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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO POLITÉCNICO
Graduação em Engenharia Mecânica

Disciplinas:
Mecânica dos Materiais 2 – 6º Período
E
Dinâmica e Projeto de Máquinas 2-10º Período

Professor: Dr. Damiano da Silva Militão.


Tema de aula 6: MÉTODOS DE ENERGIA

OBJETIVO:

Aplicar métodos de energia para resolver problemas que envolvam deflexão.

SEQUÊNCIA DE ABORDAGENS:

6.1-Trabalho externo X Trabalho interno (ou energia de deformação).

6.2-Energia de deformação elástica para vários tipos de carga.

6.3-Consevação de Energia.

6.4-Carga de impacto

6.5-Princípio dos trabalhos virtuais

6.6-Teorema de Castigliano
6.1-Trabalho externo X Trabalho interno (ou energia de deformação).

1- O Trabalho externo (Ue) de uma força variável F(x) , que cause deslocamento dx numa direção x
é:

(1)
Considere F(x) axial aplicada GRADU- Depois P mantida cte, e uma nova força
ALMENTE de 0 à P na barra, defor- adicional P’ aplicada da mesma forma
mando-a ∆ LINEAR- ELASTICAMENTE; deformando-a mais ∆ ’:

Para esta situação temos o diagrama Px∆:


Portanto:

(2) é o Trab. ext de F(x) variável de 0 à P (integral referente a área


do triângulo claro)
Note que escrevemos Ue em função da força P máxima aplicada no final.
e
(3) Trab. adicional com P mantida cte (integral da área do retângulo)
Analogamente o trabalho Ue de um Momento M causa um deslocamento dθ:
Logo: (4) e (5) .
e adicionando um momento M’ teremos: (6).
2- O Trabalho Interno ou Energia de deformação (Ui ) é a energia armazenada em um corpo, que sob
tensão interna σ ou τ se deformou ε ou γ;
- O Trab. Ext. se converte em Trab. int. (desprezadas perdas que ñ causem deformação (calor, som))
- Ui é sempre + pois tensão e def. possuem mesmo sentido.
Ui para Tensão Normal:
Vamos considerar o elemento de volume ilustrado abaixo:
Pelo que vimos o trabalho interno de dFz gradualmente aplicada é: dUi =Δz (7)

Onde: σz =dF z /dA, ou seja, dF z = σz.dA (8)


e εz =Δ z /dz, ou seja, Δ z = εz .dz, (9)
Substituindo (8) e (9) em (7), e fazendo dA=dx.dy, teremos: dUi = (10)
Finalmente lembrando do módulo de elasticidade E= , e que dxdydz=dV, temos:
(11)

Ui para Tensão Cisalhante:


Agora considere a face superior deslocada γ dz pela força de cisalhamento dFcis , ilustrado abaixo:
O trabalho interno de dFcis gradualmente aplicada é: dUi =γdz (12)
Onde: τ =dF cis /dA, ou seja, dF cis = τ .dA (13)
Subst. (13) em (12), com dA=dx.dy, temos: dUi = (14)
Finalmente lembrando do módulo de rigidez G= γ , e que dxdydz=dV;
(15)
Ui para Tensão Multiaxial:
Somamos cada dUi=dUi= (Cisalhante) em todas as direções, e integramos em V;

(16)

Substituindo a lei de Hooke; G= γ , e E= teremos;

(17)
Escrevendo em função das tensões principais máximas (direções onde τ = 0);

(18)
Exemplo: Considerando que o estado biaxal de tensão de um elemento pode ser representado por σx, σy e τxy,
ou pelas tensões principais σ1, σ2 , e usando a equação da transformação de tensão, iguale as energias de
deformação para os dois casos e mostre que G =E/[2(l + ν)].
Sol;
Com as tensões finais σx, σy e τxy ctes em (17) e as demais nulas;

Fazendo o mesmo para σ1 e σ2 ctes em (18) e σ3 nulo;

Utilizando a eq. da transf. de tensões principais podemos dizer que

e então substituímos em (Ui)2 ,

agora igualamos (Ui)1 =(Ui)2;


