Você está na página 1de 2

ESDS 2010

Portugus

12 ano

Nov.

Sntese sobre a poesia de Ricardo Reis

Na poesia de Ricardo Reis h um sentimento da fugacidade da vida, mas ao mesmo tempo uma grande serenidade na aceitao da relatividade das coisas e da misria da vida; A vida efmera e o futuro imprevisvel. Amanh no existe, diz o poeta. Estas certezas levam-no a estabelecer uma filosofia de vida de inspirao horaciana e epicurista, capaz de conduzir o homem numa existncia sem inquietaes nem angstias; Reconhecendo a fraqueza humana e a inevitabilidade da morte, Reis procura uma forma de viver com o mnimo de sofrimento. Por isso, defende um esforo lcido e disciplinado para obter um sentimento de calma; Na linha do poeta latino Horcio, Reis considera importante o carpe diem, o aproveitar o momento, o prazer do instante; Sendo um epicurista, o poeta advoga a procura do prazer sabiamente gerido, com moderao e afastado da dor. Para isso, necessrio encontrar a ataraxia, a tranquilidade capaz de evitar qualquer perturbao. O ser humano deve ordenar a sua conduta de forma a viver feliz, procurando o que lhe agrada. A obra de Ricardo Reis apresenta um epicurismo triste, uma vez que busca o prazer relativo, uma verdadeira iluso da felicidade, por saber que tudo transitrio; A apatia, ou seja, a indiferena, constitui o ideal tico pois, de acordo com o poeta, h necessidade de saber viver com calma e tranquilidade, abstendo-se de esforos inteis para obter uma glria ou virtude que nada acrescentam vida; Prximo de Caeiro, h na sua obra uma busca pela urea mediocritas, pelo sossego do campo, pelo fascnio da natureza onde busca uma felicidade relativa; Discpulo de Alberto Caeiro, Ricardo Reis refugia-se na aparente felicidade pag, que lhe atenua o desassossego. Procura alcanar a quietude e a perfeio dos deuses, desenhando um novo mundo sua medida, que se encontra por detrs das aparncias;

A Professora Isabel Gaspar

ESDS 2010

Portugus

12 ano

Nov.

Afirma uma crena nos deuses e nas presenas quase divinas que habitam todas as coisas. Afirma que os homens se devem considerar deidades exiladas com direito a vida prpria, com direito a vida prpria; Considera que estando o destino calmo e inexorvel acima dos prprios deuses, temos necessidade do autodomnio, de nos portarmos altivamente2 como donos de ns-mesmos, construindo o nosso fado voluntrio. Devemos procurar, voluntariamente, submetermo-nos, ainda que s possamos ter a iluso da liberdade; Pago por carcter e pela formao helnica e latina, h na sua poesia uma actualizao do estoicismo e do epicurismo, juntamente com uma postura tica e um constante dilogo entre o passado e o presente. In Preparao para o exame nacional (com adaptaes)

A Professora Isabel Gaspar

Você também pode gostar