RESUMO
Esta pesquisa e todo esforço investigativo direcionado para este estudo, aspiram,
inicialmente, gerar um debate sobre o Construtivismo Russo e vindicam discutir o diálogo
existente entre o movimento Neoconcreto e o próprio Construtivismo. Observando e
investigando os textos produzidos em ambos os movimentos, com destaque inicial para o
Manifesto Realista e Manifesto Neoconcreto, propõe-se uma reflexão sobre as influências
do movimento Neoconcreto Brasileiro e suas ligações com o construtivismo. Considerando
esse envolvimento, o estudo não somente é tensionado como também reclama em sua ideia
de partida uma inquirição da relação existente entre artes visuais, arquitetura e
experimentação de materiais na busca por um formalismo técnico. Logo, parte a ideia de
buscar, no Manifesto Neoconcreto, uma influência do construtivismo, considerando a
procura por liberdade na arte visual e na liberação da mesma do estigma de arte estática.
Dessa forma, o estudo propõe-se investigar as condições de formulação do discurso
neoconcreto no Brasil, investigando os textos de suas lideranças teóricas e, dessa forma,
adiante, questionar os motivos e ocorridos que foram o cerne do movimento, bem como a
crítica nele envolvida, e seu engajamento em superar a relação autor-espectador, bem como
ocorrido no Construtivismo. Ferreira Gullar, principal articular teórico do movimento, ao
mencionar Rodchenko, liga os movimentos modelos como quebra de paradigmas para a
formação de um sistema artístico nacional. Considerando essas análises preliminares,
busca-se contribuir para a ampliação do pensamento sobre o diálogo existente entre os
movimentos e sobre seus textos, bem como, na crítica, a arte e arquitetura, e nas influências
das artes plásticas e experimentações ocorridas em ambos os movimentos no desenvolver
da arquitetura moderna. Apresentando novas perspectivas sobre os estudos ligados à arte e
arquitetura construtivista e sua ligação com o Brasil. Foca-se também na adesão das artes
às novas ideias, que partiram das experimentações técnicas com materiais e formas que
partiram do Construtivismo e encontram-se no Neoconcretismo, transformando não somente
as artes plásticas, mas também a arquitetura.
Abstract
This research and all investigative efforts directed towards this study, initially aspire
to generate a debate about Russian Constructivism and vindicate to discuss the
existing dialogue between the Neoconcrete movement and Constructivism itself.
Observing and investigating the texts produced in both movements, with an initial
emphasis on the Realistic Manifesto and the Neoconcrete Manifesto, we propose a
reflection on the influences of the Brazilian Neoconcrete movement and its links with
constructivism. Considering this involvement, the study is not only tense, but also
calls for an inquiry into the relationship between visual arts, architecture and
experimentation of materials in the search for technical formalism. Therefore, the
idea of searching, in the Neoconcrete Manifesto, for an influence of constructivism,
considering the search for freedom in visual art and its liberation from the stigma of
static art. In this way, the study proposes to investigate the conditions of formulation
of the neoconcrete discourse in Brazil, investigating the texts of its theoretical
leaderships and, in this way, to further question the reasons and events that were at
the heart of the movement, as well as the criticism in it involved, and their
commitment to overcome the author-viewer relationship, as well as what happened in
Constructivism. Ferreira Gullar, the movement's main theoretical articulator, when
mentioning Rodchenko, links the model movements as breaking paradigms for the
formation of a national artistic system. Considering these preliminary analyzes, we
2
seek to contribute to the expansion of thinking about the existing dialogue between
the movements and their texts, as well as, in criticism, art and architecture, and in the
influences of the plastic arts and experiments that occurred in both movements. in
the development of modern architecture. Presenting new perspectives on studies
related to constructivist art and architecture and their connection with Brazil. It also
focuses on the adhesion of the arts to new ideas, which started from technical
experiments with materials and forms that started from Constructivism and are found
in Neoconcretism, transforming not only the plastic arts, but also architecture.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objeto principal, em seu escopo inicial, o debate
histórico, muito pouco estudado entre Movimento Construtivista e movimento
Neoconcreto.
