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INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES
EM SAÚDE
Massoterapia,
reflexoterapia
e shantala
Marcella Gabrielle Mendes Machado
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A reflexoterapia e a técnica de massoterapia shantala são práticas integrativas
e complementares em saúde que foram introduzidas no Sistema Único de Saúde
(SUS) em 2017. Quando associadas à medicina convencional, tais práticas têm
apresentado diversos benefícios terapêuticos que vão além do relaxamento.
A reflexoterapia consiste na estimulação de áreas reflexas nos pés, mãos
ou orelhas, com o objetivo de equilibrar regiões do corpo que apresentam
bloqueios ou desregulação. Clinicamente, essa técnica é utilizada no alívio de
tensões e estímulo dos sistemas circulatório, linfático e nervoso, podendo ser
utilizada no tratamento de sinusites e gripes, infecção urinária, cólica menstrual,
dentre outros. Já a massoterapia é uma prática que estimula articulações
e musculatura e harmoniza os sistemas circulatório, linfático, imunológico,
respiratório e digestivo.
2 Massoterapia, reflexoterapia e shantala
Massoterapia
A massoterapia consiste em um grupo de procedimentos e técnicas terapêuti-
cas naturais e não invasivas que busca manter a saúde do indivíduo, prevenir
desequilíbrios e melhorar a qualidade de vida e bem-estar. Quando associada
à medicina tradicional, a massoterapia coopera para uma maior eficácia dos
tratamentos e recuperação da saúde (DONATELLI, 2015). A massoterapia é uma
prática de integração terapêutica preconizada pela Organização Mundial de
Saúde (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2002), e seus objetivos principais
no cuidado à saúde são:
[...] foi no século XIX, na Suécia, que o Dr. Henry Pahr Ling reintroduziu a massagem
em sua abordagem ocidental, como recurso terapêutico na comunidade médica,
disponibilizando a prática à sociedade — daí o termo massagem sueca ter se
difundido como sinônimo de massagem ocidental ou ‘clássica’.
Shantala
A técnica shantala possui origem indiana e foi difundida no Ocidente na
década de 1970, pelo médico francês Frédérick Leboyer (DONATELLI, 2015).
De acordo com a Portaria nº 849, de 27 de março de 2017, do Ministério da
Saúde, que incluiu 14 atividades à Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares, a massagem shantala pode ser definida como:
[...] uma prática de massagem para bebês e crianças, composta por uma série de
movimentos pelo corpo, que permite o despertar e a ampliação do vínculo cuida-
dor e bebê. Além disso, promove a saúde integral, reforçando vínculos afetivos,
a cooperação, confiança, criatividade, segurança, equilíbrio físico e emocional.
para crianças que recebem bem o toque sem se “debater”, e para crianças
com hipertonia (aumento anormal do tônus muscular), que pode resultar em
aumento da rigidez (DONATELLI, 2015). De acordo a Portaria nº 849/2017, essa
técnica estimula as articulações e a musculatura, tendo forte impacto no
desenvolvimento motor, favorecendo certos tipos de movimentos, como rolar,
engatinhar, sentar e andar. Além disso, harmoniza os sistemas imunológico,
circulatório, linfático, respiratório e digestivo.
Figura 1. Manobra no tórax e na região lateral inferior do tronco até o ombro oposto.
Fonte: Cruz e Caromano (2011, p. 16–17).
Figura 5. Manobra nas costas. Essa massagem é realizada em três tempos: primeiramente
são realizados deslizamentos perpendiculares às costas do bebê (setas brancas), ou seja, as
mãos do terapeuta se deslocam no trajeto laterolateral (movimentos de vaivém) da altura
das escápulas até as nádegas e novamente até as escápulas, sucessivamente. Em seguida,
a mão direita de quem está realizando a massagem fica espalmada sobre as nádegas do
bebê (seta cinza), enquanto a mão esquerda desliza de uma forma mais profunda e lenta da
nuca até as nádegas (seta preta). Por fim, a mão direita segura e sustenta os pés, enquanto a
esquerda parte da nuca em direção às costas, ao quadril, à coxa, às pernas e aos tornozelos
do bebê (seta tracejada).
