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Fichamento: GORELIK, Adrián.

Das Vanguardas a Brasília: Cultura Urbana e Arquitetura na


América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005; Capítulo I - Nostalgia e Plano: O Estado
como vanguarda, p. 15-56.

Kamille Benati do Carmo - N° USP 13635552


Letícia Arataque Uema - Nº USP 13635399

1. SOBRE O AUTOR
Adrián Gorelik (Mercedes, 1957) é arquiteto, doutor pela Universidade de Buenos Aires,
professor da Universidade Nacional de Quilmes, pesquisador do Conselho Nacional de Investigações
Científicas e Técnicas da Argentina e membro do conselho editorial da revista Prismas.
Gorelik é uma figura muito importante na renovação dos estudos sobre as cidades e a
arquitetura latino-americanas em curso na Argentina e no Brasil desde os anos 1980. Graduado em
arquitetura em Buenos Aires nos anos de repressão e esvaziamento da universidade, um período de
grande fermentação intelectual e política, ele promove a leitura crítica da modernidade latino-
americana à reflexão arquitetônica e urbanística - uma percepção crítica incorporada à historiografia
urbana argentina.

2. APRESENTAÇÃO
Na introdução do primeiro capítulo, o autor busca destacar as várias características das
experiências vanguardistas nos âmbitos da arquitetura e da cidade latino americanas, usando algumas
cidades como pontos referenciais para seu estudo, a exemplo, Brasília. A modernidade tardia no
Brasil, permitiu alcançar a reflexão e a compreensão da cidade como um monumento da
modernidade, mostrando suas grandiosidades e também suas misérias. Assim, a junção das
vanguardas modernas e do Estado teve um papel determinante na produção das modernidades
nacionais, uma vez que a vontade estatal de defini-la como sua forma clássica determinou a direção
dessa vanguarda “oficial” e delimitou seu papel construtivo.
Seguindo essa perspectiva, observa-se que, com o passar do tempo, o discurso tradicional da
crítica modernista foi perdendo influência diante da condição paradoxal entre o arquitetônico e o
urbano. Tem-se, então, durante a década de setenta, o aparecimento de duas tendências: o pensamento
da esquerda, que criticava o Estado capitalista e suas determinações; e a outra, populista, que fazia
uma crítica ao modernismo devido ao seu desprezo à identidade latino-americana.
À face dessas concepções, a cidade moderna era compreendida como território mercantil e a
arquitetura como parte de um conjunto liberal. Nesse sentido, desapareceram práticas e debates
estatais que questionassem a moradia massiva, a qual tinha a função de reafirmar as relações entre
cultura arquitetônica latino-americana e as temáticas sociais.
O autor afirma, assim, que as críticas estavam associadas a uma questão de ausência de
identidade associada à tradição da arquitetura modernista e a forma excludente com que ela era
empregada. No entanto, a historiografia se transforma em correntes mais vastas que sugerem debates
a respeito da modernidade e da pós-modernidade com o fito de revisar os valores pré-concebidos.

3. NOSTALGIA E PLANO: O ESTADO COMO VANGUARDA


Neste ponto, Gorelik coloca em discussão a questão da Nostalgia e do Plano, denotando o
primeiro como ordenador do caos e o segundo como neutralizador do medo do futuro. Assim, ele
assegura que o surgimento da cultura arquitetônica, na década de 1930, estava relacionado com esses
dois impulsos, os quais também possuem a problemática de uma cultura arquitetônica que, devido a
sua origem e sua relação com o Estado, influencia sua própria noção de vanguarda. Desse modo, a
arquitetura como materialização urbana de seus postulados retrata a ordenação do mundo moderno e
o desempenho de um notório agente na renovação vanguardista: o Estado.
Nessa perspectiva, é constatado pelo autor uma evidente contradição: “De fato, como falar de
vanguarda se a principal tarefa que ela se auto-atribuiu na América Latina foi a de construção de uma
tradição?” (GORELIK, 2005 p.16). Tal incongruência é explicada por interesses convergentes entre a
vanguarda e o Estado de promover uma cultura, uma sociedade e uma economia nacional por meio
da arquitetura. Dessarte, houve o questionamento de postulados vanguardistas, visto que o conjunto
da experiência da vanguarda clássica na América-Latina possuía esse forte vínculo estatal.

