Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO

DE JANEIRO
Faculdade de Formação de Professores
Departamento de Ciências Humanas

Disciplina: Filosofia II
Docente: Rogério Seixas
Discente: Alanis Oliveira

Fichamento do artigo A CRISE DO PARADIGMA DA MODERNIDADE, de Marcos


Oliveira
“Crise é o momento em que o novo está pronto para chegar, mas o velho ainda não quer se
retirar.”
“A crise do paradigma de uma civilização é um processo lento, turbulento, frequentemente
circular entre suas causas e efeitos, com idas e vindas, desaparecimentos e retornos,
dificilmente perceptível aos contemporâneos. Só a perspectiva histórica lhe dá sentido, lhe
aponta as causas, as nuances, o definitivo fixar de um novo padrão.” (p.2)
“O império foi, desde muito, dividido senão politicamente, o que ao acontecer acarretaria a
desintegração de uma de suas partes, mas culturalmente. A parte ocidental do império, aquela
ponta de terra que se projeta da massa asiática para mergulhar no Atlântico e que viria a se
chamar Europa já tem, ao tempo do domínio de Roma e pois, na Antiguidade, um caráter
diverso da porção helênica, diversidade que se acentuará por todo o decurso da Idade Média
para explodir em diferenças fundamentais ao se iniciar a Idade Moderna” (p.3)
Comentário: Enfraquecimento do Império Romano, cristianismo e Constantino, Sacro
Império, Queda de Roma e início do Medieval
“O cristianismo sai da cozinha para a sala quando Constantino, necessitando de apoio para
manter a coesão do império o transforma em religião aceita pelo Estado, ele mesmo se
tornando cristão, o que vai definitivamente marcar, senão os últimos anos da Idade Antiga
mas, certamente, os mil anos de Idade Média que se seguirão” (p.4)
“A ortodoxia cristã helênica é inconciliável, apesar das inúmeras tentativas, com a confissão
católica romana. Com Sto Agostinho, o aristotelismo está perdido para o ocidente. Nem a
tentativa de aproximação de Carlos Magno com Constantinopla vai recuperá-lo, o
pensamento do ocidente vai evoluir, por séculos, diferentemente do pensamento oriental, bem
e mal vistos como polos inconciliáveis e distintos, dando lugar ao dualismo em tudo o mais,
marca registrada do Ocidente em formação” (p.4)
“Do século X ao século XIII, uma ascensão do cristianismo afirma seu vigor, por toda a parte.
As igrejas, os mosteiros ainda estão aí para testemunhá-lo: toda a Igreja é arrastada por um
movimento poderoso, que é também o do impulso econômico, da ascensão social de uma
Europa ativa, cheia de vida e em vias de rápida expansão.” (p.4)
“Se o Ocidente medieval começa a gestar uma nova ética, um novo sistema de produção e
uma nova política, no campo da ciência ele ainda está preso a física aristotélica. Há progresso
científico, sobretudo pela importação de idéias e práticas do Oriente, mais adiantado mas, não
há ruptura. O consumo de energia cresce, a força não vem só do homem, lá estão o cavalo, o
boi, a água, o vento, mas é só. A física, a explicação da natureza pelo homem medieval ainda
é a explicação, a física grega, de Arquimedes e Aristóteles” (p.5)
“O que sobretudo diferencia o antigo do medieval são a noção do tempo e a visão religiosa. O
que sobretudo diferencia o medieval do moderno é o teocentrismo do primeiro em relação ao
antropocentrismo do segundo e mais, a oposição fé versus razão e a natureza do
conhecimento científico.” (p.6)
“A ciência, a natureza e os fundamentos do conhecimento científico separam a modernidade
de tudo o mais que a precedeu. A ciência antiga e medieval é aristotélica, ciência do
equilíbrio. A modernidade revoluciona, instaura, descobre, explica o movimento. A
antiguidade e o medievo são a estática. A modernidade é a dinâmica.” (p.7)
● Comentário:A idade moderna mudou a forma de navegação, processo de colonização,
saída do feudo para cidades, de troca para a produção (capitalismo/industrial),