A fagulha inicial, que deu origem à ideia de estudar o Construtivismo, teve
seu primeiro momento na busca pelo entendimento das influências da política na
arquitetura do século XX. O Manifesto Realista de Gabo determinou as
características da expressão construtivista nas artes, onde o escultor e arquiteto
russo desligou-se de tais políticas e renunciou às formas artísticas anteriores. Logo,
para entender as manifestações artísticas que viriam a ocorrer, faz-se necessário se
aprofundar em uma experimentação estética do movimento construtivista, mais
especificamente no estudo do texto base do Construtivismo, o Manifesto Realista.
De início, é possível notar que a política, no caso do Construtivismo, o ideário
marxista e revolucionário bolchevique era inerente aos ideais do movimento.
Naturalmente, é importante ressaltar a pluralidade do movimento, abrangendo
diversos campos, não só das artes plásticas e arquitetura, mas também na literatura
e nas artes cênicas. Dessa forma, é plausível colocar que a influência do movimento
construtivista esteve presente vigorosamente na obra de diversos artistas, muito
ligadas à política, à sociedade e à cultura pan-eslava, no período da Revolução de
Outubro de 1917.
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Considerando que o movimento aglutinou grandes artistas da época em torno
da proposta de uma arte que fosse facilmente acessada por toda a população, não
só na experimentação visual estética momentânea de um museu, mas em toda a
cidade, partindo desde a proposta de uma arquitetura experimental à vivência social,
considerando elementos do princípio político de comunidade que se desenvolvia
naquele período, houve uma percepção de liberdade artística ainda desconhecida
até aquele momento.
Pesquisando as influências construtivistas no Brasil, destaca-se, sobretudo, a
influência sobre o movimento neoconcreto que Gabo propõe no Manifesto Realista,
a procura por liberdade na arte visual e na liberação da mesma do estigma de arte
estática. O Manifesto Neoconcreto faz-se e coloca-se como herdeiro das ideias
construtivistas. Considerando os construtivistas e os neoconcretos, nota-se que
houve uma grande quantidade de proeminente escultores, pintores, artistas plásticos
e poetas em ambos os movimentos. Logo, fez-se interessante a produção de uma
dissertação que busca investigar o diálogo entre os movimentos, gerando uma ponte
de discussão entre os movimentos construtivistas ocorridos na Rússia e no Brasil.
O foco dessa pesquisa é as propostas inovadoras ocorridas no campo da
estética arquitetônica e nas artes visuais, sua compreensão, experimentação de
materiais, percepção do processo de transformação e produção, utilização de
vanguarda de concreto, vidro e aço, e também o método construtivo. Ligado à
sociedade industrialmente atrasada, que buscava meios para modernizar-se, é
concebível descrever, de forma objetiva, que o foco pretendido é entender a
dimensão da arquitetura construtivista. Criando uma ligação com movimentos
ocorridos no Brasil, visando uma discussão entre o construtivismo e o
neoconcretismo, observa-se a influência construtivista sobre o Manifesto
Neoconcreto.
É imprescindível à pesquisa analisar a relação do movimento com as
atividades humanas no espaço e na história, além da noção da arquitetura como
“condensador social”, como foi apresentado pela Associação de Arquitetos
Contemporâneos (OSA) na revista russa Arquitetura Contemporânea (SA), em 1931.
Além disso, é de imensa importância para o trabalho investigar as intenções políticas
aplicadas à arquitetura, em um primeiro momento, com os movimentos de oposição
da concepção conformista de monumentos estátua, a negação e a exaltação da
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personalidade singular em nome da coletividade, tentando se valer de uma
expressão de arte socialista e suas inúmeras utopias a serem pontuadas e
investigadas com todo seu valor teórico e conceitual, ligando e buscando um diálogo
com os pontos traçados no Manifesto Neoconcreto, onde houve a manifestação da
arte não-figurativa.
