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Sábado, 15 de Novembro de 2008.

Ator de ‘Twilight’, Robert Pattinson [Parte 2]

Nós retornamos à segunda parte de nossa entrevista com Robert Pattinson. Aqui, ele e
eu continuamos a discutir Twilight, tocamos na angústia adolescente perpétua de
Edward e na dimensão totalmente-não-okay que a idade real de Edward traz ao seu
relacionamento com Bella, e nós discutimos seu próximo filme independente a ser
lançado, Little Ashes, no qual ele interpreta um jovem Salvador Dali. Aprecie esse
pedaço.

Bem, falando na sua interpretação do papel, parece que você está tirando muita
coisa do Midnight Sun, mas ao mesmo tempo, eu imagino que você também está
tirando de Twilight, porque claramente Bella não o vê [Edward] da mesma
maneira que ele se vê. Sim, Quero dizer, para ser honesto, eu só peguei o Midnight Sun
lá por uns dois terços do período de filmagens. Eu já tinha – mas quando você lê
Twilight, Edward parece que – quero dizer, a menos que você queira interpretá-lo como
um boneco de papelão, e só posar em cada cena, parece um personagem quase
impossível de interpretar. Quero dizer, Bella simplesmente se recusa a ver qualquer
defeito nele, e como o livro é da perspectiva dela, não há nenhum defeito. Ele não tem
nenhum defeito no livro. Nenhum. Porque ela não os vê. E é simplesmente impossível
interpretar isso, porque não é um personagem real. E todo mundo que lê o livro
obviamente meio que tem sua própria interpretação disso, e porque ele é tão enigmático,
eu acho, as pessoas o vêem do jeito que elas querem que ele seja. Mas eu não sei, eu
acho que também fiquei pensando, o tempo todo, se uma garota realmente ama você
esse tanto, e no coração da questão, você não vai se comprometer com ela, então isso o
enfraquece bastante. Você nunca estará plenamente satisfeito... de várias maneiras,
obviamente.

[ri] Mas eu estava falando com Stephenie Meyer sobre isso, dizendo, “O cara deve ser
um depressivo crônico”, e ela ficava dizendo, “Não, ele não é, ele não é, ele não é.”
[pausa] Mas eu ainda digo que ele é. [ri].

Essa seria uma maneira interessante de ver as coisas. Quero dizer, não é bem
depressivo, mas só esse tipo de solidão. Quero dizer, quando você o vê na escola, ele
não fala com ninguém de verdade. Ele deve ficar entediado depois de um tempo, só
saindo com as mesmas quatro pessoas na sua vida.

Então não depressivo, só perpetuamente angustiado? Sim, um tipo angustiado! [ri]


Eu não sei, essa é outra coisa, porque eu estava tentando estabelecer se ele ficaria com a
mentalidade de uma pessoa de dezessete anos, e eu acho que foi isso que ele fez. Você
pode ter quantas experiências você quiser, mas se você ainda está na mente de um
adolescente de dezessete anos, deve ser muito frustrante. Ou ter o mundo vendo você
como uma criança quando você não é mais uma. Esse tipo de coisa. Eu acho que muito
de como as pessoas amadurecem é o resto do mundo tratando você como uma pessoa
mais velha, não só viver um tempo longo.

Bem, eu acho que se ele tivesse amadurecido muito além de dezessete anos, então a
história de amor principal teria uma dimensão inteiramente diferente [ri]. Oh, sim,
definitivamente. Isso seria repugnante! [ri] Quero dizer, isso é meio como eu vi – isso é
bem nojento! Quero dizer, ao mesmo tempo, a maneira que eu meio que vi isso é que
ele está entretido, de um jeito, por isso. Porque ele sabe que essencialmente ainda tem
dezessete anos, na maioria das coisas, e ao mesmo tempo, ele não é. Então é meio
engraçado que ele se apaixone pela garota que senta do lado dele na sua aula de
Biologia do Ensino Médio – [ri]. E é meio interessante que eles acabem tendo um
relacionamento adolescente convencional de várias maneiras. Como namorar e tal.

