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SINÓTICOS

EVANGELHO SINÓTICOS:

 MATEUS = Mt
 MARCOS = Mc
 LUCAS = Lc
PERÍODO INTERTESTAMENTÁRIO
≈ 134 aEC até ≈ 4aEC
 Sem fontes histórico-bíblicas ,
exceto 1Mc e 2Mc, Sb e Eclo;
 Fontes historiográficas: Flávio
Josefo = historiador judeu
Obras:
◙ Antiguidades Judaicas
◙ De Bellum (= “Sobre as Guerras
Judaicas”)
EVANGELHOS SINÓTICOS

Mt Mc Lc
 Semelhanças
 Sinóticos = “um só olhar”
 Mas há divergências
 Há “textos próprios de cada
um”
FASES DA FORMAÇÃO TEXTUAL:

TRANSMISSÃO “atores”
ORAL diferentes

TEXTO-BASE – Lugares
PROVISÓRIO diferentes

TEXTO FINAL Experiências


diferentes
TRANSMISSÃO ORAL
 Centralidade:
Anúncio/Querigma,
começando pelos judeus – ver
At 4, 8 -12;
3, 12 – 26; 2, 14 – 36; 13, 16 –
41
e 1Cor 15, 3 – 7;
 Querigma: ordem do Cristo
Ressuscitado – ver Lc 24, 44 –
48;
 Catequese Pré-Batismal: At
10, 37 – 43 = prenúncio da
estrutura de Mc
Estrutura de Mc:
 Batismo dado por João
 Jesus recebeu o Espírito Santo
 Atividade/anúncio de Jesus na
terra dos judeus;
 Crucifixão, morte, ressurreição
e aparições;
 Testemunho dos apóstolos

São elementos de
pregação/tradição oral durante
muito tempo antes de surgirem
os textos escritos = são o
núcleo dos textos evangélicos.
TEMAS COMUNS:

 “As palavras de Jesus” ► temas-


gancho para favorecer a
memorização;
 Igreja primitiva: presença dos
narradores especializados (os
chamados “evangelistas”: At 2, 8;
Ef 4, 11; 2Tm 4, 5
RELATOS

 Ex.: Eucaristia ►
variantes importantes:
Comparar 1Cor 11, 23 –
26; Lc 22, 19 – 26; Mt 26,
26 – 29 e Mc 14, 22 – 25
 Detalhe: as semelhanças
são mais presentes que
as variantes
 Tradição oral: insuficiente
para explicar as
semelhanças;
TEXTO-BASE:
 TESTEMUNHO
ANTIGO: Pápias,
bispo de Hierápolis
(Frígia, 130);

 Livro perdido:
Interpretação dos
Oráculos do Senhor
REFERÊNCIAS / TESTEMUNHOS
EUSÉBIO DA CESARÉIA – TESTEMUNHA 1
 Mc = escrevia o que Pedro pregava;
 Mt = colocou em ordem o que já estaria
escrito
CLEMENTE DE ALEXANDRIA –
TESTEMUNHA 2:
 Anciãos (2.a geração dos Primeiros
cristãos) – ensinamento:
 Os Evangelhos das Genealogias foram
escritos antes;
 Mc escreveu o que Pedro pregou em
Roma
 TRADIÇÕES
POSTERIORES
(grega, latina e
siríaca/Efrém) –
retomam esses
testemunhos e
acrescentam a
eles sua
minúcias;
QUANTO
A
Mc:
▬ Pápias e Clemente: estão em acordo
ao atribuir o 2.◦ Evang. a Mc;

▬ Marcos teria editado o texto após a


morte de Pedro;

▬ Clemente: Marcos o escrevera em


Roma

DÚVIDA: Diz-se que Marcos dependia


das pregações de Pedro, mas de onde
vem tanta sobriedade quanto aos
ensinamentos de Jesus?
QUANTO
A
Mt:
 Clemente: seu Evang. continha uma
Genealogia de Cristo (1, 1 – 17);

 Pápias: Mt teria escrito o Evang. em


hebraico/aramaico e, depois, traduzido
para o grego; porém, nada comenta
sobre o texto grego e não informa se o
escritor teria sido mesmo o Apóstolo,
o publicano (Mt 9, 9);

 São Justino citará os textos como


sendo de Mt.
DIVERGÊNCIAS
 Pápias: o Evang. de Mc surgiu antes e
foi o “texto-base” para Mt e Lc (estes
dependem de Mc);

 Clemente: Mt e Lc foram escritos


antes, por conterem as genealogias de
Jesus Cristo;

