Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 69

Fundamentos do Combate com Facas

1st Edition Alessandro Lucas Souza /


Tales De Azevedo / Felipe De Paulo
Visit to download the full and correct content document:
https://ebookstep.com/product/fundamentos-do-combate-com-facas-1st-edition-aless
andro-lucas-souza-tales-de-azevedo-felipe-de-paulo/
More products digital (pdf, epub, mobi) instant
download maybe you interests ...

Teoria Geral do Processo De Acordo com o Código de


Processo Civil de 2015 3rd Edition Paulo Roberto De
Gouvêa Medina

https://ebookstep.com/product/teoria-geral-do-processo-de-acordo-
com-o-codigo-de-processo-civil-de-2015-3rd-edition-paulo-roberto-
de-gouvea-medina/

A lei do inquilinato comentada 12th Edition Sylvio


Capanema De Souza [Souza

https://ebookstep.com/product/a-lei-do-inquilinato-
comentada-12th-edition-sylvio-capanema-de-souza-souza/

Direitos Animais e Veganismo consciência com esperança


1st Edition Robson Fernando De Souza

https://ebookstep.com/product/direitos-animais-e-veganismo-
consciencia-com-esperanca-1st-edition-robson-fernando-de-souza/

Guia de Plantas Medicinais Manual do botânico


fitoterapeuta Azevedo

https://ebookstep.com/product/guia-de-plantas-medicinais-manual-
do-botanico-fitoterapeuta-azevedo/
Guia de Plantas Medicinais Manual do Botânico
Fitoterapeuta 1st Edition Everson Azevedo

https://ebookstep.com/product/guia-de-plantas-medicinais-manual-
do-botanico-fitoterapeuta-1st-edition-everson-azevedo/

Vade Mecum Delegado de Polícia Renee Do Ó Souza

https://ebookstep.com/product/vade-mecum-delegado-de-policia-
renee-do-o-souza/

De rage et de vent 1st Edition Alessandro Robecchi

https://ebookstep.com/product/de-rage-et-de-vent-1st-edition-
alessandro-robecchi/

Fundamentos do Treinamento de Forca Muscular 4th


Edition Steven Fleck

https://ebookstep.com/product/fundamentos-do-treinamento-de-
forca-muscular-4th-edition-steven-fleck/

Nova Lei Do Inquilinato A 82013th Edition Sylvio


Capanema De Souza

https://ebookstep.com/product/nova-lei-do-inquilinato-a-82013th-
edition-sylvio-capanema-de-souza/
Fundamentos do Combate
com Facas

1ª Edição

Série International Arnis Kali Association. Vol. 1

Autores
Guro Alessandro Lucas
Guro Felipe de Paulo
Guro Tales de Azevedo
Edição e Layout
Guro Gustavo Agostini
Capa
Guro Marcel Pabst
São Paulo
2017
“E então Deus me expulsou da companhia de
meus pais e de todos aqueles que eram iguais aos meus
pais.
Sobre mim colocou um sinal para que todos soubessem que
agora eu me tornara diferente de todos os outros.
Diferente, pois agora meu sacrifício era digno.
Diferente, pois tinha descoberto algo novo
enquanto meu irmão tombava aos meus pés.
Diferente, pois agora eu aprendera a usar uma
arma e esse simples fato me tornara diferente de todos os
outros seres criados por Deus.
Agora todos aqueles que vissem o sinal sobre mim
saberiam, o quanto perigoso eu me tornara”

Kain Tale’s - Philippines Folklore.


SUMÁRIO

Dedicatórias 7
Introdução 9
Palavras de Sabedoria 11
CAPÍTULO 1 -
- Anatomia e Componentes 15
FACAS
- Aço 16
- Orientações Básicas Sobre Afiação e
17
Conservação de Lâminas
- Tipos de Lâminas 19
- Sessão Transversal 20
- Facas Famosas 21
- Armas Tradicionais das Filipinas 25
- Cuidados Com a Faca 28
- Aspectos Legais da Faca 29
- Lesões Causadas por Facas e Outras
Lâminas 32

- Tabela da Morte 34
- Áreas Preferenciais para Ataques 35
CAPÍTULO 2 -
- Postura básica 41
COMBATE
- Posição de Combate 42
- Segurando a Faca 43
- Detalhes do Sak Sak 43
- Saque 44
- Troca de Mão 45
- Ataques Básicos 46
SUMÁRIO
- Ataques Com o Pomo 48
- Movimentação 50
- Desarmes 53
- Contra-Ataque 57
Os Autores 59
- Guro Alessandro Lucas 60
- Guro Tales de Azevedo 62
- Guro Felipe de Paulo 63
Bibliografia 64
DEDICATÓRIAS
Aos meus pais, Gregório, que me colocou no caminho das lâminas, e Nilza
(in memorian), que me forjou como uma. Aos meus irmãos, Charles e Diego
Lucas, que compartilharam muitos momentos maravilhosos de amor e
união em minha vida.
A minha querida e amada esposa, Claudete Lucas, que muito mais que
minha companheira, aluna e Guro Dayang , faz da minha vida um
caminho cheio de amor, alegria e felicidades, consagrando que o esposo e a
esposa são tão únicos quanto o homem e sua sombra.

Guro Alessandro Lucas

Aos meus pais, meu irmão, minha esposa Joana e aos mestres e professores
que encontrei o longo desses anos nas artes marciais. Agradeço aos meus
companheiros d’armas do passado e do presente, em especial ao Guro
Alessandro Lucas, Guro Felipe de Paulo e Guro Paulo Pereira. Por fim
agradeço a todos os sinceros praticantes dessa maravilhosa arte que é o
Arnis Kali e a você, leitor desse livro. Mabuhay!

Guro Tales de Azevedo

Aos meus pais, aos amigos e aos desafetos, a todos os professores de arte
marcial que tive contato, em especial Mestre Alessandro e Mestre Tales de
Azevedo. E principalmente, os alunos que fazem com que o caminho após a
faixa preta seja realmente o primeiro passo, obrigado pela oportunidade de
aprender e treinar.
Que esse livro seja uma referência e baliza teórica para o trabalho árduo.

Guro Felipe de Paulo

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !7


INTRODUÇÃO

Caros Arnisadores

O presente volume tem por objetivo preencher a lacuna de material


pedagógico sobre o combate com facas alinhado aos princípios do Arnis Kali, tal
como ensinado pelos professores e instrutores da International Arnis Kali
Association – IAKA.
O termo facas será utilizado de forma genérica neste livro. O leitor
deve ter em mente que este termo englobará diferentes armas tais como adagas e
punhais, entre outros, os quais possuem suas próprias características, as quais
falaremos adiante.
É muito importante que o leitor tenha em mente que esse volume não
tem por objetivo ser um guia para autodidatas, nem os autores encorajam
qualquer pessoa a se considerar especialista nessa modalidade apenas com base
nas informações aqui presentes.
Outro ponto é que em diversos momentos desse livro, as
movimentações foram fotografadas de forma “exagerada” para permitir ao leitor
entender o conceito que está sendo exposto.
Tal como em todo treino de arte marcial, o treino com facas não deve
ser feito com equipamento real e sim com equipamento de treino certificado por
órgãos competentes e preservando a integridade física dos participantes.
Por fim, os autores gostariam de reforçar que o presente volume não é
um chamado, nem mesmo é apologia à violência e que não consideram que o
combate com facas seja um caminho ou resposta a problemas do dia a dia.
Portar e usar uma faca exige responsabilidade moral e jurídica de seu portador,
questões das quais falaremos mais a frente. Este volume possui fim educacional
e cultural, visando divulgar esse tema, o qual é parte muito importante do Arnis
Kali.
É também uma advertência para conscientizar as pessoas sobre o risco
que representa um ataque com faca nas ruas, o quão perigoso este pode ser
quando, em prol da defesa pessoal, técnicas irreais são treinadas e divulgadas.
Obrigado pela leitura e qualquer dúvida sobre como começar a praticar
Arnis Kali, entre em contato com a IAKA através do site oficial
internationalarniskali.com.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !9


PALAVRAS DE SABEDORIA

“As artes universais foram transformadas em uma


oportunidade tão intensa, no século 21, que se converteram
numa linguagem universal. Assim ocorreu com as artes
marciais, as artes plásticas e tudo o que se denomina como
artes clássicas, para se manterem em um idioma lógico, em
um idioma claro e, com a finalidade de que a humanidade
tenha a oportunidade de praticá-las. Nesta oportunidade
vou referir, especialmente, à comparação, à relação, existente
entre as artes marcais e as artes plásticas. Da mesma forma
que todas as pessoas que praticam as artes sabem que devem
existir certos princípios básicos, que são, os que logo no
futuro, irão se transformar em uma linguagem expressiva, é
importante entender que essa linguagem, os movimentos
corporais, os movimentos básicos para a defesa, para as artes,
e nesta oportunidade a arte marcial, como indicado pelo seu
nome, torna-se fundamental que exista um ritmo, é
necessário que se tenha um objetivo, para que, assim, possa se
transformar em uma linguagem compreensível. Portanto,
nas artes marciais é importante esse ritmo silencioso que

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - 1


! 1
Palavras de Sabedoria

existe em cada movimento, mas que, obviamente, está


conduzido por uma forma muito clássica, muito clara e
muito harmônica. É, nesse sentido, e por tal motivo, que são
denominadas como artes vivas, porque elas se transformam
quase como uma dança, como um ballet clássico, uma dança
clássica, porém, cada uma dessas artes possuem um objetivo
no que diz respeito à harmonia e no que diz respeito à
intenção que cada uma delas possuem. As artes plásticas,
igualmente, possuem uma linguagem principal para a
aprendizagem, possuem uma linguagem especial para serem
expressadas com diferentes materiais, porém, o que mais
importa atualmente é que estas artes são tão clássicas, são
tão harmônicas como uma filosofia e um caminho a seguir
pelo praticante que, no entanto, não podem ser aprendidas de
forma auto didática. As artes marciais devem ser ensinadas,
praticadas e continuadas, em seu objetivo, sob direção e
sabedoria de um mestre. O mestre, acima de todas as coisas,
possui a importância, nas artes marciais, para que depois
possa se converter numa forma e linguagem universal. É
assim que está se convertendo, atualmente, neste século. Pois,
passaram-se 17 anos, do ano 2000, e vemos que ainda o

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - 1


! 2
Palavras de Sabedoria

desenvolvimento, o conhecimento, a vontade e a curiosidade


pelas artes marciais se tornaram universais. E assim ocorre
com o Kali Filipino que, conduzido com sabedoria, com
destreza pelos seus mestres, especialmente certos mestres, do
Kali filipino, tomaram a sabia decisão em convertê-la numa
linguagem fraterna, entre as artes marciais, conseguindo
unir as culturas dos povos, dos países, como um esporte, como
uma disciplina, como artes vivas e como arte plástica”.

