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ANÁLISE ESTRUTURAL

AVANÇADA

ANÁLISE DE ENCAMISAMENTO DE TUBOS EM 2D

Fabiano Bertoni - 3569/02-5


Vinícius Vargas – 3395/01-7
INTRODUÇÃO

Este trabalho trata do problema que envolve o


encamisamento de tubos, que é uma situação constante em
mecânica. Para a análise computacional do problema, utilizamos o
“ABAQUS 6.5-1®”, que é um dos softwares mais utilizados e
confiáveis do mercado, tendo passado por diversas atualizações.
O estudo em divide-se em três partes:
•Cálculo Analítico
•Cálculo Computacional (MEF)
•Comparação de resultados: Analítico X Computacional
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalho é analisar o problema de
encamisamento de tubos no âmbito de elementos finitos, ou seja,
simplificando o modelo ao máximo e mantendo resultados
confiáveis. Também queremos tornar mais simples o problema para
que, se necessário, futuras simulações mais detalhadas sobre o
assunto possam partir da margem de resultados obtida por este
modelo que utilizamos.
DESENVOLVIMENTO
Para a realização do trabalho, cinco situações de interferência
foram simuladas. As espessuras e os diâmetros de cada tubo estão
representados abaixo:

ESPESSURAS DIÂMETROS

situação C1 C2 C1(int.) C1(ext.) C2 (int.) C2 (ext.)

interferência 10 mm 10 mm 100mm 120 mm 119.5 mm 139.5 mm

interferência 1 10 mm 15 mm 100mm 120 mm 119.5 mm 149.5 mm

interferência 2 10 mm 20 mm 100mm 120 mm 119.5 mm 159.5 mm

interferência 3 15 mm 10 mm 90 mm 120 mm 119.5 mm 139.5 mm

interferência 4 20 mm 10 mm 80 mm 120 mm 119.5 mm 139.5 mm


DESENVOLVIMENTO
HIPÓTESES ASSUMIDAS

Premissas para a simplificação do modelo:


•Os diâmetros utilizados para os tubos são suposições;
•Tubos considerados longos e de mesmo comprimento;
•Tubos de mesmo material (mesmo módulo de elasticidade e
coeficiente de Poisson);
•O atrito entre os tubos não é considerado nos cálculos;
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO

Quando dois tubos são encamisados por encolhimento (alargamento) ou


por prensagem de uma parte sobre a outra, uma pressão de contato é criada
entre as duas partes. As tensões resultantes dessa pressão podem ser
determinadas com as equações abaixo :

 R 2  ri 2   ro 2  R 2 
it(emR)   p 2 
2  ot (emR)  p 2 
 R  ri   ro  R
2

C1 C2
i

DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO

  i  o

Em nosso caso o a interferência total radial é conhecida e


vale 0,5mm.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO
Como temos o valor da interferência radial, segue que:

pR  ro 2  R 2  pR  R 2  ri 2 
  2  o  
 Ei  R 2  ri 2  i

Eo  ro  R 2   

Ainda temos duas incógnitas, p e R. Isolando p e levando


em conta que os dois tubos possuem o mesmo material
chegamos que:

p
 
E  ro 2  R 2 R 2  ri 2  

R  
2 R 2 ro 2  ri 2

 
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO
Hipóteses Assumidas:
•Além das hipóteses discutidas e incluídas no desenvolvimento, é
necessário assumir que ambos os membros têm o mesmo
comprimento. No caso de um cubo que tenha sido encamisado por
prensa a um eixo, essa hipótese não seria verdadeira, e haveria uma
pressão maior nas pontas do cubo. É comum permitir essa condição
com o emprego de um fator de concentração-tensão. O valor desse
fator depende da pressão de contato e do desenho do membro
externo, mas seu valor teórico é raramente maior que 2.
•O Raio de transição R será estipulado igual ao raio médio de
interferência.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO

A partir das hipóteses assumidas e fórmulas


anteriormente citadas calculamos as tensões no raio de
transição:

 R 2  ri 2   ro 2  R 2 
(C1) it(emR)   p 2  ot (emR)  p 2  (C2)
2 
 ro  R
2
 R  ri  

Situações Raios Tensões (MPa)

ri(mm) ro (mm) C1 C2

Interferência 50 69,75 -383,5733 451,4998

Interferência1 50 74,75 -459,6551 375,418

Interferência2 50 79,75 -509,4964 325,5767

Interferência3 45 69,75 -294,4866 540,5865

Interferência4 40 69,75 -236,7488 598,3242


DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO ANALÍTICO
Para os cálculos de todos os casos usamos uma rotina no Matlab:
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)

GEOMETRIA:
Para a simplificação da simulação utilizamos modelos
em 2D planos, com ¼ do conjunto

RAIOS

situação C1(int.) C1(ext.) C2 (int.) C2(ext.)

interferência 50 mm 60 mm 59.75mm 69.75mm

interferência1 50 mm 60 mm 59.75mm 69.75mm

interferência2 50 mm 60 mm 59.75mm 69.75mm

interferência3 45 mm 60 mm 59.75mm 69.75mm

interferência4 40 mm 60 mm 59.75mm 69.75mm


DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)

MATERIAL:
•Nas simulações consideramos os dois tubos com mesmo
material, um aço com as seguintes características:
E = 200x10³ MPa
ν = 0,3
•Não foi levada em conta a deformação elástica dos tubos.
•Seção sólida e homogênea.