A justificativa da escolha do tema dá-se pela importância histórica e,
sobretudo, pela pouca quantidade de estudos de ambos os movimentos,
Entendendo esses fatores e analisando a dimensão do movimento construtivista
ligado à arquitetura, é essencial para esse trabalho gerar uma discussão, onde se
busca entender e investigar o impacto da produção arquitetônica construtivista no
início do século XX na produção arquitetônica que se deu no Brasil na segunda
metade do mesmo século. A análise dos métodos de produção construtivista
encontram-se em uma dimensão muito ampla e complexa. Todavia, a busca por
trazer luz às ideias desses arquitetos, desenvolvidas há pouco mais de cem anos,
torna esse trabalho particularmente interessante.
Nesse sentido, estudar a produção de esculturas e a experimentação de
materiais, apresenta-se de forma congruente para a investigação e a análise da
produção de ambos os movimentos e para a compreensão da ligação de ambos, a
fim de comprovar o diálogo existente entre eles. Não somente pela riqueza da
produção, que viria a influenciar fortemente a arquitetura no século XX, mas também
pelos programas de docência em arquitetura, onde ocorrem sistematicamente em
diversos programas, em inúmeras universidades brasileiras, é conveniente não
somente o ensino da história da arte, mas também trabalhos que envolvem a
produção de esculturas como ocorrido nas escolas de vanguarda de arquitetura do
início do século XX.
A procura pela aplicação dos princípios construtivistas no campo do design e
arquitetura, através da experimentação de materiais por meio do designer de
esculturas, demonstra o traço que a arquitetura moderna viria a tomar.
A posição de vanguarda de alguns arquitetos e artistas plásticos tornou
possível esse processo de experimentação de materiais e, na forma desta
experimentação, fez-se possível a expressão de suas ideias políticas e
preocupações sociais, criando processos estéticos que viriam a influenciar a
arquitetura daquela época até a atualidade. Logo, torna-se relevante destacar a
5
importância do estudo do trabalho e a busca por um diálogo entre as obras
produzidas na União Soviética e nas produções realizadas no Brasil. Dessa forma,
partindo desse posto, é essencial estudar, investigar e comparar o trabalho dos
arquitetos construtivistas russos para fortalecer a discussão que se busca e dar
lastro ao diálogo entre as obras de artistas plásticos brasileiros do Movimento
Neoconcreto, observando e discutindo a influência do movimento na produção
arquitetônica que veio a influenciar.
Assim, o presente trabalho busca promover um diálogo existente nessa ponte
entre arquitetura e escultura, entre Brasil e Rússia, e na temporalidade dos
movimentos ocorridos com décadas de diferença. Com base nessa investigação,
visa-se traçar um enquadramento internacional do construtivismo, e analisar a
produção e seus elementos estéticos e ligações políticas e sociais, procurando
perceber as dimensões da arquitetura através da experimentação de formas e
materiais que se deu pela produção de esculturas, abordando seus projetos e
compreendendo seus conceitos, em busca de um entendimento do movimento e seu
lastro de ideias pelo mundo, em particular, no contexto político-revolucionário e
como esse contexto continuou a movimentar ideais na segunda metade do século
XX através da produção ocorrida no Brasil.
1.2. Justificativa/relevância
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todo o mundo, considerando que, no presente trabalho, trata-se da influência que se
fez no Movimento Neoconcreto, considerando o que foi dito por FER (1998), em
1920, para muitos artistas de esquerda, o único ou mais significativo ponto de
referência não era mais a vanguarda parisiense, mas as conotações revolucionárias
da construção, sendo a U.R.S.S. um novo símbolo de cultura avançada. Como o
processo de industrialização dos países soviéticos foi tardio, o período pós-
revolução de outubro mostra uma grande obsessão pelo avanço industrial, que veio
a impulsionar e justificar a produção da arte construtivista. Da mesma forma, ocorreu
no Brasil, o processo de industrialização foi tardio e a procura por uma identidade
nacional dos teóricos do Movimento Neoconcreto embasaram-se em ideias
ocorridas no início do século XX, entre elas, as ideias propostas pelos
construtivistas.
