso, é uma técnica de difícil manuseio, não escalonável e demorada (CAGLIERO et al.,
2021; PERINI et al., 2009). Já o método dot voting é considerado uma técnica simples, fácil de
usar, rápida e precisa (JURISTO et al., 2013; LEFFINGWELL; WIDRIG, 2003).

Dos 254 nomes selecionados para envio do questionário de priorização (dot voting), 116
concordaram em participar, aceitando os termos estabelecidos no TCLE. Dentre esses, 96
responderam ao questionário de forma completa e 20 responderam de forma incompleta, ou
seja, começaram a responder, mas não finalizaram o preenchimento e envio do questionário,
sendo, portanto, desconsiderados na análise. A taxa de resposta foi igual a 37,8% (96 de 254
convidados a participar) e, embora não exista um consenso sobre a taxa ideal de resposta a
questionários, ficou acima da faixa relatada como sendo a esperada, entre 20 e 30% (CUNHA
et al., 2010). Com relação ao cargo, dos 96 respondentes, 70 eram pesquisadores e 26 eram
analistas, correspondendo a 73% e 27%, respectivamente.

Antes de apresentar os demais resultados é importante destacar que, como informado na


metodologia da pesquisa, com exceção da questão referente ao cargo em que ocupa na empresa,
para as demais relacionadas ao perfil profissional, os stakeholders tinham a possibilidade de
indicar mais de um produto foco da atividade, unidade da federação em que atua e área de
atuação.

A pesquisa indicou atuação dos pesquisadores e analistas consultados em todas as


Unidades da Federação (Gráfico 1), sendo que São Paulo foi o estado com maior atuação dos
stakeholders, seguido de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina com 23, 21 e 19 moedas
depositadas, respectivamente. Tal fato pode ser explicado, pois a empresa pública de pesquisa
na qual os respondentes estão vinculados, tem unidades e atuação em todas as regiões do Brasil.
Essa representatividade é um ponto positivo, uma vez que minimiza a tendência de priorizar
desafios para inovação que beneficiem apenas uma ou outra região. Além disso, há unidades
que possuem mandato nacional, ou seja, seus pesquisadores e analistas atuam, geralmente em
parceria com outra unidade, em todo território nacional para prover soluções de inovação.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 192


Contemporâneos, Volume 1.
Gráfico 1: Local de atuação dos stakeholders internos do Portfólio Carnes que responderam ao questionário da
pesquisa.
25

20
Moedas depositadas

15

10

0
BA
CE

RJ
RN
RS
RO
RR
ES
AC
AL
AP
AM

DF

GO
MA
MT
MS
MG

TO
PA
PB
PR
PE
PI

SC
SP
SE
Unidades da Federação

Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Dentre aqueles que responderam ao questionário, a maior participação foi daqueles que
atuavam na área de sistemas de produção, seguido por melhoramento genético e reprodução
animal com 34, 21 e 18 moedas depositadas, respectivamente (Gráfico 2). Em “outros”, as áreas
de atuação mais citadas foram sanidade e pastagens/forrageiras. Mas, de maneira geral, os perfis
de atuação nesse item foram bem diversificados, com registros na área de socioeconomia,
tecnologia de alimentos, comunicação, biotecnologia, inovação, entre outros.

Gráfico 2: Área de atuação dos stakeholders internos do Portfólio Carnes que responderam ao questionário da
pesquisa.

Outros 45

Sistema de produção 34
Área de atuação

Melhoramento genético 21

Reprodução animal 18

Nutrição animal 10

0 10 20 30 40 50
Moedas depositadas
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Quanto ao produto foco da atividade, “bovinos” foi o produto mais votado, seguido de
“caprinos e ovinos” e de “aves e suínos” com 87, 76 e 54 moedas depositadas, respectivamente
(Gráfico 3). Em “outros”, o produto foco mais citado foi “bubalinos”. Curiosamente, também
foi citado “peixes” que, apesar de não fazer parte do escopo do portfólio Carnes, pode estar
entre os produtos foco por stakeholders com área de atuação mais transversal, tal como,
tecnologia de alimentos.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 193


Contemporâneos, Volume 1.
Gráfico 3: Produto(s) foco(s) da atividade dos stakeholders internos do Portfólio Carnes que responderam ao
questionário.

Outros 15
Produtos foco da atividade

Aves e Suínos 54

Caprinos e Ovinos 76

Bovinos 87

0 20 40 60 80 100
Moedas depositadas
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Como resultado da consulta aos stakeholders internos, considerando todas as cadeias


produtivas em conjunto (bovinos, caprinos e ovinos e aves e suínos), na Tabela 2, está
apresentado o ranqueamento e o total de moedas alocadas em cada desafio para inovação do
Portfólio Carnes.

Tabela 2: Ranqueamento e total de moedas alocadas (dot voting) por desafio para inovação pelos stakeholders
internos do Portfólio Carnes.
Desafio para inovação Moedas depositadas Ranking
Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de
117 1
produção de bovinos, ovinos e caprinos.
Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos,
caprinos, bubalinos, suínos e aves produzidas em áreas marginais ou
101 2
em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste,
Norte e Nordeste.
Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos
98 3
sistemas de produção pecuários.
Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de
97 4
bovinos de corte, ovinos e caprinos.
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a
composição das dietas alimentares de sistemas de produção de suínos 92 5
e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos
dados genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, 77 6
suínos, aves, caprinos e ovinos.
Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes
56 7
e reprodutores de suínos e aves.
Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais
53 8
domésticos descartados da produção pecuária.
Minimizar os efeitos da sazonalidade e a baixa eficiência reprodutiva
de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, 52 9
Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Os três desafios para inovação que receberam o maior número de moedas, foram, em
ordem decrescente: “Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de
produção de bovinos, ovinos e caprinos”, “Aumentar a competitividade da carne de bovinos de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 194


Contemporâneos, Volume 1.
corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida em áreas marginais ou em sistemas
de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste” e “Reduzir e mitigar
as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas de produção pecuários”.

No Gráfico 4, pode ser observada a distribuição de moedas por desafio para inovação e
para cada cadeia produtiva. Ao serem comparadas as informações apresentadas na Tabela 2 e
no Gráfico 4, é possível verificar que os três desafios que receberam o maior número de moedas,
independente da ordem de classificação, foram os mesmo para as cadeias de bovinos e de
caprinos e ovinos. Isso pode ser reflexo do número de respondentes (163 no total) que têm como
produto foco de sua atividade a cadeia de “bovinos” e “caprinos e ovinos”. No entanto, quando
foi avaliado o quantitativo de moedas destinadas pelos stakeholders que têm como produto foco
de sua atividade “aves e suínos”, houve grande discrepância, uma vez que essa cadeia tem
organização e problemas diferentes àqueles apresentados pela cadeia de ruminantes (bovinos,
caprinos e ovinos).

Gráfico 4: Distribuição de moedas (dot voting) por desafio para inovação e por cadeia produtiva pelos
stakeholders internos do Portfólio Carnes.
120

100
Moedas depositadas

80

60

40

20

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Desafios para inovação

Aves e Suínos Caprinos e Ovinos Bovinos

Legenda: 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos e
caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e caprinos;
3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida
em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; 4 –
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas
de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da sazonalidade e a
baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes e
reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos.
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 195


Contemporâneos, Volume 1.
É amplamente compreensível que o desafio para inovação “Diversificar matérias primas
alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas de produção
de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste” tenha recebido o maior número de moedas
alocadas. Para suínos e aves, o milho é a principal fonte energética, compondo cerca de 60%
do volume das dietas (AUGUSTINI et al., 2015; FERNANDES et al., 2017), ou seja, a busca
por fontes alternativas, diminuiria a dependência do milho para formulações de rações
balanceadas para essas duas espécies.

Como opção para minimizar esse efeito e tornar representativas as demandas das
diferentes cadeias que compõem o Portfólio Carnes, recomenda-se avaliar a priorização dos
desafios para inovação por cadeia produtiva (bovinos, caprinos e ovinos e suínos e aves).

Além do efeito do número de respondentes que têm como produto-foco uma


determinada cadeia produtiva ou espécie, alguns efeitos, descritos na literatura de psicologia
social e cognitiva, também podem explicar, em parte, os resultados de pesquisas do tipo dot
voting (CAGLIERO et al., 2021). Um deles é denominado efeito de primazia, que surge da
preferência colocadas nos primeiros elementos em uma lista de alternativas, ou seja, por sua
posição na lista, podem receber um maior número de votos. Uma forma de minimizar esse
efeito seria alternar a posição das alternativas nas listas enviadas aos respondentes.

Vele a pena destacar que para priorização dos desafios para inovação nas Chamadas
Competitivas do Sistema Embrapa de Gestão (SEG), são considerados os seguintes critérios: a)
priorização pelo setor produtivo agropecuário (preferências dos stakeholders); b) atendimento
e apoio a políticas públicas; c) Prioridades das Unidades (Contribuições e Metas para Inovação
Tecnológica - MITs) e; d) as lacunas na programação de PDeI em execução (EMBRAPA,
2020).

Além dos desafios para inovação pontuados, outras 17 novas sugestões foram inseridas
no espaço aberto disponibilizado para que o respondente indicasse novos desafios para
inovação que julgasse importante para cadeia que representa.

Com base nas sugestões enviadas, acredita-se que a inclusão de desafios associados ao
bem-estar animal e responsabilidade ambiental, deva ser avaliada pelo Comitê Gestor do
Portfólio. Tais questões, como relatado por Vieira et al. (2021), podem utilizadas para estimular
a redução do consumo de carnes. Outras sugestões, como por exemplo, investimento em
equipamentos, sanidade, organização de cadeia, entre outros, não fazem parte do escopo do
Portfólio Carnes.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 196


Contemporâneos, Volume 1.
Para avaliar a capacidade de responder aos desafios elencados pelo Portfólio Carnes, foi
feita uma análise interna, na qual foi utilizada a ferramenta scoring model. Essa ferramenta tem-
se mostrado de fácil utilização e seus resultados têm fornecido elementos importantes para
apoiar a tomada de decisões (KIM et al., 2009) e, no caso da presente pesquisa, também
subsidiar com informações para apoiar no planejamento estratégico. Porém, para que seja
eficiente, é importante que na construção do scoring model tenham sido identificados e
selecionados os critérios mais relevantes (ALVES, 2013), para que assim, forneça as
informações necessárias para tomada de decisão e indique os pontos a serem melhorados. Os
critérios que compõem o modelo utilizado nessa pesquisa foram identificados e utilizados pela
Embrapa Suínos e Aves, como elemento de apoio na elaboração do PEU da unidade.

Na tabela 3, estão apresentadas as médias das notas dadas para os diferentes critérios e
desafios para inovação pelos membros do CGPORT Carnes

Tabela 3: Média das notas dadas aos critérios do scoring model para os desafios para inovação do Portfólio
Carnes.
Desafio
Equipe Recursos Know Parceiros-
para Infraestrutura Resultados Total1
disponível financeiros -how chave
inovação
1 4,14 3,57 2,00 4,00 3,20 3,14 1190,44
2 4,29 3,29 1,86 4,00 3,20 3,71 1243,32
3 3,57 3,00 1,86 3,57 3,20 3,00 682,22
4 3,50 3,00 3,25 3,50 4,00 3,25 1552,69
5 3,43 3,29 2,00 3,71 2,80 3,14 736,43
6 2,75 2,25 1,75 2,75 2,00 2,50 148,89
7 3,29 2,29 1,57 3,14 2,50 3,14 291,43
8 2,83 2,50 2,17 2,83 2,83 2,67 328,54
9 3,60 3,40 2,20 4,00 3,60 2,60 1008,18
Legenda: 1Total = (Equipe disponível × Infraestrutura × Recursos financeiros × Know-how × Parceiros-chave ×
Resultados); 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos
e caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e
caprinos; 3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves
produzida em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e
Nordeste; 4 – Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares
de sistemas de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da
sazonalidade e a baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões
Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes
e reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

No Gráfico 5, é possível verificar as médias das notas dadas para os diferentes critérios
e desafios para inovação pelos membros do CGPORT Carnes.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 197


Contemporâneos, Volume 1.
Gráfico 5: Média das notas dadas aos critérios do scoring model para os desafios para inovação do Portfólio
Carnes.
1
4,50
4,00
9 3,50 2
3,00
2,50
2,00
1,50
8 1,00 3
0,50
0,00

7 4

6 5

Equipe disponível Infraestrutura Recursos financeiros


Know-how Parceiros-chave Resultados
Legenda: 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos e
caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e caprinos;
3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida
em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; 4 –
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas
de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da sazonalidade e a
baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes e
reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Como esperado, o critério “recursos financeiros” foi o que obteve menor nota em todos
os desafios para inovação, mostrando-se como sendo um ponto fraco a ser observado. Tal fato
pode ser explicado pela dependência de recursos vindos do governo, independente da esfera,
para o financiamento das pesquisas e dado ao contexto econômico de cortes e de orçamentários,
cada vez mais frequentes no Brasil (CAMILO, 2019). A Empresa Pública de Pesquisa
Agropecuária abordada nesse estudo tem lidado com esse cenário, incentivando o
desenvolvimento de projetos em inovação aberta. Como pontos fortes foi verificado que os
critérios “equipe disponível” e “know-how” tiveram as maiores notas, considerando a média de
todos os desafios. Isso demonstra a preocupação da Empesa Pública de Pesquisa Agropecuária
na capacitação de seus colaborares.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 198


Contemporâneos, Volume 1.
O desafio para inovação “Reduzir a dependência brasileira da importação de genética
de matrizes e reprodutores de suínos e aves” foi o que recebeu, no total, as menores notas. É
um desafio que exige considerável investimento em pesquisa, infraestrutura e manutenção de
plantel, por exemplo (MORAES; CAPANEMA, 2012). De acordo com o documento “Relatório
de desempenho anual do Portfólio Carnes”, ano base 2020, dada importância de ações
direcionadas ao atendimento desse desafio para inovação, há articulações em andamento para
que soluções sejam propostas.

Após serem analisados pelos métodos dot voting e scoring model, os desafios para
inovação foram distribuídos dentro de uma matriz BCG (matriz de priorização) para serem
analisados tendo como base uma avaliação Atratividade × Competitividade (Gráfico 6).

Gráfico 6: Matriz de priorização (Matriz BCG) dos desafios para inovação, com base na Atratividade ×
Competitividade.
130,0
120,0
1
110,0
100,0 3
7 2
90,0 4
80,0
Atratividade

9
70,0
60,0
6
50,0 8 5
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700
Competitividade

Legenda: 1 – Reduzir a idade de abate e de entrada em reprodução em sistemas de produção de bovinos, ovinos e
caprinos; 2 – Ampliar a eficiência da suplementação alimentar e nutricional de bovinos de corte, ovinos e caprinos;
3 – Aumentar a competitividade da carne de bovinos de corte, ovinos, caprinos, bubalinos, suínos e aves produzida
em áreas marginais ou em sistemas de produção não intensivos das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste; 4 –
Diversificar matérias primas alternativas ao milho e à soja para a composição das dietas alimentares de sistemas
de produção de suínos e aves nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste; 5 - Minimizar os efeitos da sazonalidade e a
baixa eficiência reprodutiva de sistemas de produção de caprinos e ovinos de corte nas regiões Sul, Sudeste,
Nordeste e Centro-Oeste; 6 - Reduzir a dependência brasileira da importação de genética de matrizes e
reprodutores de suínos e aves; 7 - Reduzir e mitigar as emissões de amônia e de gases de efeito estufa nos sistemas
de produção pecuários; 8 - Viabilizar a adequada destinação ambiental e sanitária de animais domésticos
descartados da produção pecuária; 9 - Viabilizar plataforma informatizada nacional para tratamento dos dados
genômicos e de grandes populações nas cadeias de bovinos, suínos, aves, caprinos e ovinos
Fonte: Resultados originais da pesquisa (2021).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 199


Contemporâneos, Volume 1.
A partir da matriz BCG, foi notado que, aproximadamente, dois terços dos desafios
propostos foram atrativos, considerando a opinião dos stakeholders internos do Portfólio
Carnes. Os desafios situados no quadrante abacaxi, principalmente, os desafios de números 6 e
8, apresentaram baixa atratividade e competitividade. Para o desafio de número 6 ser
competitivo, por exemplo, exigiria considerável investimento e, na visão do setor produtivo
(privado), o risco de desabastecimento de material genético de alta qualidade seria baixo, ou
seja, os produtos fornecidos pelas principais empresas atendem satisfatoriamente às suas
necessidades (MORAES; CAPANEMA, 2012).

No eixo atratividade, seria pertinente e possível utilizar, por exemplo, valores dos
resultados de consulta de priorização junto aos stakeholders externos, resultados do cálculo dos
critérios utilizados para abertura de chamadas de projetos no Sistema Embrapa de Gestão ou
valores de priorização por cadeia produtiva do Portfólio Carnes. Para o eixo competitividade,
poderia ser aplicado o questionário junto às unidades com maior aderência ao Portfólio Carnes,
para que, somado à visão dos membros do Comitê Gestor do Portfólio Carnes, objetivando uma
amostragem maior e, provavelmente, uma visão mais precisa da capacidade de resposta da
empresa frente aos desafios para inovação.

Estrategicamente, pelo apresentado na matriz BCG, no presente estudo, seria importante


aumentar a competitividade dos desafios alocados no quadrante “em questionamento”, uma vez
que possuem alta atratividade. Com base nas informações obtidas pela aplicação do scoring
model é possível verificar quais são os pontos fracos e, de forma proativa, definir estratégias
para sua minimização ou resolução, aumentando a competitividade (AZEVEDO; COSTA,
2001). No caso de ambos, o ponto mais crítico apontado foi “recursos financeiros”. A busca
por outras fontes financiadoras ou o desenvolvimento de projetos em parceria com empresas
do setor privado pode ser uma alternativa viável para superar esse gargalo.

Tão necessário quanto saber quais são as prioridades, é de extrema importância o


“autoconhecimento” da empresa para saber sua capacidade em responder aos desafios para
inovação elencados pelo Portfólio Carnes, conhecer seus pontos fracos e fortes, para que assim,
estratégias possam ser definidas para o aumento da competitividade e superação dos problemas
representados pelos desafios.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O método dot voting utilizado para ranquear (priorizar) os desafios para inovação do
Portfólio Carnes, mostrou-se uma ferramenta simples e eficiente. No caso dos desafios do

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 200


Contemporâneos, Volume 1.
portfólio avaliado, é recomendado que a priorização fosse feita por cadeia e não por
ranqueamento geral, para evitar que demandas específicas das cadeias produtivas sejam
penalizadas, especialmente suínos e aves.

O scoring model utilizado permitiu avaliar a capacidade de resposta da empresa aos


desafios propostos, conhecer seus pontos fortes e fracos com base no conjunto de critérios
considerados relevantes para essa análise, e assim, definir estratégias para superar os pontos
fracos.

A matriz BCG (matriz de priorização) mostrou-se extremamente ilustrativa para


“refinar” o processo de priorização e auxiliar na tomada de decisão, focando recursos e
estratégias para os desafios que estejam no quadrante “em questionamento”. Porém, não deve
ser considerada isoladamente, principalmente para definição de estratégias, para qual devem
ser considerados os resultados do scoring model.

Pode-se afirmar que o conjunto das ferramentas utilizadas no presente estudo, forneceu
subsídios para tomada de decisão quanto à definição dos desafios a serem priorizados e para
definição de estratégias para aumento da competitividade e superação desses desafios.

AGRADECIMENTOS

À Embrapa pela oportunidade do MBA em Gestão de Projetos. Ao Dr. Cassio André


Wilbert, Embrapa, Gerência-Geral de Parcerias, pela ajuda com a metodologia aplicada. Aos
membros do CGPort Carnes. Ao Dr. Samuel Telhado pela ajuda com o questionário dot voting.

REFERÊNCIAS

ALVES, A. G. P. G. Criação de um novo modelo de scoring de projetos informáticos:


contributos da análise em componentes principais para a ordenação dos projetos. 2013.
Dissertação. Mestrado em Gestão. Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal. 2013.

AMBROSIO, A.; AMBROSIO, V. A matriz BCG passo a passo. Revista da ESPM, São Paulo,
v. 12, n. 4, p. 92-102, Jul./Ago., 2005. Disponível em: https://www.espm.br/bibliotecas-
espm/revista-da-espm/. Acessado em: Out. 2021.

AUGUSTINI, M. A. B. et al. Coeficiente de digestibilidade e valores de aminoácidos


digestíveis verdadeiros de diferentes cultivares de milho para aves. Semina: Ciências
Agrárias, Londrina, v. 36, n. 2, p. 1091-1098, mar./abr., 2015. Disponível em:
https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/16267/pdf_658. Acessado
em: Out. 2021.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 201


Contemporâneos, Volume 1.
AZEVEDO, M. C.; COSTA, H. G. Métodos para avaliação da postura estratégica. Caderno de
Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 8, n. 2, p. 1-18, Abr./Jun., 2001. Disponível em:
https://www.cin.ufpe.br/~if783/material/postura%20estrategica.pdf. Acessado em: Out. 2021.

CAGLIERO, R. et al. Prioritising CAP Intervention Needs: An Improved Cumulative Voting


Approach. Sustentability, Basel, Switzerland, v. 13, p. 11-18, 2021. Disponível em:
https://www.mdpi.com/2071-1050/13/7/3997. Acessado em: Out. 2021.

CAMILO, J. A. P. Priorização de projetos do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais


(PESE) por Processo de Análise Hierárquica (AHP). 2019. Monografia. Curso de Altos
Estudos de Política e Estratégia. Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, Brasil. 2019.

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (CEPEA). PIB do


Agronegócio Brasil: primeiro trimestre de 2021. CEPEA, Esalq, USP, CNA, Piracicaba,
2021. Disponível em:
https://www.cepea.esalq.usp.br/upload/kceditor/files/Cepea_PIB_CNA_1semestre_21(2).pdf.
Acessado em: Out. 2021.

CONTINI, E.; AVILA, A. F. D.; SOUZA, F. B. Prioridades na pesquisa científica: uma


proposta metodológica. Cadernos de Ciência e Tecnologia, Brasília, v. 15, p. 09-28, Jan./Abr.,
1998. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/204522/1/Prioridades-na-pesquisa-
cientifica.pdf. Acessado em: Out. 2021.

COOPER, D. R.; SCHINDLER, P. S. (Org.). Métodos de pesquisa em Administração. 7ed.


Porto Alegre: Bookman, 2003.

CUNHA, H. F. R. S.; SALLUH, J. I. F.; FRANÇA, M. A. Atitudes e percepções em terapia


nutricional entre médicos intensivistas: um inquérito via internet. Revista Brasileira de
Terapia Intensiva, São Paulo, v. 22, n. 1, p. 53-63, Mar., 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbti/a/Pz9zHnB56g5CzZcpmv8RqNK/. Acessado em: Out. 2021.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Processo de


Planejamento de Chamadas para Projetos. Embrapa, Brasília, 2020. Disponível em:
https://www.embrapa.br/documents/32009307/58191952/Nota+T%C3%A9cnica+sobre+proc
esso+de+planejamento+de+chamadas+para+projetos/89127b98-c1d4-c38c-9c78-
a4a22b49844a?version=1.0. Acesso em: Out. 2021.

ENGARD, N. C. LimeSurvey http:limesurvey.org. Public Services Quarterly, Philadelphia,


US, v. 5, n. 4, p. 272-273, Nov., 2009. Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/epdf/10.1080/15228950903288728. Acessado em: Out.
2021.

FEDDERN, V. et al. Biocarnes: uma solução de futuro? Setor Agro e Negócios. 2020.
Disponível em: http://www.setoragroenegocios.com.br/editorias/biocarnes-umasolucao-de-
futuro. Acesso em: Out. 2021.

FERNANDES, J. I. M. et al. Desempenho produtivo de frangos de corte e utilização de energia


e nutrientes de dietas iniciais com milho classificado ou não e suplementadas com complexo
enzimático. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, São Paulo, v. 69, n. 1,
p. 181-190, Ago., 2017. Disponível em:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 202


Contemporâneos, Volume 1.
https://www.scielo.br/j/abmvz/a/Bq33P7mZXVbkW7z5TKkw3bj/?lang=pt. Acessado em:
Out. 2021.

FLYNN, B. B. et al. Empirical research methods in operations management. Journal of


Operations Management, UK, v. 9, n. 2, p. 250-284, Abr., 1990. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/027269639090098X. Acessado em: Out.
2021.

HORNEAUX JUNIOR, F. et al. Análise dos stakeholders das empresas industriais do estado
de São Paulo. Revista de Administração, São Paulo, v. 49, n. 1, p. 158-170, 2014. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rausp/a/Vj3LnVkf6Y6cnchVMJhzKSB/. Acessado em: Out. 2021.

JURISTO, N. et al. A process for managing interaction between experimenters to get useful
similar replications. Information and Software Technology, Göteborg, Sweden, v. 55, p. 215-
225, Fev., 2013. Disponível em:
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0950584912001425. Acessado em:
Out. 2021.

KIM, J.; WEN, H.; RICH, J. A scoring method for prioritizing non-mutually-exclusive
information Technologies. Human Systems Management, Slovenia, v. 28, p. 1-17, Abr.,
2009. (cód. 88) Disponível em: https://content.iospress.com/articles/human-systems-
management/hsm691. Acessado em: Out. 2021.

LEFFINGWELL, D.; WIDRIG, D. Managing software requirements: a use case approach,


2ed. Boston: Addison-Wesley, 2003.

MAGALHÃES, J. C. R. Seleção e priorização de projetos de tecnologia da informação:


uma aplicação da análise verbal de decisões através do método ZAPROS-LM. 2008.
Dissertação de Mestrado em Administração. Faculdade Ibmec, Rio de Janeiro, 2008.

MENDES, P. J. V. Organização da PeD agrícola no Brasil: evolução, experiências e


perspectivas de um sistema de inovação para agricultura. 2009. Tese de Doutorado em Política
Científica e Tecnológica. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA).


Projeções do agronegócio: Brasil 2019/20 a 2029/30, projeções de longo prazo. 2020.
Brasília, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/politica-
agricola/todas-publicacoes-de-politica-agricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-
agronegocio_2019_20-a-
2029_30.pdf/@@download/file/PROJEC%CC%A7O%CC%81ES%20DO%20AGRONEGO
%CC%81CIO_2019-20%20a%202029-30.pdf. Acesso em: Set. 2020.

MORAES, V. E. G.; CAPANEMA, L. X. L. A genética de frangos e suínos: a importância


estratégica de seu desenvolvimento para o Brasil. BNDES Setorial, Brasília, v. 35, p. 119-154,
Mar., 2012. Disponível em:
https://web.bndes.gov.br/bib/jspui/bitstream/1408/1492/3/A%20set.35_A%20gen%c3%a9tica
%20de%20frangos%20e%20su%c3%adnos_P.pdf. Acessado em: Out. 2021.

PERINI, A.; RICCA, F.; SUSI, A. Tool-supported requirements prioritization: Comparing the
AHP and CBRank methods. Information and Software Technology, Göteborg, Sweden, v.
51, p. 1021-1032, Jun., 2009. Disponível em:

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 203


Contemporâneos, Volume 1.
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0950584908001717. Acessado em:
Out. 2021.

SAUNDERS, M.; LEWIS, P.; THORNHILL, A. Research methods for business students.
4ed. Harlow: Pearson Prentice Hall, 2007.

SCHIMIDT, N. S.; SILVA, C. L. Planejamento estratégico e priorização de projetos em


instituições públicas de pesquisa: o caso da Embrapa Suínos e Aves. Cadernos de Ciência e
Tecnologia, Brasília, v. 35, n. 2, p. 283-316, Mai./Ago., 2018. Disponível em:
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1100766/1/final9025.pdf. Acessado
em: Out. 2021.

VIEIRA, P. A. et al. Geopolítica das carnes: mudanças na produção e no consumo. Revista de


Política Agrícola, Brasília, v. 30, n. 2, p. 83-105, Abr./Mai./Jun., 2021. Disponível em:
https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1133641/1/Geopolitica-das-
carnes.pdf. Acessado em: Out. 2021.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 204


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312616300

CAPÍTULO 16
EPIGENÉTICA NO ESTRESSE ABIÓTICO VEGETAL

Kaoany Ferreira da Silva


Loren Cristina Vasconcelos
Aline dos Santos Bergamin
Jéssika Santos de Oliveira
Milene Miranda Praça Fontes

RESUMO
As plantas vivem em ambientes em constante mudança que geralmente são desfavoráveis ou estressantes para o
crescimento e desenvolvimento. Os fatores ambientais estressantes podem ser abióticos que incluem
principalmente seca, salinidade, temperaturas extremas, deficiências de nutrientes, estresse de metais pesados e
radiação ultravioleta, que esses ambientes adversos ameaçam a produtividade agrícola. Um número crescente de
estudos tem mostrado importante participação de mecanismos epigenéticos na resposta de plantas a estresses
abióticos. A epigenética refere-se ao estudo das alterações hereditárias na função da cromatina que não envolvem
alterações na sequência do DNA. Mecanismos epigenéticos desempenham papéis críticos durante o ciclo de vida
de plantas e abrange vários processos, como metilação do DNA, modificações de histonas e regulação por RNAs
não codificantes. Os mecanismos epigenéticos participam da regulação de genes responsivos ao estresse nos níveis
transcricionais e pós-transcricionais, alterando o status da cromatina dos genes. Isso pode afetar a plasticidade
fenotípica, o que ajuda na adaptação das plantas a condições adversas. Os mecanismos epigenéticos também
podem fornecer uma base para a memória do estresse, o que permite que as plantas respondam de maneira mais
eficaz e eficiente ao estresse recorrente. Esses processos epigenéticos podem ser herdáveis de acordo com sua
estabilidade no genoma, podendo prover até a próxima geração uma tolerância ao estresse abiótico passado por
seus antecedentes. A herdabilidade destes mecanismos ocorre com maior chance meioticamente e essa
possibilidade de traços epigenéticos herdáveis são muito interessantes para o quadro ambiental mundial, porém, a
capacidade de transferência destas características ainda necessita de maior exploração ao longo de plantas modelo
e não modelo. O aprofundamento científico na correlação dos mecanismos epigenéticos com tolerância/resistência
de plantas é necessário, uma vez que é constantemente relatado como um assunto com muitas lacunas a serem
preenchidas. Este capítulo analisa os mecanismos epigenéticos que governam as respostas ao estresse abiótico das
plantas, especialmente a metilação do DNA, metilação/acetilação das histonas e remodelação da cromatina. Além
disso, é abordado o emprego da análise de fatores genéticos e epigenéticos na literatura.

PALAVRAS-CHAVE: Adaptação ambiental; Melhoramento genético; Metilação do dna;


Modificação de histonas.

1. INTRODUÇÃO

A epigenética é o estudo da regulação hereditária da expressão gênica que não envolve


alterações no código genético e abrange vários processos, como metilação do DNA,
modificações de histonas, remodelamento da cromatina (Figura 1) e regulação por RNAs não
codificantes (JIANG et al., 2022). São alterações que modificam a atividade do DNA sem
alterar sua estrutura nucleotídica (MADLUNG; COMAI, 2004). Mecanismos epigenéticos
estão envolvidos na plasticidade fenotípica da planta durante seu desenvolvimento e em
resposta a estímulos ambientais, incluindo desenvolvimento de sementes, floração,
desenvolvimento de frutos e respostas aos estresses bióticos e abióticos (ASHAPKIN et al.,
2020; LUO; HE, 2020; TANG et al., 2020; MARKULIN et al., 2021; DING et al., 2022).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 205


Contemporâneos, Volume 1.
Como as alterações epigenéticas podem ser desencadeadas por estímulos ambientais e
transmitidas para as gerações futuras, torna a diversidade fenotípica hereditária e o potencial
evolutivo das populações selvagens ainda mais complexos (DAR et al., 2022). Assim, as
modificações do DNA e da cromatina considerando os aspectos epigenômicos afetam a
expressão gênica e desempenham um papel crucial na revelação de respostas fenotípicas contra
estímulos externos, tornando-se uma estratégia de melhoramento de culturas e resistência ao
estresse, através da escolha de estados epigenéticos favoráveis, formulação de novos epialelos
e regulação da expressão de transgenes (YADAV et al., 2018).

Tanto plantas como animais compartilham estratégias semelhantes para regular os


processos inatos de desenvolvimento. As plantas produzem pequenas moléculas conhecidas
como fitohormônios que são percebidas por proteínas específicas e desencadeiam cascatas de
transdução de sinal em baixas concentrações (SU et al., 2017 ). Os fitohormônios
desempenham papéis críticos em todo o ciclo de vida da planta, incluindo respostas a sinais
externos, como luz e sinais de estresse abióticos e bióticos. Cada fitohormônio passa por uma
biossíntese, metabolismo, transporte, percepção de ligante e transdução de sinal específicos
(Figura 1).

Os níveis de transcrição e as modificações pós-transcricionais das enzimas codificadas,


transportadores, receptores e transdutores de sinal envolvidos nesses processos são regulados
espaço-temporalmente de acordo com o estágio de desenvolvimento da planta ou em resposta
a estímulos externos (JIANG et al., 2022). Estudos têm demonstrado que existe uma interação
multicamadas entre a sinalização fito-hormonal e os mecanismos epigenéticos, para alcançar
resultados comuns, como desenvolvimento basal e plasticidade ambiental (MAURY et al.,
2019). Um exemplo claro é que os fitohormônios afetam a expressão e a regulação pós-
transcricional dos componentes principais que participam da epigenética e vice-versa, além de
co-regularem conjuntos comuns de genes ou sinais alvo ou as características fisiológicas que
convergem a jusante de suas vias divergentes (LEE; SEO, 2018; DO et al., 2019 ; MATEO-
BONMATI et al., 2019; LI et al., 2020; SMOLIKOVA et al., 2021).

O ácido abscísico (ABA) é um fitohormônio conhecido por desempenhar diversos


papéis no desenvolvimento de sementes, mudas e nas respostas das plantas a estresses abióticos,
como seca, frio e estresse por salinidade (CHEN et al., 2019), e a regulação recíproca de ABA
e epigenética já foi confirmada por Yamamuro et al. (2016). A remodelação da cromatina
mediada pela monoubiquitinação e metilação das histonas regula a dormência e a germinação
das sementes por meio da regulação transcricional de genes envolvidos na biossíntese do ABA

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 206


Contemporâneos, Volume 1.
(NCED9), metabolismo do ABA (CYP707A) e na via de sinalização do ABA
(ABI4, ABI3 e ABI5) (LIU et al., 2007; PERRUC et al., 2007; CHEN et al., 2019). Essas
descobertas ressaltam os papéis das modificações epigenéticas e da sinalização ABA na
regulação das respostas das plantas ao estresse por desidratação por meio da regulação
transcricional e pós-transcricional. Além disso, os processos epigenéticos modulam o destino
celular regulando diretamente a expressão de diversos genes-chave
como WUS, LBD16/29, WOX e PLT, e vias indiretas que são incorporadas à sinalização de
fitohormônios (JING et al., 2020).