Papa Chayo -
Professor de artes da Pontificia Universidad Católica del
Ecuador

Papa Chayo, Guro Dayang Claudete Lucas, Guros Alessandro, David Perez e
Daniel Perez (Quito / Ecuador).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - 1


! 3
CAPÍTULO 1 - FACAS

1. ANATOMIA E COMPONENTES

Antes de falarmos sobre combate e outros detalhes sobre as


facas, precisamos explorar a anatomia e os componentes de uma faca.
Alguns modelos podem possuir itens que são exclusivos,
enquanto outros terão ausência de componentes comuns, mas em geral
temos nove partes principais em uma faca:

Partes de uma faca - fonte: wikipedia.org (acesso 11/05/17).

1. Lâmina propriamente dita, engloba os elementos 3 ao 8.


2. Cabo ou empunhadura, engloba os elementos 9 e 10.
3. Ponta ou ponteira
4. Fio ou Gume
5. Desbaste (vazado ou bisel)
6. Dorso ou contra fio
7. Mosca
8. Ricasso
9. Guarda
10. Pomo ou punho
11. Cordão

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !15


Capítulo 1 - Facas

2. AÇO

É muito difícil falarmos sobre facas sem falar sobre a sua


principal matéria prima, o aço, nome dado a liga metálica de ferro com
carbono.
Durante a Idade do Ferro, aproximadamente 2000 A.C, o ser
humano passou a dominar o uso do ferro para a criação de armas e
ferramentas. Mesmo abundante na natureza, a utilidade do ferro acabava
por ser limitada, devido a ser um material muito quebradiço.
O carbono tem como característica principal ser um agente de
resistência natural, enquanto que o ferro tem como característica sua
dureza. O aço consegue unir ambas as características, sendo um material
resistente, porém deformável através de forja.
Os Egípcios chegaram a realizar algumas experiências para a
confecção de materiais com ferro e carbono, porém, apenas na Idade
Moderna as proporções ideais para a criação do aço, tal qual conhecemos
hoje, foi encontrada.
Existem diferentes tios de aço, porém, os mais comuns quando
falamos de cutelaria são:

Aço Carbono: muito presente nas facas artesanais, eles são resistentes,
suportam o processo tempera seletiva, quando o fio (mais duro) recebe
um tratamento diferenciado do dorso (mais mole). Esse tipo de aço é
classificado como 10xx, de modo que:
• 1045: é o aço que possui 0,45% de carbono. É a opção mais
“fraca” para a cutelaria.
• 1070: é o aço que possui 0,70% de carbono. É a opção inicial da
boa cutelaria.
• 1095: é o aço que possui 0,95% de carbono. É considerado como
o aço padrão das facas de qualidade.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !16


Capítulo 1 - Facas
Aço Inox: mais recente que o aço carbono, é utilizado na criação de
peças capazes de suportar a hostilidade de ambientes e a negligência de
seu portador, pois possuem maior resistência à oxidação. Este aço
apresenta uma fina película a base de cromo sobre sua superfície.
A nomenclatura do aço inox é diferente do aço carbono, pois
além do cromo, são utilizados outros elementos para a formação da liga.
Dessa forma, a nomenclatura irá depender dos materiais envolvidos e
processos associados.
De maneira geral, podemos encontrar facas produzidas com aço
série 420 e 440, AUS-8, VG-10, CPM-S30V, entre outros.

Aço Damasco: é a união de dois ou mais aços de características


diferentes, através do método de caldeamento. Uma barra de damasco
pode ter várias camadas, que podem variar de 50 a 600. A grande
vantagem do damasco, além da beleza da lâmina, é a flexibilidade, pois
geralmente o cuteleiro que forja damasco mistura um aço de alto teor
de carbono com um de médio a baixo teor. É de difícil obtenção, o que
faz encarecer o produto, porém, é muito valorizado por colecionadores.

3. ORIENTAÇÕES BÁSICAS SOBRE AFIAÇÃO E


CONSERVAÇÃO DE LÂMINAS

Sabemos que, para um especialista em combate com lâminas,


muitas vezes um bom corte é fundamental em um embate.
Muitas pessoas apresentam dúvidas sobre como afiar e conservar
suas lâminas. Daremos aqui noções básicas de afiação, manutenção e
conservação de lâminas.
Afiar uma lâmina não é uma tarefa difícil, porém, requer técnicas
especificas que nos levarão a alcançar o resultado desejado.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !17


Capítulo 1 - Facas

3.1. Material Básico para Afiação


- Pedra de afiar de dupla face (grana 100 - 280) tipo carborundum
- Base de madeira
- Assentador (de couro)
- Frasco com liquido para lubrificação (óleo fino tipo singer)
- Vaselina Sólida
Se a lâmina estiver com um fio razoável, podemos começar a
afiação pelo lado mais fino da pedra (grana 280), mas se estiver sem
nenhum fio, devemos começar pelo lado mais grosso (grana 100).
Lubrifique a pedra com o óleo, evitando excessos (nunca use a
pedra sem lubrificação), segure a lâmina pelo cabo e com a outra mão
coloque os dedos indicador e anular na ponta da lâmina, fazendo-a
deslizar no sentido do cabo para a ponta da faca, em uma inclinação
aproximada de 45o. Repita algumas vezes (5 a 7 vezes), usando sempre
todo o comprimento da pedra. Repita todo o procedimento em ambos os
lados da lâmina.
Quanto menor for a dureza da lâmina, mais rápida será sua
afiação e menor a duração do fio.
As lâminas com maior dureza requerem mais trabalho para sua
afiação, mas terão consequentemente uma maior durabilidade do fio.

Exemplo
HRC - unidade de medida de dureza - escala ROCKWEL
- Dureza de lâminas comerciais comuns - 45 a 48 HRC
- Dureza de lâminas comerciais especiais - 52 a 59 HRC
- Dureza de lâminas custom artesanais - 55 a 60 HRC

Ao terminar a sua afiação, passe os dedos do dorso da lâmina


para o fio, dos dois lados, para sentir se há alguma rebarba, se houver,
estas podem ser tiradas com o uso de uma chaira.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !18


Capítulo 1 - Facas
Posteriormente, limpe a lâmina sempre do dorso para o fio,
depois de terminado a afiação a pedra também deve ser limpa com papel
seco e guardada em local que não sofra com o calor.
Depois de considerar que foi obtido um bom fio, pegue o
assentador de couro, passe uma pasta de polir e pelo lado mais grosso do
couro, passe a lâmina como se fosse limpar o fio, repita do outro lado
para obter um polimento final.
Observação: Nunca use chaira para afiar sua lâmina, pois ela irá destruir
e deformar sua faca.
Na parte interna das bainhas de couro pode-se aplicar silicone
em spray, o que irá ajudar na conservação da lâmina.
Mantenha sua lâmina sempre bem guardada, limpa e seca. Uma
lâmina bem limpa e brilhosa será sempre apreciada, até mesmo por
pessoas que não demonstram interesse inicial em facas.

4. TIPOS DE LÂMINAS

Além do material utilizado, é preciso que o praticante se atente a


uma outra característica da faca: o tipo de lâmina.
Menos importante para as técnicas que serão apresentadas a
seguir, esse ponto é importante para ditar a relação do praticante com a
faca no seu dia a dia.

Lâmina polida: é o modelo de lâmina mais comum que existe e tem


como principal característica a fácil reflexão de luz. Apesar de serem
bastante intimidadoras em um combate, esse tipo de lâmina é pouco
discreta para o dia a dia.

Lâmina fosca: com um aspecto mais acinzentado, as lâminas foscas


passam por um tratamento com ácido que faz com que elas reflitam
menos luz. São pouco comuns em facas simples ou de baixo custo.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !19


Capítulo 1 - Facas
Lâmina negra: são aquelas que passaram por algum processo de pintura
ou anodização com o pigmento preto. A sua grande vantagem está no
fato de que essas lâminas não refletem luz, sendo bem discretas e ideais
para o dia a dia. É preciso se atentar para a qualidade do processo de
pintura, evitando deteriorização com o uso e o tempo.

5. SESSÃO TRANSVERSAL

A sessão transversal da lâmina da faca pode adotar diversos


formatos. Essa informação será importante mais à frente, quando
falarmos sobre os diferentes ferimentos que podem ser causados por uma
faca.

Dentre os diversos formatos, os mais comuns são:

A B C D E F

A) Cinzel, B) chanfro duplo ou composto, C) convexa, D) côncava,


E) fina e F) sabre.

É interessante observar que cada um destes formatos possui uma


utilidade específica, como por exemplo:

A) Cinzel: muito utilizado na cutelaria japonesa, garante um


corte de grande precisão.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !20


Capítulo 1 - Facas
B) Chanfro duplo: encontrado em lâminas com menos
preocupação no corte e maior preocupação na resistência.
C) Convexa: Utilizado em machados e facões, são excelentes
para o trabalho pesado.
D) Côncava: Utilizado em bisturis e navalhas, pois favorecem a
precisão.
E) Fina: Ao contrário do chanfro duplo, encontram-se em
lâminas com pouca preocupação na resistência e muita preocupação no
corte.
F) Sabre: possui uma boa relação entre corte e resistência.

6. FACAS FAMOSAS

A) Fairbairn-Sykes:
É uma faca de combate de dois gumes, parecida com um punhal.
Foi desenvolvida por William Ewart Fairbairn e Eric Anthony Sykes em
Shanghai, com base nos conceitos iniciados por eles, ainda antes da
Segunda Guerra Mundial, enquanto serviam na Polícia Municipal de
Shanghai.
A faca de combate F-S ficou famosa durante a Segunda Guerra
Mundial por ter sido adotada pelos comandos britânicos e outras
unidades. Idealizada especialmente para ataques surpresa e combates
corporais, com uma lâmina delgada, foi desenhada para penetrar
facilmente no tórax de um inimigo, passando entre suas costelas e
atingindo órgãos tais como o coração e pulmões, matando de forma
rápida e silenciosa.

Fairbairn-Sykeshttp - fonte: casiberia.com (acesso 11/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !21


Capítulo 1 - Facas
B) V-42:
Produzida especialmente para a “Brigada do Diabo”, a V-42 é
uma faca de combate produzida com base no projeto Fairbairn-Sykes
especificamente para a Primeira Força do Serviço Especial Britânico.
Construída para o combate a curta distância, a V-42 possui uma
lâmina de aço SK-5 de 7 polegadas com revestimento preto e uma alça
feita de discos de couro comprimido.

