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PRATICA V

AULA 9
ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO
DE PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)
PLANO DE AULA 10

Profa. Dra. Patrícia Fontes Marçal


CASO CONCRETO
 O Prefeito do Município Alfa, preocupado com a adequada conduta no seu mandato,
procura o presidente nacional do seu partido político Beta, o qual possui
representação no Congresso Nacional, e informa que a Lei Orgânica do Município
Alfa, publicada em 30 de maio de 1985, estabelece, no seu Art. 11, diversas
condutas como crime de responsabilidade do Prefeito, entre elas o não atendimento,
ainda que justificado, a pedido de informações da Câmara Municipal, inclusive com
previsão de afastamento imediato do Prefeito a partir da abertura do processo
político.
 Informou, também, que a mesma Lei Orgânica, em seu Art. 12, contém previsão
que define a competência de processamento e julgamento do Prefeito pelo
cometimento de crimes comuns perante Justiça Estadual de primeira instância.
 Por fim, informou que, em razão de disputa política local, houve recente
representação oferecida por Vereadores da oposição com o objetivo de instaurar
processo de apuração de crime de responsabilidade com fundamento no referido
Art. 11 da Lei Orgânica, a qual poderá ser analisada a qualquer momento.

O partido político, após o devido trâmite interno estabelecido no seu estatuto,



conclui que a norma municipal está em dissonância com a CRFB/88 e decide adotar
providência judicial em relação ao tema.

 Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) do partido


político Beta, utilizando-se do instrumento constitucional adequado,
elabore a medida judicial de controle objetivo cabível.
TIPO DE AÇÃO
PEÇA PROCESSUAL

 AÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL
(ADPF)
OBJETO

 Evitar ou reparar lesão a preceito


fundamental.
COMPETÊNCIA

 Art. 102, § 1º, do CRFB/88 c/c o Art. 1º da Lei nº


9.882/99. Supremo Tribunal Federal.
LEGITIMADO
 LEGITIMIDADE ATIVA: Partido político, que
possui representação no Congresso Nacional, na
forma do Art. 2º, inciso I, da Lei nº 9.882/99 c/c o
Art. 103 da CRFB/88.

 Os legitimados para a propositura da ADPF são


os mesmos da ADI, com previsão no artigo 2º, I,
da Lei nº 9.882/99, citando o artigo 103 da
Constituição Federal/88, com rol taxativo.
LEGITIMAÇÃO ATIVA

 PARTIDO POLÍTICO BETA, agremiação


política, com representação no Congresso
Nacional, inscrito no CNPJ sob nº ________, com
sede na _______, e-mail ________, neste ato
representado por seu presidente, nacionalidade,
estado civil, profissão, portador da cédula de
identidade n° _______, inscrito no CPF sob n°
_______, com endereço na _______, e-mail _______,
vem, por seu advogado, com endereço profissional
na rua ________, e-mail ______, onde recebe
intimações, conforme art. 106, I do CPC, propor
COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA
 EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR
MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL

 SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

 Na forma do artigo 102, I, § 1º, CRFB/88 é de


competência originária do STF o processamento e
julgamento da Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental.

 É certo que frente à violação de preceito fundamental


a competência originária do Supremo Tribunal
Federal resta evidenciada.
PEÇA PROCESSUAL

 ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE
PRECEITO FUNDAMENTAL COM PEDIDO
LIMINAR
APÓS O NOME DA AÇÃO

 pelo rito especial, da Lei Orgânica do Município


Alfa, pelos argumentos de fato e de direito a
seguir expostos:
DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
 Com legitimidade amparada no art. 102, § 1° da CRFB/88 a saber:

 “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo-lhe:
 (...)

 § 1° A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta
Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.”

 Assim, a presente ADPF funda-se no texto constitucional mencionado, e, ainda, na
previsão do artigo 1º, § único e inciso I da Lei nº 9.882/99:

 “Art. 1º A arguição prevista no § 1º do art. 102 da Constituição Federal será proposta
perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a
preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público.

 Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito
fundamental:

 I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato
normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição.”
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
 A presente ação, nos termos do art. 103, VIII da CRFB/88,
ampara a legitimação ativa para seu ajuizamento, recaindo
sobre os que tem direito de propor a Ação Direta de
Inconstitucionalidade, constantes no rol do referido artigo.

 É sabido que o texto do art. 2° da CRFB/88 garante a


independência e harmonia entre os Poderes, principio este
não respeitado pelo legislativo do município Alfa. Não
sendo admitido, ainda, a violação do art. 22, I, da
CRFB/88, que confirma a competência privativa por parte
da União para legislar sobre direito civil, comercial, penal
processual, eleitoral, agrário, marítimo aeronáutico,
espacial e do trabalho, tendo em vista que a matéria
discutida, ser de direito penal, ocorrendo então violação de
princípio federativo.
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
 É sabido, conforme o que prescreve o art. 29, X da CRFB/88, o julgamento do
Prefeito perante o Tribunal de Justiça, em acordo com o texto da Súmula
Vinculante 46 do STF que rege:

 “A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas


normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da
União.”

