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“QUE SUA COMIDA SEJA SEU ALIMENTO E SEU

ALIMENTO SEJA SUA MEDICINA”


HIPÓCRATES
GRÉCIA ANTIGA
Considerada o lugar dos primeiros pensadores: filosofia, dialética, dietética,
medicina...
A religião não direciona mais o poder: deuses não são a única causa de tudo!
Conhecimento passa a ser disseminado;
Medicina começa a existir como uma ciência: primeiras escolas de medicina;
A maneira de alimentar direciona uma nova terapêutica.
GRÉCIA ANTIGA
Princípios da saúde e higiene: análise da influência da natureza, clima, água, terra e
alimentos sobre a saúde humana.

Primeiros estudos sobre alimentação e sua influência na saúde. Alimentos e


exercícios = saúde

Galeno: um bom médico deve entender da arte da cozinha.

Platão: reprovava os grandes banquetes sicilianos.


“NÃO NOS SENTAMOS NA MESA PARA COMER, MAS
COMERMOS JUNTOS”
Gregos entendem que o alimento não são apenas para matar a fome, mas para
reforçar laços de união e integração da vida comum; PLUTARCO
Alimentos vinham de diferentes partes do mundo antigo: incorporam costumes
culinários dessas regiões;
Sicilia: primeiras escolas de culinária.
Entre gregos: diferença quanto a culinárias e as preferências alimentares.
Menosprezo pela culinária alheia.
GRÉCIA ANTIGA

Filósofos e culinária: proibições quanto ao consumo de carne e dos exageros! Comida e sexo
eram essenciais para a sobrevivência.

Satisfação dos apetites carnais: indivíduos sem caráter.


GRÉCIA ANTIGA
Número considerável de escritores que se dedicaram à gastronomia.
Arkhestratus  Hedypatheia (Tratado dos prazeres, também denominado
gastronomia).
Gaster (estômago, ventre)  nomo (lei)  estudo ou observância das leis do
estômago.
Relata, de maneira metódica, suas experiências e descobertas culinárias.
Fundador da gastronomia grega.
GRÉCIA ANTIGA

Athenaeus:
“O banquete dos sábios”
ou
“banquete dos sofistas”

obra mais completa sobre os costumes e


hábitos dos gregos.
GRÉCIA ANTIGA

A península grega (montanhosa e sem rios) não se prestava à agricultura extensiva, e nem à
criação de gado.

Importância da cabra – queijos e leite de cabra e de ovelha eram muito consumidos. Não se
utilizava manteiga.
GRÉCIA ANTIGA
Rebanho suíno  Ática. Os gregos – ao contrário dos hebreus e dos egípcios –
apreciavam a carne de porco e a charcuteria.

Áreas férteis dos vales cevada, trigo, vinha e oliveira.

Pesca  uma das principais atividades. (ver: os motivos marítimos na decoração dos
utensílios)
GRÉCIA ANTIGA

Cabras e carneiros, adaptados aos terrenos montanhosos forneciam carne, leite e queijo, como
o feta, até hoje consumido.

Javalis, linces e lebres eram caçados e marinados em cebolas e ervas, como orégano e tomilho.
Às vezes utilizava-se o sangue do animal.

Peixes, moluscos e crustáceos – consumidos em abundância, e das mais variadas formas.


GRÉCIA ANTIGA

Comiam-se legumes (alho, cebola, alho poró, alface, favas) e frutos (azeitonas, figos,
amêndoas, uvas passas, tâmaras, romãs).

A carne raramente aparecia nas mesas: nos dias de festas, assava-se um cordeiro ou
um cabrito; às vezes servia-se carne de boi, mais frequentemente carne de
porco.
GRÉCIA ANTIGA
Inicialmente, na Grécia, não havia cozinheiros: escravas moíam os
grãos e preparavam a comida.

Mais tarde, surge o mageiro  padeiro. Com o tempo, passou


também a cozinhar evoluindo para archimageiro, ou chefe de
cozinha.

No séc. IV a. C. os cozinheiros eram escravos (peças de teatro).


Graças ao apreço pela boa mesa, os cozinheiros ganharam
importância e passaram a ter ascendência sobre os outros
escravos.
GRÉCIA ANTIGA

 3 refeições diárias:

→ akratismon (desjejum)
→ áriston (almoço)
→ dêipnon (refeição do fim do dia)

 Adicionava-se água ao vinho, exceto na primeira


refeição (pão molhado em vinho puro). Também era
usado nos preparos culinários (guisados), aos quais
acresciam também ervas aromáticas.
GRÉCIA ANTIGA
A culinária grega se baseava nas 3 dádivas dos deuses:

Grãos: dádiva da deusa Deméter


Vinhos: dádiva do deus Dionísio
Óleos: dádiva da deusa Atena
GRÉCIA ANTIGA: GRÃOS

Os cereais  base da alimentação; a farinha de trigo servia para fabricar o pão, (os
gregos distinguiam os povos civilizados dos povos selvagens pelo uso do pão).