Assim sendo, é fundamental levar em conta isso. Segundo LODDER (1988),
a época do coletivismo industrial estava aberta à possibilidade de usar
conscientemente a tecnologia para criar e construir a vida social. Assim, os
construtivistas ligavam a tecnologia à época revolucionária, as leis da produção
industrial converteram-se nas formas de toda a atividade social, incluindo a arte. A
arquitetura, frente a este cenário artístico, adere ao mesmo princípio, qual seja,
citando DE FEO (1979), “o campo mais amplo da experiência construtivista e seu
meio difusor foi a arquitetura”, tornando-se possível compreender a importância
deste período para a arquitetura moderna mundial. Considerando o Movimento
Neoconcreto, seu principal meio difusor foram as artes plásticas, em especial, as
esculturas, mas, da mesma forma, foram ligadas à produção industrial.
É possível justificar a escolha do tema pela importância histórica e, sobretudo,
pela pouca quantidade de estudos de ambos os movimentos, Entendendo esses
fatores e analisando a dimensão do Movimento Construtivista ligado à arquitetura, é
essencial para esse trabalho gerar uma discussão onde se busca entender e
investigar o impacto da produção arquitetônica construtivista no início do século XX
na produção arquitetônica que se deu no Brasil na segunda metade do mesmo
século.
Assim, faz-se pertinente propor esse estudo, não somente para contribuir com
os conhecimentos de historiografia da arquitetura moderna e sua crítica, mas para
demonstrar as ligações ocorridas entre diversos movimentos de vanguarda. A
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presente proposta busca contribuir, sobretudo, com o enriquecimento da pesquisa
de teoria e história da arquitetura brasileira, aqui, de forma objetiva na investigação
das influências que ocorreram na segunda metade do século XX na arquitetura
brasileira, partindo de movimentos de vanguarda pouco estudados, ocorridos no
período entre guerras.
1.3 Objetivos
“Sem forma revolucionária não há arte revolucionária” Vladimir Mayakovsky
citado em "As metamorfoses de Oswald de Andrade" (ANDRADE, 1972 p.62)
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2. Investigar a dimensão da influência das artes plásticas e suas
experimentações de materiais, principalmente esculturas cinéticas, na
arquitetura moderna.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Construtivismo, em seus escritos, buscou a modernização de um território que fora
considerado feudal até a queda do regime czarista. Como foi dito por Lissitzky
(1922), “uma arte Construtivista não é a que decora mas a que organiza a vida.”
Demonstrou-se forte preocupação do movimento em mudar o contexto social, tido
como atrasado até aquele momento, atrasado principalmente por promover a arte e
a arquitetura para camadas sociais mais abastadas, e o avanço à modernidade
somente existiria junto à toda a sociedade.
Em meados do século XX, no período entre guerras, até o contexto do pós-
guerra entre o movimento de maio de 69, surge e alastra-se o que se considera,
historiograficamente, principalmente em História e teoria da Arte, o que passa a ser
denominado como arte moderna, principalmente ligado aos processos de
modernização da sociedade.
Então, sendo este período marcado por manifestações, considerou-se que
quase todos os movimentos redigiram um manifesto ao qual se propuseram a seguir
devido a um objeto proposto e à necessidade da busca pela individualidade. Em
muitos dos casos, os manifestos basearam-se em críticas à movimentos de ideias
anteriores. Dessa forma, como antítese de propostas anteriores, consideraram-se
como revolucionários, originando uma forma de arte politizada, uma proposta de arte
revolucionária, onde existe uma ação e um pensamento politizado. Há de se
ressaltar o Cubismo nesse momento em que se inicia o século XX, onde a arte é
produzida por definição, embasada sob o conceito do que o artista pensa e percebe
da sociedade, abdicando da expressão pura e simples da experimentação
objetivamente visual ou, até mesmo, em detrimento dos sentidos e direcionando-se
pelo racionalismo.
