Um texto não é um conjunto de signos inertes, mas o
rastro deixado por um discurso em que a fala é encenada. Por que cada mulher é diferente, WEEK-END criou uma fórmula emagrecedora sob medida em 1, 3 ou 5 dias. Que reunião! Esses cafés da manhã de negócios, todos aqueles croissants, aqueles pãezinhos, era tanta tentação que não pude resistir...Mas eu vou dar um jeito nisso. Ao meio-dia, vou reagir. Um encontro com a boa forma: somente WEEK-END e eu. Práticos, esses saquinhos que a gente carrega aonde vai. Sabor de baunilha ou de legumes, meus quilinhos a mais vão logo desaparecer. Os intervalos para a boa forma WEEK-END e seus cardápios equilibrados, isso conta muito na agenda de uma gulosa. Qual é a cena de enunciação desse texto?
Três respostas são possíveis, dependendo do ponto
de vista:
– a cena de enunciação é a do discurso publicitário
(tipo de discurso); – a cena de enunciação é a de uma publicidade em revista feminina (gênero de discurso); – a cena de enunciação é a de uma conversa ao telefone em que, do escritório, uma executiva, fala com uma amiga (cenografia). WEEK-END é uma nova refeição emagrecedora que lhe permite dosar seus esforços. Conforme os quilos que você precisa perder e a rapidez com que deseja perdê-los, você escolhe um regime de um, três ou cinco dias. WEEK-END existe em duas versões : salgada (sabor legumes) e doce (sabor baunilha). WEEK-END contém fibras e todos os elementos nutritivos necessários à sua saúde, por isso seu médico ou seu farmacêutico não hesitarão em recomendá-lo. Cenografia 1 - Conversa ao telefone Cenografia 2 - Exposição didático- científica Que reunião! Esses cafés da manhã de negócios com todos WEEK-END é uma nova refeição os seus croissants e pãezinhos, emagrecedora que lhe permite era tanta tentação que não pude resistir... Mas vou dar um dosar seus esforços. jeito nisso. Ao meio-dia, vou Conforme os quilos que você reagir. Um encontro com a boa precisa perder e a rapidez com que forma: somente WEEK-END deseja perdê-los, você escolhe um e eu. Práticos, esses saquinhos regime de um, três ou cinco dias. que a gente carrega aonde vai. Sabor baunilha ou legumes, WEEK-END existe em duas meus quilinhos a mais vão versões : salgada (sabor legumes) e logo desaparecer. As pausas doce (sabor baunilha). para manter a boa forma WEEK-END contém fibras e todos WEEK-END e seus cardápios os elementos nutritivos necessários equilibrados, isso é coisa que à sua saúde, por isso seu médico conta bastante na agenda de uma pessoa gulosa. ou seu farmacêutico não hesitarão em recomendá-lo. "Vocês têm pressa..."
1º Vôo sem escala Paris Hong Kong.
Não diremos mais nada, vocês têm pressa. Em poucas palavras, todas as segundas-feiras, a partir de 18 de setembro, Cathay Pacific é a única companhia aérea a oferecer um vôo para Hong Kong em tempo recorde. Esse primeiro vôo sem escala será seguido por um segundo no dia 2 de novembro. Um total de 5 vôos semanais, dos quais 3 com uma escala esperam por vocês partindo de Roissy. A respeito dos nossos serviços para o extremo-oriente, falaríamos durante horas. Mas vocês são homens de negócios e seus negócios não esperam. Logo, seremos breves: Cathay Pacific faz tudo para vocês chegarem com boa disposição. Contactem sua agência de viagens ou Cathay Pacific pelo telefone 42 27 70 05. Arrive in better shape Cathay Pacific. Richard McGee levanta-se muito antes do amanhecer. No frescor e no silêncio das manhãs do Tennessee, ele roda os pesados barris de Jack Daniel’s através dos armazéns de envelhecimento. Lentamente; no seu ritmo; sempre o mesmo. Na destilaria Jack Daniel’s, nunca fazemos nada com pressa. Tate Gallery : Milbank, SW1. M. Pimlico (mapa II, C3). Aberta das 10h às 17h50 durante a semana e das 14h às 17h50 aos domingos. Entrada gratuita. Seguramente, um de nossos museus preferidos em Londres. Realmente delirante. Grosso modo, o museu pode-se dividir em duas grandes seções : 1/3 mostra a pintura inglesa dos séculos XVI, XVII e XVIII e 2/3 apresentam um grande leque da pintura e da escultura mundial do século XX. Um montão de obras-primas [...]
