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Personalidade: aspectos gerais

Aula 2: Psicologia aplicada ao Direito

Prof. Dra Vanessa Silva Cardoso


Nascimento da psiquê
• Um bebê é parte de uma relação.
• Interessa-nos conhecer o contexto
RELACIONAL que estão na base da formação
da mente do bebê.
• PRESENÇA
• FUNÇÃO MATERNA
• AMBIENTE ACOLHEDOR
• ( Winnicott, 1948).

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• Bebê apresenta necessidades absolutas
• Função materna: adaptação sensível e ativa.
• Dependência do bebê para ser
• Aos bebês o vem a ser psicológico se
estrutura de modos diferentes; conforme as
condições sejam favoráveis ou desfavoráveis.
• Cuidado de respeito e não invadido.

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Bebê- Formação do SER
• Preocupação materna primária.
• Sensações corporais e estados mentais da
mãe (ou função materna) dão prosseguimento
ao bebê que serão precursoras de um
aparelho para pensar e gerar significados.

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Segurança básica

• Função organizadora e estruturante no bebê


• CORPO do adulto, o seu calor, seu cheiro e os
seus ritmos proporcionam a segurança básica
gera confiança para o resto da vida.
• Capacidade de uma figura verdadeiramente
interessada para não ocorrerem faltas.

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• Se a mãe proporciona uma adaptação
suficientemente boa, a linha da vida da criança
é muito pouco perturbada por reações à
intrusão.
• A falha materna prolongada provoca fases de
intrusão e as intrusões interrompem o
continuar a ser do bebê gerando uma ameça de
aniquilamento.
• Bebê precisa ser maternado.

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• Bebê não distingue o Eu do não EU
• Estado de fusão com a mãe.
“ um bebê não poderá se desenvolver se não
tiver alguém disponível a ele”
Sustento e evolução

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• Há mães que não conseguem adaptar-se às
necessidades do bebê e mães que se
preocupam excessivamente desenvolvendo
uma maternidade patológica.
• Recursos positivos, reparadores, ao longo da
vida.

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3 funções da maternagem positiva
• 1. Handling : maneira como o bebê é tratado
cuidado e manipulado ( higiene, alimentos,
cuidados com o quarto)
• 2. Holding: cuidados afetivos.
• 3. Apresentação de objetos: a mãe mostra-se
substituível.

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Narcisar e frustrar o bebê
O bebê precisa ser atribuído significado de
quem ele é; precisa que as suas necessidades
sejam atendidas e aos pouco vai ele mesmo
atribuindo significado de quem ele é.
Frustração: estruturante para uma
personalidade saudável.

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• A função materna que vai inicialmente
permitir que se estabeleçam os primeiros
sistemas de simbolização que poderão em
seguida, graças a uma terceira pessoa,
falocentrada ou não, fundar a simbolização da
própria mãe, a criança então, frustrar-se e
saber que ela não é o centro da vida da mãe
( Celia, S, 2003)

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O que é personalidade?
•Totalidade de traços emocionais e
comportamentais que caracterizam o
indivíduo na vida cotidiana.

•Personalidade é definida como -


organização dinâmica de traços psicológicos,
formados a partir dos genes particulares que
herdamos, das existências singulares que
experimentamos e das percepções
individuais que temos do mundo, capazes de
tornar cada indivíduo único em sua maneira
de ser, de sentir e de desempenhar o seu
papel social.
•Esquema: gene + meio +Prof.situação.
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Traços de Personalidade
• aspecto do comportamento duradouro da pessoa

• É a sua tendência à sociabilidade ou ao


isolamento; à desconfiança ou à confiança nos
outros.

• O comportamento final de uma pessoa é o


resultado de todos os seus traços de
personalidade. O que diferencia uma pessoa da
outra é a amplitude e intensidade com que cada
traço é vivido.
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Personalidade
• A personalidade permite que nos
reconheçamos e sejamos
reconhecidos mesmo quando, ao
desempenhar os vários papéis
sociais, usamos diferentes máscaras
que representam as diferentes
personagens.
. Existem traços que se mantém nos
mais variados papéis que
desempenhamos.

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Natureza da personalidade
A personalidade é:
• Uma estrutura
• Totalidade
• Processo
• Dotada de consistência
• Construção pessoal que decorre ao longo do
nosso ciclo vital.

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Personalidade

• Família: matriz de
identidade.
• Senso de pertencimento
• Capacidade de
individuação

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VÍNCULO:
• De acordo com o Dicionário Aurélio Buarque
de Holanda Feulira (1986) o termo vínculo é
definido como “[do lat. Vinculu] s.m. 1.tudo o
que ata, liga ou aperta; 2. nó, liame. 3.fig.
ligação moral; 4. gravane, ônus, restrições; 5.
Relação, subordinação; 6. nexo, sentido”.

