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Agora, outro exemplo. Por vezes nós podemos agir de um modo independente
demais. É quando dizemos: "Sou eu guardador do meu irmão?". Deveríamos julgar
severamente uma tal indiferença. Mas a 'independência'tada
ci no diagrama é a
doutrina que proclama que cada assembléia local é independente em sua
constituição e governo, não sendo responsável ou não tendo um vínculo vital com
outras assembléias. Isto é, novamente, uma absoluta negação da verdadeira base
do "único corpo", porque o corpo compreende todos os santos do mundo. O fato de
serem "um só" corpo implica que os membros estejam todos ligados uns aos outros,
fazendo supor que haja vida, dependência e responsabilidade pelo mútuo
bem-estar.
Esta base, finalmente, é aquela sobre a qual o Espírito de Deus está livre para
operar como quer, realizando a verdadeira unidade segundo Deus, e possibilitando
a plena manifestação dos diferentes dons que há em cada membro do corpo de
Cristo. Caso alguém se deixou tocar pelo Senhor para retornar a esta base, poderá
encontrar alguns que vão se opor e alegar que, se fizer assim, estará rompendo a
unidade com eles, mas ele pode bem responder que a unidade, se não estiver
fundada sobre a base de Deus, não é a unidade do Espírito, e por isso não tem
valor espiritual. Mesmo que somente um aluno se preocupasse em voltar para o
pátio da escola, por causa da palavra do professor, este aluno não poderia ser
acusado por dissidência; o contrário é que seria verdadeiro. "Ora, numa grande casa
não há somente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro.
Alguns, para honra; outros, porém, para desonra. Assim, pois, se alguém a si
mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu
possuidor, estando preparado para toda boa obra" (2 Timóteo 2:20-21).
Podemos estar certos de que Satanás sempre vai atacar esta base, e fará tudo
em seu poder para tirar as almas de lá, ou impedir que se aproximem dela. A base
ele não pode destruir, mas fazendo uso de todos estes males ao redor do círculo,
procura atacar violentamente aquilo que não pode aniquilar. Para isso, não cessa de
usar insinuações, denúncias e trapaças em seu esforço para ofuscar a pura verdade
de Deus. Quer assim evitar que busquem verdadeiramente o bendito fundamento de
Deus. Somente a fé simples e real no Deus vivo poderá discernir e andar nesta
grande verdade, que é revelada tão claramente na Sagrada Escritura.
LESLIE M. GRANT
publicado originalmente na edição de
"Things New and Old" ("Coisas Novas e Velhas"), U.S.A
REUNIDOS AO SEU NOME
RESPONSABILIDADE LOCAL
Há, em nosso país, bem como em outros lugares, um certo número de cristãos que
caminham assim, juntos, em submissão à estas verdades. Para obedecer ao
Senhor, estes cristãos retiraram-se de todas as denominações estabelecidas sobre
outros princípios que não os da Palavra de Deus. E para serem coerentes, não
podem consentir que aqueles que são acolhidos para partir o pão, em submissão ao
Senhor e à Sua Palavra, o façam também em outros lugares onde os princípios da
Escritura não são preservados.
Todos os participantes numa mesa expressam, mediante este gesto, a sua
comunhão e unidade. Esta é a verdade apresentada em ligação com a Mesa do
Senhor, especialmente em 1 Co 10:14-22. Este ensino implica que, onde quer que o
pão seja partido, cada participante se identifica com os demais que ali estão
tomando parte, se identifica também com todas as doutrinas ali praticadas ou
professadas. Por esta razão, se alguém em Corinto participasse, ou só comesse,
dos sacrifícios oferecidos aos ídolos, estaria expressando a sua comunhão com os
demônios (1 Co 10:19-21). Em qualquer lugar em que não se reconhece e não se
submete aos direitos do Senhor, ou onde o procedimento prático dos cristãos não é
governado pelo princípio da submissão à autoridade da Palavra de Deus, ali a
verdade conectada com a Mesa do Senhor ou está sendo mal entendida, ou
rejeitada. Um outro aspecto que deve ser necessariamente considerado é o da Ceia
memorial de nosso Senhor. Este lado da verdade é o que contempla o aspecto
pessoal da recordação do Senhor, portanto, é muito precioso para cada redimido.
