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9.

Assíntotas ao gráfico de uma função

11º ano . Matemática A . Isabel Amorim


1. Assíntotas verticais ao gráfico de uma função
• No cálculo de limites laterais de funções num ponto verificou-se que, por
vezes, esses limites são infinitos.
• Graficamente, observa-se que o gráfico da função aproxima-se
progressivamente a uma reta vertical a que se dá o nome de assíntota
vertical ao gráfico da função.
2
• Exemplo: 𝑔 𝑥 =
𝑥+3

• 𝐷 = 𝑥𝜖IR: 𝑥 + 3 ≠ 0 = 𝐼𝑅 \ {−3}
• lim − 𝑔(𝑥) = −∞ e lim + 𝑔(𝑥) = +∞
𝑥→−3 𝑥→−3

• A reta de equação 𝑥 = 3 é assíntota vertical ao gráfico de 𝑔


1. Assíntotas verticais ao gráfico de uma função
Definição: A reta de equação 𝑥 = 𝑎 (𝑎 ∈ IR) é assíntota vertical ao gráfico da função 𝑓 se e só se:

𝐥𝐢𝐦− 𝒇 𝒙 = + ∞ 𝒐𝒖 − ∞ ou 𝐥𝐢𝐦+ 𝒇 𝒙 = + ∞ (𝒐𝒖 − ∞)


𝒙→𝒂 𝒙→𝒂
Exemplos:

A reta de equação 𝑥 = 𝑎 é assíntota vertical aos gráficos das funções 𝑓 , 𝑔 e ℎ .


Observação: Se os limites laterais no ponto a são ambos infinitos, diz-se que a reta de equação 𝑥 = 𝑎
é uma assíntota vertical bilateral ao gráfico da função. É o caso dos gráficos das funções 𝑓 e 𝑔 nos
exemplos acima. No gráfico da função ℎ a assíntota vertical é unilateral.
Como determinar as assíntotas verticais ao gráfico de uma função?

1º Determinar o domínio da função


2º Determinar os pontos 𝑎 tais que:
• 𝑎 é ponto de aderência do domínio e não pertence ao domínio ou,
• 𝑎 é ponto de descontinuidade de 𝑓
(p. ex. nas funções definidas por ramos)
3º Calcular lim− 𝑓 𝑥 e lim+ 𝑓 𝑥
𝑥→𝑎 𝑥→𝑎
4º Se algum desses limites for +∞ ou −∞ a reta de equação 𝑥 = 𝑎 é
assíntota vertical ao gráfico de 𝑓
5º Se a função é contínua no seu domínio ou é contínua no seu domínio
exceto em 𝑎, então não existem outras assíntotas verticais.
1. Assíntotas verticais ao gráfico de uma função
2𝑥 2 −5
Exercício resolvido 1: Seja 𝑓 a função r.v.r. definida por 𝑓(𝑥) = .
𝑥+1
Estude a função 𝑓 quanto à existência de assíntotas verticais ao seu gráfico.
• 1º passo: 𝐷𝑓 = 𝑥𝜖IR: 𝑥 + 1 ≠ 0 = IR\ −1

• 2º passo: −1 ∉ 𝐷𝑓 ∧ −1 é ponto aderente ao 𝐷𝑓


2𝑥 2 −5 −3
• 3º passo: lim − 𝑓 𝑥 = lim − = − = +∞
𝑥→−1 𝑥→−1 𝑥+1 0
2𝑥 2 −5 −3
lim + 𝑓 𝑥 = lim + = + = −∞
𝑥→−1 𝑥→−1 𝑥+1 0

• 4º passo: a reta de equação 𝑥 = −1 é assíntota vertical bilateral ao gráfico de 𝑓

• 5º passo: a função 𝑓 é contínua em IR\ −1 , logo não existem outras


assíntotas verticais ao gráfico de 𝑓
1. Assíntotas verticais ao gráfico de uma função
Mais exemplos: A. lim 𝑓(𝑥) = +∞
𝑥→0 +
lim 𝑓(𝑥) = +∞
𝑥→0 −
A reta de equação 𝑥 = 0 é assíntota vertical bilateral