Sim. Algum deles traz isso à tona no filme ou nos livros? Como, “Tecnicamente, eu
sou 103 anos mais velho que você”?
Eu não consigo me lembrar se eles trazem isso à tona no livro... eu não sei. Quero dizer,
eu tentei incorporar algo desse tipo. E quando ela está meio que ficando furiosa com ele,
ou dando conselhos a ele, e tipo – [ri] É meio como, “....Oh, cale a boca!” [risadas].
Mas ele não diz isso, de verdade, sim.

No coração da série, os dois estão essencialmente cantando um dueto, por assim


dizer, então a maneira como um personagem é retratado seria extremamente
influenciada pelo outro, certo? Como Kristen Stewart escolheu representar Bella?
Bem, isso meio que mudou completamente a minha idéia disso, porque eu realmente
não tinha idéia de como interpretar o personagem. Quero dizer, ele é tão forte e tipo
onisciente no livro que é muito difícil... é esse tipo de dificuldade de representar essa
aura desse cara que está em todos os lugares o tempo todo e consegue fazer qualquer
coisa. Mas quando eu conheci Kristen eu fiz os testes de cena com ela, e ela é muito
forte. É uma coisa natural; ela não o tipo ‘donzela em perigo’ de jeito nenhum. Então só
ler [o roteiro] sem comparar isso de maneira nenhuma, meio que me fez entender o tipo
de equilíbrio que Edward tem com ela, não podem ter esse relacionamento e todas essas
frustrações que ele tem ao lado dele. Isso fez a interpretação mais fácil. Faz muito mais
sentido, quando o relacionamento é com alguém em quem você pode se apoiar, e a
garota é muito mais forte que a maioria – quero dizer, eu acho que isso foi o que mudou.
Quero dizer, eu realmente não esperava que a garota que estava interpretando Bella
fosse assim tão forte quando eu entrei.

Okay, eu, na verdade, queria lhe perguntar sobre outro papel, em Little Ashes, em
que você interpreta Salvador Dali. Como você ficou familiar com esse assunto?
Bem, eu estava atado a isso por, eu acho, uns dois anos, e eu ia inicialmente interpretar
[Federico] García Lorca. E de alguma maneira... Eu não sei o que aconteceu. Eles me
pediram para ler Dali, e isso foi depois de um ano que eu – levou séculos para esse
filme ser feito. Era um script muito interessante, e depois de um ano em que estava
sendo cotado para Lorca, eu li Dali, e mais ou menos um ano depois disso eles de
repente disseram, “Oh, nós conseguimos dinheiro, estamos fazendo o filme na Espanha,
e começa em quatro dias!” [ri] Então eu vim e pensei que poderia ser divertido – quero
dizer, você conhece as coisas que Dali faz, meio malucas – e eu achei que seria bem
divertido fazer isso. E eu fui para Barcelona filmar, e eu estava ensaiando com um cara
que ia na verdade interpretar Lorca, que é um espanhol que não sabia falar Inglês, e
praticamente todo o elenco era espanhol. Eu acho que nós tínhamos um inglês no
elenco. E eu não sei falar espanhol.

Oh não! [ri] Eu não consegui falar com ninguém o tempo inteiro. E então eu só me
ocupei com essa coisa de Dali. Eu só li e li e li, e foi um dos trabalhos mais satisfatórios
que eu já fiz, porque foi a única vez que eu não tive nenhuma distração. Isso mudou
realmente minha atitude em relação a atuar. E foi um filme minúsculo, minúsculo, em
que – [ri] eu não acho que alguém algum dia irá vê-lo, provavelmente! Mas foi bem
interessante. Especialmente porque eu não me pareço com Dali em nada [ri] Mas no
fim do filme, eu meio que parecia com ele...

Bem, ele tem uma aparência bem única. Ele tem o bigode, e – você usou o bigode?
Bem, eu só o interpretei quando ele tinha uns 26, e ele começou a usar o bigode com
uns 40, eu acho.