No entanto, de acordo com o Senhor, a Ceia do Senhor (aspecto da
responsabilidade individual) e a Mesa do Senhor (aspecto da responsabilidade
coletiva) estão indissoluvelmente ligados. Por outras palavras, não se pode
desconectar a Ceia em memória do Senhor desse outro aspecto, a saber: que todos
os participantes estão expressando, mediante sua participação, a sua comunhão e
solidariedade (ou unidade); porque o pão, que representa o corpo físico do Senhor,
é também o símbolo deste corpo alegórico, que é a Igreja. Os indivíduos que
participam deste único pão são a expressão da unidade da Igreja, tal como o pão
em si o é também, «porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só
corpo; porque todos participamos do único pão» (1 Co 10:17).
Considerando que somos objetos diários da imensa graça de Deus para conosco,
também devemos mostrar paciência e prontidão para perdoar nossos irmãos.
Apesar disto, os que são acolhidos para o partir do pão estão sujeitos à disciplina
que a assembléia é responsável diante do Senhor por executar. Assim, caso alguém
que esteja em comunhão com a assembléia, comunhão esta que se expressa pelo
partir do pão, também partir o pão em outro lugar em que a verdade da unidade do
Corpo e a autoridade do Senhor não é considerada pela prática, está sendo
incoerente com o lugar que assumiu na assembléia; sendo voluntário ou não, ele
está negando esse lugar que assumiu e comprometendo o testemunho das
verdades ligadas à Assembléia de Deus. Se, porventura, depois de advertido e
exortado em amor, ainda perseverar neste procedimento, ele está evidenciando um
espírito de independência e de vontade própria que não pode ser tolerado – caso a
verdade conectada com a Mesa do Senhor quiser ser mantida.
A QUESTÃO DA ASSOCIAÇÃO
Não resta dúvida que todo aquele que se arrependeu de seus pecados, e no seu
coração creu no Senhor Jesus, é um filho de Deus e membro no Corpo de Cristo.
Assim também é certo que entre estes cristãos, dos quais nos separamos, existem
crentes que são muito mais fiéis e agradáveis à Deus que muitos entre nós. Temos
que reconhecer isto. É, pois, necessário que se entenda que a razão de nossa
separação é meramente de ordem eclesiástica: ou seja, somos responsáveis
perante Cristo, que é o Cabeça de Sua Igreja, por nos reunir ao Seu Nome somente
e manter os princípios de Sua Palavra que foram dados como orientação para a Sua
Igreja; isto implica em não manter vínculos com as organizações eclesiásticas que
desconsideram estes princípios. Caso algum crente continue relacionado com estas
coisas, a separação daquela assembléia que se mantém fora do padrão das
Escrituras também implica que nos separemos eclesiasticamente de tal crente –
mas porque a situação em que se encontra representa o exemplo dessas coisas,
fora do padrão das Escrituras, das quais, pela fidelidade ao Senhor, temos que nos
apartar – entretanto, não o desconsideramos como crente.
Quando crentes se reunirem para partir o pão simplesmente na condição de
membros do Corpo de Cristo, e obedecerem as instruções que o Senhor concedeu
nas Epístolas do Novo Testamento, se identificarão com todos os que agirem
semelhantemente, e haverá então laços de comunhão entre eles.
Se não for assim, é porque não estão andando em obediência aos mesmos
princípios. Manter uma comunhão independente é, igualmente, negar, na prática, a
unidade do Corpo de Cristo.
A questão é: O procedimento das assembléias é orientado pela Palavra de Deus? A
sua condição de separação enquanto assembléia, é resultado de sua obediência
diante do Senhor ou esta posição é restrita à sua vontade própria? Não nos
vangloriamos de nossa obediência, porém temos a convicção de que a Graça do
Senhor nos colocou no caminho da verdade, onde todo membro do Corpo de Cristo
tem, como tal, o seu lugar.
CONCLUSÃO
Amor = Obediência!
Depois de fornecer este pequeno panorama dos princípios que professamos, temos
que confessar com humilhação que o nosso procedimento coletivo nem sempre está
coerente com este nível, nem o nosso testemunho individual. Ainda assim, isto não
é razão para abandonar a verdade. Guardar essas boas cousas que nos foram
confiadas, reter firme aquilo que por Graça recebemos da parte de Deus, isto é o
que deveria ser considerado como um grande privilégio para o nosso coração, mas
também como uma grave responsabilidade para a nossa consciência.