Le Guide du routard, Grã-Bretanha,
1994-1995, Hachette, p. 107. Cenografia e discurso de propaganda política “Carta” escrita por F. Mitterand – campanha presidencial de 1988
Meus caros compatriotas,
Vocês o compreenderão. Desejo, nesta carta, falar-lhes da França. Graças à
confiança que depositaram em mim, exerço há sete anos o mais alto encargo da República. No final desse mandato, não teria concebido o projeto de apresentar- me novamente ao sufrágio de vocês se não tivesse tido a convicção de que nos restava ainda muito a fazer juntos ... Mas quero também falar de vocês, de suas preocupações, de suas esperanças e de seus justos interesses. Optei por escrever-lhes uma carta para me expressar sobre todos os grandes temas que merecem ser tratados e discutidos entre Franceses, uma espécie de reflexão em comum, como acontece quando a família se reúne à noite, em volta da mesa. (...) François Mitterrand • A cenografia refere-se ao texto concreto no qual um gênero de discurso se atualiza. • Relação gêneros e cenografias - distribuição em uma linha contínua, com dois pólos extremos: - de um lado, gêneros que exigem a escolha de uma cenografia: publicitários, políticos, literários etc. - de outro, gêneros que se limitam ao cumprimento de sua cena genérica e não são suscetíveis de adotar cenografias variadas: lista telefônica, receitas médicas. - entre os dois pólos, gêneros suscetíveis de cenografias variadas mas, na maioria das vezes, limitam-se ao cumprimento de sua cena rotineira: guia turístico. gênero cenografia publicidade em revista feminina Conversa íntima
Explicação didático-científica
propaganda eleitoral Carta pessoal
Folheto
Spots iv. Modo de enunciação
- Ethos
Alguns princípios
• O ethos é uma noção discursiva, isto é, é construído por
meio do discurso, não é uma “imagem” do enunciador exterior a sua fala; • O ethos é fundamentalmente um processo interativo de influência sobre o outro; • É um comportamento socialmente avaliado, apreendido em uma situação de comunicação precisa, integrada em uma determinada conjuntura sócio-histórica. • Tal noção permite refletir sobre o processo mais geral de adesão dos sujeitos a um certo discurso. Caráter e corporalidade
• O co-enunciador deve construir, a partir de indícios
textuais, a figura do enunciador ao qual é atribuído um caráter e uma corporalidade, cujo grau de precisão varia segundo os textos:
- o caráter corresponde a uma gama de traços
psicológicos;
- a corporalidade corresponde a uma compleição
corporal e a uma maneira de se vestir e de se movimentar no espaço social. - o caráter e a corporalidade do enunciador provêm de um conjunto difuso de representações sociais, valorizadas ou desvalorizadas, sobre as quais se apóia a enunciação que pode confirmá-las ou modificá-las.
- tais representações constituem estereótipos
culturais que circulam nos domínios mais diversos: literatura, fotografia, cinema, publicidade etc. Incorporação
• Utiliza-se essa designação para indicar a maneira como o
coenunciador se apropria do ethos do enunciador. • A incorporação opera por meio de um procedimento enunciativo em três registros indissociáveis: - a enunciação confere uma “corporalidade” ao enunciador, ela lhe dá corpo; - o coenunciador incorpora, isto é, assimila um conjunto de esquemas que correspondem a uma forma específica de se inscrever no mundo; - essas duas primeiras incorporações permitem a constituição de um corpo, o da comunidade imaginária dos que aderem a um mesmo discurso. Eficácia da noção de ethos
• O coenunciador interpelado não é apenas um
indivíduo para quem se propõem "idéias"
• É também alguém que tem acesso ao dito por meio
de uma maneira de dizer que está enraizada em uma maneira de ser, o imaginário de um vivido.
• Para exercer um poder de captação, o ethos deve
estar afinado com estereótipos, valores sociais partilhados por um grupo. Princípio da interincompreensão
- A interação entre os discursos é um processo de
tradução: cada discurso traduz os enunciados do Outro de acordo com seu sistema de coerções, transformando-o, isto é, fazendo dele um simulacro.
- Interincompreensão - “... não é o discurso do adversário
apreendido em seu funcionamento efetivo que é citado e anulado, mas um simulacro, construído como seu próprio negativo. Simulacro
• O interdiscurso precede o discurso no seguinte sentido: o
Outro é desenhado a partir do Um.
• Cada discurso introduz o Outro em seu fechamento,
“traduzindo” seus enunciados sob a forma de simulacro. Se isso ocorre ou não, depende de haver confronto entre discursos.
• A “capacidade” de produzir um discurso e o simulacro do
antagonista a partir das coerções do discurso de origem explica-se pelo princípio da competência interdiscursiva. Código linguageiro
Falência da língua como instrumento de
comunicação
Enunciar é se confrontar não com uma língua, mas com
uma interação de línguas passadas e contemporâneas (interlíngua). Enunciar é negociar um código linguageiro. Interlíngua
Relações, numa determinada conjuntura, entre as
variedades da mesma língua e também entre essa língua e as outras, passadas ou contemporâneas. A noção de interlíngua visa à heteroglassia extrema. (M. Bakhtin). Plurilinguismo externo Relação que uma obra mantém com “outras” línguas. Ex: Em A montanha mágica, Thomas Mann faz Hans Castorp e a senhora Chauchat, a russa enigmática (cap. 5, Walpurgisnacht), dialogarem longamente num francês recheado de alemão: o francês aparece como a língua do eros numa noite entre parênteses, noite de carnaval.
Plurilinguismo interno (pluriglossia)
Relação que uma obra mantém com a diversidade de uma mesma língua. Essa relação pode ser de naturezas diferentes: - Ordem geográfica – dialetos, regionalismos. - Ordem social – popular, aristocrática - Situação de comunicação/ línguas de especialidades – médica, jurídica - Níveis de linguagem – familiar, formal.