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Psicologia

Educacional

Aula 2

Patricia Rossi
Carraro
Fracasso escolar

A teoria da privação ou carência


cultural

A teoria reprodutivista

O fracasso escolar - questão social


e as quatro concepções

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Fracasso Escolar
A repetência e a evasão escolar desafiam
os educadores.

Psicólogos/sociólogos têm procurado


descobrir as causas do fracasso escolar
nas escolas públicas e formularam teorias
para explicar a existência de tantas crianças
repetentes e o que tem levado tantos alunos a
abandonar os estudos.

Vamos compreender estas teorias?


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A teoria da privação/carência cultural
• Originou-se nos Estados Unidos - aceitação pelos
educadores brasileiros.

• Justificativa do fracasso escolar - crianças que


fazem parte das camadas sociais de baixa renda
seria causado por sua privação ou carência
cultural.

• Famílias desprovidas de recursos - as crianças


não tiveram e nem têm acesso ao mínimo de
informações culturais no lar.
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Consequências
1. Marginalização na escola - discriminadas
como “incapazes” de aprender, devido às
carências de seu ambiente.

2. Rebaixamento do nível da educação -


características são consideradas como
obstáculos básicos. Os professores devem
aceitar e exigir menos desses alunos.

3. Desenvolvimento da educação
compensatória pré-escolar - criação de
programas a pré-escolares.
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A teoria da privação/carência cultural
• Em nome da carência cultural, foram
organizados, no Brasil, inúmeros projetos de
educação compensatória, mas que não
apresentaram resultados satisfatórios, servindo

http://im5.asset.yvimg.kz
para marcar ainda
mais a discriminação
e a consequente
seletividade social.

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A teoria reprodutivista (ou a escola como
produtora do fracasso escolar)
• Uma outra teoria explicativa das causas do fracasso
escolar nas escolas públicas foi apresentada pelo
sociólogo francês Pierre Bourdieu.

http://2.bp.blogspot.com/
• Seus seguidores acreditam
que o insucesso escolar
dos alunos pobres não é
causado por suas
características psicológicas,
por sua “incapacidade
para aprender”, mas pela
própria estrutura da escola. 7
Música

• Estudo Errado - Gabriel O Pensador

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A teoria reprodutivista

• A escola é um aparelho ideológico do


Estado, visando atender apenas aos
interesses da classe social dominante.

• A escola é vista como produtora de


desigualdades, onde só se valorizam os
padrões culturais das classes dominantes e
se discriminam os conhecimentos dos
menos afortunados.
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• A escola tem desenvolvido várias formas de
discriminação sutil, mas persistente, contra o aluno
desprivilegiado. Pode-se constatar essa questão
através das frases:

a) “precisamos dar oportunidades iguais para todos,


mas condições especiais para os bem-dotados”;

b) “devemos eliminar privilégios especiais para os


alunos ricos em detrimento dos pobres, mas devem
ser criadas oportunidades especiais para a elite
intelectual”.

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O fracasso escolar: questão social e o
envolvimento de quatro concepções
• A produção do fracasso escolar (questão
social) envolve quatro concepções.

1. Problema psíquico: a culpabilização das


crianças.
2. Problema técnico: a culpabilização do
professor.
3. Questão institucional: a lógica excludente da
educação escolar.
4. Questão política: cultura escolar, cultura
popular e relações de poder.
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O fracasso escolar como problema
psíquico: a culpabilização das crianças e
de seus pais.
• A criança possui uma organização psíquica imatura,
que resulta em ansiedade, dificuldade de atenção,
dependência, agressividade etc., que causam, por

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sua vez, problemas psicomotores e inibição
intelectual que prejudicam a aprendizagem escolar.