 Irineu: estabelecerá a ordem, que


ficou fixa no cânon: Mt, Mc e Lc

 Mt: Evangelho Fundamental nas


primeiras catequeses (?)
QUANTO
A
Lc:
 Eusébio não conservou o testemunho
de Pápias a respeito;
 Irineu atribuía o 3.◦ Evang. ao “médico
de Paulo” (ver Cl 4, 14; Fm 24; 2Tm 4,
11)

QUESTÕES:
 de onde Lc tirou os textos que lhe são
próprios (ex.: parábola do “Filho
Pródigo”; do “Bom Samaritano”;
“Genealogia de Jesus”, etc)?
 Em que medida entendeu a mensagem
de Paulo, do qual foi discípulo?
CONCLUSÃO:

 Mt, Mc e Lc receberam
complementação e até
modificações (mais ou
menos profundas) entre a
composição e a redação
final.
TEXTOS ANTIGOS DOS SINÓTICOS:
 Há mais de 200 manuscritos dos
Evang. Sinóticos, que vão do IV ao XIV
séc. ;

 Os textos contêm variantes inevitáveis


e minúcias nas traduções;

 Os mais antigos: Sinaítico (Museu


Britãnico) e o Vaticano (da Biblioteca
Vaticana) – são do séc. IV;

 A autenticidade de ambos os códices


pode ser comprovada – veja adiante:
TEXTOS DESCOBERTOS NO EGITO
NO COMEÇO DO SÉC. XX
 Um códice com 4/5 :do texto de Lc e
fragmentos de Jo (séc. III); atualmente
na biblioteca de Bodmer
(Genebra,Suíça); é o texto mais próximo
do Vaticano;
 Do séc. III: há fragmentos importantes
dos Evang. Que estão na Coleção
Chester Beatty, em Dublin: diferem um
pouco mais do texto do Vaticano em
algumas minúcias;
 Quatro modestos fragmentos contêm
alguns versículos de Mt e são do séc. III;
TRADUÇÕES ANTIGAS JÁ
CONHECIDAS

 LATINA: EM Cartago (África), já


conhecida por São Cipriano bem
como pelos cristãos do séc. III;
 SIRÍACA
 COPTA (Egito) - do séc. III, também
EFRÉM JUSTINO

EUSÉBIO
IRINEU

OS PADRES ANTIGOS –
PATRÍSTICA:
 CITAVAM ESSAS VERSÕES ACIMA: Irineu
de Lião, Clemente de Alexandria,
Orígenes (versão grega), Afraates e Efrém
(versão siríaca)...
 São testemunhas concordantes:
 JUSTINO (+ ou – 150 d.C.): no debate
“Diálogo com Trifão” – cita os Evangelhos
de modo genérico como “Memória dos
Apóstolos”
 Não ignoraria Justino a divisão dos
Evangelhos em 4 textos distintos?
 Só 30 anos mais tarde é que Irineu iria
nos informar sobre essa divisão!
 Porém, as citações de Justino
comportam textos dos 3 sinóticos e até
de Jo!
TENDÊNCIAS GERAIS
DA EXEGESE
MODERNA:

Várias explicações:
1.A TEORIA DAS DUAS FONTES –
séc.XIX

 É a mais satisfatória
 Mc = primeira fonte
 Quelle = segunda fonte: Mt e Lc
possuem partes em comum,
ausentes em Mc
 Mt e Lc: suas seções próprias
proviriam de fontes secundárias;
 Mt e Lc têm sérias
discordâncias em relação a
Mc;
 Teriam melhorado o texto
rústico de Mc?
 Dependeriam de uma fonte: o
“Proto-Marcos”, ligeiramente
diferente do Mc atual
RESUMINDO:
2.Mt e Lc são mais primitivos que Mc

Motivos:
 Mc = apresenta “traços tardios”,
vários “paulinismos” e
adaptações aos leitores do
mundo greco-romano;
 Mt e Lc = contêm “pormenores
arcaicos”, de expressão cultural
semítica própria da Palestina;
3.Três fontes:
 3 fontes primitivas distintas e
independentes entre si: Proto-Mateus,
Proto-marcos e Proto-Lucas;
Resumindo:
 Proto-Mateus..................Mt
 Proto-Marcos..................Mc
 Proto-Lucas.....................Lc

OBSERVAÇÃO:
São Justino cita os sinóticos, mas usa
citações arcaicas, o que justificaria
essa teoria.
4.Mc e Lc dependem de uma
fonte comum em aramaico
atribuída a Mt
 Teria, cada um deles, traduzido a seu
modo para o grego?