V-42- fonte: knife-depot.com (acesso 11/05/17).

C) Spyderco Military:
Principal faca da Spyderco, a Military é provavelmente a mais
imitada e conhecida de todas. Desde o seu lançamento na década de
1990, esse modelo é parte das ferramentas das forças armadas, polícia e
serviços de resgate.
Mesmo grande, a Military é surpreendentemente leve e
extremamente poderosa, dois atributos fundamentais quando entra em
situações hostis. É possível abrir a faca com apenas uma mão. Além
disso, a faca conta com uma enorme lâmina de 4 polegadas feita de aço
CPM S30V com um ponto de clipe modificado.

Spyderco Military - fonte: knivesplus.com (acesso 11/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !22


Capítulo 1 - Facas
D) Spyderco Endura 4:
Se a Spyderco é reconhecida hoje como uma das maiores
produtoras de facas do mundo, sua fama se deve ao modelo
Endura. Lançado em 1990, a Endura não foi bem aceita em
um primeiro momento, em parte por sua aparência estranha e
não convencional, porém, não demorou para que o mercado
percebesse seu potencial tático e o modelo passasse a ser
copiado por outros fabricantes.
Uma das grades inovações desse modelo foi o espaço
para o polegar, que permitia a sua abertura com apenas uma
mão e que se tornou um item obrigatório para o cotidiano.
Em sua 4ª versão, a Endura tem uma lâmina de aço
VG-10 de 3,75 polegadas com um furo de abertura maior,
um cabo ergonomicamente projetado e uma nova construção
baseada em parafusos para fácil manutenção.
Spyderco Endura 4 - fonte: amazon.com (acesso 11/05/17).

E) Ka-Bar USMC:
A descrição do site da KA-BAR resume bem esta faca: "A faca
de lâmina fixa mais famosa do mundo, KA-BAR foi projetada para uso
das nossas tropas durante a Segunda Guerra Mundial e ainda está
fazendo seu trabalho, com honras, 70 anos depois”.
Uma das principais razões pela qual a faca KA-BAR é tão
conhecida é porque ela foi produzida especialmente para as tropas
americanas, o que significa que milhões de homens pertencentes ao
exército americano dependeram, em algum momento, dessa faca.
A USMC foi projetada para ser uma faca polivalente que poderia
ser usado em combate ou uso geral. A faca conta com uma lâmina de 7
polegadas feita de aço
Cro-Van 1095 juntamente com
um cabo de couro confortável.

Ka-Bar USMC - fonte: knifecenter.com (acesso 11/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !23


Capítulo 1 - Facas
F) Opinel:
De origem francesa, essa faca foi criada em 1890 para uso geral
e tem como grande marca o seu anel de travamento, patenteado e
exclusivo do modelo. Disponível em diversos tamanhos, o modelo mais
comum possui lâmina de 3,5 polegadas.

Opinel - fonte: opinel-usa.com (acesso 11/05/17).

G) SOG Seal:
Especialmente desenvolvida para os fuzileiros americanos, a
SOG Seal se encontra entre as facas de maior uso militar. Produzida com
uma lâmina negra de 12,4 polegadas, espaço para cordão e espaço
confortável para os dedos, é um dos modelos de combate mais
ergonômicos do mercado.

SOG Seal - fonte: sogknives.com (acesso 11/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !24


Capítulo 1 - Facas

7. ARMAS TRADICIONAIS DAS FILIPINAS

7.1. Garab

Faca Garab - fonte: marcialtirada.net (acesso 12/05/17). Modificado pelo autor.

A faca Garab é uma versão menor da espada de mesmo nome. É


uma excelente lâmina para combate, bem como para atividades diárias,
como corte de couro, cordas, cana-de-açúcar, etc. Era costume que os
grandes fazendeiros portassem uma ao caminhar por suas propriedades.

7.2. Baraw
É uma faca típica da Ilha de Cebu,
na região de Visayan nas Filipinas,
podendo ter um ou dois gumes. Algumas
escolas utilizam o termo Baraw como
sendo uma palavra genérica para qualquer
faca ou adaga.

Faca Baraw - fonte: marcialtirada.net


(acesso 12/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !25


Capítulo 1 - Facas
7.3. Barong

Faca Barong - fonte: knives-reviews.eu (acesso 12/05/17).


Modificado pelo autor.

A Barong é uma espada em forma de folha com fio em um único


lado. Bastante utilizada por grupos muçulmanos das Filipinas. Essas
armas possuem lâminas grossas e pesadas, de forma que o peso ajuda na
capacidade de corte da espada. Comprimento da lâmina Barong varia de
20 a 56 cm.

7.4. Kris / Gunong


Arma típica da região Sul das Filipinas, ganhou respeito entre os
filipinos em todo o país principalmente por causa de seu uso e forma
intrincada. Funcionalmente não é uma arma cortante como uma faca e
sim um instrumento perfurante. Um ferimento de Kris costumava ser
letal e existem muitas histórias de uma Kris sendo feito especialmente
para matar uma pessoa específica.
Esse tipo de arma era utilizado em cerimônias especiais, como
lâminas de herança, sendo transmitidas através de gerações sucessivas.
As limpezas anuais eram parte da espiritualidade e mitologia em torno da
arma. Na batalha, um guerreiro
carregava três dessas armas: sua
própria, de seu sogro e uma de
herança familiar.
Faca Kris / Gunog -
fonte: traditionalfilipinoweapons.com
(acesso 12/05/17).
Modificado pelo autor.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !26


Capítulo 1 - Facas
7.5. Kampilan
A Kampilan é uma famosa espada longa amplamente utilizada no
Arquipélago Filipino pré-conquista e ainda em uso por muitos filipinos
muçulmanos. A Kampilan possui um único fio e possui cerca de 34 a 40
centímetros de comprimento. A empunhadura é bastante longa para
contrabalançar o peso e o comprimento da lâmina. A lâmina é grossa e
estreita na sua base enquanto fica mais fina e mais larga para a ponta.

Espada Kampilan - fonte: traditionalfilipinoweapons.com (acesso 12/05/17).


Modificado pelo autor.

7.6. Balisong
O Balisong, também é chamada de faca butterfly ou borboleta.
Seu nome vem de uma cidade em Batangas
chamada Balisong. Essa faca é considerada
como a versão filipina do canivete suíço pois
possui muitas funções, uma vez que pode
descascar frutas, cortar alimentos, fixar
parafusos, abrir latas, entre outras. O
Balisong tem uma péssima reputação como
uma arma mortal, devido ao fato de poder ser
aberto ou fechado com grande velocidade.

Balisong - fonte: benchmade.com (acesso 12/05/17).

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !27


Capítulo 1 - Facas
7.7. Pira Cotabato

Espada Pira Cotabato -


fonte: traditionalfilipinoweapons.com
(acesso 12/05/17).
Modificado pelo autor.

A Pira Cotabato é uma espada que tem como característica a sua


ponta larga. Muitos temem esta espada filipina porque ela foi criada
pelos guerreiros para decapitar seus oponentes. Ainda assim a Pira é
amplamente utilizada em fazendas e mercados pois é usada para cortar
aves, carne de baleia, atum e outras carnes.

8. CUIDADOS COM A FACA

A partir do momento que assumimos a faca como nossa


ferramenta de defesa, precisamos assumir também alguns cuidados para
que ela esteja em sempre em boas condições.
Para as facas com lâmina de aço carbono, é importante evitarmos
sempre as altas temperaturas, o que pode comprometer sua capacidade de
manter o fio de corte.
Esse tipo de material somente pode ser lavado com sabão neutro
e deve ser completamente seco antes de ser guardado. Para a limpeza, é
preciso ter o cuidado de não esfregar a face áspera da esponja e sim a
face macia, e nunca passando a esponja pelo fio e sim pelo lado oposto.
É importante evitar ao máximo o toque da pele na lâmina, pois o
suor é agressivo para o aço de modo que algumas lâminas em aço
carbono acabam descolorindo com o tempo, mas não perdem suas
qualidades e continuam sendo ótimas ferramentas.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !28


Capítulo 1 - Facas
É muito importante que as facas sejam guardadas embainhadas,
pois o contato de uma lâmina com outra pode provocar riscos e
prejudicar o fio. Ainda assim é preciso ter atenção com a bainha, pois a
mesma pode conter umidade, exigindo assim que a lâmina seja envolvida
em folha de plástico antes de ser guardada.
Para aqueles que pretendem guardar a faca por longos períodos,
uma dica interessante é improvisar uma bainha com papelão.
Para as lâminas de uso periódico é interessante passar uma fina
camada de vaselina ou de óleo de cozinha na lâmina e em outras regiões
com aço antes de guardar a faca.

9. ASPECTOS LEGAIS DA FACA

No Brasil, as restrições às armas de fogo existem de maneira


expressa, na verdade a criação de dificuldades ao acesso e porte
começam após a Revolução de 1932. Desde então, a legislação
pertinente ao tema legítima defesa recrudesceu década após década, até a
promulgação do Estatuto do Desarmamento, em 2003, quando se
excluiu, quase que por completo, o direito de defesa da vida do cidadão
brasileiro.
Apesar disso, com exceção do estado do Rio de Janeiro que tem
uma legislação, inconstitucional, sobre uma limitação de 10 cm de
lâmina não há vedação legal.
De acordo com a Constituição Federal de 1988, Art. 5º, II
“ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei”. É o chamado princípio da legalidade. Este princípio
nos ensina que, no Brasil, apenas é proibido aquilo que a lei
expressamente diz, pouco importando, para efeitos concretos e
imediatos, a opinião pessoal de quem quer que seja: presidente da
república, juízes, promotores, doutrinadores ou policiais.
Desse modo, para compreender a chamada atipicidade (não ser
fato típico, não ser crime) do porte de armas brancas, é preciso entender
também toda a legislação em vigor.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !29