MATERIAL
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)

MONTAGEM:
Os tubos foram dispostos de maneira que entrassem
em interferência, ou seja, com o diâmetro externo da peça
macho maior que o diâmetro interno da peça fêmea

INTERFERÊNCIA
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
STEP:
Criamos um step, para análise estática, com
incremento fixado em 0.1, ou seja, resultados a cada 10% da
simulação.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
CONTATO:
Para esta análise utilizamos um comando do ABAQUS que
analisa a interferência. Ele funciona, basicamente, da seguinte
maneira: colocamos contato nas duas superfícies em interferência, o
programa ajusta os nós até que haja coincidência com uma tolerância
pré-determinada.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
CONTATO:
O software disponibiliza várias opções para um ajuste
manual da interferência

Vídeo
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
CONDIÇÕES DE CONTORNO:
Utilizamos simetria biaxial, e, como a peça é plana,
necessita-se apenas restringir os deslocamentos nas direções de
simetria para que se obtenha ¼ do conjunto.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
MALHA:
Partindo de um estado plano de tensões, utilizamos o
elemento “CPS8R(S) 8-node biquadratic, reduced integration” do
ABAQUS

Estado Plano de
Tensões
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
MALHA:

Situações C1 C2
Nós Elementos Nós Elementos

Interferência 742 215 878 255

Interferência
742 215 1395 424
1

Interferência
742 215 1781 550
2

Interferência
1083 328 878 255
3

Interferência
1269 390 878 255
4
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS:
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
Para a análise dos resultados criamos um eixo de
coordenadas cilíndrico (R,T,Z). Utilizamos a tensão circunferencial,
pois sua magnitude é muito maior que a da tensão radial
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL

Onde pegamos apenas


os primeiro elementos do
conjunto. As setas vermelhas e
amarelas largas representam as
tensões circunferenciais de C2 e
C1, respectivamente. Já as setas
vermelhas e amarelas estreitas
representam as magnitudes das
tensões radiais de C2 e C1.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C1 – “interferência” e “interferência1”
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C1 – “interferência2” e “interferência3”
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C1 – “interferência4”

C1 Tensão S22 (MPa)

Min. Max.
Interferência -398,5 -471,7

Interferência1 -472,2 -558,5

Interferência2 -519,7 -614,6

Interferência3 -309,4 -397,2

Interferência4 -250,2 -348


DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C2 – “interferência” e “interferência1”
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C2 – “interferência2” e “interferência3”
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL
TUBO C2 – “interferência4”

C2 Tensão S22 (MPa)


Min. Max.
Interferência 399 472

Interferência1 303,2 389,6

Interferência2 241,3 336,2

Interferência3 481 569

Interferência4 535,2 633,3


DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL X ESPESSURA
TUBO C1
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL X ESPESSURA
TUBO C2
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
RESULTADOS – TENSÃO CIRCUNFERENCIAL X ESPESSURA
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
DISCUÇÃO DOSRESULTADOS:
Para o método de elementos finitos, os erros relativos esperados são
de (aproximadamente): para deslocamento ~ 2%, já para tensões ~ 10%.
Como é ilustrado na tabela abaixo, o erro presente no resultado das
simulações deste trabalho foi de ...., resultado esse que valida o modelo
utilizado.
Tensão no contato (MPa)
Situações Computacional Análitico Erro (%)
C1 C2 C1 C2 C1 C2
Interferência -398 472 -384 451 3,64583 4,656319
Interferência
1 -472 390 -460 375 2,6087 4
Interferência
2 -520 336 -509 326 2,1611 3,067485
Interferência
3 -310 570 -294 541 5,44218 5,360444
Interferência
4 -250 633 -237 598 5,48523 5,852843
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)

ANÁLISE COMPLEMEMENTAR:
Por fim, fez-se uma análise para complementar o trabalho, com o
intuito de validar o modelo utilizado e de servir como curiosidade, tendo em
vista que a análise principal desenvolvida acima já seria suficiente para uma
conclusão final.
A situação utilizada nas simulações a seguir é o caso “interferência”.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)

ANÁLISE COMPLEMEMENTAR: TUBO PLANO SEM SIMETRIA


Através desta simulação pudemos comprovar que uma peça com
simetria biaxial dá resultados tão bons quanto os de uma peça sem simetria,
já que a diferença no valor calculado de tensão para as duas configurações é
insignificante.
DESENVOLVIMENTO
CÁLCULO COMPUTACIONAL (MEF)
ANÁLISE COMPLEMEMENTAR: ANÁLISE DE DEFORMAÇÕES
Os valores da deformação dos cilindros C1 e C2 foram calculados, segundo o
EPT.
CONCLUSÃO

Através deste trabalho tivemos um contato maior com uma área de


crescente importância na engenharia, a de simulação com elementos
finitos.
Neste estudo, as simplificações e hipóteses assumidas não
comprometem a confiabilidade do resultado obtido, pois o erro está dentro
da tolerância aceita. Outra vantagem da utilização do MEF é que ele se
apresenta como alternativa à solução analítica, muitas vezes difícil de ser
calculada.
Dentro dos objetivos iniciais, este trabalho mostrou-se bem
sucedido, pois propiciou uma oportunidade de aprendizagem aos alunos e
ainda poderá servir como fonte auxiliar a futuras simulações do problema
de encamisamento de tubos.
BIBLIOGRAFIA

# SHIGLEY, Joseph E.: Mechanical Engineering Design.


# ABAQUS, Example Problems Manual.
# ABAQUS/CAE User’s Manual, Volume IV – Elements.

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