 Neste sentido observamos o julgado:

 “Conforme disposto na Súmula Vinculante 46, a definição dos crimes de


responsabilidade e das respectivas normas de processo e julgamento é de
competência legislativa privativa da União.
 No que concerne ao regime pertinente aos Prefeitos Municipais, a referida
competência foi exercida com a edição do Decreto-Lei 201/1967. 13. No caso
concreto, a decisão reclamada reconheceu que o diploma normativo adotado para o
julgamento da parte reclamante foi o Regimento Interno da Câmara Municipal. A
Câmara Municipal prestou informações no mesmo sentido. O parâmetro normativo
utilizado, portanto, é incontroverso. 14. A Súmula Vinculante 46, originada da
Súmula 722/STF (aprovada em 26.11.2003), não se presta a servir como
fundamento para toda e qualquer alegação de ofensa às normas federais que
definem os crimes de responsabilidade e as respectivas regras de processo e
julgamento. No entanto, trata-se de caso em que expressamente se admite a
utilização de parâmetro normativo diverso do Decreto-Lei 201/1967. A violação à
Súmula vinculante, portanto, é clara." (Rcl 22034 MC, Relator Ministro Roberto
Barroso, Decisão Monocrática, julgamento em 16.11.2015, DJe de 24.11.2015)
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
 Vale se registrar que nem a Constituição Federal nem a lei cuidaram de
definir, com exatidão, o alcance da locução “preceito fundamental”. Dessa
forma, caberá ao hermeneuta constitucional o cumprimento dessa árdua
missão, conforme entendimento já manifestado pelo Supremo Tribunal
Federal, quando do julgamento da Questão de Ordem na ADPF nº 1/RJ. Aqui
remeto o trecho da ementa deste julgado:

 “Arguição de descumprimento de preceito fundamental. Lei nº 9882, de


3.12.1999, que dispõe sobre o processo e julgamento da referida medida
constitucional. 2. Compete ao Supremo Tribunal Federal o juízo acerca do que
se há de compreender, no sistema constitucional brasileiro, como preceito
fundamental. 3. Cabimento da arguição de descumprimento de preceito
fundamental. Necessidade de o requerente apontar a lesão ou ameaça de
ofensa a preceito fundamental, e este, efetivamente, ser reconhecido como tal,
pelo Supremo Tribunal Federal.”

 No entanto, a despeito de não se poder estabelecer, aprioristicamente, quais


seriam os preceitos tidos por fundamentais na Constituição Federal, impõe-se
desde já o reconhecimento de alguns princípios estruturantes do Estado
Democrático de Direito Brasileiro, que se destacam pela importância e pela
função irradiadora e normogenética no sentido de inspirarem a criação de
outras regras no Ordenamento Jurídico.
FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
 “Embora conserve a fluidez própria dos conceitos
indeterminados, e haja dificuldade em delimitar
em abstrato o seu conteúdo, existe um conjunto
de normas que inegavelmente devem ser
abrigadas no domínio dos preceitos
fundamentais.”

 Nessa classe estarão os fundamentos e objetivos


da República, assim como as decisões políticas
estruturantes, todos agrupados sob a designação
geral de princípios fundamentais, objeto do Título
I da Constituição (arts. 10 a 4ª).
DOS PEDIDOS
 1. Que seja concedida liminar para suspender o trâmite da
representação por crime de responsabilidade oferecida em
desfavor do Prefeito.

 2. a notificação das autoridades e órgãos, responsáveis pela


violação ao preceito fundamental da Constituição Federal,
para querendo, manifestem-se, caso, assim se entender;

 3. a notificação, caso Vossa Excelência entenda pertinente, do


Exmo. Sr. Advogado Geral da União para se manifestar sobre
o mérito da presente ação, nos termos do artigo 5º, § 2º, da Lei
nº 9.882/99;

 4. a oitiva do Exmo. Sr. Procurador Geral da República e do


Ministério Público, nos termos do artigo 5º, § 2º, e do artigo 7º,
da Lei nº 9.882/99;

 5. seja julgado procedente o pedido para declarar a


incompatibilidade com a Constituição da República dos
Artigos 11 e 12 da Lei Orgânica, de 30 de maio de 1985, do
Município Alfa.
DAS PROVAS

 Requer a produção de todas as provas admitidas


em direito na forma do artigo 3º, parágrafo único,
da Lei nº 9.882/99, em especial a prova
documental (em anexo cópia das decisões
judiciais)
VALOR DA CAUSA

 Dá-se à causa o valor de R$...

 (Valor 'estimativo', em cumprimento ao disposto


no artigo 291, do CPC/2015. Obs.: o valor da
causa não é obrigatório, existindo no site do STF
inúmeras ADPF que não constam valor da
causa.)

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