Ah… Sim. [ri] Então… Eu tenho um bigode, só que um pouco menor. Não exatamente
o [bigode] característico. A história do filme é basicamente o que levou o que era
essencialmente esse garoto tímido crônico que era massivamente talentoso – Dali já
tinha dominado todo o tipo de pintura quando fez trinta anos – ele era um cara
assombrosamente talentoso. E ele era virtualmente incapaz quando estava crescendo, ele
era tão cronicamente tímido, e ele cresceu até essa caricatura desse cara que não tinha
medo de absolutamente nada. E a história do filme marca essa época onde ele se torna
essa caricatura.

Bem, ele é um cara fascinante. Eu nem sabia que ia haver um filme sobre ele até eu
começar a me preparar para essa entrevista, e quando eu descobri eu estava
animado porque eu – quando você estava filmando na Espanha, você chegou a
visitar a casa dele? Sim, eu cheguei. Eu cheguei. Quero dizer, eu fui ao lugar onde era
a sua casa de infância também, em Cadaques. Há baldes de pequenas coisas
interessantes – existe essa praia em Cadaques que tem todas essas formações vulcânicas
estranhas de verdade.

Sim, aquela cidade é linda. E entrando no centro, noventa por cento dos cartões
postais são da casa de Dali. Oh, tudo. É como a Cidade de Dali. [ri] Todo mundo o
conheceu. Todo mundo tem uma história sobre ele. Foi bem estranho. E eles estavam
tão chateados que havia um inglês o interpretando também! [ri]

Oh não! [ri] Eu sei. Sim, mas acabou dando certo. Eu espero que o filme se saia bem;
na verdade, eu ainda não o vi, só o trailer. Parece bem bom. Espera, você já esteve em
Cadaques?

Oh, sim, eu tive; eu estive algumas vezes com a minha família. Oh, isso é realmente
estranho! Nós estávamos filmando nesse antigo – alguém tentou fazer um Club Med ou
algo assim -

[ri] Oh Deus! Sim, naquela praia, aquela praia estranha. E ele obviamente não fez
nenhum dinheiro, porque as coisas vão naquela praia e morrem! [ri]

Eu acho que eu até sei do que você está falando, na verdade! [ri] Sim, como uma
cidade fantasma! É tão estranho. Sim, nós filmamos um monte de coisa lá. Eu, eu gostei
muito, muito da cidade.

Sim, é tão lindo lá. E é tão aconchegante, porque tudo está a uma distância que dá
para fazer à pé e a cidade é tão pequena e todo mundo é tão amigável! Eu adoro as
pequenas cavernas nas praias. Elas são como nossas pequenas praias particulares.
Sim. Quero dizer, há tantas delas que você pode chegar e escolher. Você pode achar
uma com as especificações exatas que você queira! [ri] Sim, exatamente.

Então você mencionou fazer muita pesquisa para descobrir – quero dizer, o quanto
você sabia sobre Dali antes de se envolver no filme? Nada, na verdade. E meio que...
nada. Eu nem era um grande fã da arte dele. E até agora, eu meio que amo o cara como
pessoa. Quero dizer, eu o acho fascinante, e de uma maneira bem estranha, eu me
identifico bastante com ele. E eu aprecio sua arte muito mais – como com um monte de
artistas que são pintores e tal, eu apreciei a arte deles muito mais depois que eu conheço
a história por trás dela![ri] Eu não sei por que, realmente.

Não, não, Eu simpatizo.


Sim, quero dizer, eu sempre meio que – e a maneira que ele escreve prosa. Ele escreveu
três ou quatro biografias, cada qual totalmente contradizendo a anterior. Elas são tipo
completamente opostas. O que eu pensei que era realmente uma idéia ótima. Mas sim,
eu não sabia nada sobre ele antes. Agora, porém... eu sei um monte sobre ele. [ri].

Isso conclui a segunda parte da nossa entrevista com Robert Pattinson. Twilight estréia
nos cinemas no dia 21 de Novembro, e em 2009, você pode ficar de olho nos seus
próximos filmes Little Ashes e How to Be.

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