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UC Questões Literárias Contemporâneas em Portugal

Resumo: ‘’As vanguardas na Poesia Portuguesa do Século Vinte’’ E. M. De


Melo E Castro – Sarah Santos Silva 133.402 Noturno (UNIFESP)

Nas palavras de E. M. De Melo e Castro seu ensaio não é uma história da Poesia
Portuguesa do século XX, mas sim, uma releitura síncrona que busca propor uma
noção do termo vanguarda dentro de contextos que eram próprios ao ano de 1980.
Castro afirma que a palavra vanguarda apesar de não ser muito frequentemente
utilizada entre os teóricos ou críticos no que diz respeito á Poesia Portuguesa, ‘’tem
hoje um vasto halo de conotações, uma carga significativa e uma gama de
possibilidades de leitura que tornam relevante seu uso como aferidor do dinamismo
interno de uma prática produtora de sentido(s) como é a poesia, já que
preferencialmente as vanguardas se propõem como fenômenos de linguagem e de
comunicação ou não comunicação’’.
A palavra que tem origem militar e de guerra, de acordo com Castro trouxe para as
ciências humanas e as demais áreas um progressivo enriquecimento semântico, e o
sentido de linha de frente que denota abarca o papel social, cultural, econômico e
politico que são próprios das vanguardas de forma que a noção da palavra, para ele, já
se apresenta de maneira especifica e radical, no sentido próprio de raiz, em que nos
contextos do século XX ‘’até sua contestação e repudio fazem parte da dialética
cultural que ela dinamicamente propõe e realiza’’.
Para o autor a pergunta ‘’O que é Vanguarda?’’ torna-se desprovida de interesse e de
significado para quem de fato está envolvido na produção deste movimento. Longe da
oposição simplista de teor historicista de Vanguarda/Retaguarda, os movimentos
raramente utilizavam a palavra para rotular suas ações e segundo ele ‘’foi no nível da
teorização que ela começou a ganhar peso internacionalmente e desde o começo da
década de 60 se transformou num motor auto reflexivo sobre a produção de arte ou
anti-arte, de cultura ou de contracultura’’. Esse teor auto reflexivo que no texto, Castro
adjetiva como ‘’capacidade auto reflexiva da Vanguarda’’, é uma de suas
características mais relevantes, já que elas colocam a si mesmas em causa, questionam
e opõem.
Segundo o autor outras características das auto reflexivas vanguardas do século XX
estão dispostas no ensaio sob uma ótica das praticas textuais, sociais e politicas,
características essas que elas sempre reivindicaram, e que ele reitera como sendo a
oposição às estratificações literárias e filosóficas típicas do século em questão. São
listados os projetos das vanguardas do século XX, tais como: Repensar a atividade
fabricadora do homem como anteriormente citado; considerar substancialmente os
materiais dessa fabricação e suprimir catalogação adjetiva: falar em termos de
estrutura e não de sintaxe descritiva; usar a capacidade efabuladora para construir
modelos vetoriais de situações futuras e não para reproduzir situações previamente
existentes; transformar a obra de arte num acelerador de tempo e num condensador de
experiência humana transmissível.
O fenômeno das vanguardas deve ser compreendido como um todo, assim dito por
Castro, de maneira que afirmar que os anos 60 foram os anos de vanguarda, sejam elas
estéticas ou politicas implica também classifica-las em suas ondas, as anfitriãs que
contaram como Orpheu (1915) em principal nome se depreendem envoltas pelo teor
do escândalo usado como arma contra o academismo, espirito conservador e o pendor
aristocrático acabam transformando-se numa farsa, muito diferente das vanguardas da
segunda onda de 60 uma vez que desempenharam estas duas funções, que o autor
dispõe como sendo: o da teorização critica e da democratização e alargamento de
pesquisa estética que pode abranger todas as camadas sociais.
As raízes da linguagem são as próprias experiências humanas, afirma Castro e assim o
grupo de Poesia Concreta Noigandres reivindicou no Brasil, o radicalismo das
vanguardas no sentido de estar perto da raiz.
Os poetas das vanguardas estão então condenados ao marginal, condenados a
abandonar a cidade, numa alusão feita pelo autor á Platão. Fadados ao marginal,
também são o novo, a liberdade o dinamismo as principais marcas dos movimentos de
vanguarda. Para Castro: Uma noção dinâmica, que é a não aceitação da
marginalização em nome desse novo e por tanto a exigência imediata perante a cidade
da liberdade de viver, da liberdade de criar, da liberdade de ser quem se é. Marcadas
também pelas contradições, tendo em vista que ela auto se opõe devido o caráter auto
reflexivo de seu movimento, para E. M. De Melo e Castro são essas contradições que
resultam do afrontamento entre os dois poderes, o poético e o politico, e da
impossibilidade da resolução dessas contradições como simples afrontamento. Uma
vez que o objetivo dos movimentos é o afrontamento politico conjuntural numa
estrutura em que as raízes e os arquétipos sejam eles próprios às fontes do local.
Dessa forma, para além das características, objetivos e marcas das vanguardas que
datam o século XX, suas propostas para Castro são de agir no campo social, politico,
propondo o modelo da comunicação linguística como uma forma especifica de
intervenção em todos os níveis sociológicos.

Bibliografia:
MELO E CASTRO, E. M. de. As vanguardas na poesia portuguesa do séc. XX. Lisboa:
ICALP, 1987. (Biblioteca Breve, 52).

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