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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

GABRIELE BENITEZ FREHSE

RELAÇÃO DO TEXTO “ARTE MODERNA” DE ARGAN COM OBRAS DE


ARTISTAS SELECIONADOS

CURITIBA 2023
1. INTRODUÇÃO

À medida que o século XIX se desenrolava, uma efervescência cultural e


artística rompia as amarras das tradições acadêmicas, dando origem a movimentos
revolucionários que desafiavam as convenções estéticas da época. Um desses
movimentos, o Impressionismo, emergiu na França durante a segunda metade do
século, apresentando ao mundo uma abordagem inovadora da representação visual.
Posteriormente, o Pós-Impressionismo expandiu as fronteiras dessas
transformações, introduzindo perspectivas e técnicas que deixaram uma marca
indelével na narrativa da arte. Este estudo visa aprofundar-se no Impressionismo e
no Pós-Impressionismo, destacando não apenas as características distintivas
dessas correntes, mas também a influência duradoura que exerceram na evolução
da estética artística. Ao lançar um olhar crítico sobre as obras de mestres como
Claude Monet, Georges Seurat, Vincent van Gogh e outros, busca-se fornecer uma
análise abrangente desses movimentos, revelando as motivações por trás de suas
inovações, as metamorfoses que introduziram na representação artística e o impacto
que imprimiram na formação da arte moderna. Para além dos contornos estéticos,
esta pesquisa busca compreender o contexto social, cultural e filosófico que
alimentou essas expressões artísticas, contribuindo assim para uma compreensão
mais rica e multifacetada dos movimentos que caracterizaram uma época de
transição na história da arte.

1.1 OBRAS A SEREM ANALISADAS

No eclodir do século XIX, a arte presenciou uma metamorfose marcante,


refletindo as mudanças culturais e sociais da época. Nesse cenário de
transformações, dois artistas se destacam como pioneiros em movimentos que
desafiaram as normas estabelecidas, redefinindo a forma como o mundo era
representado na tela. Claude Monet, com sua obra "Camille Monet e filho no morro"¹
(1875), e Georges Seurat, com a monumental "Um domingo de tarde na Ilha La
Grande Jatte"² (1884-1886), ilustram distintas facetas do Impressionismo e do Pós-
Impressionismo, respectivamente. Em suas pinceladas e escolhas técnicas, esses
mestres da tela não apenas capturaram a essência de seus tempos, mas também
influenciaram de maneira indelével a trajetória da arte moderna. Esta análise visa
não apenas explorar as características pictóricas dessas obras, mas também
contextualizá-las dentro do panorama artístico da época, oferecendo uma janela
para compreender o impacto desses movimentos na evolução da estética e na
quebra de paradigmas que caracterizou o século XIX.
2. DESENVOLVIMENTO

2.1. IMPRESSIONISMO

Claude Monet, com sua notável obra "Camille Monet e filho no morro"¹ (1875),
personifica as características distintivas do movimento impressionista, um fenômeno
artístico que emergiu no século XIX. O Impressionismo, conforme delineado por
Cesare Brandi, rompeu com a abordagem convencional da representação realista,
buscando capturar a efemeridade das impressões momentâneas da luz e da
atmosfera. Monet empregou pinceladas soltas, conferindo uma atmosfera leve à sua
composição. Sua paleta vibrante, com cores não meticulosamente misturadas na
tela, evidencia a busca pela captura imediata de sensações visuais.

A figura a seguir apresenta a obra previamente citada.

FIGURA 1- Claude Monet: Camille Monet e filho no morro, 1875, ó/t, 100 × 81 cm,
Washington (D.C.), National Gallery of Art.

Fonte: Google Images

Georges Seurat, por sua vez, introduziu um novo capítulo no cenário artístico
com sua obra magistral "Um domingo de tarde na Ilha La Grande Jatte"² (1884-
1886), caracterizando o movimento neoimpressionista, também conhecido como
Pontilhismo. O Pontilhismo buscava uma abordagem científica à pintura,
destacando-se pela aplicação de pontos de cores puras que, visualmente mesclados
à distância, expressavam a influência da teoria das cores. Seurat adotou uma
composição estruturada e ordenada, divergindo da espontaneidade impressionista,
criando uma imagem que parecia quase composta por pixels.

A seguir, segue em anexo a arte previamente citada.

FIGURA 2- Georges Seurat: Um domingo de tarde na Ilha La Grande Jatte,1884-


1886, ó/t, 205,7 × 305,8 cm, Chicago, Art Institute

Fonte: Wikipédia

Ao compararmos essas obras com a abordagem proposta por Giulio Carlo


Argan em "Arte Moderna", percebemos a convergência e divergência com as ideias
do autor. Argan, ao abordar o Impressionismo como uma reação à estética
acadêmica, destaca a busca por uma expressão artística imediata e a ruptura com
tradições. As pinceladas soltas e a ênfase de Monet na captura da luz corroboram
com essa visão. No entanto, Seurat, com sua abordagem mais científica, sugere um
passo além na quebra de tradições, alinhando-se com as transformações discutidas
por Argan. Ambos os artistas, assim, desempenharam papéis cruciais na evolução
da pintura, desafiando normas estabelecidas e explorando novas formas de
expressão visual, conforme delineado por Argan em seu texto seminal sobre a Arte
Moderna.