Figura 1: (A) Estruturas químicas representativas de nove classes de hormônios vegetais e suas atividades básicas
nas plantas, mostrando sua biossíntese, catabolismo, transporte, percepção por receptores e transdução de
sinal. Essas atividades desencadeiam processos fisiológicos que regulam o crescimento e o desenvolvimento das
plantas e as respostas aos estímulos do ambiente. (B) Uma breve descrição dos mecanismos epigenéticos, a
metilação da lisina 27 e lisina 9 na histona H3 (H3K9me e H3K27me) é uma marca de silenciamento da cromatina,
enquanto a metilação da lisina 4 e 36 e a acetilação da histona estão associadas à ativação transcricional. A
metilação do DNA desempenha um papel na repressão transcricional. Os RNAs não codificantes estão envolvidos
em vários processos, incluindo transcrição, pós-transcrição, tradução e remodelação da cromatina. Além de rotas
regulatórias independentes, os fitohormônios e os mecanismos epigenéticos regulam e se coordenam
reciprocamente para afetar os processos fisiológicos nas plantas.

Fonte: Jiang et al. (2022, p. 2).

2. FATORES GENÉTICOS E EPIGENÉTICOS EM PLANTAS SOB ESTRESSE

A preocupação quanto a disponibilidade de recursos naturais e conservação ambiental


tem aumentado de acordo com o passar dos anos, principalmente quanto ao suporte nutricional
e estrutural das áreas agrícolas. Diversos trabalhos de investigação sobre efeito dos estresses
têm sido desenvolvidos arduamente, no intuito de esclarecer a relação estímulo-resposta nas
plantas (THIEBAU et al., 2019; KUMAR et al., 2020; SHAIK et al., 2022; USMAN et al.,
2022). Ainda que esta área esteja sendo investigada com avinco, ainda há muito que estudar em

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 207


Contemporâneos, Volume 1.
relação a equação (genótipo + ambiente = fenótipo), visto que não se trata apenas de uma
simples problemática (Figura 2). A partir de investigações, inicialmente, com plantas modelo,
seguindo para culturas perenes e de importância agrícola, cada vez mais é conhecido que
processos a nível de genoma são importantíssimos para o entendimento da equação proposta
(CZAJKA et al., 2021).

Figura 2: Esquema explicativo de correlação entre processos fisiológicos, bioquímicos, morfológicos e


moleculares em plantas condicionadas à estresses abióticos.

Fonte: Melo et al. (2022, p. 4).

Uma vez sob condições de estresse salino ou hídrico/osmótico, a planta dá início a uma
cadeia de sinais para a modulação fenotípica em resposta ao estímulo. Estes processos iniciados
funcionam de forma integrada para a manifestação de resposta vegetal, e dentre eles estão os
mecanismos epigenéticos (THIEBAUT et al., 2019; SHAIK et al., 2022). O desempenho de
genes relacionados, proteínas, fatores de transcrição e entre outros varia de acordo com a via
de sinalização que ocorre na planta. Os níveis de Ca2+ funcionam como indicativo de estresse,
visto que pode ocorrer em prol do acúmulo de íons Na+ por exemplo, ocorrendo a redução de
íons Ca2+ no citosol e afetando funções importantes como estrutura de membrana. O desfalque
nutricional reflete sobre a capacidade fotossintética da planta e sobre a cadeia transportadora
de elétrons na mitocôndria, momento em que se inicia a síntese de espécies reativas de oxigênio
(ROS), prejudiciais ao funcionamento celular vegetal. A partir daí, ocorre a ativação de
proteínas quinases como o calcium-dependent protein kinase (CDPK) e genes da família SOS,
os quais serão precursores das atividades enzimáticas como catalase, peroxidase e superóxido

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 208


Contemporâneos, Volume 1.
dismutase, aumentando o potencial antioxidante das plantas. Concomitantemente, as proteínas
quinases também dão início a sinalizações de via hormonal, como ocorre com ácido abscísico
(ABA) e ácido jasmônico (Ja). A sinalização hormonal culmina na ativação de fatores de
transcrição, como ZIP, os quais determinarão a ativação ou inibição de regiões do genoma para
modulação morfológica vegetal (ZHANG; SHI, 2013; GUO et al., 2018).

Mecanismos epigenéticos são igualmente importantes nas investigações científicas no


que circunda estresses abióticos em plantas. Trata-se de modificações a nível de DNA ou de
histonas, os quais podem ser reversíveis ou não (LIU; HE, 2020). Sua ocorrência, localidade e
nível de intensidade afeta diretamente na transcrição e tradução do genoma, uma vez que é
necessário o acesso da RNA polimerase a sequência genômica para expressão de genes. Os três
mecanismos relatados na literatura são metilação de DNA, adição do grupo metil a uma base
nitrogenada, modificação de histonas, no que interfere diretamente na compactação do DNA, e
pequenos RNAs (microRNAs ou RNA de pequena interferência - siRNA), os quais têm sido
relatados como participantes no processo de modificações do DNA (Figura 3). Os processos
epigenéticos podem ser herdáveis de acordo com sua estabilidade no genoma, podendo prover
até a próxima geração uma tolerância ao estresse abiótico passado por seus antecedentes
(STASSEM et al., 2018; THIEBAUT et al., 2019; SHAIK et al., 2022).

As metilações de DNA de maior ocorrência nas plantas são 5-metilcitosina (5-mC), N6-
metiladenina (6mA) ou N4-metilcitosina (4-mC), sendo a mais estudada a ação de adição do
grupo metil no quinto carbono de anéis de citosina (5-mC). Este mecanismo exerce influência
sobre a transcrição de genes, tradução de proteínas, devido ao acesso ou não de RNA
polimerase, e estabilidade do genoma, devido ao silenciamento de transposons. Este mecanismo
tem direta correlação com os outros relatados anteriormente. Sua ligação com sRNAs por
exemplo se dá pela ocorrência de metilação de novo, onde regiões anteriormente metiladas que
retornaram ao seu estado original podem ser metiladas novamente. Além disto, existem estudos
que apontam ocorrências de heterocromatinas e eucromatinas ligadas aos níveis de metilação
do genoma (THIEBAUT et al., 2019; CASTANDER-OLARIETA et al., 2020; ALVES et al.,
2020).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 209


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 3: Caracterização dos mecanismos epigenéticos e seu funcionamento sobre efeitos fenotípicos,
resultando na adaptação e evolução de população de plantas.

Fonte: Thiebaut et al. (2019, p. 3).

A possibilidade de traços epigenéticos herdáveis são muito interessantes para o quadro


ambiental mundial. A capacidade de transferência destas características ainda necessita de
maior exploração ao longo de plantas modelo e não modelo. A herdabilidade destes
mecanismos ocorre com maior chance meioticamente. Outro aspecto de grande importância em
relação a instabilidade destes mecanismos epigenéticos é plasticidade conferida a culturas de
ciclo longo ou perenes. A capacidade de metilação e demetilação de regiões promotoras, por
exemplo, permite a planta melhor adaptabilidade à condição ambiental em que se encontra
(ESTRAVIS-BARCALA et al., 2020; LIU; HE, 2020; JACQUES et al., 2022) (Figura 4).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 210


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 4: Esquema explicativo de efeitos nos âmbitos solo, comunidades microbianas e aspectos fisiológicos e
bioquímicos das plantas em condições de primeiro momento de estresse hídrico, recuperação hídrica e segundo
momento de estresse hídrico.

Fonte: Jacques et al. (2022, p. 3).

A memória do estresse permite a planta a manifestação de processos internos para


restauração de sua condição saudável em situação favorável ao seu pleno desenvolvimento
(LIU; HE et al., 2020; JACQUES et al., 2022). Observando o esquema da Figura 3, podemos
ver que a baixa umidade do solo refletiu na disponibilidade de N mineral à planta, portanto a
planta fica defasada em relação ao suprimento hídrico e nutricional. Diante desta situação,
alguns efeitos deletérios se iniciam ao longo de sua estrutura como aumento de exsudação,
redução da atividade fotossintética, acúmulo de espécies reativas de oxigênio (ROS),
fechamento estomatal e redução da transpiração. Concomitantemente, a planta inicia a síntese
de osmólitos para tentativa de mantença de turgidez e expansão celular, e síntese de proteínas
protetivas. Se tratarmos de uma planta que apresenta esta memória do estresse, no momento de
recuperação da capacidade de campo do solo, a planta apresenta traços epigenéticos
provenientes do primeiro contato com os estímulos externos. Assim, a mesma já apresenta o
acúmulo de osmólitos para dar continuidade ao seu pleno desenvolvimento, proteínas protetivas
estão acumuladas de forma inativa e genes responsivos ao estresse à disposição para ativação
quando necessário. Por fim, no segundo contato com o estresse hídrico, a planta já não apresenta
mais redução de sua atividade fotossintética e índices de transpiração, a atividade transcricional

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 211


Contemporâneos, Volume 1.
dos genes responsivos já atuam de forma mais rápida e, portanto, não há acúmulo expressivo
de ROS (JACQUES et al., 2022).

3. EMPREGO DA ANÁLISE DE FATORES GENÉTICOS E EPIGENÉTICOS

Plantas tendem a apresentar diferentes manifestações fenotípicas em função do


ambiente, como foi relatado anteriormente. Estas manifestações variam em função de genótipo
e mecanismos epigenéticos, refletindo no desenvolvimento e produtividade da planta. Assim
também ocorre para culturas perenes, incluindo a goiabeira. Com esta indagação, Alves et al.
(2020) avaliaram os mecanismos epigenéticos em 22 genótipos de Psidium guajava L., sendo
12 cultivares comerciais e 10 provenientes de seleção massal. O objetivo foi a análise da
intensidade de 5-metilcitosina ao longo de fases vegetativas e reprodutivas do ciclo fenológico
da goiabeira. Para isto, realizaram análises das plantas a partir de amostragens recorrentes em
diferentes estádios fenológicos a partir de diferentes tecidos. Em seu trabalho, os autores
respaldaram a forte influência de fatores climáticos sobre as taxas de metilação de DNA e, além
disto, a importância quanto a fase de desenvolvimento da planta no momento do estímulo. A
partir de análise de correlação, foi trazido ao conhecimento que os efeitos de metilação ao longo
do ciclo fenológico da planta tendem a variar, de acordo com o genótipo estudado. Esta
observação foi respaldada a partir da comparação de 3 genótipos, Sassoaka, Roxa e Pedro Sato,
os quais apresentaram mesmo padrão de metilação porém se diferenciaram em relação a
produção. Em seus resultados, foi possível verificar que os genótipos tendem a se diferenciar
em níveis de metilação, como ocorrência de hipo ou hipermetilação, de forma expressiva na
transição de fase vegetativa para reprodutiva (Figura 5).

Os mecanismos epigenéticos, além de poderem ser instáveis, como por exemplo a


ocorrência de metilação e desmetilação, podem também manter-se estáveis a ponto de
exercerem um papel memorial à planta. Esta capacidade conferida a planta possibilita boa
adaptação e mantença de produtividade sob condições de estresse. A partir de sua revisão de
literatura, Auler et al. (2021) verificaram que foi comprovada a capacidade memorial de
estresse no arroz. Para melhor amplitude do conhecimento desta característica no arroz, os
autores tiveram por objetivo analisar mudanças no proteoma e estabilidade genômica do arroz
em células-guarda, visto que estas são diretamente afetadas pelo estresse hídrico realizado a
partir de diferentes condições de estresse hídrico (Figura 6).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 212


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 5: Heatmap desenvolvido a partir de %5-mC de 22 genótipos de Psidium guajava L. em diferentes
estágios fenológicos de fases vegetativa e reprodutiva.

Fonte: Alves et al. (2020, p. 9).

Nesta pesquisa, foram observados altos níveis de metilação de DNA em plantas que já
foram expostas ao estresse na fase vegetativa, consequentemente apresentando maior
estabilidade genômica quando comparada às expostas ao estresse em fase reprodutiva (Figura
7). Além disto, os mesmos verificaram que o proteoma das células guarda apresentaram
correlação positiva entre o acúmulo de genes e proteínas e transcrição com altos índices de
metilação do DNA. Portanto, os níveis de metilação de DNA, assim como as regiões metiladas,
tem efeito diretamente sobre as etapas primárias da expressão gênica, podendo ter o efeito de
suprimi-las ou impulsioná-las. A partir deste raciocínio, é chegada a conclusão que em cada
fase do ciclo fenológico são metiladas diferentes regiões do DNA, promovendo efeitos
diferentes na transcrição e na tradução.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 213


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 6: Esquema ilustrativo das condições de estresse hídrico no arroz, sendo eles: C- Controle, V - défici
hídrico em fase vegetativa, R - défict hídrico na fase reprodutiva, V+R - défict hídrico em fase vegetativa e,
posteriormente, em reprodutiva. Ao final, células-guarda foram extraídas e analisadas.

Fonte: Auler et al. (2021, p. 51).

Figura 7: Níveis de metilação de DNA (%5-mC) verificados em células-guarda de arroz sob diferentes momentos
de estresse hídrico, sendo eles: C- Controle, V - défici hídrico em fase vegetativa, R - défict hídrico na fase
reprodutiva, V+R - défict hídrico em fase vegetativa e, posteriormente, em reprodutiva.

Fonte: Auler et al. (2021, p. 59).

O aprofundamento científico na correlação dos mecanismos epigenéticos com


tolerância/resistência de plantas é necessário, uma vez que é constantemente relatado como um
assunto com muitas lacunas a serem preenchidas. Um exemplo proposto por Villagoméz-
Aranda et al. (2021) que necessita ser mais explorado é a funcionalidade de moduladores do
estresse como o peróxido de hidrogênio (H2O2), composto participante de vias de sinalização
hormonal e iônica (Ca2+/K+), ativação de proteínas quinases e fatores de transcrição
responsáveis por ativação genômica. Em sua investigação científica, os mesmos comprovaram
a atuação do gene CchGLP no aumento dos níveis de H2O2 no corpo vegetal. Diante disto,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 214


Contemporâneos, Volume 1.
Villagoméz-Aranda et al. (2021) apresentaram por objetivo investigar a metilação do DNA
sobre a atividade gênica de CchGLP em tabaco transgênico de alta produção de H2O2, e sua
correlação com a sinalização em função dos estresses bióticos e abióticos. Para isto, os mesmos
estudaram duas linhagens de tabaco transgênico sendo elas: L8, correspondente a um genótipo
de alta expressão do gene e alta síntese de H2O2, e L1, que abrange genótipos de baixa
expressão gênica e baixa síntese de H2O2. Antes da promoção do estresse com canamicina, os
níveis de metilação eram expressivos no contexto genômico CG em hipermetilação,
apresentando os mesmos níveis em ambas linhagens (Figura 8).

Figura 8: Gráficos ilustrativos de ocorrência de hipermetilação e hipometilação nos cromossomos (A) e em


diferentes contextos genômicos (CG, CHG e CHH) na linhagem de alta produção de peróxido de hidrogênio (L8)
de tabaco transgênico.

Fonte: Villagomáz-Aranda et al. (2021, p. 5).

Após a promoção do estresse nas plantas, os níveis de metilação nos diferentes contextos
genômicos apresentaram alteração expressiva. A hipometilação apresentou maior frequência
genômica, ainda que a hipermetilação continuou apresentando altos níveis quanto a diferentes
citosinas metiladas (%). Além disto, foi notado o aumento de citosinas metiladas nos contextos
CHG e CHH, acontecendo de forma concomitante à redução quantitativa em CG (Figura 9).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 215


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 9: Expressão e inibição gênica ilustrado por gráfico de correlação entre tipos de metilação, contexto de
metilação e região do gene, sendo eles: CG, CHG e CHH - diferentes sequências/contextos metilados, amarelo
(hipermetilação) e azul (hipometilação) - tipos de metilação, região promotora, corpo do gene e downstream -
regiões sequenciais referentes ao gene.

Fonte: Villagomáz-Aranda et al. (2021, p. 7).

De acordo com seus resultados, os mesmos notaram que o acúmulo de ROS tende a
promover a hipometilação do DNA, processo respaldado por outros estudos em sua discussão.
A grande frequência de hipometilação em sequências CHG e CHH é relatada de forma
correlacionada a resposta de defesa das plantas, fato que os pesquisadores comentam ser
observado em muitos trabalhos de estresse salino. Além disto, os mesmos avaliaram que existe
correlação negativa entre níveis de ROS e metilação do DNA, onde o acúmulo destes
compostos promove a hipometilação do DNA. Por fim, ao analisar de forma conjunta todas as
análises realizadas, verificou-se que a hipometilação manifesta-se relacionada a genes ligados
a fotossíntese e metabolismo de energia da planta. A partir deste raciocínio, é relatado que o

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 216


Contemporâneos, Volume 1.
acúmulo de H2O2 promove uma cadeia de sinalizações para modulação fisiológica da planta
frente aos estresses abióticos. Portanto, não há explicação eficaz de manifestação fenótipica e
expressão gênica em plantas sem a análise de frequência de mecanismos epigenéticos do
genoma vegetal.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo do funcionamento e protagonismo da epigenética no estresse vegetal salienta


a profundidade das modificações ocorrentes no corpo vegetal condicionado ao estresse, de
forma que toda e qualquer alteração morfológica, fisiológica, bioquímica e molecular é
modulada a partir de processos epigenéticos. Diante disto, o âmbito da epigenética pode ser
caracterizado como extenso e pouco conhecido, mediante a diversidade de processos o qual o
abrangem. Por conta deste fenômeno, diversas culturas de ciclo longo e perenes, conseguem
reverter distúrbios ocorrentes, e até mesmo, adquirir tolerância/resistência frente a condições
adversas de desenvolvimento.

REFERÊNCIAS

ALVES, L. B. et al. Epigenetic variation in guava (Psidium guajava) genotypes during the
vegetative and reproductive phases of the production cycle. Genetics and Molecular
Research, 19(2), maio 2020. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4238/gmr18524. Acessado
em: Fev. 2023.

ASHAPKIN, V. V. et al. Epigenetic mechanisms of plant adaptation to biotic and abiotic


stresses. International Journal of Molecular Sciences, 21(20), out. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ijms21207457. Acessado em: Fev. 2023.

AULER, P. A. et al. Drought stress memory in rice guard cells: Proteome changes and genomic
stability of DNA. Plant Physiology and Biochemistry, 169, abril 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.plaphy.2021.10.028. Acessado em: Out. 2022.

CASTANDER-OLARIETA, A. et al. Induction of Radiata Pine Somatic Embryogenesis at


High Temperatures Provokes a Long-Term Decrease in DNA
Methylation/Hydroxymethylation and Di
erential Expression of Stress-Related Genes. Plants, 6(1762), dez. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/plants9121762. Acessado em: Dez. 2022.

CHEN, K. et al. Abscisic acid dynamics, signaling, and functions in plants. Journal of
Integrative Plant Biology, 62(1), dez. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.1111/jipb.12899. Acessado em: Fev. 2023.

CZAJKA, K.; MEHES-SMITH, M.; NKONGOLO, K. DNA methylation and histone


modifications induced by abiotic stressors in plants. Gene and Genomics, v. 44, p. 279-297,
2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 217


Contemporâneos, Volume 1.
DAR, F. A. et al. Role of epigenetics in modulating phenotypic plasticity against abiotic stresses
in plants. International Journal of Genomics, 2022, jun. 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.1155/2022/1092894. Acessado em: Fev. 2023.

DING, X. et al. Histone modification and chromatin remodeling during the seed life cycle.
Frontiers in Plant Science, 13, abr. 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2022.865361. Acessado em: Fev. 2023.

DO, B. H. et al. Emerging functions of chromatin modifications in auxin biosynthesis in


response to environmental alterations. Plant Growth Regulation, 87, nov. 2019. Disponível
em: https://doi.org/10.1007/s10725-018-0453-x. Acessado em: Fev. 2023.

ESTRAVIS-BARCALA, M. et al. Molecular bases of responses to abiotic stress in trees.


Journal of Experimental Botany, 71(13), nov. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1093/jxb/erz532. Acessado em: Fev. 2023.

GUO, X. et al. Developmental transcriptome analysis of floral transition in Rosa odorata var.
gigantea. Plant Molecular Biology, 97, mai. 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.1007/s11103-018-0727-8. Acessado em: Jan. 2023.

JACQUES, C. et al. Drought Stress Memory at the Plant Cycle Level: A Review. Plants, 10,
Set. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3390/plants10091873. Acessado em: Dez. 2022.

JIANG, K.; GUO, H.; ZHAI, J. Interplay of phytohormones and epigenetic regulation: A recipe
for plant development and plasticity. Journal of Integrative Plant Biology, 65(2), out. 2022.
Disponível em: https://doi.org/10.1111/jipb.13384. Acessado em: Fev. 2023.

JING, T. et al. Reprogramming of cell fate during root regeneration by transcriptional and
epigenetic networks. Frontiers in Plant Science, 11, mar. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2020.00317. Acessado em: Fev. 2023.

KUMAR, S. et al. Pup1 QTL Regulates Gene Expression Through Epigenetic Modification of
DNA Under Phosphate Starvation Stress in Rice. Frontiers in Plant Science, 13, mai. 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.3389/fpls.2022.871890. Acessado em: Dez. 2022.

LEE, K.; SEO, P. J. Dynamic epigenetic changes during plant regeneration. Trends in Plant
Science, 23(3), mar. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.tplants.2017.11.009.
Acessado em: Fev. 2023.

LI, T. et al. Emerging connections between small RNAs and phytohormones. Trends in plant
science, 25(9), set. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.tplants.2020.04.004.
Acessado em: Fev. 2023.

LIU, J.; HE, Z. Small DNA Methylation, Big Player in Plant Abiotic Stress Responses and
Memory. Frontiers in Plant Science, 11, dez. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2022.871890. Acessado em: Mar. 2023.

LIU, Y.; KOORNNEEF, M.; SOPPE, W. J. The absence of histone H2B monoubiquitination
in the Arabidopsis hub1 (rdo4) mutant reveals a role for chromatin remodeling in seed
dormancy. The Plant Cell, 19(2), fev. 2007. Disponível em:
https://doi.org/10.1105/tpc.106.049221. Acessado em: Fev. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 218


Contemporâneos, Volume 1.
LUO, X.; HE, Y. Experiencing winter for spring flowering: A molecular epigenetic perspective
on vernalization. Journal of Integrative Plant Biology, 62(1), dez. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1111/jipb.12896. Acessado em: Fev. 2023.

MADLUNG, A.; COMAI, L. The effect of stress on genome regulation and structure. Annals
of Botany, 94(4), out. 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1093/aob/mch172. Acessado
em: Fev. 2023.

MARKULIN, L. et al. Taking the wheel–De novo DNA methylation as a driving force of plant
embryonic development. Frontiers in Plant Science, 12, out. 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2021.764999. Acessado em: Fev. 2023.

MATEO-BONMATÍ, E.; CASANOVA-SÁEZ, R.; LJUNG, K. Epigenetic regulation of auxin


homeostasis. Biomolecules, 9(10), out. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/biom9100623. Acessado em: Fev. 2023.

MAURY, S. et al. Phytohormone and chromatin crosstalk: the missing link for developmental
plasticity? Frontiers in Plant Science, 10, abr. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2019.00395. Acessado em: Fev. 2023.

MELO, B. P. et al. Abiotic Stresses in Plants and Their Markers: A Practice View of Plant
Stress Responses and Programmed Cell Death Mechanisms. Plants, 11, abril 2022. Disponível
em: https://doi.org/10.3390/plants11091100. Acessado em: Dez. 2022.

SHAIK, A. A. et al. Recent Advances in DNA Methylation and Their Potential Breeding
Applications in Plants. Horticulturae, 8(562), jun. 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/horticulturae8070562. Acessado em: Mar. 2023.

SMOLIKOVA, G. et al. Desiccation tolerance as the basis of long-term seed viability.


International Journal of Molecular Sciences, 22(1), dez. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ijms22010101. Acessado em: Fev. 2023.

STASSEN, J. H. M. et al. The relationship between transgenerational acquired resistance and


global DNA methylation in Arabidopsis. Nature Scientific Reports, 8, out. 2018. Disponível
em: https://doi.org/10.1038/s41598-018-32448-5. Acessado em: Jan. 2023.

SU, Y. et al. Phytohormonal quantification based on biological principles. In: LI, J.; LI, C.;
SMITH, S. M. (Org.). Hormone metabolism and signaling in plants. London: Academic
Press, 2017, p. 431-432.

TANG, D.; GALLUSCI, P.; LANG, Z. Fruit development and epigenetic modifications. New
Phytologist, 228(3), jun. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1111/nph.16724. Acessado
em: Fev. 2023.

THIEBAUT, F.; HEMERLY, A. S.; FERREIRA, P. C. G. A Role for Epigenetic Regulation in


the Adaptation and Stress Responses of Non-model Plants. Frontiers in Plant Science, 10,
mar. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.3389/fpls.2019.00246. Acessado em: Mar. 2023.

USMAN, M. et al. Drought Stress Mitigating Morphological, Physiological, Biochemical and


Molecular Responses of Guava (Psidium guajava L.) Cultivars. Frontiers in Plant Science,
13, jun. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.3389/fpls.2022.878616. Acessado em: Dez.
2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 219


Contemporâneos, Volume 1.
VILLAGOMÉZ-ARANDA, A. L. et al. Whole-Genome DNA Methylation Analysis in
Hydrogen Peroxide Overproducing Transgenic Tobacco Resistant to Biotic and Abiotic
Stresses. Plants, 10(178), jan. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3390/plants10010178.
Acessado em: Mar. 2023.

YADAV, C. B. et al. Epigenetics and epigenomics of plants. Plant Genetics and Molecular
Biology. In: VARSHNEY, R. K; PANDEY, M. K.; CHITIKINENI, A. (Org.). Plant Genetics
and Molecular Biology. Advances in Biochemical Engineering/Biotechnology. Switzerland:
Springer Nature AG, 2018, p. 1-10. Disponível em: https://doi.org/10.1007/10_2017_51.
Acessado em: Fev. 2023.

ZHANG, J.; SHI, H. Physiological and molecular mechanisms of plant salt tolerance.
Photosyntesis Research, 115, mar. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11120-013-
9813-6. Acessado em: Jan. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 220


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312717300

CAPÍTULO 17
IMPACTO FISIOLÓGICO DE ESTRESSES AMBIENTAIS – INVESTIGAÇÃO E
EFEITOS RELATADOS NA LITERATURA

Kaoany Ferreira da Silva


Loren Cristina Vasconcelos
Mayla Bessa Scotá
Gustavo Fernandes Mariano
Elias Terra Werner
Milene Miranda Praça Fontes

RESUMO
O estudo das condições ambientais e seus efeitos socioambientais tem sido uma preocupação recorrente, abordada
em diversos trabalhos. A segurança alimentar é um tema especialmente relevante para países economicamente
dependentes da comercialização de produtos agrícolas, uma vez que muitas lavouras são sensíveis a variações
bióticas e abióticas. Nesse contexto, o cenário ambiental e suas oscilações tornam-se de grande importância. A
salinização dos solos agrícolas também é um problema ambiental amplamente relatado, sendo mais acentuada em
regiões com baixa oferta de água de boa qualidade, agravando o processo de desertificação devido à alcalinização
e sodificação dos solos. O estresse salino e hídrico são estresses abióticos que afetam o crescimento e a
produtividade das plantas. Ambos têm em comum o efeito de estresse osmótico, reduzindo a disponibilidade de
água para absorção pelas plantas. O estresse hídrico ocorre quando a umidade do solo está baixa, resultando na
desidratação das células vegetais e limitando seu desenvolvimento e produção. O estresse salino, por sua vez,
promove um estresse iônico devido ao acúmulo de íons Na+ em altas concentrações, interferindo na fotossíntese
e limitando a expansão celular. Além disso, o estresse salino leva à produção de espécies reativas de oxigênio, que
danificam as células vegetais. O íon Cl- também pode ser tóxico para as plantas, prejudicando a absorção de
nutrientes e a eficiência fotossintética. Em resposta a esses estresses, as plantas podem adotar mecanismos de
sequestro de íons Na+ para o vacúolo ou controlar seu fluxo, além de sintetizar substâncias como a prolina para
reduzir o potencial osmótico e manter o turgor celular. O estudo dos efeitos do estresse nas plantas envolve
investigação de variáveis fisiológicas, morfológicas, bioquímicas e moleculares, pois todas estão interconectadas
e contribuem para a expressão fenotípica das plantas. Em algumas espécies, o conhecimento sobre essas variáveis
ainda é limitado e requer mais pesquisas para compreender melhor a plasticidade fenotípica entre os genótipos.

PALAVRAS-CHAVE: Estresses abióticos; Desenvolvimento vegetal; Estresse osmótico;


Distúrbios ambientais.

1. INTRODUÇÃO

O estresse ambiental causado pelos seres humanos refere-se ao impacto negativo que as
atividades humanas têm sobre o meio ambiente. Á medida que a população mundial cresce e a
demanda por recursos naturais aumenta, as atividades humanas, como a industrialização,
urbanização e agricultura intensiva exercem uma pressão, no geral ruim, significativa sobre os
ecossistemas (SANCHEZ, 2020). As alterações ambientais têm gerado grandes estresses,
mudanças e impactos no desenvolvimento de inúmeras espécies de plantas, dificultando dessa
forma a sobrevivência de algumas delas. E, considerando-se as lacunas existentes sobre os
conhecimentos que preveem as respostas adaptativas das plantas frente a cenários de mudanças

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 221


Contemporâneos, Volume 1.
globais, pesquisas nessa área tornam-se indispensáveis para que se possa elucidar essas
questões.

Os principais fatores que influenciam a capacidade fotossintética, metabólica,


germinativa, entre outros aspectos de uma planta são, a luz, temperatura, disponibilidade de
água, disposição de nutrientes no solo, pH e salinidade do solo (TAIZ; ZEIGER, 2013;
FISCHER et al., 2019; JESUS et al., 2021). A disponibilidade e intensidade de luz afeta a
capacidade fotossintética de uma planta, já a deficiência de nutrientes no solo pode retardar o
crescimento, assim como, altas temperaturas afetam seu metabolismo, e, um pH inadequado
afeta a assimilação e absorção dos nutrientes pelas raízes (TAIZ; ZEIGER, 2013). Além disso,
o transporte e alocação de nutrientes dentro da planta dependem da água, assim como, todas as
atividades fisiológicas (CAVALCANTE et al., 2009; FISCHER et al., 2019). Portanto, todo o
processo de crescimento e desenvolvimento das plantas estão suscetíveis a qualquer estresse
ambiental, seja ele um desequilíbrio no clima ou solo. Esses estresses podem levar a interrupção
do crescimento, danos às folhas, diminuição da produção de flores e frutos, e até mesmo à morte
das plantas, dependendo da intensidade e duração do estresse (RIBEIRO et al., 2012; TAIZ;
ZEIGER, 2013).

Na agricultura os impactos causados pelos estresses ambientais ocasionam perdas


significativas e redução na produção final, visto que, as plantas cultivadas são selecionadas para
o cultivo em ambientes específicos e controlados, e, qualquer alteração no local onde estão
inseridas, ocasiona danos no seu cultivo. Nesse sentido, agricultores adotam medidas para
minimizar esses efeitos, como o uso de técnicas de irrigação, plantio de culturas tolerantes a
estresses, constante monitoramento das condições ambientais, entre outros. Além disso,
empresas investem em tecnologias e pesquisas a fim de elucidar possíveis danos causados pelos
impactos ambientais, e, buscam constantemente formas de minimizar esses impactos,
selecionando dessa forma indivíduos mais resistentes as condições adversas. Além disso,
investem em pesquisas voltadas para previsões futuras de como uma determinada espécie
poderá se comportar em determinadas circunstâncias de estresse ambiental (KUSTER et al.,
2017; MOUKHTARI et al., 2020; USMAM et al., 2022).

Dentre os fatores não biológicos que causam impacto no crescimento e na produtividade


das plantas, os estresses salino, hídrico e térmico têm recebido especial atenção nas pesquisas
(NIEVOLA et al., 2017; BITTENCOURT et al., 2018; ROSADO et al., 2018; VELOSO et al.,
2018), tendo em vista as respostas sistêmicas provocadas no vegetal. E, para lidar com esses
estresses, se faz necessário que genes de diferentes órgãos e tecidos atuem em conjunto, pois o

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 222


Contemporâneos, Volume 1.
mecanismo de tolerância envolve uma série de padrões fisiológicos (BARTLETT et al., 2016;
ROSADO et al., 2018). No entanto, permanece o desafio de compreender como essas interações
ocorrem e de que forma a planta consegue adaptar-se diante tais mudanças e estresses
climáticos. Sabe-se que, ocorre adaptação genética frente as flutuações climáticas, seleção
natural das espécies mais bem adaptadas, ou então, respondem de forma individual a estas
mudanças, fazendo com que sua fisiologia e morfologia se adaptem as condições em que estão
expostas e, assim, se adaptem a ela (TAIZ; ZEIGER, 2013).

2. CENÁRIO CLIMÁTICO E AMBIENTAL - UMA PREOCUPAÇÃO MUNDIAL

O estudo das condições ambientais não é uma novidade. A preocupação com relação as
oscilações temporais, condições pedológicas de áreas e seus efeitos socioambientais têm sido
apresentado em diversos trabalhos (ZHANG; SHI, 2013; DARELHA-FILHO et al., 2016;
TOMAZ et al., 2020). Uma vez que estamos falando de segurança alimentar, países
economicamente dependentes de comercialização de produtos agrícolas e grande parte das
lavouras com sensibilidade a variações bióticas e abióticas, o cenário ambiental e suas
oscilações tornam-se assunto de grande relevância (DARELHA-FILHO et al., 2016; FISCHER
et al., 2019).

Em um trabalho de estudo do cenário climático do Brasil, Avila-Diaz et al. (2020)


fizeram uma projeção para o futuro quadro brasileiro (2046-2100). Para isto, os mesmos
adotaram diversas variáveis climáticas, sendo as mais "representativas" para o entendimento
geral: Dias Quentes (TX90p - % dias/período), Dias Frios (TX10p - %dias/período) (Figuras 1
e 2), Dias Secos Consecutivos (CDD - %) e Dias Chuvosos Consecutivos (CWD - %). Esta
pesquisa foi realizada a partir da utilização de programas que usaram os índices do período de
1986-2015 para estimar o futuro quadro climático.