Fonte: Cruz e Caromano (2011, p. 20).
Figura 7. Manobras finais: (a) e (b) cruzar e descruzar os braços do bebê sobre o tórax; (c) cruzar
o membro superior de um lado com o membro inferior contralateral, de modo que o pé do
bebê toque o ombro contralateral (a mão pode tocar a nádega contralateral); (d) cruzar as
pernas sobre o abdome do bebê, o que provoca a abertura e o relaxamento das articulações
da pelve, particularmente de sua articulação com o sacro e a base da coluna vertebral.
Fonte: Cruz e Caromano (2011, p. 21).
Reflexoterapia
A reflexoterapia, também conhecida como reflexologia, é definida pela Por-
taria nº 849/2017 (BRASIL, 2017, documento on-line) como “[...] uma prática
que utiliza estímulos em áreas reflexas com finalidade terapêutica”. Essa
modalidade terapêutica parte do princípio de que o corpo humano pode ser
dividido em diferentes regiões e que cada uma dessas regiões possuem o
seu reflexo, em especial nas mãos e nos pés.
Na prática, a reflexoterapia consiste em uma massagem com estimulação
de pontos-chave nas regiões dos pés, mãos e orelhas, o que ajuda a equilibrar
as regiões do corpo que apresentam certo tipo de bloqueio ou desregulação.
Massoterapia, reflexoterapia e shantala 11
Na planta dos pés, por exemplo, existem mais de 72 mil terminações nervosas
e, diante de um processo patológico, a Portaria nº 849/2017 (BRASIL, 2017,
documento on-line) descreve que:
[...] vias eferentes enviam fortes descargas elétricas que percorrem a coluna
vertebral e descendo pelos nervos raquidianos, pelas pernas, as terminações
nervosas livres, que se encontram nos pés criam um campo eletromagnético
que gera uma concentração sanguínea ao redor de determinada área. Quanto
maior a concentração de sangue estagnado, mais crônicas e mais graves são
as patologias.
Aplicação da técnica
A reflexoterapia pode ser realizada por diferentes técnicas que abordam a
estimulação reflexa. Quando aplicada aos pés, geralmente utiliza-se pelo
menos quatro principais movimentos: sustentação, caminhada com o polegar,
caminhada com os dedos e movimentação articular. Perez e Levin (2014) relata
que as manobras articulares costumam ser utilizadas para iniciar e terminar a
técnica de reflexologia. É necessário reservar uma etapa de relaxamento para
deixar os pés mais soltos para aplicação da massagem. Com isso, geralmente
são utilizados movimentos articulares passivos (Figura 9) do tornozelo, da
região metatársica e dos dedos. Para desbloqueio das articulações, são
praticadas rotações no sentido horário e anti-horário.
Referências
BRASIL. Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Inclui a Arteterapia, Ayurveda, Biodança,
Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Refle-
xoterapia, Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt0849_28_03_2017.html.
Acesso em: 3 dez. 2020.
CRUZ, C. M. V.; CAROMANO, F. A. Como e por que massagear o bebê: do carinho às
técnicas e fundamentos. Barueri, SP: Manole, 2011.
DONATELLI, S. A linguagem do toque: massoterapia oriental e ocidental. Rio de Janeiro:
Roca, 2015.
PEREZ, E.; LEVIN, R. Técnicas de massagens ocidental e oriental. São Paulo: Érica, 2014.
(Série Eixos).
PEREZ, E.; VASCONCELOS, M. G. Técnicas estéticas corporais. São Paulo: Érica, 2014.
(Série Eixos).
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Estrategia de la OMS sobre medicina tradicional
2002–2005. Ginebra: OMS, 2002. Disponível em: http://whqlibdoc.who.int/hq/2002/
WHO_EDM_TRM_2002.1_spa.pdf. Acesso em: 3 dez. 2020.