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Oralidade

A fala e a adequação
“O Ministério da Educação (MEC) distribuiu a 4.236
escolas brasileiras um livro didático da organização não
governamental Ação Educativa que defende a escrita sem
concordância de expressões orais populares, como por
exemplo "os livro", apoiado nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), que dizem que não há só uma forma
correta de falar o português brasileiro. As informações são da
edição deste sábado da Folha de S. Paulo.
Segundo a reportagem, o livro Por uma vida melhor
justifica, no entanto, que é preciso tomar cuidado com o
contexto em que se diz ou escreve dessa maneira, para o
autor não ser vítima de "preconceito linguístico". O conteúdo
também coloca nas escolas a responsabilidade de ensinar
aos alunos as convenções ortográficas e as diferenças de
variedades linguísticas e registro oral e escrito da língua,
afirma a Folha.” (retirado do site do Terra)
→ A norma culta não é uma linguagem diversa da coloquial,
mas um registro diferente;

→ Dimensão da variação da língua: existem, na língua,


variações regionais, geracionais, socioculturais, etc;

→ A norma culta padroniza tais variações;

→ Falar bem é falar de forma adequada – esfera de circulação;

→ Eficiência na comunicação (conteúdo + identidade)


Características da fala *

Riqueza de recursos, que facilitam a comunicação:

timbre da voz;
altura da emissão vocal;
entoação das frases;
gestos do corpo;
fisionomia.

* Retirado e adaptado de: Camara Júnior, Joaquim Mattoso, 1904-1970.


C1731 Manual de expressão oral e escrita /por/ J. Mattoso Camara Jr.
4.ed. Petrópolis, Vozes, 1977. 160p.
Aspectos mais significativos do evento comunicativo:

a) situação discursiva: formal, informal;


b) evento de fala: casual, espontâneo, profissional, institucional;
c) tema do evento: casual, prévio
d) objetivo do evento: nenhum, prévio;
e) grau de preparo: nenhum, pouco, muito;
f) participantes
g) relação entre participantes
h) canal: face a face, telefone, rádio, televisão, internet.
Defeitos articulatórios

1. Distinção dos parônimos

Contraste das “consoantes líquidas” (vibrantes) - /l/ e /r/

→ fruir (gozar) e fluir (correr);


→ fragrante (cheiroso) e flagrante (em chamas ou de surpresa);
→ franco e flanco.
2) Defeitos referentes à acentuação

a) "engolir" as vogais átonas com que se iniciam certas


palavras (ex.: <brigado> em vez de <obrigado>) ;

b) deixar esvaírem-se numa leve aspiração as consoantes


finais /r/ e /s/ de palavras não oxítonas (ex.: <revolve> em vez
de <revólver>, <as arma> em vez de <as armas>);

c) abafar a articulação da sílaba final de palavras


proparoxítonas, tornando-a indistinta, como em
<exército, Petrópolis>.
3) Palavras de acentuação duvidosa

Oxítonos
<sutil, ruim, refém>;

Paroxítonos
<pegada, decano, ibero, pudico, batavo>;

Proparoxítonos
<êxodo, década, epíteto, sânscrito, Ésquilo>
4) Pausas

Papel das pausas:

a) permitir o mecanismo regular da respiração, enquanto se fala


(ordem fisiológica);

b) dar oportunidade ao desenvolvimento de um pensamento que


se formula à medida que se exterioriza (ordem mental);

c) possibilitar ao auditório acompanhar a exposição, fornecendo-


lhe um grupo de ideias relativamente simples de cada vez
(ordem comunicativa);

d) estabelecer um balanço rítmico na elocução.


O plano da exposição

1°) determinar o que vamos dizer e consolidar o nosso


conhecimento a respeito, através de reflexões e
pesquisas;

2°) organizar a distribuição do assunto da maneira que


nos parece mais interessante, clara e impressiva.

→ o improviso deve restringir-se à formulação verbal dos


pensamentos
1) Introdução
Impõe-se, antes de tudo, pela necessidade de um duplo
ajustamento:

a) a do expositor com o auditório, captando-lhe a simpatia e a


atenção;

b) o do auditório com o assunto, para que todos sintam a


importância e o interesse do que vão ouvir;

c) o do expositor com o seu próprio assunto, nas condições


concretas em que vai desenvolvê-lo.
O corpo da exposição

Deve dividir-se em partes bem delimitadas e bem concatenadas.

Não se deve dividir demais, pois assim fica prejudicada


a impressão de unidade.

Poucas divisões primárias, que por sua vez se subdividam em


alguns itens.

Critérios de divisão:
a) um desdobramento cronológico;
b) um agrupamento pela associação lógica;
c) a fixação de um ponto de maior interesse, do qual se desce
gradativamente;
Conclusão

O expositor está implicitamente obrigado a resumir o seu


pensamento central numa conclusão adequada.