Figura 1: Projeções de futuras mudanças de temperatura a partir de conjunto multi-modelo no período de 2046-
2065 desenvolvido por Avila-Diaz et al. (2020), onde: TX10p (%) - Dias frios; TX90p (%) - Dias quentes.

Fonte: Avila-Diaz et al. (2020, p. 1418).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 223


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 2: Projeções futuras de mudanças de precipitação a partir de conjunto multi-modelo no período de 2046-
2065 desenvolvido por Avila-Diaz et al. (2020), onde: CWD (%) - Dias chuvosos consecutivos; CDD (%) - Dias
secos consecutivos.

Fonte: Avila-Diaz et al. (2020, p. 1420).

Em seus resultados e discussão, é possível notar a continuidade da disparidade de


distribuição de temperatura e precipitação no Brasil. Os mesmos trazem que o aumento do
período de seca está coincidindo em corpos hídricos de extrema importância para o nicho
agrícola, tornando-se um grande limitante de condução e produtividade de diversas lavouras
brasileiras. Regiões de grande importância agrícola como Nordeste, que já apresentam quadro
climático preocupante, apresentam uma projeção ainda mais acentuada destes problemas, o que
a tornará certamente imprópria para condução agrícola na ausência da fonte indispensável ao
cultivo agrícola que é a água (AVILA-DIAZ et al., 2020).

Outro problema ambiental amplamente relatado nos artigos atuais é a salinização dos
solos agrícolas. A ocorrência deste caso tem se estendido em muitas áreas agrícolas no mundo,
e apresentam-se de forma ainda mais acentuada em regiões com baixa oferta de água coligados
a falta de percolação destes elementos no solo (Tabela 1; BUTCHER et al., 2016; TOMAZ et
al., 2020). Áreas irrigadas também apresentam problemas com salinização dos solos, uma vez
que não há um montante hídrico para lixiviação dos sais, os quais ficam localizados na área
radicular afetando diretamente o potencial osmótico. Este problema acentua-se ainda mais
quando se utiliza água de baixa qualidade que, em maioria, apresenta altas taxas de sais
(BUTCHER et al., 2016; IIZUMI et al., 2020).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 224


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 3: Tabela informativa de extensão de áreas afetadas pela salinização ao longo do mundo.

Fonte: Butcher et al. (2016, p. 2190).

Além de ser outro quadro de grande influência sobre desenvolvimento e produtividade


das áreas cultivadas, a salinidade dos solos também é um grande atuante no processo de
desertificação devido a alcalinização e sodificação dos solos, tornando diversos nutrientes
essenciais indisponíveis à planta (TOMAZ et al., 2020). Este problema tende a continuar e até
aumentar com o passar dos anos, uma vez que o aumento de temperatura interage com o padrão
de precipitação das áreas, aumentando ainda mais a salinidade e degradação dos solos, o que
torna as áreas cada vez mais próximas de uma realidade de desertificação (TORRES et al.,
2012; AVILA-DIAZ et al., 2020).

3. ESTRESSE SALINO, ESTRESSE HÍDRICO E SEUS EFEITOS

Dentre os estresses abióticos que afetam o crescimento e produtividade vegetal, os mais


estudados têm sido estresses salino e hídrico. Estes estresses têm em comum o efeito de estresse
osmótico, afetando a disponibilidade da água para absorção da planta (ZHANG; SHI, 2013;
BUTCHER et al., 2016). O estresse hídrico ocorre devido ao aumento da pressão osmótica do
solo em contato com a planta, ou seja, a umidade do solo está baixa e a planta não tem seu
"carreador natural" para absorção dos nutrientes e continuidade de seu desenvolvimento e
processos vitais (JACQUES et al., 2021). Diante deste quadro, ocorre a desidratação das células
vegetais, impossibilitando seu pleno desenvolvimento e produção, além da impossibilidade de
realocar nutrientes para órgãos prioritários do corpo vegetal (Figura 4) (FISHER et al., 2019;
USMAN et al., 2022).

O estresse salino, em particular, promove também o estresse iônico sobre as plantas


devido à presença de íons Na+ em altas concentrações, tornando-se tóxicos à planta. Esta
citotoxicidade se deve pela substituição de íons K+ por íons Na+ em processos bioquímicos
importantes, interferindo sobre o processo de fotossíntese da planta. Além disto, pelo acúmulo
dos íons Na+, a planta não consegue absorver K+, o qual é essencial para mantença do turgor

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 225


Contemporâneos, Volume 1.
celular e, consequentemente, limitando a expansão celular (BUTCHER et al., 2016;
MACHADO; SERRALHEIRO, 2017). Como mais um efeito direto do estresse iônico, tem-se
a redução da disponibilidade de CO2 à planta, uma vez que não ocorre a abertura dos estômatos
em função da desidratação das células e, portanto, há a interferência sobre a atividade
fotossintética da planta. Devido a todas estas modificações na fotossíntese, ocorre a produção
das espécies reativas de oxigênio, que irão se acumular no interior das células e biodegradam
moléculas importantes para a fisiologia vegetal, culminando para a morte celular (COLINA et
al., 2020; USMAN et al., 2022). Íons Cl- também são tóxicos ao corpo vegetal quando se
apresentam em altas taxas, visto que este elemento interfere na absorção de NO-3 (BUTCHER
et al., 2016). Frente a este quadro, ocorre a degradação de clorofila, afetando diretamente na
eficiência fotossintética da planta. Uma vez que a fotossíntese está prejudicada, a planta fica
defasada em energia para investir em seu desenvolvimento e produtividade (BUTCHER et al.,
2016).

Figura 4: Mudanças internas ocorrentes na planta em função de disponibilidade de água em diferentes épocas.

Fonte: Fischer et al. (2019, p. 405).

De forma geral, plantas em estresse salino ou hídrico tende a apresentar alterações em


relação a condutância estomatal e do mesófilo, redução dos índices de fotossíntese e redução
do conteúdo de pigmentos fotossintéticos. Devido a ocorrência de todos estes processos, que
estão interligados, a planta não apresenta expansão celular e foliar e, portanto, apresenta
interferência em seu desenvolvimento e, em alguns casos, em sua sobrevivência (DEHNAVI et
al., 2020) (Figura 5).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 226


Contemporâneos, Volume 1.
Uma vez que se encontra nestas condições de estresse, a planta começa a desencadear
diversos mecanismos importantes como tentativa de manter seus processos vitais como
metabolismo e crescimento (BUTCHER et al., 2016; DEHNAVI et al., 2020; USMAN et al.,
2022). Algumas plantas podem apresentar mecanismos de sequestro dos íons Na+ para dentro
do vacúolo. Isto se deve por vias de sinalização que ativam o gene AtNHX1, o qual permite o
transporte destes íons para o vacúolo, possibilitando a mantença do turgor vegetal. Este
processo é notado em plantas que apresentam tolerância ao estresse salino. Outra estratégia é o
controle do fluxo destes íons, impedindo sua locomoção até as folhas, e até mesmo permitindo
a exclusão destes íons via xilema a fim de impedir o acúmulo dos mesmos nas células do
mesófilo das folhas, promovido pelos genes da família SOS (ZHANG; SHI, 2013).

Figura 5: Principais efeitos do estresse salino sobre germinação e desenvolvimento vegetal.

Fonte: Moukhtari et al. (2020, p. 3).

Um dos mecanismos mais estudados em estresse salino e hídrico é a síntese de prolina.


Uma vez que ocorre a redução do potencial osmótico do substrato em que a planta se encontra,
a mesma inicia mecanismos em prol de reduzir o seu potencial osmótico a um nível mais baixo
que a do substrato. Com isto, ocorre a síntese de substâncias de baixo peso molecular solúveis
no citosol, o que permite a mantença do turgor das células e continuidade do seu
desenvolvimento. No geral, estes osmólitos não interferem em seu metabolismo e são
conhecidos como osmoprotetores, devido a proteção de macromoléculas, como proteínas e
lipídeos (EJAZ et al., 2019; MOUKHTARI et al., 2020; YOON et al., 2020). Dentre estes, a
prolina é o mais estudado atualmente, visto que este aminoácido sempre apresenta alterações
de seus níveis em função dos estresses propostos neste trabalho. Sua função como sinalizador
de estresse foi comprovada em diversos trabalhos como o de Hosseini et al. (2020), os quais

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 227


Contemporâneos, Volume 1.
estudaram mitigação dos estresses osmótico e de temperatura sobre a germinação e
desenvolvimento inicial de goiabeira com tratamentos químicos e hormonais (Figura 6).

Figura 6: Conteúdo de prolina em parte aérea (a) e raiz (b) de plântulas de Psidium guajava L. sob condições de
estresse osmótico e de temperatura, onde as sementes foram submetidas de forma prévia a tratamentos com água,
HCL e GA3.

Fonte: Hosseini et al. (2020, p. 519).

Neste, os autores verificaram aumento dos níveis de prolina sob os dois estresses
propostos e sob diferentes tratamentos de sementes para a mitigação do efeito de temperaturas
negativas sobre germinação e desenvolvimento inicial de goiaba. Através dos resultados
obtidos, verificaram que este osmólito foi efetivo para sinalizar tanto os estresses em si como o
melhor tratamento para mitigar o estresse de temperatura (HOSSEINI et al., 2020).

4. VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS EMPREGADAS AOS ESTUDOS DE ESTRESSE

As variáveis fisiológicas atualmente estudadas na investigação dos efeitos dos estresses


na planta têm sido frequentemente investigadas juntamente com variáveis morfológicas,
bioquímicas e moleculares, já que todos eles estão interligados e funcionam em conjunto para
a manifestação fenotípica da planta. Isto se dá pelo fato de um nicho de estudo explicar a
ocorrência dos demais e vice-versa. O estudo destas variáveis em Psidium guajava L. sob
estresses abióticos ainda é pouco esclarecido, necessitando de mais trabalhos para melhor
compreensão da plasticidade fenotípica ocorrente entre os genótipos desta espécie.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 228


Contemporâneos, Volume 1.
De forma a comprovar a correlação de variáveis morfológicas, fisiológicas, bioquímicas
e moleculares de goiabeira sob estresse hídrico, Usman et al. (2022) avaliaram as respostas de
duas cultivares de goiabeira sob 3 capacidades de campo. Para avaliação fisiológica das plantas,
os autores analisaram temperatura foliar, CO2 sub-estomatal, transpiração, condutância
estomática pelo vapor d'água, fotossíntese, uso eficiente da água e conteúdo de clorofila. O
estresse hídrico tende a refletir de forma pertinente sobre estas variáveis, as quais são fortes
indicadoras da ocorrência do mesmo. Uma planta sob estresse hídrico tende a apresentar
aumento de temperatura foliar, baixa condutância estomática, redução dos níveis de fotossíntese
e conteúdo de clorofila, por exemplo. Com o emprego destas observações ao trabalho, é
possível interpretar de forma clara quando se trata de genótipos ou espécies tolerantes ou
resistentes, contribuindo também para programas de melhoramento vegetal (HOSSEINI et al.,
2020).

A partir da execução de matrizes de correlação, é possível observar por exemplo que o


conteúdo de clorofila e as taxas fotossintéticas apresentaram correlação positiva com variáveis
fisiológicas como altura da planta logo após o estresse (PH1), número de folhas após o estresse
(LN1), área foliar logo após o estresse (LA1) e peso fresco e seco de folhas logo após o estresse
e após 4 semanas de recuperação, ou seja, com regime assertivo de irrigação (LFW 1 e 2, LDW
1 e 2). Já temperatura foliar apresentou correlação negativa para as mesmas variáveis (Figura
7).

Figura 7: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: Tch -
temperatura foliar; Ci - CO2 sub-estomatal; E - transpiração; gs - Condutância estomatal por vapor d'água; A -
fotossíntese; WUE - eficiência do uso de água, CC - conteúdo de clorofila; PH - altura de planta (1) após estresse
hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LN - número de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas
de recuperação; LA - área foliar (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LFW - peso fresco
de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LDW - peso seco de folhas (1) após estresse
hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação.

Fonte: Usman et al. (2022, p. 6).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 229


Contemporâneos, Volume 1.
Ao avaliar correlação entre variáveis bioquímicas e morfológicas, observa-se que as
plantas do estudo maior ocorrência de correlações negativas, como ocorreu com atividades da
Peroxidase e Catalase, conteúdo total de fenólicos, proteínas solúveis e flavonóides, conteúdo
de prolina e eliminação de radicais para altura de planta, número de folhas, área foliar e peso
fresco e seco de folhas, por exemplo. Contudo, a atividade da Superoxidase Dismutase
apresentou correlação positiva para a maioria das variáveis morfológicas analisadas (Figura 8).

Por fim, verifica-se que a correlação entre variáveis fisiológicas e bioquímicas


apresentou correlação negativa com alta frequência dentre as informações. Por exemplo, a
atividade fotossintética destas plantas apresentou taxas inversamente proporcionais a atividades
das enzimas Peroxidase e Catalase, assim como o conteúdo de prolina nas plantas. Assim
também foi observado para conteúdo de clorofila, condutância estomática e CO2 sub-estomatal
(Figura 9).

Figura 8: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: SOD -
superoxidase dismutase, POD - peroxidase, CAT - catalase, TFC - conteúdo total de flavonóides, TPC - conteúdo
total de fenólicos, TSP - conteúdo total de proteínas solúveis, DPPH - eliminação de radicais, PRO - Prolina, PH
- altura de planta (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LN - número de folhas (1) após
estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LA - área foliar (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas
de recuperação; LFW - peso fresco de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação; LDW
- peso seco de folhas (1) após estresse hídrico, (2) após 4 semanas de recuperação.

Fonte: Usman et al. (2022, p. 6).

Ao analisar o contexto geral, as plantas de ambas cultivares apresentaram taxas


morfológicas estáveis ao longo dos tratamentos, porém isto não se refletiu em sua fisiologia. O
uso eficiente da água, por exemplo, se mostrou eficiente para diferenciar o comportamento dos
genótipos, onde a cultivar de melhor perfomance apresentou aumento do uso eficiente da água.
Este comportamento é justificado pela redução das taxas de transpiração das plantas desta

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 230


Contemporâneos, Volume 1.
cultivar e, portanto, a mesma conseguiu manter sua taxa fotossintética constante ao longo do
aumento do estresse hídrico exercido.

Avaliação de pigmentos fotossintéticos, clorofilas e carotenóides tem se apresentado


eficazes e recorrentes nos estudos dos estresses abióticos, visto que o efeito destes estresses
pode reduzir consideravelmente os níveis dos mesmos. A relevância desta variável foi
fundamentada através de resultados que apontaram correlação positiva entre taxas de pigmentos
fotossintéticos e crescimento vegetal, visto que a eficiência fotossintética é proporcional a
síntese destes pigmentos na planta (RODRIGUEZ-LARRAMENDI et al., 2021).

Figura 9: Matriz de correlação entre variáveis fisiológicas e morfológicas de duas cultivares de Psidium guajava
L. avaliadas no momento do estresse hídrico e após 4 semanas de suprimento ideal de irrigação. Onde: Tch -
temperatura foliar; Ci - CO2 sub-estomatal; E - transpiração; gs - Condutância estomatal por vapor d'água; A -
fotossíntese; WUE - eficiência do uso de água, CC - conteúdo de clorofila, SOD - superoxidase dismutase, POD -
peroxidase, CAT - catalase, TFC - conteúdo total de flavonóides, TPC - conteúdo total de fenólicos, TSP -
conteúdo total de proteínas solúveis, DPPH - eliminação de radicais, PRO - Prolina.

Fonte: Usman et al. (2022, p. 6).

Além destas informações, alguns autores chegaram a percepção de que plantas


consideradas tolerantes podem modular seu número e tamanho de folhas com o intuito de
aumentar o uso eficiente da água a partir da redução da taxa de transpiração da planta. Este
comportamento foi observado por Veloso et al. (2018) ao avaliar a morfofisiologia de plantas
'Paluma' sob regime de estresse salino a partir da diferença em condutividade elétrica da água
de irrigação (Figura 10). Ainda que isto aconteça de fato, estas variáveis nunca apresentarão os
mesmos níveis de plantas não estressadas, já que estamos falando de plantas reunindo esforços
para manter-se no ambiente com pleno funcionamento de seus processos vitais (USMAN et al.,
2022).

Portanto, as variáveis fisiológicas são de grande importância para o entendimento dos


efeitos dos estresses sofridos pela planta e compreensão dos processos e estratégias
desencadeados pelas plantas para enfrentamentos dos mesmos. Uma vez que se trata de uma

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 231


Contemporâneos, Volume 1.
das frentes de defesa da planta remanejar toda a sua fisiologia, a qual reflete e é refletida pelos
domínios da bioquímica, molecular para coincidir na resposta fenotípica da planta, a análise
destas variáveis é indispensável para o desenvolvimento de pesquisas em Psidium guajava L.
sob condições de estresse.

Figura 10: Regressão linear de número de folhas (a), transpiração (b) e fotossíntese (c) de plantas da cultivar
'Paluma' de Psidium guajava L. sob tratamento de água salina.

Fonte: Montagem de autoria própria a partir de imagens coletadas em Veloso et al. (2018, p. 1882; 1884).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A necessidade de investigação sobre os estresses ambientais e o impacto proporcionado


ao desenvolvimento e produção vegetal é potencialmente importante devido ao complexo
socioeconômico envolvido. Uma vez obtido o conhecimento das modificações/ações de
sobrevivência desencadeadas pelas plantas, principalmente a níveis fisiológicos, torna-se
possível a identificação das novas necessidades de manejo de plantio, condução e produção a
serem aplicados nas lavouras comerciais, a fim de neutralizar os efeitos causados pelos fatores
propostos.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 232


Contemporâneos, Volume 1.
REFERÊNCIAS

AVILA-DIAZ, A.; BENEZOLI, V.; JUSTINO, F. Assessing current and future trends of
climate extremes across Brazil based on reanalyses and earth system model projections.
Climate Dynamics, 55, jul. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00382-020-05333-
z. Acessado em: Jan. 2023.

BARTLETT, M. K. et al. The correlations and sequence of plant stomatal, hydraulic, and
wilting responses to drought. Proceedings of the National Academy of Sciences, 113(46),
nov. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1073/pnas.1604088113. Acessado em: Jan. 2023.

BITTENCOURT, P. P.; SILVA, L. N. N. Estresse hídrico em plantas: aspectos


morfofisiológicos, adaptações e mecanismos de resposta. In: DELLA, A. P. et al. (Org.). VIII
Botânica no Inverno 2018. São Paulo: Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo,
2018, p. 235-241.

BUTCHER, K. et al. Soil Salinity: A Threat to Global Food Security. Agronomy Journal,
108(6), nov. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.2134/agronj2016.06.0368. Acessado em:
Jan. 2023.

CAVALCANTE, A. C. R. et al. Estresse por déficit hídrico em plantas forrageiras


(Documentos, 89). Sobral: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2009. Disponível em:
https://www.embrapa.br/caprinos-e-ovinos/busca-de-publicacoes/-
/publicacao/748148/estresse-por-deficit-hidrico-em-plantas-forrageiras. Acessado em: Jan.
2023.

COLINA, F. J. et al. The Analysis of Pinus pinaster SnRKs Reveals Clues of the Evolution of
This Family and a New Set of Abiotic Stress Resistance Biomarkers. Agronomy, 10(295), fev.
2020. Disponível em: https://doi.org/10.3390/agronomy10020295. Acessado em: Jan. 2023.

DARELA FILHO, J. P. et al. Socio-climatic hotspots in Brazil: how do changes driven by the
new set of IPCC climatic projections affect their relevance for policy? Climatic Change, 136,
mar. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10584-016-1635-z. Acessado em: Jan.
2023.

DEHNAVI, A. R. et al. Effect of Salinity on Seed Germination and Seedling Development of


Sorghum (Sorghum bicolor (L.) Moench) Genotypes. Agronomy, 10, jun. 2020. Disponível
em: https://doi.org/10.3390/agronomy10060859. Acessado em: Jan. 2023.

EJAZ, S. et al. Application of Osmolytes in Improving Abiotic Stress Tolerance in Plant. In:
HASANUZZAMAN, M. et al. (Org.). Plants Tolerance to Environmental Stress: Role of
Phtoprotectants. Boca Raton: CRC Press, 2019, p. 47-58. Disponível em:
https://doi.org/10.1201/9780203705315. Acessado em: Jan. 2023.

FISCHER, S. et al. Do we need more drought for better nutrition? The effect of precipitation
on nutrient concentration in East African food crops. Science of the Total Environment, 658,
mar. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2018.12.181. Acessado em: Jan.
2023.

HOSSEINI, M. S. et al. Improving seed germination and seedling growth of guava under heat
and osmotic stresses by chemical and hormonal seed treatments. Bragantia, 79(4), out./dez.
2020. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-4499.20200155. Acessado em: Jan. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 233


Contemporâneos, Volume 1.
IIZUMI, T. et al. Global Within-Season Yield Anomaly Prediction for Major Crops Derived
Using Seasonal Forecasts of Large-Scale Climate Indices and Regional Temperature and
Precipitation. Weather and Forecasting, 36, fev. 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.1175/WAF-D-20-0097.1. Acessado em: Jan. 2023.

JACQUES, C. et al. Drought Stress Memory at the Plant Cycle Level: A Review. Plants, 10,
set. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3390/plants10091873. Acessado em: Jan. 2023.

JESUS, M. S. de. et al. Métodos de avaliação de impactos ambientais: uma revisão


bibliográfica. Brazilian Journal of Development, 7(4), mar. 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.34117/bjdv7n4-321. Acessado em: Jan. 2023.

KUMAR, S. et al. Pup1 QTL Regulates Gene Expression Through Epigenetic Modification of
DNA Under Phosphate Starvation Stress in Rice. Frontiers in Plant Science, 13, maio 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.3389%2Ffpls.2022.871890. Acessado em: Jan. 2023.

KÜSTER, I. S. et al. Influência da época de plantio e indução floral na qualidade de frutos de


abacaxi ‘Vitória’. Revista Ifes Ciência, 3(2), dez. 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.36524/ric.v3i2.324. Acessado em: Jan. 2023.

MOUKHTARI, A. E. et al. How Does Proline Treatment Promote Salt Stress Tolerance During
Crop Plant Development? Frontiers in Plant Science, 11, jul. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3389/fpls.2020.01127. Acessado em: Jan. 2023.

NIEVOLA, C. C. et al. Rapid responses of plants to temperature changes. Temperature, 4(4),


nov. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1080/23328940.2017.1377812. Acessado em:
Jan. 2023.

RIBEIRO, G. et al. Estresse por altas temperaturas em trigo: impacto no desenvolvimento e


mecanismos de tolerância. Current Agricultural Science and Technology, 18(2), abr./jun.
2012. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/index.php/CAST/article/view/2502.
Acessado em: Jan. 2023.

RODRÍGUEZ-LARRAMENDI, L. A. et al. Physiological Effect of Water and Nitrogen


Availability on Guava Plants, Tropical and Subtropical Agroecosystems, 24(19), 2021.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.56369/tsaes.3391. Acessado em: Jan. 2023.

ROSADO, C. C. G. et al. Genes candidatos e mecanismos fisiológicos relacionados ao estresse


hídrico em plantas. In: MIRANDA, F. D. et al. (Org.). Tópicos Especiais em Genética e
Melhoramento II, 2018, p. 115-143.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina


de textos, 2020.

TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 918

TOMAZ, A. et al. Risk Assessment of Irrigation-Related Soil Salinization and Sodification in


Mediterranean Areas. Water, 12, dez. 2020b. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/w12123569. Acessado em: Jan. 2023.

TORRES, R. R. et al. Socio-climatic hotspots in Brazil. Climatic Change, 115, maio 2012.
Disponível em: https://doi.org/10.1007/s10584-012-0461-1. Acessado em: Jan. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 234


Contemporâneos, Volume 1.
USMAN, M. et al. Drought Stress Mitigating Morphological, Physiological, Biochemical and
Molecular Responses of Guava (Psidium guajava L.) Cultivars. Frontiers in Plant Science,
13, jun. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.3389%2Ffpls.2022.878616. Acessado em: Jan.
2023.

VELOSO, L. L. S. A. et al. Morphophysiology of guava cv. Paluma with water of different salt
concentrations and proline doses. Semina: Ciências Agrárias, 39, (5), set./out. 2018.
Disponível em: https://doi.org/10.5433/1679-0359.2018v39n5p1877. Acessado em: Jan. 2023.

YOON, Y. et al. The Role of Stress-Responsive Transcription Factors in Modulating Abiotic


Stress Tolerance in Plants. Agronomy, 10(788), jun. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/agronomy10060788. Acessado em: Jan. 2023.

ZHANG, J.; SHI, H. Physiological and molecular mechanisms of plant salt tolerance.
Photosyntesis Research, 115, mar. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s11120-013-
9813-6. Acessado em: Jan. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 235


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2312818300

CAPÍTULO 18
AÇÃO FITOTOXICOLÓGICA DO EXTRATO AQUOSO DE GENÓTIPOS DE
PSIDIUM CATTLEYANUM SABINE COM CONTEÚDO DE DNA
CONTRASTANTES 4

Larissa Carolina Lopes de Jesus


Isabelly da Silva Izidio
Lara Aparecida Nazareth Radael
Loren Cristina Vasconcelos
Thammyres de Assis Alves
Milene Miranda Praça Fontes

RESUMO
Diferenças cromossômicas em Psidium cattleyanum Sabine indicam que a espécie seja um autopoliploide,
característica que pode favorecer a produção diferenciada de metabólitos secundários, tanto qualitativa quanto
quantitativamente. Os metabólitos secundários são uma alternativa aos herbicidas sintéticos no manejo de plantas
invasoras, visto que são sustentáveis ao meio ambiente e à saúde humana. Diante disso, o objetivo deste trabalho
foi analisar a relação entre o conteúdo de DNA e o efeito do extrato aquoso de três genótipos de P. cattleyanum
(CAT3, CAT4 e CAT8) sobre o desenvolvimento inicial e ciclo celular de alface. A germinação, o índice de
velocidade de germinação e o crescimento aéreo de alface foram afetados negativamente, demonstrando o
potencial promissor dos extratos aquosos para o desenvolvimento de bioherbicidas. O ciclo celular também sofreu
danos. A alta frequência de alterações cromossômicas indicam a atividade citogenotóxica e o mecanismo de ação
clastogênico e aneugênico dos extratos. O conteúdo de DNA e atividade biológica dos extratos aquosos não
apresentaram uma relação direta. O genótipo de maior conteúdo de DNA (CAT3) causou os menores danos à
alface quando comparado aos outros genótipos. Dessa forma, acredita-se que a autopoliploidia não influenciou na
produção dos metabólitos secundários presentes no extrato aquoso das folhas dos três diferentes genótipos de P.
cattleyanum.

PALAVRAS-CHAVE: Araçá; Bioensaios; Metabólitos secundários; Citogenotoxicidade;


Fitotoxicidade.

1. INTRODUÇÃO

A família Myrtaceae vem sendo descrita como fonte de diferentes eventos de poliploidia
e hibridização (COSTA; FORNI-MARTINS, 2006b) e, por isso, se tornou foco de estudos
evolutivos que descreveram o número cromossômico para cerca de 50 espécies em nove
gêneros (COSTA, 2004; COSTA, 2009; FORNI-MARTINS, 2006a). Para o gênero Psidium,
os valores de conteúdo 2C de DNA nuclear se relacionam diretamente com o número básico x
=11 e aumentam de acordo com o nível de ploidia (COSTA, 2009).

Para Psidium cattleyanum Sabine (araçá-vermelho) diferentes números cromossômicos


foram relatados, como 2n = 44, 66, 77 e 88 (COSTA; FORNI-MARTINS, 2006b; COSTA,

4
Apoio financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 236


Contemporâneos, Volume 1.
2009; SOUZA et al., 2014). Além desses, Souza et al. (2014) relataram citótipos com 2n = 46,
48, 55, 58 e 82 que não são múltiplos do número básico para a família (x =11), sendo que suas
contagens foram complementadas pela quantificação de DNA. Medina (2014) relatou que o
valor 2C teria uma relação direta com o nível de ploidia determinado para citótipos 2n=77 e
2n=88 no Uruguai, confirmando que a quantificação de DNA por citometria de fluxo é uma
ferramenta segura na detecção indireta da poliploidia.

A poliploidia se refere a presença de dois ou mais conjuntos cromossômicos completos


em um núcleo celular (SOLTIS, 2009) e em plantas é um fenômeno frequente, sendo relatado
principalmente nas angiospermas (DODSWORTH et al., 2016). Além de diversas
características fenotípicas, os vegetais poliploides apresentam modificações genotípicas, já que
o aumento do número de cromossomos da planta pode aumentar a produção de metabólitos
secundários quando comparadas às plantas-mãe diplóides, (JESUS-GONZALES;
WEATHERS, 2003) podendo formar assim, diferentes quimiotipos dentro da mesma espécie.
A identificação dos compostos, por sua vez, pode ajudar a definir as diferenças existentes entre
os genótipos, possibilitando a definição de agrupamentos entre genótipos semelhantes
(quimiotipos) (STESEVIC et al., 2014). Além disso, o estudo da diversidade quimiotípica de
extratos vegetais é importante para identificar e selecionar genótipos dentro de condições
ambientais que sejam favoráveis para a produção e exploração dos compostos do metabolismo
secundário. Dessa forma os extratos podem ser aplicados na medicina popular, indústria
bioquímica, na produção de fármacos, estudos quimiotaxonômicos e assim, agregar valor à
cultura (SOUZA, 2017). Metabólitos secundários possuem inúmeras atividades biológicas e
podem atuar sobre a germinação e o crescimento de diferentes plantas (MOHAN et al., 2019;
OSZMIAŃSKI et al., 2020; FENG et al., 2019). Considerados os pesticidas da próxima geração
(DAYAN; DUKE, 2014), os compostos naturais podem ser explorados e utilizados como
herbicidas naturais para o manejo sustentável de pragas visto que que são pouco prejudiciais ao
meio ambiente e à saúde humana quando comparados aos herbicidas tradicionais.

Sendo assim, diante da variação no número cromossômico descrita para P. cattleyanum,


o presente estudo teve por objetivo analisar a relação entre o conteúdo de DNA e o efeito do
extrato aquoso de três diferentes plantas de P. cattleyanum sobre a germinação,
desenvolvimento inicial (fitotoxicidade) e ciclo celular (citogenotoxicidade) na planta modelo
Lactuca sativa L. (alface).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 237


Contemporâneos, Volume 1.
2. EMBASAMENTO TEÓRICO

2.1 Poliploidia

A poliploidia é resultado da duplicação cromossômica e consequentemente de seus


respectivos genes em um único organismo, ocorrendo a fusão de dois genomas de espécies
diferentes (alopoliploidia) ou da mesma espécie (autopoliploidia). A junção dos genomas que
formam um organismo poliplóide é capaz de gerar diferentes efeitos colaborativos, como
resistência a doenças (KULHEIM et al., 2015). O aumento da variabilidade genética inter e/ou
intraespecífica, pode influenciar na composição de metabólitos secundários e por consequência
refletir na composição de quimiotipos de óleos essenciais dentro da uma mesma espécie
(SOUZA et al., 2017; KULHEIM et al., 2015; IANNICELLI et al., 2016).

Estudos citogenéticos sobre a espécie P. cattleyanum descrevem nove citótipos com


números cromossômicos variando de 2n=44, 55, 66, 77, 88, 99, 100, 110 e 132 (ATCHISON,
1947; COSTA e FORNI-MARTINS, 2006; COSTA 2009; HIRANO; NAKAZONE, 1969;
MEDINA, 2014; SOUZA et al. 2014; MACHADO, 2016). A variação na ploidia de P.
cattleyanum foi relatada por influenciar qualitativamente e quantitativamente a produção de
diferentes compostos químicos de seu óleo essencial. O conteúdo de DNA de P. cattleyanum
também foi relacionado a ação biológica de seus óleos essenciais em testes utilizando Lactuca
sativa (alface) (SPADETO, 2019).

2.2 Compostos naturais e herbicidas sustentáveis

Herbicidas sintéticos são utilizados excessivamente nos campos agrícolas há 70 anos a


fim de garantir o aumento da produtividade e a eficiência no controle de plantas indesejáveis
que competem por recursos com as culturas de importância econômica (YANG; ZHU, 2013).
No entanto, esses produtos apresentam um nível de toxidez considerável para o meio ambiente
e para o ser humano, podendo causar infecções crônicas, alterações genéticas em plantas e a
contaminação do solo (PIGNATI et al., 2017; SOUZA FILHO; TREZZI; IOUE, 2011). Além
disso, seu uso contínuo tem levado à resistência de diversas plantas invasoras (DAYAN;
DUKE, 2014). Nesse contexto, surge a necessidade de encontrar novos compostos para esse
fim, que sejam mais sustentáveis e menos agressivos ao homem e ao meio ambiente.

As plantas conseguem interagir quimicamente através de compostos naturais, estes


podem causar efeitos benéficos ou nocivos às outras plantas. Alcalóides, taninos, flavonóides,
saponinas, terpenóides e compostos fenólicos, estão envolvidos na defesa da planta contra
estresses bióticos e abióticos. Esses metabólitos secundários possuem inúmeras atividades

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 238


Contemporâneos, Volume 1.
biológicas e fazem parte da composição química de agroquímicos, inseticidas, cosméticos,
fragrâncias e medicamentos (BOLZANI, 2016; MACHADO et al., 2019). Além disso, são
capazes de impedir a germinação de sementes e o crescimento de diferentes plantas através da
alelopatia (MOHAN et al., 2019; OSZMIAŃSKI et al., 2020; FENG et al., 2019). A ação
dessas biomoléculas naturais é semelhante ao princípio ativo de vários agroquímicos sintéticos
(KAUR et al., 2021; LIMA et al., 2018). Considerados os pesticidas da próxima geração, os
compostos naturais são pouco prejudiciais ao meio ambiente e à saúde humana e podem ser
utilizados visando à redução do uso de herbicidas químicos no manejo sustentável de plantas
(DAYAN; DUKE, 2014; WEIR; PARK; VIVANCO, 2004).

2.3 Extratos vegetais

Os metabólitos secundários são extraídos do material vegetal utilizando um extrator


orgânico ou água (PIRES; OLIVEIRA, 2011) a partir deste último os extratos aquosos foram
obtidos como produto. Os extratos apresentam em sua composição compostos fenólicos e
ácidos orgânicos de baixo peso molecular. A composição de fitoquímicos e a quantidade dos
mesmos nos produtos naturais são influenciadas por inúmeras variáveis, como fatores
ecológicos, fisiológicos e genéticos (ANDRADE; CASALI, 1999). Extratos de plantas já foram
descritos na literatura pela capacidade de controlar o crescimento de fungos, pragas e plantas
(MACHADO et al., 2007; SCHWAN-ESTRADA et al., 2000; SOUZA et al., 2006).

