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Aula 2
Aula 2
Obrigações
Aula II
Dois grandes ramos do Direito
O Direito Civil pode ser dividido em dois
grandes ramos:
O dos direitos não patrimoniais (que
tratam dos direitos da personalidade,
direito à vida, à liberdade, à honra etc.)
E o dos direitos patrimoniais (que
tratam dos direitos que envolvem valores
econômicos).
Direitos patrimoniais
O Direito das
Obrigações e o
Direito das
Coisas
integram os
direitos
patrimoniais.
Mas sem confusão
Entretanto, apesar de
integrarem o mesmo
ramo, não podem
ser confundidos,
porque o primeiro
trata de direitos
pessoais e o
segundo trata dos
direitos reais
Direito Pessoal Direito Real
é o direito do credor é o poder – direto e
contra o devedor, imediato – do titular
sobre a coisa, com
tendo por objeto
exclusividade e contra
uma determinada todos.
prestação. Cria um vínculo entre a
Forma-se uma pessoa e a coisa (direito
relação de crédito e de propriedade), e esse
débito entre as vínculo dá ao titular uma
exclusividade em relação
pessoas ao bem (erga omnes).
Diferenças entre direitos
pessoais e direitos reais
Quanto à formação
Os direitos reais têm Os direitos pessoais não
origem na lei, não resultam da lei, nascem de
podem ser criados em contratos entre pessoas.
um contrato entre Há 16 contratos nominados
no CCB, entretanto, é
duas pessoas, sendo, possível a criação de
por esse motivo, contratos inominados,
limitados. pois, para exsurgir um direito
Seguem o princípio pessoal, basta que as partes
sejam capazes e o objeto
do numerus clausus seja lícito.
(número limitado).
Seguem o princípio do
numerus apertus (número
aberto.)
CCB
Os membros da sociedade
possuem obrigações de natureza
jurídica, moral, religiosa ou
puramente social.
Obrigação jurídica
Para ser jurídica, a
obrigação deve contar
com o suporte da lei,
ainda quando se trate
de vínculo contratual,
uma vez que é a lei
que assegura o
cumprimento dos
pactos (pacta sunt
servanda)
Obrigação é relação jurídica
A obrigação é uma
relação jurídica,
excluindo-se dela
“deveres alheios ao
direito, como o de
gratidão ou cortesia,
visto que o devedor
pode ser compelido a
realizar a prestação”
(Maria Helena Diniz)
Conceitos de
Obrigação
O que diziam os romanos?
Obligatio est juris
vinculum, quo necessitate
adstringimur alicujus
solvendae rei secundum
nostrae civitatis jura
Obrigação é o vínculo jurídico que
nos adstringe necessariamente a
alguém, para solver alguma coisa,
em consonância com o direito civil
(da nossa cidade)
O que diz o Venosa
A obrigação jurídica “é
aquela protegida pelo
Estado, que lhe dá garantia
da coerção no
cumprimento, que depende
de uma norma, uma lei, ou
um contrato ou negócio
jurídico”.
“Em toda obrigação
existe submissão a
uma regra de conduta.
A relação obrigacional
recebe desse modo a
proteção do Direito”.
O que diz o Paulo Nader?
Sob o aspecto
subjetivo, é a
relação de
natureza
econômica
existente entre
Paulo Nader credor e devedor
O que diz o Carlos Roberto
Gonçalves?
Obrigação é o
vínculo jurídico que
confere ao credor
(sujeito ativo)
direito de exigir do
devedor (sujeito
passivo) o
cumprimento de
determinada
Carlos Roberto Gonçalves
prestação
O que diz o Antunes Varela?
Obrigação consiste na
relação jurídica por
virtude da qual uma
pessoa pode exigir,
no seu interesse,
determinada
prestação de uma
outra, ficando esta
vinculada ao
correspondente dever
de prestar
A melhor definição de Obrigação
“Obrigação é a relação
jurídica, de caráter transitório,
estabelecida entre devedor e
credor, cujo objeto constitui
uma prestação pessoal
econômica, positiva ou
negativa, devida pelo primeiro
ao segundo, garantindo-lhe
adimplemento (cumprimento)
Washington por meio de seu patrimônio”.
de Barros Monteiro
Maria Helena Diniz explica e
comenta
“A obrigação possui
caráter transitório porque
não há obrigações
perpétuas; satisfeita a
prestação prometida,
amigável ou
judicialmente, exaure-se
a obrigação.
“O objeto da
obrigação consiste
numa obrigação
pessoal; só a
pessoa vinculada
está adstrita ao
cumprimento da
prestação.
“Trata-se de relação jurídica
de natureza pessoal, pois se
estabelece entre duas
pessoas (credor e devedor) ,
e econômica, por ser
necessário que a prestação
positiva ou negativa (dar,
fazer ou não fazer) tenha
um valor pecuniário, isto é,
seja suscetível de aferição
monetária.
“Tem o credor à sua
disposição, como garantia
do adimplemento, o
patrimônio do
devedor (CC, Art.
