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Conhecer a Bíblia

Aula 8
As ideias mestras da Antiga Aliança
Aulas previstas:
1. A Revelação divina 6. Santidade e unidade de
2. Os livros da Bíblia ambos os Testamentos
3. A integridade da Bíblia 7. A interpretação da Bíblia
4. Livros inspirados e verdade 8. As ideias mestras da Antiga
da Bíblia Aliança
5. O cânone das Escrituras 9. A Nova Aliança de Cristo
10. A Escritura na vida da Igreja
Mensagem salvífica da preparação evangélica 1/15

 Vamos procurar, de forma muito sintética, as chaves da mensagem bíblica de


salvação, como preparação na Antiga Aliança, e como cumprimento na Nova.

 Os livros do AT, embora contenham elementos imperfeitos e passageiros, dão


testemunho da pedagogia maravilhosa do amor salvífico de Deus, cujo fim
principal é a preparação da vinda de Jesus Cristo, Redentor universal.
«História sagrada», história da salvação
«História sagrada», história da salvação 2/15

 Nós, os cristãos, veneramos o AT como verdadeira Palavra de Deus; é uma


parte da Sagrada Escritura – a Antiga Aliança não foi revogada – da qual não
podemos nem devemos prescindir, porque os seus livros inspirados por Deus
conservam um valor permanente.

 Os livros do AT narram, em geral, as relações mantidas por Deus com


determinados homens, em determinados locais e em circunstâncias também
concretas.
Pedagogia divina e preparação evangélica 3/15

 Esta «selecção» permite-nos descobrir as chaves do AT para a preparação


evangélica. Por um lado, a eleição, as promessas, a aliança e a Lei são fios
que se entrecruzam na trama do Pentateuco e que atravessam de cima a
baixo todo o AT. Por outro lado, a terra prometida – conquista e posse –,a
instituição da monarquia, a construção do Templo e a pregação profética,
são novos fios que se entrecruzam com os anteriores na trama das narra-
ções dos outros livros históricos e proféticos do AT. Finalmente, a reflexão
dos sábios nos livros sapienciais, completam o enriquecimento e o quadro
da preparação evangélica.

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A EIeição 4/15

 Iavé, o Deus uno e único, actua na história humana escolhendo um povo para
ser instrumento de salvação dos outros povos. A primeira lição da Torá con-
siste numa Eleição, fruto do libérrimo amor divino, em que se nos fornece a
primeira “chave” para interpretar o desenvolvimento da história salvífica de
toda a Bíblia e, em particular, do Pentateuco.
As Promessas
As Promessas 5/15

 A eleição é acompanhada das promessas. As promessas, ao princípio,


referem-se directamente à posse do país onde viveram os Patriarcas – a Terra
Prometida -, mas implicavam outras coisas: significam que existe entre Israel e
o «Deus dos pais» relações singulares, únicas. Porque Iavé chamou Abraão
para desempenhar uma missão peculiar e na sua vocação prefigura-se a
eleição de Israel. Iavé fez da sua descendência um povo e adoptou-o como
seu povo, numa eleição puramente gratuita, por um desígnio amoroso,
concebido desde a criação e continuado no tempo, apesar das infidelidades
dos homens. Já a partir das origens, a todos os descendentes de Adão lhes é
permitida a libertação e a vitória sobre o mal;
As Promessas
As Promessas 6/15

 depois a Noé, após o dilúvio, é-lhe garantida e prometida uma nova ordem no
mundo. Depois vem a promessa divina ao patriarca Abraão, renovada aos
seus descendentes Isaac e Jacob, até que abrange todo o povo nascido a
partir deles. Conduzido por Moisés e resgatado do Egipto, renova-se a
promessa ao povo, a terra dos pais: Israel é o povo de Deus entre as nações,
simplesmente porque Deus assim o quis e só por isso Israel recebeu a
Promessa, que atingirá o seu cumprimento definitivo em Cristo.
AAAliança
Aliança 7/15

 A eleição e as promessas estão garantidas e ratificadas pela Aliança. A parte


central do Pentateuco é constituída pela Aliança de Deus com o seu povo
tendo Moisés por mediador. Mas essa Aliança é um elo mais numa cadeia de
alianças que começa em Noé – impropriamente com Adão e Eva no Paraíso –
e continua com os patriarcas até Moisés. Israel considerar-se-á a partir de
então, e com razão, o povo da Aliança.
AALei
Lei 8/15

