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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

L AURA DE ARAÚJO TOSTA LEMOS COSTA

C ARLOS CAROSO

A transação na sala de chá: sexo impessoal em lugares públicos- Laud


Humphreys

No texto A transação na sala de chá: sexo impessoal em lugares públicos de Laud


Humphreys é uma leitura de fácil compreensão, bem dinâmica, que através das
experiências do autor, ele explica algumas estratégias para a feitura do seu trabalho
etnográfico. Humphreys relata sobre questões enfrentadas por homens que fazem sexo
com homens, que não se reconhecem abertamente como homossexuais, mas que se
encontram em banheiros públicos e neles, que apesar de estarem sempre em silêncio, de
fazerem coisas consideradas criminosas e condenáveis, existe um contrato social, regras
que existem também através da cultura.

O silêncio observado de acordo com ele, era para garantir a anonimidade, privacidade.
Mas Humphreys observou dois problemas sobre esse “silêncio”:

-O sexo necessita de uma ação coletiva, portanto, precisa de comunicação

-O ritual sexo na cultura do mundo ocidental, geralmente em um “sexo sem amor” é


condenado. “Os prelúdios normais da ação sexual reforçam exatamente o envolvimento
e a abertura que os participantes da sala de chá desejam evitar. Como as maneiras
normais revelam envolvem, torna-se necessário um ritual especial para o sexo
impessoal.” (p. 152)
Para acontecer o sexo na sala de chá é preciso que seja discreto, impessoal e de vontade
mútua, então existem algumas estratégias para que isso aconteça. Uma dessas
estratégias é de movimentação física durante o ato. Uma outra é de antes de estacionar o
carro, dar umas duas voltas em volta do prédio para observar a movimentação, para
saber se tem polícia, para saber se tem alguém conhecido por perto, para ver um
possível parceiro e se caso alguém lhe interessar, ele pode fazer um sinal para entrarem
na sala de chá. Quem não está a procura de uma relação sexual não espera, eles
simplesmente entram, fazem suas necessidades e saem.

“Se um recém-chegado se mantém junto ao mictório, de


modo a que não se veja a sua frente, e se mantém olhando
para baixo, deve-se supor que se trata de um careta. O fato de
não deixar que o seu pênis seja visto por outros já o afasta de
quaisquer envolvimento nas atividades do mictório. Essa
estratégia, acompanhada por uma saída imediata do recinto, é
tudo o que devem saber sobre o jogo da sala de chá as
pessoas que queiram bancar as caretas. Alguém que conheça
as regras e deseje participar do jogo, no entanto, se manterá
razoavelmente afastado do mictório, deixando o olhar vagar
pelos lados ou pelo teto” (HUMPHREYS, 1974, p.154)

O autor pontua que os cientistas sociais não devem evitar fazer uma pesquisa por
considera-la complicada ou delicada e deve-se proteger a qualquer custo os
interlocutores, que ele erroneamente diz ser informantes, uma melhor forma de chama-
los sem dúvidas, é de interlocutor.

Um tanto quanto problemático é o fato do autor se passar por alguém que não é, fazer
pesquisa sem o consentimento dos interlocutores que não se sentiam confortáveis de
serem frequentadores da sala de chá, mas mesmo assim foram usados em uma pesquisa
que se quer faziam ideia. Desonestidade, enganação e falta de ética, são algumas das
características encontradas na pesquisa de Laud Humphreys.

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