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Problemas de Combinatória III

20 de Setembro de 2023

Exercı́cios de revisão

Exercı́cio 1. São dadas n gavetas e um inteiro Como há 15 somas de cinco números conse-
positivo m. Colocamos a1 objetos na 1a gaveta, cutivos, a média aritmética dessas somas vale
40·15
a2 objetos na 2a gaveta, . . . , an objetos na na 15
= 40. Portanto, um argumento seme-
gaveta. Se lhante ao da demonstração do exercı́cio ante-
a1 + a2 + . . . + an rior garante que ao menos uma dessas 15 somas
> m, é maior ou igual a 40.
n
prove que ao menos uma das gavetas conterá, Exercı́cio 3 (Índia). Prove que, para todo in-
no mı́nimo, m + 1 objetos. teiro n ≥ 6, todo quadrado pode ser particio-
Prova. Se a1 ≤ m, a2 ≤ m, . . . , an ≤ m, nado em n outros quadrados.
então
a1 + a2 + . . . + an n·m Prova. Inicialmente, afirmamos que se um
≤ = m. quadrado puder ser particionado em k outros
n n
quadrados, então ele também poderá ser parti-
Mas esse não é o caso. cionado em k + 3 quadrados. De fato, partindo
Exercı́cio 2. Os números de 1 a 15 são de um quadrado qualquer, divida-o em quatro
distribuı́dos, aleatoriamente, ao redor de um quadrados menores; em seguida, particione um
cı́rculo. Mostre que é sempre possı́vel achar desses quatro quadrados menores em k outros
cinco números consecutivos cuja soma seja quadrados, obtendo uma partição do quadrado
maior ou igual a 40. original em 4 − 1 + k = k + 3 quadrados.
Para terminar, é suficiente mostrar como
Prova. Como cada número é parcela de cinco particionar um quadrado qualquer em 6, 7 e 8
somas de cinco números consecutivos, a soma quadrados (pois aı́, o argumento do parágrafo
total das possı́veis somas de cinco números con- anterior assegurará que o quadrado também
secutivos é igual a pode ser particionado em 6 + 3 = 9, 7 + 3 = 10
(1 + 15) · 15 e 8 + 3 = 11 quadrados, logo, também em
· 5 = 40 · 15. 9 + 3 = 12, 10 + 3 = 13, 11 + 3 = 14, etc.
2
1
O raciocı́nio do primeiro parágrafo resolve o discriminante passa de b2 − 4ac para
o caso de 7 quadrados: como sabemos parti-
cionar um quadrado em 4 quadrados, também (2at + b)2 − 4a(at2 + bt + c) =
2
sabemos particioná-lo em 4 + 3 = 7 quadrados. =4a t2 + X X + b2 − 
4abt
X 4a2
t2 − X X − 4ac
4abt
X
Para particionar um quadrado em 6 outros, 2
= b − 4ac,
comece particionando o quadrado em 32 = 9
quadradinhos iguais; em seguida, escolha 22 = logo, também não muda.
4 desses quadradinhos, de modo a formar um Dessa forma, o discriminante do trinômio é
quadrado maior, contido no quadrado original um invariante para as operações descritas. No
e tendo um canto em comum com o mesmo. entanto, x2 − x − 1 tem discriminante 5, en-
Restarão 9 − 4 = 5 quadradinhos, de forma quanto x2 +3x−1 tem discriminante 13. Então,
que o quadrado original ficou particionado em não existe uma sequência de operações que leve
1 + 5 = 6 outros quadrados. um trinômio no outro.
O método para particionar um quadrado
em 8 outros é semelhante: começamos parti- Exercı́cio 5. Prove, por argumentos de conta-
cionando o quadrado em 42 = 16 quadradinhos gem, que, para todo inteiro positivo n, tem-se
iguais; em seguida, escolhemos 32 = 9 desses      
n n n
 