O fracasso escolar se deve a


prejuízos da capacidade
intelectual dos alunos,
decorrentes de "problemas
emocionais".
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O fracasso escolar como um problema
técnico: a culpabilização do professor
• O foco muda de lugar: não se localiza nos problemas
individuais dos alunos, mas na técnica de ensino do
professor. Neste pressuposto, os alunos possuem

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dificuldades de ordem emocional, cultural etc., que
podem ser sanadas pelo professor se ele utilizar a
técnica de ensino adequada.
O fracasso escolar como
efeito de técnicas de ensino
inadequadas ou de falta de
domínio da técnica correta
pelo professor.
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O fracasso escolar como questão
institucional: a lógica excludente
da educação escolar
• O fracasso escolar é um fenômeno presente desde
o início da instituição da rede de ensino público no
Brasil.

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• A escola deve ser considerada como instituição
inserida em uma sociedade
de classes regida pelos
interesses do capital; a
própria política pública
encontra-se entre os
determinantes do
fracasso escolar.
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O fracasso escolar como questão
política: cultura escolar, popular e
relações de poder

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A escola como instituição social é regida pela
mesma lógica constitutiva da sociedade de classes.
O foco, entretanto, incide nas relações de poder
estabelecidas no interior da
instituição escolar, mais
especificamente na violência
praticada pela escola ao
estruturar-se com base na
cultura dominante e não
reconhecer - e, portanto,
desvalorizar - a cultura popular.
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Fracasso escolar: de quem é a culpa?
• Mas será que existe mesmo um culpado para
a não-aprendizagem?

• Será que os supostos culpados devem


assumir individualmente a culpa pelo fracasso
escolar?

• Ou será que a causa do fracasso não é uma


soma de procedimentos coletivos que
provocam esses problemas e sempre a maior
vítima e principal culpado é o aluno?
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Fracasso escolar: de quem é a culpa?

• Não basta culpabilizar, é essencial que as


escolas e os professores, com suas devidas
funções de educar, não se desobrigue
dessa responsabilidade.

• Em um trabalho coletivo, o fracasso escolar


não terá mais culpados, mas sim parceiros
que articulam esforços para produzir
sucessos.
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Fracasso escolar e os transtornos

• Não podemos negar que, muitas vezes, o


fracasso é decorrente de transtornos de
comportamento que nossos alunos
apresentam e o professor não consegue
identificar, colocando como falta de limites e
de educação.

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Referências
ANGELUCCI, Carla Biancha et al. O estado da arte da pesquisa
sobre o fracasso escolar (1991-2002): um estudo introdutório. Educ.
Pesqui., São Paulo, v. 30, n. 1, abr. 2004. Disponível em
http://www.scielo.br/. Acesso em 02 set. 2014.
BARROS, Célia Silva Guimarães. Psicologia e Construtivismo. 4. ed.
São Paulo: Editora Ática, 2009.
HECKERT, Ana Lucia Coelho; BARROS, Maria Elizabeth Barros de.
Fracasso escolar: do que se trata? Psicologia e educação, debates
“possíveis”. Aletheia, Canoas, n. 25, jun. 2007. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
03942007000100009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 set. 2014.
PAULA, Fernando Silva; TFOUNI, Leda Verdiani. A persistência do
fracasso escolar: desigualdade e ideologia. Rev. bras. orientac.
prof, São Paulo, v. 10, n. 2, dez. 2009. Disponível em
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-
33902009000200012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 11 set. 2014. 19
Psicologia da
Educação

Atividade 2

Patricia Rossi
Carraro
Vamos refletir?

Fracasso escolar: afinal existe um culpado?

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Comentários
• Segundo Paula (2009), não existe um único
culpado. Contudo, muitas vezes a escola considera
o problema do fracasso escolar como sendo do
aluno. Acredita que ele tem um desvio, um
transtorno, um distúrbio, um problema de
aprendizagem, enfim uma anormalidade.

• Os educadores precisam ficar atentos a essa


questão, pois existem outros aspectos envolvidos no
processo de aprendizagem, como a instituição, o
método de ensino, as relações professor/aluno, os
aspectos sócio-culturais, a história de vida da
pessoa, entre outras.
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