B. lim 𝑓(𝑥) = 1
𝑥→1+
lim 𝑓(𝑥) = +∞
𝑥→1−
A reta de equação 𝑥 = 1 é assíntota vertical unilateral

C. lim 𝑓(𝑥) = +∞
𝑥→2 +
lim 𝑓(𝑥) = +∞
𝑥→2 −
A reta de equação 𝑥 = 2 é assíntota vertical bilateral

D. E.

Não há assíntotas verticais


1. Assíntotas verticais ao gráfico de uma função
Importante:
▪ as assíntotas verticais podem existir em:
➢ pontos de aderência que não pertencem ao domínio (exemplo A)
➢ pontos de descontinuidade (exemplos B e C)
▪ o gráfico de uma função com pontos de descontinuidade pode não ter assíntotas verticais
(exemplo E: porque )
▪ o gráfico de uma função contínua de domínio IR não tem assíntotas verticais
(exemplos: funções polinomiais; funções seno e cosseno)

▪ o gráfico de uma função pode admitir zero, uma, duas, …,


ou até infinitas assíntotas verticais
(exemplo: o gráfico da função tangente
admite um número infinito de assíntotas verticais)
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Definição: A reta de equação 𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 (𝑚, 𝑏 ϵ IR) é assíntota não vertical


ao gráfico da função 𝑓 se e só se:
𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 − (𝒎𝒙 + 𝒃) = 𝟎
𝒙→−∞
ou
𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 − (𝒎𝒙 + 𝒃) = 𝟎
𝒙→+∞

Se 𝑚 = 0 , a reta designa-se por assíntota horizontal


Se 𝑚 ≠ 0 , a reta designa-se por assíntota oblíqua
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
Exemplos:
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
• Exercício resolvido 2:
Seja 𝑓 a função real de variável real, de domínio IR\ −5 , definida por
𝑥2
𝑓 𝑥 =
𝑥+5
Mostre que a reta de equação 𝑦 = 𝑥 − 5 é assíntota ao gráfico de 𝑓 em −∞ .

• De acordo com a definição tem de se provar que lim 𝑓 𝑥 − (𝑥 − 5) = 0 ∶


𝑥→−∞

𝑥2 𝑥2 (𝑥 − 5)(𝑥 + 5)
lim 𝑓 𝑥 − (𝑥 − 5) = lim − (𝑥 − 5) = lim −
𝑥→−∞ 𝑥→−∞ 𝑥 + 5 𝑥→−∞ 𝑥 + 5 (𝑥 + 5)
𝑥 2 − (𝑥 2 − 25) 25 25
= lim = lim = =0
𝑥→−∞ 𝑥+5 𝑥→−∞ 𝑥 + 5 −∞
c.q.d.
Como determinar as assíntotas não verticais ao gráfico de uma função?

𝑦 = 𝑚𝑥 + 𝑏 (𝑚 é o declive e 𝑏 é a ordenada)

𝒇(𝒙)
1º Determinar 𝑚: 𝒎 = 𝒙→+∞
𝐥𝐢𝐦 (se este limite existir e for finito)
𝒐𝒖
𝒙
𝒙→−∞

2º Determinar 𝑏: 𝒃 = 𝐥𝐢𝐦 𝒇 𝒙 − 𝒎𝒙 (se este limite existir e for finito)


𝒙→+∞
𝒐𝒖
𝒙→−∞
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Exercício resolvido 3:
2𝑥 2 −5
Seja 𝑓 a função real de variável real definida por 𝑓(𝑥) = .
𝑥+1
Estude a função 𝑓 quanto à existência de assíntotas não verticais ao
seu gráfico.

𝐷𝑓 = 𝑥𝜖IR: 𝑥 + 1 ≠ 0 = IR\ −1

Observação: Esta é a mesma função do exercício resolvido 1 (estudo da função quanto à existência
de assíntotas verticais ao seu gráfico)
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Resolução: Em +∞ ∶
• 1ºpasso:

2𝑥2 −5 5 5
𝑓(𝑥) 2𝑥 2 −5 2𝑥 2 −5 ∞ 𝑥 2 2− 2 2− 2
𝑥+1 𝑥 𝑥
lim = lim = lim = lim =
ฎ lim 1 = lim 1 =2
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥(𝑥+1) 𝑥→+∞ 𝑥 2 +𝑥 𝑥→+∞ 𝑥2 1+ 𝑥→+∞ 1+𝑥
𝑥
Logo, 𝑚 = 2
• 2º passo:

2𝑥 2 −5 2𝑥 2 −5− 2𝑥 2
− 2𝑥 −2𝑥 − 5 ∞
lim 𝑓 𝑥 − 2𝑥 = lim − 2𝑥 = lim = lim =

𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥+1 𝑥→+∞ 𝑥+1 𝑥→+∞ 𝑥 + 1
5 5
𝑥 −2−𝑥 −2−𝑥
= lim 1 = lim 1 = − 2 Logo, 𝑏 = −2
𝑥→+∞ 𝑥 1+ 𝑥→+∞ 1+𝑥
𝑥

• 3º passo: A reta de equação 𝑦 = 2𝑥 − 2 é assíntota oblíqua ao gráfico de 𝑓 em +∞ .


