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Eça de Queiroz

“Os políticos e as fraldas devem ser


mudadas
frequentemente e pela mesma razão”.
 1ª Fase (influência romântica)
 • O mistério da estrada de Sintra

 2ª Fase (caráter realista/naturalista)
 • O crime do Padre Amaro (1875)
 • O primo Basílio (1878)
 • Os Maias (1888)

 3ª Fase (pós-realista)

 • A relíquia (1887)
 • A ilustre casa de Ramires
 A cidade e as serras (1900)
 A obra de Eça é comumente dividida em três fases .
Numa primeira fase encontramos um autor ainda
preso aos ideais românticos. É dessa fase o livro O
Mistério da Estrada de Sintra, escrito em parceria com
o amigo dos tempos de escola, Ramalho Ortigão.
 Na segunda fase encontramos a consolidação das
características realistas. Essa fase tem início com a
publicação de O crime do padre Amaro, considerado
o primeiro romance realista português, e se estende
até a publicação de Os Maias.
 Já na terceira fase, encontramos um autor mais
preocupado com os valores tradicionais da vida
portuguesa, com a existência humana e a vida
campestre. São dessa fase os livros A ilustre casa de
Ramires e A cidade e as serras.
 A Segunda fase é a melhor parte de sua produção literária, nela Eça de
Queirós monta um amplo painel da sociedade portuguesa, retratando-a
sob vários aspectos, criticando principalmente a decadência dos valores
morais, a burguesia e o clero.
 Eça dedicou-se ao romance de tese, muito popular na época. Esse tipo
de romance parte de uma idéia central, de uma tese que vai ser
demonstrada pela ação das personagens.
 Foi isso que ele fez ao elaborar a trilogia dessa segunda fase:
 TRILOGIA –“Cenas Portuguesas”
 • O crime do Padre Amaro
 • O primo Basílio
 • Os Maias

 Ao elaborar um painel da sociedade portuguesa, através de minuciosas
descrições, Eça analisa e critica os comportamentos femininos, as
ambições masculinas, a corrupção do clero, entre outros aspectos da
sociedade lisboeta do século XIX.
 Projeto Literário do Realismo:
 Crítica à degeneração da sociedade burguesa:
 A Relíquia: critica à religiosidade
 Difícil classificação: literatura fantástica?
Farsa? Sátira?
 Neopicaresco
 Pícaro: Espanha, século XVI
 Lazarilo de Tormes
 Anti-herói: origem social baixa, que vive de
golpes para ascender na sociedade- mínimo
de trabalho e máximo de trapaça
 Comporta-se como os ricos, não trabalha e
sustenta uma falsa imagem, vive de
aparências porque é o caminho mais simples
para ser homem de bem
 Pícaro: é uma paródia da ascensão social
burguesa em uma sociedade que despreza os
valores dessa classe.
 Religião e trabalho: fé católica – praticada em
sua maioria pela mulheres burguesas como
passatempo ( valorização extrema da
filantropia e rituais como missas e
procissões- mais eventos sociais do que
práticas religiosas tanto para burguesas
quantos para trabalhadores em oposição ao
ócio como garantia de status social )
 O protagonista do romance, Teodorico
Raposo, é um típico bacharel ocioso que
Portugal (e o Brasil também) produzia em
série naquele tempo. Sem grande futuro pela
frente, decide aproximar-se de uma tia rica e
de uma carolice extrema.
 Para ganhar confiança da velha, aparenta ser
religioso, acompanhando-a em todas as
missas possíveis. Todas as descrições desta
vida religiosa de muita aparência e de
pouquíssimo conteúdo é fornecida ao leitor
para situá-lo nas inúmeras exterioridades do
catolicismo de Portugal. É uma crítica feita
com ironia muito sutil. A presença do clero
na casa de Maria do Patrocínio, nome da tia
de Teodorico, deixa mais claro o aspecto
repulsivo do clero.
 Teodorico é um personagem libidinoso, desejoso
de uma vida de luxúria também. Sonha em viajar
para Paris, cidade símbolo de uma vida de
riquezas e belezas. Claro que sua tia não
permitirá que Teodorico viaje para lá. Paris é
conhecida como a cidade que representa o
ateísmo e a revolução, tão odiada pelos católicos
reacionários. É a cidade que corrompe a alma por
excelência. Maria do Patrocínio também possui
horror aos relacionamentos amorosos e às
crianças, curiosamente algo tão contrário aos
ensinamentos de sua religião.
 No fundo, ama mais é o dinheiro. Teodorico
chega a desesperar-se quando percebe que
sua tia irá deixar sua fortuna para a Igreja.
Ele, que cumpre tão fielmente as ordens da
tia, ficará sem o dinheiro, que irá ser
transferido para os inúteis padres que só lá
aparecem para jantar.
 A salvação vem quando Maria do Patrocínio, aflita
com seu estado de saúde, sugere ao sobrinho
que faça uma peregrinação à Terra Santa para a
recuperação de sua saúde. A partir deste
momento, o romance de Eça de Queiroz ganha
uma enorme força. A própria ideia de
peregrinação a Jerusalém já estava morta no
Ocidente católico havia séculos. Entretanto fazia
sentido para alguém tão preocupada com
aparências como a tia beata. Durante a viagem,
Teodorico conhece uma aventureiro alemão de
nome Topsius, tão vazio como o português.
 Em Alexandria, Teodorico pode dar vazão à
sua libidinagem com uma prostituta inglesa.
Para ele, o auge da aventura estava ali.
Jerusalém era vista para os europeus
científicos do século XIX apenas como uma
cidade bárbara no meio do deserto, e símbolo
da loucura das Cruzadas.
 Na Cidade Santa, a história toma um rumo
surpreendente: durante um sonho de
Teodorico, o mesmo torna-se testemunha
das últimas horas da vida de Jesus Cristo.
 Retornando a Portugal com supostas relíquias
da Terra Santa em sua mala, Teodorico já se
vê como herdeiro da tia carola. No entanto,
no momento em que vai mostrar o que
trouxe à tia, diante de várias outras
testemunhas, ao invés da água do rio Jordão,
aparece uma peça de roupa da prostituta pelo
qual ele se apaixonou em Alexandria.
Teodorico, então, cai em desgraça.
 Eça de Queiroz coloca no texto todo o seu
ceticismo e suas críticas não só ao
Cristianismo, mas também ao próprio Cristo.
O texto em si é excelente, e as ironias
funcionam muito bem. Para o século e para o
país em que foi escrito, trata-se de algo
surpreendente. Tudo o que o autor passa a
narrar é para chegar à conclusão que a
Ressurreição de Cristo jamais ocorreu. É a
profissão de ceticismo do autor.

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