A fim de testar o potencial germinativo dos extratos vegetais de eucalipto e guanxuma


sobre as sementes de jabuticaba, pitanga e goiaba, Moellmann (2014) realizou um estudo onde
foi obtida uma redução significativa da porcentagem de germinação dessas sementes. Também,
uma análise feita por Spadeto (2018), mostrou a capacidade germinativa do extrato vegetal da
espécie Psidium guajava sobre as sementes de Lactuca sativa. Notou-se em seu estudo a
influência do extrato de alterar o ciclo celular, o que deixa claro a presença de compostos
alelopáticos referentes a composição dos metabólitos secundários, que são liberados pelos
vegetais sobre o crescimento e desenvolvimento de outras plantas.

2.4 Ensaios de fitotoxicidade e genotoxicidade

Os estudos de demonstração dos efeitos fitotóxicos são realizados experimentalmente


através da aplicação de extratos de uma planta em sementes ou plântulas de outras espécies por
meio dos bioensaios. Estes ensaios, consistem essencialmente na contabilização de sementes
germinadas e na avaliação da elongação radicular e da parte aérea de um modelo vegetal quando
exposto a alguma substância potencialmente tóxica (PALMIERI, 2012). Assim, é possível

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 239


Contemporâneos, Volume 1.
observar a resposta biológica de um organismo vivo (plantas superiores ou microorganismos)
a uma determinada substância ou metabólito. Esta análise fornece informações importantes
sobre o efeito dos constituintes químicos presentes no material a ser estudado sobre a divisão
celular, germinação e crescimento da planta (REIGOSA et al., 2013).

As alterações na morfologia da planta são manifestações secundárias de efeitos


ocorridos a nível molecular e celular inicialmente (FERREIRA; AQUILA, 2000). Os ensaios
de citogenotoxicidade são baseados na avaliação do ciclo celular durante a mitose, consistindo
em uma ferramenta importante na determinação da toxicidade dessas substâncias. Estes ensaios
permitem a detecção de anormalidades durante o processo de desenvolvimento e diferenciação,
como alterações no índice de divisão celular e a presença de alterações cromossômicas e
nucleares (ANDRADE et al., 2010; HARASHIMA; SCHNITTGER, 2010). Assim, os ensaios
citogenéticos possibilitam identificar se o extrato em estudo apresenta efeitos citotóxicos,
genotóxicos, mutagênicos ou mesmo carcinogênicos (LEME; MARIN-MORALES, 2009).

Entre os modelos de plantas empregados nos bioensaios é aconselhável a utilização de


organismos vegetais sensíveis à exposição a agentes contaminantes (ARAGÃO et al., 2015;
ARAGÃO et al., 2017). A espécie L. sativa é um dos organismos modelos mais utilizados em
bioensaios, pois seus tecidos são sensíveis, precisam de pouco espaço para o desenvolvimento
inicial, e seu ciclo de vida é curto, o que facilita o manuseio em experimentos laboratoriais de
curta duração (ARAGÃO et al., 2015; LIMA et al., 2018). Além disso, seus cromossomos são
grandes favorecendo a análise do ciclo celular (SILVEIRA et al., 2017).

3. METODOLOGIA

3.1 Material vegetal e preparo do extrato aquoso

As amostras vegetais foram obtidas no município de Alegre, no estado do Espírito


Santo, na área experimental do CCAE/UFES. Folhas de três genótipos de P. cattleyanum com
conteúdo de DNA diferentes (CAT3 = 6,03 pg - picogramas, CAT4 = 3,23 e CAT8 = 4,71)
(SPADETO et al., 2022) foram coletadas de pontos aleatórios das copas das árvores. A
preparação do extrato foi conduzida no laboratório de Preparo de Amostra Vegetal e os
experimentos com os bioensaios vegetais no laboratório de Citogenética Vegetal do Centro de
Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCAE-UFES).
Todas as folhas coletadas passaram por uma seleção, as danificadas foram descartadas e as
outras, secas em estufa a 65ºC por três dias e trituradas dando aspecto de um pó. Para o preparo

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 240


Contemporâneos, Volume 1.
do extrato aquoso, foi adicionado 300ml de água autoclavada e fervente a 100ºC em 30g do
material vegetal triturado. Após 10min de descanso, a mistura foi filtrada.

3.2 Bioensaios de fitotoxicidade

Para a avaliação da atividade fitotóxica dos extratos aquosos, sementes de L. sativa


foram adicionadas em placas de Petri de 9cm de diâmetro, esterilizadas, contendo papel filtro.
As sementes foram expostas a 2mL dos extratos em diferentes concentrações (100, 50, 25 e
12.5 µg mL-1). Água destilada e o herbicida glifosato foram utilizados como controle negativo
e positivo, respectivamente. Para cada tratamento foram utilizadas 25 sementes de L. sativa,
com cinco repetições. As placas foram lacradas com papel filme e colocadas em câmara de
germinação (BOD) a aproximadamente 24°C. As análises ocorreram em etapas, sendo elas, a
avaliação macroscópica da germinação das sementes, e em seguida a avaliação do crescimento
aéreo das plântulas. O índice de germinação das sementes (IVG) foi obtido de 8 em 8 horas
durante 48 h. As 48h também foi obtida a porcentagem de germinação das sementes. Com o
auxílio de um paquímetro digital, após a exposição por 120 horas, o crescimento aéreo (CA)
das plântulas foi obtido (ARAGÃO et al., 2015).

3.3 Ensaio de citogenotoxicidade

As análises citogenotóxicas foram realizadas através de avaliação microscópica de


lâminas contendo o meristema radicular de L. sativa, avaliando-se o número de alterações
cromossômicas e nucleares, e o índice mitótico. Para a preparação das lâminas, as 48h de
exposição 10 raízes de cada tratamento foram coletadas e fixadas em Etanol: Ácido Acético
(3:1) e armazenadas durante o experimento a -18°C em freezer para a realização dos ensaios
citogenotóxicos. Água destilada foi utilizada como controle negativo.

Para o preparo das lâminas foram utilizadas duas raízes fixadas em cada tratamento.
Estas foram lavadas três vezes por dez minutos, em água destilada, em seguida inseridas em
solução de HCl 5N por 18 minutos em temperatura ambiente, para a hidrólise dos meristemas.
Após essa etapa, os meristemas foram separados das raízes com o auxílio de um bisturi e
corados com Orceína acética 2%. O material foi então coberto com lamínula e dissociado
através de esmagamento. As lâminas foram vedadas com esmalte incolor e armazenadas em
câmara úmida e fria até a análise, para conservação do material. Foram avaliadas 5 lâminas por
tratamento e 1000 células de cada lâmina, totalizando 5000 células por tratamento. O índice
mitótico (IM) foi obtido dividindo-se o número de células em divisão (prófase, metáfase,
anáfase e telófase) pelo total de células analisadas em cada tratamento. O mesmo processo foi

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 241


Contemporâneos, Volume 1.
feito para a avaliação das alterações cromossômicas. A frequência de alterações nucleares e de
alterações cromossômicas individuais obtidas através da divisão do número de células com
alterações pelo total de células em divisão (ARAGÃO et al., 2015).

Todos os dados coletados, foram tabulados e seus valores expressos como média ±
desvio padrão. Foram submetidos a ANOVA (análise de variância) e pelo Teste de Dunnett (p
≤ 0,05) pelo software Genes (CRUZ, 2013).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio das análises dos bioensaios foi observado que os genótipos de P. cattleyanum
possuem alta atividade fitotóxica (Tabela 2). Os resultados mostraram que a maior concentração
de CAT3, CAT4 e CAT8 (100 µg mL-1) inibiu a germinação de alface em 87.81%, 97.56% e
87.81%, respectivamente, em relação ao controle da água. A concentração 50 µg mL-1 dos
extratos também diferiu dos controles, causando uma pequena redução na germinação. Em
relação ao IVG, todas as concentrações dos extratos reduziram esse parâmetro em comparação
aos controles (Tabela 1).

Tabela 1: Efeito do extrato aquoso de folhas dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum sobre a
porcentagem de germinação, índice de velocidade de germinação (IVG) e crescimento da parte aérea de L.
sativa.
Genótipo Concentração Germinação IVG CA (mm)
(µg mL-1) (%)
CAT3 12.5 99.2 ab 10.34 5.18
25 92 ab 9.55 4.21
50 79.2 5.69 1.82 b
100 12 0.62 2.04 b
CAT4 12.5 93.6 ab 10.51 5.94 a
25 93.6 ab 9.82 b 5.83 a
50 83.6 7.12 1.98 b
100 2.4 0.19 0.78 b
CAT8 12.5 93.6 ab 9.82 b 10.29
25 92.8 ab 9.70 b 7.90
50 82.4 6.24 3.97 b
100 3.2 0.16 0.63 b
Água destilada 98.4 a 11.67 a 8.21 a
Glifosato 94.4 b 11.33 b 2.27 b
Fonte: Autoria própria (2023).

Nota: As médias seguidas da letra 'a' são estatisticamente semelhantes à água, e as


médias seguidas pela letra ‘b’ são estatisticamente semelhantes ao glifosato pelo Teste de
Dunnett (p<0,05).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 242


Contemporâneos, Volume 1.
Considerando o CA, as concentrações de 100 e 50 µg mL-1 tiveram efeito similar ao
herbicida glifosato, reduzindo drasticamente o comprimento da parte aérea das plântulas de
alface. A concentração 100 µg mL-1 provocou reduções de 75.08% (CAT3), 90.43% (CAT4) e
92.33% (CAT8). Com exceção do extrato de CAT3, foi possível observar uma redução dos
coleóptilos de acordo com o aumento das concentrações (Tabela 1).

Os resultados encontrados podem ser devido a compostos químicos com atividade


fitotóxica presentes nos extratos. Alves et al. (2022) ao realizar o rastreio fitoquímico do
extrato aquoso de P. cattleyanum relatou a presença de saponinas, catequinas e taninos. Estas
substâncias são descritas por causarem interferências na divisão celular, na permeabilidade de
membranas e na ativação de enzimas, levando a inibição da germinação e do crescimento das
plântulas expostas (RODRIGUES et al., 1992; HISTER et al., 2016). A concentração de 100
µg mL-1 de todos os extratos inibiu quase que completamente a germinação de alface. De acordo
com Habermann et al. (2015) elevadas concentrações podem acarretar necrose tecidual de
raízes primárias, provocar a morte dos tecidos ou a formação de plantas com anomalias, devido
a indução de alterações citogenotóxicas nas células expostas.

Com relação às fases do ciclo mitótico, foi observado uma diminuição das células em
metáfase e telófase expostas à concentração de 100 µg mL-1 de CAT3 (Tabela 2). O IM, a
frequência de alterações nucleares e a frequência de alterações cromossômicas não foram
afetados pelas concentrações dos extratos (Tabela 3).

Tabela 2: Efeito do extrato aquoso de folhas dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum sobre a
divisão mitótica de células meristemáticas de L. sativa.
Genótipo Concentração Interfase Prófase Metáfase Anáfase Telófase
(µg mL-1)
CAT3 12.5 81.66 a 49.91 a 32.03 a 10.98 a 7.05 a
25 82.52 a 56.33 a 26.91 a 11.62 a 5.13 a
50 81.82 a 62.04 a 22.77 a 8.78 a 6.40 a
100 86.94 a 74.93 a 10.58 14.22 a 0.26
CAT4 12.5 85.8 a 52.13 a 29.66 a 14.55 a 6.15 a
25 82.72 a 52.61 a 28.85 a 12.38 a 3.68 a
50 87.80 a 59.07 a 26.98 a 9.81 a 4.12 a
100 - - - - -
CAT8 12.5 85.08 a 55.85 a 27.43 a 11.85 a 4.85 a
25 76.7 a 61.11 a 24.00 a 11.11 a 3.78 a
50 82.26 a 61.18 a 24.85 a 8.27 a 5.68 a
100 - - - - -
Água destilada 82.66 a 47.05 a 33.78 a 13.63 a 5.52a
Nota: As médias seguidas da letra 'a' são estatisticamente idênticas à água pelo Teste de Dunnett (p<0,05).
Fonte: Autoria própria (2023).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 243


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 3- Efeito do extrato aquoso de folhas dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum sobre o
índice mitótico (IM), frequência de alterações cromossômicas (AC) e nucleares (AN) de células meristemáticas
de L. sativa.
Genótipo Concentração IM AC AN
(µg mL-1)
CAT3 12.5 17.7 a 0.82 a 0.64 a
25 17.47 a 1.47 a 0.00 a
50 18.16 a 1.22 a 0.02 a
100 7.72 a 0.12 a 5.34 a
CAT4 12.5 13.53 a 1.54 a 0.96 a
25 16.48 a 1.16 a 0.80 a
50 10.82 a 0.98 a 1.50 a
100 - - -
CAT8 12.5 13.78 a 1.42 a 1.14 a
25 20.88 a 1.06 a 2.42 a
50 17.18 a 1.48 a 0.56 a
100 - - -
Água destilada 15.82 a 1.58 a 1.52 a
Nota: As médias seguidas da letra minúscula 'a' são estatisticamente idênticas à água pelo Teste de Dunnett
(p<0,05).
Fonte: Autoria própria (2023).

Os resultados encontrados estão relacionados à pequena taxa de germinação causada


pela concentração de 100 µg mL-1 de CAT4, CAT8. Este tratamento foi o que mais afetou a
germinação e o crescimento de alface, no entanto, a pouca quantidade de raízes que cresceram
sob sua exposição impediram a confecção das lâminas para análise do ciclo celular. Freitas et
al. (2016) descreveram que a redução da germinação, pode ocorrer devido ao primeiro contato
de substâncias através da raiz, uma vez que mecanismos isolados ou em conjunto atuam
inibindo a absorção de nutrientes, o alongamento e a divisão celular provocando a morte das
células.

Os compostos presentes nos extratos possivelmente causaram danos irreparáveis ao


DNA levando a ativação do processo de morte celular na concentração de 100 µg mL-1 de
CAT4, CAT8. A morte celular causa a redução do IM, impedindo o início da prófase e
consequentemente a divisão celular. Uma evidência citológica da ocorrência de morte celular
em células é a presença de núcleos condensados. Os núcleos condensados são caracterizados
pela heterocromatinização do núcleo interfásico comum. Mudanças morfológicas e
bioquímicas na cromatina causam essa alteração ativando o mecanismo de apoptose. A
presença de núcleos condensados indica o potencial mutagênico de substâncias (ANDRADE-
VIEIRA et al., 2011; COSTA et al., 2017). Cromossomos aderentes também podem ter sido
causados pela maior concentração dos extratos de CAT4 e CAT8. Esta alteração é dada pela
perda das características normais de condensação dos cromossomos, provocando a formação

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 244


Contemporâneos, Volume 1.
de aglomerados. Esta alteração evidencia um forte efeito citotóxico visto que é irreversível e
também causa a morte celular (LIMA, 2021).

Considerando a frequência de alterações cromossômicas, foram observados a presença


de cromossomos aderentes, cromossomos pegajosos, cromossomos quebrados, cromossomos
perdidos, ponte em anáfase e telófase e c-metáfases (Figura 1). Estas anomalias são ocasionadas
por alterações estruturais cromossômicas, causadas por uma ação clastogênica, ou por perdas e
alterações no conjunto cromossômico, resultado de uma ação aneugênica. Elas indicam o efeito
genotóxico de substâncias (PEREIRA, 2013). A alteração cromossômica encontrada com
maior frequência foi a c-metáfase. Esta alteração é resultado da ação de agentes aneugênicos
sobre as fibras do fuso mitótico que paralisam o ciclo mitótico em metáfase (AMÂNCIO et al.,
2016). Os cromossomos ao invés de estarem organizados no plano de divisão celular como na
metáfase normal, ficam dispersos no interior da célula.

A segunda alteração mais frequente foi as pontes em anáfase e telófase. As pontes são
formadas por alterações na estrutura do DNA por substâncias clastogênicas. Elas estão
relacionadas a quebras nas regiões terminais (telômeros) das cromátides de um cromossomo
seguida pela união das mesmas (FERNANDES et al., 2007). Os cromossomos aderentes ou
pegajosos, foi a terceira alteração mais observada. Esta alteração ocorre pela ação de agentes
aneugênicos e como visto anteriormente é um indicativo de morte celular (ANDRADE et al.,
2008; ANDRADE et al., 2010; ANDRADE-VIERA et al., 2014; ARAGÃO et al., 2015).
Cromossomos perdidos ou não orientados também foram observados em grande quantidade.
Esta é uma alteração aneugênica relacionada ao não reconhecimento dos cromossomos pelo
fuso mitótico durante a divisão, causando a sua perda durante a anáfase e telófase
(FERNANDES et al., 2007; LEME; MARIN-MORALES, 2009). Quebras cromossômicas
também foram observadas, porém em menor número. Esta alteração clastogênica indica
quebras no DNA e podem ser resultado dos fragmentos causados durante a formação das pontes
(FERNANDES et al., 2007). Os fragmentos não conseguem se ligar ao fuso e ficam à deriva
durante a divisão.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 245


Contemporâneos, Volume 1.
Figura 1: Distribuição de todas as alterações cromossômicas encontradas nas células meristemáticas de L. sativa
expostas ao extrato aquoso foliar dos genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum.

Fonte: Autoria própria (2023).

Com base nos resultados podemos observar que o conteúdo de DNA e a atividade
fitotóxica e citogenótóxica dos acessos de P. cattleyanum não apresentam uma relação direta.
Os efeitos mais fortes foram causados pelo acesso com conteúdo de DNA mediano CAT8
(conteúdo de DNA=4.71), seguido do acesso de menor conteúdo de DNA CAT4 (conteúdo de
DNA= 3.23 pg). Esses resultados indicam que possivelmente a produção de metabólitos
secundários não foi favorecida quantitativamente pela duplicação dos cromossomos pela
autopoliploidia, um padrão diferente do encontrado na literatura. Spadeto (2022) observou um
aumento do rendimento dos óleos essenciais nas plantas P. cattleyanum com maiores conteúdos
de DNA. Três quimiotipos também foram identificados entre os sete acessos de P. cattleyanum,
tendo estes conteúdos de DNA, rendimentos e compostos produzidos semelhantes (SPADETO,
2022).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo confirma-se o potencial fitotoxicológico do extrato aquoso foliar dos


genótipos CAT3, CAT4 e CAT8 de P. cattleyanum. As maiores concentrações dos extratos
afetaram negativamente a germinação, o IVG e o CA das plântulas de alface. A atividade
fitotóxica dos extratos pode ser devido a presença de metabólitos secundários do tipo saponinas,
catequinas e taninos, já relatados para P. cattleyanum. As análises de citogenotoxicidade
demonstrou o mecanismo de ação clastogênico e aneugênico dos extratos, evidenciados pela

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 246


Contemporâneos, Volume 1.
alta frequência de cromossomos aderentes, cromossomos perdidos, c-metafáses e pontes em
anáfase e telófase. Neste sentido, conclui-se que o extrato aquoso dos acessos de P. cattleyanum
são promissores para o desenvolvimento de herbicidas naturais. Com relação a autopoliploidia,
o conteúdo de DNA e atividade biológica dos extratos aquosos aparentam não possuir nenhuma
relação específica, visto que o genótipo de maior conteúdo de DNA causou os menores danos
à alface. Diante do exposto, a análise dos extratos aquosos dos diferentes genótipos de P.
cattleyanum é essencial para elucidar a relação existente entre o conteúdo de DNA e os efeitos
fitotóxicos e citogenotóxicos aqui encontrados.

REFERÊNCIAS

ALVES, T. A. et al. Phytotoxicity and cytogenetic action mechanism of leaf extracts of


Psidium cattleyanum Sabine in plant bioassays. Brazilian Journal of Biology, v.84, maio.
2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1519-6984.260985. Acessado em: Jun. 2023.

AMÂNCIO, B. C. S. Bioatividade de extratos de folhas e frutos de Byrsonima spp.


(malphigiaceae) em Lactuca sativa: ação alelopática de diferentes extratos de folha de
Byrsonima spp. (malpighiaceae) sobre bioteste de alface (Lactuca sativa). 2016. p. 1-67
páginas. Dissertação (Mestre em Ciências Ambientais) – Universidade Federal de Alfenas,
UNIFAL-MG, 2016. Disponível em: https://www.unifal-mg.edu.br/ppgca/wp-
content/uploads/sites/188/2021/03/Dissert.-Barbara.2016-Bioat.-extrat.-folhas-e-frutos-de-
Byrsonima-spp.-em-L.-sativa-VersaoFinal_0.pdf#page=43. Acessado em: Jun. 2023.

ANDRADE, F. M. C.; CASALI, V. W. D. Plantas medicinais e aromáticas: relação com o


ambiente, colheita e metabolismo secundário.1999. p. 1-134. Monografia. (Mestre em
Genética de população) – Universidade Federal de Viçosa, UFV, Viçosa, 1999.

ANDRADE, L. F. et al. Cytogenetic alterations induced by SPL (spent potliners) in


meristematic cells of plant bioassays. Ecotoxicology and environmental safety, v.71(3), p.
706-710, abril. 2008. Disponível em: doi:10.1016/j.ecoenv.2008.02.018. Acessado em: Jun.
2023.

ANDRADE, L. F.; DAVIDE, L. C.; GEDRAITE, L. S. The effectof cyanide compounds,


fluorides and inorganic oxides presentin spent pot Linner on germination and root tip cells of
Lactuca sativa. Ecotoxicology and Environmental Safety, v.25, p. 626–631, set. 2010.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ecoenv.2009.12.012. Acessado em: Jun. 2023.

ANDRADE-VIEIRA, L. F. et al. Effects of Jatropha curcas oil in Lactuca sativa root tip
bioassays. In: Anais Academia Brasileira de Ciências, v.86, p. 373-382, mar. 2014. Anais.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0001-3765201420130041. Acessado em: Jun. 2023.

ANDRADE-VIEIRA, L. F. et al. Spent Pot Liners (SPL) induced DNA damage and nuclear
alterations in root tip cells of Allium cepa as a consequence of programmed cell death.
Ecotoxicology and Environmental Safety, v.74, p. 882–888, maio, 2011. Disponível em:
doi:10.1016/j.ecoenv.2010.12.010. Acessado em: Jun. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 247


Contemporâneos, Volume 1.
ARAGÃO, F. B. et al. Phytotoxic and cytotoxic effects of Eucalyptus essential oil on lettuce
(Lactuca sativa L.). Allelopathy Journal, v. 35(2), p. 259-272, dez. 2015. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Phytotoxic+and+cytotoxic+effects+of+Eucalyptus+essential+oil+on
+lettuce+%28Lactuca+sativa+L.%29.+Allelopathy+Journal&btnG=. Acessado em: Jun. 2023.

ARAGÃO, F. B. et al. Phytotoxicity and cytotoxicity of Lepidaploa rufogrisea (Asteraceae)


extracts in the plant model Lactuca sativa (Asteraceae). Revista de Biología Tropical, v.65(2),
p. 435-443, jun. 2017. Disponível em: https://www.scielo.sa.cr/pdf/rbt/v65n2/0034-7744-rbt-
65-02-00435.pdf. Acessado em: Jun. 2023.

ATCHISON, E. Chromosome numbers in the Myrtaceae. American Journal of Botany, v.34:


p. 159-164, mar. 1947. Disponível em: https://doi.org/10.2307/2437370. Acessado em: Jun.
2023.

BOLZANI, V. S. Biodiversidade, bioprospecção e inovação no Brasil. Ciências e Cultura, v.


68, p. 04-05, mar, 2016. Disponível em:
http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v68n1/v68n1a02.pdf. Acessado em: Jun. 2023.

COSTA, A.V. et al. Synthesis of novel glycerol-derived 1, 2, 3-triazoles and evaluation of their
fungicide, phytotoxic and cytotoxic activities. Molecules, vol. 22, no. 10, p. 1666, out. 2017.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.3390/molecules22101666PMid:28991165. Acessado em:
Set. 2022.

COSTA, I. R. Estudos cromossômicos em espécies de Myrtaceae Juss. no sudeste do Brasil.


2004. p. 1-80. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Universidade Estadual de
Campinas, UNICAMP, Campinas, 2004. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Estudos+cromoss%C3%B4micos+em+esp%C3%A9cies+de+Myrtac
eae+Juss.+no+sudeste+do+Brasil.+2004.+80.+Disserta%C3%A7%C3%A3o+de+Mestrado&
btnG=. Acessado em: Jun, 2023.

COSTA, I. R. Estudos evolutivos em Myrtaceae: aspectos citotaxonômicos e filogenéticos


em Myrteae, enfatizando Psidium e gêneros relacionados. Tese (Doutorado em Biologia
vegetal) – instituto de biologia, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP- SP, 2009.
Disponível em: https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.2009.443750. Acessado em: jun. 2023.

COSTA, I. R.; FORNI-MARTINS, E. R. Chromosome studies in Eugenia, Myrciaria and


Plinia (Myrtaceae) from southeastern Brazil. Australian Journal of Botany, v. 54, p. 409-415,
jun. 2006a. Disponível em: https://doi.org/10.1071/BT04199. Acessado em: Jun. 2023.

CRUZ, C.D. Genes: a software package for analysis in experimental statistics and quantitative
genetics. Acta Scientiarum. Agronomy, v. 35, p. 271-276, set. 2013. Disponível em:
https://doi.org/10.4025/actasciagron.v35i3.21251. Acessado em: jun. 2023.

DAYAN, F. E.; DUKE, S. O. Natural compounds as next-generation herbicides. Plant


physiology, v. 166(3), p. 1090-1105, nov. 2014. Disponível em:
https://doi.org/10.1104/pp.114.239061. Acessado em: Jun. 2023.

DE SOUZA, E. S.; VASCONCELOS, L. C.; PRAÇA-FONTES, M. M. Efeito do óleo essencial


de cultivares de Psidium guajava L. sobre a germinação e crescimento de alface e sorgo. In:
Anais da 30ª Semana Acadêmica do Curso de Agronomia do CCAE/UFES-SEAGRO, set.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 248


Contemporâneos, Volume 1.
2017, UFES. Anais. 2017. 1-4. Disponível em:
https://periodicos.ufes.br/seagro/article/view/17516. Acessado em: Jun. 2023.

DODSWORTH, S. M. W.; CHASE, A. R. Leitch. Is post‐polyploidization diploidization the


key to the evolutionary success of angiosperms? Botanical Journal of the Linnean Society,
v.180, p. 1– 5, jan. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1111/boj.12357. Acessado em: Jun.
2023.

FENG, G. et al. Herbicidal activities of compounds isolated from the medicinal plant Piper
sarmentosum. Industrial Crops and Products, v. 132, p. 41-47, jun. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2019.02.020. Acessado em: Jun. 2023.

FERNANDES, T. C. C.; MAZZEO, D. E. C.; MARIN-MORALES, M. A. Mechanism of


micronuclei formation in polyploidizated cells of Allium cepa exposed to trifluralin herbicide.
Pestic. Biochem. Physiol. v.88, p. 252–259, jul. 2007 Diponível em:
https://doi.org/10.1016/j.pestbp.2006.12.003. Acessado em: Set. 2022.

FERREIRA, A. G.; AQUILA, E. M. E. A. Alelopatia: Uma área emergente da ecofisiologia.


Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, 2000. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt
BR&as_sdt=0%2C5&q=Alelopatia%3A+Uma+%C3%A1rea+emergente+da+ecofisiologia%
2C+in%3A+Revista+Brasileira+de+Fisiologia+Vegetal%2C+&btnG=. Acessado em: Jun.
2023.

FREITAS, A. S. et al. Effect of SPL (Spent Pot Liner) and its main components on root growth,
mitotic activity and phosphorylation of Histone H3 in Lactuca sativa L. Ecotoxicology
Environmental Safety. v. 124, p. 426–434, fev. 2016. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.ecoenv.2015.11.017. Acessado em: Jun. 2023.

HABERMANN, E. et al. Phytotoxic activity of stem bark and leaves of Blepharocalyx


salicifolius (Myrtaceae) on Weeds. Acta Biológica Colombiana, v.20(1), p. 153-162, jan.
2015. Disponível em: https://doi.org/10.15446/abc.v20n1.42756. Acessado em: Jun. 2023.

HARASHIMA, H.; SCHNITTGER, A. The integration of cell division, growth and


differentiation. Current opinion in plant biology, v.13(1), p. 66-74, fev. 2010. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.pbi.2009.11.001. Acessado em: Jun. 2023.

HIRANO, R. T.; NAKAZONE, H. Y. Chromosome numbers of ten species and clones in the
genus Psidium. Journal of the American Society for Horticultural Science, v.94, p. 83- 86,
mar. 1969. Disponível em: https://doi.org/10.21273/JASHS.94.2.83. Acessado em: Jun. 2023.

HISTER, C. A. L.; TRAPP, K. C.; TEDESCO, S. B. Potencial alelopático e antiproliferativo


de extratos aquosos das folhas de Psidium cattleianum Sabine sobre Lactuca sativa L. Revista
Brasileira de Biociências, vol. 14(2), p. 124-129, abr. 2016. Disponível em:
http://www.ufrgs.br/seerbio/ojs/index.php/rbb/article/view/3587. Acessado em: Jun. 2023.

IANNICELLI, M. A. et al. Effect of polyploidization in the production of essential oils in


Lippia integrifolia. Industrial Crops and Products. v.81, p. 20-29, mar. 2016. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2015.11.053. Acessado em: Jun. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 249


Contemporâneos, Volume 1.
JESUS-GONZALES, L. de.; WEATHER P.J. Tetraploid Artemisia annua hairy roots produce
more artemisinin than diploids. Plant Cell Rep. 21:809–813, mar. 2003. Disponível em:
https://doi.org/10.1007/s00299-003-0587-8. Acessado em: Jun. 2023.

KAUR, P. et al. Nanoemulsion of Foeniculum vulgare essential oil: A propitious striver against
weeds of Triticum aestivum. Industrial Crops and Products, v. 168, p. 113-601, set. 2021.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.indcrop.2021.113601. Acessado em: Jun. 2023.

KÜLHEIM, C. S. H. et al. The Eucalyptus terpene synthase gene Family. BMC Genomics,
v.16, p. 450, jun. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s12864-015-1598-x. Acessado
em: Jun. 2023.

LEME, D. M.; MARIN-MORALES, M. A. Allium cepa test in environmental monitoring: A


review on its application. Mutation Research/Reviews in Mutation Research. v.682, p. 71–
81, ago. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.mrrev.2009.06.002. Acessado em: Jun.
2023.

LIMA, J. S. et al. Potencial alelopático de Piper aducum L, visando uso da espécie como
bioherbicida. Cadernos de Agroecologia, v. 13(1), jul. 2018. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Potencial+alelop%C3%A1tico+de+Piper+aducum+L%2C+visando+
uso+da+esp%C3%A9cie+como+bioherbicida.+Cadernos+de+Agroecologia%2C+v&btnG=.
Acessado em: Jun. 2023.

LIMA, M. G. F. Potencial tóxico de tinturas capilares oxidativas e não oxidativas. 2021.


118. Dissertação. (Mestrando e Ciências Celular e Molecular) – Universidade Estadual Paulista,
UNESP, São Paulo, set. 2021. Disponível em: http://hdl.handle.net/11449/214731. Acessado
em: Jun. 2023.

MACHADO, C. D. Schinus molle: anatomy of leaves and stems, chemical composition and
insecticidal activities of volatile oil against bed bug (Cimex lectularius). Revista Brasileira de
Farmacognosia, v.29, p. 1-10, jan. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.bjp.2018.10.005. Acessado em: Jun. 2023.

MACHADO, L. A.; SILVA, V. B.; OLIVEIRA, M. D. Uso de extratos vegetais no controle de


pragas em horticultura. Biológico, São Paulo, v.69(2), p. 103-106, Jul/dez, 2007. Disponível
em: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=.+Uso+de+extratos+vegetais+no+controle+de+pragas+em+horticult
ura.+Biol%C3%B3gico%2C+S%C3%A3o+Paulo&btnG=. Acessado em: Jun. 2023.

MACHADO, R. M. Distribuição geográfica e análise cariorípica de citótipos de Psidium


cattleianum Sabine (Myrtaceae). 2016. p. 1-91. Dissertação. (Mestrado em Biologia Vegetal)
-Universidade Estadual de Campinas. UNICAMP, Campinas, 2016.

MEDINA, S. N. V. Psidium cattleyanum Sabine y Acca sellowiana (Berg.) Burret


(Myrtaceae): caracterización cromossómica y cariotípica em poblaciones silvestre y
genótipos selecionados em programas nacionales de mejoramiento. Monografia. Faculdade
de Agronomia- Universidade da República, Uruguai, 2014. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&as_vis=1&q=Psidium+cattleyanum+Sabine+y+Acca+sellowiana+%28
Berg.%29+Burret+%28Myrtaceae%29%3A+caracterizaci%C3%B3n+cromoss%C3%B3mica

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 250


Contemporâneos, Volume 1.
+y+cariot%C3%ADpica+em+poblaciones+silvestre+y+gen%C3%B3tipos+selecionados+em
+programas+nacionales+de+mejoramiento&btnG=. Acessado em: Jun. 2023.

MOELLMANN, C. R. Influência de extratos vegetais de eucalipto e guanxuma sobre a


germinação de sementes de jabuticaba, pitanga e goiaba, dez. 2014. 26. Monografia.
Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS. Disponível em:
https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/973. Acessado em: Jun, 2023.

MOHAN, B. et al. Determination of antioxidant activity, total phenolic and flavonoid contents
in leaves, stem and roots of Uraria picta Desv. Environment Conservation Journal., v. 20(3),
p. 1-8, dez. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.36953/ECJ.2019.20301. Acessado em: Jun.
2023.

OSZMIAŃSKI, J. et al. Roots and leaf extracts of Dipsacus fullonum L. and their biological
activities. Plants, v.9(1), p. 78, jan. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/plants9010078. Acessado em: Jun. 2023.

PALMIERI, M. J. Análise comparativa do efeito citotóxico do Spent Pot Liner (SPL) e seus
principais componentes fracionais em células vegetais e humanas, Dissertação (Mestrado –
Genética e Melhoramento de Plantas), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Lavras – MG.
2012.

PEREIRA, M. P. et al. Fitotoxicidade do chumbo na germinação e crescimento inicial de alface


em função da anatomia radicular e ciclo celular. Revista Agro@ mbiente On-line, v.7(1), p.
36-43, abr, 2013. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Fitotoxicidade+do+chumbo+na+germina%C3%A7%C3%A3o+e+cr
escimento+inicial+de+alface+em+fun%C3%A7%C3%A3o+da+anat. Acessado em: Jun.
2023.