n
quadradinhos, de modo a formar um quadrado + + + ... + = 2n .
0 1 2 n
maior, contido no quadrado original e tendo
um canto em comum com o mesmo. Restarão Prova. Calculemos o número de subconjuntos
16 − 9 = 7 quadradinhos, de forma que o qua- do conjunto {1, 2, . . . , n} de duas maneiras dis-
drado original ficou particionado em 1 + 7 = 8 tintas (esse tipo de estratégia é conhecido como
outros quadrados. contagem dupla).
Primeiramente, para formar um subcon-
Exercı́cio 4 (URSS). Inicialmente, o profes- junto de {1, 2, . . . , n}, temos de decidir se cada
sor escreve na lousa um trinômio de segundo elemento pertence ou não pertence ao subcon-
grau. Em um instante posterior qualquer, junto. Então, o princı́pio multiplicativo dá
uma operação permitida consiste em apagar o
trinômio escrito na lousa, digamos ax2 +bx+c, 2| · 2 ·{z. . . · 2} = 2n
trocando-o ou pelo trinômio cx2 + bx + a (caso n fatores
c ̸= 0) ou por um trinômio da forma a(x +
t)2 + b(x + t) + c, com t ∈ R escolhido ao possibilidades para o subconjunto.
acaso. Se o trinômio inicialmente escrito na Por outro lado, para cada inteiro 0 ≤ k ≤ n,
lousa era x2 − x − 1, existe alguma sequência sabemos que há nk maneiras de escolherk ele-
de operações que faça aparecer, na lousa, o mentos de {1, 2, . . . , n}; portanto, há nk sub-
trinômio x2 + 3x − 1? Justifique sua resposta! conjuntos de {1, 2, . . . , n} com k elementos.
Dessa forma, o número total de subcon-
Prova. Trocando ax2 + bx + c por cx2 + bx + a, juntos
n
 de
n
 {1,n2, . . . , n} também
n
 é igual à soma
o discriminante passa de b2 − 4ac para b2 − 4ca, 0
+ 1 + 2 + ... + n .
ou seja, não muda. Trocando ax2 + bx + c por Pn Concluı́mos, assim, que tanto 2n quanto
n

a(x + t)2 + b(x + t) + c, isto é, por k=0 k contam o número de subconjuntos de
{1, 2, . . . , n}, de modo que esses dois números
ax2 + (2at + b)x + (at2 + bt + c), são iguais.

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Problemas propostos

Problema 1. Prove que, para todo inteiro positivo n, tem-se


   2  2  2  2
2n n n n n
= + + + ... + .
n 0 1 2 n
Problema 2 (IME). Um comandante de companhia convocou voluntários para formar 11 patrulhas.
Todas as patrulhas eram formadas por um mesmo número de homens. Por outro lado, cada homem
participava de exatamente duas patrulhas e cada duas patrulhas tinham exatamente um homem em
comum. Calcule o número de voluntários e o de integrantes de cada patrulha.
Problema 3 (Hungria). Prove que é impossı́vel distribuir os números 1, 2, 3, . . . , 13 ao redor
de um cı́rculo de modo tal que, para dois números vizinhos quaisquer x e y, sempre tenhamos
3 ≤ |x − y| ≤ 5.
Problema 4 (Cone Sul). Inicialmente, temos os números 1, 2, 3, . . . , 100 escritos em uma lousa.
Uma operação permitida é apagar quaisquer dois números a e b, escrevendo o número a + b + ab
em seu lugar (de modo que tenhamos, agora, um número a menos na lousa). Se tal operação for
repetida 99 vezes, prove que, quando restar um só número na lousa, esse número não dependerá da
ordem em que as operações tiverem sido realizadas.
Problema 5 (Irã). Seja A um conjunto de 33 números naturais, cada um dos quais com todos os
seus fatores primos dentre os primos 2, 3, 5, 7, 11. Prove que existem dois elementos distintos x e
y de A tais que xy é um quadrado perfeito.
Problema 6 (Bulgária). Há 2000 bolas brancas em uma caixa. Há, ainda, um número suficiente
de bolas brancas, verdes e vermelhas fora da caixa. As seguintes operações são permitidas com as
bolas da caixa:
(a) Trocar duas bolas brancas por uma bola verde.
(b) Trocas duas bolas vermelhas por uma bola verde.
(c) Trocas duas bolas verdes por uma branca e uma vermelha.
(d) Trocar uma bola branca e uma verde por uma vermelha.
(e) Trocar uma bola verde e uma vermelha por uma branca.
Se, após uma quantidade finita de operações, restaram três bolas na caixa, prove que ao menos uma
delas é verde. Existe um número finito de operações que deixe somente uma bola na caixa?
Problema 7 (Leningrado). Cada casa de um tabuleiro 5 × 41 é pintada de vermelho ou azul. Prove
que é possı́vel escolhermos 3 linhas e 3 colunas do tabuleiro de tal modo que as 9 casas de interseção
tenham uma mesma cor.
Problema 8 (teorema de Turán – caso particular). Temos 2n pontos no plano, n > 1, tais que
não há três pontos colineares. Prove que, se traçarmos ao menos n2 + 1 segmentos ligando pares
desses pontos, então sempre formaremos um triângulo.

