Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
ABSTRACT
This article focuses on the influences of the Russian constructivist forefront in the
historical course of world photographic and cinematography art, featuring, among other
1
Thaís De Angelis Vitta é fotógrafa formada pela Focus Escola de Fotografia, graduada em Produção
Audiovisual pelas Faculdades Metropolitanas Unidas e especialista em História da Arte: Teoria e Crítica pela
Faculdade Paulista de Artes.
ARTEREVISTA, n. 6, ago./dez. 2015, p. 91-106
92
references, the optical of authors Aaron Scharf, François Albera and Giulio Carlo Argan.
The study points out the relationship between the political and social context of this
movement, of contesters purposes, and creative products and processes of its creators. The
analysis is done through the aid of some productions of Aleksandr Rodchenko, Lev
Kulechov and Sergei Eisenstein, to highlight the aesthetic innovations left by these artists
and understand the techniques adopted for the design of these new ideas, conducted by the
1917 Revolution.
Keywords: russian construtivism; photography; cinema.
INTRODUÇÃO
vida das pessoas, produzida através do uso das máquinas e dos materiais industriais. Com
tanta riqueza de produção e de inovação, influenciou diversos setores artísticos desde
então.
O historiador de arte americano Aaron Scharf (2000, p. 148), relata em seu texto
referente ao movimento, inserido no livro Conceitos da arte moderna, que
Nascido em 1891, passou a sua infância em uma casa de teatro em São Petersburgo,
chamada Clube Russo, onde seu pai trabalhava. Vem também de seu pai um importante
incentivo para seu desenvolvimento criativo: não lhe dava brinquedos quando criança e,
para brincar, Rodchenko desenvolvia ao máximo sua imaginação.
Aleksandr Lavréntiev2 (2010, p. 205) relata que no início do ano de 1916, morando
em Moscou, o artista participou de uma exposição futurista na qual apresentou suas obras
fundamentadas em abstrações geométricas, colagens e pinturas, através de uma linha de
expressão que se introduzia no desenvolvimento da vanguarda soviética. É nesse período,
mais especificamente no ano seguinte, que é fundado o construtivismo russo.
O resultado dessa invasão foi uma mudança fundamental nas ideias sobre
a natureza da fotografia e o papel do fotógrafo. O pensamento conceitual
foi introduzido na fotografia, que deixou de ser mero reflexo da realidade
e se tornou um dispositivo de representação visual de construções
intelectuais dinâmicas.
Rodtchenko introduziu a ideologia construtivista na fotografia e
desenvolveu métodos e instrumentos para aplicá-la. Os procedimentos
que ele descobriu se difundiram rapidamente. Foram utilizados por
alunos e praticantes com afinidades de pensamento, mas também por
adversários políticos e estéticos.
2
Aleksandr Lavréntiev é neto de Aleksandr Mikhailovich Rodchenko e o responsável pela organização da
biografia oficial do artista, publicada em 1999.
ARTEREVISTA, n. 6, ago./dez. 2015, p. 91-106
97
Nas imagens Escada de incêndio (Figura 02) e Reunião para uma manifestação
(Figura 03), podem-se identificar os ângulos considerados excêntricos, geralmente a partir
de pontos muito acima ou muito abaixo do olhar humano, que ficaram conhecidos como
Ângulos de Rodchenko. Lavréntiev (2010, p. 211) explica que a escolha do fotógrafo
soviético no uso desses pontos de vista inesperados em suas composições se dá pelo fato
de que “antes raramente eram usados e porque pareciam moderníssimos”. Além de
transmitir a ideia da profundidade e a escala do espaço urbano retratado.
3
Disponível em:
http://www.ite.educacion.es/formacion/materiales/24/cd/m2_2/fundamentos_psicolgicos.html . Acesso em
31-05-2015.
ARTEREVISTA, n. 6, ago./dez. 2015, p. 91-106
102
descobriu a arte de ligar material sem nenhuma relação entre si e que, quando dois planos
são colocados em conjunto, o significado pode surgir ou acentuar a diferença entre eles”.
Sergei Eisenstein foi um dos principais teóricos do cinema russo e, pela ampla
utilização de suas teorias nas produções de seus filmes, foi o cineasta que posteriormente
obteve maior reconhecimento por parte do público. Para ele, segundo Paiva (2011, p. 42),
o princípio da montagem está presente em toda criação artística.
Diferente das técnicas elaboradas por seu antigo mestre, Eisenstein não se utilizava
do recurso da montagem para dar continuidade e contar uma história, mas sim para
provocar no espectador comoções, sensações e ideias, por meio do conflito entre os planos.
4
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=GZOFRtmMj8o . Acesso em 31-05-2015.
Dziga Vertov apresentava como ponto central de sua teoria o cine-olho (kino-glaz).
Para este cineasta, a matéria-prima da prática cinematográfica era a realidade e apenas a
documentação da verdade poderia ajudar no avanço revolucionário que era o autêntico
objetivo daquele período. Por esse motivo, defendia firmemente que as produções não
deveriam conter qualquer tipo de encenação ou reconstituição. Expondo esse
posicionamento rígido, foi duramente contestado por outros cineastas compatriotas,
conforme cita Mascarello (2012, p. 134)
5
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=h0ilVmplT3Y . Acesso em 31-05-2015.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A percepção da conexão existente entre a evolução humana e social com a arte que
se produz em certo período é o ponto de partida vital para o profundo entendimento de
determinada obra e seu realizador. Verifica-se nas leituras de Ernst Gombrich a concepção
de que uma criação só firmará sua importância na história da arte em um tempo posterior a
sua laboração, quando for possível entender, através desse distanciamento, sua importância
e colaboração para tal condição na sociedade e na arte.
REFERÊNCIAS
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a história: História geral e história
do Brasil. 4.ed. São Paulo: Editora Ática S.A, 1996.
GOMBRICH, Ernst Hans. A história da arte. 16.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
RICKEY, George. Construtivismo: origens e evolução. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
SCHARF, Aaron. Construtivismo. In: STANGOS, Nikos. Conceitos da arte moderna. Rio
de Janeiro: Zahar, 2000.