391); assim embora a
obrigação objetive uma
prestação pessoal do
devedor, na execução por
inadimplemento desce-se
a seus bens”.
CCB
obrigação de
prestar
alimentos
obrigação do
patrão
responder
pelo ato do
empregado
obrigação do
pai responder
pelo ato do
filho
A obrigação também resulta
2) da vontade
humana, por meio dos
contratos (obrigação
de dar, fazer ou não
fazer), das
declarações
unilaterais da vontade
(promessa de
recompensa e título
ao portador)
E ainda resulta
3) dos atos ilícitos (obrigação de reparar o
prejuízo causado a terceiro – ato ilícito
civil, previsto na Parte Geral do Código
Civil).
Alguns autores entendem que a única fonte de
obrigação é a lei, porque é ela quem obriga as
pessoas a cumprirem os contratos que celebram
ou as declarações de vontade que expressam ou,
ainda, a repararem os danos que causam.
Vamos dizer, então,
que algumas vezes a
lei é a fonte
imediata (direta) da
obrigação (exemplo: a
obrigação alimentar),
outras vezes, porém,
ela é a fonte
mediata (indireta) da
obrigação.
Elementos constitutivos
da obrigação
1. Elemento subjetivo
Diz respeito aos
sujeitos da
obrigação.
Os sujeitos da
obrigação são
chamados de
credor (sujeito
ativo) e devedor
(sujeito
passivo).
Sujeito ativo
É o credor, aquele
a quem é devida a
prestação.
Tem o direito de
exigir seu
cumprimento
Sujeito passivo
É o devedor,
aquele que tem o
dever jurídico de
cumprir a
prestação, sob
pena de responder
com seu
patrimônio
Multiplicidade de agentes nos polos
Os polos – passivo
e ativo - da relação
obrigacional podem
ser ocupados por
uma ou mais
pessoas físicas ou
jurídicas
Exemplo
Proprietária dá imóvel em locação a várias
pessoas
Determinação subjetiva
Os sujeitos
podem ser
pessoas naturais
ou jurídicas,
devendo ser
determinados
ou, ao menos,
determináveis.
Indeterminação total é impossível
Não se considera,
como capaz de
gerar uma
obrigação, um
contrato em que
os sujeitos sejam
indeterminados.
Pode haver
contrato em que,
a princípio, um
dos sujeitos seja
indeterminado,
mas no qual
existam
elementos que
permitam
determinar o
sujeito
Exemplo
Em nosso exemplo português
Alguém coloca um anúncio prometendo
recompensa para quem encontrar o
cachorro (“rafeiro” = vira-lata)
De imediato não se sabe quem é o credor
da obrigação, mas a declaração traz
elementos que podem determinar o
sujeito ativo: quem encontrar o
cachorro (= sujeito determinável).
2. Elemento objetivo
Toda obrigação tem o
seu objeto.
O objeto da
obrigação é sempre
uma conduta humana
que se chama
prestação (dar, fazer
ou não fazer).
Objeto da prestação
A prestação também
tem o seu objeto,
que se descobre com a
pergunta: o quê?
Alguém se obriga a
fazer – fazer O QUÊ?
Ius creditoris
Essa prestação
debitória, que é o
objeto da relação
obrigacional, é ação ou
omissão a que ficará
adstrito o devedor e
que o credor terá
direito de exigir.
Objeto mediato e imediato
O objeto imediato da
obrigação é a
prestação, e o objeto
mediato da obrigação é
aquele que se descobre
com a pergunta o quê?
Exemplo
Obrigação de dar 200
sacas de café
(É obrigação de dar coisa
certa)
Objeto imediato da
obrigação:
a obrigação de dar
Objeto mediato da
obrigação:
as 200 casa de café
Requisitos de validade da prestação
O objeto imediato da obrigação - a
prestação – deve ser
lícito, possível , determinado ou
determinável,
e não difere daquilo que se exige do objeto
da relação jurídica em geral, como estatui
o Art. 104 do CCB.
CCB
Art. 104. A validade do negócio jurídico
requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou
determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
O objeto lícito
Objeto ilícito
seria aquele que
atenta contra a
lei, a moral ou
os bons
costumes
A voz dos Tribunais
Sendo imoral o objeto
jurídico da obrigação, os
Tribunais aplicam o
princípio nemo auditur
propriam
turpitudinem allegans
(a ninguém é dado
beneficiar-se da própria
torpeza)
Ou ...
... a parêmia in pari causa turpitudinis
cessat repetitio (se ambas as partes no
contrato agiram com torpeza, não pode
uma delas pedir devolução da importância
que pagou).
Quem é que se lembra?
CCB
A obrigação
difere da
responsabilidade.
A obrigação,
quando
cumprida,
extingue-se.
Nascimento da responsabilidade
A obligatio não cumprida gera a
responsabilidade por perdas e danos (Art.
389 CCB).
A responsabilidade somente nasce quando não
for cumprida a obrigação.
Há, entretanto, dois casos de obrigação não
cumprida e que não geram
responsabilidade: dívidas prescritas e
dívidas de jogo (não podem ser cobradas)