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VÍNCULO
• (...) uma estrutura dinâmica • Considera vínculo “normal”
em contínuo movimento, aquele que se estabelece
que engloba tanto o sujeito entre o sujeito e um objeto
quanto o objeto, tendo esta quando ambos tem
estrutura características possibilidade de fazer uma
consideradas normais e escolha livre, como
alterações interpretadas resultados de uma boa
como patológicas. A todo o diferenciação entre ambos
momento o vínculo é
estabelecido pela totalidade
da pessoa, em constante
processo de evolução.
(PICHÓN-RIVIERE, 1998, p.
11)

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Tipos de apego:

• Tipo A: apego “de evitamento” – há um


evitamento da figura de apego ; o contato não
é buscado, mas também não é recusado; Tipo
B: apego “confiante” – o contato é buscado
durante o retorno da figura de apego, sem
ambivalência. O contato à distancia (olhar)
pode ser suficiente;

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• Tipo C: apego “ambivalente” – o contato é buscado,
mas parece fingido ao mesmo tempo. A criança pode
protestar quando a mãe a segura no colo ou quando
colocada no chão. É para esse tipo C que se fala de
apego ansioso; Tipo D: apego “confuso –
desorganizado” no qual dominam as posturas de
apreensão, de confusão e ate depressão na criança.
• O desenvolvimento saudável de um indivíduo depende
da estabilidade do apego. Porém quando isso não
ocorre há probabilidade de acontecerem desequilíbrios
emocionais que dificultam a construção de vínculos

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• Esses modelos de apego – apego seguro e estável, apego
ansioso, apego ambivalente – parecem relativamente
estáveis no decorrer do desenvolvimento.
• Uma espécie de tipologia constitucional tende, desse
modo, a ser descrita, apresentando, é claro, numerosos
vínculos com a angústia de separação e o comportamento
ansioso.
• Mas a dimensão de uma transmissão transgeracional não é
estranha a tal comportamento como mostram os trabalhos
de M. Main (1990), que tendem a relacionar o tipo de
apego constatado na criança e o modelo interno de apego
encontrado na mãe. (MARCELLI, 1998, p. 232).

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• A criança tende a desenvolver uma relação de
apego com a pessoa cujo relacionamento
recíproco sintônico ocorre com maior freqüência
• A partir desta reciprocidade que vão ser
desenvolvidos traços da personalidade deste
sujeito e a forma como irá vincular-se com a vida
ao longo do seu desenvolvimento.
- Relações de trabalho, afetivas, amizades...
- Frisando que não há determinismo mas
evidenciam uma tendência da forma destas
relações acontecerem.
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As estruturas dinâmicas da
personalidade
• ID, Ego e o Superego

ID
• Não atua segundo princípios lógicos e morais.
• É amoral e ilógico pois é dominado pela fantasia
(pretende realizar tudo o que lhe agrada sem ter a
preocupação de ser bom ou mau e não distingue o bem
do mal).
• Rege-se pelo princípio do prazer.
• É o grande reservatório da libido.
• Não tem nenhuma ligação com o mundo exterior.
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As estruturas dinâmicas da
personalidade
EGO

• É o representante da realidade
• O ID para entrar em contacto com a realidade
e agir sobre ela necessita do Ego.
• Começa a desenvolver-se por volta dos 6
meses(conflito do desmame).
• Funciona segundo princípios lógicos e
racionais.
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As estruturas dinâmicas da
personalidade
• Atua segundo o principio da realidade. Adia a
satisfação dos impulsos do ID, isto é, está
realisticamente ao serviço do principio do prazer.
• Resolve os conflitos.
• Parte consciente onde surge os juízos morais.
• Põe ordem aos nossos desejos irrealistas.
• Ego significa juiz que gera o prazer, realidade e
moralidade.

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As estruturas dinâmicas da
personalidade
SUPERERGO

• O representante da moralidade
• Representa um complexo de motivações ligado à
interiorização de proibições morais.
• Critica o Ego, produz angústia e ansiedade quando o
Ego manifesta tendência aceitar os impulsos vindos
do ID.
• Indica o que devemos ou não fazer.
• Forma-se por volta dos 3-5 anos (conflito de édipo).
• É o representante interno dos valores, normas e
ideais morais de uma sociedade.
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As estruturas dinâmicas da
personalidade
• É o resultado da educação e
da forma como ela nos é
transmitida pelos agentes
de socialização primária. A
forma como a criança a
interioriza (processo de
introjeção) pode influenciar
a sua maneira de estar na
sociedade.

• Estabelece um equilíbrio
interno: reprime certos
atos, favorece outros
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Papel do Superego
• Inibir ou refrear os impulsos,
sobretudo de natureza sexual e
agressiva, provenientes do ID
que o Ego pode autorizar.
• Persuadir o Ego a substituir
objetivos realistas por
objetivos morais e moralistas.
• Procurar a perfeição moral-
supermoral (ambiciona a
perfeição moral).
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Por fim...
• O vínculo com o outro é um grande sinalizador para
identificarmos a dinâmica de funcionamento de alguém;
Podemos identificá-lo tanto na aproximação quanto no
isolamento.
• Assim, a análise dos vínculos internos e externos, em
relação a estruturas criadas entre o sujeito e o outro, tem
como propósito recuperar a qualidade dialética, que é o
que permite o desenvolvimento normal da personalidade.
• “O caráter do sujeito torna-se mais compreensível à
medida que se descobrem seus vínculos internos”. (Pichón-
Riviére, 1998, p. 14). Assim sendo, a teoria do vínculo pode
ser usada como um instrumento de trabalho para abordar e
compreender o campo intrapsíquico do homem.

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Noções de personalidade sob enfoque
jurídico:
• Direito à vida- princípio da dignidade humana
• Direito ao nome
• Direito à honra
• Direito à imagem
• Direito à integridade Psíquica - mais que a
saúde mental.

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Bibliografia:
• VIORST, J. Perdas necessárias. 25ª ed. São Paulo.
Melhoramentos. 2003.
• PICHÓN-RIVIÉRE, E. Teoria do Vínculo. São Paulo.
Martins Fontes. 1998
• MARCELLI, D. Manual de psicopatologia da
infância de ajuriaguerra. 5 ed. Porto Alegre,
Artmed. 1998.
• BOWLBY, John. Uma base segura: aplicações
clínicas da teoria do apego. Porto Alegre. Artes
Medicas, 1989
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