Capítulo 1 - Facas
Em primeiro lugar, deve-se estabelecer a definição de armas
brancas no contexto da legislação em vigor. O texto que determina o que
é uma arma branca é o Decreto 3.665/2000, conforme texto que segue:
“Art. 3º (…) XI – arma branca: artefato cortante ou perfurante,
normalmente constituído por peça em lâmina ou oblonga; ”
Assim, não podem ser considerados, em nenhuma hipótese,
como armas brancas, os bastões, os sprays de gases pimenta ou
mostarda, as máquinas de incapacitação neuromuscular (tasers), etc.
Estabelecido o conceito inicial, vejamos o que as leis brasileiras
oferecem, em termos de restrição, a estes objetos:
Em 11 de Dezembro de 1936, foi outorgado o Decreto 1.246 que,
de acordo com a sua ementa: aprova o regulamento para fiscalização,
comércio e transporte de armas, munições e explosivos, produtos
agressivos e matérias primas correlatas.
Esta foi a primeira restrição a armas no Brasil. O decreto
limitava calibres, restringia o transporte, porte e fabricação de armas e,
quanto às facas, fazia uma menção apenas superficial, tratando as “armas
brancas ou secretas”, como “utilizadas para crimes”.
Ainda assim, o Decreto não previa uma proibição clara às armas
brancas de nenhum tipo, e acabou sendo revogado, em 3 de outubro de
1941, com a aprovação do Decreto-lei 3.688 (Lei de Contravenções
Penais), em vigor até hoje.
A Lei de Contravenções não trata de armas brancas, mas tratava
o seu artigo 19 de “armas”, em sentido genérico, conforme o texto a
seguir:
“Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência
desta, sem licença da autoridade:
Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de
duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente.
§ 1º A pena é aumentada de um terço até metade, se o agente já
foi condenado, em sentença irrecorrível, por violência contra pessoa.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !30


Capítulo 1 - Facas
§ 2º Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a três
meses, ou multa, de duzentos mil réis a um conto de réis, quem,
possuindo arma ou munição:
a) deixa de fazer comunicação ou entrega à autoridade, quando a
lei o determina;
b) permite que alienado menor de 18 anos ou pessoa inexperiente
no manejo de arma a tenha consigo;
c) omite as cautelas necessárias para impedir que dela se apodere
facilmente alienado, menor de 18 anos ou pessoa inexperiente em
manejá-la. ”
Da leitura do Art. 19 fica fácil notar que o legislador tratava não
de quaisquer tipos de armas, mas especificamente das armas de fogo, já
que fala em “arma ou munição” e exige também a suposta “licença da
autoridade”, o que jamais existiu em termos de armas brancas.
Esse entendimento é corroborado por alguns tribunais e pela
doutrina minoritária no Brasil. As diferenças culturais entre as diversas
Unidades da Federação também pesam a favor do entendimento pela
atipicidade da conduta: É comum nos estados sulistas, e mais
notadamente no Rio Grande do Sul, o uso ostensivo da faca, como
ferramenta e adorno à própria vestimenta, em regiões urbanas,
normalmente. Não é possível determinar que tal conduta seja crime em
São Paulo, mas não seja crime no Rio Grande do Sul, considerada a
uniformidade nacional da legislação penal.
Além disso, se considerada a conduta como contravenção, dever-
se-iam fazer prender também as centenas de policiais, militares,
bombeiros, seguranças privados, cortadores de cana, escoteiros,
pedreiros, e tantos outros profissionais que diuturnamente utilizam
ferramentas cortantes sem a suposta “licença da autoridade competente”,
o que obviamente não é razoável. Assim, se nem mesmo a lei estabelece
diferença, em termos de “autorização” de porte de armas brancas entre o
cidadão comum e o policial ou o militar, certamente não é a autoridade
policial ou o magistrado que terá o poder de fazê-lo.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !31


Capítulo 1 - Facas

10. LESÕES CAUSADAS POR FACAS E OUTRAS


LÂMINAS

O combate com facas é arriscado, podendo ocasionar ferimentos


sérios e até levar a morte. No passado havia um ditado que dizia que
“após um combate com facas, um dos envolvidos vai para o cemitério e,
o outro, vai para o hospital”.
Em linhas gerais, todos os ferimentos no corpo humano podem
ser classificados em razão de sua profundidade e complexidade:

Profundidade
▪ Superficiais: envolvem somente a pele e tecido celular
subcutâneo sem atingir estruturas profundas ou nobres.
▪ Profundos: envolvem nervos, tendões, ossos, vísceras e outras
estruturas nobres.

Complexidade
▪ Simples: sem perda tecidual ou contaminação crítica.
▪ Complexo: perda de tecido, deslocamento de tecidos,
implantação de corpos estranhos, etc.

No caso das facas, nós ainda podemos classificar as lesões em


três tipos distintos, que são:
a) Lesões Cortantes: são aquelas produzida pelo movimento de
corte realizado com a lâmina da faca. No livro Medicina Legal, o médico
Dr. França (2011) identificou 12 caraterísticas para esse tipo de lesão,
que são:

1. Forma linear
2. Regularidade das bordas
3. Regularidade do fundo da lesão

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !32


Capítulo 1 - Facas
4. Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida
5. Hemorragia quase sempre abundante
6. Predominância do comprimento sobre a profundidade
7. Afastamento das bordas da ferida
8. Presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde
terminou a ação do instrumento
9. Vertentes cortadas obliquamente
10. Centro da ferida mais profundo que as extremidades
11. Paredes da ferida lisas e regulares
12. Perfil de corte de aspecto angular, quando o instrumento atua e
forma perpendicular, ou em forma de bisel, quando o
instrumento atua em sentido oblíquo ao plano atingido.

b) Lesões Perfurantes: são as lesões que ocorrem através da


ponta ou ponteira da faca. São capazes de atravessar a pele e tecidos
subjacentes, deixando assim um orifício de entrada e as vezes de saída.
Diferente das lesões ocorridas por um prego, ou alfinete - que se
tornam pequenos pontos na pele - as lesões perfurantes por faca podem
vir a prejudicar músculos e órgãos internos, podendo levar ao óbito.
Para avaliar tal tipo de ferimento, é preciso observar o quão
pontiagudo é o objeto e qual o formato da sua sessão transversal.
Abaixo você pode ver uma imagem, adaptada do livro escrito
pelo professor Gisbert Calabuig, como a sessão transversal da faca
impacta no formato do ferimento.
Um outro aspecto que pode influenciar no ferimento perfurante
são as linhas de Langer, também são chamadas de linhas de clivagem e
definem o sentido dentro da pele humana, onde ela tem mais ou menos
flexibilidade.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !33


Capítulo 1 - Facas

Configurações de lesões por instrumentos perfurantes


Adaptado de: Calabuig, G. (2005).

Configurações de lesões por instrumentos perfurantes. Adaptado de: Calabuig,


G. (2005) In Letti e Agostini (2017).

c) Lesões Perfuro-Cortantes: são aquelas que ocorrem de forma mista,


com a faca perfurando com a ponta em seguida cortando com a lâmina
ao redor.

11. A TABELA DA MORTE

A chamada “Tabela da Morte” foi criada pelo Coronel Willian


Ewart Fairbairn, também conhecido pela criação da faca Fainbairn-
Sykes. Durante anos estudou aspectos importantes da anatomia e da
medicina legal, onde ensinava os combatentes a usarem suas facas com
mais letalidade.
Essa tabela trazia informações importantes, como a de quanto
tempo levaria uma pessoa para desfalecer ou morrer por uma ferida
causa por faca.
Com o passar dos anos essa tabela foi estudada e aperfeiçoada
pela Mossad, o serviço secreto e operações especiais Israelense, que

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !34


Capítulo 1 - Facas
definiu em quanto tempo uma pessoa poderia vir a óbito no caso de um
ferimento que atingisse uma veia de grosso calibre, ou artérias e órgãos
vitais.
Os valores da tabela não são absolutos, pois o tempo exato
depende de diversos fatores como o perfil da vítima, gênero, peso, etc,
mas podemos apontar alguns fatos certos que são:
• Perda de 20% do sangue: a pessoa pode entrar em choque.
• Perda de 30% do sangue: suficiente para gerar inconsciência.
• Perda de 40% do sangue: suficiente para levar a pessoa a óbito.
A “Tabela da Morte” também influenciou as Artes Marciais
Filipinas. O mestre Sonny Umpad, criador do estilo “Visayan Style Corto
Kadena / Larga Mano Eskrima” publicou na década de 1980 o livro “The
Lethal Art of Filipino Knife Fighting1”. Esse trabalho foi então realizado
em uma parceria com os mestres Sid Campbell e Gary Cagaanan. O livro
trazia a lista dos 17 cortes Visayan, que eram uma aplicação da tabela da
morte para uso com uma balisong.

12. ÁREAS PREFERENCIAIS PARA ATAQUES

Nível Alto
12.1. Níveis do ataque

Os diferentes níveis ilustram as Nível Médio


diferentes alturas do corpo
humano que podem ser
alcançadas, durante uma
Nível Baixo
resposta defensiva com
lâminas.

Níveis do ataque. Corpo humano - fonte: vix.com (acesso em 11/05/17).


Adaptado pelo autor.

1 A Arte Letal de Combate de Facas Filipino


Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !35
Capítulo 1 - Facas
12.2. Pontos de sangramento
Pontos de sangramento são aqueles pontos que atingidos
provocam grande perda de sangue, levando o oponente a desistir do
combate.

(1) Testa e têmporas; (2) rosto; (3) carótidas; (4) subclávia;


(5) braquial; (6) rins; (7) radial; (8) palma da mão (9) femoral (10) poplítea.
Fonte: Junior, VC. (2001).

12.3. Pontos imobilizadores


O objetivo é incapacitar o oponente, preservando a sua vida. São
aqueles pontos que, quando atingidos, impedirão a utilização dos
membros, devido às lesões musculares e de nervos.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !36


Capítulo 1 - Facas

Deltóide

Bíceps

Antebraço

Pulso

Dedos
Atrás dos
joelhos

Tendão de
Aquiles

Pontos Imobilizadores. Corpo humano - fonte: vix.com (acesso em 11/05/17).


Adaptado pelo autor.

12.4. Pontos finalizadores


Pontos finalizadores são aqueles pontos que, quando atingidos,
causam uma perda rápida de consciência, levando à morte.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !37


Capítulo 1 - Facas

Crânio

Olhos
Têmporas
Ataque com
o pomo Nariz

Região posterior
à orelha

Região inferior
da mandíbula
Traquéia

Artéria
Carótida

Pontos finalizadores. Cabeça humana - fontes: Wikipedia.com (Patrick J.


Lynch); Slideshare.net (acesso em 11/05/17). Adaptado pelo autor.