PIGNATI, W. A. et al. Distribuição espacial do uso de agrotóxicos no Brasil: uma ferramenta


para a Vigilância em Saúde. Ciência eamp; Saúde Coletiva, v. 22, p. 3281-3293, out. 2017.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-812320172210.17742017. Acessado em: Jun.
2023.

PIRES, N. D. M.; OLIVEIRA, V. R. Alelopatia. In: BRACCINI A. S. L. et al. Biologia e


manejo de plantas daninhas. Omnipax, 2011, p. 95-124. Disponível em:
http://www2.ufpel.edu.br/prg/sisbi/bibct/acervo/biologia_e_manejo_de_plantas_daninhas.pdf.
Acessado em: Jun. 2023.

REIGOSA, M. et al. Allelopathic research in Brazil. Acta Botanica Brasilica, v.27(4), p. 629-
646, dez. 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-33062013000400001. Acessado
em: Jun. 2023.

RODRIGUES, L. R. A.; RODRIGUES, T. J. D.; REIS, R. A. Alelopatia em plantas


forrageiras. Jaboticabal: FUNEP, 1992.

SCHWAN-ESTRADA, K. R. F. et al. Uso de extratos vegetais no controle de fungos


fitopatogênicos. Floresta, v.30(1/2), 2000. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-
BR&as_sdt=0%2C5&q=Uso+de+extratos+vegetais+no+controle+de+fungos+fitopatog%C3
%AAnicos.+Floresta%2C+30%281%2F2%29%2C+2000&btnG=. Acessado em: Jun. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 251


Contemporâneos, Volume 1.
SILVEIRA, G. L. et al. Toxic effects of environmental pollutants: Comparative investigation
using Allium cepa L. and Lactuca sativa L. Chemosphere, v.178, p. 359-367, jul. 2017.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.chemosphere.2017.03.048. Acessado em: Jul. 2023.

SOLTIS, D. E. et al. Polyploidy and angiosperm diversification. American journal of botany,


v.96(1), p. 336-348, jan. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.3732/ajb.0800079. Acessado
em: Jun. 2023.

SOUZA, A. G. et al. number and nuclear DNA amount in Psidium app. Resistant and
susceptible to Meloidogyne enterolobii and its relation with compatibility between rootstocks
and commercial varieties of guava tree. Plant Systematics and Evolution, mai. 2014.
Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00606-014-1068-y. Acessado em: Jun. 2023.

SOUZA FILHO, A. P. S.; TREZZI, M. M.; IOUE, M. H. Seeds as alternative source of


chemical substances with allelopathic activity. Planta Daninha, v. 29, n. 3, p. 709-716, set.
2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-83582011000300025. Acessado em: Jun.
2023.

SOUZA, L. S. et al. Efeito alelopático de capim-braquiária (Brachiaria decumbens) sobre o


crescimento inicial de sete espécies de plantas cultivadas. Planta daninha, p. 657-668, dez.
2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0100-83582006000400006. Acessado em: Jun.
2023.

SPADETO, M. S. et al. Atividade biológica de óleos essenciais e extratos de Psidium. In:


PRAÇA-FONTES, M. M. Tópicos Especiais em Genética e Melhoramento II. CAUFES, set.
2018. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/327695694. Acessado em: Jun.
2023.

SPADETO, M.S. Psidium cattleyanum Sabine: A influência do conteúdo de dna na


formação de quimiotipos e na atividade em diferentes modelos biológicos.2019. Tese
(Doutor em Genética e Melhoramento, na área de concentração em Citogenética e Evolução
Vegetal) - Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento do Centro de Ciências
Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, 2019.

SPADETO, M. S. et al. Intraspecific C-value variation and the outcomes in Psidium


cattleyanum Sabine essential oil. BRAZILIAN JOURNAL OF BIOLOGY, v.82, p. 260-455,
set. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1519-6984.260455. Acesso em: Jun. 2023.

STESEVIC, D. et al. Chemotype Diversity of Indigenous Dalmatian Sage (Salvia officinalis


L.) Populations in Montenegro. Chemistry e Biodiversity. V.11, p. 101-114, jan. 2014.
Disponível em: https://doi.org/10.1002/cbdv.201300233. Acessado em: Jun. 2023.

WEIR, T. L.; PARK, S. W.; VIVANCO, J. M. Biochemical and physiological mechanisms


mediated by allelochemicals. Current opinion in plant biology, v.7(4), p. 472-479, ago. 2004.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.pbi.2004.05.007. Acessado em: Jun. 2023.

YANG, D. T.; ZHU, X. Modernization of agriculture and long-term growth. Journal of


Monetary Economics, v.60(3), p. 367-382, abr. 2013. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.jmoneco.2013.01.002. Acessado em: Jun. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 252


Contemporâneos, Volume 1.
CAPÍTULO 19
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DA FASE ACETATO DE ETILA DA
RHAPHIODON ECHINUS CONTRA CEPAS DO GÊNERO CANDIDA KRUSEI

Maria de Fátima Vieira Alves


Bernadete Santos
Daniel Rodrigues da Silva
Gabriela Lemos de Azevedo Maia
José Henrique de Araújo Cruz
Maria Alice Araújo de Medeiros
Millena de Souza Alves
Abrahão Alves de Oliveira Filho

RESUMO
A candidíase bucal é uma doença comumente encontrada na rotina odontológica. Seu tratamento baseia-se na
utilização diversos agentes antifúngicos, todavia há fatores significativos que auxiliam na procura por alternativas
viáveis para o tratamento dessas infecções, tais como as limitações terapêuticas, baixa eficácia e a elevada
toxicidade. Diante disso, o uso dos produtos naturais tem sido uma opção como substituto das terapias
convencionais, mostrando eficácia por meio das investigações cientificas. Sendo assim, o trabalho teve como
objetivo investigar a possível atividade antifúngica da fase acetato de etila da Rhaphiodon echinus sobre cepas
de Candida krusei. Foram utilizadas cepas de Candida krusei previamente isoladas onde foram mantidas em
ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas
em ASD incubados a 35°C. Foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1-5 x 106 UFC/mL padronizado
de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland. A Concentração inibitória mínima (CIM) do extrato
de Raphiodon echinus da fase acetato de etila foi determinada pela técnica de microdiluição emcaldo. Obteve-se
uma CIM variando entre 512 μg/mL a 1024 μg/mL, considerado um efeito antifúngico forte. Assim, o produto em
teste apresentou alta efetividade para inibir o crescimento fúngico. Desta forma, sugere-se que este composto pode
ser utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas poresse fungo, sobretudo no
que diz respeito a pacientes que fazem uso de próteses dentárias, sejam elas totais ou parciais removíveis.

PALAVRAS-CHAVE: Produtos naturais; Fitoterapia; Candida; Odontologia.

1. INTRODUÇÃO

Cerca de 700 espécies de micro-organismos coabitam de forma harmônica a cavidade


bucal dos seres humanos. Dentro desta complexa comunidade microbiana encontra-se ogênero
Candida spp. Quando ocorre um desequilíbrio nessa relação, a Candida, que antes era
comensal, passa a ser um patógeno oportunista dando origem ao que chama-se de candidíase
bucal, doença comumente encontrada na rotina odontológica principalmente de indivíduos
portadores de prótese total (MCLNTYRE, 2001; PASTER et al., 2006).

Dentre as espécies de Candida causadoras da candidíase bucal, Candida krusei é uma


das espécies desse gênero que possui a menor prevalência encontrados em isolados de pacientes
infectados com Candidemia, entretanto vem ganhando destaque no cenário clínico de infecções
oportunistas causadas por leveduras, pelo fato de ser intrinsecamente resistente ao fluconazol e

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 253


Contemporâneos, Volume 1.
por apresentar baixa susceptibilidade a outras classes de antifúngicos comumenteutilizados,
como anfotericina B, fluocitocina e as equinocandinas. Diante desse cenário a Candida krusei
está incluída como patógeno emergente, devido estar sendo encontrada cada vez mais
frequentente em isolados clínicos de pacientes com fatores de risco para candidíase (CHANG
et al., 2008; KHALIFA et al., 2022).

Com o aumento da resistência devido ao uso indiscriminado, a baixa eficácia, o alto


custoe a elevada toxicidade são fatores importantes para a busca por uma nova alternativa para
o tratamento dessa infecção. Diante disso, o uso dos produtos naturais tem sido uma opção
como substituto das terapias convencionais, mostrando eficácia por meio das investigações
cientificas (GUIDO; OLIVA; ANDRICOPULO, 2008).

Diante desse contexto, a Fitoterapia é bastante aplicada com finalidades de prevenção e


tratamento de diversas doenças. O conhecimento popular tem orientado os estudiosos na busca
por novas substâncias com atividade farmacológicas, a exemplo da Rhaphiodon echinus,
pertencente à família lamiaceae, única planta que representa o gênero Raphiodon, típica da
caatinga, ela é conhecida popularmente como flor de urubu ou betônica sendo amplamente
usada no tratamento de infecções do trato urinário e cavidade bucal (MENEZES et al., 1998;
MACHADO et al., 2003; ANDRADE; CARDOSO; BASTOS, 2007; TORRES et al., 2009).

Sendo assim, é de fundamental importância a investigação sobre a atividade terapêutica


dos produtos naturais a fim de que possam ser utilizadas de forma adequada, com as corretas
indicações, posologia e via de administração para serem administradas com baixa toxicidade,
efeitos colaterais mínimos, alta biodisponibilidade e eficácia. Com base nessas informações
este trabalho teve como objetivo investigar a atividade antifúngica da fase acetato de etila da
Rhaphiodon echinus sobre cepas de Candida krusei.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Substância-teste

Para os ensaios foi utilizado o extrato das folhas de Raphiodon echinus, que foi cedido
pela equipe da Profª. Drª. Gabriela Lemos de Azevedo Maia, da Universidade Federal do Vale
do São Francisco (UNIVASF).

2.2 Espécie fúngica

Foram utilizadas quatro cepas de Candida krusei (LM 978; LM 656; LM 08 e LM 13),
previamente isoladas, identificadas e gentilmente cedidas pelo Laboratório de Micologia do

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 254


Contemporâneos, Volume 1.
Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal
da Paraíba, sob a direção da Profª. Drª Edeltrudes de Oliveira Lima.

Todas as cepas foram mantidas em ágar Sabouraud dextrose (ASD) a uma temperatura
de 4°C, sendo utilizados para os ensaios repiques de 24 horas em ASD incubados a 35 °C. No
estudo da atividade antimicrobiana foi utilizado um inóculo fúngico de aproximadamente 1 -
5 x 106 UFC/mL padronizado de acordo com a turbidez do tubo 0,5 da escala de McFarland
(CLEELAND; SQUIRES, 1991; HADACEK; GREGER, 2000).

2.3 Meio de cultura

Foram utilizados os meio ágar Sabouraud dextrose - ASD (Difco Lab., USA) para
manutenção dos micro-organismos; e caldo Sabouraud dextrose - CSD (Difco Lab., USA)
para os ensaios in vitro; preparados conforme as instruções do fabricante.

2.4 Determinação da concentração inibitória mínima (CIM)

A Concentração inibitória mínima do extrato de Raphiodon echinus da fase acetato de


etila foideterminada pela técnica de microdiluição em caldo (CLEELAND; SQUIRES, 1991;
HADACEK; GREGER, 2000). Foram utilizadas placas de 96 orifícios estéreis e com tampa.
Em cada orifício da placa, foram adicionados 100 μL do meio líquido caldo Sabouraud dextrose
duplamente concentrado. Em seguida, 100 μL do extrato na concentração inicial de 2048 μg/mL
(também duplamente concentrado), foram dispensados nas cavidades da primeiralinha da placa.
E por meio de uma diluição seriada em razão de dois, foram obtidas as concentrações de 1024
a 4 μg/mL, de modo que na primeira linha da placa encontra-se a maior concentração e na
última, a menor concentração. Por fim, foi adicionado 10 μL do inóculo de aproximadamente
1-5 x 106 UFC/mL das espécies fúngicas nas cavidades, onde cada coluna da placa referiu-se
a uma cepa fúngica, especificamente. As placas foram assepticamente fechadas e incubadas a
35°C por 24 - 48 horas para ser realizada a leitura. A CIM para o extrato é definida como a
menor concentração capaz de inibir visualmente o crescimento fúngico verificado nos orifícios
quando comparado com o crescimento controle. Os experimentos foram realizados em
duplicata.

2. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Nesse estudo, o método utilizado para determinar a CIM foi a microdiluição, apesar de
existirem outros métodos como a difusão em ágar e macrodiluição o método empregado foi
escolhido por ser uma técnica simples, de rápida avaliação, econômica e ter uma alta
reprodutibilidade, além de permitir a utilização de pequenas quantidades de meio de cultura e

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 255


Contemporâneos, Volume 1.
diversas cepas fúngicas (CLEELAND; SQUIRES, 1991; ELOFF, 1998). A partir dessa
metodologia obtivemos os seguintes resultados, valores da CIM variaram entre 1024 a 256
μg/mL, sendo que a CIM 50% foi de 512 μg/mL para todas as cepas estudadas apresentando
segundo as tabelas forte atividade atifungíca.

Tabela 1: Concentração Inibitória Mínima (CIM) em μg/mL da fase acetato de etila Rhaphiodon echinus contra
cepas de Candida krusei.

CEPA FÚNGICA CIM

Candida krusei
LM 978 256 μg/mL
LM 656 1024 μg/mL
LM 08 512 μg/mL
LM 13 -
(-) = Sem atividade
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Segundo Sartoratto et al. (2004), produtos com CIM entre 50 e 500 µg/mL exibem forte
atividade antifúngica, entre 600 e 1500 µg/mL moderada atividade antifúngica, e acima de 1500
µg/mL fraca atividade antifúngica, o extrato das folhas de Rhaphiodon echinus contracepas as
de Candida krusei apresentou uma CIM variando entre 1024 μg/mL a 256 μg/mL demonstrando
segundo esta classificação forte atividade antifúngica, para as cepas estudadas.

Estudos com metodologias semelhantes foram registrados em pesquisas feitas por Lima
et al. (2006), onde revelaram que as cepas de Candida krusei e Candida tropicalis apresentava
susceptibilidade para o óleo essencial da Peumus boldus espécie vegetal pertencente à família
Lamiaceae. Porém, neste mesmo estudo observou-se que apenas uma cepa de C.krusei foi
inibida.

Castro (2010), em seus resultados mostram que os ensaios para a determinação da CIM
dos óleos essenciais de C. zeylanicum, C. limon, E. citriodora, Eugenia uniflora, P. boldus e R.
officinalis frente a diversas espécies do gênero Candida, incluindo a Candida krusei. Observa-
se que todos os óleos essenciais apresentaram efetividade de inibição de pelo menos uma cepa
fúngica ensaiada, caracterizado pela formação de halos de inibição do crescimento
microbiano com diâmetro igual ou superior a 10 mm. Entre os resultados obtidos, ressalta-se a
atividade anti-Candida mostrada pelos óleos essenciais de C. zeylanicum e P. boldus, esta
última pertencente à família Lamiaceae, mostram que inibirem o crescimento da maioria das
cepas ensaiadas (58%). Esta destacável propriedade de inibição pode ser verificada quando

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 256


Contemporâneos, Volume 1.
observado os diâmetros dos halos de inibição do crescimento das leveduras (10-23 mm) frente
à ação da CIM de tais óleos essenciais.

Mostrando a eficiência da família da Rhaphiodon echinus, Nakamura e colaboradores


(2004) verificaram em seu estudo a atividade antifúngica in vitro do óleo essencial da espécie
Ocimum gratissimum (Lamiaceae) foi investigada visando avaliar a sua eficácia contra C.
albicans, C. krusei, C. parapsilosis e C. tropicalis, sendo considerada eficaz contra todas estas
espécies.

Em estudo de Calvalcante et al. (2011) O óleo essencial de R. officinalis (Laminaceae)


apresentou menores valores de CIM e CFM, o que representa maior atividade antifúngica diante
dos demais produtos, sendo esta diferença estatisticamente significante (p<0,05). Não foi
observada diferença estatisticamente significante (p>0,05) para atividade antifúngica dos óleos
essenciais de M. alternifólia e C. winterianus. Dessa forma, os resultados deste estudo foram
semelhantes e corroboram os achados da literatura.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas condições desse estudo, conclui-se que, com base nos resultados obtidos pode-se
perceber que a fase acetato de etila de Rhaphiodon echinus (Lamiaceae) apresenta um forte
efeito antifúngico contra cepas de C. krusei. Por isso, sugere-se que este composto pode ser
utilizado como uma alternativa terapêutica para o combate de infecções causadas por esse
fungo, principalmente aplicadas pacientes que fazem uso de próteses dentárias, ora totais, ora
parciais removíveis.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, S. F.; CARDOSO, L. G. V.; BASTOS, J. K. Anti-inflammatory and


antinociceptive activities of extract, fractions and populnoic acid from bark wood of
Austroplenckia populnea. J Ethnopharmacol, v.109, n. 3, p. 464-471, 2007. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17055677/. Acessado em: Dez. 2017.

CASTRO, R. D. de. Antifungal activity of the essential oil of Cinnamomum zeylanicum


Blume (cinnamon) and its combination with synthetic antifungals on Candida species.
2010. 170 f. Tese (Doutorado em Farmacologia) - Universidade Federal da Paraíba, João
Pessoa, 2010. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/6858. Acessado em:
Jan. 2018.

CAVALCANTI YURI W. et al. Atividade Antifúngica de Três Óleos Essenciais Sobre Cepas
de Candida. Rev Odontol Bras Central. João Pessoa. 2011;20(52). Disponível

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 257


Contemporâneos, Volume 1.
em: https://www.robrac.org.br/seer/index.php/ROBRAC/article/view/519/536. Acessado em:
Jan. 2018.

CHANG, A. M.Y.; NEOFYTOS, D.; HORN, D. Candidemia in the 21st century. Future
Microbiology, v. 3, n. 4, p. 463-472, ago. 2008. Future Medicine Ltd. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18651817//. Acessado em: Jan. 2018.

CLEELAND, R.; SQUIRES, E. Evalution of new antimicrobials in vitro and in experimental


animal infections. In: LORIAN, V. M. D. Antibiotics in Laboratory Medicine. New York:
Willians e Wilkins, p. 739-788, 1991.

GUIDO, R. V. C.; OLIVA, G.; ANDRICOPULO, A. D. Virtual screening and its integration
with modern drug design technologies. Curr Med Chem, v. 15, n. 1, p. 37-46, 2008.
Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/18220761/. Acessado em: Fev. 2018.

HADACEK F.; GREGER H. Testing of antifungal natural products: methodologies,


comparatibility of results and assay choice. Phytochemical Analyses,11; 137-147, abr. 2000.
Disponível em:
https://analyticalsciencejournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/(SICI)1099-
1565(200005/06)11:3%3C137::AID-PCA514%3E3.0.CO;2-I. Acessado em: Dez. 2017.

KHALIFA, H. O. et al. Prevalence of Antifungal Resistance, Genetic Basis of Acquired Azole


and Echinocandin Resistance, and Genotyping of Candida krusei Recovered from an
International Collection. AntimicrobiAgents Chemother, v. 66, n. 2, 15 fev. 2022. Disponível
em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34871096/. Acessado em: Dez. 2017.

LIMA, I. O. et al. Atividade antifúngica de óleos essenciais sobre espécies de Candida. Rev.
Brasileira de Farmacognosia Brazilian Journal of Pharmacognosy. 16(2): 197-201. 2006.
Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbfar/a/CSjMBzTNRVtPZHHrjxm9Qcd/abstract/?lang=pt. Acessoem:
Nov. 2017.

MACHADO, T. B. et al. In vitro activity of Brasilian medicinal plants, naturally ocorring


naphthoquinones and their analougues, against methicilin-resistant Staphylococcusaureus.
Int J Antimicrob Agents, v. 21, p. 279-284, mar. 2003. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12636992/. Acessado em: Nov. 2017.

MENEZES, F. S. et al. Phytochemical and pharmacological studies on Raphiodon echinus.


Fitoterapia, v. 69, n.5, p. 459-460, 1998. Disponível em: http://pascal-
francis.inist.fr/vibad/index.php?action=getRecordDetail&idt=1621827. Acessado em: Dez.
2017.

MCLNTYRE, G. Oral candidosis. Dent. Update, v. 28, p. 132-9, mai. 2001. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/11540061_Oral_Candidosis. Acessado em: Dez.
2017.

NAKAMURA, C. V. et al. In vitro activity of essential oil fromOcimum gratissimum L. against


four Candida species. Res. Microbiol. v.155, p. 579-586, 2004. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/15313260/. Acessado em: Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 258


Contemporâneos, Volume 1.
PASTER, B. J. et al. The breadth of the bacterial diversity in the human periodontal pocket and
other oral sites. Periodontol 2000, v. 42, p. 80-87, 2006. Disponível em:
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16930307/. Acessado em: Out. 2017.

SARTORATTO, A. et al. Composition and antimicrobial activity of essential oils from


aromatic plants used in Brazil. Braz. J. of Microbiol, 35(4): 275-280, dez. 2004. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/bjm/a/jCnKGdthXfczSBdb45WL4qP/?lang=en. Acessado em:
Out. 2017.

TORRES, M. C. M. et al. Chemical Composition of the Essential Oils of Raphiodon echinus


(Nees; Mart.) Schauer. J. Essent Oil Bearing. Plants, v. 12, n. 6, p. 674-677, mar. 2013.
Disponível em:
https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0972060X.2009.10643773?journalCode=teop2
0. Acessado em: Dez. 2017.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 259


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2313020300

CAPÍTULO 20
OS PROGRAMAS DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E DE ALIMENTAÇÃO
ESCOLAR COMO ESTRATÉGIA DE INCLUSÃO SOCIAL

Josileide Carmem Belo Gomes


Glicerinaldo de Sousa Gomes
Marcos Barros de Medeiros

RESUMO
A alimentação escolar constitui uma contribuição importantíssima para a educação, porem para que se efetive há
a necessidade de seguir algumas normas e diretrizes. Assim, o presente trabalho apresenta de forma sucinta a
execução do Programa de Aquisição de Alimentos e do Programa Nacional de Alimentação Escolar no Município
de Arara – PB, com vistas a sua forma de execução bem como os possíveis resultados obtidos a partir da
implementação dos mesmos. A metodologia utilizada constituiu de pesquisas bibliográficas e uma entrevista com
o secretário de educação do município. Aofinal do trabalho é possível perceber que a Lei 11.947/2009 está sendo
cumprida beneficiando a agricultura familiar, bem como a alimentação escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Programas sociais; Extensão rural; Inclusão; Agricultura familiar.

1. INTRODUÇÃO

Todos os cidadãos têm, por lei, assegurados na Constituição Federal, direitos sociais
fundamentais a sua vida e integridade que são: ter acesso a educação, saúde, alimentação,
trabalho, moradia, entre outros, que são essenciais para que o ser humano possa viver com
dignidade e desenvolver suas atividades cotidianas.

Tendo por base esses direitos e trazendo-os para o campo educacional, a escolatambém
se constitui como um espaço de promoção desses direitos, desenvolvendo ações que
ultrapassam a mera transmissão de conteúdos, com destaque ao cuidado com uma alimentação
saudável e de qualidade, que é disponibilizada aos alunos em forma de merenda escolar.

Mas, para que a merenda escolar fosse, de fato, uma garantia mínima de alimentação
saudável com valor nutricional mínimo adequado para os alunos foi necessário o
desenvolvimento de políticas públicas nessa área. E tal preocupação transformou-se em ação
através dos Programas de Aquisição de Alimentos (PAA) e também o Programa Nacional de
Alimentação Escolas (PNAE) que, além de, favorecem aos alunos, também, incluem e dão
muita importância ao pequeno produtor rural, sobretudo, o agricultor familiar.

O presente trabalho tem por objetivo geral investigar a execução do Programa de


Aquisição de Alimentos e do Programa Nacional de Alimentação Escolar no Município de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 260


Contemporâneos, Volume 1.
Arara – PB, com vistas a sua forma de execução bem como os possíveis resultados obtidos a
partir da implementação dos mesmos.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

No início da primeira década do século XXI, foram iniciados, no Brasil, alguns


programas sociais mais efetivos, no intuito de valorizar e promover os pequenos agricultores,
com destaque aos agricultores familiares e aos que viviam da agricultura de subsistência,
visando fortalece-los.

Dentre estes programas é possível destacar dois importantíssimos, o primeiro deles, o


Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que foi criado através da Lei nº 10.696, de dois
de julho de 2003. Esta lei constitui uma ação do Governo Federal para colaborar com o
enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura
familiar.

Para isso, o programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição


direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando os processos
de agregação de valor à produção (BRASIL, n.d.).

E, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criado pela Lei nº 11.947,


de 16 de junho de 2009 que propõe a oferta de alimentação escolar e ações de educação
alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública.

Nesse sentido, o governo federal repassa, a Estados, municípios e escolas federais,


valores financeiros, de caráter suplementar, efetuados mensalmente em 10 parcelas anuais (de
fevereiro a novembro) para a cobertura de 200 dias letivos, conforme o número de matriculados
em cada rede de ensino (BRASIL, 2009).

Para um melhor entendimento sobre o conteúdo desses programas serão, inicialmente,


remontados alguns momentos e ações importantes que fundamentam e ampliam o
desenvolvimento de estratégias de políticas tanto de cunho social quanto educacional.

É importante um conhecimento prévio sobre a temática, ao menos, uma noção das bases
e fundamentos da política pública alimentar e, também, agrícola atual. Todo esse esforço
começa a tomar corpo entre as décadas de 70 e 80, quando o governo deu grandes incentivos à
produção em larga escala e modernização dos processos produtivos nas grandes fazendas e às
empresas agrícolas, por meio de serviços de extensão rural, crédito, assistência técnica,
formação. Eram intervenções individualizadas, tendo por base a competitividade, a

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 261


Contemporâneos, Volume 1.
produtividade e a separação total entre empresa e família. Estas modalidades se revelaram
ineficazes para a maioria dos camponesese agricultores familiares (SABOURIN, 2009, p. 143).

Em decorrência desses acontecimentos muitos produtores tiveram inúmeros prejuízos,


e muitos faliram. Neste cenário, surgiram movimentos que buscavam resgatar seus direitos e
posteriormente também foram surgindo políticas públicas que atendessem as necessidades da
sociedade.

Inúmeros programas governamentais foram criados, Projeto de crédito comunitário,


Credito especial, Secretária de desenvolvimento, Pronaf, entre outros, que surgiram na busca
de tentar organizar e solucionar questões relacionadas a agricultura e aos pequenos agricultores
brasileiros.

É a partir dessas articulações e busca por soluções, melhoria das condições de vida e
da qualidade dos produtos adquiridos que mais recentemente surgiu o PAA durante a
formulação do Programa Fome Zero, criado através da Lei nº 10.696/03, sendo, portanto, uma
ação do Governo Federal para colaborar com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil
e, ao mesmo tempo, fortalecer a agricultura familiar.

Segundo Dias et al. (2013), o objetivo PAA sintetiza a inserção dos agricultores
familiares de baixa renda no mercado de consumo de massa via ampliação da renda e, ao mesmo
tempo, possibilita o crescimento do produto agrícola em função do aumento nademanda, e à
formação de estoques estratégicos.

Corroboram nesta mesma linha as considerações de Grisa, Schmitt e Mattei (2009), “O


PAA significa novas oportunidades de ingressar no mercado [...]”. O qual vem contribuindo
com o incremento do aumento da renda, novas oportunidades de trabalho e o estímulo à
agregação de valor dos produtos. O desafio na atualidade trata-se do avanço na cadeiaprodutiva
por parte dos agricultores familiares através a implantação de infraestrutura coletiva de
beneficiamento dos produtos como mecanismo de acesso aos mercados com maior agregação
de valor.

Assim, o PAA tem como viés garantir o acesso aos alimentos em quantidade, qualidade
e regularidade necessárias às populações em situação de insegurança alimentar e nutricional e
por outro lado contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar (DIAS et al., 2013).

Partindo da formulação e implementação do PAA, é perceptível que o mesmo parte de


uma concepção intersetorial de segurança alimentar e nutricional. Desse modo, o PAA tanto
contempla as demandas de acesso aos alimentos da população em situação de insegurança

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 262


Contemporâneos, Volume 1.
alimentar como as necessidades dos agricultores familiares de conseguir mercados para os seus
produtos (GRISA et al., 2011).

Conforme Chmielewska, Sousa e Lourete (2010), o PAA é um dos principais programas


de suporte à agricultura familiar no Brasil, e que vem se consolidando, a cada ano, o programa
tem aumentado o seu orçamento gerando uma redução da pobreza rural e, por conseguinte, uma
ampliação da segurança alimentar.

De acordo com Grisa et al. (2011), o PAA, adquire os produtos dos agricultores
familiares visando: (i) o suporte da rede pública de equipamentos de alimentação e nutrição e
da rede de instituições sócioassistenciais; (ii) a estruturação de circuitos locais de
abastecimento; (iii) a formação de estoques para oferecer assistência alimentar a populações
escolares em situação de insegurança alimentar.

O Programa de Aquisição de Alimentos tem como pressuposto de suas bases de


implementação e desenvolvimento, cinco modalidades, são elas:

• Compra Direta da Agricultura Familiar;


• Compra com Doação Simultânea;
• Apoio à Formação de Estoque pela Agricultura Familiar;
• Incentivo à Produção e Consumo de Leite (para os estados do Nordeste e Minas
Gerais) e Compra;

• Institucional, antiga Aquisição de Alimentos para Atendimento daAlimentação


Escolar.

O programa dispensa licitações, facilitando assim os processos de compra e venda, e


também privilegia os agricultores familiares com a flexibilidade existente para a aquisição e
entrega dos produtos.

Por sua vez, o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, surgiu como forma
de somar positivamente no desenvolvimento da alimentação das escolas, com vistas a promover
uma alimentação de qualidade nas escolas. Criado posteriormente ao PAA, através da Lei nº
11.947/2009. Sobre os princípios que regulamentam e norteiam o Programa Nacional de
Alimentação Escolar, se faz importante destacar o seu Artigo 14:

Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do
PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de
gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar
rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas (BRASIL, 2009).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 263


Contemporâneos, Volume 1.
Apesar das dificuldades, a participação no PNAE abre espaço para agricultores
familiares e, também, para os assentados da reforma agrária a possibilidade de maior inserção
e participação direta na economia local, além da contribuição para a manutenção de hábitos
alimentares tradicionais (CAMARGO; BACCARIN; SILVA, 2013).

É um programa gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação


(FNDE) e visa à transferência, em caráter suplementar, de recursos financeiros aos Estados, ao
Distrito Federal e aos municípios destinados a suprir, parcialmente, as necessidades nutricionais
dos alunos. Sendo considerado um dos maiores programas na área de alimentaçãoescolar no
mundo e é o único com atendimento universalizado (FNDE, 2017).

O objetivo principal do PNAE, é descrito, conforme atesta o Artigo 4, da referida lei:

Art. 4. O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE tem por objetivo


contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem,
o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por
meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram
as suas necessidades nutricionais durante o período letivo (BRASIL,
2009).
Assim, para atender as exigências legais, para adquirir os produtos advindos da
agricultura familiar, não há obrigatoriedade dos órgãos públicos, efetuarem licitações, porém,
os preços devem ser de acordo com o preço praticado no comércio local, de modo que não haja,
diferença significativa. Para tanto a lei regulamenta que

Art. 14. § 1o A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizada dispensando-se
o procedimento licitatório, desde que os preços sejam compatíveis com os vigentes
no mercado local, observando-se os princípios inscritos no art. 37 da Constituição
Federal, e os alimentos atendam às exigências do controle de qualidade estabelecidas
pelas normas que regulamentam a matéria (BRASIL, 2009).
Em seus estudos Baccarin et al. (2012), evidencia que a compra dos produtos dos
agricultores familiares realiza-se através de Chamadas Públicas, que estabelecem, previamente,
uma tabela de preços. Estes não devem ser maiores que os praticados no atacadoe no varejo
alimentício, para não onerar as compras públicas em relação às licitações convencionais de
produtos para a alimentação escolar. Ao mesmo tempo, a diminuição dos elos de
comercialização pela compra direta e local podem possibilitar aos agricultores familiares o
recebimento de valores acima dos constatados em seus canais tradicionais de venda.

Segundo Cardoso et al. (2010), o PNAE visando garantir suplementação alimentar,


durante 200 dias letivos nas escolares do primeiro grau da rede pública e filantrópica. Os
recursos são repassados aos municípios e secretarias estaduais de educação conveniadas com
o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 264


Contemporâneos, Volume 1.
O PNAE é considerado um programa que auxilia e da assistência aos alunos, tendo em
vista que muitos têm a merenda escolar como a refeição mais completa do dia. É umprograma
importante que busca também diminuir as taxas de abandono nas escolas.

Conforme o FNDE, 2017, o PNAE é acompanhado e fiscalizado diretamente pela


sociedade, por meio dos Conselhos de Alimentação Escolar (CAE), e também pelo FNDE, pelo
Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria Geral da União (CGU) e pelo
Ministério Público.

No PAA os alimentos são entregues em creches, hospitais, centros de reabilitação e


demais entidades filantrópicas. O PNAE é responsável por abastecer as escolas dos municípios
com alimentos frescos, nutritivos e saudáveis, propiciando aos alunos da rede pública de
ensino uma alimentação adequada e fortalecendo a cultura da culinária local
(SARTORELLI; MARQUES, 2013).

Ainda com as últimas modificações, o PAA foi substituido pelo Programa Alimenta
Brasil, a Medida Provisória n°1.061 faz a retirada de três objetivos do PAA que podem ser
comparados com o Decreto n°7.775: i) a valorização da biodiversidade e a produção orgânica
e agroecológica de alimentos, e incentivar hábitos alimentares saudáveis em nível local e
regional; ii) constituição de estoques públicos de alimentos produzidos por agricultores
familiares; iii) estímulo ao cooperativismo e o associativismo (TEIXEIRA, 2022 apud
BRASIL, 2021).