6.2-Energia de deformação elástica para vários tipos de carga.
CARGA AXIAL:
Tomamos a equação da energia interna (11) para tensão normal σ=N/A,
e substituimos a diferencial dV=A.dx, teremos:
Para uma barra prismática de seção A
MOM. FLETOR: e carregamento N constantes:
Novamente a equação (11) , substituindo dV=dA.dx e σ=My/I teremos:
I= representa o momento de inércia da área em torno do
eixo neutro da viga.
CIS. TRANSVERSAL:
Tomamos a equação da energia interna (15) para tensão cis. transversal
τ = VQ/It, substituindo dV = dA.dx, teremos:
Q= representa o momento de inércia de 1º ordem.
Definimos como fator de forma para cisalhamento.

Nota: M aumenta com o comprimento da viga, mas V não, assim em barras de L>10h é desprezado, considerando apenas

MOM. TORÇÃO:
Mais uma vez a equação (15), substituindo dV= dA.dx e τ = Tρ/J teremos:
J= representa o momento de inércia polar no eixo
Para uma barra prismática de seção A
e Torque T constantes temos:
Exemplo: Determinar a energia de deformação por torção no eixo de aço A-36 e raio de 30 mm.
Sol;
Teremos a seguinte distribuição ao longo do eixo;

Lembre-se: Ui dará sempre (+) .

A energia de def. total será obtida pela soma das energias dos torques constantes em cada trecho;

G tabelado e J=πc4/2;
Fazer: O parafuso tem diâmetro de 10 mm, e o elo AB tem seção retangular de 12mm de
largura por 7mm de espessura. Determinar a en. de def. no elo devida à flexão e no parafuso
devida à força axial do aperto de 500N. Ambos são de aço A-36 e despreze o furo no elo.
6.3-Consevação de Energia.

• Consideramos apenas carregamentos mecânicos lentos(desprezamos a energia cinética, térmica,


química, eletromagnética ou sonora).
• As cargas externas deformam o corpo e causam trabalho externo U e, que se transforma
integralmente em energia de deformação Ui (trabalho interno).
• Removendo a carga externa, Ui garante que o corpo retorne ao seu estado inicial não deformado caso
não ultrapassado o limite elástico.
Nessas condições : Ue = Ui
Exemplo: A viga em balanço da figura abaixo tem seção transversal retangular , sabendo
que ela está sujeita a uma carga P em uma extremidade, determine a expressão para o
deslocamento sofrido pela carga, considerando GE e I ctes.
Sol; Igualar o trab. ext. de P variável,com a en. de def. interna da flexão + da
força cortante (pois não sabemos se L>10h);
Obter o fator de forma;
Fazemos t=b;

onde;

Retomando;

e o deslocamento será;

Se a viga tiver L>10h desprezamos o 2º termo, então;


Fazer: Determinar a inclinação do ponto C na viga de aço A-36. I = 9,50(10-6) mm4 (considere L>10h).
6.4-Carga de impacto

Até aqui consideramos cargas aplicadas gradualmente, que quando atingem um valor máximo
permanecem constantes.
Colisões de objetos ocorrem durante um período de tempo muito curto, no qual forças mais
intensas desenvolvem-se causando as chamadas cargas de impacto.
Ex: Comparando com o sistema massa-mola de peso w ao lado, onde o corpo em
movimento é rígido, o corpo estático tem comportamento linear elástico com
inércia desprezível e não há perda de energia na colisão;

pela conservação da energia temos,


que gera a equação quadrática:

de raíz máxima:
Caso a carga seja aplicada gradualmente teríamos:
Com e então a raiz seria reescrita na forma

Dica: Vale lembrar que por exemplo = para carga axial P; ou= ν (deflexão) em vigas sob
deflexão por carga P transversal.

O fator de impacto n será a razão òu .