Artéria Artéria
Axilar Braquial Artéria
Artéria Radial
Ulnar Pontos finalizadores.
Braço humano -
fonte: evidenciasaude.com.br
(acesso em 11/05/17).
Adaptado pelo autor.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !38


Capítulo 1 - Facas
12.5. Silenciamento de sentinela
Uma missão comumente atribuída à faca, no meio militar, é a do
silenciamento de sentinelas.
Executar este tipo de missão não exige apenas uma técnica, mas
sim, uma combinação delas, que englobam a aproximação, a abordagem
e a segurança do executante. Por esse motivo ela é normalmente
realizada através do emprego de, no mínimo, dois homens: um será o
executante e o outro se responsabilizará pela segurança de ambos. As
técnicas de silenciamento são pouco exploradas, devido a sua natureza
cruel e violenta.
Para a obtenção de êxito na execução de qualquer uma destas
técnicas, apenas um bom conhecimento sobre o manejo da lâmina que
será utilizada não é suficiente. O operador precisa conhecer muito bem a
anatomia humana e conseguir localizar rapidamente os pontos
finalizadores e imobilizadores da vítima.
Ainda assim, mesmo que o operador seja dotado de todos estes
atributos, o silêncio total do inimigo não é garantido, nem tampouco o
sucesso no cumprimento da missão, pois as chances do sentinela disparar
um alarme antes do óbito é existente.
Atualmente, este tipo de treinamento é pouco realizado nas
forças armadas ou em grupamentos de operações especiais, tendo em
vista que são técnicas completamente antigas e desatualizadas, já
descontextualizadas da atual realidade das forças de segurança.
Além disso, seria completamente injustificável a utilização deste
tipo de técnica nos dias atuais, sendo inaceitável, por qualquer jurista, a
utilização deste tipo de procedimento por um agente de segurança
pública.
As fotos a seguir ilustram a técnica de silenciamento de
sentinela, porém, cabe ressaltar que esta metodologia se encontra
ultrapassada e fora de uso.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !39


Capítulo 1 - Facas

Guro Alessandro Lucas ilustrando a técnica do silenciamento de sentinela.

Fundamentos do Combate com Facas - Lucas, de Paulo e Azevedo - !40


CAPÍTULO 2 - COMBATE

1. POSTURA BÁSICA

Uma boa postura de combate (A e B) é fundamental ao


portarmos uma lâmina. Embora o Arnis Kali não seja um estilo de arte
marcial com uma posição rígida, existem certos direcionamentos para
uma boa postura básica.
Em primeiro lugar é preciso que a sua postura lhe permita um
rápido deslocamento. Em segundo, é preciso que exista uma proteção
passiva (isso é, proteção natural, sem esforço adicional) para as
principais artérias e veias de grosso calibre.
Por último é necessário que a mão viva (portadora da faca) fique
em posição que permita proteger rosto e trabalhar em checks e contra-
ataques.

A B

Guro Alessandro Lucas demonstrando uma boa postura básica para o combate
com facas. (A) Visão frontal e (B) visão lateral. Traços evidenciam as
curvaturas do corpo

Fundamentos de Combate com Facas no Arnis Kali - Souza, de Paulo, Azevedo - 4


! 1
Capítulo 2 - Combate

2. POSIÇÃO DE COMBATE

Para o combate, uma boa sugestão é manter a mão que segura a


faca (viva) à altura da cintura, com a mesma apontada para o pescoço do
oponente. Enquanto isso, a mão desarmada (fraca) deve ficar espalmada
e posicionada à frente do peito.
Essa posição leva em consideração a perfeita manutenção do
equilíbrio, a possibilidade de avançar e recuar, julgar com precisão as
distâncias envolvidas, a liberdade para executar giros, aplicar fintas e se
esquivar de ataques.

Guro Alessandro Lucas no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE).

Fundamentos de Combate com Facas no Arnis Kali - Souza, de Paulo, Azevedo - 4


! 2
Capítulo 2 - Combate

3. SEGURANDO A FACA

Dentro do Arnis Kali existem duas maneiras principais de


segurar uma faca:

A) Sak Sak: é a maneira convencional de se segurar uma faca – tal


como um açougueiro ou cozinheiro a seguraria.
B) Pakal: é a utilização da faca com uma pegada invertida. Também
chamada de picador de gelo, devido a semelhança.

Independente da pegada é importante que os princípios da


postura básica sejam mantidos e que o praticante consiga alternar entre
uma pegada e outra sem perder a sua própria base.

A B

A) Sak Sak e B) Pakal.

4. DETALHES DO SAK SAK

Tanto em Sak Sak quanto em Pakal é importante que o praticante


segure a faca com firmeza, utilizando todos os dedos, para evitar a sua
perda durante o combate.

Fundamentos de Combate com Facas no Arnis Kali - Souza, de Paulo, Azevedo - 4


! 3
Capítulo 2 - Combate
Um ponto interessante da pegada em Sak Sak é a possibilidade
de, em alguns momentos, utilizar os dedos indicador (A) e polegar (B) de
maneira destacada.
O dedo indicador pode ser utilizado para garantir uma maior
precisão nos ataques perfurantes, servindo como um direcionador da
lâmina, para o corte ou estocada.
O dedo polegar pode ser utilizado para garantir uma maior força
nos ataques de corte, bem como, para direcionar os golpes, assim como o
dedo indicador.

A B

A) Dedo indicador e B) dedo polegar dando a direção do ataque.

5. SAQUE

"Onde está a sua arma?"


Essa é uma das perguntas que acaba por derrubar o praticante
antes mesmo de começar um combate. É preciso que a faca esteja sempre
de maneira que permita ao praticante saca-la com facilidade e
velocidade. Uma vez definido onde está a faca, é preciso que o praticante
treine arduamente como a sacar com velocidade e já entrar em posição
de combate (passos 1 a 3).
O saque será utilizado em diversos exercícios que o praticante
pode fazer sozinho ou em dupla.

Fundamentos de Combate com Facas no Arnis Kali - Souza, de Paulo, Azevedo - 4


! 4
Capítulo 2 - Combate

2 3
Processo de sacar a faca com velocidade e já entrar em posição de combate
(passos 1 a 3).

6. TROCA DE MÃO

Via regra geral, você irá sempre combater usando a faca na sua
mão principal, ou seja, se você for destro, usará sua mão direita e, se for
canhoto, usará sua mão esquerda. Porém, é importante que o praticante
tenha a capacidade de alternar a mão que segura a faca durante o
combate – seja por algum dano, ou finta ou mesmo para enganar o
oponente. As trocas de mão mais básicas são aquelas realizadas pela

