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Trabalho final de Evolução das Artes Visuais III - Primeiro semestre de 2016
Docente: Sonia Salzstein Goldberg
Aluno: Bruno Ferreira (6009719)
O texto de Giulio Carlo Argan se propõe a analisar o arco histórico que vai de 1880 a
1940 através das transformações nas artes, entendida como um campo da cultura
que também abrange a arquitetura, o urbanismo, o teatro, a fotografia, o cinema e
as artes aplicadas (como o desenho gráfico e o desenho de objetos). O autor em
sua análise parte do princípio que a arte depende intrinsecamente dos eventos
significativos da história de um dado momento, mas ela, a arte, é também o meio de
conhecer e compreender a fundo os significados de um dado momento histórico.
No final do século 19, podemos listar uma série de mudanças que transformaram o
status da sociedade vigente na Europa. Segundo Argan, talvez a principal força
transformadora seja o impacto causado nas esferas políticas, econômicas e sociais,
pelo desenvolvimento do capitalismo industrial O que disparou uma série de
mudanças no modo de se fazer politica, na cultura e nos costumes na Europa. Pois
por volta desse momento, alteram-se o regime de trabalho, o modo de produção de
bens e produtos e o consumo dentro da sociedade.
Um dos estilos procedentes desse laço entre arte e o meio industrial, o Art Nouveau,
reivindicou, através de suas peças, seu caráter poético, desenvolvendo o que se
denominou como a estetização da vida. O que trouxe, em seu bojo, a necessidade
de estimular artisticamente o consumo. É o momento em que se desenvolve a
publicidade como mais um gênero artístico.
O radicalismo crítico, em uma busca quase vertiginosa por estar a par de seu tempo,
incita a absorção de ideias científicas na arte, com no impressionismo de Seurat e
Signac, muito influenciados pela física óptica. Passando pelo drama interior do
homem que povoará a obra de Van Gogh, Munch e Gauguin. Chega-se então ao
final da primeira década do século XX e ao cubismo analítico de Picasso e Braque, e
na arte não-figurativa do Blaue Reiter.
Com o fim da I Guerra Mundial, vemos o surgimento de uma vertente abstrata que
nega relações com a realidade direta, e preconiza uma fuga pra um universo interno,
um escape dos duros fardos causados pela guerra. É um pensamento semelhante
que rege também o Surrealismo, com sua valorização do inconsciente e da
psicanálise. Próximo dessa negação podemos situar o Dadaísmo, tomando uma
posição mais drástica de recusa à toda a sociedade e à própria arte.
Argan termina o texto com a explosão da II Guerra Mundial e com a obra Guernica
de Picasso. Para Argan, representativos “mesmo que por contradição dialética” do
esgotamento de um sistema de valores (culturais, sociais, políticos e geográficos).
Há aí, inclusive, o surgimento de um problema até então ausente do universo das
artes: a inquietante pergunta que colocava em dúvida o fazer artístico, e o período
de trevas que a guerra trazia consigo. Tempo em que se reafirma a dimensão
trágica da história da arte moderna: entre o mito da origem, do eterno recomeço, e a
ideia de superação contínua, que resultaria, por fim, no esgotamento, e na ideia de
morte da arte.
Bibliografia
ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna de Hogarth a Picasso. São Paulo: Companhia
das Letras, 2010, p. 438-494.