 A Aliança traz consigo a Lei, que constituirá o conjunto de normas que o povo,
por seu lado, deve cumprir para manter o seu pacto com Deus. Na etapa
mosaica os livros do Êxodo, Números, Levítico e Deuteronómio contêm os
dados básicos. Deus revela então a Moisés o seu nome: YHWH. É o chamado
«tetagrama sagrado», lê-se Iavé e significa «Aquele que é». Daí para diante o
monoteísmo será a primeira verdade da fé de Israel.
AATerra prometida
Terra prometida 9/15

 Terminada a etapa mosaica, os livros do AT contam-nos uma história que é


também história salvífica. Desde a morte de Moisés - finais do século XIII a.C.
– o eleito é Josué, primeiro protagonista de uma longa história que chega até
João Hircano – 135-104 a.C. -; quer dizer, desde a entrada na Terra Prometida
até à monarquia dos Macabeus. A história contada nos livros históricos –
Josué, Juízes, Samuel, Reis; Crónicas, Esdras, Neemias e Macabeus – é uma
história santa, marcada pela contínua intervenção de Deus nas vicissitudes do
seu povo.
OOReino ou reinado de Deus
Reino ou reinado de Deus 10/15

 A promessa da posse da terra, indica veladamente a posse do Reino. A noção


do Reino ou Reinado de Deus é outra das “chaves tipológicas” da Antiga Lei.
Nos escritos do AT, destacam-se duas ideias: a Soberania de Deus sobre a
criação inteira, e de modo especial sobre um povo que escolhe para si entre
todas as outras nações. No AT, e em particular nos Salmos, é-nos revelada a
soberania universal de Deus, embora fale mais da sua «soberania» que da
sua condição de «soberano» ou «rei». Quer dizer. o Reino de Deus deve ser
entendido como exercício do poder divino e da sua providência sobre os
homens, Reinado de Deus no qual se realiza o seu plano de salvação
A monarquia davídica
A monarquia davídica 11/15

 É razoável que o povo já estabelecido na terra de Canaã, por influência dos


povos vizinhos, deseje ter um rei que unifique as doze tribos. Iavé considera
este desejo como uma rejeição da sua soberania e, através de Samuel, faz-
-lhes ver os inconvenientes da Monarquia. Mas o povo continua a suplicar
um rei e, finalmente, Deus acede ao seu pedido.

 O rei em Israel é só um “ajudante de campo” de Deus, não é uma encarnação


de Deus como no Egipto e na Babilónia, com a divinização do faraó ou do
monarca. Iavé é o rei de Israel, e rei universal, Senhor dos céus e da terra.

 David é o fundador da nação israelita unida e independente. É verdade que


esta situação não sobreviveu muito tempo ao seu fundador e a seu filho
Salomão, mas David – a sua figura e a sua época – será sempre recordado
como o rei ideal dos israelitas, referência principal do monarca messiânico e
um dos grandes protagonistas da história da salvação, como Jacob, Moisés ou
Josué. Os seus sucessores no trono serão também os ungidos de Iavé e o seu
trono o trono de Iavé.
OOTemplo
Templo 12/15

 Salomão, filho de David, concluiu o projecto de seu pai e iniciou a construção


do Templo por volta de 970 a.C. . Deus tinha ordenado a Moisés no deserto, a
caminho da terra de Canaã, a construção do antigo Santuário portátil – onde
se conservavam as Tábuas da Lei –. Era aí que se manifestava, de modo
particular, a presença de Iavé no meio do povo, e era-lhe tributado o culto
devido. Durante a conquista da Terra Prometida, o Santuário foi colocado em
vários lugares – Guilgal, Siquém e Silo –, porque era desmontável de acordo
com a situação nómada do povo. Só depois de David estabelecer a capital em
Jerusalém, o rei concebeu a ideia de mudar para lá o santuário e acomodá-lo
num grande templo de pedra.

 O Templo de Salomão – orgulho do povo judeu – foi completamente destruído


pelas tropas de Nabucodonosor em 586 a.C. quando da deportação dos
hebreus para a Babilónia.
O Templo 13/15

 Depois do desterro, de regresso à Palestina, iniciaram-se as obras de


reconstrução que, depois de inúmeras dificuldades, terminaram em 515 a.C. .
Este segundo Templo foi denominado também de Zorobadel, por ter sido este
rei davídico o principal impulsionador das obras. Nas suas linhas gerais era o
mesmo que o de Salomão, mas muito mais pobre na sua ornamentação e
construção. No exílio aprenderam a lição: Ezequiel vê a glória de Deus no
desterro e compreende que Deus está presente em toda a terra e que recebe
agradado o culto que sai do coração humano; o “templo” da terra não é senão
uma imagem imperfeita do “trono” de Deus nos céus.