2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
Resolução: Em −∞ ∶
• 4º passo:
𝑓(𝑥)
lim = 2 (cálculos análogos aos realizados anteriormente).
𝑥→−∞ 𝑥
Logo, 𝑚 = 2
• 5º passo:

lim 𝑓 𝑥 − 2𝑥 = −2 (cálculos análogos aos realizados anteriormente).


𝑥→−∞

Logo, 𝑏 = −2

• 6º passo: A reta de equação 𝑦 = 2𝑥 − 2 é assíntota oblíqua ao gráfico de 𝑓 em −∞ .


2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
Importante:
▪ se, por exemplo, 𝐷𝑓 = IR deve calcular-se aqueles limites quando 𝑥 → −∞ e 𝑥 → +∞
▪ quando aqueles limites não existem ou não são números reais, o gráfico da função não admite
assíntotas não verticais
▪ no caso 𝑚 = 0 a assíntota, se existir, é horizontal e tem equação 𝑦 = 𝑏 com 𝑏 = lim 𝑓 𝑥
𝑥→±∞

▪ as assíntotas podem ser diferentes quando 𝑥 → −∞ e 𝑥 → +∞ (isso acontece, sobretudo, em


funções definidas por ramos ou em funções exponenciais (12º ano))
▪ se, por exemplo, 𝐷𝑓 = IR+ , então só se calculam quando 𝑥 → +∞ , pois não faz sentido em −∞
▪ se, por exemplo, 𝐷𝑓 = IR− , então só se calculam quando 𝑥 → −∞ , pois não faz sentido em +∞
▪ o gráfico de uma função pode admitir infinitas assíntotas verticais (por exemplo, a tan(𝑥)) mas só
admite, no máximo, duas assíntotas não verticais: uma que “acompanha” o gráfico quando 𝑥 → +∞
e outra que “acompanha” o gráfico quando 𝑥 → −∞
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Exercício resolvido 4:
𝑥 2 +2𝑥−4
Seja 𝑓 a função real de variável real definida por 𝑓(𝑥) = .
𝑥+3
Estude a função 𝑓 quanto à existência de assíntotas ao seu gráfico.

Assíntotas verticais:
𝐷𝑓 = 𝑥𝜖IR: 𝑥 + 3 ≠ 0 = IR\ −3
−3 ∉ 𝐷𝑓 ∧ −3 é ponto aderente ao 𝐷𝑓
𝑥 2 + 2𝑥 − 4 −1
lim 𝑓 𝑥 = lim − = − = +∞
𝑥→−3− 𝑥→−3 𝑥+3 0
𝑥 2 + 2𝑥 − 4 −1
lim 𝑓 𝑥 = lim + = + = −∞
𝑥→−3+ 𝑥→−3 𝑥+3 0
a reta de equação 𝑥 = −3 é assíntota vertical (bilateral) ao gráfico de 𝑓
A função 𝑓 é contínua em IR\{−3} , logo não existem outras assíntotas verticais ao gráfico de 𝑓
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
Exercício resolvido 4 – continuação da resolução:
Assíntotas não verticais:
Em +∞ ∶

𝑥2 +2𝑥−4 ∞
𝑓(𝑥) 𝑥+3 𝑥 2 +2𝑥−4 𝑥 2 +2𝑥−4
lim = lim = lim = lim =

𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥(𝑥+3) 𝑥→+∞ 𝑥 2 +3𝑥
2 4 2 4
𝑥 2 1+𝑥− 2 1+𝑥− 2
𝑥 𝑥
= lim 3 = lim 3 =1 Logo, 𝑚 = 1 .
𝑥→+∞ 𝑥 2 1+𝑥 𝑥→+∞ 1+𝑥


𝑥 2 +2𝑥−4 𝑥 2 +2𝑥−4−𝑥 2 −3𝑥 −𝑥−4
lim 𝑓 𝑥 − 1𝑥 = lim −𝑥 = lim = lim =

𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥+3 𝑥→+∞ 𝑥+3 𝑥→+∞ 𝑥+3
4 4
𝑥 −1−𝑥 −1−𝑥
= lim 3 = lim 3 =−1 Logo, 𝑏 = −1 .
𝑥→+∞ 𝑥 1+ 𝑥→+∞ 1+𝑥
𝑥

A reta de equação 𝑦 = 𝑥 − 1 é assíntota oblíqua ao gráfico de 𝑓 em +∞ .


