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SURGIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL: O

CAPITALISMO, A CLASSE TRABALHADORA


E A “QUESTÃO SOCIAL”
FEUDALISMO
• Séc. IV até Séc. XVI (1500).

• Os senhores feudais ganhavam as terras do rei.

• Os servos cuidavam da agropecuária dos feudos e,


em troca, recebiam o direito a usar uma gleba de
terra para morar e para seu sustento, e tinham
proteção contra ataques bárbaros.

• Os servos pagavam diversos tributos em troca da


permissão de uso da terra e de proteção militar.
FEUDALISMO
• Propriedade restrita sobre a terra;

• Concepção estática de riqueza;

• Intervenção da Igreja - Pecado da Usura;

• Protecionismo entre os feudos;

• PODER - Era político, social e militar e NÃO


econômico.
PRÉ-HISTÓRIA DO
CAPITALISMO -
ACUMULAÇÃO PRIMITIVA:
A burguesia esteve à frente:
• No campo, promove os cercamentos das
terras.

• Nas cidades promove a destruição das


corporações artesanais, com roubos,
saques, apropriando-se dos meios de
produção dos trabalhadores.

• Toma para si o controle do Estado.


CERCAMENTOS
• Aliança entre a burguesia, a nobreza feudal e o Estado absolutista inglês.

• Foi um método violento de expropriação das terras coletivas de livre uso


da comunidade aldeã, que eram os meios de produção dos trabalhadores.

• Massacre físico e social dos trabalhadores rurais, incapazes de resistir.


CERCAMENTOS
• Êxodo Rural - aumento da população urbana e da oferta de mão-de-obra para
a manufatura.

• Antes a subsistência era garantida;

• Agora o indivíduo precisa sobreviver com o salário oferecido;

• Muitas pessoas começam a mendigar, mas somente os mais velhos tinham


licença para tal;
• Quem não “queria” trabalhar poderia ser condenado à pena de morte.
LÚMPEN-PROLETARIADO
• Trabalhadores sem emprego, que
não se adaptaram à disciplina e ritmo
das manufaturas e tornaram-se
mendigos, vagabundos e ladrões.
PARA A ECONOMIA POLÍTICA
• Desenvolvimento dos burgos à margem do campo feudal;

• Fim das barreiras arcaicas ao comércio;

• Livre trânsito de mercadorias e dos homens de negócios;

DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO
Para a economia política, os homens trazem em sua natureza o desejo de
acumulação.
ANÁLISE DA ORIGEM DO CAPITAL E DO
TRABALHO ASSALARIADO
1) Economistas políticos conservadores: a explicação sobre a origem do capital
e do trabalho assalariado busca naturalizar o processo, considerando a “natureza
humana” presente nas classes sociais:

“O segredo da acumulação primitiva – Havia outrora, em tempos muito remotos,


duas espécies de gente: Uma elite laboriosa, inteligente e, sobretudo econômica, e
uma população constituída de vadios, trapalhões que gastavam mais do que
tinham. Aconteceu que a elite foi acumulando riquezas e a população vadia ficou
finalmente sem outra coisa para vender além da própria pele. Temos aí o pecado
original da economia. Por causa dele, a grande massa é pobre e, apesar de se
esfalfar, só tem para vender a própria força de trabalho, enquanto cresce
continuamente a riqueza de poucos, embora tenham esses poucos parado de
trabalhar há muito tempo... (MARX, 1890, p. 829)”.
Karl Heinrich Marx
1818 - 1883.
MARX: CRÍTICA À ECONOMIA
POLÍTICA
• O capitalismo não é uma ordem natural, mas social e histórica, construída a
partir da luta de classes;

• O mercado não é um espaço social de oportunidades, de liberdade e


igualdade dos agentes econômicos. E sim é espaço de uma ordem
dominadora, opressora e exploradora.
ANÁLISE DA ORIGEM DO CAPITAL E
DO TRABALHO ASSALARIADO
2) Karl Marx: descreve o nascimento do capitalismo como resultado do colonialismo, de
saques, roubos e assassinatos. No capítulo 24 de O Capital, dedicado à acumulação
primitiva, Marx exclama que “A violência [Gewalt] é a parteira [Geburtshelfer] de
toda velha sociedade que traz uma nova em suas entranhas. Ela mesma é uma
potência [Potenz] econômica” “A violência foi a parteira do capital”.

“Aconteceu que a elite foi acumulando riquezas e a população vadia ficou finalmente sem ter
outra coisa para vender além da própria pele. Temos aí o pecado original da economia. Por
causa dele, a grande massa é pobre e, apesar de se esfalfar, só tem para vender a própria
força de trabalho, enquanto cresce continuamente a riqueza de poucos”
Marx, Karl. O capital. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998, livro 1, vol 2, p. 827.
APROPRIAÇÃO DO EXCEDENTE
ECONÔMICO
• FEUDALISMO: apropriação do produto do trabalho no campo por
coerção da classe dominante.

• CAPITALISMO: apropriação velada do produto do trabalho, como algo


natural da organização do trabalho.
ACUMULAÇÃO CAPITALISTA
A Acumulação Primitiva torna-se Acumulação Capitalista.

• Refere-se à associação entre a mais-valia, o capital e o trabalho


assalariado.

• O capitalismo se expandia e ignorava por completo a periferia das suas


cidades.
CORPORAÇÕES ARTESANAIS

• Baixa concentração de capital;

• Mercadoria produzida por artesãos com


suas próprias ferramentas, auxiliados
por aprendizes;

• Local de trabalho pertencente ao


trabalhador (pequena oficina).