No caso do cubismo a arte produzida é definida por aquilo que o artista
pensa e não aquilo que ele vê, isto implica então a questão de um certo
afastamento do referente ainda que seja possível identificar alguns
elementos nas obras, como por exemplo na obra de Pablo Picasso “Les
Demoiselles d’Avignon” de 1907 em que podemos facilmente identificar 5
figuras femininas, este movimento defende que a representação não é um
espetáculo para os olhos do observador mas sim para o seu intelecto.
(MATHEUS, C. 2018)
Parafraseando Lênin: "Em sua luta pelo poder, o proletariado não tem outra
arma senão a própria organização" (FELIZARDO 2008. p. 77), sendo um chamado
que demonstra a intenção construtivista como vanguarda e como movimento ligado
à causa social em dar poder à população na forma de experimentação das artes, até
então limitadas à elite, e a busca pela organização da sociedade, não somente no
contexto da Revolução de Outubro, como também na consolidação do Estado,
ocorrida pelo esforço construtivista em proliferar suas ideias pela sociedade.
12
Para fundamentar o estudo, é essencial esclarecer sua proposta libertadora,
como era assim entendido naquele momento de fervor artístico em um mundo onde
o sistema colonial entrava em profundo colapso e as sociedades começaram a se
movimentar sob a perspectiva de ideias mais sociais.
Tatlin veio a dizer em meados de 1920 que “Não o antigo, não o novo, mas o
necessário.” Dessa forma, ele deixa claro que o movimento não quer manter
13
tradições culturais, nem mesmo forçar uma nova ideia estilística como ocorrido em
outros movimentos anteriores, mas o que ele propõe é que o movimento insira-se
em todas as camadas e que tente transformar toda a sociedade.
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS ESPERADOS
5 PREVISÃO DE SUMÁRIO
1. Apontamentos Históricos
1.1. Introdução - Contexto social e político
1.2. O Pensamento Social europeu do final do século XIX
2. Vanguarda artística e Construtivismo
2.1. O Construtivismo Russo
2.2. Difusão e expansão do Construtivismo Russo na Sociedade Soviética
3. As posições de Tatlin, Rodchenko, Lissitsky e Malevitch)
4. Arte e manifesto – Manifesto Realista de Naum Gabo e Anton Pevzner (A
ideia construtivista na Arte e Arquitetura)
4.1. Diálogos possíveis; Construtivismo Russo e Neoconcretismo Brasileiro
4.2. O construtivismo Russo: O manifesto realista
4.3. O Neoconcretismo: O manifesto Neoconcreto
5. Arte e Manifesto 2. Manifesto Neoconcreto – (A revisão da ideia construtivista
na Arte moderna brasileira)
5.1. Influência do Construtivismo na atualidade
6. Discussão (?????)
7. Considerações Finais
8. Conclusão
17
6 CRONOGRAMA DE REALIZAÇÃO
Levantamento bibliográfico
Análise da bibliografia
levantada
Revisão da bibliografia
Entrega do projeto de
pesquisa preliminar
Redação da dissertação
Levantamento de dados
da área de estudo
Redação da dissertação
Levantamento de dados
bibliográficos e de estudos
Revisão junto ao
orientador
18
Diretrizes para o
andamento final da
dissertação
Banca da qualificação
Revisão da dissertação
Em junho de 20220
7 REFERÊNCIAS
19
BONNEL, Vitória. Iconografy of Power: Soviet political posters under Lenin an Stalin.
Universite of California Press, 1977.