Corrobora ainda, com indignação atraves de carta aberta publicada as Organizações


Regionais, Nacionais e Internaconais (2021),

A MP ainda prevê a criação do Alimenta Brasil, o que significa a extinção do


Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que se tornou uma das principais
referências de incentivo à comercialização de alimentos produzidos pela agricultura
familiar, por povos indígenas, quilombolas e demais povos e comunidades
tradicionais (ORGANIZAÇÕES REGIONAIS, NACIONAIS E
INTERNACIONAIS, 2021, p. 2).
Tais programas possuem grande importância tanto para os alunos, por terem acesso a
uma merenda de qualidade e com valor nutricional agregado, ao qual o cardápio deve ser
formulado e acompanhado por profissional competente, no caso um nutricionista. Como para
os agricultores familiares, pois possibilitam a geração de renda e a circulação de produtos e
mercadorias advindos do próprio município, gerando e fortalecendo uma economia local. Com
essas ações há o aumento da renda familiar, o incentivo e o estímulo a permanência do homem
do campo no meio rural.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 265


Contemporâneos, Volume 1.
3. METODOLOGIA

Para o delineamento de como ocorre a aquisição dos produtos da agricultura familiar,


para as escolas, foram realizadas pesquisas bibliográficas sobre a temática e a análise de
documentos e leis inerentes a aquisição de alimentos no município de Arara - PB, por fim, a
realização de uma entrevista com a aplicação de um questionário estruturado destinado ao
secretário municipal de educação do município.

Logo, o presente estudo pode ser caracterizado como sendo uma pesquisa bibliográfica
e também de campo, através da aplicação de um questionário para obter informações
específicas sobre a execução do PAA e do PNAE no município.

Estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema,
com vistas a torná-lo mais explícito ou a construção de hipóteses. Pode-se dizer que estas
pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições
(Gil, 2002, p. 41).

Segundo Dellagnelo e Silva (2005), através dos dados qualitativos adquiridos foi
utilizado a avaliação dos conteúdos na intenção de entender, e também compreender para assim,
dar significado a complexidade do tema, a dinâmica socioeconômica com o foco em analisar o
desempenho da agricultura familiar no contexto escolar.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a obtenção dos resultados foi realizada uma entrevista com a aplicação de
questionário estruturado com o atual secretário de educação do município de Arara-PB, que em
função do importante cargo que ocupa, dispõe de informações e contribui para a implementação
das políticas públicas de alimentação e educação. Com destaque a aquisição dos alimentos
destinados a merenda escolar, e o cumprimento da Lei 11.947/2009, queenvolve os agricultores
familiares.

O questionário aplicado na entrevista continha oito perguntas, no entanto, neste trabalho


apresenta três delas com os seus respectivos resultados, pois através da coleta das respostas foi
possível constatar importantes processos que ocorrem no âmbito da administração pública
municipal.

A primeira pergunta, indagou sobre como funciona as políticas públicas para aquisição
de alimentos no município? O entrevistado respondeu que “o processo de aquisição dealimentos
ocorre através de processo licitatório, no caso de gêneros alimentícios industrializados ou de

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 266


Contemporâneos, Volume 1.
grandes quantidades, e também por meio de chamada pública3, quando os gêneros são advindos
da produção local, sobretudo da agricultura familiar”. Ou seja, através desse processo de
aquisição de chamada pública é facilitada a participação dos agricultores que concorrem entre
si, a nível de município, e seus produtos são valorizados.

A segunda questão buscava saber, com relação a merenda escolar, qual o valor
disponibilizado por aluno, de acordo cm o nível de escolaridade e se o mesmo é suficiente para
atender a demanda. A resposta obtida foi, que “o valor diário por aluno na educação básica
é de R$0,30. Para as crianças em fase de creche é de R$ 1,00. Valores que não são suficientes
para atender a demanda, fazendo-se necessário a complementação desses valores pela
Prefeitura Municipal”. No entanto, o valor dessa complementação não foi revelado.

O terceiro questionamento foi sobre quais os produtos que geralmente são adquiridos
pela prefeitura para compor a merenda escolar. Obteve-se como resposta, que “geralmente são:
arroz, feijão, frango, carne, ovos, macarrão, verduras, polpa de frutas”. Indo de encontro com o
que propõe a Lei nº 11.947/2009 (Lei do PNAE), ao propor que os produtos adquiridos devem
valorizar a identidade regional, pela aquisição de produtos que façam parte da cultura e da
identidade local.

Sonnino e Marsden (2006) destacam a importância de reconhecer as produções locais,


pois consideram que estratégias de valorização e legitimação de práticas tradicionais e/ou
artesanais são capazes de promover a ressocialização ou até mesmo a (re)localização dos
alimentos no seio produtivo da região. Além disso é possível agregar valor e qualidade à
pequena produção, manipulação e práticas tradicionais, preservação e caracterização das
paisagens e da natureza, melhoria dos recursos locais.

Pois, a medida em que o produtor percebe que sua produção é bem aceita é que há quem
a adquira a um preço mais adequado, ou seja, há a possibilidade de escoar sua produçãocom
dignidade, por conseguinte, ele passará a ampliar a variedade de gêneros produzidos. Além de
contribuir para a alimentação de crianças e jovens que consumirão alimentos de fazem parte de
sua identidade, com valor nutricional adequado através das merendas preparadas nas diversas
escolas do município.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo é possível perceber que os programas de aquisição de gêneros


alimentícios, por parte da Prefeitura Municipal de Arara no município de Arara – PB quer seja
para a alimentação escolar quer para outra finalidade, como a assistencial, tem seguido o que

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 267


Contemporâneos, Volume 1.
preconizam as Leis 10.696/2003 e 11.947/2009, constituindo assim em uma alternativa para a
melhoria das condições de vida de muitos de seus munícipes, com destaque, as crianças.

A estrita relação entre o PAA e o PNAE, contribui para o beneficiamento e valorização


da produção agrícola, no contexto local. Valorizando os agricultores, tanto por ter assegurado
quem compre seus produtos, garantindo assim uma renda mínima para os agricultores
familiares participantes do programa no município. Além de garantir merenda escolar com
produtos de qualidade e valor nutricional agregado para as crianças da rede pública do
município. Sendo essa uma política social, nutricional e educacional, poiscontribui para a
permanência dos alunos na escola.

REFERÊNCIAS

BACCARIN, J. G. et al. Agricultura familiar e alimentação escolar sob vigência da Lei


11.947/2009: adequação das chamadas públicas e disponibilidade de produtos no estado de São
Paulo em 2011. In: 50º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e
Sociologia Rural. Vitória: SOBER, 2012.

BRASIL. Lei nº 10.696 de 02 de julho de 2003. Dispõe sobre a repactuação e o alongamento


de dívidas oriundas de operações de crédito rural, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, 03 Jul. 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.696.htm. Acessado em: Fev. 2023.

BRASIL. Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação


escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica. Diário Oficial
da União, Brasília, 17 Jun 2009. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm. Acessado em: Mai.
2023.

BRASIL. Lei nº 12.512 de 14 de outubro de 2011. Institui o Programa de Apoio à Conservação


Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais; altera as Leis nº 10.696,
de 2 de julho de 2003, 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e 11.326, de 24 de julho de 2006. Diário
Oficial da União, Brasília, 17 Out. 2022. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12512.htm#art33. Acessado
em: Mai. 2023.

BRASIL. Lei nº 12.982 de 28 de maio de 2014. Determina o provimento de alimentação escolar


adequada aos alunos portadores de estado ou de condição de saúde específica. Diário Oficial
da União, Brasília, 29 Mai. 2014. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12982.htm. Acessado em: Mai.
2023.

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social – MDS. Compras Institucionais para


Promoção da Alimentação Adequada e Saudável: As contribuições do Programa de
Aquisição de Alimentos. Disponível em: http://www.mda.gov.br/sitemda/secretaria/saf-
paa/sobre-o-programa. Acessado em: Mai. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 268


Contemporâneos, Volume 1.
BRASIL. Medida Provisória n°1.061, de 9 de agosto de 2021. Brasil. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, DF, 9 de ago. 2021. Disponível em:
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=9000537&disposition=inline.
Acessado em: Jun. 2023.

CARDOSO, R. de C. V. et al. Programa Nacional de Alimentação Escolar: Há Segurança


na Produção de alimentos em Escolas de Salvador (Bahia)? Revista de Nutrição. Campinas
– SP, V. 23, nº 5. Set/Out, 2010. (Publicado em 23 de maio de 2011). Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rn/a/zb4zzwdB5RnHbjyhFcXnmgC/. Acessado em: Abr. 2023.

CARTA ABERTA PELA REJEIÇÃO DA MP N° 1.061 – Em Defesa do Bolsa Família e do


Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), dizemos NÃO ao Auxílio Brasil e Alimenta
Brasil. Articulação Nacional de Agroecologia. 2021. Disponível em:
https://agroecologia.org.br/2021/10/14/carta-aberta-pela-rejeicao-da-mp-n-1-061-em-defesa-
do-bolsa-familia-e-programa-de-aquisicao-de-alimentos-paa-dizemos-nao-ao-auxilio-brasil-e-
alimenta-brasil/. Acessado em: Jun. 2023.

DELLAGNELLO, E.; SILVA, R. C. Análise de Conteúdo e sua Aplicação em Pesquisa em


Administração. In: VIEIRA, M. M. F.; ZOUIAN, D. Pesquisa Qualitativa em
Administração: teoria e prática. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

DIAS, T. F. et al. O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA)


como estratégia de inserção socioeconômica: o caso do Território da Cidadania Sertão do Apodi
(RN). Rev. Brasileirade Gestão e Desenvolvimento Regional. Taubaté, SP, v. 9, n. 3, p. 100-
129, set-dez/2013. Disponível em:
https://www.rbgdr.net/revista/index.php/rbgdr/article/view/1127. Acessado em: Mai. 2023.

FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO. Histórico do PNAE.


2013. Disponível em: http://www.fnde.gov.br/programas/pnae/pnae-sobre-o-programa/pnae-
historico. Acessado em: Set. 2021.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.

GRISA, C. As políticas públicas para a agricultura familiar no Brasil: um ensaio a partir da


abordagem cognitiva. Revista Desenvolvimento em Debate. Rio de Janeiro – RJ. V. 1, nº 2,
jan./abr. e maio/ago., 2010. Disponível em:
https://revistas.ufrj.br/index.php/dd/article/view/31915. Acessado em: Dez. 2022.

GRISA, C. et al. Contribuições do Programa de Aquisição de Alimentos à segurança alimentar


e nutricional e à criação de mercados para a agricultura familiar. Agriculturas, v. 8 - n. 3.
Setembro de 2011. Disponível em: http://aspta.org.br/wp-content/uploads/2011/11/artigo-
6.pdf. Acessado em: Nov. 2017.

MACEDO, A. C. DESMONTE DO PAA: EFEITOS NA VULNERABILIDADE SOCIAL


DA AGRICULTURA FAMILIAR. 2022. p. 123. Dissertação. Mestrado. Área de Gestão de
Sistemas na Agricultura e Desenvolvimento Rural. Faculdade de Engenharia Agrícola da
Universidade Estadual de Campinas. Campinas – SP, 2022. Disponível em:
https://repositorio.unicamp.br/acervo/detalhe/1244496. Acessado em: Mai. 2023.

PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR. Caderno de Legislação do


PNAE – 2011. Brasília: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2011.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 269


Contemporâneos, Volume 1.
SABOURIN, E. Camponeses do Brasil: entre a troca mercantil e a reciprocidade. Rio de
Janeiro: Garamond, 2009.

SARTORELLI, A; MARQUES, S. A. As Políticas Públicas PAA e PNAE na Região


Cantuquiriguaçu: um estudo de seus impactos na agricultura familiar. 2º SEPE - Seminário
de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFFS. v. 2 n. 1 (2012), Chapecó – SC. Anais do 2° SEPE e
2ª Jornada de Iniciação Científica da UFFS. 2013. Editora UFFS, 2013. p. 2. Disponível em:
https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/SEPE-UFFS/article/view/940. Acessado em: Mai.
2023.

SONNINO, R.; MARSDEN, T. Beyond the divide: rethinking relationships between alternative
and conventional food networks in Europe. Journal of Economic Geography. Oxford
University Press. V.6, nº 2, April, 2006. Disponível em: https://academic.oup.com/joeg/article-
abstract/6/2/181/909370?redirectedFrom=fulltext. Acessado em: Dez. 2022.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 270


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2313121300

CAPÍTULO 21
EFEITO DO TOURO SOBRE A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE FÊMEAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO

Mary Ana Petersen Rodriguez


Coralline Barbosa da Silva
Jairo Azevedo Júnior
Kristh Jacyara Pereira Dias
José Reinado Mendes Ruas
Maria Dulcinéia da Costa

RESUMO
O Brasil se consolida a cada ano como um dos principais produtores de carne bovina do mundo, porém, em relação
aos índices reprodutivos do rebanho o país ainda se encontra muito aquém do desejável sendo este um fator que
impacta drasticamente na eficiência produtiva. Diante desse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
influência do efeito de reprodutor sobre a ocorrência de prenhez de matrizes de corte submetidas à biotecnologia
da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em propriedades localizadas na região Norte de Minas Gerais.
Os dados utilizados neste estudo foram cedidos por uma empresa de prestação de serviços veterinários em 33
propriedades localizadas na região Norte do Estado de Minas Gerais e analisadas 3774 informações. As fêmeas
submetidas à IATF pertenciam às raças Brahman, Caracu, Guzerá, Nelore, Red Angus e animais cruzados. Os
touros cujos sêmens foram utilizados eram das raças Aberdeen Angus, Guzerá, Nelore, Senepol e Simental. Na
data da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição corporal, recebendo escores que variaram
de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda). Foram seguidos nove diferentes protocolos de sincronização para IATF e esta técnica
foi realizada por dez diferentes inseminadores. O efeito do proprietário foi obtido concatenando-se as variáveis
fazenda, município e lote; e o efeito da época de reprodução foi considerado o mês da IATF (janeiro a maio). O
diagnóstico de gestação foi feito pelo método de palpação retal. O efeito do touro sob a ocorrência de prenhez foi
analisado por meio de modelo misto utilizando o procedimento PROC GLM do pacote estatístico SAS 9.3®. Neste
trabalho os efeitos que impactaram a ocorrência de prenhez foram o touro, a época de reprodução, o protocolo de
sincronização e a variável denominada efeito do proprietário. Assim como a raça do touro, as variáveis ordem de
parto, escore de condição corporal e inseminador não influenciaram na ocorrência de prenhez do rebanho desse
estudo. Constatou-se efeito individual dos touros sob a ocorrência de prenhez nas fêmeas zebuínas submetidas à
IATF. Além desse efeito aditivo, observou-se também alguns efeitos relacionados ao ambiente (proprietário,
protocolo e época de reprodução). Juntas, essas variáveis determinam a eficiência reprodutiva do rebanho
analisado e especial atenção deve ser dada a elas já que são fatores que impactam consequentemente na eficiência
da cadeia produtiva de carne bovina, sendo importante para que o sistema se torne mais lucrativo e continue
suprindo a demanda de consumo crescente da população.

PALAVRAS-CHAVE: Bovinocultura de corte; Eficiência reprodutiva; Efeito genético


aditivo; Iatf.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil se consolida a cada ano como um dos principais produtores de carne bovina do
mundo, porém, em relação aos índices reprodutivos do rebanho o país ainda se encontra muito
aquém do desejável sendo este um fator que impacta drasticamente na eficiência produtiva.

A melhoria do potencial reprodutivo dos animais torna-se indispensável para que a


pecuária de corte brasileira se mantenha sustentável (FONSECA et al., 2000) nessa posição
privilegiada e de modo competitivo no mercado internacional.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 271


Contemporâneos, Volume 1.
Para melhoria da fertilidade do rebanho, utiliza-se fêmeas com altas taxas de fertilidade
(VAN ARENDONK et al., 1989) sendo importante que se obtenha uma cria por ano. Além
disso, indica-se o uso de machos com fertilidade comprovada e alta taxa de fertilidade
(GALVANI, 1998), uma vez que os machos transmitem 50% dos seus genes à prole, sendo
ainda responsáveis por 70% ou mais do melhoramento genético conseguido em dada população
(FONSECA, 2000).

O potencial reprodutivo do touro é o somatório de vários fatores, dentre eles destaca-se


a qualidade do sêmen, as medidas testiculares e a libido; essas características garantem
potencialmente uma boa fertilização do rebanho.

Diante deste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do efeito de
reprodutor sobre a ocorrência de prenhez de matrizes de corte submetidas à biotecnologia da
IATF em propriedades localizadas na região Norte de Minas Gerais.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Origem dos dados

Os dados utilizados neste estudo foram cedidos por uma empresa de prestação de
serviços veterinários em 33 propriedades localizadas na região Norte do Estado de Minas
Gerais. O arquivo inicial consistia em 5761 informações coletadas em fêmeas em reprodução,
durante os meses de janeiro a maio, da estação de monta do ano de 2013. O manejo desses
animais durante a estação de monta foi realizado em dois períodos, manhã e tarde.

2.2 Caracterização das variáveis

Foram consideradas as informações de vacas em primeira, segunda e terceira ordens de


parição (OP). As fêmeas submetidas à IATF pertenciam às raças Brahman, Caracu, Guzerá,
Nelore, Red Angus e animais cruzados. Os touros cujos sêmens foram utilizados eram das raças
(GG) Aberdeen Angus, Guzerá, Nelore, Senepol e Simental.

Na data da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição corporal


(EC), recebendo escores que variaram de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda). Foram seguidos nove
diferentes protocolos de sincronização (PROT) para IATF e esta foi realizada por dez
diferentes inseminadores (I). Os protocolos diferiam quanto ao dia da aplicação do Lutalyse
(dias 7 ou 9), estímulo ovulatório (0,3 ou 0,5 ml de cipionato de estradiol), estímulo final
(retirada do bezerro e eCG, somente retirada do bezerro, somente eCG), sendo feita em alguns
aplicação extra de eCG (200 UI, 300 UI ou sem aplicação).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 272


Contemporâneos, Volume 1.
As vacas foram submetidas ao diagnóstico de gestação pelo método de palpação retal,
realizado 100 dias após o término da estação de monta. A ocorrência de prenhez das vacas
submetidas à IATF foi classificada como 1 (vacas prenhas) ou como 0 (vacas vazias).

O efeito do proprietário (PROP) foi obtido concatenando-se as variáveis fazenda,


município e lote. Na obtenção do efeito da época de reprodução (ER) foi considerado o mês da
IATF (janeiro a maio). Foram eliminados os animais cujas observações referentes à data da
IATF ou a data do parto não constavam no arquivo de dados. Quando apenas a data de IATF
não constava no arquivo de dados, a ER foi obtida subtraindo-se 270 (dias de gestação) da data
de parto.

Foram eliminados dados com menos de duas observações para as variáveis


consideradas. Após a edição, o banco de dados analisado consistiu num montante de 3774
informações.

2.3 Modelo utilizado

Foram avaliados os efeitos de touro sobre a ocorrência de prenhez das vacas. Essa
característica foi analisada por meio de modelo misto utilizando o procedimento PROC GLM
do pacote estatístico SAS 9.3® .

Yjklmnopq = µ + PROPi + ERk + ECl + Im + PROTn + OPo + Tp + GGq+ ejklmnopq

Em que: Yjklmnopq = ocorrência de prenhez ; μ = média geral; PROPi = efeito da j-ésima


propriedade (j=1, 2,..., 63); ERk = efeito da k-ésima época de reprodução (k=1,2,…,5); ECl =
efeito do l-ésimo escore corporal da vaca (l=1,2…,5); Im = efeito do m-ésimo inseminador
(m=1,2..,10); PROTn = efeito do n-ésimo protocolo (n=1,2,…,9); OPo = efeito da o-ésima
ordem de parição (o=1,2,3); Tp = efeito aleatório do p-ésimo touro (1,2,…,61); GGq = efeito do
q-ésimo grupo genético (q=1,2,…,5); ejklmnopq = erro associado a cada observação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O modelo utilizado para analisar o efeito do touro (efeito genético aditivo) sobre a
ocorrência de prenhez neste estudo foi adequado para a análise proposta (P˂0,0001).

Neste trabalho os efeitos que impactaram a ocorrência de prenhez foram o touro, a época
de reprodução, o protocolo de sincronização e a variável denominada efeito do proprietário
(Tabela 1).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 273


Contemporâneos, Volume 1.
Tabela 1: Efeito do Touro, das raças dos touros (Rtouro), do proprietário (PROP), do protocolo de inseminação
(PROT), da ordem de parição (OP), do ano de reprodução (AnoR), o escore da condição corporal (ECC) e do
inseminador (INSEM) sobre a ocorrência de prenhez, considerando 5% de significância.
Efeito GL F value Pr > F
Touro 54 1,54 0,0070*
Rtouro 1 1,61 0,2041ns
PROP 51 8,69 ˂0,0001*
PROT 19 3,29 ˂0,0001*
OP 2 0,86 0,4234 ns
AnoR 4 178,48 ˂0,0001*
ECC 8 1,53 0,1418 ns
INSEM 5 1,89 0,0933 ns
*afetou significativamente a ocorrência de prenhez; ns: não afetou a taxa de prenhez (P>0,05)
Fonte: Autoria própria (2015).

Não houve diferenças entre as diversas raças de touros utilizadas nos rebanhos no norte
de Minas Gerais, porém constatou-se um efeito individual do touro (P<0,05). Esse fator
influencia significativamente a ocorrência de prenhez das fêmeas. Segundo Fonseca (2000)
existe grande variação na habilidade reprodutiva dos touros utilizados nos rebanhos brasileiros,
o que se confirma nesse trabalho. Em levantamentos feitos no estado de Mato Grosso do Sul
foi encontrado efeito individual dos touros sendo estas diferenças definidas através de
diferenças de fertilização entre os touros utilizados e sob a diferença de prenhez das fêmeas de
acordo com as partilhas de sêmen de cada touro na IATF (PENTEADO, 2005 apud SÁ-FILHO,
2012). É indicado fazer-se uso de touros com alto potencial reprodutivo (capazes de imprimir
as características desejáveis a sua prole) (FONSECA, 2000) e para que o fator individual dos
touros não impacte os índices de prenhez do rebanho torna-se primordial a análise laboratorial
de cada partilha do sêmen do touro a ser utilizado (SÁ-FILHO, 2012). Martins Junior e
colaboradores (dados não publicados), avaliando quatro diferentes touros, encontraram
diferença entre eles de até 15,6% na taxa de prenhez das matrizes.

Apesar de o touro ser um fator importante na taxa de prenhez das fêmeas deve-se
esclarecer que ele não o único a impactar no processo reprodutivo. O efeito do proprietário
(PROP: fazenda, município e lote) também teve influência sobre a ocorrência de prenhez. Esse
efeito é oriundo de diferenças quanto ao ano de nascimentos entre os lotes (sendo expostos a
condições ambientais diferentes), entre o manejo dos animais nas diferentes fazendas e variação
das condições climáticas de cada município.

Outro fator que impactou a ocorrência prenhez nesse estudo foi a época de reprodução
(ER). Os períodos ou anos, considerando as diferenças quanto à sanidade, clima,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 274


Contemporâneos, Volume 1.
disponibilidade de alimento, entre outros, podem demonstrar variações expressivas na produção
e reprodução dos animais, sendo consideradas variáveis ambientais.

O manejo reprodutivo adequado deve ser um ponto crítico do sistema. Nesse trabalho
houve efeito do protocolo sob a ocorrência de prenhez. Em experimentos realizados por Silva
et al. (2004) comparando o uso da Gonadotrofina Coriônica Equina (ECG) no protocolo de
sincronização (G1: Crestar+ECG; G2: Crestar) encontrou-se diferenças na prenhez do rebanho
com o uso do ECG conseguindo ao final uma taxa de prenhez de 33,8% sem a utilização do
ECG e 51,7% com o uso do mesmo. Esse mesmo autor, também com animais nelore, comparou
o uso e o não uso do Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) no protocolo de
sincronização do cio das vacas, nesse trabalho também se constatou que o uso do GnRH
melhora os índices de prenhez, sendo respectivamente 37,6% (sem GnRH) e 48% (com GnRH).
O uso dos hormônios auxilia na manipulação do ciclo estral das fêmeas (agindo de diferentes
maneiras na fisiologia dos animais) e consequentemente nos índices do rebanho.

Assim como a raça do touro, as variáveis ordem de parto, escore de condição corporal
e Inseminador não influenciaram na ocorrência de prenhez do rebanho desse estudo.

Sabe-se que existem diferenças entre os índices de prenhez de acordo com a categoria
das fêmeas. Em experimento realizado no Rio Grande do Sul, Pfeifer (2005) compara a
influência da condição corporal sob a taxa de prenhez de fêmeas mestiças (com predominância
de Aberdeen-Angus) notou que animais com escore maior ou igual a três demonstraram maior
índice de prenhez (81,5%) quando comparados a animais com escore menor que 3 (17,7%).
Esse mesmo autor, comparando três categorias animais do mesmo rebanho encontrou
diferenças de prenhez de acordo com as categorias testadas, sendo que vacas solteiras
apresentaram prenhez de 93,4%, 81,2% para novilhas e 53,4% para vacas com cria ao pé. Vacas
solteiras apresentarem melhor prenhez por terem menores exigências energéticas do que as
demais categorias, e por não estarem se recuperando de parto posterior, vacas paridas obtiveram
pior desempenho entre as três categorias devido a sua alta demanda nutricional por energia, o
que também influi no escore corporal e na reprodução. McManus et al. (2002) destacam que
manter o escore corporal dos animais em torno de 3 (três) auxilia na melhoria da eficiência
reprodutiva. Possivelmente não houve efeito neste estudo pelas condições das fazendas da
região manter o seu manejo alimentar adequado aos animais para entrada na estação de monta,
auxiliando assim na manutenção do escore corporal dos animais e minimizando o efeito das
categorias sob a prenhez.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 275


Contemporâneos, Volume 1.
Para que o manejo reprodutivo seja eficiente as habilidades do inseminador e seu
comprometimento são fatores importantes a se considerar sendo determinantes para o sucesso
do processo (RUAS, 2013). Esse estudo não demonstrou efeito do inseminador sob a prenhez
das vacas, indicando que o processamento e manejo na IATF eram feitos de maneira correta.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo constatou-se efeito individual dos touros sob a ocorrência de prenhez nas
fêmeas zebuínas. Além desse efeito aditivo, observou-se também alguns efeitos relacionados
ao ambiente (proprietário, protocolo e época de reprodução). Juntas, essas variáveis
determinam a eficiência reprodutiva do rebanho analisado e especial atenção deve ser dada a
elas já que são fatores que impactam consequentemente na eficiência da cadeia produtiva de
carne bovina, sendo importante para que o sistema se torne mais lucrativo e continue suprindo
a demanda de consumo crescente da população.

REFERÊNCIAS

FONSECA, V. O.; FRANCO, C. S.; BERGMANN, J. A. G. Potencial reprodutivo de touros


Nelore em monta natural. Proporção touro: vaca 1:80 em acasalamentos coletivos. Taxa de
fertilidade e aspectos econômicos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia,
v. 52, p. 77-82, 2000.

FONSECA, V. O. O touro no contexto da eficiência reprodutiva do rebanho. Informe


Agropecuário. EPAMIG, Belo Horizonte, v. 21, n. 205, p. 48-63, 2000.

GALVANI, F. Desempenho reprodutivo de touros de alta libido da raça Nelore. 1998. 69f.
Dissertacão (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG.

McMANUS, C. et al. Componentes reprodutivos e produtivos no rebanho de corte da Embrapa


Cerrados. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p. 648-657, 2002.

PFEIFER, L. F. M. et al. Efeito da condição corporal sobre momento da concepção e taxa


de prenhez. 2013. Disponível em: http://www.beefpoint.com.br/radares-
tecnicos/reproducao/efeito-da-condicao-corporal-sobre-momento-da-concepcao-e-taxa-de-
prenhez-24947. Acessado em: Jun. 2015.

RUAS, R. R. Dicas Fertilize 13 - Inseminadores e Seus Resultados. 2013. Disponível em:


http://www.fertilizevet.com.br/artigos/32/dicas-fertilize-13-inseminadorese-seus-resultados.
Acessado em: Jun. 2015.

SÁ FILHO. Efeito individual de touros em programas de IATF: Realidade e estratégias


para evitar baixos resultados. 2012. Disponível em: http://www.mastergenetics.com.br/wp-
content/uploads/2012/05/Efeito-individual-de-touros.pdf. Acessado em: Jul. 2015.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 276


Contemporâneos, Volume 1.
SILVA, R. C. P. et al. Efeito do eCG e do GnRH na taxa de prenhez de vacas Nelorelactantes
inseminadas em tempo fixo. Acta Scientiae Veterinariae 32 (suplemento), p. 221, 2004.

VAN ARENDONK, J. A. M.; HOVENIER, R.; BOER, W. Phenotypic and genetic association
between fertility and production in dairy cows. Livestock Production Science, v. 21, p. 1-2.
1989.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 277


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2313222300

CAPÍTULO 22
FATORES INFLUENCIANDO A OCORRÊNCIA DE PRENHEZ DE VACAS
SUBMETIDAS À INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO COM REPASSE
DE TOURO

Mary Ana Petersen Rodriguez


Breno Vitor Barbosa Santos
Kristh Jacyara Pereira Dias
Jairo Azevedo Júnior
Coralline Barbosa da Silva
José Reinado Mendes Ruas
Maria Dulcinéia da Costa

RESUMO
A demanda por carne no mundo está em constante crescimento e por isso os produtores tem como desafio aumentar
a produção com qualidade e sem prejudicar o meio ambiente, sempre lutando contra as condições climáticas de
cada região que afetam a produção e reprodução dos animais. Diversas biotecnologias são utilizadas associadas ao
manejo e a nutrição, para esquivar-se das dificuldades reprodutivas, e a mais utilizada é a inseminação artificial.
A inseminação artificial em tempo fixo (IATF) tem uma grande vantagem sobre a tradicional por não ser preciso
observar cio, e tem se tornado uma importante ferramenta para os produtores por ajudar a controlar os fatores que
podem gerar uma variação na resposta reprodutiva da vaca. O repasse ao touro no lote das vacas que não
emprenharam quando submetidas à IATF é uma tática que vem sendo usada para tentar aumentar a taxa de prenhez
dos rebanhos durante a estação de monta. Assim sendo, objetivou-se com este trabalho avaliar, utilizando modelos
lineares generalizados, os efeitos do lote, da raça da vaca e do touro, da ordem de parição, protocolo de
inseminação, inseminador e do manejo dos animais sobre a ocorrência de prenhez de vacas de corte submetidas à
IATF e posterior repasse de touro. Foram utilizadas 4159 observações do arquivo zootécnico cedido pela empresa
de prestação de serviços veterinários de 33 fazendas da região Norte do Estado de Minas Gerais, referentes às
estações de monta dos anos 2012 e 2013. No dia da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição
corporal, recebendo escores que variaram de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda). Foram seguidos nove diferentes protocolos
de sincronização para IATF, e a IATF foi realizada por 11 diferentes inseminadores. O diagnóstico de gestação
foi realizado aos 100 dias após a inseminação artificial, por palpação retal para determinar a ocorrência de prenhez,
observando também o retorno ao estro. Os animais que não apresentaram prenhez foram submetidos a repasse do
touro. A ocorrência de prenhez das vacas submetidas ao repasse (OPRe), foi classificada como 1 (vacas prenhas)
e como 0 (vacas vazias). A verificação de quais efeitos estariam influenciando a característica OPRe foi realizada
por meio do procedimento PROC GLIMMIX do pacote computacional SAS®. A variável-resposta OPRe foi
assumida por apresentar distribuição binomial (1 = prenhe; 0 = vazia). As fêmeas submetidas à IATF apresentaram
taxa de prenhez de 18,08%. Neste trabalho os efeitos de lote, ordem de parição, o protocolo, o inseminador e a
raça do touro exercem efeito sobre a ocorrência de prenhez das fêmeas de bovino de corte submetidas ao repasse
de touro. Sendo assim deve-se dar maior ênfase a estas variáveis, pois estas influenciam na reprodução que é um
dos mais importantes fatores para se ter sucesso na produção.

PALAVRAS-CHAVE: Bovinocultura de corte; Eficiência reprodutiva; Efeitos fixos; Iatf.

1. INTRODUÇÃO

A demanda por carne no mundo está em constante crescimento e por isso os produtores
têm como desafio aumentar a produção com qualidade e sem prejudicar o meio ambiente,
sempre lutando contra as condições climáticas de cada região que afetam a produção e
reprodução dos animais.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 278


Contemporâneos, Volume 1.
Considera-se que a reprodução é o fator mais importante associado à rentabilidade da
pecuária bovina, influenciando diretamente os níveis de produtividade do rebanho. E para obter
sucesso em todo o processo é necessário desenvolver formas de superar o baixo índice
reprodutivo do rebanho brasileiro, que apesar de ser bem avançado na produção de carne,
quando se fala em fertilidade verifica-se uma realidade bem diferente (FONSECA et al., 2000).

Diversas biotecnologias são utilizadas associadas ao manejo e a nutrição, para esquivar-


se das dificuldades reprodutivas, e a mais utilizada é a inseminação artificial (IA) que pode ser
feita com observação de cio ou sincronização de estro (GOTTSCHALL; SILVA, 2014). A IA
é uma técnica que maximiza a condição reprodutiva dos machos, permitindo aumento
considerável do número de fêmeas que podem ser acasaladas com o mesmo reprodutor, além
de utilizar animais de alto valor genético para caracteres de importância econômica.

Por meio das dificuldades encontradas no processo de IA convencional, surgiu a


Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), considerada uma biotecnologia para resolver
as dificuldades da IA convencional através do controle da ovulação por meio de protocolos
hormonais (CARVALHO et al., 2019). A IATF é uma estratégia de manejo que possibilita
sincronizar a ovulação das fêmeas bovinas. Desta forma, a IATF tem uma grande vantagem
sobre a tradicional por não ser preciso observar cio, e tem se tornado uma importante ferramenta
para os produtores por ajudar a controlar os fatores que podem gerar uma variação na resposta
reprodutiva da vaca (FURTADO et al., 2011). Dentre as variáveis pode-se citar o inseminador,
o manejo, o tempo de exposição da vaca ao touro, as raças da vaca e do touro. O repasse ao
touro no lote das vacas que não emprenharam quando submetidas à IATF é uma tática que vem
sendo usada para tentar aumentar a taxa de prenhez dos rebanhos durante a estação de monta.
Assim sendo, objetivou-se com este trabalho avaliar, utilizando modelos lineares generalizados,
os efeitos do lote, da raça da vaca e do touro, da ordem de parição, protocolo de inseminação,
inseminador e do manejo dos animais sobre a ocorrência de prenhez de vacas de corte
submetidas à inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e posterior repasse de touro.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Origem dos dados

Foram utilizadas 4159 observações do arquivo zootécnico cedido pela empresa de


prestação de serviços veterinários de 33 fazendas da região Norte do Estado de Minas Gerais,
referentes às estações de monta dos anos 2012 e 2013. O manejo desses animais durante a
estação de monta foi realizado em dois períodos, manhã e tarde.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 279


Contemporâneos, Volume 1.
2.2 Caracterização das variáveis

As vacas pertenciam a 20 lotes. O manejo desses animais era realizado em dois períodos,
manhã e tarde. Com relação à ordem de parição, havia vacas nulíparas, multíparas e vacas
“solteiras”.