• O artesão era ao mesmo tempo


negociante, produtor, empregador,
capataz e comerciante.
O INTERMEDIÁRIO

• Grandes Navegações.

• Surgiu com o desenvolvimento do mercado


mundial. Passou a ser o detentor dos
conhecimentos sobre as melhores
condições de compra de matéria-prima e
de venda do produto final.
• O comerciante, embrião do capitalista
moderno.
A MANUFATURA

• Nova forma de organização social do


trabalho, por meio de sua divisão.

• Trabalhadores concentrados em um único


espaço físico (o galpão) de propriedade
do capitalista.

• Os artesãos realizavam as tarefas


manualmente, entretanto subordinados
ao proprietário da manufatura.
A GRANDE INDÚSTRIA
• 1760: Revolução Industrial

• Uso de máquinas.

• Dispensou a utilização do trabalhador provido de força


muscular.

• Abre espaço para utilização de mulheres e crianças no


processo produtivo.

• Favorece a quebra da resistência operária ao domínio


capitalista.
Mulheres e Crianças trabalhando na Indústria
Fotografia de trabalhadores londrinos com suas famílias.
TRATAMENTO DADO PELO ESTADO EM
FORMA DE LEGISLAÇÃO

1) Disciplinar a força de trabalho para o trabalho assalariado.

2) Rebaixar o salário, aquém do nível de subsistência.

3) Impedir a organização coletiva dos trabalhadores.


Questão Social
• A classe proletária luta e reivindica soluções para suas mazelas, tais como
pauperismo, fome, péssimas condições de habitação, degradação do espaço
urbano.

• Desta forma, o termo QUESTÃO SOCIAL é originado quando os operários


começam a se organizar politicamente e se compreender como classe social e lutar
por respostas.

• Questão social: produto da sociedade capitalista.

• Exploração não é exclusividade do capitalismo, mas este termo questão social


aborda uma diferença das expressões sociais das sociedades anteriores.
Questão Social
• Consciência política da classe trabalhadora.

• Apenas com a produção do CAPITAL, Marx obtém instrumentos teórico-


metodológicos que propiciam o conhecimento do processo de
produção capitalista.

A Célula Medular da Questão Social = de um lado a exploração do


trabalho assalariado e de outro as lutas do trabalhador contra as formas
de exploração, opressão e dominação do capitalismo.
Questão Social

• A questão social era criminalizada e naturalizada pelo Estado – problema


individual e não coletivo.

• “Foram as lutas sociais que romperam o domínio privado nas relações entre
capital e trabalho, extrapolando a questão social para a esfera pública,
exigindo a interferência do Estado para o reconhecimento e a legalização de
direitos e deveres dos sujeitos sociais envolvidos” (IAMAMOTO, 2003, p.66,
grifos da autora).
O MOVIMENTO OPERÁRIO

União operária por meio de:

1) O Sindicato
2) O Partido Político
Movimento Operário

• O início da luta operária se deu a partir de greves e reivindicações


salariais.

• Na Inglaterra, as lutas operárias se iniciaram por volta de 1817.


SINDICATOS
• Função:
• Negociação salarial em massa
• Fim da Lei dos Pobres
• Redução da jornada de trabalho
• Melhoria das condições de trabalho.

• A ação sindical era insuficiente contra as causas mais amplas em relação ao


mercado de trabalho.
• A luta através do sindicato se dava por meio de motins e greves, porém
ainda sem unidade de luta e sem consciência de classe.
O PARTIDO POLÍTICO

• Os trabalhadores começaram a compreender que:

• A luta restrita à questão econômica não resultaria em êxito


duradouro;

• Era necessária a construção de um partido político.


França – Primavera dos Povos

• Queda da Monarquia.
• Organização da classe trabalhadora – passa a ter autonomia política.
• A classe trabalhadora passa a ser uma ameaça para a burguesia.
• A burguesia faz manobras para neutralizar a força política do proletário.
• Apaziguamento das lutas do operariado.
• A revolução proclamou a República Burguesa, apenas burguesa – acabou
com todas as conquistas populares.
• Burguesia saiu vitoriosa.
• No sentido de conter essa massa de operários, surgem
as primeiras organizações da caridade e da
filantropia - Igreja

• A questão social foi tratada com compaixão e


misericórdias cristã e, no limite, como caso de polícia.

• Em 1869 é fundada a sociedade de organização da


caridade em Londres, marco para a organização da
Assistência Social.

• Levantou a necessidade de haver instituições para


formar profissionais para atuar na área da Assistência
Social.
Origem do Serviço Social
A primeira escola de Serviço Social do mundo surge em
Amsterdã, em 1899 (há 117 anos).

No Brasil, a Liga das Senhoras Católicas em São Paulo, e a


Associação das Senhoras Brasileiras no Rio de Janeiro, vão
ficar responsáveis pela educação dos trabalhadores -
disciplinamento do tempo do operário.

Em 1936, surge em São Paulo, a primeira Escola do Serviço


Social do Brasil.
Referências
• CASTELO BRANCO, Rodrigo. A “questão social” na origem do capitalismo:
pauperismo e luta operária na teoria social de Marx e Engels. 2006. 181 f.
Dissertação (Mestrado em Serviço Social) – Programa de Pós-Graduação
em Serviço Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Escola de
Serviço Social, Rio de Janeiro, 2006.

• MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: identidade e alienação. 16. ed. São
Paulo: Cortez, 2011.

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