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FICHA DE LEITURA
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O mote deste artigo é discutir como a cidade latino-americana é uma construção cultural,
planejada, moldada e sonhada a partir dos debates públicos sobre nossa identidade
latino-americana - debate que contou com a intensa participação da sociologia.
1
Essa imaginação teria como paradigmas a Escola Funcionalista1 e a Teoria da
Modernização2, que viam a cidade como indutora da modernidade, em uma apropriação
(necessariamente parcial) de Weber e sua análise sobre a modernidade. Nessa lógica,
cidade passa a ser sinônimo de modernidade, e torna-se tarefa acelerar a urbanização.
Mas "como acelerar a urbanização sem exacerbar os problemas que estão associados
ao crescimento urbano?” (2005: 118). Nos anos 1950 e 1960 a América Latina parecia ser
o laboratório perfeito de experimentação de uma urbanização sem tantos efeitos
colaterais:
"(…) a América Latina aparecia, sob o olhar do mundo ocidental, como o lugar
onde poderia ser levada adiante uma verdadeira modernização, evitando os custos
que os países desenvolvidos vinham descobrindo desde o pós-guerra. Era preciso
apenas relevar os problemas e formular as perguntas, capacitar os técnicos e
estudar as respostas apropriadas, para assentar sobre essa base sólida - científica
- os planos com os quais os governos esperavam atuar (2005: 118).
No final dos anos 1970, contudo, entra em crise este paradigma da modernização: "Não
mais as formas de compreensão, e sim os próprios valores atribuídos à cidade e à
modernidade começavam a ser postos em questão" (: 123). Assim, a perspectiva técnica,
que entendia ser papel da sociologia (e do planejamento urbano) compreender o
funcionamento social para aprimorá-lo, é substituída por uma perspectiva crítica, que
2
defende não haver reforma (no sentido de aprimoramento) possível dentro do
capitalismo.
Referências:
CASTRO, Ana & MELLO, Joana. Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, n. 84, 2009, pp.
235-249.