Você está na página 1de 46

ACORDO ORTOGRÁFICO DA

LÍNGUA PORTUGUESA
C

PROF. ME. DANIEL DAVID SILVA


PROFA. MA. FABIANA SANTOS
O novo acordo, cujo nome
oficial é Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa (1990).

Contém vinte e uma bases, numeradas


com algarismos romanos, cada uma
delas tratando de um item específico:
Com o novo acordo passa a existir uma
única forma para a grafia das palavras
da Língua Portuguesa.

Isto não significa que todas as bases do


Acordo imponham mudanças no registro das
palavras no Brasil, em Portugal e nos demais
países da Língua Portuguesa.
Algumas bases ratificam
modificações já efetuadas no
Brasil em 1971, como a
suspensão do acento grave nas
sílabas subtônicas/subtônicas
de palavras derivadas
(Café – Cafezinho).
Em outros casos, como o
da eliminação do trema,
atinge-se apenas o
Registro Ortográfico no
Brasil, pois este sinal já não
era usado em Portugal
desde 1945.
Os textos apresentados a
seguir ilustram a trajetória
da ortografia portuguesa,
no Brasil, de 1500 a 2009,
ano do início da vigência
do Acordo Ortográfico de
1990.
1500 - Trecho final da carta de Pero Vaz
de Caminha ao Rei de Portugal, D. Manuel

(...) a ela peço que por me fazer simgular merçee man


de vjm da ylha de san thomeee jorje desoiro meu
jenro. o que dela receberey em mujta merçee. beijo as
mããos de vosa alteza. deste porto seguro da vosa jlha
de vera cruz oje sexta feira primeiro dia de mayo de
00. pero uaaz de camjnha.

SIMÕES, Henrique Campos. As cartas do Brasil. Ilhéus: Editus, 1999.


1808 - excerto de jornal
A Suprema Junta de Hespanha foi installada a 25 do
passado no Palácio Real de Aranguez. Esta
ceremonia foi grande, interessante e solemne.
Depois de se dizer Missa, e de terem os Membros
prestado juramento, se fizerão algumas
formalidades militares depois do que se installou
solemnemente a dita Junta. (...) (4)

GAZETA do Rio de Janeiro, edição de sábado, 24 dez. 1808. In: Arquivos


da Fundação Biblioteca Nacional.
Após 1943

(...) Estava sentado na mesa, tomando minha


caneca de café, com o pão sêco e mastigando tudo
sem pressa alguma. Como sempre apoiava o
cotovêlo na mesa e fitava a folhinha pregada na
parede. (...)

VASCONCELLOS, José Mauro. o meu pé de laranja lima.


São Paulo: Melhoramentos, 1968.
Após 1971
(...) Você não é, em nenhum sentido, auto-
responsável, um agente livre, mas um dependente
submisso, esperando e recebendo punições e
recompensas. Evoluir dessa posição de imaturidade
psicológica para a coragem da
auto-responsabilidade e a confiança exige morte e
ressurreição. Esse é o motivo básico do périplo
universal do herói (...).

CAMPBELL, Joseph. o poder do mito. São Paulo: Palas Athena, 1990.


Após 2009
(...) Você não é, em nenhum sentido, autorresponsável,
um agente livre, mas um dependente submisso,
esperando e recebendo punições e recompensas.
Evoluir desta posição de imaturidade psicológica para
a coragem da autorresponsabilidade e a confiança
exige morte e ressurreição. Esse é o motivo básico do
périplo universal do herói(...).

Trecho adaptado à grafia conforme o Acordo Ortográfico da


Língua Portuguesa - 1990.
Será que, no final deste século,
ainda se escreverá obedecendo a
essa última convenção ortográfica?

Essa resposta hoje não pode ser dada, mas,


certamente, num futuro que ainda não se sabe
próximo ou distante, haverá um novo acordo e
mais outro novo acordo e depois outro mais, pois
a tendência à simplificação ortográfica da língua
portuguesa é histórica.
As modificações são
necessárias para atender às
demandas do tempo em que se
vive. A língua é permeável e,
num processo interativo, recebe
influências do ambiente, mas
simultaneamente age sobre ele,
num processo nem sempre
rápido, porém contínuo e
inexorável.
NOVO ALFABETO
Com a inclusão das letras K, W e Y, o alfabeto da língua portuguesa passa a
ter vinte e seis letras.