Fundamentos de Combate com Facas no Arnis Kali - Souza, de Paulo, Azevedo - 4


! 5
Another random document with
no related content on Scribd:
XLIII
L’APPARTEMENT de mademoiselle Baudetrot ne demeura pas libre plus
de vingt-quatre heures. Le propriétaire n’y fit faire aucune réparation,
aucune peinture, aucun nettoyage. A mademoiselle Baudetrot, sage-femme,
succéda du jour au lendemain le docteur Aubenaille, et, sur le mur de la
maison, à hauteur d’homme, près de la porte, la plaque d’émail bleu de
l’une fut remplacée par la plaque de marbre noir de l’autre, qui se déclarait
médecin spécialiste.
Grand, maigre, grisonnant, le regard insaisissable, le docteur Aubenaille
était célibataire. Il convoqua des peintres, un tapissier, des électriciens,
entreprit des travaux sérieux.
—J’installe un cabinet d’opérations, dit-il à la concierge.
On lui apporta des tables étincelantes de nickel, des appareils de forme
étrange et dont on ne pouvait pas deviner à quoi il les destinait.
Il parlait peu, mais sans morgue.
—Il n’a rien de Monsieur Chaudroule, dit à son mari la mère Trébuc, qui
n’aimait pas le professeur du deuxième, et qui l’aimait moins que jamais
depuis que, pour un robinet de sa cuisine, il avait forcé la mère Trébuc à
courir chez le gérant, le jour même que Mousseline disparut.
Mais le docteur Aubenaille ne ressemblait pas non plus à mademoiselle
Baudetrot. Il n’avait pas de gestes brusques. Il était tout en douceur et
courtoisie. En outre, il donnait souvent de menus pourboires à la mère
Trébuc. Pendant la période d’installation de son appartement, il eut en effet
souvent besoin de petits services, que la concierge lui rendait avec son
obligeance habituelle.
—Un médecin, dit le père Trébuc, ça fait mieux qu’une sage-femme. Tu
ne trouves pas?
Elle était toujours du même avis que lui.
—Une sage-femme, dit-il encore, je trouve, je ne sais pas pourquoi, que
ça fait mauvais genre.
Pendant une quinzaine, les Trébuc ne furent à peu près occupés que de
l’installation du docteur Aubenaille. On les interrogeait sur le nouveau
locataire. La curiosité du quartier ramena dans la loge quelques personnes
qui semblaient s’être détournées des Trébuc, depuis leur malheur. Chacun
cherchait à savoir quel genre d’opérations ferait le docteur Aubenaille.
—Des opérations chirurgicales, disait le père Trébuc.
—Il est spécialiste, ajoutait la mère Trébuc.
L’après-midi, à cause du docteur Aubenaille, la mère Trébuc était plus
souvent dérangée que du temps de mademoiselle Baudetrot. Inconnu dans
le quartier, le médecin spécialiste avait néanmoins une clientèle nombreuse,
de femmes surtout, dont la plupart étaient élégantes, qui arrivaient en
voiture, demandaient à mi-voix «le docteur, s’il vous plaît», et gagnaient
rapidement l’escalier dès que la mère Trébuc répondait:
—Troisième à gauche.
C’était pour la mère Trébuc une véritable distraction. Quand elle voyait
entrer dans sa loge une jolie madame bien habillée, elle la regardait avec
plaisir. Un jour, elle en vit une à qui elle eut envie de crier:
—Dieu! que vous êtes belle, Madame!
Celle-là ressemblait à Mousseline. La mère Trébuc, empressée, avait
répondu seulement:
—Au troisième à gauche.
Mais elle accompagna la jolie malade jusqu’à la porte de l’escalier,
qu’elle lui ouvrit: de quoi la jolie malade parut fort mécontente.
—Dommage! songea la mère Trébuc. Ces femmes de riches, ça méprise
les autres. Ça ne mérite pas d’être jolies.
Elle fit le geste de chasser une pensée importune, et elle se demanda,
comme elle se le demandait pour chaque cliente du docteur Aubenaille, ce
que pouvait bien être cette femme-là. C’était sa distraction de l’après-midi.
Le soir, elle en causait avec le père Trébuc. Ils échappaient ainsi aux
silences dangereux. Quand la mère Trébuc se plaignit de la petite vexation
que lui avait faite la jolie malade qui ressemblait à Mousseline,—détail
qu’elle ne rapporta pas:
—Que veux-tu? répondit le père Trébuc. Ça se fait pas, peut-être?
Et, un peu plus tard, il observa qu’il avait eu raison sans doute. Car,
pendant qu’ils étaient à table, le docteur Aubenaille, qui dînait en ville
presque tous les soirs, entra dans la loge, et, après s’être excusé
d’interrompre le repas des Trébuc:
—Madame, fit-il, je ne sais pas si je vous l’ai dit, je ne crois pas, mais il
faut que je vous dise que, si jamais quelqu’un, homme ou femme, venait
vous questionner sur les clients que je reçois, vous ne devez répondre
qu’une chose: adressez-vous au docteur. Vous comprenez, vous et moi, nous
sommes tenus au secret.
—Le secret professionnel, précisa le père Trébuc, qui approuvait de la
tête.
—Parfaitement, dit le médecin. Vous avez compris, je compte donc sur
vous, et encore une fois excusez-moi.
Et il glissa dans la main de la mère Trébuc un billet.
—Cent francs, annonça-t-elle, quand il fut sorti.
—Tu vois, dit le père Trébuc, je m’étais pas trompé: ce que tu as fait
cette après-midi, ça se fait pas.
XLIV
ETs’émousse,
le mois de juin aussi s’écoula, morne, lent, vide, car toute nouveauté
et l’habitude eut vite intégré dans le train ordinaire de
l’existence des Trébuc, concierges, la maigre distraction que leur avait
procurée l’arrivée du docteur Aubenaille. Mousseline n’était pas revenue.
Mousseline n’avait pas écrit.
Et juillet à son heure apparut. Les Trébuc l’attendaient. Certains pour un
mois, certains pour deux, les locataires se disposaient à quitter Paris, qui
vers la campagne, qui vers le bord de la mer. Chaque année, le père Trébuc
aidait à descendre les malles.
—Et vous, père Trébuc, lui disait-on, vous ne partez pas?
—Pas cette année, non, répondait-il. L’an prochain, peut-être.
Il avait toujours espéré pouvoir conduire, une année ou l’autre, à
Portrieux, dans son pays où ni lui ni sa femme n’avait plus de famille, leur
Mousseline. Ils étaient toujours restés à Paris, rue Legendre et square des
Batignolles. Mais les vacances que les locataires prenaient étaient, du même
coup, des vacances pour les concierges. Pendant les mois d’été, on ne
nettoyait le grand escalier qu’une fois par semaine. La mère Trébuc se
reposait.
Le père Trébuc, lui, dans son jardin peuplé d’enfants pâles, flânait à
l’ombre des arbres vite jaunis par le soleil, et rêvait à ses souvenirs des pays
chauds. Le soir, il mettait un morceau de glace dans son verre de vermout-
cassis, et, après le dîner, il tirait une chaise de la loge, s’installait devant la
porte, sur le trottoir, et fumait sa pipe en lisant le Journal. Quand la
vaisselle était enfin lavée, la mère Trébuc venait s’asseoir à côté de lui.
Cette année-là plus que les autres, les Trébuc virent avec satisfaction
s’en aller leurs locataires. Des maisons voisines, les locataires s’en allaient
également. Chaque matin, des taxis et des omnibus de gare enlevaient
voyageurs et bagages.
—Il n’y aura plus à Paris que les vrais Parisiens, disaient ceux qui ne
partaient pas.
—On sera entre soi, répondait le père Trébuc.
Il songeait bien pourtant qu’il n’aurait ni la joie de l’apéritif qu’un
morceau de glace rend délicieusement frais, puisqu’il n’allait plus au café,
ni celle de la soirée qu’on passe sur le trottoir, à fumer une bonne pipe. Se
risquerait-il, en effet, cette année-là, à s’asseoir devant la maison, quand,
depuis déjà trois mois, il fuyait tout le monde?
Les Baquier eurent un départ magnifique. Ils allaient à Trouville: les
parents, la cuisinière, la femme de chambre et la Choute par le train, et
Mademoiselle en auto, avec monsieur Marsouet.
Le père Trébuc ferma la portière de la voiture.
—Au revoir, père Trébuc!
—Bon voyage, Monsieur le Sénateur.
—Au revoir, père Trébuc!
—Bon voyage, Mademoiselle.
L’auto démarra. Le père Trébuc la suivit du regard. Il songeait:
—Pourquoi qu’elle se fait pas appeler Madame, Mademoiselle Baquier?
Madame Loissel ne partait pas. Monsieur Daix, qui n’avait droit qu’à un
mois de vacances, devait les prendre en août. Le docteur Aubenaille ne
parlait pas de s’en aller. Quant aux autres locataires, ils étaient tous partis
pour le dix.
Il commençait à faire chaud, chaud comme il ne fait chaud qu’à Paris, où
l’air devient irrespirable dès que le soleil brille durant trois jours de suite.
Dans la loge, où une tenue stricte était moins indispensable, le père
Trébuc demeurait en manches de chemise. Pour son service au square, il
enfilait un pantalon de treillis blanc, qu’il repassait lui-même, tous les
matins. Le soir, il n’osait pas s’asseoir devant la maison, comme la plupart
des concierges du quartier: il craignait qu’une apostrophe de la mère
Chateplue, qui buvait plus que jamais à cause de la chaleur, ne l’obligeât à
répondre, et ne provoquât un esclandre. Et puis, de voir le petit café du coin
de la rue Boursault, où fréquentaient les gens qu’il connaissait, lui donnait
des tentations.
Déjà Letuigne, son camarade préféré de la manille, mais le plus
irrégulier, avait essayé de l’entraîner.
—Tu es bête, lui avait-il dit. Et pourquoi?
—Pour rien.
Le père Trébuc avait résisté, sans trop savoir pourquoi d’ailleurs. Était-
ce encore, toujours, par orgueil? Mais quel orgueil pouvait garder le père
Trébuc?
XLV
MONSIEUR Daix, le mutilé du cinquième dont madame Loissel avait
fait rêver les Trébuc pour leur Mousseline, était un homme qui ne
cherchait pas à se pousser au premier rang. Revenu de la guerre avec un
seul bras, il portait sans arrogance à la boutonnière de son veston un mince
ruban jaune liséré de vert.
Le père Trébuc, qui avait eu sa médaille à l’ancienneté, admirait que
monsieur Daix l’eût tout jeune gagnée autrement. Mais aux félicitations, un
peu gauches, que le vieux marsouin essayait un jour de lui exprimer,
monsieur Daix s’était contenté de répondre en agitant la manche vide de
son veston.
—Il est trop modeste, avait songé le père Trébuc.
Modeste, le jeune homme savait qu’après la guerre on considérait de tels
rubans beaucoup moins comme un emblème de sacrifice que comme un
insigne d’infirmité. C’est une nuance qui échappait au père Trébuc. Quand
le père Trébuc se rappela, plus tard, que monsieur Daix avait dit, en parlant
du départ de Mousseline, que ça devait arriver:
—Il n’est pas modeste, songea-t-il. Il est fier.
Monsieur Daix en effet n’avait pas éprouvé le besoin d’offrir au père ou
à la mère Trébuc ses condoléances. Loin de prendre cette réserve pour de la
politesse, le père Trébuc la tint d’abord du mépris et, ensuite, de la fatuité.
Oui, à mesure que le temps estompait sa douleur et sa honte, le père
Trébuc condamnait moins sévèrement sa fille, s’accusait lui-même moins
durement d’avoir manqué de vigilance, acceptait les excuses que monsieur
Marsouet, monsieur Forderaire, Letuigne, Deraque, et d’autres, lui avaient
proposées pour le réconforter, accusait à son tour les mœurs générales de
l’après-guerre, et s’avouait à part soi moins coupable qu’il n’avait cru l’être