• Resumo até o momento:
 Uma força externa realiza trabalho quando se move por meio de um deslocamento. Se for gradual em
intensidade de zero até P, o trabalho é se ela for constante enquanto o deslocamento
ocorre então

 A energia de deformação é provocada pelo trabalho interno das tensões normal e de cisalhamento e
pode ser relacionada com os carregamentos internos resultantes N, V, M e T.

 A carga dinâmica de impacto pode ser tratada como carga estaticamente aplicada, multiplicando-a
por um fator de amplificação n.
Uma aplicação prática: Um exemplo :
O tubo de alumínio oco abaixo é usado para suportar a carga
representada. Determine o deslocamento máximo em seu topo
supondo:
a)Carga aplicada gradualmente.
b)Carga aplicada subitamente do topo do tubo (h=0).
Adote e considere o alumínio se comportando elasticamente.

Resolução:
a)

isolando Δest;

b) Obtemos através da equação da carga de


impacto:

Com h=0 temos para cargas no topo, portanto

e o fator de impacto é de n=2 (soltando do topo já daria o dobro da


tensão aplicada gradualmente).
Fazer: O bloco de 75 lb tem velocidade de descida de 2 pés/s à 3 pés da
parte superior da viga de madeira. Determine a deflexão em B e
a tensão de flexão máx. devido ao impacto. Emad = 1,9(103) ksi.
6.5-Princípio dos trabalhos virtuais

Será usado para obter deslocamentos Δ e inclinações θ em pt qq de um corpo. (corta ½ )


Várias cargas externas P deslocadas Δ em um corpo, induzem várias cargas internas q, deslocadas dL, portanto;
Ex: cargas reais P1, P2 e P3 causam as seguinte deformação no corpo;
Note que nenhuma força atua em A, então imaginamos uma força P’ virtual unitária
(P’=1) atuando em A na direção do Δ buscado;
Resultado;
Veja que P’ e a carga virtual interna u deslocam-se respect.
Δ e dL, assim escrevemos a conservação dos trabalhos virtuais;

onde;

Trabalho virtual interno(dado pelos termos


da direita em função da carga interna virtual
(n(normal), v(cortante.),m(mom.)ou t(torque);
Analogamente podemos obter as inclinações;

onde; (½ some pois carga virtual


ñ age gradualmente, e sim
integralmente antes da real)
Por exemplo a equação do trabalho virtual de um corpo com carregamento geral seria;

Aplicando em Treliças;
Para determinar deslocamento Δ de um nó da treliça, consideraremos
o trabalho virtual devido apenas as cargas axiais;
Onde;

Procedimento;
Forças virtuais;
1.Colocar uma carga virtual unitária no nó e na direção do Δ desejado;
2.Obter n virtual em cada elemento da treliça (esquecer cargas reais) (supor
tração +, compressão -);
Forças reais;
3.Determinar N em cada elemento (esquecer cargas virtuais).
Equação Trabs. Virtuais;
4. Aplicar a eq. dos trab. virtuais; se for (+) Δ ocorre na mesma direção da carga unitária, se for
(–) ocorre ao contrário.
Exemplo: Determinar o deslocamento vertical do ponto D.Cada elemento tem área da
seção transversal de 400 mm2 e todos são feitos de aço A-36.
Sol;
Forças virtuais;
1.Colocar uma carga virtual unitária no nó e na direção do Δ desejado e,
2.Obter n virtual em cada elemento da treliça (esquecendo as cargas reais) (tração(t)+
,compressão (c)-);
Forças reais;
3.Determinar N em cada elemento (esquecer cargas virtuais) ((t) +,(c) - );
Equação Trabs. Virtuais;
4. Aplicar a eq. dos trab. virtuais; avaliar se for (+) Δ ocorre na mês-
ma direção da carga unitária, se for (–) ocorre ao contrário.

