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Universidade Federal de Campina Grande

Centro de Ciências e Tecnologias


Unidade Acadêmica de Matemática
Perı́odo: 2020.1

ESTRUTURAS ALGÉBRICAS
Notas de Aula

Aula 4 - Subconjuntos Fechados e Monoides

1 Subconjuntos Fechados

Definição 1. Sejam ∗ uma operação em um conjunto E e A um subconjunto não vazio de E.


Dizemos que A é fechado em relação a ∗ se para quaisquer a1 , a2 ∈ A, temos a1 ∗ a2 ∈ A.

Exemplo 2. O subconjunto R+ = {x ∈ R; x ≥ 0} dos números reais positivos é um subconjunto


de R fechado para a multiplicação usual de R.

Exemplo 3. O conjunto Z− = {x ∈ Z; x ≤ 0} é fechado para a soma usual de Z, porém não é


fechado para a multiplicação, pois −2, −3 ∈ Z− , porém

(−2)(−3) = 6 ∈
/ Z− .

Exemplo 4. Seja P = {n ∈ N; n é par}. Temos que P é fechado para a soma e a multiplicação


usual em N. De fato, sejam n, m ∈ P , então n = 2k e m = 2q, com k, p ∈ N. Temos,

n + m = 2k + 2q = 2(k + q) ∈ P.

n · m = (2k)(2q) = 2(2kq) ∈ P.

O conjunto I = {n ∈ N; n é impar} é fechado para multiplicação, porém não é fechado para


a soma usual em N. De fato, sejam n = 2k + 1, m = 2q + 1 ∈ I, então

n · m = (2k + 1)(2q + 1) = 4kq + 2k + 2q + 1 = 2(2kq + k + q) + 1 ∈ I.

Porém,
n + m = (2k + 1) + (2q + 1) = 2(k + q + 1) ∈
/ I.

Professora: Itailma Rocha


Universidade Federal de Campina Grande
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Perı́odo: 2020.1

Exemplo 5. O conjunto D2 (R) das matrizes diagonais do tipo 2 × 2 é umsubconjunto


  fechado

a 0 b 0
de M2 (R) para a soma e multiplicação usual em M2 (R). De fato, sejam  , ∈
0 a0 0 b0

D2 (R), então      
a 0 b 0 a+b 0
 + =  ∈ D2 (R).
0 a0 0 b0 0 a0 + b0
     
a 0 b 0 ab 0
 · =  ∈ D2 (R).
0 a0 0 b0 0 a0 b0

Exemplo 6. O conjunto
  GL
 2 (R) dasmatrizes 2×2 inversı́veis não é fechado para o soma usual
1 0 −1 0
em M2 (R), pois  ,  ∈ GL2 (R), mas
0 1 0 −1
     
1 0 −1 0 0 0
 + = ∈/ GL2 (R).
0 1 0 −1 0 0

Considerando o produto usual em M2 (R), então GL2 (R) é um subconjunto fechado, pois para
A, B ∈ GL2 (R), temos det(A) 6= 0 e det(B) 6= 0, então det(AB) = det(A)det(B) 6= 0. Logo,
AB ∈ GL2 (R).

Exemplo 7. Se ∗ é uma operação associativa em E, então R(E, ∗) é fechado em relação a ∗.


Além disso, se ∗ tem elemento neutro, então U(E, ∗) é fechado com relação a ∗.

Exemplo 8. Seja ∗ uma operação em um conjunto E, então E é fechado com relação a ∗. Se


A1 , A2 ⊆ E são subconjuntos fechados em relação a ∗ e A1 ∩ A2 6= φ, então A1 ∩ A2 também
é fechado em relação a ∗. De fato, sejam x, y ∈ A1 ∩ A2 , então x, y ∈ A1 e x, y ∈ A2 . Como
A1 e A2 são fechados com relação a ∗, então x ∗ y ∈ A1 e x ∗ y ∈ A2 . Logo, x ∗ y ∈ A1 ∩ A2 .
Portanto, A1 ∩ A2 é fechado com relação a ∗.

1.1 Monoides

Definição 9. Seja M um conjunto não vazio e ∗ uma operação em M . Dizemos que o par
(M, ∗) é um monoide se ∗ é associativa e possui elemento neutro.

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Dizemos que um monoide (M, ∗) é comutativo se ∗ é comutativa.

Exemplo 10. (Z, +), (Q, +), (R, +), (C, +), (Z, ·), (Q, ·), (R, ·), (C, ·) são monoides comutativos.

Exemplo 11. Sejam A um conjunto não vazio e F(A) o conjunto das funções de A em A.
Considere a operação ◦ de composição, então (F, ◦) é um monoide (não comutativo).

Exemplo 12. Se A = {x ∈ Z; x ≥ 1}. Então a soma usual está bem definida em A. Observe
que (A, +) não é um monoide, pois ∗ não possui elemento neutro.

Definição 13. Seja (M, ∗) um monoide. Dizemos que um subconjunto N de M é um submo-


noide de (M, ∗) se:

(i) e ∈ N , onde e é o elemento neutro de (M, ∗),

(ii) N é fechado em relação a ∗.

Exemplo 14. O conjunto  M2 (R) com a multiplicação


 usual de matrizes é um monoide. O
 x 0 
subconjunto D2 (R) =   ; x, y ∈ R das matrizes diagonais é fechada para a multi-
 0 y 
 
1 0
plicação de M2 (R). Além disso, a matriz identidade I2 =   ∈ D2 (R). Logo, D2 (R) é um
0 1
submonoide de M2 (R).

Exemplo 15. Considere o monoide (F(R), ◦). O subconjunto B = {f ∈ F(R); f (0) = 0} é um


submonoide de (F(R), ◦). De fato, sejam f, g ∈ B, então (f ◦ g)(0) = f (g(0)) = f (0) = 0. Logo,
f ◦ g ∈ B. Além disso, o elemento neutro de (F(R), ◦) é a aplicação identidade que satisfaz
Id(0) = 0. Logo, Id ∈ B. Portanto, B é um submonoide de (F(R), ◦).

Exemplo 16. Se (M, ∗) é um monoide, então U(M, ∗) é um submonoide.

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Observação 17. Se (N, ∗) é um submonoide de um monoide (M, ∗), então (N, ∗) também é
um monoide. Porém, nem todo subconjunto de (M, ∗) que tem estrutura de monoide com a
operação ∗ é um submonoide de M .

Por exemplo,
 o conjunto
 M2 (R)  com a multiplicação usual de matrizes é um monoide. Ob-
 x 0 
serve que A =   ; x ∈ R é um subconjunto fechado de M2 (R), mas (A, ·) não é um
 0 0 
submonoide de (M2 (R),·) poisnão contem o elemento neutro de (M2 (R), ·). Porém, (A, ·) é um
1 0
monoide, uma vez que   é o elemento neutro de (A, ·).
0 0

Referências:

• DOMINGUES, Hygino H. e YEZZI, Gelson. Álgebra Moderna. 4 edição reformulada., São


Paulo: Atual, 2003.

• VIEIRA, Vandenberg L, Álgebra Abstrata para Licenciatura, 2 edição, Campina Grande:


uduepb, 2015.

Professora: Itailma Rocha

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