2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Exercício resolvido 4 – continuação da resolução:


Assíntotas não verticais:
Em −∞ ∶
𝑓(𝑥)
lim = 1 (cálculos análogos aos realizados anteriormente). Logo, 𝑚 = 1
𝑥→−∞ 𝑥

lim 𝑓 𝑥 − 1𝑥 = −1 (cálculos análogos aos realizados anteriormente). Logo, 𝑏 = −1


𝑥→−∞

A reta de equação 𝑦 = 𝑥 − 1 é assíntota oblíqua ao gráfico de 𝑓 em −∞ .

Conclusão: A reta vertical de equação 𝑥 = −3 é assíntota vertical (bilateral) ao gráfico de 𝑓;


a reta de equação 𝑦 = 𝑥 − 1 é assíntota oblíqua ao gráfico de 𝑓 em +∞ e em −∞ .
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função

Exercício resolvido 4 – observação:

Se efetuar a divisão (por exemplo, com a regra de Ruffini) na expressão analítica de 𝑓 obtém:
𝑥 2 + 2𝑥 − 4 1
𝑓 𝑥 = =𝑥−1−
𝑥+3 𝑥+3

Recorde o que foi abordado em


“1_Funções racionais: domínio e assíntotas”:
Pode concluir que o gráfico de 𝑓 admite duas assíntotas:
• uma vertical de equação 𝑥 = −3;
• uma oblíqua de equação 𝑦 = 𝑥 − 1 (em + ∞ e em − ∞).
2. Assíntotas não verticais ao gráfico de uma função
Exercício resolvido 5:
Seja 𝑔 a função real de variável real definida por g 𝑥 = 𝑥 .
Estude a função 𝑔 quanto à existência de assíntotas ao seu gráfico.
Assíntotas verticais:
𝐷𝑔 = 𝑥𝜖IR: 𝑥 ≥ 0 = 0 , +∞
Não existem pontos aderentes ao 𝐷𝑔 que não pertençam ao 𝐷𝑔 e 𝑔 é contínua em [0 , +∞[ .
Por isso, não existem assíntotas verticais ao gráfico de 𝑔 .
Assíntotas não verticais:
Em +∞ ∶
∞ ∞
1
∞ ∞ 1
𝑓(𝑥) 𝑥 𝑥2 −2 1
lim = lim =
ฎ lim =
ฎ lim 𝑥 = lim = 0 (se existir assíntota, é horizontal)
𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥 𝑥→+∞ 𝑥→+∞ 𝑥
lim 𝑓 𝑥 − 0𝑥 = lim 𝑥 = +∞ . Não é finito, logo não existe assíntota não vertical ao
𝑥→+∞ 𝑥→+∞
gráfico de 𝑔 . Assim, não existem quaisquer assíntotas ao gráfico de 𝑔
Assíntotas ao gráfico de uma função

TPC (exercícios do manual, Novo Espaço, parte 2, unidade 4):


Pg. 139: 65.;
Pg. 142: 70.;
Pg. 143: 72.;
Pg. 144: 75.;
Pg. 145: 78.4;
Pg. 146: 80. e 81.;
Pg. 158: 42.
Assíntotas ao gráfico de uma função
Bibliografia:
▪ Andrade, C.; Pereira, P. e Pimenta, P. (2016). Ípsilon 11. Matemática A. 11º ano (vol. 3). Lisboa: Raiz Editora.
▪ Costa, B. e Rodrigues, E. (2016). Novo Espaço. Matemática A. 11º ano (vol. 2). Porto: Porto Editora.
▪ Gomes, F., Viegas, C. e Lima, Y. (2012) Xeqmat: Matemática A – 12ºAno (vol. 2). Lisboa: Texto Editora.
▪ Neves, M., Guerreiro, L., Silva, A. (2016) Máximo 11. Matemática A. 11ºano (parte 2). Porto: Porto Editora.
▪ www.matematica.com.pt _ Eva Figueiredo

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