BRETON, A.; TROTSKI, L. Manifesto por uma Arte Revolucionária Livre, 1938. In:
H.B. CHIPP, Teorias da Arte Moderna. 4. ed. São Paulo, Martins Fontes, 2002.
GRAY, Camilla. O Grande Experimento. Arte Russa 1863-1922. trad. Luiz Antonio
Pitanga do Amparo. São Paulo: Worldwhitewall Editora Ltda, 2004.
HELLER, Steven. Iron First. Branding the 20th-Century Totalitarian. In: The Soviet
Communists. New York: Phaidon, 2008. p. 124-152.
HILL, Cristopher. Lênim e a Revolução Russa. 2.ed., Rio de Janeiro, Zahar, 1967.
20
SALLES, Francisco Luiz A. Cap. XVII - A Revolução Russa e seu Significado
Político. In: Introdução ao Pensamento Político. São Paulo: Federação do Comércio
do Estado de São Paulo – SESC e Senac, 1955
SALLES, Evandro. A Grande Utopia: In: Gráfica Utópica: arte gráfica russa 1904-
1942. São Paulo: Centro Cultural Banco do Brasil, Catálogo exposição. 2001.
21
STANGOS, Nikos. Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
1991.
GOODING, M. Movimentos da arte moderna: arte abstrata. São Paulo: Cosac &
Naify, 2002.
8 ANEXOS
Anexo I
O Manifesto Realista, Naum Gabo e Antoine Pevsner, 1920
Proclamamos: Para nós, espaço e tempo nascem hoje. Espaço e tempo: as únicas
formas onde a vida se constrói, as únicas formas, portanto, onde a arte deve ser
erigida.
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A realização de nossa percepção do mundo sob os aspectos de espaço e tempo:
esse é o único objetivo de nossa criação plástica.
E não medimos nosso trabalho pelo padrão de beleza, não o pesamos na balança
da ternura e do sentimento. Com o fio de prumo nas mãos, a aparência precisa
como uma régua, a mente rígida como uma bússola, estamos construindo nossas
obras à medida que o universo se constrói. Por isso, quando representamos objetos,
estamos rasgando os rótulos que seus donos lhes deram, tudo o que é acidental e
local, deixando-os apenas com sua essência e sua permanência, para trazer à tona
o ritmo das forças que neles se escondem.
Proclamamos que o tom dos corpos, ou seja, sua substância material absorvendo a
luz, é sua única realidade pictórica.
2. Negamos à linha seu valor gráfico. Na vida real dos corpos, não há nada
gráfico. A linha é apenas um traço acidental que os humanos deixam nos
objetos. Não tem conexão com a vida essencial e com a estrutura permanente das
coisas. A linha é um elemento meramente gráfico, ilustrativo e decorativo.
Reconhecemos a linha apenas como a direção das forças estáticas que estão
ocultas nos objetos e de seus ritmos.
3. Nós rejeitamos o volume como uma forma plástica de espaço. Não se pode medir
um líquido em polegadas. Olhe para o nosso espaço real: o que é senão uma
profundidade contínua?
Anexo II
Mas a obra desses artistas tem sido até hoje interpretada na base dos princípios
teóricos, que essa obra mesma negou. Propomos uma reinterpretação do
neoplasticismo, do construtivismo e dos demais movimentos afins, na base de suas
conquistas de expressão e dando prevalência à obra sobre a teoria. Se
pretendermos entender a pintura de Mondrian pelas suas teorias, seremos
obrigados a escolher entre as duas. Ou bem a profecia de uma total integração da
arte na vida cotidiana parece-nos possível e vemos na obra de Mondrian os
primeiros passos nesse sentido ou essa integração nos parece cada vez mais
remota e a sua obra se nos mostra frustrada. Ou bem a vertical e a horizontal são
mesmo os ritmos fundamentais do universo e a obra de Mondrian é a aplicação
desse princípio universal ou o princípio é falho e sua obra se revela fundada sobre
uma ilusão. Mas a verdade é que a obra de Mondrian aí está, viva e fecunda, acima
dessas contradições teóricas. De nada nos servirá ver em Mondrian o destrutor da
superfície, do plano e da linha, se não atentamos para o novo espaço que essa
destruição construiu.