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Soluções dos problemas propostos

Problema 1. Prove que, para todo inteiro positivo n, tem-se


   2  2  2  2
2n n n n n
= + + + ... + .
n 0 1 2 n
Solução. Considere um grupo de 2n pessoas, sendo n homens e n mulheres, e calculemos, de duas
maneiras distintas, quantos são os modos de escolher exatamente n das 2n pessoas.
Por um lado, a resposta obviamente é 2nn
(pois esse é o número de maneiras de escolher n das
2n pessoas).
Por outro lado, dado um inteiro 0 ≤ k ≤ n, há nk maneiras de escolher k homens e n−k n
 

maneiras de escolher n − k mulheres. Portanto, pelo princı́pio multiplicativo, podemos escolher


simultaneamente k homens e n − k mulheres de exatamente nk n−k n

maneiras. Adicionando tais
possibilidades quando k varia de 0 a n, obtemos a soma
n    X n  2
X n n n
=
k=0
k n−k k=0
k

como resposta alternativa para o problema de contagem acima, onde usamos, na última igualdade,
n n

o fato de que k = n−k .
Então, por contagem dupla, concluı́mos que a igualdade do enunciado realmente ocorre.
Problema 2 (IME). Um comandante de companhia convocou voluntários para formar 11 patrulhas.
Todas as patrulhas eram formadas por um mesmo número de homens. Por outro lado, cada homem
participava de exatamente duas patrulhas e cada duas patrulhas tinham exatamente um homem em
comum. Calcule o número de voluntários e o de integrantes de cada patrulha.
Prova. Sejam P1 , P2 , . . . , P11 as patrulhas e h1 , h2 , . . . , hn os homens.
A frase “cada homem participava de exatamente duas patrulhas e cada duas patrulhas tinham
exatamente um  homem em comum” garante que há tantos homens quantos pares de patrulhas, isto
11
é, que n = 2 = 55.
Agora, ligue hi a Pj por um segmento se hi for um dos integrantes da patrulha Pj . Como há n
homens e cada homem participa de exatamente duas patrulhas, um total de 2n = 110 segmentos
parte de {h1 , h2 , . . . , hn } para {P1 , P2 , . . . , P11 }.
Por outro lado, se k é o número de integrantes de cada patrulha, então exatamente 11k segmentos
chegam em {P1 , P2 , . . . , P11 }. Dessa forma, 11k = 110, logo, k = 10.
Problema 3 (Hungria). Prove que é impossı́vel distribuir os números 1, 2, 3, . . . , 13 ao redor
de um cı́rculo de modo tal que, para dois números vizinhos quaisquer x e y, sempre tenhamos
3 ≤ |x − y| ≤ 5.
Prova. Suponha, por absurdo, que haja uma maneira de distribuir os números ao redor do cı́rculo
satisfazendo a condição do enunciado. Ligando dois números x e y por um segmento se, e só se, x

4
e y forem vizinhos no cı́rculo, obtemos um grafo com 13 vértices e 13 segmentos, no qual cada um
dos vértices tem grau 2.
Agora, considere os conjuntos de vértices A = {1, 2, 3, 4, 10, 11, 12, 13} e B = {5, 6, 7, 8, 9}.
Como 10 = 4 > 5, pela condição do enunciado, podemos ter no máximo dois segmentos ligando
pares de elementos de A: um ligando 1 e 4 e outro ligando 10 e 13.
Portanto, os segmentos que partem de 1, 2, 11 e 12 vão para B, assim como pelo menos um
segmento que parte de 1, 4, 10 e 13. Isso dá pelo menos 4 · 2 + 4 · 1 = 12 segmentos ligando elementos
de A a elementos de B.
Mas, como B tem cinco elementos, o princı́pio da casa dos pombos garante que ao menos um
desses cinco elementos deve recebe pelo menos três segmentos, o que é um absurdo.
Problema 4. Inicialmente, temos os números 1, 2, 3, . . . , 100 escritos em uma lousa. Uma
operação permitida é apagar quaisquer dois números a e b, escrevendo o número a + b + ab em seu
lugar (de modo que tenhamos, agora, um número a menos na lousa). Se tal operação for repetida
99 vezes, prove que, quando restar um só número na lousa, esse número não dependerá da ordem
em que as operações tiverem sido realizadas.
Prova. Inicialmente, observe que a + b + ab + 1 = (a + 1)(b + 1).
Portanto, se, em um certo instante, os números escritos na lousa forem x1 , x2 , . . . , xk , então,
apagando x1 e x2 e escrevendo a = x1 +x2 +x1 x2 no lugar deles, a expressão (x1 +1)(x2 +1) . . . (xk +1)
muda para

