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MELANIE KLEIN:

O BRINCAR NA
ANÁLISE DE
CRIANÇAS
PRECONDIÇÃO DA ANÁLISE
Para Klein, é precondição para a análise de uma criança:

compreender e interpretar as fantasias, sentimentos, ansiedades e


experiências expressos através do brincar ou, se as atividades de brincar
estão inibidas, as causas da inibição (KLEIN, 1955\2006,p. 152).
Pressuposto de Klein: não há pulsão sem objeto;

“[...] há impulsos, fantasias e ansiedades dirigidas ao seio da mãe.


Todos os aspectos da vida mental estão intimamente ligados às relações
de objeto. Situações externas e internas são sempre interdependentes,
uma vez que a projeção e introjeção operam lado a lado desde o início
da vida” (KLEIN, 1955\2006, p. 166).
A TÉCNICA DO BRINCAR
É possível por meio da técnica do brincar:

a) analisar a situação transferencial;

b) analisar as resistências;

c) remover a amnésia infantil arcaica e os efeitos da repressão;

d) desvelar a cena primária (análise do CdE)


Portanto, o procedimento analítico com crianças resumidamente
consiste em compreender e comunicar à criança o que ocorre em sua
mente.

Para Klein, a variedade de situações emocionais que podem ser


expressas através de atividades lúdicas é ilimitada.
CARACTERÍSTICAS DO
BRINCAR
O brincar se caracteriza por:

a) ser um modo simbólico para a expressão das fantasias, desejos e


experiências da criança;

b) o brincar utilizar a linguagem dos sonhos substituindo, desta forma,


a livre-associação dos adultos;

c) por também utilizar a linguagem onírica, deve ser interpretado tal


como um sonho.
Se desejarmos compreender o brincar da criança corretamente...não
devemos nos contentar em pinçar o significado dos símbolos
isoladamente na brincadeira...mas devemos considerar todos os
mecanismos e métodos de representação empregados pelo trabalho do
sonho, sem nunca perder de vista a relação de cada fator com a
situação como um todo” (KLEIN, 1997,p.27).
INTERPRETAÇÃO DO BRINCAR
Objetivo: acessar as fantasias e experiências reprimidas da criança para
auxiliá-la a elaborá-las e, desta forma, contribuir para seu
desenvolvimento;

Linguagem: clara, sucinta e de preferência com o vocabulário utilizado


pela criança

Insight: as crianças têm grande capacidade pois as conexões entre as


instâncias CS e ICS são mais próximas e as repressões menos severas.
Importante: o superego infantil- sádico; ego- frágil (CdE precoce)

Os elementos da brincadeira devem ser colocados em relação com seu


mundo interno (imagos introjetadas diferem dos objetos reais);

Ao interpretar o significado do brincar da criança, geralmente surge


novo material, isto é, nomear a angústia ‘diminui’ a inibição e auxilia o
processo elaborativo
Resistências e inibições: significam uma aproximação da ansiedade e
culpa que se relacionam às vivências do CdE precoce

Inibição: pode chegar a atingir toda a vida imaginativa da criança

Nas palavras de Klein: “Através da diminuição da pressão excessiva do


superego, que é muito mais pesada sobre o ego fraco da criança
pequena do que do ego adulto, fortalecemos o ego e o ajudamos a se
desenvolver” (KLEIN, 1932\1997, p.32).
Psicanálise de crianças: a mudança é quanto a técnica e não quanto a
fundamentação.

“Os princípios fundamentais são os mesmos. A interpretação


consistente, a resolução gradual das resistências, a referência firme e
consistente da transferência, seja ela positiva ou negativa, a situações
arcaicas [...]” (KLEIN, 1932\1997).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KLEIN, M. (1932). Fundamentos psicológicos da análise de crianças.
In:______. A Psicanálise de crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1997.
(Obras Completas de Melanie Klein, vol II)

KLEIN, M. (1955). A técnica psicanalítica através do brincar. In:_____.


Inveja e Gratidão. Rio de Janeiro: Imago, 2006. (Obras Completas de
Melanie Klein, vol III)

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