Templo – Jerusalém, o segundo Templo


OOExílio
Exílio 14/15

 As previsões de Deus sobre a escolha do rei foram-se cumprindo, mas os reis


davídicos foram-se esquecendo da Aliança e frequentemente violavam-na;
eram rebeldes em relação aos mandamentos de Iavé e afastavam-se de Deus.

 Os profetas, guiados pelo Espírito de Iavé, lutaram muitas vezes contra a


infidelidade dos reis, com duras e enérgicas ameaças. As suas profecias
cumpriram-se, e os reis de Israel (Reino do Norte) e de Judá (Reino do Sul)
serão deportados. O povo rejeitou a realeza de Iavé e no exílio sofrerá as
consequências.
OOMessias
Messias 15/15

 O messianismo é outra das chaves do AT para poder entender a pedagogia


divina na preparação evangélica. Os profetas aparecem no tempo da
Monarquia davídica e sobrevivem ao exílio. Grande parte da luta para manter
a fé monoteísta – o Deus único, vivo e verdadeiro – no povo eleito, foi confiada
por Deus aos profetas. Esta fé no auxílio do único Deus foi uma magnífica
ajuda para fomentar e desenvolver a esperança bíblica do Messias, mas
dificilmente pôde fundá-la ou criá-la. Esta esperança deve-se procurar, em
último caso, na própria relação divina. O messianismo é um fenómeno que
surge no seio do judaísmo, anterior ao cristianismo.
A Sabedoria 16/15

 Os livros do AT que os judeus chamaram Escritos ou Ketubim, e que nós


denominámos sapienciais, vêm completar a preparação da chegada do
Evangelho. Com efeito, se a Lei apresenta a relação do homem com Deus e
dos homens entre si, e os Profetas vêm, sobretudo, recordar o cumprimento
da Lei e a fidelidade à Aliança, explicando as suas aplicações à vida, os
Escritos sapienciais desenvolvem os conteúdos da recta conduta do homem
perante Deus e com os outros homens, não já como normas morais, mas
como reflexões religiosas.
AASabedoria
Sabedoria 17/15

 A sabedoria eleva o nível das suas reflexões e aborda-se o misterioso


problema do governo de Deus. A sabedoria humana enfrenta-se e compara-se
com a sabedoria divina. É este precisamente o tema do livro de Job. A partir
de agora a autocríticas da sabedoria aprofundará ainda mais os ensinamentos
dos profetas. Termina reconhecendo que a última palavra da sabedoria está
em Deus.
Chega-se assim à conclusão de que a revelação divida do AT se pode
compendiar na noção de sabedoria. Uma boa amostra é a identificação que se
verifica no livro de Sirácida (Eclesiástico) entre Lei e Sabedoria: a Lei é a
plenitude da Sabedoria, o sábio não tira já a sua doutrina da experiência e
observação quotidianas, mas dos textos sagrados do AT. Desta forma
chegamos ao fim do último dos livros sapienciais e no qual o autor do livro da
Sabedoria incorpora também o saber profano à sabedoria recebida pela
revelação de Deus.
Conclusões 18/15

 O AT lido à luz da fé cristã, não só não perde nada do seu excelso sentido
religioso, como é capturado com maior profundidade. Primeiro nos tempos
apostólicos, e depois na sua tradição, a Igreja descobre e esclarece a unidade
do plano divino nos dois Testamentos graças à tipologia. Os acontecimentos
vividos por Israel, sendo reais e pessoais daquele povo, são tipos ou figuras
dos nossos. Como acreditamos que Deus actua na história, reconhecemos
que esses acontecimentos existem também em função das realidades
vindouras que são Cristo e a Igreja. Acontece o mesmo que numa maqueta
dum edifício: o que contemplamos de antemão é a sua realização. Pois assim
também no AT o que podemos ver é a vida de Cristo e a nossa.
Ficha técnica 19/15

 Bibliografia
 Estes Guiões são baseados nos manuais da Biblioteca de Iniciación
Teológica de Editorial Rialp (editados em português pela editora Diel)

 Slides
 Originais - D. Serge Nicoloff, disponíveis em www.agea.org.es (Guiones
doctrinales actualizados)
 Tradução para português europeu - disponível em inicteol.no.sapo.pt

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