(a + 1)(x3 + 1) . . . (xk + 1) = (x1 + x2 + x1 x2 + 1)(x3 + 1) . . . (xk + 1)


= (x1 + 1)(x2 + 1)(x3 + 1) . . . (xk + 1).

Assim, a expressão (x1 + 1)(x2 + 1) . . . (xk + 1) é um invariante para as operações descritas.


De inı́cio, o valor dessa expressão era (1 + 1)(2 + 1) . . . (100 + 1) = 101!; portanto, sendo x o
número escrito na lousa após 99 operações, temos x + 1 = 101!, logo, x = 101! − 1.
Problema 5 (Irã). Seja A um conjunto de 33 números naturais, cada um dos quais com todos os
seus fatores primos dentre os primos 2, 3, 5, 7, 11. Prove que existem dois elementos distintos x e
y de A tais que xy é um quadrado perfeito.
Prova. Cada elemento de A é da forma 2α1 3α2 5α3 7α4 11α5 . Por outro lado, como cada αi é par ou
ı́mpar, há exatamente 25 = 32 possibilidades para a sequência das paridades de (α1 , α2 , α3 , α4 , α5 ).
Como |A| = 33, segue do princı́pio da casa dos pombos que existem ao menos dois elementos

x = 2α1 3α2 5α3 7α4 11α5 e y = 2β1 3β2 5β3 7β4 11β5

de A tais que αi e βi têm paridades iguais, para 1 ≤ i ≤ 5. Então, αi + βi é par para 1 ≤ i ≤ 5, de


modo que xy é quadrado perfeito.
Problema 6 (Bulgária). Há 2000 bolas brancas em uma caixa. Há, ainda, um número suficiente
de bolas brancas, verdes e vermelhas fora da caixa. As seguintes operações são permitidas com as
bolas da caixa:

5
(a) Trocar duas bolas brancas por uma bola verde.

(b) Trocas duas bolas vermelhas por uma bola verde.

(c) Trocas duas bolas verdes por uma branca e uma vermelha.

(d) Trocar uma bola branca e uma verde por uma vermelha.

(e) Trocar uma bola verde e uma vermelha por uma branca.

Se, após uma quantidade finita de operações, restaram três bolas na caixa, prove que ao menos uma
delas é verde. Existe um número finito de operações que deixe somente uma bola na caixa?

Prova. Suponha que, em um dado momento, tenhamos x bolas brancas, y bolas verdes e z bolas
vermelhas na caixa. Analisemos como se comporta a quantidade x + 2y + 3z quando fazemos uma
das operações permitidas:

• (a): x + 2y + 3z não muda;

• (b): x + 2y + 3z muda para x + 2(y + 1) + 3(z − 2) = x + 2y + 3z − 4;

• (c): x + 2y + 3z muda para (x + 1) + 2(y − 2) + 3(z + 1) = x + 2y + 3z;

• (d): x + 2y + 3z muda para (x − 1) + 2(y − 1) + 3(z + 1) = x + 2y + 3z;

• (e): x + 2y + 3z muda para (x + 1) + 2(y − 1) + 3(z − 1) = x + 2y + 3z − 4.