(+) logo Δ ocorre na direção da


carga virtual unitária( para baixo)
Aplicando em Vigas;
Para determinar deslocamento Δ de um Pt A da viga,
consideraremos o trabalho virtual devido apenas a flexão (L>10h);
Onde;

analogamente para a inclinação θ;


m= momento virtual interno na viga, em função de x, provocado pela
carga unitária virtual externa.
Mas aqui aplicamos um momento
virtual unitário (não uma carga
Exemplo; Determinar (a) o deslocamento de C e (b) a inclinação de A unitária), e determinamos o
na viga de aço A-36. I = 70(106) mm4. momento virtual interno mθ(x).
Sol: (a)
Mom. Virtuais m(x); – –
1.Colocar carga virtual unitária
na direção do Δ desejadoe,
2.Obter m(x) virtual em cada trecho(esquecer cargas reais)(usa convenção);
Mom. Reais M(x);
3.Determinar M(x) em cada elemento (esquecer cargas virtuais).
Equação Trabs. Virtuais;
4. Aplicar a eq. dos trab. Virtuais e obter Δ ; se soma das integrais for (+) –
Δ é na mesma direção da carga unitária, se for (–) ao contrário; –

– – –

(integral+ (mantem p/ baixo))


(b) próximo slide;
(b)
Mom. Virtuais mθ(x);
1.Colocar momento virtual unitário em A e,
2.Obter mθ(x) virtual em cada trecho(esquecer cargas
reais)(usar convenção + de sinais);
Mom. Reais M(x);
3.Determinar M em cada elemento (esquecer cargas virtuais). –

mesmo gráfico do item (a)


Equação Trabs. Virtuais;
4. Aplicar a eq. dos trab. Virtuais e obter θ ; se soma das
integrais for (+) θ na mesma direção do momento unitário,
se for (–) ao contrário;


– – –

(integral +; (anti-horário
como o sentido do mom. unitário virtual escolhido))
6.6-Teorema de Castigliano

‘ O deslocamento Δ em um pt, é igual à primeira derivada parcial da energia de defor-


mação, em relação à uma força externa P que atue no pt na direção de Δ’
‘A inclinação θ em um pt, é igual à primeira derivada parcial da energia de deforma-
ção, em relação à um momento externo M’ que atue no pt na direção de θ’
Obs: Valido apenas para corpos à Temp. cte;
Aplicando em Treliças;
(não sofre mudan-
P/ cada elemento, temos Ui apenas de carga axial , logo;
ça de inclinação θ )
P/ facilitar derivar a composta N(P) antes de integrar;
(usamos regra da cadeia y=(N(P))2; ∂y/∂P=∂y/∂N . ∂N/∂P)
Expressar N em cada elemento em função de uma P externa genérica atuando
no nó na direção de Δ , e no fim atribuir o valor de P.
Exemplo: Determinar o deslocamento horizontal do ponto D. Cada elemento tem
área da seção transversal de 300 mm2 e todos são feitos de aço A-36.
Sol; Expressar N em cada membro em função de uma P genérica;

Método de Castigliano; Exige calculo de: ,, de N (com P=4kN),


Finalmente; e de L, para obter o somatório

(‘E’ tabelado)
Aplicando em Vigas;
Consideraremos Ui devido apenas à flexão, , desprezamos cisalhamento transversal (L>10h),
logo; (regra da cadeia;
derivando antes de integrar; y=(M(P))2, ∂y/∂P=∂y/∂M .∂M/∂P)
Expressar M em função de x e de uma força externa P genérica aplicada à viga no pt e direção de Δ.
Em vigas calculamos tb a inclinação θ,
analogamente teremos;
Expressar M em função de x e de um momento externo M’ aplicado à viga no pt e direção de θ.
Obs;
Casos que exijam considerar carregamento geral;
Exemplo; Determinar o deslocamento de C considerando EI=cte.
Sol: Colocamos a força variável em C ( aqui P’ para não confundir com P);
Expressar M em f. de x e de P’ (só nos dois trechos iniciais (simetria));
Método de Castigliano; Exige calculo de: ,

e de M (com P’=0),

para calcular a integral;


Fazer; Determinar a inclinação da polia em C ,supondo que o eixo de aço A-36 tenha 60 mm de diâmetro.
– Bibliografia:

– R. C. Hibbeler – Resistência dos materiais – 5º Edição.

MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

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