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Berman, por sua vez, entende a modernidade enquanto a dialética entre os duros
processos materiais de modernização e os valores do modernismo, utilizados pela cultura
para assimilar esses processos.Essa dialética foi considerada por ele como muito rica e
intensa no século XIX, entretanto decaiu no século XX.
O autor acrescenta para o entendimento do texto e para que haja uma reflexão
crítica, algumas perguntas: “Acabou o moderno? Ou estamos vivendo o momento de sua
máxima realização? Ou apenas mais uma etapa de seu ‘projeto inacabado’?” (GORELIK,
1996, p. 1). Diante de tais questões, Gorelik defende que “a primeira coisa a se definir então é
o que terminou, para que hoje possamos debater ‘o moderno’” (GORELIK, 1996, p. 3) -
Especialmente referindo-nos à cidade, o que terminou é um ciclo fundamental da
modernidade, o ciclo progressista da cidade moderna. Assim, o texto se desenvolve em três
momentos que mostram as etapas do ciclo expansivo: para fora no território, para dentro na
sociedade e para adiante no tempo. Isto é, a expansão urbana, a integração social e a ideia de
projeto, respectivamente. Portanto, em um análise histórica e cultural, os principais
desdobramentos estão explicitados no seguinte trecho:
Ainda dentro desse período, Gorelik traz a ideia iluminista acerca da cidade moderna
e sua desordem, a qual deve ser resolvida para melhorar o desenvolvimento da sociedade.
Destaca que na busca de uma ordem social, a cidade sã e a moradia digna são os requisitos
mais tradicionais a serem pensados, entretanto deve-se lembrar que é a “tradição de reforma a
que institui o direito de de cidade como passo prévio e necessário a ampliação da cidadania”
(GORELIK, 1996, p. 4)
Desse modo, segundo o autor, há um notável ator social que opera nessa construção: o
Estado nacionalista benfeitor que surge da reorganização capitalista pós-crise. Salienta-se que
a junção das vanguardas e do Estado diante do cenário de produção cultural gerou
divergências às conjecturas das vanguardas clássicas, de modo que ao invés de combater a
tradição e reivindicar um caráter internacionalista, acabaram por formar uma cultura, uma
sociedade e uma economia nacionais.
Por fim, o autor relata que os anos setenta foram marcados por uma proposta de
expansão da modernidade, com o objetivo de evidenciar os benefícios e as potencialidades
dos seus conflitos. A cidade idealizada pelo modernismo, confronta-se com a metrópole
moderna realmente existente, que é entendida como espaço de modernização, provida de
desigualdade e exclusão.
Para concluir seus argumentos, Gorelik expõe sua hipótese de que o ciclo expansivo
na América Latina produziu a cidade como elemento articulador progressista da modernidade
e da modernização, assim se construiu um ambiente de ideais antiurbano, antimoderno e
antimodernizador, ou seja, se desenvolveu um caminho para o pós-moderno. Essa
pós-modernidade esteve ligada aos retornos à cidade e, dessa maneira, parece que chegou à
América Latina juntamente com uma série de enfoques que têm recuperado a noção de
modernidade e o marco de um clima de revalorização da cidade e de muitas de suas chaves
modernistas. Portanto, “essa é a modernização atual, pós-expansiva, cuja mescla de tempos
replica a leitura cultural da cidade como ruína da modernidade.” (GORELIK, 1996, p. 12).