RESUMINDO:
5.Lc e Jo - SEMELHANÇAS

 Contatos estreitos nos relatos


da Paixão e da Ressurreição
 Teriam Lc e Jo uma fonte
comum ignorada por Mt e Mc?
6.COMPOSIÇÃO EM SUCESSIVAS
DATAS
 ESCRITOS ANTIGOS: Proto-Mt
(aramaico)+Proto-Mc(aramaico?/grego?),
com os “ditos de Jesus”;
 Escritos intermediários: textos-base
com suas adições de outras fontes;
 Texto final

Detalhe: a origem apostólica (direta ou


não) dos sinóticos comprovam seu valor
histórico.
DATAS DA REDAÇÃO DOS
SINÓTICOS:
MARCOS = Mc
 Entre 64 e 70 d.C.,
ou seja, um pouco
antes ou um pouco
depois da morte de
Pedro, segundo
Clemente de
Alexandria e Irineu
de Lião;
SÃO  No texto de Mc não
MARCOS se menciona a
ruína de
Jerusalém, que
ocorreria no ano 70
d.C.
MATEUS= Mt e LUCAS = Lc

 Supõem que Jerusalém já tenha sido


destruída (Mt 22, 7; Lc 19, 42 – 44; 21,
20 – 24)
 Teriam sido escritos entre 75 e 90 d.C.
(redação final);
 Mt: relata polêmicas de Jesus contra o
“rabinismo farisaico”, que são reflexos
dos conflitos entre fariseus e cristãos,
após a Assembléia de Jâmnia (anos 80),
quando os cristãos foram expulsos das
sinagogas judaicas.
FASES DA FORMAÇÃO DOS SINÓTICOS:

 Pregações orais: elementos


transmitidos de forma isolada;

 Transmissão: evangelistas (os


catequistas da Comunidades
primitivas);

 Escritos esparsos

 Amálgama e agrupamento desses


escritos;
 Adições de textos, atualizações, supressões,
mudanças, omissões, mudanças no modo de expôr o
conteúdo, etc;
 Outras fontes: experiências diferenciadas das
Comunidades;
 Proto-textos: mais densos, mais inacabados;
 Textos provisórios;
 Textos finais
ATENÇÃO:

 os textos têm mais Objetivo teológico e


missionário do que histórico;
 possuem testemunhos oculares de fatos,
iluminados pelo Espírito Santo (Lc 24, 48 –
49; At 18; Jo 15, 26 – 27);
 Têm como objetivo converter, inculcar,
edificar e esclarecer a fé e defendê-la dos
adversários
( 2Tm 3, 16)
QUANTO AOS REDATORES:
 Consignaram e reuniram o testemunho dos Apóstolos
com cuidado e honesta objetividade, com respeito às
fontes;

 Mantiveram o arcaísmo e a simplicidade na linguagem


em meio às elaborações teológicas posteriores;

 Sobriedade: nos sinóticos, colocaram informações


históricas preciosas a respeito de Jesus, de Seu contexto e
de seus discípulos;
 Mantiveram uma redação cuidadosa, repleta
de ética séria e fidelidade religiosa para
exaltar a superioridade messiânica de Jesus
Cristo;

 O que eles escreveram não é reprodução


imediata dos fatos ocorridos, o que explica a
variação na descrição de um mesmo fato;

 Em cada texto dos sinóticos foi estabelecida e


mantida uma certa ordem;
 A falta de uniformidade entre os 3
textos mostra que a precisão material
dos fatos não era tão relevante assim:
“Mais vale acordo tácito que
manifesto” .(Heráclito)
 As formas diferentes de expressar os
“ditos” de Jesus não distorcem a
verdade dos ensinamentos – ver:

Mc 8, 34 – 35 = Mt 16, 24 – 25
= Lc 9, 23 – 24

Mt 10, 37 – 39 = Lc 14, 25 - 27
 Encontramos, entre os sinóticos,
variações entre formulação negativa e
positiva, mas o sentido é o mesmo;
 Há uns 30 casos análogos que dão
sólido fundamento histórico a certos
fatos;
 Tradições diferentes (Mc 6, 35 – 55 e 8,
1 – 9) e variações entre os textos
mostram que os redatores quiseram
narrar os fatos a seu modo, com suas
tendências próprias;
 Os textos refletem não só a vida de
Jesus, mas a vida das Comunidades
onde foram escritos e a vida de seus
redatores;

 Esses 3 níveis de leitura são inspirados


e provêm da Igreja Primitiva;

 Mais importante que a materialidade


dos FATOS é a MENSAGEM para a
salvação de todos.
PRIMEIRO NÍVEL = FATOS INDIVIDUAIS
JESUS
sua época, sua vida, sua missão, etc.

SEGUNDO NÍVEL = FATOS COLETIVOS


AS COMUNIDADES DOS DISCÍPULOS DE
JESUS
Sua época, sua vida, sua missão, etc.

TERCEIRO NÍVEL = FATOS INDIVIDUAIS


REDATOR(ES)
Sua época, sua tendência, seu estilo, etc.

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