3.1 UMA VANGUARDA ADJETIVADA


À vista disso, o autor comenta, neste momento do livro, sobre a vanguarda adjetivada, a qual
é decorrente do debate sobre o caráter original ou derivativo das produções culturais latino-
americanas. Essa discussão permitiu uma análise mais transparente acerca da noção de influência e
uma percepção da complexidade dos contatos culturais, fazendo com que essa adjetivação não fosse
revertida necessariamente a olhares pejorativos. Posto isso, foi possível observar que as noções de
centro e periferia conjugam-se no plural e que, na realidade, a visão crítica entre vanguardas era uma
forma imprecisa de adjetivação, visto que não era uma realidade comparativa entre modelos de
referência.
Com a finalização da visão simplista de um modelo central e sua aplicação periférica, que deu
descontinuidade às concepções antigas e possibilitou novos recursos conceituais, também começam a
apresentar insuficiências devido à interrupção do julgamento. Tal ação impossibilitou que a pesquisa
local auxiliasse com a renovação conceitual e historiográfica da questão global, impossibilitando a
promoção de discussões sobre a própria norma. Dessa maneira, a adjetivação do caso local é, para
Gorelik, ao mesmo tempo uma tentativa de precisão e uma forma de inviabilizar a discussão sobre os
valores nos quais ele é baseado. Os referidos valores não se colocavam como interpretação posterior
de objeto histórico, mas como parte de significativa atividade na própria produção. Assim, “a idéia de
um conjunto de valores originais, que deveria ser estendida e aplicada, foi um componente essencial
no desenvolvimento mundial do modernismo (...)” (GORELIK, 2005, p. 18)
Os fatores supracitados são compreendidos como causadores de dois impasses, uma vez que
ela demonstra a heterogeneidade conflitiva que não se mostra perante a suposta homogeneidade desse
universo de valores e o distanciamento inevitável que eles tomam das práticas efetivas das
vanguardas, uma vez que ela ofusca para seus próprios protagonistas. Logo, é possível compreender a
vanguarda como um conjunto plural de tramas que convergem de diversas maneiras, e que, do mesmo
modo, são parte substantiva do objeto e das práticas que tentavam definir.

3.2 AS DIALÉTICAS DA VANGUARDA


Para o autor, as dialéticas da vanguarda se relacionam a dois tipos de “marginalidades”: do
deslocamento da arquitetura em relação às artes visuais e à literatura e do deslocamento da América
Latina em relação à cultura ocidental.
No campo da arqutitura, as dialéticas da vanguarda são apresentadas a partir da “crítica à
ideologa”, corrente protagonizada por Manfredo Tafuri e o grupo de historiadores de Veneza, que
aborda a renovação historiográfica e teórica e que alegava a impossibilidade da existência de uma
arquitetura vanguardista. Além disso, a corrente desmistificou o papel contestatório das vanguardas,
evidenciando a dependência entre a arquitetura e o poder político econômico, o que rompeu com a
auto-representação heróica dos arquitetose críticos da arquitetura enquanto atuantes na manutenção da
ideologia modernista.
Diante disso, Gorelik apresenta o ciclo da vanguarda à metrópole enquanto unitário, em cujo
ponto de chegada construtivo, afere os postulados vanguardistas mais destrutivos, mostrando o
processo que conduz a vanguarda à experimentação da arte enquanto processo organizador da nova
sociedade. Nesse sentido, a vanguarda arquitetônica e a experiência latino-americana possuem como
ponto de confluência sua ligação com a construtividade.
Nesse sentido, a vanguarda arquitetônica e a experiência latino-americana possuem como
ponto de confluência sua ligação com a construtividade.
Porque se a arquitetura pode ser pensada como pólo positivo da dialética
produtiva das vanguardas, a América Latina - o Sul - pode ser pensada como
um dos principais pólos positivos em sua dialética espacial, um dos lugares
privilegiados onde a construção, mais que possível, aparecia como
inevitável. (GORELIK, 2005, p.23)