Observação:
O nome das letras aqui
apresentadas não excluem
outras formas de
designação.
Por exemplo:
a forma
“duplo vê”, menos comum,
porém também utilizada
para nomear
a letra w.
Usos do K, W e Y
Em nomes próprios que se originam da própria língua e todos os seus
derivados

Observação: Na grafia das palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros devem ser mantidas as combinações gráficas
ou os sinais diacríticos (acentos agudo, grave e circunflexo, trema, til, hífen, cedilha), que não pertençam à escrita do
português: shakespeariano (de Sharkespeare), garrettiano (de Garrett), hübneriano (de Hübner).
Em nomes próprios de lugares que se originam de outra língua e
todos os seus derivados

Observação: Recomenda-se a substituição de nomes próprios de lugares de línguas estrangeiras pelas formas aportuguesadas,
quando esta existirem: New York, por Nova Iorque; Zürich, por Zurique.
SURPRESSÃO GRÁFICA DE CONSOANTES,
MUDAS OU NÃO ARTICULADAS
Excluem-se as consoantes mudas ou não são pronunciadas, considerando-se as normas urbanas de
prestígio
(nome usado atualmente para “norma culta”)

Observação:
Esta modificação afeta
palavras apenas em uso
em Portugal, pois, no
Brasil, já não se
empregavam essas
consoantes. Alguns
exemplos:
Dupla grafia decorrente de variação de pronúncia

O Acordo
prevê
grafia
dupla
para
várias
palavras.
Algumas
delas:
Observação: Embora ambas as grafias
passem a ser dicionarizadas, não se
justifica adotar registro diferente daquele
que já se usa no Brasil e em Portugal. Isso
significa que, na prática não haverá
alteração na grafia dessas palavras. O
importante é reconhecer que as duas
formas são corretas.
MONOSSÍLABOS TÔNICOS
E PALAVRAS OXÍTONAS

Observação: Algumas
palavras oxítonas,
geralmente de origem
francesa, terminadas em –e
tônico/tónico, podem ser
escritas com acento
circunflexo (ê) ou acento
agudo (é), pois a pronúncia
delas
pode ser fechada (caso do
Brasil) ou aberta (caso de
Portugal)
Palavras paroxítonas
Mantêm-se as regras de acentuação gráfica das
paroxítonas, com algumas exceções.

Os ditongos abertos – ei e – oi não são acentuadas nas palavras paroxítonas.

Observação: Continuam
sendo acentuados os
ditongos abertos
- ei e - io nos monossílabos
e nas palavras oxítonas:
pincéis, anéis, heróis,
caracóis. O mesmo
acontece com o ditongo
aberto – eu: céu, escarcéu,
fogaréu.
O hiato – oo não é mais acentuado nas palavras paroxítonas

O acordo eliminou o acento circunflexo do hiato – ee, na


terceira pessoa do plural dos verbos, crer, dar, ler e ver
Palavras paroxítonas homófonas não são mais acentuadas:

Observação:
- Manteve-se o acento na forma verbal pôde (pretérito perfeito) para diferenciá-la de pode (presente do
indicativo)
- É facultativo o uso do acento em:
demos (1ª pessoa do plural do presente do subjuntivo para diferenciar de demos (1ª pessoa do plural do
pretérito perfeito do indicativo);
- fôrma (substantivo), para diferenciar de forma (substantivo e verbo).
- o verbo pôr (monossílabo tônico) mantém o acento para diferenciar da posição por (monossílabo átono).
Palavras paroxítonas cujas vogais i e u vêm após
ditongo não são acentuadas

Nas formas verbais rizotônicas/rizotónicas, não se usa mais acento agudo no i e u


tônicos/tónicos dos verbos arguir e redarguir: redargui, arguis.

Observação: Palavras cuja pronúncia culta possui variantes no


Brasil e em Portugal passam a admitir o uso do acento circunflexo
ou da acento agudo. As duas formas coexistem, porém, na prática,
no Brasil continuará sendo usado o acento circunflexo (som
fechado) e, em Portugal o acento agudo (som aberto). São
palavras que possuem vogal e ou o seguidas de consoantes nasal
m ou n:
Palavras proparoxítonas
Não houve alteração nas regras de acentuação das proparoxítonas

