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Nome: Alanis dos Santos Oliveira Curso: História

Data: 25/05/2021 Disciplina: Moderna I

Resenha crítica: Renascimento, cidades e arte e o debate da mundialização.

O texto em questão abordará aspectos sobre o que seria o renascimento, destrinchando


aspectos como seu significado, importância de fato a Itália e o continente europeu. Ademais,
abordaremos como este tema está inserido dentro do debate da mundialização.
Antes de começar a falar do renascimento no contexto de cidade ideal, faremos uma reflexão
sobre o que de fato seria esse renascimento. Segundo Eugenio Garin, o renascimento está
longe de ser um período de “novo nascimento” da Europa. Na obra “O renascimento. A
História de uma revolução cultural”, o autor descreve o renascimento como elemento que se
interliga ao campo da cultura, das artes e das ciências e que sua maior influência ocorreu na
Itália. Acrescenta, dizendo que descrevem o período com um ideal positivo que não se aplica,
já que a Itália vivia uma grave crise econômica, com o retorno à agricultura, conflitos internos
e ampliação do poder da Igreja(p. 12). Esta discussão feita pelo Garin contrapõe ao que se é
debatido dentro do ensino escolar, como se o renascimento fosse a resolução de todos os
problemas que existissem no continente europeu, e a forma demonstrada não condiz com as
linhas cronológicas, aparentam-se de forma pouco precisa. Na obra, Garin argumenta com
outros pensadores, como Vasari e Leonardo Bruni d’Arezzo. Tanto Vasari quanto Leonardo
Bruni dizem sobre a relevância da antiguidade e os estudos clássicos, como uma volta ao
passado para a construção de um novo presente, um presente belo e ligado ao verdadeiro
conhecimento e é com esse tipo de pensamento que o renascimento vai atravessar além da
arte, chegando ao novo tipo de ideal(p.18-21).
Na obra “A ciência e a vida civil no Renascimento italiano”, Garin relata um novo tipo de
ideal que foi pensado por Leonardo da Vinci. Esse ideal era organização e criação de uma
cidade que fosse a representação da Renascença, onde as construções tivessem um propósito,
função e beleza, além de ter respeito a métrica e fielmente ligada aos conceitos
matemáticos(proporcionalidade) (p.58). Um ponto dito pelo autor que considero importante
de se comentar é a divisão que Da Vinci realizou na sua construção de cidade, sendo a parte
alta para os “gentis-homens” e a parte de baixo para a plebe, ou seja, mesmo pensando na
ligação da cidade, o ideal de cidade Renascença não se propõe a acabar sobre a divisão de
classes.
No texto, Garin discorre sobre como seria a cidade ideal renascentista e outro ponto que o
autor apresenta que demonstra a diferença entre o pensamento medieval do pensamento
renascentista é a forma que era pensada/construída. Os pensadores renascentistas planejavam
uma cidade que fosse político-econômica à imagem do homem e feita para o gentil-homem,
uma cidade-estado que fosse uma nova interpretação da polis, ou seja, uma res publica
(p.59-60). Agora o Renascimento é mais que arte, se abraça no aspecto organizacional,
arquitetônico e urbanístico.
Um aspecto que eu gostaria de apresentar é a política e sua função, onde se teria um combate
a tirania e intervindo na relação entre os ricos e os pobres, para buscar de uma certa a forma a
equidade,onde os ricos ficam com as suas posses e os pobres ficam com a república (p.64).
Note que não se tem um objetivo de trazer a igualdade para as pessoas, na verdade, o objetivo
é a manutenção de um sistema de já existe e que se liga ao um “falsa” igualdade entre essas
classes, mantendo essa divisão que se tinha até mesmo na polis grega, onde os atenienses
homens tinham voz para as questões importantes e o restante da população (mulheres,
crianças, escravizados e estrangeiros) não podiam participar, muito menos debater. De fato, é
a construção da polis em um novo período, em outro ambiente. Ademais, as cidades italianas
não pensavam em programas religiosos radicais e não a colocavam no seu centro, mesmo
abraçando alguns conceitos e ideais religiosos para sua construção de cidade renascença. O
Renascimento se mostra como uma grande mudança, no entanto, está bem longe de ser uma
completa revolução.
O renascimento apesar de ser dos séculos XIV e XV, ainda apresenta um pouco de influência
nos tempos contemporâneos em muitos locais. Essa leve influência vem de um processo
extremamente debatido dentro do curso, a mundialização, que começou com o comércio
ultramarino ibérico e se transformou em um grande meio de conexão entre diferentes locais
do mundo. O pesquisador Serge Gruzinski em “O pensamento mestiço” apresenta vários
casos de como a mundialização se mantém em muitos aspectos, como na cultura, relações e
até mesmo em produções cinematográficas (p. 1-3). O autor diz que o processo de
mundialização se liga também à construção de uma certa ocidentalização, a uma europeidade
(p.4). De fato, essa fala realmente se aplica em muitas situações, como por exemplo, no
currículo escolar onde se aprende bastante sobre a Europa e extremamente pouco até mesmo
com os nossos países vizinhos. Enquanto aprendemos todas as mudanças no continente
europeu, nada sabemos do que acontece em outros locais. É este o impacto da mundialização
feita pelos europeus.
O projeto de cidade ideal impactou diferentes nações e formas de cultura, como a valorização
das artes na Belle Époque(século XIX) no continente europeu, com reformas nos grandes
centros para dar beleza e grandeza. O Brasil não ficou de fora e no século XIX o centro do
Rio de Janeiro, na época capital, passou por várias mudanças no período da reforma Pereira
Passos, que tinha como maior objetivo modernizar, organizar e trazer a grandeza para a
cidade.
Outrossim, a organização político-econômica, “res publica", é uma cidade construída pensada
à imagem e ao desejo homem. A justiça, criação de leis e o combate a tirania são fundamentos
que ainda são valorizados e estão inseridos dentro de diferentes tipos de constituição, um
grande exemplo é a Organização das Nações Unidas em que sua maior finalidade é a partir do
diálogo, leis e acordos, construir um mundo onde ideais de paz, segurança e bem-estar social
sejam assegurados.
O renascimento e a mundialização são temas que fazem parte da Europa. Além disso, ainda
são bem mais presentes do que imaginamos, estando na formação social, política e econômica
de muitas sociedades. Fizeram parte de construções de ideias, formas de pensamento mas de
também exploração, projeto civilizador e de expansão de tudo que a Europa representa.

Referência bibliográfica
GARIN, Eugenio. Ciência e vida civil no renascimento italiano. SP: Ed. UNESP, 1996
GARIN, Eugenio.O renascimento. História de uma revolução cultural. Lisboa: Telos, 1972.
GRUZINSKI, Serge. “O choque da conquista” e “Ocidentalização”. In: O pensamento
mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, pp 63-110.
PANEGASSI, Rubens. A primeira modernidade e seu contexto intelectual: subordinação
política e mundialização. In: Anos 90, Porto Alegre, v. 24, n. 45, p. 45-72, jul. 2017
RODRIGUES, A. e M.; KAMITA, J.M. História Moderna: momentos fundadores da cultura
ocidental. Rio de Janeiro: Editora Vozes/Editora PUC, 2018.

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