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Para entender se é possível analisar sobre o conceito de “direito à cidade” na antropologia o

autor vai dizer que é preciso desconstruir os conceitos normativos de cidade. E então fala que
cidade é movimento, é relatividade nas dinâmicas sociais urbanas que estão longe de serem
estáticas. Precisa-se pensar que o mundo está evocado tanto a relatividade temporal quanto
espacial. Cada cidade tem sua característica, portanto, não se pode pensar em cidade como
conjunto essencialmente de edifícios, bens, relações, agrupamentos. É preciso que se pense
que as caracterizações de cada cidade também são mutáveis.

A partir disso, o autor também considera que existem várias maneiras de se fazer cidade e que
os processos dizem muito do que são esses começos da construção de um local. Sobre isso e
para procurar entender as criações sociais, mudanças culturais e as novas formas políticas que
aparecem nos locais urbanos com base em uma abordagem etnográfica urbana de
acampamentos ele dá dois exemplos de cidades que foram construídas a partir de
acampamentos de estrangeiros em Patras na Grécia e em Calais na França, que ele denomina
como citadinos ordenadores, que aparecem nesses lugares nascidos como refúgios, abrigos ou
esconderijos “Com o tempo, o que emerge do interior desses locais precários, no lugar das
primeiras tendas e toldos emergenciais, são porções de cidade feitas de tela, sucata e
madeira” (AGIER, 2015, p.487) E ainda fala sobre o desenvolvimento dessas cidades: “ (...) uma
arquitetura dos acampamentos se desenvolve, como, aliás, uma arquitetura das favelas ou dos
bidonvilles. (...) Paradoxo desses “locais fora de lugar” (AGIER, 2015, P. 487)

E então o autor segue: “Esses processos de começo de uma cidade — e começo de uma vida
social, econômica, cultural, política inédita — podem ser comparados, por exemplo, ao se
passar de um campo de refugiados a uma favela, de um acampamento “autoinstalado” de
migrantes “clandestinos”, aos antigos acampamentos dos comerciantes itinerantes na África
(Dias 2013; Agier 2013)” (AGIER, 2015, p.489). Para entender verdadeiramente como se
constituem as favelas, slum e bidonvilles, é preciso desconstruir a imagem estigmatizada e
homogeneizante , para conseguir descrever e compreender os sentidos dos processos políticos
e sociais desses espaços.

O autor conclui que o “fazer cidade” deve ser entendido como um processo sem fim, que faça
sentido no contexto de uma expansão contínua dos campos sociais e urbanos, e sobre
“ocupação” como uma ação política e de resistência em busca de direitos o autor fala: “(...)
tornou-se mundialmente uma das maneiras para os mais pobres de fazerem reconhecer seu
direito a estar ali. A ocupação urbana é um agir político cujo objeto é um direito humano e, ao
mesmo tempo, um direito à cidade.” (AGIER, 2015, P.492).

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