As fêmeas submetidas à IATF pertenciam às raças Brahman, Caracu, Guzerá, Nelore,


Red Angus e animais cruzados. Os touros cujos sêmens foram utilizados eram das raças
Brahman, Aberdeen Angus, Guzerá, Nelore, Nelore mocho, Senepol e Simental.

No dia da IATF as vacas foram avaliadas visualmente quanto à condição corporal,


recebendo escores que variaram de 1,0 (magra) a 5,0 (gorda).

Foram seguidos nove diferentes protocolos de sincronização para IATF (descritos na


tabela 1), e a IATF foi realizada por 11 diferentes inseminadores. O diagnóstico de gestação foi
realizado aos 100 dias após a inseminação artificial, por palpação retal para determinar a
ocorrência de prenhez, observando também o retorno ao estro. Os animais que não
apresentaram prenhez foram submetidos a repasse do touro. A ocorrência de prenhez das vacas
submetidas ao repasse (OPRe), foi classificada como 1 (vacas prenhas) e como 0 (vacas vazias).

Tabela 1: Protocolo de sincronização para IATF.


PROTOCOLO DESCRIÇÃO
Lutalyse Estímulo ovulatório Estímulo final eCG
(dia da (ml ECP) (UI)
aplicação)
7 0,3 RB + ECG 200 Uso da retirada do bezerro e
aplicação do eCG como estímulo
final
7 0,3 RB - Uso apenas da retirada do bezerro
como estímulo final
7 0,3 ECG 200 Aplicação eCG como estímulo final
7 0,3 ECG 300 Aplicação eCG como estímulo final
9 0,3 RB + ECG 200 Uso da retirada do bezerro e eCG
como estimulo final
9 0,3 RB - Retirada do bezerro como estimulo
final
9 0,3 ECG 300 Aplicação eCG como estímulo final
9 0,5 RB - Retirada do bezerro como estímulo
final
9 0,5 ECG - Aplicação eCG como estímulo final
Fonte: Autoria própria (2015).

2.3 Efeitos Fixos

Analisou-se a significância das variáveis independentes lote, raça da vaca e do touro, e


ordem de parição sobre a característica OPRe.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 280


Contemporâneos, Volume 1.
2.4 Análises

A verificação de quais efeitos estariam influenciando a característica OPRe foi realizada


por meio do procedimento PROC GLIMMIX do pacote computacional SAS®. A variável-
resposta OPRe foi assumida por apresentar distribuição binomial (1 = prenhe; 0 = vazia). Neste
caso, a função de ligação utilizada foi a logit:

 1 
µ = −Y 
1+ e 
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As fêmeas submetidas à IATF apresentaram taxa de prenhez de 18,08% (Tabela 2). Este
resultado difere do encontrado por Ereno et al. (2007) no qual se observou uma taxa de 50,6%
de prenhez em vacas nelore aos 54 a 60 dias pós-parto. A divergência nos percentuais pode ser
explicada devido aos fatores como o clima da região, tipos de protocolos e forma de aplicação
dos mesmos.

Tabela 2: Número de dados (N), valores mínimos (MIN), máximos (MAX), média e desvio-
padrão (DP) e porcentagem (%) para a característica ocorrência de prenhez após repasse (OPRe).
Característica N MIN MAX Média± DP Escore N %
OPRe 4159 0 1 0,18± 0,384 0 3407 81,92
1 752 18,08
Fonte: Autoria própria (2015).

A média e o desvio padrão para ocorrência de prenhez das vacas submetidas ao repasse
foi, respectivamente, 0,18 e 0, 384 (Tabela 2) para a característica OPRe.

Na Tabela 3 são apresentados os resultados dos efeitos fixos sobre a característica


OPRe.

Tabela 3: Efeitos do lote (LOT), das raças da vaca (Rvaca) e dos touros (Rtouro), e da ordem de parição (OP),
do protocolo de inseminação (Protoc), inseminador (Inse) e do manejo sobre a ocorrência de prenhez,
considerando 5% de significância.
Efeito GL F value Pr> F
LOT 19 7,45 ˂0,0001*
Rvaca 6 0,46 0,8393ns
OP 3 7,64 ˂0,0001*
Rtouro 5 3,81 0,0019*
Protoc 6 6,14 ˂0,0001*
Inse 10 5,94 ˂0,0001*
Manejo 1 3,68 0,0550ns
*afetou significativamente a ocorrência de prenhez após repasse; ns: não afetou a ocorrência de prenhez (P>0,05)
Fonte: Autoria própria (2015).

Pode-se observar na tabela 3 que a raça da vaca não teve efeito significativo sobre a
OPRe dessas fêmeas (P>0,05), assim como o manejo (P>0,05). Quando o manejo é inadequado,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 281


Contemporâneos, Volume 1.
muitas vezes podendo ocasionar o estresse do animal, isso poderá refletir na taxa de prenhez
das vacas (VIANA et al., 2015). Desta forma, neste trabalho pelo fato desta variável não ter
sido significativa sobre a OPRe constata-se, portanto, que foi realizado um manejo correto.

Com relação a raça dos animais, Freitas et al. (2010) avaliando vacas de diferentes
genótipos enfatizaram que a raça afeta pelo menos uma das características reprodutivas de
importância para a produção. No presente estudo, em relação à raça do touro foi possível
observar influência sobre a OPRe (P˂0,05). Na literatura há trabalhos que indicam diferenças
na prenhez com a utilização de touros de diferentes potenciais reprodutivos.

Os protocolos de inseminação assim como o inseminador interferiram na OPRe


(P>0,05). Porém, Gottschal e Silva (2012) observaram em seus resultados que o uso dos
protocolos pode afetar a taxa de prenhez na IATF, mas não apresenta diferença na prenhez após
o repasse com o touro, pois o efeito touro acaba reduzindo a resposta negativa à inseminação.

Sá Filho et al. (2009), após análise dos resultados de 64.033 vacas utilizando IATF,
concluiu que o inseminador exerce influência significativa na taxa de prenhez. Os resultados
do trabalho dependem, em grande parte, de sua habilidade e de seu comprometimento
profissional. Somente com responsabilidade, eficiência, interesse e equipamentos adequados o
inseminador desempenha corretamente essa função.

Com relação à ordem de parição e efeito do lote, no trabalho em questão afetaram a


OPRe (P<0,05). O impacto da ordem de parição foi em virtude das categorias animais presentes,
pois normalmente as nulíparas possuem uma taxa de prenhez superior as demais. Como
apresentado em trabalho realizado por Dayanna Schiavie e Urbano Gomes (2009) em que as
nulíparas obtiveram taxa de 84% maior que as outras categorias.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto pode-se concluir que lote, ordem de parição, o protocolo, o


inseminador e a raça do touro exercem efeito sobre a ocorrência de prenhez das fêmeas de
bovino de corte submetidas ao repasse de touro. Sendo assim deve-se dar maior ênfase a estas
variáveis, pois estas influenciam na reprodução que é um dos mais importantes fatores para se
ter sucesso na produção.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 282


Contemporâneos, Volume 1.
REFERÊNCIAS

BATISTA, D. S. do N.; ABREU, U. G. P. de. Alguns Aspectos da Eficiência Reprodutiva


no Rebanho Nelore da Estação Experimental do Pantanal. Simpósio sobre recursos naturais
e socioeconômicos do pantanal, 5., 2010, Corumbá, MS. Anais... Corumbá: Embrapa Pantanal:
UFMS, Campinas. Simpan, 2009.

CARVALHO, J. S. et al. Eficiência da inseminação artificial em tempo fixo em fêmeas


zebuínas na mesorregião Sudeste do Para, Brasil. Amazonian Journal of Agricultural and
Environmental Sciences. v. 62, p. 1-7, 2019.

ERENO, R. L. et al. Taxa de prenhez de vacas Nelores lactantes tratadas com progesterona
associada à remoção temporária de bezerros ou aplicação de gonadotrofina coriônica equina.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.5, p. 1288-1294, 2007.

FONSECA, V. O; FRANCO, C. S; BERGMANN, J. A. G. Potencial reprodutivo de touros


Nelore em monta natural. Proporção touro: vaca 1:80 em acasalamentos coletivos. Taxa de
fertilidade e aspectos econômicos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia,
v.52, p. 77-82, 2000.

FREITAS, S. F. et al. Eficiência Produtiva e Reprodutiva de Vacas de Corte de Diferentes


Genótipos Criadas no Sul do Brasil. HVIII seminário. Disponível em:
http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/96836/1/Cardoso-eficiencia-prod.pdf
Acessado em: Ago, 2022.

FURTADO, D. A. et al. Inseminação artificial em tempo fixo em bovinos de corte. Revista


Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v.16, p. 1-25, 2011.

GOTTSCHALL, C. S.; SILVA, L. R. da. Resposta Reprodutiva de Novilhas de Corte aos Dois
e Três Anos de Idade Submetidas a Diferentes Protocolos para Inseminação Artificial em
Tempo Fixo (IATF). Veterinária em Foco, Canoas, v.10, n.1, p. 1616-25, 2012.

GOTTSCHALL, C. S.; SILVA, L. R. Análise econômica de diferentes protocolos para


inseminação artificial em tempo fixo (IATF) aplicados em novilhas de corte. Veterinária em
Foco, v11, n.2, p. 119-125, 2014.

SÁ FILHO, O. G. et al. Fixed-Time artificial insemination with estradiol and progesterone for
Bosindicus cows II: Strategies and factors affecting fertility. Theriogenology. v. 72, n. 2, p.
210-218, 2009.

VIANA, W. de A. et al. Taxa de Prenhez de Vacas Zebuínas com uso da Inseminação Artificial
em Tempo Fixo (IATF) em Fazendas do Norte de Minas Gerais. Revista Científica de
Medicina Veterinária. Ano Xiii n. 24. Janeiro de 2015. Periódico Semestral.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 283


Contemporâneos, Volume 1.
DOI 10.47402/ed.ep.c2313323300

CAPÍTULO 23
A DETERMINAÇÃO DA “RESPOSTA CURTA” PODE AJUDAR A MITIGAR OS
EFEITOS DO ESTRESSE TÉRMICO NA PRODUÇÃO LEITEIRA? 5

Túllio Alexandre Mustafé da Cruz


Andressa Santanna Natel

RESUMO
A pecuária de leite desempenha um papel de suma importância tanto no campo econômico, quanto no social, sendo
uma das atividades que mais gera emprego no Brasil. Frente as novas condições climáticas do planeta, como o
aumento de temperatura, os produtores tem encontrado dificuldades para manter a produtividade do rebanho, uma
vez que o conforto térmico é essencial para garantir os bons índices produtivos da pecuária leiteira. O estresse
térmico (ET), principalmente pelo calor, vem sendo umas das maiores preocupações para a garantia do bem estar
animal (BEA), pois provoca alterações nas funções fisiológicas dos bovinos de leite (BL), resultando em menores
produções diárias e trazendo problemas a saúde dos animais. O presente trabalho teve como objetivo propor uma
revisão bibliográfica exploratória sobre os efeitos do ET na produção de leite em animais confinados no Brasil e
no mundo, analisar as principais metodologias empregadas para aferição do ET, além de compreender qual o
conceito envolvido por trás do termo “resposta curta” (RC), que é o intervalo entre o início do ET e a queda efetiva
na produção de leite. Foram analisadas publicações nacionais e internacionais relacionadas à determinação e
avaliação dos efeitos do ET em BL, com ênfase nos principais estressores térmicos, nos tipos de ET existentes,
nos indicadores fisiológicos, nas metodologias empregadas para aferição, na influência da temperatura sobre os
parâmetros produtivos, no índice de temperatura e umidade (ITU) e na resposta de atraso em si. As analises
resultaram em importantes conceitos que podem nortear pesquisas futuras com BL criados em sistemas de
confinamento. Além disso, evidenciou-se que metodologias invasivas podem alterar os resultados para aferição
do ET, uma vez que podem acionar outros tipos de estresse aos animais, como o psicológico e o físico, sendo
inclusive métodos à contramão do BEA. Em relação a RC, é fundamental que os produtores tenham em mãos
ferramentas capazes de determinar qual o intervalo para que o animal sinta, efetivamente, o ET, afim de conhecer
qual o momento certo para tomar as medidas necessárias para evitar a queda na produção diária de leite. Assim,
conclui-se que é, além de necessário, urgente que os produtores tenham condições de avaliar não só o ET, mas
também como esse estresse pode ocasionar uma série de distúrbios fisiológicos, que, em um curto espaço de tempo,
podem resultar em uma queda drástica na produção diária de leite, gerando prejuízo ao pecuarista.

PALAVRAS-CHAVE: Bovinos de leite; Conforto Térmico; Bem-estar animal;


Sustentabilidade; Revisão.

1. INTRODUÇÃO
Em frente as mudanças climáticas, atrelar o manejo e a produção à prática da
sustentabilidade são peças fundamentais para a contínua expansão do setor agropecuário, em
especial à pecuária do leite (BALDOTTO et al., 2015). As perdas econômicas anuais das
indústrias pecuárias, como resultado do estresse térmico (ET), estão entre 1,69 e 2,36 bilhões

5
Programa fomentador da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da
Educação através do Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP);
Programa fomentador do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais através do
afastamento para qualificação (IFSULDEMINAS/campus Muzambinho).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 284


Contemporâneos, Volume 1.
de dólares (EUA), dessas perdas, até 1,5 milhões de dólares ocorreram em atividades da
pecuária leiteira (LIU et al., 2019).

O aquecimento global e a intensificação dos períodos quentes têm submetido os BL a


níveis de ET nunca antes vistos. O ET ocorre quando o animal produz mais calor do que seu
corpo consegue dissipar, ou seja, um fator de resposta fisiológica não específica em relação ao
ambiente térmico é acionado (FOURNEL; OUELLET; CHARBONNEAU, 2017; LIU et al.,
2019) e para a dissipação desse calor, a energia que deveria ser destinada a produção é desviada.
Sendo assim, a suscetibilidade as ondas de calor ameaçam reduzir severamente o desempenho
da produção leiteira (RENAUDEAU et al., 2012; KEY; SNEERINGER, 2014). Para Ekine-
Dzivenu et al. (2020) os impactos das novas condições climáticas serão mais sentidos entre os
pecuaristas de regiões tropicais e de países em desenvolvimento como o Brasil.

As crescentes quedas na produção do leite estão relacionadas as respostas fisiológicas


dos BL (HOFFMANN et al., 2019). Vacas expostas a um longo período de calor diminuem a
atividade do eixo hipotálamo-hipófise-tireoide, com redução do hormônio tireoidiano, devido
a sensibilidade da glândula da tireoide ao ET. Consequentemente, há redução da taxa
metabólica, com mudanças em outras funções corporais, como diminuição da ingestão de
matéria seca, redução do peso corporal e das secreções de leite (VIEIRA et al., 2018). Quando
submetido ao ET, a resposta fisiológica do animal não acontece de forma imediata, ou seja,
algumas horas ou até dias podem se passar até o produtor perceber a queda na produção e na
qualidade do leite. A defasagem no fator produtivo em decorrência do ET se dá o nome de
resposta curta (RC) (LIU et al., 2019). Compreender qual é o intervalo (dias ou horas) entre o
momento do estresse (dado de entrada) e a produção (dado de saída) é fundamental para a
tomada de decisão que afetará o funcionamento de uma unidade produtiva de leite.

Os objetivos do presente artigo são compreender como o ET pode afetar a produção de leite no
cenário nacional, elucidar as principais metodologias (invasivas e não invasivas) empregadas
para determinação do ET em BL e compreender como a RC pode ser uma importante
ferramenta para tomada de decisões nas unidades produtivas de leite do Brasil.

2. CONFORTO E ESTRESSE TÉRMICO EM BOVINOS DE LEITE


Quando se fala sobre o bem-estar animal (BEA) de BL, é importante diferenciar
“conforto térmico” de “estresse térmico”. O conforto térmico é definido como o intervalo
temperatura ao qual o animal apresenta completa normalidade de suas funções fisiológicas
(PERISSINOTTO et al., 2007; DAVISON et al., 2020). De acordo com Azevedo et al. (2005),
este intervalo corresponde a zona Termo-Neutra, que em BL está situada entre 5 e 25°C. Sua

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 285


Contemporâneos, Volume 1.
determinação depende de fatores como a idade, a espécie, a raça, a alimentação, a
aclimatização, o nível de produção e isolamento externo ou pelame do animal.

O ET ocorre quando o animal produz mais calor do que seu corpo consegue dissipar, ou
seja, um fator de resposta fisiológica não específica em relação ao ambiente térmico
(FOURNEL; OUELLET; CHARBONNEAU, 2017; LIU et al., 2019). Islam et al. (2020)
definiram que o ET ocorre através da soma de forças externas que agem sobre as condições
fisiológicas do animal, resultando em aumento da temperatura corporal. Esse aumento ativa
uma resposta fisiológica, causando desequilíbrio entre a produção de calor metabólico (corpo)
e sua dissipação para o meio externo (ambiente).

BL sob ET apresentam uma redução na taxa metabólica e, consequentemente, na


produção de leite. Estudos têm demonstrado que as temperaturas altas causam uma redução
significativa na produção leiteira, juntamente com efeitos negativos em relação a saúde desses
animais (BECKER; COLLIER; STONE, 2020; NEETHIRAJAN, 2020; BECKER et al., 2021).

A termorregulação é equilíbrio entre a produção de leite e a perda de calor corporal,


parâmetro responsável por garantir a homeotermia aos animais homeotérmicos. Quando estão
nesse equilíbrio, os BL tendem a um menor estresse fisiológico e imunológico, resultado numa
produção de leite mais elevada (SHU et al., 2021).

A produção de calor em BL ocorre principalmente por fatores como a falta de


imunização, o metabolismo basal, a absorção de nutrientes, o crescimento, os períodos de
gestação e lactação, a fermentação ruminal e os exercícios. Já o processo de perda de calor, por
sua vez, ocorre por mecanismos como a condução, a convecção a radiação e a evaporação
(KADZERE et al., 2002; OUELLET et al., 2019).

O problema atual, impulsionado pelo aumento da temperatura global, ocorre quando a


temperatura ambiente excede o equilíbrio, a termorregulação, ultrapassando a Zona Termo-
Neutra. É neste momento que o corpo do animal dá sua resposta ao ET, com a supressão da
eficiência na perda de calor para o ambiente (MAIA; SILVA; LOUREIRO, 2008; BECKER;
COLLIER; STONE, 2020). Assim, para a vaca manter a termoneutralidade, ela usa do principal
termorregulador do organismo, que é o hipotálamo, então por uma série de mecanismo, ocorre
ativação hormonal e do sistema nervoso autônomo, com o intuito de preservar a integridade do
organismo, mantendo a homeostasia. Desta forma, vacas em ET podem apresentar níveis
hormonais significativamente elevados.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 286


Contemporâneos, Volume 1.
Um dos principais hormônios afetados é o cortisol, assim como os hormônios
tireoidianos (SUAREZ-TRUJILLO et al., 2022). Outros hormônios importantes, afetados pelo
calor excessivo, incluem prolactina, progesterona e testosterona, todos os quais podem interferir
na produção hormonal do animal, afetar sua taxa metabólica e sua capacidade de produzir leite
de forma saudável e contínua (TITTO et al., 2017).

De acordo com Mota et al. (2017) os confinamentos livres, diferentemente dos


confinamentos em ambientes controlados (free-stall e compost barn) são particularmente
vulneráveis ao ET porque os animais estão confinados a uma área pequena e não podem se
mover para encontrar um local mais fresco. A falta de ventilação nesses galpões também pode
agravar o problema do ET, além de afetar as condições ideias para a garantia do BEA.

3. ESTRESSORES TÉRMICOS E TIPOS DE ESTRESSE TÉRMICO

Segundo Gorczyca e Gebremedhin (2020) os principais estressores térmicos de um


ambiente são a umidade relativa do ar, a velocidade do vento e a temperatura ambiente. A
velocidade do vento afeta diretamente a perda de calor por convecção, quando a temperatura
do ar é menor que a do animal. Por outro lado, quando a umidade é alta, o vento tende a retirá-
la da pele do animal, induzindo a um processo conhecido pala perda de calor através da
evaporação dessa umidade corporal (TAO et al., 2020).

A temperatura do ambiente e a umidade relativa do ar trabalham em conjunto para afetar


as condições fisiológicas dos BL, resultando no ET. A temperatura do ambiente é considerada
como a maior responsável por alterar a Zona Termo-Neutra em BL, impedindo o equilíbrio
(termorregulação) (SHU et al., 2021).

É importante diferenciar o ET, que ocorre quando a Zona Termo-Neutra não é


respeitada, do esforço térmico, que, por sua vez, é representado como a resposta geral do animal
quando submetido ao ET. O esforço térmico provoca a diminuição na ingestão de ração,
causando variações ou declínios na produção de leite (LI et al., 2020).

Há dois tipos principais de ET em BL: ET por fatores ambientais (alta temperatura


ambiente e umidade) e ET por fatores metabólicos (produção de leite elevada ou excessiva).

O ET ambiental é o tipo mais comum experimentado pelos BL. O mesmo ocorre quando
o ambiente ao qual o animal está sendo submetido é muito quente e úmido, impedindo a
dissipação efetiva do calor corporal, principalmente durante a fase do cio (fêmeas). Isso pode
acontecer em ambientes internos ou externos (RICCI; ORSI; DOMINGUES, 2013).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 287


Contemporâneos, Volume 1.
O ET metabólico, por sua vez, ocorre quando o metabolismo dos BL está fazendo “hora
extra” para produzir uma elevada quantidade de leite. Esse tipo de ET é mais comum em
animais submetido a alta produção, e pode acarretar em sérios problemas de saúde, se não
administrado de forma adequada (DALTRO et al., 2020).

4. INDICADORES FISIOLÍGICOS

Falar em produção leiteira significa pensar em BEA. O setor da pecuária de leite ainda
carece de métodos de medição mais precisos, menos invasivos aos animais e, ao mesmo tempo,
menos dispendiosos aos produtores de leite (NEETHIRAJAN, 2020).

A partir da medição dos indicadores fisiológicos em BL é possível avaliar se o animal


está ou não sobre ET, compreendendo qual o impacto causado na produção e na qualidade do
leite. Esses indicadores podem ser entendidos como as funções orgânicas: cardíaca, respiratória,
temperatura corporal, secreções, hormônios, entre outros. Quando os indicadores estão em seu
funcionamento normal, o animal apresenta homeostase, conhecida como a condição estável em
que um organismo deve permanecer para realizar suas funções adequadamente, de forma a
manter-se em equilíbrio (parâmetros fisiológicos normais) (RAMALHO et al., 2023).

Vizzotto et al. (2015) em seus estudos com BL confinados e não confinados durante a
estação do verão em regiões tropicais apresentaram, respectivamente, frequências cardíacas
médias de 84, e 90,3 batidas por minuto. Já para Rejeb et al. (2016) que avaliaram BL criados
sob confinamento em clima mediterrâneo/árido (Tunísia) os valores foram significativamente
diferentes, sendo 78,1 (verão) e 62,0 (inverno). Fica evidente que é necessário conhecer as
condições do ambiente, microclima e forma de criação (confinamento ou pasto), uma vez que
os requisitos para a homeostase dos BL dependem de múltiplos fatores (SHU et al., 2021).

A homeostase em BL pode ser alcançada em situações de nutrição e alimentação


equilibradas, disponibilidade de água e confinamento em ambientes que oferecem o conforto
térmico necessário para a produção de o leite de forma saudável. Para garantir o BEA e a
homeostasia é necessário avaliar o estresse provocado pela aplicação de métodos invasivos, que
podem ocasionar em inconsistências de dados e resultados incompatíveis com a realidade do
confinamento. Métodos de medição não invasivos, portanto, têm sido adotados como
alternativas para reduzir o estresse físico causado na aplicação dos métodos invasivos.
(POLSKY; KEYSERLINGK, 2017; LIU et al., 2019).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 288


Contemporâneos, Volume 1.
5. METODOLOGIAS INVASIVAS

Custo, praticidade, mão de obra, possibilidade de reprodução e preocupações com o


BEA devem nortear o uso de dispositivos invasivos de medição. Além disso, a frequência de
uso e a forma de posicionamento no animal (interna ou externamente) devem ser também
considerados (TRESOLDI; SCHÜTZ; TUCKER, 2020). Tais medições, em sua maioria, são
desvantajosas porque requerem contato físico, além da dificuldade em realizar as medições de
temperatura em animais considerados como grande porte (KIM et al., 2020).

Entre os principais tipos de metodologias invasivas estão as medições da temperatura


corporal central e a frequência respiratória (quando realizada por aparelhos conectados ao corpo
do animal). De acordo com a literatura, diversas pesquisas apontam esses parâmetros como
sendo os mais sensíveis para a detecção da tensão térmica no seu estágio inicial (GALÁN et
al., 2018; PINTO et al., 2020). Os limiares para temperatura retal em bovinos adultos
produtores de leite em termoneutralidade, com ITU de 70 variam de 38,4 a 38,6 ºC (LI et al.,
2020; PINTO et al., 2020). Quanto a dinâmica respiratória, animais em termoneutralidade
tendem a apresentar próxima 48 respirações por minuto para regiões com micro clima entre 9,5
a 30.8 ºC e índice de temperatura e umidade (ITU) de 72 (SHU et al., 2021). Para Toledo et al.
(2020) é possível afirmar que o limiar da dinâmica respiratória é de 74 respirações por minuto,
sendo que valores acima indicam que os BL estão sob ET.

Apesar de muitas pesquisas avaliarem os indicadores fisiológicos e sua correlação com


os parâmetros produtivos (DIKMEN; HANSEN, 2009; HERBUT; ANGRECKA; WALCZAK,
2018; WANG et al., 2018), faltam lacunas quanto ao comportamento inicial do animal no
estágio primário da tensão térmica, ou seja, quando ocorre a mudança no tipo e grau dos
estressores (POLSKY; KEYSERLINGK, 2017; SHU et al., 2021).

Um dos parâmetros mais utilizados para avaliar a tensão térmica em BL é a temperatura


corporal central (GALÁN et al., 2018). Aumentos repentinos e significativos podem indicar
que o animal está sobre ET, uma vez que a dissipação do calor corporal pode estar sendo
ineficiente frente as temperaturas do ambiente (SHU et al., 2021).

Entre as principais medições realizadas para aferir a temperatura corporal central estão
as temperaturas: retal, vaginal, subcutânea, ruminal, do retículo, do tímpano e superfície
corporal. Além da medição, é importante verificar se a metodologia utilizada pode ocasionar
danos ou estresse físico adicionais aos BL (DAVISON et al., 2020).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 289


Contemporâneos, Volume 1.
Burfeind et al. (2012) avaliaram que a medição da temperatura retal pode trazer estresse
adicional, resultando em distorção dos resultados, além de causar danos a cauda. Na prática, a
temperatura retal é frequentemente usada como um índice sensível para determinar se os BL
atingiram o equilíbrio térmico e determinar a influência do ambiente no crescimento, lactação
e reprodução (NABENISHI et al., 2011; LEE et al., 2015).

As pesquisas de Burfeind et al. (2012) e Burdick et al. (2012) concluíram que além do
estresse adicional, a aferição da temperatura vaginal pode aumentar os riscos de contaminação
por infecção e irritação, resultando em modificações na tensão do cio e no estado de prenhez
dos BL. A medição da temperatura vaginal pode ocasionar, ainda, maior estresse ao animal,
causando variações dos resultados, pois o sucesso depende quase exclusivamente da habilidade
do responsável pela medição (MADER; JOHNSON; GAUGHAN, 2010).

As aferições das temperaturas ruminal e reticular também são consideradas como


métodos invasivos, havendo na maioria dos casos a necessidade de cirurgias (fistulas) para a
colocação das “pílulas” de leitura, fatores à contramão do BEA (AMMER et al., 2018). Mesmo
com a criação de equipamentos e “pílulas” para colocação via oral (método menos invasivo),
poucos são os resultados, fazendo deste método um modelo ainda não tradicional para a
realidade dos criadores, principalmente em regiões menos desenvolvidas ou em países como o
Brasil (KNAUER; GODDEN; MCDONALD, 2016; KOLTES et al., 2018).

A aferição da temperatura timpânica pode ser utilizada para determinação da tensão e


ET em BL (SETSER; CANTOR; COSTA, 2020). O processo é realizado através da colocação
de dispositivos para registro de dados inseridos no canal auditivo (JARA; KEIM; ARIAS,
2016). Apesar de ser uma metodologia menos invasiva, os animais podem sentir desconforto
com a presença de um objeto estranho, além deste tipo de prática poder resultar, à longo prazo,
em infecções no canal auditivo (DAVISON et al., 2020; SHU et al., 2021). McCorkell et al.
(2014) também avaliaram a desvantagem da imprecisão dos dados, ocasionada pela
movimentação dos animais, podendo levar ao reposicionamento indesejável dos dispositivos,
que deveriam ficar sempre alojados próximos a membrana timpânica.

Para Chung et al. (2020) a temperatura subcutânea também pode ser utilizada para
avaliar o ET, devido ao fato dos organismos dos BL (homeotérmicos) conduzirem mais sangue
nas partes periféricas do corpo em situações de desconforto térmico. Entretanto, este tipo de
método também é considerado como invasivo, pois na maioria dos casos, são necessárias
cirurgias de implante para a colocação de transmissores (REID et al., 2012). Além disso, a falta

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 290


Contemporâneos, Volume 1.
de transmissão dos dados e problemas nos dispositivos, podem levar a novas cirurgias para o
explante, causando maior estresse ao animal e gerando aumento nos custos de manutenção para
os produtores de leite (REID et al., 2012; LEE et al., 2015).

6. METODOLOGIAS NÃO INVASIVAS

A temperatura da superfície corporal e a frequência respiratória (quando realizada por


aparelhos não conectados ao corpo do animal) são parâmetros de suma importância para os BL,
sendo inclusive utilizado um indicador do BEA. Animais em termoneutralidade apresentam
temperatura de superfície corporal entre 38 e 39º C (TOLEDO et al., 2020). Contudo, animais
expostos a altas temperatura apresentam aumentos nessas variáveis, resultando em diminuição
na produção de leite (SHU et al., 2021).

A avaliação da frequência respiratória é realizada pela contagem dos movimentos


respiratórios através de câmeras apontadas diretamente para os animais (LI et al., 2020; SHU
et al., 2021; FOROUSHANI; AMON, 2022), no entanto, é um método considerado como
demorado para os padrões atuais. Além disso, esse tipo de medição pode ser trabalhoso e pouco
prático à longo prazo (LIU et al., 2019). Lowe et al. (2019) alertaram que o método pode
apresentar variações entre estações diferentes, sendo mais simples as medições durante o verão
(respiração rápida e pesada) em comparação ao inverno (ambientes frios, movimentos dos
flancos mais lentos e demorados).

7. TEMPERATURA DO PELAME

A medição da temperatura do pelame pode ser utilizada para aferir o ET em BL. Tal
medição é definida a partir de uma fórmula que considera as temperaturas da cabeça, do dorso,
da canela e do úbere do animal (PINHEIRO et al., 2005).

O pelame é a unidade responsável pelas trocas entre o ambiente externo e o ambiente


interno do animal (corpo). Sua funcionalidade garante o balanço térmico, decorrente das trocas
entre o ambiente externo e o interno. Sua função é atuar como termorregulador, servindo de
proteção contra o excesso de absorção da radiação solar, além de dissipar o calor da superfície
do animal (ALMEIDA et al., 2010). Almeida et al. (2010) também analisaram os efeitos do
ambiente térmico sobre as respostas fisiológicas do pelame em BL em lactação, como forma de
caracterizar situações de estresse, explicando a tentativa do animal em perder o calor absorvido.
Os resultados demonstraram ser possível determinar o grau de ET pela aferição da superfície
corporal, especificamente na medição da temperatura do pelame.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 291


Contemporâneos, Volume 1.
8. TEMPERATURA DO LEITE

A medição da temperatura do leite pode ser utilizada como um bom indicador da


temperatura corporal, principalmente por não causar estresse ao animal durante o processo de
aferição. West, Mullinix e Bernard (2003) analisaram os benefícios da medição da temperatura
do leite, uma vez que o grau de vascularização da glândula mamária é muito alto, resultando
em medidas mais confiáveis e com menor variação. Os valores observados para temperatura do
leite para vacas da raça Holstein foi de 38,9 ºC no inverno e 39,4 no verão e para a raça Jersey
de 38,5 e 39,1 ºC respectivamente (inverno e verão) (WEST; MULLINIX; BERNARD, 2003).

Segundo Shu et al. (2021) a aferição da temperatura do leite tem sido um parâmetro
utilizado como método potencial para determinação do ET, principalmente com a evolução e
aplicação de sistemas de ordenha automática. Quando atrelada a temperatura do pelame, a
temperatura do leite também é um importante parâmetro para aferir a evolução temperatura
corporal de BL (NABENISHI et al., 2011; LEE et al., 2015).

A utilização de ordenhas automáticas em conjunto com a medição automatizada da


temperatura do leite, tende a favorecer a tomada de decisões, resultando em grandes avanços
para a longevidade do rebanho, no aumento da qualidade do leite e em maiores níveis de
animais ordenhados por dia (LOPES; LAGO; CÓCARO, 2007; PAIVA et al., 2015).

Além da temperatura do leite ser uma prática mais precisa de ser monitorada, apresenta
ainda a praticidade do método, mas há de se considerar que a medição só pode ser utilizada em
BL em período de lactação (LEE et al., 2015).

9. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE OS INDICES PROODUTIVOS

A temperatura é um fator importante para a produção de leite. Ela afeta não só a


qualidade e a quantidade produzida, como seu valor nutritivo. Existe uma correlação positiva
entre a resposta ao ET e a produção de leite em ambientes que trabalham com animais de alta
produção. Esses animais apresentam maior suscetibilidade ao calor ambiente, e para Li et al.
(2020) animais de alta produção tendem a apresentar, estatisticamente, temperatura corporal
mais elevada do que os caracterizados como baixa produção.

Para Ekine-Dzivenu et al. (2020), a exposição por longos períodos de BL em lactação a


altas temperaturas (>25ºC) diminui substancialmente a capacidade de dissipação do calor
(metabólico e ambiental) tornando-os mais suscetíveis ao ET. Ambientes com temperatura
entre 0°C e 25°C são benéficos para o confinamento de BL (CORREA-CALDERON et al.,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 292


Contemporâneos, Volume 1.
2004), e nesses casos a temperatura da superfície corporal varia de 38,5°C a 39,5°C em
bezerros, em novilhas de 38,0°C a 39,5°C e em adultos de 38,0°C a 39,0°C (LIU et al., 2019).