Observação: Palavras proparoxítonas, reais


ou aparentes, cuja pronúncia culta possui
variantes no Brasil e em Portugal passam a
admitir o uso do acento circunflexo ou do
acento agudo. As duas formas coexistem;
porém, na prática, no Brasil continuará
sendo usado o acento circunflexo (som
fechado) e, em Portugal, o acento agudo
(som aberto). São Palavras que possuem
vogal e ou o seguidas de consoante nasal
m ou n:
O TREMA DEIXA DE EXISTIR NA
GRAFIA DAS PALAVRAS DA LÍNGUA
PORTUGUESA

Observação:
- Palavras derivadas de nomes próprio estrangeiros conservam o trema.
- Palavras de dupla grafia, como sanguíneo – sangüíneo, líquido –
líqüido, passam a ter uma só forma, sem trema.
- A ausência do trema não implica nenhuma alteração na pronúncia
da palavra
EM COMPOSTOS, LOCUÇÕES E
ENCADERNAMENTOS VOCABULARES

Mantém-se o hífen nas palavras compostas.


Alguns exemplos:
Observação: Palavras compostas das quais se perdeu a
noção de composição são escritas sem hífen

Este é um ponto do Acordo sobre o qual há divergências, pois a


perda da noção de composição é um critério subjetivo. As palavras
que passam a se escrever sem hífen, em razão desta determinação
do Acordo, só serão plenamente definidas com a publicação do
novo VOLP.
O Acordo regularizou o uso do hífen na grafia de todas as palavras que
indicam espécies de plantas ou de animais

Embora não tenha havido modificações por conta do Acordo quanto à grafia dos
compostos com os advérbios bem e mal, pela dúvida que essas grafias trazem,
justifica-se uma explicação sobre esse caso.
Usa-se o hífen nas palavras compostas
com os advérbios bem e mal, quando formam
uma unidade com significado e o segundo elemento começa
por vogal ou h
Observação: O advérbio mal sempre se aglutina com consoantes. Com
o advérbio bem , isso nem sempre acontece. É por esse motivo que
há estas grafias:

Entretanto, em alguns casos, o advérbio bem se aglutina


com o segundo elemento: benfazejo, benfeitor,
benquerença.
Nas formações por prefixação,
recomposição e sufixação
Usa-se hífen quando se soma ao prefixo ou ao falso prefixo palavra
iniciada por h
Usa-se hífen quando se soma ao prefixo ou ao falso prefixo termina pela
mesma vogal com que se inicia o segundo elemento da palavra

Observações:
- Essa norma do Acordo padroniza o uso do hífen entre vogais iguais, visto que antes algumas
palavras já se escreviam com hífen (contra-argumento) e outras não (antes microondas; agora:
micro-ondas)
- O prefixo co - , independentemente de o segundo elemento da palavra iniciar pela mesma
vogal, aglutina-se: coobservador, coocorrente.
Usa-se hífen com palavras iniciadas por circum- e pan-, cujo segundo
elemento começa por vogal e h (isso já estava na regra anterior) e m, n
(nova regra)

Não se usa hífen em palavras cujo


prefixo ou pseudo prefixo termina
por vogal e o segundo elemento
começa por r ou s. nesse caso, a
consoante dobra:
Observação:
Na translineação de palavra
composta ou de uma
combinação de palavras em
que há hífen, deve-se repeti-
lo no início da linha imediata
quando a participação
coincide com o final de um
dos elementos ou membros:
vice-
-presidente
CASOS DE USO
OPCIONAL

No uso das iniciais maiúsculas e minúsculas, não há alterações de registro, a não ser
o caso de inicial minúscula em nome de mês (grafia já utilizada no Brasil, mas não em
Portugal)

O Acordo estabelece que é de uso opcional a utilização de inicial maiúscula ou minúscula nos
seguintes casos:

Em títulos de livros e de outras obras (filmes, pinturas, esculturas, etc.) Sendo que a
letra inicial do primeiro nome deve ser sempre maiúscula. Nomes próprios constantes
destes títulos também usam iniciais maiúsculas:
Em nomes que indicam
disciplinas escolares ou
domínios de saber:

Em nomes de lugares públicos, templos e edifícios:


Em formas de tratamento de cortesia ou em
nomes de santos:
Na assinatura de nomes, para ressalva de direitos, pode-se
manter a escrita utilizada por costume ou registro legal

Pelo mesmo motivo, pode-se manter a grafia original de


firmas comerciais, nomes de sociedades, marcas e
títulos que esteja inscritos em registro público.

Você também pode gostar