3.3 DIRIGISMO ESTATAL E ARQUITETURA NA AMÉRICA LATINA


Gorelik inicia o tópico Dirigismo estatal e arquitetura na América Latina realizando uma
comparação entre o modernismo arquitetônico experimentado em diferentes países com objetivo de
ressaltar a importância do Estado para o movimento na América Latina, principalmente no Brasil,
México e Argentina. Para tal, o autor resgata a ideia de vanguardas, que se relacionam com o papel
estatal por meio da ideia da construção de uma nova sociedade.
Assim, apesar do caráter modernizante ser, de modo geral e massivo, nas grandes cidades,
exercido pelo capital privado, nos países anteriormente citados, a definição simbólica do modernismo
foi efetivada e resolvida em âmbito estatal. “[...] boa parte das obras mais importantes foram
auspiciadas, financiadas ou diretamente empreendidas pelo Estado [...]”. (GORELIK, 2005, p.26)
Nesse sentido, para o autor, o papel de “impulsionador privilegiado das propostas
arquitetônicas renovadoras desde os anos trinta”, (GORELIK, 2005, p.27), foi assumido pelo Estado,
que, inserido no contexto de superação da crise 1930, possibilitou a inserção do discurso
modernizante não apenas no âmbito das decisões políticas, mas também na reestruturação nacional
por meio dessa arquitetura emergente.
Tal centralidade desempenhada pela figura estatal se traduz na “reforma a partir de cima” e na
forma de vanguarda do capital. Ou seja, o Estado, ao mesmo tempo em que foi responsável por
instaurar e consolidar todo o processo de expansão das fronteiras, das territoriais até as sociais,
também buscava a composição de um grande capital estruturante ausente.
Nesse sentido, tendo em vista o “vazio” e sua representação, tratava-se de construir
condições sociais, econômicas e territoriais para tornar possível a emergência do Estado. Assim, com
a reestruturação do sistema econômico internacional, inicia-se o processo de “criação de mercados”,
ideia proposta pelo economista argentino Alejandro Bunge, de modo que o dirigismo estatal passa a
compor tramas espaciais, materializadas no traçado das vias e sistemas de distribuição, que visavam à
unificação dos fragmentados territórios sob um mesmo regime de produção, tanto econômico, quanto
social e cultural.
Apesar de não ter sido um resultado linear, é no campo da construção dessa identidade
nacional, traduzida na representação da modernidade nacional, que arquitetura e política se constroem
mutuamente, marcando o processo de substituição das importações, também no campo cultural.
Assim, o Estado, enquanto “agente estrutural da modernização”, busca no passado por
modelos para a construção de uma comunidade moderna, consagrando o Plano como ideologia e
como poética da modernização, fosse em situações nas quais se tinha como objetivo prefigurar uma
sociedade liberada, servir a um capitalismo em expansão ou fortalecer o status quo tradicional
“A afirmação de que as arquiteturas modernas latino-americanas nascem
patrocinadas pelo Estado não remete à ligação tradicional entre arquitetura e
política; trata-se de uma vinculação mais ampla em que a arquitetura (como
instituição) e o Estado (como agente estrutural da modernização)
compartilham interesses e objetivos: os modernismos arquitetônicos foram
postulados como instrumentos privilegiados da tarefa estatal por excelência,
a representação da modernidade nacional.” (GORELIK, 2005, p.29)
O autor, então, retoma as noções de Nostalgia e de Plano, utilizadas na introdução do
capítulo, para reforçar a ambiguidade de um Estado-vanguarda, que assume o papel de realizar a
mudança na ordem burguesa e, simultaneamente, coloca-se como guardião dos valores passados de
uma sociedade tradicional. Mas, nos anos 30, tal ambiguidade estatal se reflete na de um modernismo
disposto a disputar com os setores tradicionais o lugar de construção da tradição, produzindo a
paradoxal modernidade que projeta e tensiona para o futuro o resgate do tradicional, ou seja, para o
Plano a Nostalgia.

