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Cesar Lavalle
Introdução
A primeira parte deste artigo apresenta uma análise do cenário econômico, o qual
condiciona o comportamento dos agentes integrantes da cadeia de suprimento de bens de
consumo. Em seguida, serão discutidas as implicações das mudanças do ambiente
competitivo em termos das necessidades dos supermercadistas, bem como do
desempenho e da qualidade do serviço de distribuição praticado pela indústria.
As análises que seguem estão baseadas nos resultados da Pesquisa Benchmark –
Serviço de Distribuição Física, conduzida periodicamente desde 1994 pelo Centro de
Estudos em Logística – Coppead/UFRJ.
O ambiente econômico
Mesmo que 2006 tenha sido mais um ano com desempenho econômico
decepcionante, o biênio 2005/2006 apresentou um discreto crescimento do PIB de 6,7%.
Ainda mais interessante é verificar que, nesse período, ocorreu uma consistente reação do
poder aquisitivo do trabalhador, de 6,8%, após longa série de perdas anuais que acumulou
–24,3% entre 1998 e 2004 (ver Tabela 1).
No entanto, a Tabela 1 demonstra que a maior renda disponível não foi canalizada
para a aquisição de bens de consumo. Parece que o consumidor retraiu seu hábito de
compras face às incertezas do período, caracterizadas por escândalos institucionais e pela
eleição passada.
Tabela 1 – Evolução das taxas 1 de crescimento do PIB, taxa cambial, rendimento real médio do
pessoal ocupado, INPC e das vendas reais dos supermercados
ATACADISTA
INDÚSTRIA CONSUMIDOR
FINAL
VAREJISTA
FLUXO DE BENS
RELACIONAMENTO AVALIADO
00
01
94
95
97
98
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*
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20
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20
20
Produto Preço Serviço ao Cliente Promoção e Propaganda
Serviço ao Promoção e
Produto Preço
Cliente Propaganda
80%
Grau de insatisfação
60%
40%
20%
0%
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20
20
Disponibilidade Tempo de Ciclo Consistência
1997 7% 7% 7%
1998 7% 8% 20%
1999 7% 9% 21%
2000 9% 5% 26%
2002 9% 9% 31%
2004 9% 5% 23%
2006 4% 5% 9%
80%
Grau de insatisfação
60%
40%
20%
0%
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20
19
19
19
19
20
20
20
20
20
Disponibilidade Tempo de Ciclo Consistência
Disponibilidade de Produto
Observa-se que o nível de expectativa mínima do comércio referente ao percentual
entregue do total pedido caiu fortemente em 2006, após ter atingido em 2005 o seu maior
nível em toda a série histórica, conforme ilustrado na Figura 5. Atualmente o comércio
não se satisfaz com entregas que não compreendam pelo menos 85,9%, quando em 2005
este valor chegou ao nível de 99,0% do que foi originalmente pedido.
100%
95%
90%
% entregue
85%
80%
75%
70%
94
98
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06
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19
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20
19
19
19
20
20
20
20
30%
% de entregas atrasadas
25%
20%
15%
10%
5%
0%
03
94
95
97
98
99
00
01
02
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06
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19
19
19
19
19
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20
20
20
4
dias
0
94
97
98
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02
04
05
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03
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19
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19
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20
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20
Conclusões
Informações Gerais
A pesquisa Benchmark - Serviço de Distribuição Física, conduzida periodicamente
desde 1994 pelo Centro de Estudos em Logística, tem contado com o patrocínio de
empresas industriais líderes em seus respectivos setores de atuação.
O escopo da pesquisa considera cerca de 600 entrevistas, efetuadas em cinco capitais
brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte e Recife), considerando
quatro categorias de produtos: alimentos perecíveis, alimentos não-perecíveis, papel e
higiene e limpeza.
A metodologia avalia oito dimensões (operacionalizadas através de seus respectivos
atributos de serviço de distribuição): Disponibilidade de Produto, Tempo de Ciclo do
Pedido, Consistência do Prazo de Entrega, Freqüência de Entrega, Flexibilidade do
Sistema de Entrega, Sistema de Remediação de Falhas, Sistema de Informação de Apoio
e Apoio na Entrega Física.
Empresas Patrocinadoras: Belfam; Bombril; Ceval; Coca-Cola; Unilever – HPC;
Unilever – Bestfoods; J. Macêdo; Johnson&Johnson; Kraft; Kibon; Kimberly-Clark;
Melhoramentos; Nestlé; Perdigão; Reckitt Benckiser; Sadia; Santher; Santista Alimentos;
Sara Lee; União.
Bibliografia
FLEURY, P.F., LAVALLE, C.R. Avaliação do serviço de distribuição física: a relação
entre a indústria de bens de consumo e o comércio atacadista e varejista. Gestão e
Produção, vol. 4, nº 2, agosto 1997.
CHRISTOPHER, M. Logistics and Supply Chain Management: strategies for reducing
costs and improving service. Prentice Hall, 1998.
BOWERSOX, D.J., CLOSS, D.J. Logística Empresarial: o processo de integração da
cadeia de suprimento. Editora Atlas, 2001.
NOTAS
1
Fonte: Conjuntura Econômica, IBGE e Abras.
2
Solicitou-se aos entrevistados que distribuíssem CEM pontos entre as quatro variáveis de decisão de
compras consideradas (produto, preço, serviço de distribuição física, promoção e propaganda). Uma
maior pontuação indica maior relevância. O resultado indica o peso relativo destas variáveis no processo
de decisão de compras do comércio junto à indústria. Com o objetivo de manter a compatibilidade dos
dados, a análise que segue só considera São Paulo e Rio de Janeiro, pois estes são os únicos mercados
que foram objetos de pesquisa durante as 12 etapas da mesma, entre 1994 e 2006. Os mercados de
Recife, Curitiba e Belo Horizonte foram adicionados na segunda, terceira e quarta fase da pesquisa,
respectivamente.
3
As melhores práticas do mercado refletem o melhor desempenho entre os fornecedores, portanto a
serem perseguidas como benchmark. O desempenho de uma empresa típica representa a prática de
mercado dentre os principais fornecedores da empresa pesquisada.
4
Medida: média do percentual entregue do total pedido.
5
Medida: média do percentual do total de pedidos que são entregue s atrasados.
6
Medida: média do tempo decorrido desde a tirada do pedido até a entrega do produto.
7
O nível de exigência em questão se refere à expectativa mínima de desempenho de serviço abaixo do
qual o cliente se sente insatisfeito.