2.2. PÓS IMPRESSIONISMO.

Em seguida, estaremos estudando os artistas pós-impressionismo. Paul


Cézanne, figura proeminente do Pós-Impressionismo e precursor do Cubismo,
desafia as convenções artísticas em sua obra "Mont Sainte-Victoire"³ (1904).
Distanciando-se das trilhas impressionistas, Cézanne adota uma abordagem mais
sólida na estruturação de suas composições. Sua concepção pictórica revela uma
análise meticulosa da natureza, desconstruindo a cena em formas geométricas
fundamentais como cilindros, cones e esferas. As pinceladas de Cézanne são
deliberadas e construtivas, formando pequenos planos de cor que se superpõem,
gerando uma sensação de solidez e volume. Contrastando com a efemeridade do
impressionismo, Cézanne busca representar a permanência e a estabilidade das
formas, contribuindo assim para a evolução do Cubismo no cenário artístico.
Segue em anexo a arte previamente citada.

FIGURA 3- Paul Cézanne, Mont Saint Victoire, 1904, Philadelphia Museum of Art.

Fonte: Google Images


Vincent van Gogh, vinculado ao Pós-Impressionismo e reconhecido pela
expressividade emocional em sua arte, deixa uma marca indelével em "Retrato do
carteiro Roulin"4 (1888). Sua concepção pictórica é caracterizada por cores
vibrantes e contrastes marcantes, evidenciando sua ousadia no uso da paleta. Van
Gogh não apenas aplica a tinta de maneira espessa e visível, criando texturas
palpáveis na superfície da tela, mas também imprime suas pinceladas de forma
frenética, contribuindo para a energia e vitalidade de suas obras. A abordagem
subjetiva de Van Gogh transcende a mera representação objetiva, buscando
expressar suas emoções e percepções pessoais do mundo. Esta abordagem
subjetiva desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do
Expressionismo, um movimento artístico subsequente que valoriza a intensidade da
expressão individual.

Segue em anexo a arte previamente citada.

FIGURA 4- Vincent Van Gogh, Retrato do carteiro Roulin, ó/t, 81x 65, 4 cm Museu Belas
Artes, Boston.

Fonte: Google Images

No contexto do texto "Arte Moderna" de Giulio Carlo Argan, as concepções


pictóricas de Cézanne e Van Gogh alinham-se à narrativa de transição da arte em
direção à modernidade. A abordagem estrutural e analítica de Cézanne, buscando a
solidez das formas, ressoa com a visão de Argan sobre a evolução artística além
das tradições acadêmicas. Por outro lado, Van Gogh, com sua expressividade
emocional e cores vibrantes, exemplifica a ideia de Argan sobre a arte moderna
como uma expressão mais subjetiva e intensa, contribuindo significativamente para
a moldagem do Expressionismo. Em síntese, ambos os artistas desempenharam
papéis cruciais na transição artística para a modernidade, influenciando movimentos
subsequentes e ecoando as transformações discutidas por Argan em sua análise
sobre a Arte Moderna.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

À medida que o século XIX avançava, testemunhamos uma efervescência


cultural e artística que transcendia as amarras das tradições acadêmicas, dando
origem a movimentos revolucionários que desafiaram as convenções estéticas da
época. O Impressionismo, emergindo na França durante a segunda metade do
século, representou uma abordagem inovadora na representação visual, marcando o
início de transformações profundas na narrativa da arte. Posteriormente, o Pós-
Impressionismo expandiu essas transformações, introduzindo perspectivas e
técnicas que deixaram uma marca duradoura na evolução da estética artística. Ao
nos debruçarmos sobre as obras de mestres como Claude Monet, Georges Seurat e
Vincent van Gogh, esta análise proporcionou uma imersão nas características
distintivas do Impressionismo e do Pós-Impressionismo. Através de pinceladas
soltas e cores vibrantes, Monet capturou a efemeridade das impressões
momentâneas da luz e da atmosfera, enquanto Seurat, com sua abordagem
científica e Pontilhismo, adicionou uma dimensão estruturada à representação
visual. Van Gogh, por sua vez, com sua expressividade emocional e uso ousado de
cores, destacou-se como uma força motriz do Pós-Impressionismo, contribuindo
para moldar o Expressionismo.
Ao contextualizarmos essas obras no cenário descrito por Giulio Carlo Argan
em "Arte Moderna", notamos uma convergência e divergência com suas ideias. O
Impressionismo, como reação à estética acadêmica, encontra eco nas pinceladas
soltas de Monet, enquanto o rigor científico de Seurat representa um passo além na
quebra de tradições. Van Gogh, com sua abordagem intensamente subjetiva, se
alinha à visão de Argan sobre a arte moderna como uma expressão mais profunda e
pessoal. Em resumo, a análise dessas obras e suas relações com o contexto
artístico e as ideias de Argan revela não apenas os contornos estéticos do
Impressionismo e Pós-Impressionismo, mas também a complexidade de suas
motivações e o impacto duradouro na formação da arte moderna. Este estudo
oferece uma janela única para compreender não apenas a evolução estilística, mas
também o rico contexto social, cultural e filosófico que impulsionou essas
expressões artísticas, contribuindo assim para uma compreensão mais profunda dos
movimentos que caracterizaram uma era de transição na história da arte.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARGAN, Giulio. Arte Moderna, São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 75-77,
98-102, 82 e 117-123.
ARGAN, Giulio. Arte Moderna, São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 109-117
e 123-127.
DEMPSEY, Amy. Impressionismo e Neo Impressionismo, IN: Estilos, Escolas &
Movimentos. Guia Enciclopédico da arte Moderna. São Paulo: Cosaic& Naify, 2010,
p. 14-18 e 26-30.
DEMPSEY, Amy. Pós-Impressionismo. IN: Estilos, Escolas & Movimentos. Guia
Enciclopédico da arte Moderna. São Paulo: Cosaic& Naify, 2010, p. 45-48.

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