A farinha de cevada era dissolvida na água ou no leite para se fazer uma papa
(mazza), alimento habitual dos pobres

Trigo sem casca era preferido. Cevada e outros grãos eram usados para sopa,
mingau e bolos – Pão e mingau eram a base das refeições gregas.
GRÉCIA ANTIGA
Atenas se destaca na produção de diferentes tipos de pão. Eram feitos de diferentes
qualidades de farinha, podendo ser ou não fermentados, assados de diferentes
maneiras e enriquecido com diferentes líquidos, gorduras, frutos secos ou frutas.

Pão poderia ser usado como prato para carnes.


PÃO
O pão é o exemplo absoluto de artifício, de produto totalmente cultural em todas as
fases de sua complexa preparação.

É o símbolo da civilização, da distinção entre o homem e o animal.

O pão (e também o vinho e o óleo) é o sinal que distingue uma sociedade


que não repousa sobre recursos naturais, mas que é capaz de fabricá-los.
PÃO, VINHO E...
Além dos cereais, as leguminosas também têm uma importância considerável na
alimentação: as favas, o grão de bico, as lentilhas, as ervilhas.

Os gregos cultivavam principalmente alho, alho-poró e cebola.

Gregos faziam pouco caso das sopas e das papas de cereais inferiores, das
papas de legumes secos, das sopas de legumes.
...”UM COPO PARA SAÚDE, QUE ELES BEBEM PRIMEIRO, O
SEGUNDO PARA O AMOR E PRAZER, O TERCEIRO PARA OS
SONO. DEPOIS DISSO OS CONVIDADOS PRUDENTES VÃO PARA
A CASA”
O vinho: vinicultura chega a Grécia através do Oriente.

Comidas servidas eram leves para que o poder do vinho fosse mais expressivo.

Vinho era misturado com água para reduzir o teor alcoólico.


GRÉCIA ANTIGA
Vinho era branco, dourado, escuro ou preto. Com diferentes cheiros, e se não os
apresentasse poderiam ser perfumados com especiarias ou extratos de flores.

Poderia acrescentar ao vinho: mel e água do mar.

Pramnian: vinho escuro, forte e de longa duração


GRÉCIA ANTIGA
Tomar vinho era sinônimo de sofisticação: o tipo e a idade do vinho indicavam o
quanto se era culto; mais importante que a escolha do vinho: era como a
pessoa se comportava quando o tomava.
Ésquilo: “[...] o vinho é o espelho da mente”.

Auge da sofisticação: o consumo de vinho com água numa festa privada – o


symposion (ritual aristocrático exclusivamente masculino que acontecia numa
“sala para homens”, ou andron.) .
CARNE

Carne não era um bem essencial!

A prática do sacrifício faz do consumo


da carne um acontecimento excepcional,
conferindo a esse alimento uma
grande força simbólica, mantendo-o, ao
mesmo tempo, à margem dos valores
cotidianos da existência.
O TRIGO, A VINHA E A OLIVEIRA
Os juramentos gregos previam, que a
pátria seria a terra onde “crescem o trigo,
a vinha e a oliveira”:

em qualquer lugar que os gregos se


estabelecessem essas plantas e
árvores seriam cultivadas e
floresceria a civilização.
CIVILIZAÇÃO X BARBÁRIE
O que distingue a civilização da barbárie, o
homem civilizado do bárbaro e do
selvagem?

Dentre todos os aspectos que definem a


cultura alimentar do que denominamos
“mundo clássico”, um dos mais significativos é
a vontade de o apresentar como o domínio da
civilização, uma zona privilegiada e protegida, em
oposição ao universo desconhecido da
barbárie.
As “boas maneiras no banquete” servem na
sociedade grega para:

distinguir os homens civilizados dos


selvagens que não as praticam, a
comensalidade é percebida como um
elemento “fundador” da civilização humana.

Comensalidade é percebida como um


elemento “fundador” da civilização humana.
O que distingue o homem civilizado dos
bárbaros é a comensalidade:

come-se não somente por fome, para


satisfazer uma necessidade elementar
do corpo, mas também (e sobretudo)
para transformar essa o c a s i ã o e m
u m momento de sociabilidade.
SYMPOSION
Ritual coletivo onde os convidados bebem vinho
e que, no mundo grego, se segue ao
banquete, do qual é rigorosamente separado.

É uma manifestação importante da coesão


social e da civilização.

Celebra a sacralidade do vinho, que produz a


embriaguez e favorece o contato com o
divino.
 Normalmente 12 indivíduos
compareciam a um symposion, e não
mais do que 30.
 A comida era servida, em primeiro lugar,
com pouco ou nada para beber; então
as mesas eram esvaziadas e o vinho
trazido. Guirlandas de flores ou folhas
de videira eram distribuídas; e o
consumo de bebida tinha início.
 Krater  vaso grande em forma de urna
onde a água era adicionada ao vinho.
(Beber, mesmo um vinho fino, sem
misturá-lo com água era considerado
primitivo).
 Mas o que acontecia enquanto o vinho
era consumido?
 À medida que um krater ia sucedendo outro, alguns
symposia desandavam e se transformavam em
orgias; outros caminhavam para a violência.

 Em sua essência, o symposion dedicava-se à busca


do prazer, fosse ele intelectual, social ou sexual.

 Também uma válvula de escape, uma maneira de


lidar com paixões ingovernáveis de todos os tipos.

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