3.4 PERSPECTIVAS LATINO-AMERICANAS


Nesse momento, Gorelik aborda a multiplicidade histórica que constrói a experiência das
sociedades latino-americanas, questionando sobre noções de unidade no âmbito arquitetônico, do
modernismo, do Estado ou dos processos sociais, culturais ou econômicos. Segundo o autor, é
equivocado pensar as várias ideias de vanguarda enquanto unifica uma ampla experiência latino-
americana em uma coisa só, reduzindo a história e simplificando os processos sociais vinculados.
Apesar disso, a comparação das experiências a partir da comparação auxilia no entendimento de cada
processo nacional “para identificar em cada caso as equivalências e as rupturas dos diferentes
modernismos com as diferentes modernizações da região” (GORELIK, 2005, p.31).
O autor evidencia a relação entre o Estado e a vanguarda como semelhança entre os três casos
analisados (Brasil, México e Argentina), mostrando o papel importante do Estado na decisão do que é
produzido como arquitetura moderna, “nesses países, não há dúvida de que a arquitetura moderna é
arquitetura de Estado” (GORELIK, 2005, p. 31). Outro ponto em comum é o surgimento das
indústrias de substituição de importações no contexto do mercado mundial como mecanismo para
superar a crise de 1930. Entretanto, as consequências na dimensão política e social foram diferentes,
criando um múltiplo campo de relações com o Estado. No México, houve uma relação entre os grupos
modernizadores do Estado e os “arquitetos radicais”, condicionando uma arquitetura pública de
qualidade consolidada nos programas de planificação nacional. No Brasil, a arquitetura evidencia a
grandeza do Estado, criando “uma íntima relação entre política e representação” (GORELIK, 2005,
p.33). Na Argentina, houve a falta de reconhecimento entre arquitetura e Estado, a diferença está no
fato dele não ser o produtor dessa arquitetura como nos casos anteriores.

3.5 TRÊS CASOS


Em Três Casos, Gorelik vai analisar os exemplos anteriores de forma mais pontual. Na
Argentina, especificamente em Buenos Aires, houve uma dualidade ideológica: expandir o território
nacional e torná-lo moderno e “urbano” ou ruralizar o país. O arquiteto Antonio U. Vilar demonstra
como o Estado e o processo de interiorização estão atrelados ao nacionalismo argentino. Com a
“questão social” ganhando destaque devido à crise rural nacional evidenciada pela maior atenção ao
interior do país, um dos resultados foi a sensibilização por parte dessa geração de arquitetos, os quais
passaram a reproduzir tipologias populares e regionais. Para Gorelik, o Estado foi um agente conector
dos valores do passado e presentes do interior com os ideais modernistas identitários.
Sobre a questão mexicana, a geração de 1925 objetivou construir um “México Novo”, o qual
iria eliminar as heterogeneidades do “mundo social”, vale pontuar que esse cenário se dá após o
estágio revolucionário destrutivo em que a função de reconstruir o país foi tomada pelo Estado. Nesse
momento, muitos arquitetos tinham cargos em Secretarias públicas, evidenciando o vínculo entre
Estado e a Arquitetura. Gorelik disserta sobre a produção educacional na época, de um lado os
individualistas e de outro os que acreditavam que o Estado deveria incorporar os intelectuais e definir
melhor as necessidades sociais do país, demonstrando a reformulação do pensamento em torno da
ideia organicista da sociedade e do conceito de funcionalismo Para o autor, esse movimento reformula
valores de um jeito único.
O México na segunda metade da década de 30 alcança um caráter regionalista graças à gestão
do país (subida de Lázaro Cárdenas à presidência) e a intervenções externas, como a de Hannes
Meyer, na região. O alinhamento das necessidades estatais às convicções técnicas permitiu, que
posições contrárias, ideológicas ou disciplinares, coexistissem. Assim, o ciclo modernista mexicano é
baseado nessa conexão estatal profissional e nessas contradições ideológicas, que, apesar de
destoantes, foram unidas pelo Estado em torno de um objetivo.
Por fim, no caso do Brasil, em que a necessidade era simbólica. Foi a partir disso que o
modernismo se construiu no país, Gorelik diz que com a construção do Ministério da Educação de
Lúcio Costa “o modernismo demonstrou mais capacidade que o neocolonial para construir os
cadinhos simbólicos do novo Brasil” (GORELIK, 2005, p. 45). Luiz Nunes irá buscar trazer ao
profissional arquiteto um caráter de organização social, de forma que ele será responsável por
“combinar a reforma social e o impulso estatal à industrialização numa arquitetura que se encarrega
não apenas dos aspectos técnicos, mas também da formação e organização dos recursos humanos”
(GORELIK, 2005, p. 46).
O Ministério reorientou os movimentos arquitetônicos e culturais no Brasil. Esse processo
não foi de ruptura direta, mas apenas fez parte da transição para a criação de uma Nova Arquitetura
para um Estado Novo, uma mudança na concepção de arquitetura moderna brasileira. Lúcio Costa foi
determinante nisso, assim como a vinda de Le Corbusier também teve grande responsabilidade. A
Nova Arquitetura se torna, então, um marco essencial na história do Brasil. Gorelik menciona duas
conquistas nesse caso: a primeira sendo o fato de que a escola brasileira, uma das mais originais da
América Latina, resulta de um processo com diretas intervenções de Le Corbusier. A segunda
conquista é o fato de que a arquitetura moderna brasileira foi capaz de representar o governo
autoritário da época. Nessa época, a ligação entre arquitetura moderna e a democracia era considerada
indispensável, sendo o Brasil um dos únicos países capazes de quebrar esse modelo paradigmático.