Quando, porém, é Deus quem passa a agir, fazendo com que os seus saiam das
diversas igrejas ou denominações para a reunião ao Nome do Senhor Jesus
somente (Mt 18:20), então deveríamos atentar para aquilo que Ele espera daqueles
que conduz a este lugar. A Palavra nos diz que precisam ser nascidos de novo (1
Co 12:13; 2 Co 6:14-15), reconhecer tanto o senhorio de Cristo sobre a Assembléia
como a operação do Espírito Santo – que a cada um distribui dons e ministérios
"como Lhe apraz" (1 Co 12:11) –, e que também devem se sujeitar à autoridade do
Senhor na Assembléia, quer seja para a manutenção da paz entre os irmãos (Mt
18:17-20) ou para a remoção do mal do meio deles (1 Co 5). A Palavra ainda nos
apresenta a Unidade da Assembléia (Igreja); que quando alguém por ela tiver sido
"ligado" em alguma localidade, está automaticamente "ligado" em todo lugar – do
contrário, a autoridade do Senhor seria válida aqui, mas não lá. Agrupamentos
"independentes", portanto, negam tanto a Unidade do Corpo de Cristo como a
autoridade do Senhor, que está presente no meio dos "dois ou três". A seriedade
disso tudo não pode ser sublinhada o suficiente. Uma Assembléia local não seria a
expressão de toda a Assembléia (Igreja) – pois é isto, justamente, que se está
testemunhando à Mesa do Senhor – caso aquilo que fizer em nome do Senhor não
fosse obrigatoriamente reconhecido pelas outras assembléias. Negar-se a
reconhecer isso significa negar a unidade do Corpo de Cristo.
Cada cristão que tem uma certa noção do que significa sair fora do "arraial" (Hb
13:13) estará de acordo com a maioria desses princípios. A dificuldade surge quanto
à prática destes últimos pontos citados, ou seja, da responsabilidade e autoridade
da Assembléia local. Vamos considerá-los mais de perto.
A Palavra é explícita e clara ao inculcar que alguém que "não persevera na doutrina
de Cristo" não deve ser recebido (2 Jo 9). Não deveríamos esperar que todos
tenham a mesma acepção quanto a todos os pontos, por exemplo, quanto à
profecia ou aos significados das figuras bíblicas, ou até mesmo quanto à
Assembléia. Mas quanto a esta doutrina de Cristo, ou seja "Jesus Cristo vindo em
carne", morto, ressuscitado e glorificado, quanto a isso não poderá haver dúvidas ou
pontos obscuros. Quando se trata dos fundamentos do cristianismo, não se pode
empregar o mesmo critério de tolerância aplicável (com cautela) à ignorância ou
então às diferenças quanto aos demais pontos.
Portanto, para que alguém seja recebido à Mesa do Senhor, é necessário que a
Assembléia naquela localidade não tenha dúvidas sobre o caminhar daquele que
deseja participar (pois ela tem que guardar-se do mal moral), e que examine as
convicções dele (pois o mal doutrinário requer tanto mais precaução).
Tomemos um exemplo: um cristão está "de passagem" e deseja "partir o pão" numa
localidade. Ele é desconhecido ali, neste caso, é da ordem mais elementar que seja
recomendado por irmãos conhecidos ou então por uma assembléia conhecida. Não
se trata de acolher um "darbysta" (somente para retomar aquela repetida censura),
ou então acolher um membro de uma "denominação sem nome" – já a simples
menção destas idéias merece veemente repúdio –, trata-se, porém, de acolher um
sacerdote, depois que este apresentar o seu "registro genealógico" (Ed 2:62). Um
procedimento diferente seria negar o senhorio de Cristo sobre a Assembléia.
Ao contrário, agora, como é que cristãos, que reconhecem esta soberania de Cristo,
teriam a liberdade de partir o pão em uma assembléia em que se tolera o mal, seja
ele moral ou doutrinário? A própria consciência e o amor ao Senhor tem a resposta
a esta questão. Mas... você poderia argumentar, trata-se de uma Assembléia de
crentes que está posicionada fora das organizações humanas, e onde não é
ensinado nada conflitante com a "doutrina de Cristo". Isso é possível, e nos
alegramos sobre isso, mas persiste ainda o fato que ali, devido ao desejo de
estender os braços a todos, quase todos são acolhidos para partir o pão sob a sua
própria responsabilidade. No entanto, este procedimento significa permitir que a
Mesa, na qual expressamos a comunhão, seja introduzida em ligação com o mal em
alguma de suas formas. Esta orientação certamente permitirá ocasião em que seja
acolhido alguém que tenha sido excluído em outra localidade, o que é negar a
Unidade do Corpo, a única realidade que é segura dentre o caos dos sempre
mutantes pontos de vista religiosos.