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dele, suas formas revelam. Terá interesse cultural específico determinar as
aproximações entre os objetos artísticos e os instrumentos científicos, entre a
intuição do artista e o pensamento objetivo do físico e do engenheiro. Mas, do ponto
de vista estético, a obra começa a interessar precisamente pelo que nela há que
transcende essas aproximações exteriores: pelo universo de significações
existenciais que ela a um tempo funda e revela.
Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como
um quasi- corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações
exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só
se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica. Acreditamos que a obra de
26
arte supera o mecanismo material sobre o qual repousa, não por alguma virtude
extraterrena: supera-o por transcender essas relações mecânicas (que a Gestalt
objetiva) e por criar para si uma significação tácita (M. Pority) que emerge nela pela
primeira vez. Se tivéssemos que buscar um símile para a obra de arte, não o
poderíamos encontrar, portanto, nem na máquina nem no objeto tomados
objetivamente, mas, como S. Lanoer e W. Wleidlé, nos organismos vivos. Essa
comparação, entretanto, ainda não bastaria para expressar a realidade específica
do, organismo estético.
É porque a obra de arte não se limita a ocupar um lugar no espaço objetivo – mas o
transcende ao fundar nele uma significação nova - que as noções objetivas de
tempo, espaço, forma, estrutura, cor etc não são suficientes para compreender a
obra de arte, para dar conta de sua “realidade”. A dificuldade de uma terminologia
precisa para exprimir um mundo que não se rende a noções levou a crítica de arte
ao uso indiscriminado de palavras que traem a complexidade da obra criada. A
influência da tecnologia e da ciência também aqui se manifestou, a ponto de hoje,
invertendo-se os papéis, certos artistas, ofuscados por essa terminologia, tentarem
fazer arte partindo dessas noções objetivas para aplicá-las como método criativo.
Inevitavelmente, os artistas que assim procedem apenas ilustram noções a priori,
limitados que estão por um método que já lhes prescreve, de antemão, o resultado
do trabalho. Furtando-se à criação espontânea, intuitiva, reduzindo-se a um corpo
objetivo num espaço objetivo, o artista concreto racionalista, com seus quadros,
apenas solicita de si e do espectador uma reação de estímulo e reflexo: fala ao olho
como instrumento e não olho como um modo humano de ter o mundo e se dar a ele;
fala ao olho- máquina e não ao olho-corpo.
27
confundiam o conceito de forma-mecânica com o de forma-expressiva, urge
esclarecer que, na linguagem da arte, as formas ditas geométricas perdem o caráter
objetivo da geometria para se fazerem veículo da imaginação. A Gestalt, sendo
ainda uma psicologia causalista, também é insuficiente para nos fazer compreender
esse fenômeno que dissolve o espaço e a forma corno realidades causalmente
determináveis e os dá como tempo - como espacialização da obra. Entenda-se por
espacialização da obra o fato de que ela está sempre se fazendo presente, está
sempre recomeçando o impulso que a gerou e de que ela era já a origem. E se essa
descrição nos remete igualmente à experiência primeira - plena - do real, é que a
arte neoconcreta não pretende nada menos que reacender essa experiência. A arte
neoconcreta funda um novo “espaço” expressivo.
Por sua vez, a prosa neoconcreta, abrindo um novo campo para as experiências
expressivas, recupera a linguagem como fluxo, superando suas contingências
sintáticas e dando um sentido novo, mais amplo, a certas soluções tidas até aqui
equivocadamente como poesia.
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É assim que, na pintura como na poesia, na prosa como na escultura e na gravura, a
arte neoconcreta reafirma a independência da criação artística em face do
conhecimento prático (moral, política, indústria etc).
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