3.6 OS TEMPOS HETEROGÊNEOS DA VANGUARDA


Gorelik finaliza o primeiro capítulo recuperando a ideia central que é o Estado como
vanguarda. Assim, diferentes experiências e tradições em cada região latino-americana criam
diferentes relações entre a arquitetura moderna e o Estado: “o arquiteto, como intelectual orgânico, na
Argentina; como gestor técnico comprometido, no México; como artista construtor de símbolos
políticos, no Brasil” (GORELIK, 2005, p. 49). O que esses países têm em comum é a vanguarda
associada ao Estado pela “vontade de construção ex novo” (GORELIK, 2005, p. 49).
Nesse momento, é levantado o questionamento de como seria a experiência de vanguarda e a
construção da arquitetura se o Estado focasse em sustentar e fortalecer seu status quo, levando o autor
a desenvolver como resposta o tópico “das temporalidades diferenciais da vanguarda e o da entidade
política da função vanguardista” (GORELIK, 2005, p. 50). Ele também aborda Nestor García Canclini
sobre heterogeneidade multitemporal da cultura moderna, as diferentes temporalidades e suas
contradições, de modo a permitir que Gorelik retome o conceito de “vazio” da América Latina dado
que "na América Latina não havia um passado clássico sólido para se aproveitar, mas um "vazio" a
preencher" (GORELIK, 2005, p. 51), o que sugere a necessidade de invenção de um passado.
O autor finaliza mostrando que “ao se propor intervir na construção de uma nova sociedade,
a vanguarda submete os rumos e a decisão sobre as prioridades dessa tarefa às necessidades políticas
do Estado.” (GORELIK, 2005, p. 53). Essa submissão resolveu na América Latina o que foi crise na
Europa, permitindo a construção da identidade nacional latino-americana.
“E a arquitetura modernista tornou-se vanguarda porque se adequou
estruturalmente aos objetivos políticos-ideológicos do Estado - porque os
compartilhou -, e exatamente porque foi vanguarda pôde também ser
propriamente nacional.” (GORELIK, 2005, p. 53)

Referências bibliográficas

GORELIK, Adrián. Das Vanguardas a Brasília: Cultura Urbana e Arquitetura na


América Latina. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005; Capítulo I - Nostalgia e Plano: O
Estado como vanguarda, p. 15-56.

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