Seja longe de nós considerar que aquele, que se considera livre para tomar a ceia
onde quiser, não possa ser um cristão verdadeiro; talvez este até seja mais fiel e
dedicado ao Senhor que outros. Mas ao tomar a ceia hoje entre um grupo, e na
próxima vez entre outro, ele está se ligando justamente com aquilo do qual o Senhor
quer que saiamos fora; busca a mescla onde o Senhor ordena a separação (2 Co
6:17). É impossível, ainda que isso doa a nossos corações, acolher tal crente para
partir o pão sem negar (não os ditos "princípios dos irmãos" – expressão, aliás, que
deve ser repudiada, porém) o ensinamento da Palavra. Não é por não aceitar as
idéias de J.N.Darby ou outros que não lhe franqueamos a participação, mas porque
sob o pretexto de unidade está justamente anulando a unidade e, talvez até sem
dar-se conta, favorecendo a confusão.
Vamos nos perguntar bem sinceramente: Quem é que deve ser censurado por
semear divisões entre os filhos de Deus? Aqueles que querem seguir articulados
com todos, aprovando justamente assim o esfacelamento, ou aqueles que
consideram que há somente uma base para a reunião, a qual consiste em
considerar e proclamar a unidade do Corpo de Cristo? Caso este procedimento
ocasione tristeza no coração de algum irmão ao qual não foi permitido participar da
Mesa do Senhor, pode-se perguntar-lhe a razão de sua mágoa: "Será que sua
tristeza não se deve à concepção errada que tem de uma assembléia que se reúne
na base bíblica? Será que não considera os irmãos uma seita dentre outras,
enquanto que a razão pela qual não lhe é franqueada a participação é justamente a
de que estes irmãos não querem ser uma seita entre outras?".
Que Deus nos guarde de qualquer regulamentação. Cada caso deve ser
considerado por si. Rejeitar algum cristão cujos passos e fé manifestam serem
sadios, e que nunca se ocupou com esse aspecto, e que em toda sinceridade
deseja participar na Mesa do Senhor, seria sectarismo. Mas vocês hão de concordar
que tais casos hoje são raros, e que há também aquelas pessoas (talvez até
conheçamos algumas) que conhecem muito bem esta posição que expusemos, e
dos quais não podemos conter a impressão de que querem pôr seus irmãos à
prova, criando ocasião para que se contradigam, enquanto elas próprias não
querem abrir mão da "liberdade" de ir a todos os lugares que bem lhes parecer;
procurando lançar em descrédito aquilo que chamam de "coração estreito" em seus
irmãos, ferem-nos mais do que se dão conta.
Não, nós não somos a Assembléia, não somos os irmãos, a Mesa do Senhor não
nos pertence, mas todos os cristãos são responsáveis por reter aquilo que a Palavra
ensina acerca da Assembléia de Deus, e de caminhar como irmãos em Cristo e
tomar o seu lugar à Mesa do Senhor, honrando-O conforme LHE compete.
Não construamos nem um outro muro do que aquele que a Palavra nos exorta a
edificar. Mas também não sejamos negligentes em considerar a "planta" deste muro
enquanto o construímos: cada um individualmente diante de sua casa, e todos
juntos (não ao redor de nosso "bairro", mas) ao redor da (única) "cidade". A
Assembléia é uma unidade. Mesmo que aqui na Terra ela tenha se tornado uma
"grande casa" (2 Tm 2), não devemos sair dela. Não podemos fazê-lo pois somos
parte dela. Temos que suportar suas dores, lamentar sua vergonha, humilhar-nos
por suas contaminações, sentir-nos despedaçados ante sua desunião, mas também
– e não nos esqueçamos disso – reconhecer, agradecidos, a fidelidade do Senhor
para com Sua Assembléia, e anunciar aquela Unidade que continua existindo e
sendo maravilhosa a Seus olhos; alegremo-nos também pelos dons que Ele dá à
Assembléia toda, (e não somente a este ou aquele grupo de cristãos). Até ao fim
estará empenhado em santificá-los, não se cansando, jamais, de aconselhar aquela
que, cá embaixo, leva o Seu nome, e, em amor, advertindo-a do perigo.
Porém, no interior desta casa, à qual sempre pertenceremos, habita o Espírito de
Deus, não um homem, e este nos diz: "Aparte-se da injustiça todo aquele que
professa o nome do Senhor" (2 Tm 2:19-23).
"Paz seja com os irmãos, e amor com fé, da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus
Cristo!" (Ef 6:23).
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ANDRÉ GIBERT
publicado sob o título "Einheit oder Verwirrung"
Ernst Paulus Verlag, Alemanha
A Ceia do Senhor
C. H. Mackintosch (código “CE”) – 32 páginas