revolução científica (Descartes, Bacon, Kepler, Newton e dentre outros)
“O método cartesiano, na sua simplicidade e lógica, provoca uma revolução. É
eminentemente dualista. Com ele a física se afasta da teologia, a natureza se afasta de Deus.
O método é perfeito para se tratar com o mundo material, mas deixa de lado toda a vida do
espírito. O europeu se agarra a ele no perscrutar da natureza e o conhecimento científico, ao
seu amparo, progride sem cessar, cada vez mais rapidamente.” (p.8)
“O humanismo que nasce na Itália do quatroccento viaja, chega ao Norte, amadurece e triunfa
por toda a Europa com Erasmo e Thomas Morus. Com Erasmo o homem, dentro da piedade
cristã, assume de vez o papel central na aventura humana, com Morus nasce a utopia que se
irá consolidar como uma das marcas da modernidade, no século XVIII”(p.8)
“As idéias de Locke e Rousseau cruzam o oceano e vão germinar no Novo Mundo. A
opressão do governo imperial britânico sobre suas colônias americanas é vista como a causa
perfeita para que se apliquem as idéias libertárias do liberalismo político. Jefferson escreve a
famosa declaração de independência, evidentemente calcada em Locke. A revolução
americana inaugurou a era das revoluções libertárias que prosseguiram com a revolução
francesa e, bem depois, com a revolução russa.”(p.10)
“O século XVII é, ainda, o século do trabalho agrícola, um trabalhador labuta de sol a sol,
todos os dias para ganhar o seu sustento e o de sua família. Não ganha dinheiro, que a
economia ainda não é monetária. O trabalhador ainda não tem um emprego e o o real
significado de salário está por nascer, com a revolução industrial que, começando na
Inglaterra vai se expandir pela Europa continental, primeiro, e depois para a América e o
mundo.” (p.11)
“O século XIX é o século do triunfo da máquina, do surgimento da química, da eletricidade,
do motor de combustão interna, do medicamento sintético, da anestesia, da microbiologia, da
produção por moldes, que sepulta o artífice, da obtenção de bens e produtos em larga escala,
mas ainda não é o século da felicidade, não é o século da igualdade e do aumento do lazer
com dignidade, do triunfo da utopia” (p.11)
“Se a modernidade política for entendida como o governo do povo e para o povo, com o
regime da liberdade, da fraternidade e da igualdade, da democracia ampla e irrestrita, o
europeu vive o século XX ainda perseguindo esse ideal – a promessa da modernidade – sua
utopia não é alcançada. O homem moderno é filho da razão, é cidadão do estado-nação,
sonha com a liberdade, igualdade, fraternidade. Encara a realidade com a certeza que lhe dá o
conhecimento científico, dispõe de um método para vasculhar as entranhas da natureza e
descobrir-lhe os segredos. Dispõe de um modo de produzir que só faz aumentar a quantidade
de bens disponíveis.” (p.12)
“É possível que um novo paradigma esteja em gestação mas o homem moderno é ainda
racional, faz uso, predominantemente, de seu velho método cartesiano para investigar a
natureza. Não desdenha da intuição, reconhece a sua presença e seu valor, mas o método de
conhecer é ainda o mesmo.” (p.13)
● Comentário: capitalismo deixa de ser industrial e se torna financeiro, guerras, Marx
“A evolução e predominância do sistema capitalista de produção, tornada possível pela
modernidade científica, condicionou a modernidade sócio-política, transformou a escala de
valores do homem aproximando-o mais do material do que do transcendente. Num processo
alucinante de geração de informação colocou o homem sabedor do detalhe, aprisionou-o no
campo do saber especializado, afastando-o da visão do todo.” (p.14)
“A modernidade não é um projeto falido. É um projeto incompleto. Ainda não há um
paradigma pós-moderno. Se falaria com mais propriedade de uma modernidade tardia, em
permanente mudança.” (p.15-16)

Você também pode gostar