O ET foi comprovado por Islam et al. (2020) em temperaturas entre 29ºC e 32ºC e
podendo chegar até 37ºC, a temperatura natural da pele. O estresse foi desencadeado devido
aos mecanismos de ação se apresentarem menos eficientes diante dessas temperaturas,
resultando em menores taxas de dissipação do calor evaporativo.

O comportamento de BL a diferentes climas deve ser considerado. Em climas tropicais,


subtropicais e mediterrâneos, os animais são expostos a longos períodos de ET, podendo
precisar mais de até 24 horas extras pra sua recuperação. Como resultado, há uma considerável
diminuição na produção de leite, maior suscetibilidade a doenças e um aumento na temperatura
corporal (BECKER et al., 2021).

A produção de leite é significativamente diferente entre os períodos de estresse por calor


e sem estresse por calor, indicando que a produção leiteira de BL em regiões com diferentes
microclimas pode ser significativamente afetada quando os animais apresentam ET
(GANTNER et al., 2011).

Temperaturas ambientes acima de 25°C aumentam a temperatura da superfície corporal


de BL, resultando no ET dos animais. Esses ambientes não ideais para a produção de leite, pois
representam diminuição do consumo de ração e a capacidade de troca de calor dos animais com
o ambiente (GORNIAK et al., 2014; KÖNYVES et al., 2017; SAMMAD et al., 2020).

Um estudo que investigou a influência da temperatura sobre os índices produtivos


mostrou que a produção de leite de vacas Holandesas pode diminuir em até 30% no verão em
comparação com a produção de leite no inverno no inverno (LIU et al., 2019).

Em se tratando das influências da temperatura do ar e da umidade relativa do ar sobre a


temperatura do leite, Zhou et al. (2022) avaliaram que a variação da temperatura do ar reduz o
diferencial entre a temperatura corporal dos BL e a temperatura ambiente, resultando em uma
diminuição na transferência do calor para o ambiente. Além disso, esta pesquisa concluiu que
a temperatura do ar é um parâmetro mais preponderante que a umidade relativa do ar sobre a
temperatura do leite, em ordenhas realizadas entre a manhã e à tarde.

Alguns estudos comprovaram que o limiar da temperatura do leite é de 39ºC (raça


holandesa). Isso significa que até esse patamar não há declínio de produção relacionado ao ET
(WEST; MULLINIX; BERNARD, 2003; POHL; HEUWIESER; BURFEIND, 2014).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 293


Contemporâneos, Volume 1.
10. INDICE DE TEMPERATURA E UMIDADE (ITU)

Se realizada de forma meticulosa, a medição do ITU, quando combinada com a


avaliação dos parâmetros fisiológicos se torna uma ferramenta fundamental para a avaliação do
ET (SAMMAD et al., 2020). O ITU é um parâmetro muito utilizado avaliar o ET em BL,
principalmente em regiões mais afetadas por altas temperaturas. O ITU se trata de um cálculo
que incorpora os efeitos da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar em um único
índice (WEST; MULLINIX; BERNARD, 2003). Com isso, a compreensão da relação entre o
ITU e a temperatura corporal dos BL é de fundamental importância para entender o estágio
fisiológico dos animais em ET (AMMER et al., 2018).

Atualmente, o ITU pode ser calculado utilizando a temperatura de bulbo seco (°C), a
temperatura do bulbo úmido (°C) e a umidade relativa do ar (%) (LEGRAND; SCHÜTZ;
TUCKER, 2011). Por outro lado, também é possível determinar o ITU através da temperatura
corporal (°C), a temperatura ambiente (°C) e a umidade relativa do ar (%) (PERETTI et al.,
2010). A soma destas três variáveis permite a avaliar o grau do ET, e quais as consequências
para a saúde e o BEA (LIU et al., 2019).

A literatura divide o ITU em estágios bem definidos, entretanto, existem diferenças


conclusivas dependentes da região (país, clima, cultura e confinamento), raça dos bovinos,
forma de avaliação (automatizada ou manual) e tipo de parâmetros avaliados (fórmula).

A partir de 72 de ITU os BL ainda não estão enquadrados em ET. Índices entre 73 e


79 são considerados como ET médio. Índices entre 80 e 89 são considerados como ET severo.
O limiar do ET para os BL seria de 90 de ITU (LIU et al., 2019; BECKER et al., 2021).

Já os estudos de Dado-Senn et al. (2020) demostraram que BL criados em sistemas de


confinamento, em período de lactação, em regiões com climas subtropicais ou áridos,
apresentaram quedas consideráveis na produção do leite quando o índice de temperatura
alcançou o patamar entre 68 e 72. O mesmo foi apontado pelas pesquisas de Toledo et al.
(2020), onde comprovou-se que BL em processo de lactação começam a sofrer os efeitos do
ET com índices de temperatura e umidade maiores ou iguais a 68.

Para Kovács et al. (2020) os índices de temperatura e umidade entre 72 e 74


(BOHMANOVA; MISZTAL; COLE, 2007) e de 72 (GANTNER et al., 2011) foram
considerados como críticos e preponderantes para a queda na produção diária de leite. Para
temperatura retal e temperatura do reticulo, o intervalo de 72 a 78 é considerado como limiar
crítico do ET em BL em fase de lactação (DA COSTA et al., 2015).

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 294


Contemporâneos, Volume 1.
A literatura fornece dados sobre o aumento no ITU (maior grau de ET) dos BL. A
produção e leite para as raças Holandesas e Jersey diminuiu 0,69 kg e 0,45 kg, respectivamente,
para cada unidade de aumento unitário do ITU (WEST; MULLINIX; BERNARD, 2003).

As relações entre a temperatura do leite e o ITU são deveras interessantes para a


avaliação do BEA, sendo possível afirmar que a temperatura do leite aumenta gradualmente
com aumento da temperatura ambiente e por consequência do ITU.

Para West, Mullinix e Bernard (2003) quando a temperatura do leite atinge 39°, o ITU
está em72. Para os autores, este é o ponto em que começam a aparecer os sintomas do ET, tais
como o menor consumo de ração e as variações negativas na produção diária de leite.

Outra pesquisa mostrou que os valores de ITU em estações como a primavera e o verão
podem atingir o índice de 72, limiar para o animal desenvolver o ET, resultando na queda da
produção. Tal pesquisa ainda comprovou que durante estações mais amenas, como outono e
primavera, os valores de ITU chegavam próximos ao limite de 72 (GANTNER et al., 2011).

11. RESPOSTA DE ATRASO

Há de se considerar que a resposta na produção diária de leite em relação ao ITU e a


temperatura ambiente existe um atraso de alguns dias (correlações complexas e indiretas), não
sendo, portanto, um indicador de ET instantâneo (correlações simples e diretas) (WILDRIDGE
et al., 2018; LI et al., 2021).

A melhor opção para determinar efetivamente se as condições ambientais estão


provocando o ET é avaliar como as correlações do ITU influenciam na produção diária do leite.
Essa avaliação, entretanto, deve ser realizada com ênfase nas observações consecutivas,
levando-se em consideração a natureza das séries temporais, de forma a compreender se as
respostas de atraso estão influenciando no BEA (AMMER; LAMBERTZ; GAULY, 2016;
JENSEN; VAN DER VOORT; HOGEVEEN, 2018; HEINICKE et al., 2019).

Para Liu et al. (2019), uma mudança na série de entrada pode não ter um efeito imediato
(RC) na série de entrada. Neste caso, a mudança resulta numa resposta defasada em relação a
série de saída, fazendo com que o sistema alcance um equilíbrio. A relação da correlação entre
as séries de entrada e saída é conhecida como correlação cruzada.

Um estudo relatou que as respostas na mudança de temperatura podem refletir na queda


da produção de leite, mas não de forma instantânea, ou seja, a queda efetiva na produção pode
levar alguns dias (WILDRIDGE et al., 2018). Uma pesquisa pioneira na determinação da RC

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 295


Contemporâneos, Volume 1.
foi desenvolvida por Li et al. (2021). Este estudo buscou analisar a relação de defasagem entre
a produção diária de leite e os indicadores de ET em BL. Utilizando a modelagem de função de
transferência, foram encontradas correlações significativas entre os dois fatores, com a
produção de leite apresentando uma resposta de defasagem de 1 a 3 dias após o ET. O modelo
desenvolvido mostrou-se eficaz para prever a dinâmica da produção de leite em relação ao ET.

A RC, portanto, pode revelar a relação entre a produção de leite e o ET em BL. Para
mitigar a perda de leite devido ao ET, é recomendado implementar medidas de manejo
adequadas, como melhorar a ventilação e sombreamento nas instalações, fornecer água fresca
e em quantidade suficiente, ajustar a nutrição dos animais e otimizar os horários de ordenha
para evitar os períodos de maior ET. Além disso, é importante monitorar regularmente os
indicadores de ET e a produção de leite para identificar os momentos críticos e adotar ações
preventivas ou corretivas de forma proativa. Fato é que a RC é uma ferramenta fundamental,
que se aplicada com técnicas estatísticas (inteligência artificial) pode resultar em grandes
avanços no combate ao ET em BL submetidos a alta produção.

12. FUNÇÃO DE CORRELAÇÃO CRUZADA

Diferentemente da correlação cruzada, a função de correlação cruzada é aquela


caracterizada por diferentes ordens de defasagem. Essa função é utilizada como modelo que
representa o sistema dinâmico que, por sua vez, conecta as séries de entrada e saída, recebe o
nome de modelo de função de transferência. Tanto a função de correlação cruzada, quanto o
modelo de função de transferência são instrumentos estatísticos fundamentais para avaliar as
respostas de atraso da série de saída (LIU et al., 2019).

A função de correlação cruzada, portanto, é um método estatístico sólido que


correlaciona séries de entrada (temperatura, ITU, umidade relativa do ar) com séries de saída
(temperatura do leite, produção diária de leite, temperaturas relacionadas ao corpo do animal)
a fim de determinar quais as correlações existem entre diferentes séries. Em resumo, a função
de correlação cruzada pode determinar o impacto que um dado de entrada pode ou não ter sobre
determinado dado de saída.

Para os produtores de leite, ter em mente o impacto do ET de forma antecipada, a partir


da RC determinada pela função de correlação cruzada, pode ajudar na tomada de decisões, e
nortear como adequar o manejo do confinamento, de forma a evitar que os BL saiam da zona
Termo-Neutra. Tudo isso para garantir as melhores condições para que esses animais

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 296


Contemporâneos, Volume 1.
mantenham sua homeostase, garantindo níveis de produção de leite compatíveis com as
realidades aplicadas ao BEA.

13. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os efeitos do ET podem representar grande impacto não apenas na produtividade da


vaca, como também na saúde e BEA, aumentando os prejuízos do pecuarista. Os efeitos são
maiores em animais de alta produção, criados em sua grande maioria em sistemas de
confinamento como free stall e compost barns. A sustentabilidade do setor pode entrar em
choque, pois menores produções podem não atender as demandas do setor, o que resultará em
aumentos significativos no preço do leite ao consumidor.

O ponto chave é que os produtores compreendam que não é simplesmente uma questão
de determinar se o ET está ou não ocorrendo, mas sim, propor ferramentas para que os mesmos
possam saber o momento de agir para evitar as quedas na produção e garantir as melhores
condições para que seus animais produzam de forma confortável, garantido um produto de
qualidade e em volume adequado.

A RC, ferramenta desenvolvida a partir da análise estatística cruzada (funções de


correlação) é a resposta para que os produtores possar tomar as decisões de combate ao ET no
momento crucial. Além disso, tal fermenta vem de encontro as garantias do BEA e da
sustentabilidade na cadeia produtiva do leite.

Por fim, é importante salientar que pesquisadores e produtores precisam ter consciência
e dar importância a mensuração das metodologias não invasivas para o acompanhamentos do
ET. O uso das metodologias que não provocam nenhum tipo de estresse ou dano aos animais,
podem ser empregadas com sucesso no emprego da RC como ferramenta para combate ao ET.

REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G. L. P. de. et al. Investimento em climatização na pré-ordenha de vacas girolando
e seus efeitos na produção de leite. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental,
Campina Grande, v. 14, p. 1337–1344, dez. 2010. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1415-43662010001200013. Acessado em: Jul. 2023.
AMMER, S. et al. Impact of diet composition and temperature-humidity index on water and
dry matter intake of high-yielding dairy cows. Journal of Animal Physiology and Animal
Nutrition, China, v. 102, n. 1, p. 103–113, fev. 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.1111/jpn.12664. Acessado em: Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 297


Contemporâneos, Volume 1.
AZEVEDO, M. de. et al. Estimativa de níveis críticos superiores do índice de temperatura e
umidade para vacas leiteiras 1/2, 3/4 e 7/8 Holandês-Zebu em lactação. Revista Brasileira de
Zootecnia, Viçosa, v. 34, p. 2000–2008, dez. 2005. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1516-35982005000600025. Acessado em: Jul. 2023.
BALDOTTO, M. A. et al. Estoque e frações de carbono orgânico e fertilidade de solo sob
floresta, agricultura e pecuária. Revista Ceres, Viçosa, v. 62, p. 301–309, jun. 2015. Disponível
em: https://doi.org/10.1590/0034-737X201562030010. Acessado em: Jul. 2023.
BECKER, C. A. et al. Predicting dairy cattle heat stress using machine learning techniques.
Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 104, n. 1, p. 501–524, jan. 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2020-18653. Acessado em: Jul. 2023.
BECKER, C. A.; COLLIER, R. J.; STONE, A. E. Invited review: Physiological and behavioral
effects of heat stress in dairy cows. Journal of Dairy Science, JDS Communications, Estados
Unidos, v. 103, n. 8, p. 6751–6770, ago. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2019-
17929. Acessado em: Jul. 2023.
BOHMANOVA, J.; MISZTAL, I.; COLE, J. B. Temperature-Humidity Indices as Indicators
of Milk Production Losses due to Heat Stress. Journal of Dairy Science, Estados Unidos,v.
90, n. 4, p. 1947–1956, abr. 2007. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2006-513.
Acessado em: Jul. 2023.
BURDICK, N. C. et al. Development of a self-contained, indwelling vaginal temperature probe
for use in cattle research. Journal of Thermal Biology, Glasgow (UK), The Contribution of
Radiotelemetry to the Advancement of Thermoregulatory Research. v. 37, n. 4, p. 339–343, jul.
2012. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jtherbio.2011.10.007. Acessado em: Jul. 2023.
BURFEIND, O.; SUTHAR, V. S.; HEUWIESER, W. Effect of heat stress on body temperature
in healthy early postpartum dairy cows. Theriogenology, Estados Unidos, v. 78, n. 9, p. 2031–
2038, dez. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.theriogenology.2012.07.024.
Acessado em: Jul. 2023.
CHUNG, H. et al. Using implantable biosensors and wearable scanners to monitor dairy cattle’s
core body temperature in real-time. Computers and Electronics in Agriculture, Países
Baixos, v. 174, p. 105453, jul. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.compag.2020.105453. Acessado em: Jul. 2023.
CORREA-CALDERON, A. et al. Thermoregulatory responses of Holstein and Brown Swiss
Heat-Stressed dairy cows to two different cooling systems. International Journal of
Biometeorology, Alemanha, v. 48, n. 3, p. 142–148, fev. 2004. Disponível em:
https://doi.org/10.1007/s00484-003-0194-y. Acessado em: Jul. 2023.
DA COSTA, A. N. L. et al. Rectal temperatures, respiratory rates, production, and reproduction
performances of crossbred Girolando cows under heat stress in northeastern Brazil.
International Journal of Biometeorology, Alemanha, v. 59, n. 11, p. 1647–1653, nov. 2015.
Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00484-015-0971-4. Acessado em: Jul. 2023.
DADO-SENN, B. et al. Methods for assessing heat stress in preweaned dairy calves exposed
to chronic heat stress or continuous cooling. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 103,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 298


Contemporâneos, Volume 1.
n. 9, p. 8587–8600, set. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2020-18381.
Acessado em: Jul. 2023.
DALTRO, A. M. et al. Efeito do estresse térmico por calor na produção de vacas leiteiras.
Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v. 26, n. 1, p. 288–311, out. 2020. Disponível
em: https://doi.org/10.36812/pag.2020261288-311. Acessado em: Jul. 2023.
DAVISON, C. et al. Detecting Heat Stress in Dairy Cattle Using Neck-Mounted Activity
Collars. Agriculture, Austrália, v. 10, n. 6, p. 210, jun. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/agriculture10060210. Acessado em: Jul. 2023.
DIKMEN, S.; HANSEN, P. J. Is the temperature-humidity index the best indicator of heat stress
in lactating dairy cows in a subtropical environment? Journal of Dairy Science, Estados
Unidos, v. 92, n. 1, p. 109–116, jan. 2009. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2008-
1370. Acessado em: Jul. 2023.
EKINE-DZIVENU, C. C. et al. Evaluating the impact of heat stress as measured by
temperature-humidity index (THI) on test-day milk yield of small holder dairy cattle in a sub-
Sahara African climate. Livestock Science, Países Baixos, v. 242, p. 104314, dez. 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.livsci.2020.104314. Acessado em: Jul. 2023.
FOROUSHANI, S.; AMON, T. Thermodynamic assessment of heat stress in dairy cattle:
lessons from human biometeorology. International Journal of Biometeorology, Alemanha,
v. 66, p. 1811–1827, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00484-022-02321-2.
Acessado em: Jul. 2023.
FOURNEL, S.; OUELLET, V.; CHARBONNEAU, E. Practices for Alleviating Heat Stress of
Dairy Cows in Humid Continental Climates: A Literature Review. Animals: an open access
journal from MDPI, Estônia, v. 7, n. 5, p. E37, maio 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ani7050037. Acessado em: Jul. 2023.
GALÁN, E. et al. A systematic review of non-productivity-related animal-based indicators of
heat stress resilience in dairy cattle. PLOS ONE, Estados Unidos, v. 13, n. 11, p. e0206520,
nov. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0206520. Acessado em: Jul.
2023.
GANTNER, V. et al. Temperature-humidity index values and their significance on the daily
production of dairy cattle. Mljekarstvo, Croácia, v. 61, mar. 2011. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/50392071. Acessado em: Jul. 2023.
GORCZYCA, M. T.; GEBREMEDHIN, K. G. Ranking of environmental heat stressors for
dairy cows using machine learning algorithms. Computers and Electronics in Agriculture,
Países Baixos, v. 168, p. 105124, jan. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.compag.2019.105124. Acessado em: Jul. 2023.
GORNIAK, T. et al. Impact of mild heat stress on dry matter intake, milk yield and milk
composition in mid-lactation Holstein dairy cows in a temperate climate. Archives of Animal
Nutrition, Inglaterra, v. 68, n. 5, p. 358–369, set. 2014. Disponível em:
https://doi.org/10.1080/1745039X.2014.950451. Acessado em: Jul. 2023.
HERBUT, P.; ANGRECKA, S.; WALCZAK, J. Environmental parameters to assessing of heat
stress in dairy cattle—a review. International Journal of Biometeorology, Alemanha, v. 62,

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 299


Contemporâneos, Volume 1.
n. 12, p. 2089–2097, dez. 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1007/s00484-018-1629-9.
Acessado em: Jul. 2023.
HOFFMANN, G. et al. Animal-related, non-invasive indicators for determining heat stress in
dairy cows. Biosystems engineering, Inglaterra, 2019. Disponível em:
https://dx.doi.org/10.1016/j.biosystemseng. Acessado em: Jul. 2023.
ISLAM, M. A. et al. Automated Monitoring of Panting for Feedlot Cattle: Sensor System
Accuracy and Individual Variability. Animals: an open access journal from MDPI, Estônia,
v. 10, n. 9, p. 1518, set. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ani10091518. Acessado
em: Jul. 2023.
JARA, I. E.; KEIM, J. P.; ARIAS, R. A. Behaviour, tympanic temperature and performance of
dairy cows during summer season in southern Chile. Archivos de medicina veterinaria, Chile,
v. 48, n. 1, p. 113–118, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.4067/S0301-
732X2016000100014. Acessado em: Jul. 2023.
KADZERE, C. T. et al. Heat stress in lactating dairy cows: a review. Livestock Production
Science, Austrália, v. 77, n. 1, p. 59–91, out. 2002. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/S0301-6226(01)00330-X. Acessado em: Jul. 2023.
KEY, N.; SNEERINGER, S. Potential Effects of Climate Change on the Productivity of U.S.
Dairies. American Journal of Agricultural Economics, Inglaterra, v. 96, n. 4, p. 1136–1156,
2014. Disponível em: https://doi.org/10.1093/ajae/aau002. Acessado em: Jul. 2023.
KIM, N. Y. et al. Summer season temperature-humidity index threshold for infrared
thermography in Hanwoo (Bos taurus coreanae) heifers. Asian-Australasian Journal of
Animal Sciences, Coréia do Sul, v. 33, n. 10, p. 1691–1698, jan. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.5713/ajas.19.0762. Acessado em: Jul. 2023.
KNAUER, W. A.; GODDEN, S. M.; MCDONALD, N. Technical note: Preliminary evaluation
of an automated indwelling rumen temperature bolus measurement system to detect pyrexia in
preweaned dairy calves. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 99, n. 12, p. 9925–9930,
dez. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2015-10770. Acessado em: Jul. 2023.
KOLTES, J. E. et al. Automated collection of heat stress data in livestock: new technologies
and opportunities. Translational Animal Science, Índia, v. 2, n. 3, p. 319–323, jul. 2018.
Disponível em: https://doi.org/10.1093/tas/txy061. Acessado em: Jul. 2023.
KÖNYVES, T. et al. Relationship of temperature-humidity index with milk production and
feed intake of holstein-frisian cows in different year seasons. The Thai veterinary medicine,
Tailândia, v. 47, p. 15–23, jan. 2017. Disponível em: Acessado em: Jul. 2023.
KOVÁCS, L. et al. Short communication: Upper critical temperature-humidity index for dairy
calves based on physiological stress variables. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v.
103, n. 3, p. 2707–2710, mar. 2020. Disponível em: Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2019-17459. Acessado em: Jul. 2023.
LEE, Y. et al. Body Temperature Monitoring Using Subcutaneously Implanted Thermo-loggers
from Holstein Steers. Asian-Australasian Journal of Animal Sciences, Coréia do Sul, v. 29,
n. 2, p. 299–306, set. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5713/ajas.15.0353. Acessado em:
Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 300


Contemporâneos, Volume 1.
LEGRAND, A.; SCHÜTZ, K. E.; TUCKER, C. B. Using water to cool cattle: Behavioral and
physiological changes associated with voluntary use of cow showers. Journal of Dairy
Science, Estados Unidos, v. 94, n. 7, p. 3376–3386, jul. 2011. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2010-3901. Acessado em: Jul. 2023.
LI, G. et al. Short communication: The lag response of daily milk yield to heat stress in dairy
cows. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 104, n. 1, p. 981–988, jan. 2021.
Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2020-18183. Acessado em: Jul. 2023.
LI, G. et al. Predicting rectal temperature and respiration rate responses in lactating dairy cows
exposed to heat stress. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 103, n. 6, p. 5466–5484,
jun. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2019-16411. Acessado em: Jul. 2023.
LIU, J. et al. Effects of heat stress on body temperature, milk production, and reproduction in
dairy cows: a novel idea for monitoring and evaluation of heat stress — A review. Asian-
Australasian Journal of Animal Sciences, Coréia do Sul, v. 32, n. 9, p. 1332–1339, jan. 2019.
Disponível em: https://doi.org/10.5713/ajas.18.0743. Acessado em: Jul. 2023.
LOPES, M. A.; LAGO, A. A.; CÓCARO, H. Uso de softwares para gerenciamento de rebanhos
bovinos leiteiros. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte,
v. 59, p. 547–549, abr. 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-
09352007000200047. Acessado em: Jul. 2023.
LOWE, G. et al. Infrared Thermography—A Non-Invasive Method of Measuring Respiration
Rate in Calves. Animals: an open access journal from MDPI, Estônia, v. 9, n. 8, p. 535, ago.
2019. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ani9080535. Acessado em: Jul. 2023.
MADER, T. L.; JOHNSON, L. J.; GAUGHAN, J. B. A comprehensive index for assessing
environmental stress in animals1. Journal of Animal Science, Estados Unidos, v. 88, n. 6, p.
2153–2165, jun. 2010. Disponível em: https://doi.org/10.2527/jas.2009-2586. Acessado em:
Jul. 2023.
MAIA, A. S. C.; DA SILVA, R. G.; LOUREIRO, C. M. Latent heat loss of Holstein cows in a
tropical environment: a prediction model. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 37, p.
1837–1843, out. 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1516-35982008001000018.
Acessado em: Jul. 2023.
MCCORKELL, R. et al. Limited efficacy of Fever Tag® temperature sensing ear tags in calves
with naturally occurring bovine respiratory disease or induced bovine viral diarrhea virus
infection. The Canadian Veterinary Journal, Canadá, v. 55, n. 7, p. 688–690, jul. 2014.
Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/264633815. Acessado em: Jul. 2023.
MOTA, V. et al. Feedlot for dairy cattle: history and characteristics. PUBVET, Paraná, v. 11,
p. 433, maio 2017. Disponível em: https://doi.org/10.22256/PUBVET.V11N5.433-442.
Acessado em: Jul. 2023.
NABENISHI, H. et al. Effect of the Temperature-Humidity Index on Body Temperature and
Conception Rate of Lactating Dairy Cows in Southwestern Japan. Journal of Reproduction
and Development, Japan, v. 57, n. 4, p. 450–456, 2011. Disponível em:
https://doi.org/10.1262/jrd.10-135T. Acessado em: Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 301


Contemporâneos, Volume 1.
NEETHIRAJAN, S. Transforming the Adaptation Physiology of Farm Animals through
Sensors. Animals, Estônia, v. 10, n. 9, p. 1512, set. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ani10091512. Acessado em: Jul. 2023.
OUELLET, V. et al. The relationship between the number of consecutive days with heat stress
and milk production of Holstein dairy cows raised in a humid continental climate. Journal of
Dairy Science, Estados Unidos, v. 102, n. 9, p. 8537–8545, set. 2019. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2018-16060. Acessado em: Jul. 2023.
PAIVA, C. A. V. et al. Sistema de ordenha automático. Cadernos Técnicos de Veterinária e
Zootecnia, Belo Horizonte, v. 79, p. 41–53, 2015. Disponível em:
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/139556/1/Cnpgl-2015-CadTecVetZoot-
Sistema.pdf. Acessado em: Jul. 2023.
PERETTI, S. et al. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals: Eighth Edition.
Animals: an open access journal from MDPI, Estônia, v. 12, n. 22, p. 19, dez. 2010.
Disponível em: https://grants.nih.gov/grants/olaw/guide,-for-the-care-and-use-of-laboratory-
animals.pdf. Acessado em: Jul. 2023.
PERISSINOTTO, M. et al. Influência das condições ambientais na produção de leite da vacaria
da Mitra. Revista de Ciências Agrárias, Pará, v. 30, n. 1, p. 143–149, 2007. Disponível em:
https://doi.org/10.19084/rca.15389. Acessado em: Jul. 2023.
PINHEIRO, M. da G. et al. Efeito do ambiente pré-ordenha (sala de espera) sobre a temperatura
da pele, a temperatura retal e a produção de leite de bovinos da raça Jersey. Revista Portuguesa
de Zootecnia, Portugal v. 12, n. 2, p. 37–43, 2005. Disponível em:
https://repositorio.usp.br/item/001603593. Acessado em: Jul. 2023.
PINTO, S. et al. Critical THI thresholds based on the physiological parameters of lactating
dairy cows. Journal of Thermal Biology, Glasgow (UK), v. 88, p. 102523, fev. 2020.
Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jtherbio.2020.102523. Acessado em: Jul. 2023.
POHL, A.; HEUWIESER, W.; BURFEIND, O. Technical note: Assessment of milk
temperature measured by automatic milking systems as an indicator of body temperature and
fever in dairy cows. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 97, n. 7, p. 4333–4339, jul.
2014. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2014-79,97. Acessado em: Jul. 2023.
POLSKY, L.; KEYSERLINGK, M. A. G. von. Invited review: Effects of heat stress on dairy
cattle welfare. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 100, n. 11, p. 8645–8657, nov.
2017. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2017-12651. Acessado em: Jul. 2023.
RAMALHO, A. C. et al. Silimarina e distúrbios hepáticos: uma revisão da literatura. Research,
Society and Development, Brasil, v. 12, n. 3, p. e19112340617–e19112340617, mar. 2023.
Disponível em: https://doi.org/10.33448/rsd-v12i3.40617. Acessado em: Jul. 2023.
REID, E. D. et al. Correlation of rectal temperature and peripheral temperature from
implantable radio-frequency microchips in Holstein steers challenged with lipopolysaccharide
under thermoneutral and high ambient temperatures. Journal of Animal Science, Estados
Unidos, v. 90, n. 13, p. 4788–4794, dez. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.2527/jas.2011-
4705. Acessado em: Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 302


Contemporâneos, Volume 1.
REJEB, M. et al. A Complex Interrelationship between Rectal Temperature and Dairy Cows’
Performance under Heat Stress Conditions. Open Journal of Animal Sciences, Estados
Unidos, v. 06, p. 24–30, jan. 2016. Disponível em: https://doi.org/10.4236/ojas.2016.61004.
Acessado em: Jul. 2023.
RENAUDEAU, D. et al. Adaptation to hot climate and strategies to alleviate heat stress in
livestock production. Animals: an open access journal from MDPI, Estônia, v. 6, n. 5, p.
707–728, jan. 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1751731111002448. Acessado
em: Jul. 2023.
RICCI, G. D.; ORSI, A. M.; DOMINGUES, P. F. Estresse calórico e suas interferências no
ciclo de produção de vacas de leite: revisão. Veterinária e Zootecnia, Botucatu, v. 20, n. 3, p.
9–18, 2013. Disponível em: https://rvz.emnuvens.com.br/rvz/article/view/1028. Acessado em:
Jul. 2023.
SAMMAD, A. et al. Nutritional Physiology and Biochemistry of Dairy Cattle under the
Influence of Heat Stress: Consequences and Opportunities. Animals: an open access journal
from MDPI, Estônia, v. 10, n. 5, p. 793, maio 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3390/ani10050793. Acessado em: Jul. 2023.
SETSER, M. M. W.; CANTOR, M. C.; COSTA, J. H. C. A comprehensive evaluation of
microchips to measure temperature in dairy calves. Journal of Dairy Science, Estados Unidos,
v. 103, n. 10, p. 9290–9300, out. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2019-17999.
Acessado em: Jul. 2023.
SHU, H. et al. Recent Advances on Early Detection of Heat Strain in Dairy Cows Using
Animal-Based Indicators: A Review. Animals: an open access journal from MDPI, Estônia,
v. 11, n. 4, p. 980, abr. 2021. Disponível em: https://doi.org/10.3390/ani11040980. Acessado
em: Jul. 2023.
SUAREZ-TRUJILLO, A. et al. Effect of circadian system disruption on the concentration and
daily oscillations of cortisol, progesterone, melatonin, serotonin, growth hormone, and core
body temperature in periparturient dairy cattle. Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v.
105, n. 3, p. 2651–2668, mar. 2022. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jds.2021-20691.
Acessado em: Jul. 2023.
TAO, S. et al. Impact of heat stress on lactational performance of dairy cows. Theriogenology,
EUA, Proceedings of 19th International Congress on Animal Reproduction (ICAR). v. 150, p.
437–444, jul. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.theriogenology.2020.02.048.
Acessado em: Jul. 2023.
TITTO, C. G. et al. Heat stress and ACTH administration on cortisol and insulin-like growth
factor I (IGF-I) levels in lactating Holstein cows. Journal of Applied Animal Research,
Inglaterra, v. 45, n. 1, p. 1–7, jan. 2017. Disponível em:
https://doi.org/10.1080/09712119.2015.1091326. Acessado em: Jul. 2023.
TOLEDO, I. M. et al. When do dry cows get heat stressed? Correlations of rectal temperature,
respiration rate, and performance. JDS Communications, Estados Unidos v. 1, n. 1, p. 21–24,
ago. 2020. Disponível em: https://doi.org/10.3168/jdsc.2019-18019. Acessado em: Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 303


Contemporâneos, Volume 1.
TRESOLDI, G.; SCHÜTZ, K. E.; TUCKER, C. B. Sampling strategy and measurement device
affect vaginal temperature outcomes in lactating dairy cattle. Journal of Dairy Science,
Estados Unidos, v. 103, n. 6, p. 5414–5421, jun. 2020. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2019-16667. Acessado em: Jul. 2023.
VIEIRA, K. R. A. et al. Avaliação dos níveis séricos de hormônios tireoidianos em araras (Ara
spp.) pelo método de quimioluminescência. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Belo Horizonte, v. 70, p. 174–180, fev. 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/1678-4162-9654. Acessado em: Jul. 2023.
VIZZOTTO, E. F. et al. Access to shade changes behavioral and physiological attributes of
dairy cows during the hot season in the subtropics. Animal, Estônia, v. 9, n. 9, p. 1559–1566,
jan. 2015. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1751731115000877. Acessado em: Jul.
2023.
WANG, X. et al. A review and quantitative assessment of cattle-related thermal indices.
Journal of Thermal Biology, Glasgow (UK), v. 77, p. 24–37, 1 out. 2018. Disponível em:
https://doi.org/10.1016/j.jtherbio.2018.08.005. Acessado em: Jul. 2023.
WEST, J. W.; MULLINIX, B. G.; BERNARD, J. K. Effects of Hot, Humid Weather on Milk
Temperature, Dry Matter Intake, and Milk Yield of Lactating Dairy Cows. Journal of Dairy
Science, Estados Unidos, v. 86, n. 1, p. 232–242, jan. 2003. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.S0022-0302(03)73602-9. Acessado em: Jul. 2023.
WILDRIDGE, A. M. et al. Short communication: The effect of temperature-humidity index on
milk yield and milking frequency of dairy cows in pasture-based automatic milking systems.
Journal of Dairy Science, Estados Unidos, v. 101, n. 5, p. 4479–4482, maio 2018. Disponível
em: https://doi.org/10.3168/jds.2017-13867. Acessado em: Jul. 2023.
ZHOU, M. et al. Effects of increasing air temperature on physiological and productive
responses of dairy cows at different relative humidity and air velocity levels. Journal of Dairy
Science, Estados Unidos, v. 105, n. 2, p. 1701–1716, fev. 2022. Disponível em:
https://doi.org/10.3168/jds.2021-21164. Acessado em: Jul. 2023.

Editora e-Publicar – Ciências Agrárias: Debates Históricos, Emergentes e 304


Contemporâneos, Volume 1.

Você também pode gostar