De acordo com a análise acima, o resto da divisão de x + 2y + 3z por 4 é um invariante para as


operações. Como, inicialmente, temos x = 2000 e y = z = 0, segue que x + 2y + 3z é sempre um
múltiplo de 4.
Note agora que, com somente três bolas na caixa, temos x + y + z = 3 e x + 2y + 3z = 4k, para
algum k ∈ N. Se y = 0, então x + z = 3 e x + 3z = 4k; mas, aı́, 4k = x + 3z = x + 3(3 − x) = 9 − 2x,
um absurdo.
Por outro lado, se em algum momento tivermos uma só bola na caixa, teremos x + y + z = 1 e
x + 2y + 3z = 4k, o que também gera, claramente, uma contradição.

Problema 7 (Leningrado). Cada casa de um tabuleiro 5 × 41 é pintada de vermelho ou azul. Prove


que é possı́vel escolhermos 3 linhas e 3 colunas do tabuleiro de tal modo que as 9 casas de interseção
tenham uma mesma cor.

Prova. Como usamos somente duas cores, o princı́pio da casa dos pombos implica que, em cada
coluna (de 5 casas), uma das cores deve ocorrer ao menos três vezes. Para cada uma das 41 colunas,
anote a cor predominante na mesma.
Como uma, dentre duas cores, predomina em cada uma das 41 colunas, o princı́pio da casa dos
pombos garante que uma das duas cores predomina em pelo menos 21 colunas. Podemos supor que
essa cor predominante em pelo menos 21 colunas seja a vermelha.

6
Escolha 21 colunas predominantemente vermelhas e despreze as demais. Agora, em cada uma
das 21 colunas vermelhas escolhidas, selecione três das casas vermelhas e despreze as outras duas
casas (mesmo que
 alguma delas também seja vermelha).
5
Como há 2 = 10 possı́veis modos de escolhermos 3 das 5 casas de uma colunae ficamos com
21−1

21 colunas, segue novamente pelo princı́pio da casa dos pombos que, em ao menos 10 + 1 = 3
colunas, as casas vermelhas escolhidas ocupam exatamente as mesmas posições. Então, temos ao
menos 3 colunas tais que as casas dessas colunas situadas em um mesmo conjunto de 3 linhas são
todas vermelhas, o que nos dá a conclusão do problema.

Problema 8 (teorema de Turán – caso particular). Temos 2n pontos no plano, n > 1, tais que
não há três pontos colineares. Prove que, se traçarmos ao menos n2 + 1 segmentos ligando pares
desses pontos, então sempre formaremos um triângulo.

Prova. Façamos indução sobre n ≥ 2.


Se n = 2, temos 4 pontos (semque haja 3 colineares) e 22 + 1 = 5 segmentos ligando dois deles.
Como os 4 pontos determinam 42 = 6 segmentos, o que temos é que um desses 6 segmentos não
foi traçado. Mas aı́, sendo A, B, C e D os pontos e supondo que CD não foi traçado, é claro que
os segmentos traçados formam os triângulos ABC e ABD.
Suponha, por hipótese de indução, que, sempre que tivermos 2k pontos, k > 1 (sem que haja 3
colineares) e traçarmos pelo menos k 2 + 1 segmentos entre eles, formaremos um triângulo.
Tome 2(k + 1) = 2k + 2 pontos (sem que haja 3 colineares) e traçe pelo menos (k + 1)2 + 1
segmentos entre eles. Sejam A e B dois desses pontos, tais que AB é um dos (k + 1)2 + 1 segmentos
traçados. Há dois casos a considerar:

(i) Foram traçados ao menos 2(k + 1) − 1 = 2k + 1 segmentos partindo de A ou de B para os


2(k + 1) − 2 = 2k pontos restantes: como 2k + 1 dos segmentos traçados chegam em 2k pontos,
o princı́pio da casa dos pombos garante que ao menos ponto, digamos C, recebe pelo menos dois
desses segmentos. Então, C recebe um segmento de A e outro de B, logo, ABC é um triângulo
formado por três dos segmentos traçados.

(ii) No máximo 2(k + 1) − 2 = 2k dos segmentos traçados partem de A ou de B para os 2k pontos


restantes: então (lembrando de descontar o segmento AB), concluı́mos que pelo menos

((k + 1)2 + 1) − (2k + 1) = k 2 + 1

dos segmentos traçados ligam dois dos 2k pontos restantes (os 2k + 2 pontos originais, exceto A e
B). Pela hipótese de indução, os segmentos traçados entre esses 2k pontos formarão pelo menos
um triângulo.

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