→ fazer um sumário do que já expôs (rápido e conciso);


→ apelo para a aplicação do que foi dito;
→ rápida ilustração;
→ destacar um ou mais pontos cruciais e fixá-los a título de
conclusão;
→ citação incisiva.
Aprenda a ler em público
Reinaldo Polito - 03/09/2007

Muitas pessoas acham que ler em público é simples, já que basta


transmitir o texto que está pronto no papel. Posso garantir, entretanto,
que a leitura se constitui na técnica mais difícil e complexa para o orador
comunicar uma mensagem. Ao longo dos últimos 30 anos, tenho treinado
pessoas das mais diferentes atividades para falar com desembaraço e
confiança diante da plateia.

Essa experiência me permitiu constatar que é muito raro encontrar


alguém que saiba ler em público de maneira correta e eficiente. A maioria
não se dá conta de como deverá se dedicar para ter o domínio total da
técnica da leitura. A não ser que você já tenha alguma experiência,
precisará de pelo menos cinco horas de exercícios para desenvolver uma
leitura de boa qualidade.

Ao pesquisar os motivos que levam as pessoas a ter tanta dificuldade


com essa técnica de comunicação, entre as causas mais relevantes pude
observar duas que se destacam:
A primeira é que a maioria teve poucas chances de ler em público. Se
você pensar bem, vai concluir que falamos de improviso desde o
primeiro ano de vida. Entretanto, as chances de ler em voz alta diante de
um grupo de ouvintes são bem mais reduzidas. Alguns passam a vida
toda sem nenhuma oportunidade de ler em público.

A outra causa é que além de, normalmente, as pessoas não terem


experiência suficiente para ler em público, quando precisam recorrer a
esse recurso de comunicação se apresentam sem critérios técnicos
adequados.
Embora a técnica seja complexa e exija treinamento, as orientações que
você deve seguir para aprender a ler bem em público são bastante
simples. Cuidado - comece agora mesmo a se aprimorar na leitura em
público. Se você esperar o momento em que tenha necessidade de ler,
talvez a circunstância impeça que se prepare de forma conveniente.
Observe quais os pontos mais importantes para tornar a leitura em
público eficiente:
Mantenha contato visual com os ouvintes

Tenha em mente que a mensagem deve ser transmitida para os


ouvintes. Por isso, não fique olhando para o texto o tempo todo, como se
estivesse conversando com o papel. Durante as pausas prolongadas e
nos finais de frases, olhe para os ouvintes e demonstre com essa atitude
que as informações estão sendo transmitidas para eles.

Cuidado também para não olhar sempre para as mesmas pessoas.


Distribua a comunicação visual olhando ora para um lado, ora para
outro. Assim, todos se sentirão incluídos no ambiente.

Uma boa dica para você não se perder, enquanto olha para os ouvintes,
é marcar a linha de leitura com o dedo polegar, pois ao voltar para o
texto saberá exatamente onde parou. Outro defeito que aparece com
frequência é o de tirar os olhos do texto, mas em vez de olhar para os
ouvintes o orador olha para o teto, revirando os olhos como se estivesse
em transe.
Mantenha o papel na altura correta

Se você deixar o papel muito baixo, terá dificuldade para enxergar o


texto. Se, entretanto, deixar muito alto, esconderá seu rosto da plateia.
Por isso, procure deixar a folha na parte superior do peito, para ler com
mais facilidade e não se esconder do público.

Considere também que, se o papel estiver muito baixo, você terá que
abaixar muito a cabeça para ler e levará muito tempo para retornar,
olhar e ver as pessoas. Deixando a folha na parte superior do peito,
bastará levantar um pouco a cabeça para tirar os olhos do texto e já
estará mantendo a comunicação visual com os ouvintes.

Falando em não abaixar a cabeça, ao digitar o texto procure usar


apenas os dois terços superiores da página, deixando o terço inferior
em branco. Esse cuidado permitirá um contato visual mais tranquilo e
suave, já que para ver as pessoas bastará apenas levantar os olhos,
sem movimentar muito a cabeça.
Faça poucos gestos

Se a gesticulação na fala de improviso, sem papel nas mãos, deve ser


moderada, na leitura, essa moderação dos gestos deve ser ainda
maior. Exceto nos casos em que a mensagem exigir expressão
corporal mais ativa, como nas circunstâncias de grande emoção, ao ler
uma página, de maneira geral, você poderá se limitar a meia dúzia de
gestos.