au début. Et tant, qu’en juillet, à force de remarquer davantage l’attitude
réservée de monsieur Daix, parce que, dans la maison déserte, le mutilé du
cinquième passait moins inaperçu, le père Trébuc finit par s’avouer que le
grand coupable était justement monsieur Daix.
Pensée noire. Depuis le départ de Mousseline, le père Trébuc avait roulé
dans sa tête inquiète beaucoup de pensées noires. Il regardait autour de lui.
Monsieur Forderaire et d’autres lui avaient ouvert les yeux. Il comparait, il
jugeait. Et quant à ce monsieur Daix si fier, le père Trébuc estimait enfin
qu’un employé de banque ne s’abaisserait pas en épousant une
dactylographe pauvre, mais honnête.
—Honnête, certainement, affirmait le père Trébuc.
Qui prouvait que Mousseline, éprise peut-être de ce monsieur Daix si
fier, n’eût pas écouté Rodolphe Jaulet par dépit et rage d’être méconnue et
dédaignée?
—Mais voilà! se disait une fois de plus le père Trébuc: nous sommes
pauvres. Les Trébuc sont pauvres. Ça, ça ne se pardonne pas.
Est-ce que sa pauvreté,—car elle n’était pas riche, mademoiselle
Coupaud,—avait empêché mademoiselle Coupaud de trouver un homme
riche qui daignât l’épouser? Cette fille pourtant se donnait des allures peu
rassurantes. On avait jasé sur elle dans le quartier, et le fait est que...
—Mais il ne faut pas se fier aux apparences, songeait le père Trébuc au
mois de juillet, ni condamner les gens trop vite.
La première quinzaine de juillet était chaude. L’été s’annonçait ardent.
Les Parisiens se hâtaient de fuir la ville, qui devenait inhabitable. Aux
approches du 14, les maisons désertées se faisaient de plus en plus
nombreuses. Que de volets clos à toutes les façades!
—Si ça continue, disait le père Trébuc à sa femme, il n’y restera plus que
les concierges.
Et il se lançait dans une nouvelle diatribe contre les riches à qui tout est
permis.
Mais la mère Trébuc avait moins d’aigreur.
—Te plains pas, répondait-elle. Qu’ils s’en aillent tous! La vie sera
moins chère.
XLVI
LEabandonnée
14 juillet, à titre d’exception, et parce que ses amis de la manille
insistèrent avec tant de bonne grâce, le père Trébuc
consentit à les suivre au petit café du coin de la rue Boursault. Ils étaient
allés tous ensemble l’attendre à la sortis du square.
—Tu ne peux pas refuser, dit Potonnot.
—Tu nous offenserais, ajouta Deraque.
Et Brouchon:
—Un jour comme aujourd’hui!
Le père Trébuc résistait.
Savaient-ils pourquoi le père Trébuc hésitait à les suivre? Comme ils le
sentaient néanmoins près d’accepter, comme il leur déclarait qu’il
n’acceptait qu’à titre d’exception, comme ils se flattaient de l’avoir décidé,
Potonnot, parlant au nom de tous, lâcha l’argument définitif:
—Trébuc, tiens-toi bien. Nous avons une grande nouvelle à t’apprendre:
la mère Chateplue est morte.
—Non!
—Si.
—Je l’ai encore vue à midi!
—Un coup de sang.
—La chaleur.
—Et la boisson.
—Pas possible!
—Tombée raide dans la rue, en traversant pour aller au café.
Le père Trébuc se réjouit. Il n’avait plus aucune raison d’hésiter. Il suivit
ses camarades.
Il s’était déjà promis de ne prendre qu’un vermout-cassis, son vieil
apéritif oublié, avec un morceau de glace, et de ne pas toucher aux cartes.
Mais une fois installé, ravi par la fraîcheur délicieuse du vieil apéritif qu’il
retrouvait, entraîné par la véritable joie que lui causait la mort subite de
cette chipie de mère Chateplue, ragaillardi par l’atmosphère tout amicale du
petit café, il se leva machinalement, quand la première partie fut jouée, pour
s’asseoir à la place de Letuigne que le sort désignait.
Comme jadis, il gagna. Il gagna trois francs soixante-quinze, qu’il
empocha sans hâte. Au moment de ramasser les pièces déposées sur le
tapis, il lui souvint en effet à quoi jadis ses gains étaient destinés: au
mariage de Mousseline. Une ombre lui gâta le plaisir innocent de cette
soirée organisée pour lui par ses camarades. Mais, ses camarades, contents
de le revoir au milieu d’eux, dissipèrent l’ombre fâcheuse.
—Potonnot! dit soudain le père Trébuc. Et ta promesse?
—Quelle promesse?
—Ton fameux pernod, que tu fabriquais toi-même, et que tu devais me
faire goûter.
—Quand tu voudras, Trébuc.
—Tu en as?
—Demande aux copains.
—Et c’est du vrai?
—Du vrai, répondirent Chauchet et Deraque.
—J’en veux.
—A une condition, objecta Potonnot.
—Laquelle?
—Que tu reviendras pour la manille demain, et les autres jours, comme
avant.
Le père Trébuc hésita.
—Non, dit-il, pas de condition.
—Alors, pas de pernod. Choisis.
—Je verrai, conclut le père Trébuc.
—Comme tu voudras.
Ils se séparèrent. Mains étreintes à droite et à gauche, bonsoir et bon
appétit distribués, une chaise qui se renverse et tombe: la soirée était finie.
—Au revoir, père Trébuc, dit le patron qui rinçait deux verres à la fois.
—Au revoir, répondit machinalement le père Trébuc.
Dehors, la rue Legendre, où une brise étouffante soufflait du pont, était à
peu près vide. En la traversant, le père Trébuc songea que, quelques heures
auparavant, en la traversant aussi, au même endroit peut-être, la mère
Chateplue était morte.
—On pourra s’asseoir devant la maison, se dit-il, et respirer à son aise.
Il regarda sa maison. Trois immeubles de six étages, se dressent rue
Legendre, entre la rue Boursault et le pont, du côté des numéros pairs: près
du pont, la maison de la mère Chateplue; près de la rue Boursault, celle
d’une veuve de guerre dont on ne peut rien dire; et au milieu, celle de la
mère Trébuc.
A la fenêtre du rez-de-chaussée, qui était ouverte, la mère Trébuc
regardait venir vers elle son mari, qu’elle avait vu sortir du café. Le père
Trébuc se redressa.
XLVII
JUILLET s’acheva. Août passa. La fin de juillet avait été moins belle.
Août ne fut guère meilleur. Sous un ciel souvent chargé de nuages, Paris
reçut de la pluie par journées entières.
Sans nouvelles de Mousseline, qui s’obstinait, en vraie Trébuc, à ne pas
demander son pardon, les Trébuc menaient leur morne existence
quotidienne, sans soucis matériels excessifs.
Comme l’avait prévu la mère Trébuc, la vie était un peu moins chère. Un
peu seulement, mais assez pour que la mère Trébuc pût arriver à joindre les
deux bouts en n’imposant pas à son mari de trop cruelles privations. Elle
songeait cependant que cette période de répit que sont les mois de vacances
pour les ménages de petites ressources, ne serait pas éternelle, et que,
malgré les espoirs que chacun nourrissait d’un avenir plus clément, la
mauvaise saison des prix qui montent reparaîtrait en même temps que les
Parisiens revenus.
—Et en hiver? se disait la mère Trébuc. Comment ferons-nous?
C’est alors surtout que, pratiquement, l’absence de Mousseline serait
sensible. Faudrait-il priver le père Trébuc d’un peu plus de viande, même
frigorifiée, quand il n’en mangeait déjà pas outre mesure, ou de son vin
rouge? Mais il avait besoin de son vin et de sa viande pour affronter les
rigueurs de l’hiver, sous la bise glacée du square des Batignolles.
La mère Trébuc songeait parfois au magot que son mari avait amassé,
pour le mariage de Mousseline, avec les gains de ses manilles. Le magot ne
servirait sans doute jamais au mariage de Mousseline, hélas. Toutefois, si la
mère Trébuc ne projetait pas de l’entamer en cas d’urgence, car on ne sait
pas ce que l’avenir réserve à un chacun, elle pensait que le père Trébuc
pourrait lui remettre les gains qu’il réalisait de nouveau chaque soir, au lieu
d’en grossir inutilement le magot sans emploi certain.
Car le père Trébuc avait succombé aux invitations de ses camarades, et
repris sa place à la manille de chaque soir. On n’entendait plus, dans la salle
enfumée du petit café de la rue Boursault, les monologues poissards de la
mère Chateplue, matrone à la poitrine monstrueuse, mais on y entendait,
comme par le passé, de temps en temps, la voix triomphante du père Trébuc
qui annonçait:
—Je coupe, et atout!
Il semblait que le père Trébuc eût moins de circonspection qu’autrefois
dans ses propos. Il lui échappait souvent, en plein café, des opinions hardies
et d’irrespectueuses apostrophes. Les jours de pluie, par exemple, si
quelqu’un maugréait contre le mauvais temps ou se plaignait des fichus étés
que nous avons en France à présent,—l’avez-vous remarqué?—le père
Trébuc affichait un contentement parfait. Il riait, disait:
—Tant mieux!
Et il commençait une vigoureuse apologie pour le mauvais temps qui
vengeait les pauvres,—et il disait quelquefois: les prolétaires, car il aimait
les mots emphatiques dont le sens est obscur,—et il jubilait parce qu’il y a
une justice ici-bas et qu’à la campagne et au bord de la mer où ne vont pas
les pauvres, dans leurs villas, leurs châteaux et leurs palaces, les riches
pouvaient constater que leur argent ne leur permet pas tout.
—Sacré père Trébuc! disait-on en lui tapant sur l’épaule.
Il voyait qu’on l’écoutait. Il se rappelait qu’autrefois aussi on l’écoutait,
autrefois, avant 1914, quand il racontait ses campagnes, décrivait les mœurs
des Chinois, ou parlait de la reine Ranavalo et du colonel Gallieni. La
guerre, en éclipsant ses guerres, lui avait enlevé son prestige. Longtemps, il
s’était tu, gardant pour lui ses souvenirs, par discrétion, par convenance. Et
voilà que derechef on l’écoutait quand il se mettait à parler. On faisait
cercle autour de lui. Et il prenait là une petite revanche, sans plus
s’inquiéter ni de convenance ni de discrétion.
—Sacré père Trébuc! disait-on en souriant.
XLVIII
LEpèremauvais temps ramena maints Parisiens plus tôt que de coutume. Le
Trébuc les regardait revenir, et débarquer de leurs taxis ou de leurs
omnibus de gare, avec un air de commisération goguenarde qu’il n’aurait
jamais eu l’année précédente.
Dès le début de septembre, deux de ses locataires revinrent: les Mujol,
ce couple peu sympathique dont le misérable Rodolphe Jaulet avait été le
pensionnaire, et les Versu, autre couple de vieillards peu sympathiques,
assez distants, et sur qui l’on ne glosait du reste pas dans le quartier.
Monsieur Daix aussi revint, avec son attitude réservée qui ne trompait
pas le père Trébuc.
—Il n’a pas de quoi être si fier! songeait le père Trébuc. Sa médaille! Sa
médaille! Il l’a eue parce qu’il a perdu son bras. Ça ne prouve pas qu’il était
un héros. Il y en a qui ont été blessés, mutilés, et décorés de la médaille
militaire, en fichant le camp au cours d’une attaque. Potonnot en connaît un
comme ça. Même que celui-là fut blessé par son capitaine, qui lui tira
dessus parce qu’il se sauvait. Ainsi!
Le père Trébuc était bien changé. Rares, très rares, ceux que sa critique
en éveil épargnait. Il ne respectait plus aveuglément les personnes qu’il
avait jadis portées aux nues. Même sur madame Loissel, sur la brave
madame Loissel ruinée, qui vivait avec dignité dans la chambre de son
ancienne cuisinière, au sixième, il trouvait à faire au moins des restrictions.