É melhor que você faça poucos gestos, que destaquem as informações


mais relevantes com convicção e firmeza, do que demonstrar hesitação
e insegurança soltando repetidamente a mão do papel e retornando
depressa, como se estivesse arrependido de ter feito aquele gesto.
Como a falta dos gestos não trará tanto prejuízo ao resultado da
apresentação, se você for muito inexperiente e encontrar dificuldade
para gesticular, será melhor que não gesticule. Fique o tempo todo
segurando a folha com as duas mãos.
Faça marcações

Pequenas marcações no texto podem facilitar a interpretação da


mensagem. Use, por exemplo, traços verticais antes das palavras para
indicar o momento de fazer pausas mais expressivas, e traços horizontais
embaixo das palavras que mereçam maior destaque.

Observe que essas marcações não coincidirão necessariamente com a


pontuação gramatical. Por exemplo, nessa frase que você acabou de ler,
se você fizesse uma pausa depois da palavra "marcações", poderia dar
mais expressividade à leitura.

E se você tremer?

Até oradores muito experientes chegam a temer quando precisam ler


diante do público. Se você também costuma sentir tremores nas mãos,
uma boa saída é usar folhas de gramatura mais encorpada. Somente pelo
fato de saber que, com as folhas mais grossas os pequenos tremores não
serão percebidos, você irá se comportar com mais tranquilidade e,
provavelmente, não tremerá.
Não se canse de treinar

Cuidado também para não ensaiar muito a ponto de decorar a


mensagem e se esquecer de olhar para o papel. Se este fato ocorrer,
diante da plateia, pelo menos finja que está lendo.
Situações em que a leitura é recomendável

A leitura deve ser reservada para circunstâncias especiais como:

Pronunciamentos oficiais
Textos muito técnicos que não possam conter erros
Discursos de posse de presidentes de entidades, pois esse é o momento em
que apresentam as bases da sua administração e não devem, portanto,
improvisar
Discursos de despedida de presidentes de entidades, pois ao deixar o
cargo, de maneira geral, fazem um levantamento das suas realizações
Agradecimentos de homenagens feitas a grupos, especialmente quando a
mensagem representar a filosofia das pessoas, ou o discurso tiver de ser
distribuído para a imprensa
Discursos de oradores de turma, pois nesse momento estão representando
a vontade de todos os colegas formandos

Além dessas situações e de uma ou outra que poderia ser acrescentada, a


leitura deveria ser substituída por outros recursos, que tratarei nesta coluna em
outra oportunidade.
SUPERDICAS DA SEMANA

Para facilitar a identificação de cifras, misture números com palavras. Por


exemplo, fica mais fácil ler 38 milhões, do que 38.000.000, ou trinta e oito
milhões

Encerre sempre a página com ponto final. Frases incompletas no final da


página o obrigarão a se apressar na busca do complemento da informação na
página seguinte

Numere as folhas com números bem visíveis para não se perder

Deixe as folhas soltas, sem clipes ou grampos

Use um corpo de letra de acordo com sua capacidade de enxergar, mesmo


que para isso seja obrigado a usar muitas folhas

A tipologia minúscula de letras possui desenhos mais fáceis de ler do que a


maiúscula. Por isso, use corpo de letra grande com tipologia minúscula
Debate
Steve Jobs achava que Bill Gates roubava ideias
“descaradamente”

Steve Jobs chamou o rival de longa data Bill Gates, co-


fundador da Microsoft, de "sem imaginação" e afirmou
que ele não é uma pessoa ligada a produtos, de acordo
com uma biografia do fundador da Apple lançada nesta
segunda-feira (24).

Jobs disse ao autor do livro, Walter Isaacson, que Gates


“roubou descaradamente ideias de outras pessoas”.
A biografia Steve Jobs, de Walter Isaacson, chegou às
livrarias nesta segunda-feira, mas foi liberada mais cedo
que o esperado na loja online da Apple de livros, a iBooks,
e no Kindle, da Amazon, na noite de domingo.

Gates, por sua vez, teve uma leve inveja do efeito


hipnotizante de Jobs sobre as pessoas, mas classificou o
ícone da tecnologia de "estranhamente falho como ser
humano".

Mas Gates, apesar de suas diferenças com Jobs, gostava


de suas frequentes visitas ao escritório da Apple em
Cupertino, especialmente quando podia observar a
interação de Jobs com seus funcionários, de acordo com a
biografia.
– Steve estava proclamando como o Mac iria mudar o
mundo e sobrecarregando as pessoas de trabalho como
um louco com tensões incríveis e complexas relações
pessoais.

A biografia de Isaacson revela que Jobs demorou nove


meses para aceitar uma cirurgia que poderia salvar sua
vida, quando teve um primeiro câncer diagnosticado, que
ele sofria bullying na escola, tentou diversas dietas
excêntricas na adolescência e ocasionalmente exibia
comportamento excêntrico, como encarar as pessoas
fixamente sem piscar os olhos.

Copyright Thomson Reuters 2011

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