—De quoi qu’elle se mêlait, celle-là? songeait-il. Est-ce que nous
pensions, nous, que son Monsieur Daix pourrait épouser notre Mousseline?
Elle en avait plein la bouche de son Monsieur Daix. Sûr que, sans elle et
toutes ses histoires, j’aurais jamais pensé à ce garçon pour ma fille, et
j’aurais peut-être pas refusé le petit musicien des Mujol, et j’aurais encore
ma fille.
A ses diatribes, la mère Trébuc ne répondait rien. Elle comprenait que
son mari était malheureux. Elle était malheureuse. Que pouvait-elle
répondre? Elle avait accoutumé, depuis toujours, de ne pas le contredire.
Elle lui laissait volontiers cette chétive joie.
Mais le père Trébuc éprouva une joie profonde, le 6 septembre, un jeudi.
Le 6 septembre, il y eut en effet un scandale dans la maison, un scandale
où le père Trébuc n’était pas en cause, et plus grave que celui qui l’avait
frappé.
Depuis deux ou trois jours, il s’en souvint par la suite, il avait remarqué
que le docteur Aubenaille, qui n’habitait dans la maison que depuis trois
mois, qui ne s’était pas absenté pendant les vacances, et qui avait reçu une
clientèle moins nombreuse, mais toujours aussi choisie, de femmes presque
toutes fort élégantes, paraissait inquiet ou souffrant.
—Je comprends! dit le père Trébuc, le 6 septembre.
Tout le monde comprit: le docteur Aubenaille, médecin spécialiste qui
soignait une majorité de jolies malades, fut arrêté, emmené, et mis en
prison.
Le lendemain, le père Trébuc lut avidement la colonne entière que le
Journal consacrait aux soins spéciaux que les jolies malades sollicitaient du
médecin complaisant. Un portrait occupait le milieu de la page. Le père
Trébuc trouva qu’il ressemblait mal au docteur Aubenaille.
Le père Trébuc, et sa femme avec lui, fut interrogé par des journalistes
polis, jeunes, indiscrets, et enfin encombrants, qui lui prêtèrent des propos
qu’il ne reconnut pas, quand il les lut dans leurs journaux. Et il fut félicité
par ses amis, le soir, à l’heure de la manille.
—C’était un beau coco, ton médecin! lui dit-on.
—Je m’en doutais, répondit-il. Je l’avais à l’œil.
—Paraît qu’il gagnait tout ce qu’il voulait.
—Dame! Les femmes de la haute, ça a des amants qui casquent sans
grogner, lorsqu’ils ont fait des bêtises.
Et le père Trébuc ajoutait:
—En voilà un qui ne pensait pas que la vie humaine, c’est sacré!
Mais lui seul pouvait saisir le sens complet de son exclamation.
XLIX
LEdescandale du docteur Aubenaille alimenta les conversations du quartier
l’église Sainte-Marie pendant plusieurs jours. Le père Trébuc fut
l’objet de maintes et maintes questions. Il redevenait un homme qu’on ne
méprise pas quand il passe. On avait besoin de lui. Il détenait peut-être des
secrets croustilleux qu’il ne révélait pas aux indifférents. On le salua
beaucoup pendant quelques jours.
L’intérêt n’était pas encore éteint, et la curiosité pas encore rassasiée,
lorsque revinrent de Trouville, le 15 septembre, les Baquier, père, mère,
fille, cuisinière, femme de chambre, et petite chienne, en deux taxis. Ce fut
un retour magnifique, bien que monsieur Marsouet y manquât: un stupide
accident de la rue, où sa limousine eut un garde-boue défoncé, l’obligea
d’arriver rue Legendre, en simple taxi également, quand la famille était déjà
rentrée.
Ces choses furent répétées au père Trébuc, dès midi, par sa femme. Mais
il les avait apprises un peu plus tôt par mademoiselle Jeanne, femme de
chambre des Baquier, dont le premier soin fut de conduire la Choute de sa
maîtresse au square des Batignolles.
Depuis le départ de Mousseline, qui semblait lui conférer on ne sait
quels droits, mademoiselle Jeanne n’avait pas eu à l’égard des Trébuc une
conduite bien relevée. Mais deux mois d’absence suffisent à transformer les
pires sentiments, comme les meilleurs. Et mademoiselle Jeanne, tenant en
laisse la Choute qui sauta tout de suite aux jambes du concierge, aborda le
père Trébuc, près du kiosque à musique, avec son sourire le plus large, le
plus gracieux, le plus désarmant. Que n’avait-elle pas, en effet, d’inattendu
à apprendre au père Trébuc?
Les salutations à peine échangées, le père Trébuc crut qu’il ne pourrait
pas demeurer plus longtemps debout. Des yeux, il cherchait un banc,
comme s’il était près de défaillir. Mademoiselle Jeanne, sans détours, lui
disait:
—Vous ne savez pas, père Trébuc? Nous avons vu votre fille. Oui, avec
un vieux Monsieur très chic, dans une talbot tout ce qu’il y a de riche, au
moins une quarante hachepés de soixante mille que disait Monsieur
Marsouet.
Le père Trébuc était abasourdi.
—C’est Mademoiselle qui l’a reconnue, conta mademoiselle Jeanne, à
Deauville, le jour du grand prix. Elle était jolie comme tout, à ce qu’il
paraît, et chic, et tout! Même que Mademoiselle disait qu’elle avait été vite,
mademoiselle Mousseline.
Et mademoiselle Jeanne ajouta, baissant la voix par précaution:
—Voulez-vous que je vous dise? Mademoiselle était jalouse, parce que
Monsieur Marsouet disait comme ça que c’était un beau brin de fille, votre
fille, bien entendu.
Le père Trébuc souriait des yeux. Il se retint pour ne pas embrasser
mademoiselle Jeanne, une bonne fille, elle, tout de même, songeait-il.
Bonne fille, certes, qui n’était pas jalouse et qui oubliait les réprimandes
que le père Trébuc ne lui avait pas ménagées, à cause de ses frasques
nocturnes. Car elle lui dit encore:
—Dites, père Trébuc, si Mademoiselle Mousseline a besoin d’une
femme de chambre, vous me recommanderez à elle, pas? Vous savez, je
suis dévouée, et plus sérieuse que j’en ai l’air dans mon service. Et
j’aimerais mieux servir Mademoiselle Mousseline que Mademoiselle
Baquier, parce que, vous savez, Mademoiselle Baquier, entre nous, c’est
une belle vache.
Mais la Choute, tirant sur sa laisse, entraîna Mademoiselle Jeanne. Ainsi
le père Trébuc put-il dissimuler son émotion.
Il pensait que midi ne sonnerait jamais. Il avait hâte de porter
l’étourdissante nouvelle à sa femme. Mais quand il rentra, pour le déjeuner,
elle la connaissait aussi, par monsieur Marsouet, qui l’avait félicitée.
—Je m’offre un pernod, s’écria le père Trébuc.
Le père Trébuc, l’ayant jugé véritable, s’était fabriqué du pernod selon la
formule de son camarade. Tous les soirs, après la manille et le vermout-
cassis insignifiant, il s’en préparait un, chez lui, dévotement, comme
faisaient les amateurs, avant la guerre, dans tous les cafés de France.
Ce jour-là, par exception, le père Trébuc s’en prépara un à midi. Il était
trop ému.
L
LES bonnes nouvelles se répandent aussi promptement que les mauvaises.
Il ne fallut pas longtemps pour que tout le quartier de l’église Sainte-
Marie connût l’heureuse fortune de la petite Mousseline, fille du père
Trébuc, gardien du square des Batignolles, et de la mère Trébuc, concierge
rue Legendre, près du pont. L’intérêt des gens du quartier s’était porté sur
les Trébuc à cause du scandale du docteur Aubenaille. Il s’y fixa, plus
précis, à cause du succès prodigieux de la petite Mousseline. Car,
naturellement, le succès de Mousseline, grossi de bouche en bouche, devint
prodigieux. Naturellement aussi, au dire des gens, il ne surprit personne.
—Une si jolie fille!
—Si régulière!
—Si distinguée!
On estimait que la petite Mousseline ne méritait pas moins. On ne savait
pas au juste si elle était mariée ou si elle ne l’était pas. Mais, même pour
ceux qui ne supposaient pas qu’elle fût mariée, la fille des Trébuc récoltait,
enfin, après assez d’épreuves, les fruits légitimes de sa persévérance et de
son honnêteté.
—Ces Trébuc, disait-on seulement, comme ils sont cachottiers!
—Ce sont de braves gens, rectifiait un autre: des modestes, voilà tout,
qui ne veulent pas éblouir de leur bonheur le pauvre monde.
Déjà l’on expliquait de cette façon les allures plus dégagées, plus libres,
et voire parfois hardies, que le père Trébuc avait prises depuis quelque
temps. Et si un jaloux se montrait étonné ou que Mousseline ne vînt pas
chez ses parents ou que les Trébuc demeurassent concierges, on lui
répondait:
—Je vous répète qu’ils ont du tact. Mais, un jour, vous verrez, ils s’en
iront sans tambour ni trompette, pour aller vivre avec leur fille, et ils auront
des domestiques, et une auto, et tout le diable et son train.
A preuve, on citait le témoignage de mademoiselle Jeanne, femme de
chambre des Baquier, qui avait demandé de servir comme femme de
chambre chez mademoiselle Trébuc.
Le père Trébuc laissait dire. Des propos flatteurs lui revenaient aux
oreilles. On n’osait pas lui poser des questions trop directes, car il souriait
d’un air malin en regardant les gens. Il souriait, ce qui était un aveu délicat.
Au reste, chacun pouvait observer que, depuis le mois de juillet, le père
Trébuc paraissait moins vieux, moins voûté, plus allègre. Dans le petit café
du coin de la rue Boursault, où il buvait plus que de coutume, ne se
contentant pas comme autrefois de son classique vermout-cassis, qu’il
faisait suivre d’un picon-citron ou d’un deloso-suze, bien qu’il se préparât
en outre, chez lui, avant chaque repas, un solide pernod, il pérorait pour
toute la salle à l’occasion du moindre événement. Une telle attitude en
dévoilait plus que le père Trébuc n’en voulait avouer.
On ne parlait plus guère dans le quartier du scandale récent causé par
l’arrestation du docteur Aubenaille. Le succès de mademoiselle Trébuc
occupait davantage les esprits. Et il n’était presque personne qui rappelât ou
se rappelât que, six mois auparavant, la petite Trébuc avait disparu, de
manière assez mystérieuse, en compagnie d’un blanc-bec de violoniste.
Pour beaucoup, le père et la mère Trébuc cessèrent d’être le père Trébuc et
la mère Trébuc. Mademoiselle Jeanne fut l’une des premières à dire
désormais Monsieur Trébuc.
Le père Trébuc souriait. Évidemment, lorsqu’il était seul avec sa femme,
tête à tête dans la loge, et que, commentant la situation, qui était troublante,
il rêvait tout haut en dégustant son pernod, il se plaignait encore que
Mousseline continuât de ne pas donner signe de vie à ses parents. Mais ses
rêves l’emportaient, et il pensait que Mousseline préparait en secret un
grand coup, qu’elle ne reviendrait qu’au moment où tout serait prêt, et
qu’ils auraient alors, et enfin, le père et la mère Trébuc, qui avaient tant
souffert, leur revanche et leur récompense.
—Tu verras, disait-il, tu verras. Tu ne crois pas?
—Dame! répondait la mère Trébuc.
Elle ne demandait qu’à le croire, car il est bon de rêver.
Que sur ces entrefaites vînt à passer devant la loge monsieur Daix, le
mutilé du cinquième, avec la manche de son veston ballante:
—Non, mais, disait le père Trébuc sans baisser la voix, regarde-moi ce
nicodème!
Et, de son geste familier, il touchait, sans en avoir l’air, les trois
médailles qui paraient sa tunique, ou, s’il n’était pas en uniforme, la place
des trois médailles sur sa poitrine.

Você também pode gostar